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99 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Unidade III 7 METODOLOGIAS ÁGEIS E A TI 7.1 Introdução a metodologias ágeis O mundo está sofrendo constantes transformações, que estão cada vez mais rápidas e recorrentes em nosso cotidiano. As grandes mudanças que afetaram diretamente a vida da maioria dos seres humanos começaram a ocorrer após a Revolução Industrial, época em que as transformações ocorriam de forma contínua e gradual, o que possibilitava às empresas daquele período gerir as tomadas de decisão em etapas e com tempo para adaptar‑se às novidades. O caráter das transformações muda a partir da segunda metade do século XVIII, com a saída da população dos campos rumo às cidades em busca de trabalho nas novas fábricas, que iniciavam um processo de produção em massa dos mais diversos produtos. Surge, então, o capital industrial e os primeiros passos do mercado consumidor como conhecemos nos dias atuais. Porém, nos últimos anos, a velocidade, a incerteza e as movimentações sociais aumentaram em níveis jamais imaginados. Temos vários exemplos: desde a globalização, que fez surgir os blocos econômicos como a União Europeia (que conseguiu unificar nações sob uma mesma moeda, o euro), até o surgimento e a expansão da internet, fato que reduziu fronteiras e aproximou as pessoas das informações, dos negócios e dos produtos e serviços ofertados. Por essa razão, uma empresa nacional agora tem como competidor qualquer outra empresa mundial cujos produtos podem ser vendidos via internet ou quaisquer lojas que abrigam diversos fornecedores – os chamados marketplaces. Consequentemente, a agilidade precisa fazer parte do planejamento e dos processos empresariais para que se identifiquem todas alterações – tanto as do mundo exterior quanto as dentro das organizações – em tempo hábil para encontrar respostas de forma rápida e eficaz, visando a satisfação dos clientes e a permanência da empresa no mercado. A agilidade é, portanto, um dos principais pilares para a sobrevivência das organizações. Para exemplificar a diferença da agilidade nos negócios, podemos avaliar a figura a seguir: 100 Unidade III Quanto tempo leva para atingir 50 milhões de usuários? O impacto da mudança para o digital e o poder dos efeitos de rede Na era digital, empresas conseguem atrair milhões de usuários em uma velocidade sem precedentes. Isso é possível por meio dos efeitos de rede, da comunicação instantânea e da natureza dos próprios produtos. Alcançando 50 milhões de usuários 2 usuários = 1 conexão 4 usuários = 6 conexões Linhas aéreas Automóveis Telefone Eletricidade Cartões de crédito Televisão Caixas eletrônicos Computadores Celulares Internet Facebook WeChat Pokémon GO O menor tempo para chegar à marca dos 50 milhões de usuários é do jogo para celulares Pokémon GO, que levou apenas 19 dias. Será que a próxima febre mundial atingirá a meta em poucas horas? 68 an os 3 anos1 ano 19 dias 28 an os 22 an os 18 anos 14 anos 12 anos 7 anos 46 anos 50 anos 62 a no s 8 usuários = 28 conexões Figura 9 – Tempo para atingir 50 milhões de usuários Adaptada de: Desjardins (2018). 101 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO A figura 9 mostra que os telefones levaram cerca de 50 anos para atingir 50 milhões de usuários, mas os computadores conseguiram o mesmo feito em apenas 14 anos, a internet em 7 anos e o conhecido jogo Pokémon GO em apenas 19 dias. Nesse período de alterações rápidas e sensíveis houve um aumento significativo da participação de algumas empresas em todos os cantos do globo, agigantando e empoderando algumas corporações. Conforme as empresas – principalmente as focadas em tecnologia – cresciam exponencialmente, o mundo também se transformava, inclusive com a participação ativa delas nos processos de mudança. É interessante observar seu grau de crescimento: muitas têm uma avaliação de mercado maior do que o PIB de diversas nações. A Apple, por exemplo, foi avaliada no início de 2022 em US$ 3 trilhões, que é mais do que o dobro do PIB do Brasil (APPLE…, 2022). Por esse motivo, a empresa demanda decisões e processos ágeis para satisfazer as necessidades dos novos consumidores, criando vantagem competitiva e seguindo as tendências de um mercado dinâmico. Fica evidente, dessa forma, que a ideia da metodologia ágil é equiparar a velocidade, o dinamismo de projetos, os processos e os planejamentos internos das empresas à rapidez do mundo externo. A metodologia ágil foca muito em projetos de software, área que é também o berço dessa lógica. A gestão de projetos nas empresas pode ser efetuada por meio de guias de conhecimento e das certificações dos chamados PMP (do inglês project management professional, ou profissional de gerenciamento de projetos). Porém, essa visão considerada tradicional – ou seja, a “primeira onda da gestão de projetos” (CARVALHO; RABECHINI JR., 2018, p. 367) – não atendia plenamente a alguns projetos de desenvolvimento de softwares, visto que muitas pontas ficavam soltas e eram necessários diversos ajustes para que os projetos fossem satisfeitos plenamente, causando inúmeros problemas. Com isso, em 2001 surge o Manifesto ágil, “fruto de grandes pensadores da área de software, frustrados com os resultados ruins nos projetos a nível global” (DUARTE, 2021, p. 18). Dentre esses pensadores, podemos destacar Jeff Sutherland, conhecido como um dos “pais” do Scrum (que detalharemos mais adiante). Este manifesto é composto por quatro valores (ou pilares) e 12 princípios, que norteiam o desenvolvimento de projetos em uma empresa. Os quatro valores são: • Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas: aqui já encontramos uma mudança do foco tradicional para a metodologia ágil pela preocupação com os indivíduos, “ressaltando o trabalho em equipe e o envolvimento dos stakeholders” (CARVALHO; RABECHINI JR., 2018, p. 367). • Software em funcionamento mais que documentação abrangente: este valor deixa claro que o resultado satisfatório do projeto é mais importante do que a documentação a ser emitida e controlada. 102 Unidade III • Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos: o grupo que elaborou o manifesto se posiciona de forma clara sobre a importância de ouvir, entender e se relacionar de forma transparente com o cliente, na busca de um processo de colaboração entre as partes. • Responder a mudanças mais que seguir um plano: neste ponto, ressalta‑se o ideal de entender que os projetos são dinâmicos e mutáveis, sendo imprescindível para seu sucesso a flexibilidade e a adaptabilidade de suas etapas. Com esses quatro valores bem definidos já se entende que a metodologia ágil vai além do ambiente do desenvolvimento de softwares e abarca, rapidamente, outras áreas importantes na empresa, podendo esses valores ser incorporados pela gestão das organizações em todo o funcionamento corporativo. Além dos quatro valores do Manifesto ágil, há os 12 princípios que nos auxiliam a ampliar o entendimento das metodologias ágeis. São eles: 1) Nossa maior prioridade é satisfazer o cliente através da entrega contínua e adiantada de software com valor agregado. 2) Mudanças nos requisitos são bem‑vindas, mesmo tardiamente no desenvolvimento. Processos ágeis tiram vantagem das mudanças visando vantagem competitiva para o cliente. 