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Questão 1/10 - Literatura Brasileira Leia a passagem abaixo: “Pelo hábito de frequentar a igreja tomara conhecimento e travara estreita amizade com um pequeno sacristão que, digamos de passagem, era tão boa peça como ele; apenas se encontravam limitavam-se a trocar olhares significativos enquanto o amigo andava ocupado no serviço da igreja; assim porém que se acabavam as missas, e que saíam as verdadeiras beatas, reuniam-se os dois, e começavam a contar suas diabruras mais recentes, travando o plano de mil outras novas. Por complacência, ou antes por prova de decidida amizade, o companheiro confiava ao nosso gazeador um caniço, e faziam juntos o serviço e as maroteiras: a mais pequena que faziam era irem de altar em altar escorropichando todas as galhetas, o que lhes incendia mais o desejo de traquinar”. Após esta avaliação , caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: ALMEIDA, Manuel A. de. Memórias de um sargento de milícias . Domínio Público , p. 32. < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000235.pdf>. Acesso em 07 de ago. 2017. A passagem acima foi extraída do romance Memórias de um Sargento de Milícias , de Manuel Antônio de Almeida. Romance de costumes, a obra trouxe para a ficção os ambientes mais populares do Rio de Janeiro e seus moradores, escolhendo como protagonistas os homens pobres, mas livres, do século XIX. Nesse romance é possível enxergar um modo de sociabilidade que Antonio Candido percebeu como estrutural daquela sociedade e da sociedade brasileira em geral. Considerando o fragmento de texto e os conteúdos do livro-base Literatura Brasileira, Candido chamou esse tipo de sociabilidade de: Nota: 10.0 A malandragem. Você assinalou essa alternativa (A) Você acertou! “A grande contribuição desse romance de costumes está na aposta de ficcionalizar o mundo popular do Rio de Janeiro. [...] Ao enquadrar essa população sem eira nem beira , Memórias de um sargento de milícias revela certo tipo de sociabilidade local até então não percebida por Teixeira e Sousa ou Macedo e que Antonio Candido, a certa altura, denominou de malandragem (livro-base, p. 100-101). B marginal. C aristocrática. D convencional. E civilizatória. Questão 2/10 - Literatura Brasileira Leia o trecho de texto a seguir : “Não se trata com efeito de ser brasileiro à Chateaubriand, o que é, como vimos há pouco, aceitar uma visão de estrangeiro, inclinado a ver o exótico e, confinando a ele os escritores, negar-lhes acesso aos grandes temas universais [...]. Trata-se de descrever e analisar os vários aspectos de uma sociedade, no tempo e no espaço, exprimindo a sua luta pela autodefinição nacional como povo civilizado, ligado ao ciclo da cultura do Ocidente”. Após esta avaliação , caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: CANDIDO, A. A formação da literatura Brasileira – momentos decisivos . 10. ed. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2006, p. 680. O trecho acima foi extraído das páginas finais de Formação da Literatura Brasileira , de Antonio Candido. Nessa altura do livro, o crítico vê os traços de amadurecimento de nossa literatura, o que vai tomando forma a partir do romantismo e do arcadismo. Considerando a citação acima e os conteúdos do livro-base Literatura Brasileira, para Candido, a consolidação da literatura brasileira se dá com: Nota: 10.0 A Machado de Assis Você assinalou essa alternativa (A) Você acertou! Alternativa a porque, para Candido, a partir de Machado de Assis “a literatura brasileira entra em uma nova etapa. É momento em que toma corpo e se complexifica do ponto de vista formal”. Segundo Candido, a literatura passa, no final do século XIX, a se aprofundar e se organizar de modo programático e consciente. Nesse momento “houve uma reflexão sobre a validade dos pressupostos estéticos e ideológicos oitocentistas”. (Livro-base, p. 18). B José de Alencar C Gonçalves Dias D Tomás Antônio Gonzaga E Castro Alves Questão 3/10 - Literatura Brasileira Leia os fragmentos do poema abaixo: I “No meio das tabas de amenos verdores, Cercadas de troncos – cobertos de flores, Alteiam-se os tetos d’altiva nação; São muitos seus filhos, nos ânimos fortes, Temíveis na guerra, que em densas coortes Assombram das matas a imensa extensão.” ........................................................................... IV “Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi: Sou filho das selvas, Nas selvas cresci; Guerreiros, descendo Da tribo tupi. Da tribo pujante, Que agora anda errante Por fado inconstante, Guerreiros, nasci;” .................................... Após esta avaliação , caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: DIAS, G. I-Juca Pirama . In : RAMOS, F. J. S. da. Grandes poetas românticos do Brasil . São Paulo: LEP, 1952. p. 130-131. Acima temos dois fragmentos do poema I-Juca Pirama , de Gonçalves Dias. Nele, o poeta maranhense usa um recurso que se convencionou chamar de harmonia imitativa. Considerando o poema acima e os conteúdos do livro-base Literatura Brasileira , é correto afirmar que harmonia imitativa : Nota: 10.0 A é a correspondência entre o que se conta e o como se conta, forma de o ritmo mimetizar os episódios relatados no poema. Você assinalou essa alternativa (A) Você acertou! Esta é a alternativa correta porque harmonia imitativa , que aparece no poema de Gonçalves Dias, é justamente essa técnica que busca conciliar a forma como se conta com o que se conta “Trata-se da técnica que se convencionou chamar de harmonia imitativa. O ritmo mimetiza os episódios do canto. Para cada parte há um tipo de metrificação diferente, mas sempre rigorosa e adequada ao conteúdo” (Livro-base, p. 86). As demais alternativas estão erradas porque não se trata de um efeito preso a uma forma poética ou gênero, ele pode ser obtido em qualquer formato. (p. 85) B é o efeito que ocorre em poemas compostos por estrofes de quatro a seis versos, com cinco ou sete sílabas. C é o tipo de assimilação vocálica, em que as vogais de uma palavra se tornam foneticamente semelhantes a outra vogal da mesma palavra. D é a correspondência harmônica que ocorre em poemas de 14 versos, formados por duas estrofes de quatro versos e duas de três. E é o efeito que se obtém em composições poéticas populares antigas, acompanhadas ou não de música. Questão 4/10 - Literatura Brasileira Leia o fragmento de texto abaixo: “O convés, tanto na coberta como na tolda, apresentava o aspecto de um acampamento nômade. A marinhagem, entorpecida pelo trabalho, caíra numa sonolência profunda, espalhada por ali ao relento, numa desordem geral de ciganos que não escolhem terreno para repousar. Pouco lhe importavam o chão úmido, as correntes de ar, as constipações, o beribéri. Embaixo era maior o atravancamento. Macas de lona suspensas em varais de ferro, umas sobre outras, encardidas como panos de cozinha, oscilavam à luz moribunda e macilenta das lanternas. Imagine-se o porão de um navio mercante carregado de miséria. No intervalo das peças, na meia escuridão dos recôncavos moviam-se os corpos seminus, indistintos. Respiravam um odor nauseabundo de cárcere, um cheiro acre de suor humano diluído emurina e alcatrão. Negros, de boca aberta, roncavam profundamente, contorcendo-se na inconsciência do sono. Viam-se torsos nus abraçando o convés, aspectos indecorosos que a luz evidenciava cruelmente”. Após esta avaliação , caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: CAMINHA, Adolfo. Bom crioulo . Domínio Público , p. 20. <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000052.pdf>. Acesso em: 28/07/2017. De acordo com os conteúdos abordados nas aulas e no livro-base Literatura Brasileira sobre o romance naturalista Bom crioulo (1898), de Adolfo Caminha (1867-1897), é correto afirmar que: Nota: 10.0 A Além da temática homossexual, o romance denuncia os maus-tratos dispensados aos marinheiros engajados nas Forças Armadas Brasileiras. Você assinalou essa alternativa (A) Você acertou! Esta é a alternativa correta porque o tema central de Bom crioulo é a relação homossexual entre Aleixo e Amaro, protetor e protegido. Comprovando a tese naturalista de que o meio influencia na formação do caráter e dos comportamentos, Adolfo Caminha procura demonstrar que a forma com que os marinheiros se encontravam a bordo da corveta beneficiou os comportamentos de Aleixo e Amaro. Além disso, denuncia os castigos físicos sofridos pelos marinheiros, como as chibatadas. A maioria dos marinheiros era negra, escravos ou ex-escravos (Livro-base, p. 131). As demais alternativas referem-se a outros romances, como o Cortiço, ou mencionam