3) Entregar frequentemente software funcionando, de poucas semanas a poucos meses, com preferência à menor escala de tempo. 4) Pessoas de negócio e desenvolvedores devem trabalhar diariamente em conjunto por todo o projeto. 5) Construa projetos em torno de indivíduos motivados. Dê a eles o ambiente e o suporte necessário e confie neles para fazer o trabalho. 6) O método mais eficiente e eficaz de transmitir informações para e entre uma equipe de desenvolvimento é através de conversa face a face. 7) Software funcionando é a medida primária de progresso. 8) Os processos ágeis promovem desenvolvimento sustentável. Os patrocinadores, desenvolvedores e usuários devemser capazes de manter um ritmo constante indefinidamente. 9) Contínua atenção à excelência técnica e bom design aumenta a agilidade. 10) Simplicidade – a arte de maximizar a quantidade de trabalho não realizado – é essencial. 103 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO 11) As melhores arquiteturas, requisitos e designs emergem de equipes auto‑organizáveis. 12) Em intervalos regulares, a equipe reflete sobre como se tornar mais eficaz e então refina e ajusta seu comportamento de acordo (CUNNINGHAM et. al., 2001). Conclui‑se que a metodologia ágil considera o ambiente dinâmico, disruptivo e incerto, sendo necessário atentar aos processos inovadores – considerando que o escopo pode ser a variável do projeto, tentando, desta forma, manter intactos os recursos e os prazos para que a entrega seja feita de forma rápida, prática e eficiente. 7.1.1 Principais metodologias ágeis Com o Manifesto ágil, influenciado pelas novas dinâmicas no mundo das organizações, as metodologias ágeis começam a surgir em vários pontos e em variadas formas, todas com o intuito de atender os clientes com excelência e precisão em um ambiente colaborativo. Uma vez que a visão sobre o escopo, os recursos e o prazo dos projetos a serem entregues sofrem alteração de prioridade e flexibilização durante o processo, as metodologias ágeis têm como um de seus conceitos principias os curtos ciclos de desenvolvimento, sendo o cliente sempre informado de cada passo do projeto, pensando no valor agregado ao produto ou serviço a ser executado, e elevando ao máximo a sua utilidade e o seu valor final. Assim, as metodologias ágeis ganharam espaço nas organizações por apresentarem vantagens consideráveis, tais como: • Adaptabilidade: a moldagem do escopo do projeto durante a sua execução é mais simples. • Comunicação: a troca de ideias entre os membros da equipe e a participação muitas vezes direta do cliente no processo auxiliam o resultado final, evitando dúvidas sobre o que está sendo feito. • Produtividade: o ambiente mais flexível e menos burocrático possibilita mais produtividade com maior dinamismo e precisão. • Trabalho em equipe: o envolvimento de times multidisciplinares torna o ambiente mais motivador para alcançar os resultados esperados. Como temos alguns tipos de metodologias ágeis, vamos citar algumas de maior destaque. São elas: • Scrum: metodologia ágil com iterações curtas e rápidas (os sprints), que aumentam a produtividade e facilitam a inovação e a visão mais abrangente do processo. Um dos pontos cruciais desta metodologia ágil é a responsabilidade criada pela organização para a entrega de valor ao cliente. Esta metodologia será estudada mais profundamente mais adiante. 104 Unidade III • Kanban: metodologia ágil que tem como inspiração o sistema Toyota de produção. Kanban significa cartão na língua japonesa, e pode ser apresentada como uma produção puxada, com várias características bem particulares, como a adequação à demanda e à quantidade de estoque. • Extreme Programming (XP): metodologia ágil baseada em cinco importantes valores: comunicação, coragem, respeito, retorno e simplicidade. Conforme descrito por Carvalho e Rabechini Jr. (2018, p. 375), “o XP foi idealizado para situações em que falta clareza sobre a solução e sobre os objetivos, reforçando a vocação do pensamento ágil”. • Lean (Enxuta): metodologia ágil mais aplicada nas startups, uma vez que são projetos mais reduzidos que minimizam desperdícios. Assim, este método tem como um de seus pontos principais “a busca por simplicidade de modo a incorporar as práticas de mapeamento de valor e de fluxo no dia a dia” (CARVALHO; RABECHINI JR., 2018, p. 391). Há uma outra metodologia conhecida como ágil (ou agile), que são bem próximas e muitas vezes confundidas ou trabalhadas em conjunto. • Smart: criada por Peter Drucker, esta metodologia tem como principal ponto a definição clara dos objetivos e das metas a serem alcançadas. Smart é uma sigla, sendo: — S de específico (specific em inglês): facilmente compreendido por qualquer pessoa. — M de mensurável (measure em inglês): objetivos e metas que sejam mensuráveis. — A de alcançável (achievable em inglês): objetivos e metas que sejam factíveis, ou seja, estejam dentro da realidade de execução da empresa. — R de relevante (relevant em inglês): objetivos e metas que tenham importância, para que o esforço para os alcançar seja satisfatório. — T de tempo (time‑based em inglês): que todos os objetivos e metas tenham um prazo final para sua verificação e alcance. • FDD (Feature driven‑development): metodologia criada para organizar o desenvolvimento do projeto conforme ele progride, usando os recursos e o tempo disponíveis para este fim. 7.2 Framework Scrum aplicado à gestão Como já vimos, o Scrum é um dos métodos ágeis mais conhecidos e mais utilizados pelas empresas, que recebeu forte influência das ações adotadas nos meios de produção da Toyota. O nome Scrum surge por associação a “uma típica formação do evento esportivo rugby denominada scrum” (SBROCCO, 2012, p. 159), em que os jogadores ficam reunidos para reiniciar o jogo após um incidente ou após a saída da bola do campo. 105 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Figura 10 – Formação Scrum no Rugby Fonte: https://cutt.ly/R76H0fg. Acesso em: 19 abr. 2023. O início do framework Scrum ocorreu nos primeiros anos da década de 1990, quando Jeff Sutherland – hoje conhecido como o pai do Scrum, com uma série de livros publicados sobre framework, além de ter participado do Manifesto ágil –, junto de Ken Schwaber na empresa EA Corporation, susteve como principal objetivo a ideia de alterar o método de desenvolvimento de um software, uma vez que acreditava que os métodos utilizados na época, baseados em desenvolvimento de projetos, não atendiam a algumas situações que ocorriam durante as etapas do projeto. Observação A palavra framework pode ser traduzida como estrutura Dessa forma, o Scrum também é definido como “uma caixa de ferramentas, uma estrutura básica na qual você constrói algo em cima” (DUARTE, 2021, p. 30). Ken Schwaber e Jeff Sutherland definem o que é o framework Scrum como “um framework leve que ajuda pessoas, times e organizações a gerar valor por meio de soluções adaptativas para problemas complexos” (SCHWABER; SUTHERLAND, 2020, p. 4). Outros autores também dão maiores detalhes para definir este método ágil tão bem‑sucedido nas empresas: Scrum é um processo empírico, baseado pura e simplesmente nas experiências passadas de seus criadores que desde o início da década de 90 aplicam Scrum em projetos de software com sucesso, já sendo uma das metodologias ágeis mais usadas no mundo. E uma vez que você se torna adepto do Scrum, o empirismo passa a fazer com que você respeite o processo cada vez mais e adicione novos processos e artefatos complementares baseados nas suas experiências (DUARTE, 2021, p. 31). 106 Unidade III Assim, o framework Scrum é um método que apresenta um tempo de evolução e de melhoria que acompanha a equipe que o implanta e participa das etapas, considerando os seguintes pilares: transparência, inspeção e adaptação. Scrum como atualmente difundido descreve práticas de gestão e acompanhamento do desenvolvimento de software. O desenvolvimento é dividido em iterações curtas, conhecidas como sprints, tipicamente de duas semanas (RIES, 2012, p. 125). Algumas definições tentam explicar melhor as etapas e os processos do framework Scrum, uma vez que ele é um método muito empírico, ou seja, totalmente baseado na experiência durante o processo e na observação diária das atividades. Além disso, o Scrum é um método simples, que se completa conforme é implementado nas organizações. Ao mesmo tempo, é um método que requer bastante atenção por ser baseado na coletividade – tanto na experiência individual como na do grupo de trabalho, o que torna importante eleger uma liderança motivadora, inovadora e eficaz na equipe. Inicialmente concebido para a produção de software,o Scrum passa a ser utilizado para diversos projetos em outras áreas das organizações, uma vez que é um método simples e de construção das etapas junto com a equipe. Como explicado no guia do Scrum, elaborado por Sutherland (2014, p. 3), “esse sistema pode ajudá‑lo a revolucionar a forma como as empresas funcionam em praticamente todos os setores”. O Scrum tem uma forma de implantação que se baseia majoritariamente na iteração – que nada mais é do que a repetição de uma ou mais seções de um processo, por exemplo – e em sua incrementação gradual, avançando conforme as etapas surgem, trabalhando o espírito de equipe para que a experiência e a vivência de cada um dos participantes contribua para o sucesso do trabalho. Portanto, é um método que “exige prática e atenção, mas também um esforço contínuo para chegar a um novo estado no qual as coisas apenas fluem para que todo o resto aconteça (SUTHERLAND, 2014, p. 16). Já vimos que há três pilares empíricos no Scrum, mas é interessante se aprofundar em cada um deles, visto que serão estes que sustentarão as equipes para que elas desenvolvam os trabalhos: • Transparência: todo o processo e as etapas que o envolvem devem ser visíveis e comunicados a todos os seus participantes, “tanto para quem executa o trabalho, quanto para quem recebe o trabalho” (SCHWABER; SUTHERLAND, 2020, p. 5). Essa transparência auxilia a tomada de decisões, até porque muitas decisões tomadas com base em dados não percebidos podem levar a erros e retrabalhos que serão mais custosos no geral, tanto financeiramente quanto para o rendimento da equipe. Portanto, a transparência é pilar fundamental que sustenta o segundo pilar: a inspeção. 107 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO • Inspeção: todos os artefatos (ou etapas) devem ser inspecionados com determinada frequência com o intuito de garantir que o projeto evolua. Durante as inspeções é possível identificar variações que ocorrem naturalmente durante o caminho do projeto, bem como verificar quais são os problemas encontrados ou que podem surgir. Este pilar é, portanto, o que possibilita o terceiro: a adaptação. • Adaptação: todo projeto necessitará de alguma adaptação durante as suas etapas. Essas mudanças serão mais fáceis, simples e rápidas de serem implantadas e aceitas se houver uma inspeção verificando e alinhando cada item, bem como se as equipes envolvidas forem autogerenciadas e tiverem liberdade e empoderamento (empowerment) para tal. Como explicado por Sutherland (2014, p. 11), a ideia no framework Scrum é que: […] ao começar um projeto, por que não fazer paradas regulares para verificar se o que está sendo feito está seguindo na direção certa, e se, na verdade, os resultados são os que as pessoas desejam? E verificar se existem maneiras de aprimorar a forma como se está trabalhando para obter resultados melhores e executados mais rapidamente, e quais seriam os obstáculos que impedem as pessoas de obtê‑los. Isso é chamado de ciclo de “Inspeção e Adaptação”. De tempos em tempos, pare de fazer o que está fazendo, revise o que já fez e verifique se ainda deveria estar fazendo aquilo e como você pode fazê‑lo melhor. É uma ideia simples, mas executá‑la exige reflexão, introspecção, honestidade e disciplina. Portanto, vemos que o método depende totalmente de uma equipe preparada, em uma empresa que mantenha uma cultura organizacional focada em ter colaboradores ativos, participativos e inovadores. O Scrum será implementado com sucesso se estiver focado nestes cinco valores básicos: compromisso (toda a equipe e a empresa devem ter comprometimento para atingir os objetivos estabelecidos), foco (concentração em cada etapa do processo, não somente para que o prazo seja cumprido, mas também para que todas as inspeções encontrem os problemas, apontem os ajustes necessários e tragam os resultados esperados), abertura (a equipe estar ciente e aberta para aprendizados adquiridos e para ajustes a serem efetuados, sem se preocupar em encontrar culpados, mas sim em buscar melhorias contínuas), respeito (para que as equipes cresçam em conjunto, respeitando os limites e as funcionalidades de cada membro, dando flexibilidade até para a organização perceber o que deve ser efetuado) e coragem (de conduzir os trabalhos da forma correta, buscando as melhores alternativas e soluções para os problemas mais difíceis que serão encontrados, aprendendo e melhorando ao longo do processo para atingir o sucesso ao final do projeto). Por fim, é possível perceber que o Scrum pode ser utilizado para uma série de projetos, que podem ser: elaborar um novo produto ou serviço a ser ofertado pela empresa; gerenciar equipes de vendas; construir projetos de engenharia; planejar processos de recrutamento e seleção etc. Para compreendermos melhor como o framework Scrum pode ser aplicado nos mais variados setores e processos em uma organização, vamos ver com maiores detalhes o princípio, os artefatos, os eventos e os papéis deste método. 