temáticas, personagens ou espaços que não dizem respeito aos do romance de Adolfo Caminha, como a periferia de Recife, Maria das Hortaliças ou o cortiço. B o romance revela as condições precárias de certa parcela da população nordestina e o mundo violento, sem lei nem rei, do qual as personagens fazem parte. C o cortiço, onde se passa o romance, é apresentado de tal forma que surge diante dos olhos do leitor como mais uma personagem do romance. D o romance apresenta a mulher independente, caracterizada na figura de Maria das Hortaliças. E além da temática homossexual, o romance retrata os problemas da periferia do Recife e as viagens de trem pelo interior do país. Questão 5/10 - Literatura Brasileira Leia o fragmento de texto a seguir: “O pré-modernismo foi uma questão mal resolvida. O termo pré-modernismo foi criado por Alceu de Amoroso Lima, na Contribuição à história do modernismo [...] para referir-se à produção literária do primeiro vintênio do século XX. A definição e a delimitação mais precisa do termo seria, entretanto, empreendida por Alfredo Bosi (1966), já na década de 1960, ao apontar os dois sentidos possíveis para a interpretação da literatura do período: 1. “dando ao prefixo ‘pré’ uma conotação meramente temporal de anterioridade’ 2. ‘dando ao mesmo elemento um sentido forte de precedência temática e formal em relação à literatura modernista’”. Após esta avaliação , caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: LEITE, Sylvia H. T. de A. O pré-modernismo em São Paulo. Revista de Letras , v. 35, pp. 167-184, 1995, p. 167. O pré-modernismo abrangeu um período literário compreendido entre 1902 e 1922. Nessa fase de transição coexistiram tendências opostas. Em grande medida, a literatura deu ênfase às questões da realidade nacional, com preocupações socioculturais. Considerando o fragmento de texto acima e os conteúdos do livro-base Literatura Brasileira, relacione os autores pré-modernistas abaixo às suas respectivas obras: 1) Lima Barreto 2) Euclides da Cunha 3) Monteiro Lobato 4) Graça Aranha ( ) Clara dos Anjos ( ) Canaã ( ) Os sertões ( ) Urupês Agora, marque a sequência correta: Nota: 10.0 A 1, 2, 3, 4 B 1, 4, 2, 3 Você assinalou essa alternativa (B) Você acertou! 1. Lima Barreto – Clara dos Anjos 2. Graça Aranha – Canaã 3. Euclides da Cunha – Os sertões 4. Monteiro Lobato – Urupês As obras e seus respectivos autores foram trabalhados no item 4.1 denominado O pré-modernismo e corresponde às páginas 165 a 173 do livro-base. C 2, 3, 4, 1 D 3, 2, 4, 1 E 3, 1, 2, 4 Questão 6/10 - Literatura Brasileira Leia os fragmentos do poema abaixo: I “No meio das tabas de amenos verdores, Cercadas de troncos – cobertos de flores, Alteiam-se os tetos d’altiva nação; São muitos seus filhos, nos ânimos fortes, Temíveis na guerra, que em densas coortes Assombram das matas a imensa extensão.” ........................................................................... IV “Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi: Sou filho das selvas, Nas selvas cresci; Guerreiros, descendo Da tribo tupi. Da tribo pujante, Que agora anda errante Por fado inconstante, Guerreiros, nasci;” .................................... Após esta avaliação , caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: DIAS, G. I-Juca Pirama . In : RAMOS, F. J. S. da. Grandes poetas românticos do Brasil . São Paulo: LEP, 1952. p. 130-131. Acima temos dois fragmentos do poema I-Juca Pirama , de Gonçalves Dias. Nele, o poeta maranhense usa um recurso que se convencionou chamar de harmonia imitativa. Considerando o poema acima e os conteúdos do livro-base Literatura Brasileira , é correto afirmar que harmonia imitativa : Nota: 10.0 A é a correspondência entre o que se conta e o como se conta, forma de o ritmo mimetizar os episódios relatados no poema. Você assinalou essa alternativa (A) Você acertou! Esta é a alternativa correta porque harmonia imitativa , que aparece no poema de Gonçalves Dias, é justamente essa técnica que busca conciliar a forma como se conta com o que se conta “Trata-se da técnica que se convencionou chamar de harmonia imitativa. O ritmo mimetiza os episódios do canto. Para cada parte há um tipo de metrificação diferente, mas sempre rigorosa e adequada ao conteúdo” (Livro-base, p. 86). As demais alternativas estão erradas porque não se trata