108 Unidade III 7.2.1 Princípio Scrum Já vimos que este método é dominado pelo empirismo, pela flexibilidade e pelo trabalho determinado da equipe envolvida. Com isso resolvido, podemos falar sobre as diretrizes fundamentais deste método para maximizar os resultados e alcançar o sucesso. São elas: • Controle empírico: todo o processo deste método deve estar baseado na capacidade técnica e no conhecimento individual de cada membro da equipe, que juntos trarão as inovações e as soluções para caminhar com o projeto, sempre com base nos três pilares que já vimos: transparência, inspeção e adaptação. • Auto‑organização: a equipe deve ser autogerida, incentivando engajamento com muito mais responsabilidades tanto individuais como em equipe para criar um ambiente inovador e que sempre busca a melhoria contínua. • Colaboração: todos da equipe devem participar ativamente do processo, colaborando no cumprimento das etapas e, também, nas interações necessárias para o desenvolvimento do projeto, com vistas a entregar o melhor resultando para o cliente. • Valor: a prioridade máxima da equipe é a entrega do melhor valor durante todas as etapas do projeto. • Prazo: também conhecido pela expressão em inglês time‑boxing, considera o tempo um fator limitador, que deve ser utilizado de forma crucial no passo a passo do projeto. Seus elementos principais são os sprints, as reuniões e as revisões. • Iteratividade: tarefas repetitivas levam a equipe a buscar gerar maior valor continuamente, satisfazendo o cliente nas entregas parciais e na entrega final. O Scrum carrega, em sua essência, a possibilidade de ser implantado em vários setores e em vários tipos de projetos e situações, uma vez que dispõe de uma estruturação simples que é muito semelhante ao Kanban no que diz respeito aos passos fundamentais das etapas, dividindo seu fluxo em “por fazer”, “fazendo” e “feito”. Para cada uma dessas partes da estrutura, existem eventos sendo executados com uma ou mais pessoas da equipe desempenhando papéis com atividades e responsabilidades bem definidas, bem como seus três artefatos. 109 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Papéis Dono do produto Scrum master Time de desenvolvimento Lista de requisitos do produto Lista de requisitos do sprint Incremento Artefatos O sprint Planejamento de sprint Reunião diária Revisão de sprint Retrospectiva de sprint Cerimônias Figura 11 – Papéis, artefatos e eventos (cerimônias) do Scrum Adaptado de: Lerche‑Jensen (2019). Vamos agora definir cada evento, verificando detalhadamente os papéis envolvidos em cada um deles, bem como a explicação mais aprofundada dos seus artefatos. 7.2.2 Eventos Scrum É importante ter clareza dos eventos do Scrum durante todo o método. Esses eventos estão totalmente alinhados com a metodologia ágil e com os 12 princípios do Manifesto ágil, uma vez que um dos seus criadores (e maior incentivador do método), Jeff Sutherland, também foi participante ativo do Manifesto. Esses eventos têm a função deregular o processo para que não sejam necessárias reuniões que não estão previstas, bem como para evitar ao máximo os atrasos e tentar antecipar problemas, sempre com total transparência das informações, comunicadas no que chamamos de quadro Scrum que, basicamente, apresenta as três etapas: “por fazer”, “fazendo” e “feito”. Assim, “cada evento no Scrum é uma oportunidade formal para inspecionar e adaptar os artefatos do Scrum” (SCHWABER; SUTHERLAND, 2020, p. 8). Todos os envolvidos no processo participarão para que todos os eventos sejam feitos dentro do tempo estabelecido, cada um deles com suas responsabilidades e seus papéis definidos previamente. Assim, para que entendamos de maneira simples cada um dos eventos do Scrum, precisamos saber quais os artefatos e quais os papéis que existem nesta metodologia ágil. Quando falamos de artefatos Scrum, temos que ter em mente que o princípio do Scrum é a sua característica empírica e de lean thinking (concentração no essencial ou, em tradução direta, pensamento enxuto), e que o aprendizado que ocorre dentro do próprio projeto “é pautado por pequenos passos de 110 Unidade III desenvolvimento (incrementos), seguidos da inspeção do produto resultante e da eficácia das atividades de adaptação aos objetivos do produto e aos processos utilizados” (CARVALHO; RABECHINI JR., 2018, p. 378). Os artefatos seguem a linha ideal de andamento de qualquer processo, baseando‑se na sequência lógica de entrada‑procedimento‑saída, prezando pela simplicidade no tratamento das operações a serem desenvolvidas pelos membros da equipe. Temos três artefatos que deverão, então, ser seguidos em uma sequência específica e que trarão maior valor ao cliente. Essa sequência pode ser vista na figura a seguir: Backlog do sprint Entrada do sprint Saída do sprint IncrementoSprintBacklog do produto Figura 12 – Artefatos Scrum Adaptado de: Carvalho e Rabechini (2018, p. 378). Agora que conhecemos esses três artefatos, vamos estudá‑los de forma detalhada. Lista de requisitos do produto (backlog do produto) Este artefato, na maioria das vezes, tem o “formato de lista ordenada ou painel visual de tudo que se sabe ser necessário no produto, em um dado momento do ciclo de vida do projeto” (CARVALHO; RABECHINI JR., 2018, p. 378), funcionando como um documento vivo que deve ser periodicamente atualizado pelo dono do produto, responsável pelo gerenciamento de seus requisitos. Sem uma lista de requisitos do produto bem detalhada, com todos os itens bem especificados, o projeto não correrá da forma prevista, causando empecilhos, problemas e, consequentemente, atrasos em todas as etapas e no prazo programado. A lista de requisitos será “a única fonte de trabalho realizado pelo Scrum team” (SCHWABER; SUTHERLAND, 2020, p. 12), pois nela está o que denomina‑se “meta do produto”, que nada mais é do que o compromisso de todos os envolvidos no projeto com as entregas parciais e a entrega final – ainda que haja refinamentos da lista durante as iterações, tais como maiores detalhamentos do produto não especificados anteriormente, estimativas mais realistas após os primeiros passos do projeto, alterações efetuadas durante as inspeções e adaptações. Há um rol de atividades mais comuns durante o processo de refinamento do backlog do produto que envolvem: pedir por mais informações ao dono do produto, verificar as histórias de maior prioridade para entender o que deve ser entregue, redefinir os critérios de aceitação das etapas e do produto final, refinar a lista de informações para preparar os sprints que ocorrerão na próxima etapa do método etc. 111 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Com este artefato já gerenciado, partimos para o segundo artefato, que é um planejamento extremamente detalhado de todas as atividades que serão realizadas nos sprints. Lista de requisitos do sprint (backlog do sprint) Este artefato tem uma composição que deve ser seguida e é apresentada de forma clara, prática, eficaz e visível, ocorrendo sempre em tempo real. A composição é formada pela “meta do sprint (por que), o conjunto de itens do product backlog selecionados para o sprint (o que), bem como um plano de ação para entregar o incremento (como)” (SCHWABER; SUTHERLAND, 2020, p. 12). Na verdade, a meta do sprint é o único objetivo para que ele ocorra. Para que entendamos a importância deste artefato, é preciso compreender que o sprint é coração do método Scrum, e que a lista de requisitos do sprint acaba se tornando um complemento do backlog do produto, pois apresentará os detalhes do que deve ser efetuado nos sprints, nas reuniões diárias e nas revisões necessárias para o replanejamento dos sprints sucessivos. Assim, a lista de requisito do sprint pode ser vista como um planejamento eficiente, que dará à equipe os detalhes necessários e cruciais para o progresso do projeto, deixando espaço para as eventuais alterações que podem surgir como resultado das reuniões diárias dos sprints. É um artefato totalmente dinâmico e mutante, uma vez que “vai sendo modificado pelo time de desenvolvimento ao longo do sprint, em um processo de aprendizagem em que alguns elementos do plano são inseridos e alguns podem ser excluídos, gerando novas estimativas de trabalho a ser realizado” (CARAVALHO; RABECHINI JR., 2018, p. 380). Mais uma vez, temos um artefato que, comumente, é apresentado em forma de quadro com uma informação e comunicação fácil e visível para todos os participantes, em que são apresentadas todas as tarefas durante o sprint com os devidos status sempre em tempo real. Uma das formas de apresentação é um gráfico de evolução que aponte os os problemas, obstáculos, impedimentos e avaliações encontrados ao longo dos sprints e a evolução até o próximo – e último – artefato do framework Scrum. Evolução do sprint Es fo rç o re st an te Dia Ideal Restante 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 xx x x x x x x x x xx x x x xx x x x x x x x x x xx x x x Figura 13 – Exemplo de gráfico de evolução do sprint com dados como evolução, esforço restante e ideal Adaptada de: Lerche‑Jensen (2019). O último artefato é o que chamamos de incremento. 112 Unidade III Incremento O incremento é o resultado final de um sprint, que é considerado o artefato mais importante do método e é incorporado aos demais incrementos gerados durante o processo, garantindo sua funcionalidade e sua aplicabilidade. Em resumo, “vários incrementos podem ser criados em um sprint. A soma dos incrementos é apresentada no sprint review, apoiando assim o empirismo” (SCHWABER; SUTHERLAND, 2020, p. 12). O sprint review são as revisões dos sprints, importantes para chegar à definição de pronto (ou definição de conclusão). A definição de conclusão, portanto, exige o conhecimento de todos os participantes do projeto do que cada equipe envolvida necessita entregar, garantindo um nível de qualidade total do trabalho e a transparência das informações para que os objetivos sejam alcançados. Portanto, a definição de conclusão, também conhecida como definição de pronto, “é uma descrição formal do estado do incremento quando ele atende às medidas de qualidade exigidas para o produto” (SCHWABER; SUTHERLAND, 2020, p. 13). Já sabemos dos três artefatos importantes da metodologia Scrum, mas, para que cada evento Scrum seja analisado em detalhes, é preciso apresentar os papéis da metodologia ágil e as principais funções de cada um deles. Seguem as definições dos papéis no Scrum: • Dono do produto (product owner): é o responsável direto pelo gerenciamento da lista de requisitos do produto, e é tido como um representante do cliente dentro da metodologia. Carvalho e Rabechini Jr. (2018, p. 377) definem o conceito da seguinte forma: É a pessoa com responsabilidade pela visão do produto e gestão de seu desenvolvimento, constituindo, portanto, o nexo de conexão entre o time de desenvolvimento e os clientes e usuários. Ele deve prezar pela clareza,visibilidade e transparência necessárias, visando a melhor forma de se alcançar os resultados em conjunto com a equipe Scrum. O dono do produto tem papel fundamental na gestão do produto, decidindo quais as características e funcionalidades do produto e em qual ordem elas serão desenvolvidas e validadas. Portanto, ele deve entender completamente as necessidades do cliente, bem como das equipes envolvidas no projeto, sendo responsável por vários itens que vão desde a visão do produto até a garantia da entrega do produto ou serviço planejado, passando pela criação das tarefas e da lista de requisitos dos sprints, a implantação das entregas de todos os sprints e de seus incrementos, e o gerenciamento eficaz dos recursos financeiros durante todo o projeto. • Scrum master: tem a função básica de ser um facilitador de todos os eventos, bem como de conduzir os ensinamentos e aprendizagens de todos os membros da equipe. Em definição direta, “o Scrum master é responsável por estabelecer o Scrum conforme definido no Guia do Scrum” (SCHWABER; SUTHERLAND, 2020, p. 7), uma vez que atenderá os demais papéis que participam desta metodologia. Para o dono do produto, ele será o auxiliar para encontrar as melhores técnicas para os artefatos do Scrum, ajudando no processo empírico de aprendizagem do projeto para 113 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO atender aos objetivos, ainda que em um ambiente complexo, inovador e de melhoria contínua. Para o time de desenvolvimento (que veremos a seguir), o Scrum master será o treinador e orientador dos membros para o autogerenciamento durante todas as etapas do projeto, além de acompanhar os eventos Scrum para que os prazos estabelecidos sejam cumpridos (time‑boxing). • Time de desenvolvimento: grupo de pessoas com características multifuncionais (programadores, especialistas, testadores, entre outros) que participam ativamente do projeto, efetuando e criando os sprints, além de fazer a documentação necessária e a identificação das etapas e dos riscos e problemas encontrados e solucionados nas fases. “O time de desenvolvimento é composto por profissionais que realizam o trabalho para alcançar um incremento potencialmente entregável do produto ‘realizado’ ao final de cada sprint” (CARVALHO; RABECHINI JR., 2018, p. 377). Agora que já conhecemos os papéis e os artefatos do Scrum, podemos ampliar a nossa visão, estudando os eventos Scrum. É fundamental salientar a importância do tempo de cada evento (duração máxima controlada), na tentativa de reduzir ou eliminar a necessidade de reuniões não programadas, e para o processo de aprendizado contínuo da equipe durante a metodologia. Os eventos Scrum são: • Sprint: foram definidos por Sutherland (2014, p. 38) como “corridas de velocidade de curta distância”, que no Scrum remete aos ciclos de aprendizagem e de etapas dentro da metodologia. Dessa forma, “o sprint tem duração fixa (time‑boxed), não podendo ser reduzido ou aumentado. Um projeto é dividido em vários sprints de mesma duração, um começando imediatamente após seu predecessor, como eventos em série em uma rede” (CARVALHO; RABECHINI JR., 2018, p. 381). No sprint, a equipe envolvida será responsável por efetuar todo o planejamento, respeitando os backlogs do produto e do próprio sprint, realizando os demais eventos do Scrum conforme estabelecido, sempre garantindo que os eventos tenham uma duração fixa e que sigam uma sequência lógica e contínua (sempre que um sprint é concluído, um novo começa imediatamente após sua conclusão). Durante o sprint, a equipe, em conjunto com o dono do produto e o Scrum master, deve seguir os passos sem que qualquer alteração que afete a meta do sprint ocorra – o refinamento do escopo, entretanto, pode ser negociado com o dono do produto, fazendo parte integrante do aprendizado empírico, princípio fundamental do Scrum. É importante saber que somente o dono do produto tem poder para cancelar um sprint, e sempre em circunstâncias muito específicas, como uma mudança nas condições do mercado relativas ao produto que está sendo trabalhado naquele projeto, por exemplo. Então, “cada sprint pode ser visto como um “miniprojeto”, uma vez que tem um objetivo de trabalho a ser cumprido e um plano que irá orientar o desenvolvimento dos trabalhos” (CARVALHO; RABECHINI JR., 2018, p. 382). • Planejamento do sprint (sprint planning): neste evento, temos a reunião de planejamento que vai determinar o plano de trabalho. Como orientação, deve ter uma “duração predefinida de até oito horas para um sprint típico de um mês” (CARVALHO; RABECHINI JR., 2018, p. 383). Esses planejamentos devem abordar alguns temas essenciais para o desenvolvimento do projeto, tais como: a importância daquele sprint, (orientada