de um efeito preso a uma forma poética ou gênero, ele pode ser obtido em qualquer formato. (p. 85) B é o efeito que ocorre em poemas compostos por estrofes de quatro a seis versos, com cinco ou sete sílabas. C é o tipo de assimilação vocálica, em que as vogais de uma palavra se tornam foneticamente semelhantes a outra vogal da mesma palavra. D é a correspondência harmônica que ocorre em poemas de 14 versos, formados por duas estrofes de quatro versos e duas de três. E é o efeito que se obtém em composições poéticas populares antigas, acompanhadas ou não de música. Questão 7/10 - Literatura Brasileira Leia o fragmento de texto a seguir “A nossa literatura colonial manteve aqui tão viva quanto lhe era possível a tradição literária portuguesa. Submissa a esta e repetindo-lhe as manifestações, embora sem nenhuma excelência e antes inferiormente, animou-a todavia desde o princípio o nativo sentimento de apego à terra e afeto às suas coisas. Ainda sem propósito acabaria este sentimento por determinar manifestações literárias que em estilo diverso do da metrópole viessem a exprimir um gênio nacional que paulatinamente se diferenciava”. Após esta avaliação , caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000116.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2017. A delimitação do momento inaugural da nossa literatura foi e é um problema para os historiadores da literatura brasileira. Galho secundário da literatura universal, como disse um crítico, o primeiro passo dadopor nossos escritores foi o de tentar se distinguirem de nossos colonizadores. Algo ainda insuficiente, no entanto, para estabelecer uma literatura nacional. Considerando a citação acima e os conteúdos do livro-base Literatura Brasileira, entre os problemas que dificultam a definição do marco inicial da literatura brasileira está: Nota: 10.0 A o hábito dos autores do período escreverem textos religiosos, gramáticas, em vez de textos literários. B a censura de Portugal, que impedia que os temas nacionais aparecessem nos textos de autores brasileiros. C a ausência de um sistema literário em território brasileiro, que articulasse autor, obra e leitor, estabelecendo um sistema simbólico. Você assinalou essa alternativa (C) Você acertou! O problema de delimitar a origem de nossa literatura não está simplesmente na produção de obras em nosso território. Isso não é suficiente para estabelecer um sistema literário, como propõe Antonio Candido. A ideia de um sistema literário é de um “sistema de obras ligadas por denominadores comuns, que permitem reconhecer as notas dominantes duma fase. [...] Entre eles se distinguem: a existência de um conjunto de produtores literários [...]; um conjunto de receptores [...]; um mecanismo transmissor; [...] O conjunto dos três elementos dá lugar a um tipo de comunicação inter-humana, a literatura, que aparece, sob este ângulo, como sistema simbólico” (livro-base, p. 16-17). Assim, a dificuldade não está nos gêneros escritos, nem nos temas desenvolvidos por nossos autores, mas por uma falta de vida espiritual que fizesse circular as obras e seu material simbólico (livro-base, p. 16). D a limitação dos temas literários, voltados para a transmissão dos acontecimentos locais por meio de crônicas. E a produção de textos alegóricos que impedem a manifestação dos temas locais e a diferenciação com a literatura de Portugal. Questão 8/10 - Literatura Brasileira Leia o fragmento de texto a seguir “De noite, no dia seguinte, em toda aquela semana pensei o menos que pude nos cinco contos, e até confesso que os deixei muito quietinhos na gaveta da secretária. Gostava de falar de todas as coisas, menos de dinheiro, e principalmente de dinheiro achado; todavia não era crime achar dinheiro, era uma felicidade, um bom acaso, era talvez um lance da Providência. Não podia ser outra coisa. Não se perdem cinco contos, como se perde um lenço de tabaco. Cinco contos levam-se com trinta mil sentidos, apalpam-se a miúdo, não se lhes tiram os olhos de cima, nem as mãos, nem o pensamento, e para se perderem assim totalmente, numa praia, é necessário que... Crime é que não podia ser o achado; nem crime, nem desonra, nem nada que embaciasse o caráter de um homem. Era um achado, um acerto feliz, como a sorte grande, como as apostas de cavalo, como os ganhos de um jogo honesto e até direi que a minha felicidade era merecida, porque eu não me sentia mau, nem indigno dos benefícios da Providência. Nesse mesmo dia levei-os ao Banco do Brasil. Lá me receberam com muitas e delicadas alusões ao caso da meia dobra, cuja notícia andava já espalhada entre as pessoas do meu conhecimento; respondi enfadado que a coisa não valia a pena de tamanho estrondo; louvaram-me então a modéstia, — e porque eu me encolerizasse, replicaram-me que era simplesmente grande”. Após esta avaliação , caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em:<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000167.