pelo dono do produto que apresenta a meta), 114 Unidade III o que será executado naquele sprint, e como o trabalho será conduzido para que seja atingida a meta de cada uma das sprints do projeto. • Reunião diária (daily Scrum): este evento Scrum ocorre para que possam ser efetuadas as inspeções necessárias para o progresso do sprint em busca da meta já estabelecida. As reuniões têm uma curtíssima duração (15 minutos) para o planejamento diário (portanto, via de regra, ocorrem logo pela manhã, no início dos trabalhos). Como explicado por Carvalho e Rabechini (2018, p. 383): O objetivo desta reunião diária é melhorar a comunicação, colaboração e transparência das informações, além de fazer parte do processo de aprendizagem, pois de forma muito objetiva se inspeciona o trabalho realizado no dia anterior e se prospecta o trabalho do próximo dia, sem focar em resolver problemas, mas sim identificando os obstáculos ao desenvolvimento do trabalho e endereçando‑os. • Revisão do sprint (sprint review): este evento normalmente ocorre ao final de cada sprint para que sejam efetuadas as inspeções nos resultados alcançados e as adaptações que serão necessárias dentro do projeto. As revisões devem durar no máximo quatro horas e devem incluir alguns pontos fundamentais para o sucesso do projeto: devem ser efetuadas com a participação do time de desenvolvimento e demais interessados, que podem ser convidados pelo dono do produto; o dono do produto aproveitará a revisão para explicar o que foi executado no sprint (inclusive suas possíveis alterações); quais são os próximos passos a serem executados por todos os participantes da equipe para a melhora contínua e de maior valor para o planejamento; e serão apresentados itens relacionados ao cronograma, o orçamento e os recursos a serem utilizados nos demais passos do projeto. • Retrospectiva do sprint (sprint retrospective): o principal intuito deste evento Scrum é efetuar um planejamento eficiente para o aumento da qualidade e da eficácia do projeto, tendo como foco principal o trabalho da equipe envolvida, as pessoas e a dinâmica de seus trabalhos. Como todos os eventos do Scrum, a retrospectiva do sprint é uma reunião com prazo e planejamento definido que “ocorre entre a revisão do sprint e a reunião de planejamento do próximo sprint, com duração máxima de três horas para um sprint típico de um mês” (CARVALHO; RABECHINI JR., 2018, p. 384). Por fim, o Scrum apresenta uma visão integrada de aprendizado com ciclos iterativos (sprints) que buscam uma melhoria contínua, e tem uma relação muito estreita com o ciclo PDCA, já que os sprints servem exatamente para que sejam inspecionadas (item C do PDCA) e adaptadas (item A do PDCA) as etapas com a intenção de replanejar (item P do PDCA) os próximos sprints que serão executadas (item D do PDCA) por toda a equipe. 115 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Observação O PDCA é um método qualitativo com foco na melhoria contínua e pode ser usado no controle de processos e solução de problemas (CAMPOS, 1999; MARTINS; LAUGENI, 2005). Sua aplicação consiste em quatro fases: • P (plan, planejar): seleção de um processo, atividade ou máquina que necessite de melhoria e elaboração de medidas claras e executáveis,sempre voltadas para obtenção dos resultados esperados. • D (do, fazer): implementação do plano elaborado e acompanhamento de seu progresso. • C (check, verificar): análise dos resultados obtidos com a execução do plano e, se necessário, reavaliação do plano. • A (act, agir): caso tenha obtido sucesso, o novo processo é documentado e se transforma em um novo padrão. 7.2.3 Aplicações Scrum na área de negócios Por ser uma metodologia ágil, altamente alinhada com a velocidade constante de alterações e inovações cada vez mais rápidas no mundo disruptivo em que vivemos, o Scrum é muito utilizado pelas organizações nas mais variadas áreas de negócios. No livro Scrum: a arte de fazer o dobro de trabalho na metade do tempo, Sutherland (2014) nos apresenta uma série de exemplos de aplicação Scrum, que vão desde a introdução desse framework em instituições como o FBI (Federal Bureau of Investigation, nos Estados Unidos) até a sua aplicação em instituições financeiras depois da crise americana de 2008. Por ter sido criada para ser uma ferramenta que auxiliasse o desenvolvimento de projetos de software nessa área de negócios, a metodologia Scrum é facilmente encontrada em praticamente quase todas as empresas que lidam com tecnologia – desde as atuais startups até a gigantesca Microsoft. Mas, por ser de fácil entendimento e direcionada para o gerenciamento de qualquer tipo de projeto, hoje é vista nas empresas espalhadas pelos mais diversos tipos de segmentos. O próprio Guia do Scrum (SCHWABER; SUTHERLAND, 2020) apresenta algumas empresas que utilizaram esta metodologia ágil, tias como: Individual Inc., Newspage, Fidelity Investments e IDX (atualmente GE Medical). Até mesmo órgãos da administração pública já assumiram essa metodologia para alguns de seus projetos (como, por exemplo, o Banco Central do Brasil, em vários projetos que envolvem a criação e a elaboração de pregões eletrônicos). 116 Unidade III Por fim, o Scrum é encontrado em vários segmentos, dependendo de um aprimoramento da estrutura organizacional e da cultura interna da empresa. Saiba mais Aprenda mais sobre a metodologia Scrum em: CARVALHO, M. M.; RABECHINI JR., R. Gestão ágil e lean de projetos. In: CARVALHO, M. M.; RABECHINI JR., R. Fundamentos em gestão de projetos: construindo competências para gerenciar projetos. 5. ed. Rio de Janeiro: GEN/Atlas, 2018. p. 367‑395. SCHWABER, K.; SUTHERLAND, J. O guia do Scrum: o guia definitivo para o Scrum: as regras do jogo. [s. l.]: [s. n.], 2020. Disponível em: https://cutt.ly/44R1BfK. Acesso em: 23 mar. 2023. 8 PLANILHA ELETRÔNICA EXCEL 8.1 Prática em laboratório: planilha eletrônica do Microsoft Excel 8.1.1 Conceitos básicos do Excel O Excel é um programa de planilha eletrônica desenvolvido pela Microsoft e incluído no Pacote Office para Windows, que pode ser utilizado para calcular, armazenar e trabalhar com lista de dados, fazer relatórios e gráficos, e é recomendado para planejamentos, previsões, análises estatísticas e financeiras, simulações e manipulação numérica em geral. Observação O Office 365 é um serviço de assinatura que oferece as ferramentas mais recentes da Microsoft, para uso pessoal, empresas e entidades sem fins lucrativos. Por ser um programa desenvolvido para Windows, tem acesso a todas as funções que o ambiente proporciona – por exemplo, a troca de dados entre aplicativos (Word, PowerPoint etc.). A planilha eletrônica é um conjunto de colunas e linhas, cuja intersecção é chamada de célula. Cada célula tem um endereço ou referência únicos. Com esse programa é possível formatar e desenvolver planilhas, com custos de implantação de projetos, demonstração de despesas, análise de gráficos, entre muitas outras funções disponíveis. 117 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO O principal propósito do Excel é criar fórmulas e inserir cálculos, além de ser possível organizar os dados e configurar diversos tipos de gráficos. Barra de ferramentas padrão Botões de rolagem horizontal Guia de planilha Célula Barra de fórmulas Painel de tarefasCabeçalho de linhas Cabeçalho de colunas Botões de rolagem vertical Barra de formatação Barra de menu Barra de título Figura 14 – Tela de entrada Na figura 14, consta um arquivo do Excel com três guias de planilha. Essas guias permitem que um único arquivo armazene mais de uma planilha. Ao final da Plan3, o ícone Inserir planilha permite criar uma nova planilha. Com o Excel é possível fazer, entre outras coisas: • Orçamento: criação de um plano de marketing. • Contabilidade: uso dos recursos de cálculo e demonstrativos de contabilidade, como fluxo de caixa e lucros. • Relatórios: mensuração de desempenho de um projeto. • Cobrança e vendas: criação de formulários adequados às necessidades específicas. • Planejamento: pesquisa de marketing. 118 Unidade III 8.1.2 Operações básicas do Excel Criar uma tabela Clique na opção Arquivo e, em seguida, selecione Novo; surge um menu lateral informando os modelos disponíveis. Clique em Pasta de trabalho em branco. Você notará que o documento apresenta uma planilha, mas, ao clicar com o mouse no sinal +, é possível inserir quantas planilhas forem necessárias. Figura 15 – Seleção de uma célula no Excel Movimentar uma planilha Para selecionar uma célula ou torná‑la ativa, basta movimentar o cursor de seleção para a posição desejada. A movimentação poderá ser feita com o mouse ou o teclado. Para selecionar uma célula com o mouse, basta dar um clique em cima dela. Observe que a célula na qual você clicou é mostrada como referência na barra de fórmulas. Se você precisar selecionar mais de uma célula, basta manter pressionado o mouse e arrastar, selecionando as células em sequência. Se precisar selecionar células alternadamente, clique sobre a primeira célula a ser selecionada, pressione Ctrl e vá clicando nas que você quer selecionar. Para movimentar com o teclado, usamos a combinação das setas com a tecla Shift. 119 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Formatar uma planilha Pode‑se formatar uma planilha com as seguintes características: • Bordas: primeiro, selecione a célula, clique na opção Fonte (localizada no menu superior), e depois na opção Bordas; agora, é só selecionar o estilo desejado. Figura 16 • Cor: selecione a célula desejada e o texto que pretende alterar. Vá até a opção Fonte, clique em Cor da fonte e, na sequência, em Cores do tema. Figura 17 120 Unidade III • Alinhamento: selecione as células com o texto, clique na opção Página inicial, seguido pelo grupo Alinhamento. Figura 18 • Sombreamento: selecione a célula que deseja modificar, vá até o menu superior e clique em Fonte e, depois, em Cor de preenchimento. Abra a opção Cores do tema e escolha a cor de preferência. Figura 19 Inserir textos e números Na área de trabalho do Excel, podem ser digitados caracteres, números e fórmulas. Ao finalizar a digitação de dados, você pode pressionar a tecla Enter ou, com as setas, mudar de célula; esse recurso somente não será válido quando se estiver efetuando um cálculo. Caso precise alterar o conteúdo de uma célula sem precisar redigitar tudo novamente, clique sobre ela e pressione F2, faça a alteração e pressione Enter. 121 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Salvar e abrir arquivos Para salvar uma planilha, o processo é igual ao do Microsoft Word. Clique no botão Arquivo e depois em Salvar. Dê um nome ao arquivo, defina o local onde ele deverá ser salvo e clique em Salvar. Para abrir um arquivo existente, clique no botão Arquivo e depois em Abrir; localize o arquivo, clique sobre ele e o Excel o abrirá automaticamente. 8.2 Formatação e configuração de páginas Guia Layout da página Ao clicar nessa guia, novos painéis são exibidos com inúmeros botões de comando e opções com finalidades afins, distribuídos em seus respectivos grupos. Figura 20 – Guia Layout da página Área de impressão É possível marcar uma área específica da planilha para impressão. Defina a área de impressão selecionando ascélulas a serem impressas, posteriormente, clique em Arquivo para exibir as opções de impressão. Figura 21 122 Unidade III Plano de fundo Permite definir uma imagem a ser exibida como plano de fundo da planilha. Clique no ícone Inserir imagens para abrir a caixa de diálogo. Clique no botão Browse (ou Busca) para encontrar a imagem que deseja inserir. Figura 22 Inserção de linhas e colunas Para adicionar ou remover linhas e colunas no Excel é simples. Para adicionar, basta clicar com o botão direito do mouse em uma linha e depois clicar em Inserir; a linha será adicionada acima da selecionada; no caso a coluna será adicionada à esquerda. Para excluir uma linha ou uma coluna, basta clicar com o botão direito na linha ou coluna a ser excluída. Esse processo pode ser feito também pelo grupo Células que está na aba Página inicial. Você também pode excluir linhas da mesma forma. Colagem especial de células Ao copiar o conteúdo de uma célula, podemos definir como ela será colada em outra planilha. No grupo Área de transferência, temos o botão Colar; ao clicar na seta dessa opção, temos as opções de Colar, Colar fórmulas, Colar valores e Colar transpor. 123 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Observação A partir da versão 2013, o Microsoft Excel permite a criação de planilhas “ilimitadas”, em suas pastas de trabalho. Lembrando que a quantidade de planilhas criadas dependerá das configurações do computador utilizado pelo usuário. 8.3 Inserindo dados qualitativos e quantitativos em planilhas eletrônicas A flexibilidade de inserção e organização dos dados é uma das grandes vantagens oferecidas pelas planilhas eletrônicas. Essa facilidade de organização leva os usuários a adotarem a forma de entrada e apresentação dos dados que melhor lhes convenha, geralmente mais semelhantes aos formulários de coleta de dados ou do relatório que desejam elaborar ao final do trabalho. Contudo, muitas vezes essa forma de organização dos dados pode não utilizar as ferramentas da planilha eletrônica para a análise mais eficaz e eficiente. Aqui nos propomos a compartilhar alguns conhecimentos a respeito da organização, tratamento e análise descritiva de bases de dados utilizando planilhas eletrônicas, em especial a planilha eletrônica Excel. Operadores Operadores são símbolos matemáticos que permitem fazer cálculos e comparações entre as células. Os operadores são: • Sinais de operação: + soma ‑ subtração * multiplicação / divisão % porcentagem = igualdade 124 Unidade III • Sinais para condição: > maior que < menor que <> diferente >= maior e igual a <= menor e igual a Saiba mais Conheça mais detalhes sobre o Excel acessando o site de Suporte da Microsoft: MICROSOFT. Treinamento em vídeo do Excel. Microsoft, Redmond, c2023. Disponível em: https://cutt.ly/676C8oR. Acesso em: 19 abr. 2023. Toda inserção de fórmulas no Excel inicia‑se pelo sinal de igual (=), ou seja, para todas as funções de cálculos matemáticos, financeiros e estatísticos, é necessário sempre iniciar com esse sinal. Congelar intervalos com $ Uma das vantagens em usar o Excel em vez de uma planilha de papel é poder escrever uma conta matemática, por exemplo, que queremos fazer com uma variedade de valores apenas uma vez e depois simplesmente arrastar ou copiar a célula onde escrevemos tal fórmula. Se você já tentou fazer isso, deve ter reparado que nem sempre funciona como esperamos, pois queremos que