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2017. O fragmento acima do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas corresponde à noite posterior ao achado do embrulho contendo 5 mil réis. Brás Cubas encontra-o na praia e acaba ficando com ele, como se lê acima. Alguns capítulos atrás tinha acontecido algo semelhante: Cubas havia topado com uma moeda de ouro e a encaminhado ao delegado para que este a devolvesse ao dono. Mas os 5 mil réis, valor muito superior, ele não devolveu. No final do episódio fica com o dinheiro e com a fama de grande homem. Os fatos e a forma de contar esses episódios expressam a complexidade da narrativa machadiana. Essa passagem remete ao que Antonio Candido em “Esquema de Machado de Assis” diz da modernidade da obra machadiana. Considerando o fragmento acima e os conteúdos do livro-base Literatura Brasileira sobre o romance de Machado, entre as técnicas machadianas que revelam sua modernidade, segundo Candido, está... Nota: 10.0 A a capacidade de mostrar ao leitor sem contradições ou ironia a realidade das relações sociais do Rio de Janeiro do século XIX, distinguindo claramente o protagonista de seu antagonista. B a habilidade em detalhar os ambientes e os espaços romanescos de modo a expressar como num inventário todas as particularidades da sociedade de seu tempo. C a capacidade em expressar coisas espantosas da forma mais suave possível, fazendo uso da ironia, de forma a fazer com que algo excepcional pareça normal e vice-versa. Você assinalou essa alternativa (C) Você acertou! Segundo Antonio Candido, mencionado no livro-base, a técnica de Machado de Assis “consiste essencialmente em sugerir as coisas mais tremendas da maneira mais cândida (como os ironistas do século XVIII); ou em estabelecer um contraste entre a normalidade social dos fatos e a sua anormalidade essencial; ou em sugerir, sob aparência do contrário, que o ato excepcional é normal, e anormal seria o ato corriqueiro. Aí está o motivo da sua modernidade, apesar de seu arcaísmo de superfície” (livro-base, p. 114) As demais alternativas estão erradas porque a ironia está no centro da “poética” machadiana; porque a ideia de escrever de modo realista à semelhança de um inventário é contrária ao estilo de Machado, que usou essa mesma imagem (do inventário) para criticar o realismo de Eça de Queiroz; porque as características psicológicas das personagens de Machado não são elaboradas pelas teorias darwinistas ou deterministas que influenciaram escritores como Aluísio Azevedo, entre outros; porque apesar da vontade de elaborar uma literatura nacional não estivesse fora dos horizontes de Machado, ele jamais empregou linguagem transparente ou grandiloquente, uma vez que empregou a ironia. D a habilidade em elaborar a psicologia e os caracteres das personagens de acordo com as determinações do espaço e da raça às quais elas pertencem. E a vontade de elaborar uma literatura nacional por meio da criação de personagens alegóricos, expressos em uma linguagem transparente e grandiloquente. Questão 9/10 - Literatura Brasileira “A Praça da Alegria apresentava um ar fúnebre. De um casebre miserável, de porta e janela, ouviam-se gemer os armadores enferrujados de uma rede e uma voz tísica e aflautada de mulher, cantar em falsete a ‘gentil Carolina era bela’, doutro lado da praça, uma preta velha, vergada por imenso tabuleiro de madeira, sujo, seboso, cheio de sangue e coberto por uma nuvem de moscas, apregoava em tom muito arrastado e melancólico: ‘Fígado, rins e coração!’. Era uma vendedora de fatos de boi. As crianças nuas, com as perninhas tortas pelo costume de cavalgar as ilhargas maternas, as cabeças avermelhadas pelo sol, a pele crestada os ventrezinhos amarelentos e crescidos, corriam e guinchavam, empinando papagaios de papel. Um ou outro branco, levado pela necessidade de sair, atravessava a rua, suado vermelho afogueado, à sombra deum enorme chapéu-de-sol. Os cães, estendidos pelas calçadas, tinham uivos que pareciam gemidos humanos, movimentos irascíveis, mordiam o ar querendo morder os mosquitos. Ao longe, para as bandas de São Pantaleão, ouvia-se apregoar: ‘Arroz de Veneza! Mangas! Macajubas!’ Às esquinas, nas quitandas vazias, fermentava um cheiro acre de sabão da terra e aguardente”. Após esta avaliação , caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: AZEVEDO, A. de. O mulato . Domínio Público, p. 2. <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua00023a.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2017. A passagem acima reproduz parte do segundo parágrafo do romance O mulato , de Aluísio de Azevedo. Publicado no mesmo ano da edição em livro de Memórias póstumas de Brás Cubas , em 1881, foi um sucesso de público. Ligado à estética realista-naturalista no Brasil, no trecho acima é possível perceber algumas das características centrais dessa escola, características que criam efeitos de objetividade e realismo buscados por essa escola literária. Considerando a passagem acima e os conteúdos do livro-base Literatura Brasileira , entre as características da estética realista-naturalista que ajudam a criar o efeito de objetividade e realismo temos: Nota: 10.0 A a descrição e a redução das peripécias. Você assinalou essa alternativa (A) Você acertou! Para produzir este efeito de objetividade os escritores da escola realista-naturalista procuravam descrever minuciosamente os espaços e ambientes em que suas personagens desenvolviam suas ações. Estas não deviam encobrir a representação objetiva do real, ou seja, a narração de muitas reviravoltas ou peripécias, base do melodrama e do folhetim, tende a chamar muita atenção e tirar o foco das condições de realidade em que as personagens estão postas: “Em linhas gerais, a prosa buscava a representação de uma realidade em seus detalhes de modo a deslindar as vicissitudes da sociedade contemporânea. [...] O romance realista-naturalista [...] tende a diminuir o papel da peripécia e apostar mais nas descrições da realidade representada – prefere descrever a narrar [...]. O romance, no afã da busca pela objetividade pela realidade, aposta nos detalhes (livro-base, p. 131, 132). O narrador intruso chama a atenção para si e para seu ponto de vista, expresso geralmente pela digressão. O narrador naturalista esconde-se atrás da narrativa. O fluxo de consciência leva o foco da história para os sentimentos e ideias do narrador e também não foi empregado pelos escritores naturalistas. B a narração e grande número de peripécias. C o narrador intruso e a digressão. D grande número de peripécias e a descrição. E redução das peripécias e fluxo de consciência. Questão 10/10 - Literatura Brasileira Leia o fragmento de texto: “[...] a ideia de sistema literário implica que só se pode falar em literatura nacional quando as obras aí produzidas são também aí recebidas e fecundadas”. Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: MORAES, Anita Martins Rodrigues de. A Literatura Brasileira sob a ótica de Antônio Cândido. Revista Itinerários , Araraquara, n. 30, p. 65-84, jan./jun. 2010. Considerando o fragmento do texto-base acima e as informações da Aula 1, Videoaula do Tema 2 – Contextualizando , da disciplina de Literatura Brasileira , assinale a alternativa que apresenta a tríade de elementos que formam um sistema literário, segundo Antônio Cândido: Nota: 10.0 A Manifestações literárias, literatura propriamente dita e transformação literária. B Quem produz a obra, as condições para isso e o público leitor. Você assinalou essa alternativa (B) Você acertou! Comentário : Esta é a alternativa correta, pois de acordo com os conteúdos da aula 1, “A ideia do sistema congrega esses três pontos: quem produz a obra, as condições para isso e o público leitor”. (Aula 1, Videoaula do Tema 2 – Contextualizando, 6’06). C Língua, temas e imagens partilhadas. D Articulação, elaboração e tradição literária. E Tratamento da linguagem, coesão nacional e compromisso cívico.
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