uma ou algumas das células que fazem parte da fórmula sejam fixas e, assim que copiamos ou arrastamos a fórmula, ela mexe todas as suas referências. Para isso existe o sinal de $ no Excel. Ao copiar uma fórmula, automaticamente são alteradas as referências. Isso ocorre pois trabalhamos até o momento com valores relativos. Porém, vamos inserir em uma planilha mais uma coluna para calcular a porcentagem que cada produto representa no valor total. O cálculo ficaria para o primeiro produto (tijolo) =B2/B10 e depois bastaria aplicar a formatação de porcentagem e acrescentar duas casas decimais. Porém, se utilizarmos o conceito aprendido de copiar a célula C2 para resolver os demais cálculos na célula C3, a fórmula ficará =B3/B11, mas o correto seria ficar =B3/B10, pois a célula B10 é a célula com o valor total, ou seja, esta é a célula comum a todos os cálculos a serem feitos, por isso não podemos copiar a fórmula, pelo menos não como está. Uma solução seria fazer uma a uma, mas a ideia de uma planilha é justamente ganhar tempo. A célula B10 então é um valor absoluto, ele não muda e 125 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO é também chamado de valor constante. A solução é então travar a célula dentro da fórmula. Para isso, usamos o símbolo do cifrão ($). Clique sobre a célula em que fizemos o cálculo, depois clique na barra de fórmulas sobre a referência da célula B10. Será então adicionado o símbolo de cifrão antes da letra B e antes do número 10. $B$10. Pressione Enter e agora você poderá copiar a célula. Existem casos em que será necessário travar somente a linha ou a coluna. Na figura a seguir, existe uma lista de materiais de construção vendidos por uma empresa e a quantidade vendida de cada um no último mês. Na terceira coluna, pretende‑se calcular quanto a venda de cada um dos materiais representa no total. Será preciso dividir a venda de cada material pela venda total geral. Na célula C2, consta a fórmula necessária =B2/B10. Ou seja, a célula C2 irá mostrar o resultado da divisão do valor que está na célula B2 pelo valor que está na célula B10. Figura 23 – Planilha sem $ Agora, veja o que aconteceu quando arrastamos ou copiamos esta fórmula para todos os outros materiais. A fórmula continua pegando corretamente a célula que contém o valor vendido e cada valor individual, porém também desce uma célula na linha onde está o total da venda. 126 Unidade III Observação O Excel mostra o erro #DIV/0! quando um número é dividido por zero. Isso acontece quando você insere uma fórmula simples, como = 5/0, ou quando uma fórmula se refere a uma célula que contém 0 ou está vazia. Uma forma de arrumar isso seria ajustando as fórmulas uma a uma, mas imagine se tivéssemos uma tabela muito grande, isso seria inviável. Para resolver usamos o $. O sinal $ serve para congelar linhas ou colunas nas fórmulas e funções do Excel. A referência a uma célula pode ser feita de quatro maneiras diferentes: • =C2: referência relativa, ao arrastar ou copiar a fórmula em linhas e em colunas, tanto a linha de referência quanto a coluna de referência irão mudar. • =$C3: referência de coluna absoluta e linha relativa, ao arrastar ou copiar a fórmula em linhas e em colunas, a referência à coluna não mudará, mas à linha sim. • =C$2: referência de coluna relativa e linha absoluta, ao arrastar ou copiar a fórmula em linhas e em colunas, a referência à linha não mudará, mas à coluna sim. • =$C$2: referência de coluna e linha absolutas, ao arrastar ou copiar a fórmula em linhas e em colunas, nada é alterado. Exemplo: ao escrever =B2/$B$10 na célula A2 e depois copiar para célula C3, teremos =B3/$B$10. Andamos 1 linha e 1 coluna, porém a fórmula permaneceu inalterada. Voltando ao exemplo dos materiais de construção, é preciso manter a linha absoluta para o divisor, já que se pretende arrastar a fórmula para baixo sem que a linha da referência mude. Nesse caso, deve‑se utilizar $B10, para não mudar a coluna, já que se vai arrastar a fórmula apenas na mesma coluna, ou, melhor ainda, utilizar $B$10. 127 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Figura 24 – Colocando o sinal $ Essa configuração de referência absoluta ou relativa é válida para qualquer função ou fórmula do Excel, sem exceções. Observação O principal motivo de o erro #NOME? ser exibido se deve a um erro de digitação no nome da fórmula. 8.4 Entrada de textos e números Como vimos anteriormente, na área de trabalho do Excel, podem ser digitados caracteres (letras ou sinais), números e fórmulas. Ao finalizar a digitação de seus dados, vocêpode pressionar a tecla Enter ou, com as setas, mudar de célula. Esse recurso somente não será válido quando estiver efetuando um cálculo. Caso precise alterar o conteúdo de uma célula sem precisar redigitar tudo novamente, clique sobre ela e pressione F2, faça sua alteração e pressione Enter. 128 Unidade III 8.4.1 Inserção de fórmulas Soma (ou adição) A função Soma realiza a operação de adição em um intervalo de células mediante a condição estabelecida. Por exemplo: na função Soma, =SOMA (B2:B4) seria o mesmo que (B2+B3+B4); com a função, o processo passa a ser mais fácil. Veja como efetuar a soma de múltiplas linhas no exemplo a seguir: Figura 25 – Operação de soma O mesmo exemplo de números, calculando colunas: Figura 26 – Função Soma (múltiplas colunas) 129 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Veja agora como fica a função Soma para linhas e colunas: Figura 27 – Função Soma (linhas e colunas) Veja agora como fica a operação de soma utilizando linhas e colunas alternadamente: Figura 28 – Operação de soma (linhas e colunas alternadamente) 130 Unidade III No caso, somamos os gastos de água que estão nas células A4 e C4, com a fórmula =A4+C4 e somamos os gastos de luz, que estão nas células B4 e D4, com a fórmula =B4+D4. Observação O Excel 2013 dispõe de 1.048.576 linhas e 16.384 colunas. É possível digitar 32.767 caracteres por célula, atingindo um total de 562.932.773.552.128 caracteres. Multiplicação Multiplicar é essencial para planilhas simples, em que, por exemplo, temos uma conta que envolve o cálculo de juros ou de porcentagem etc. Essas são duas aplicações muito utilizadas no Excel e requerem a operação de multiplicação. Na figura a seguir, temos uma multiplicação de dois números em células diferentes. Aplicando a fórmula =A1*B1, temos em C1 o resultado da operação. Figura 29 – Multiplicação simples Na figura a seguir, temos a soma dos elementos e depois a multiplicação por 5. A fórmula de multiplicação não foi inserida dentro da fórmula =SOMA(), apenas o sinal * após o parêntese que fechou a soma. A soma resulta em 110, que, multiplicado por 5, resulta em 550. 131 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Figura 30 – Soma e multiplicação Na figura a seguir, temos o valor de R$ 1.000,00 e desejamos saber quanto corresponde 5% desse valor, o que resulta em R$ 50,00. Figura 31 – Cálculo de porcentagem 132 Unidade III Divisão Na figura a seguir, queremos calcular quanto é 1.000 dividido por 40, que resulta em 25: Figura 32 – Cálculo de divisão Observação Se durante a digitação de uma fórmula aparecer #REF!, significa uma mostra de erro quando uma fórmula se refere a uma célula que não é válida. Subtração Na figura a seguir, vejamos o exemplo em que subtraímos 40 de 1.000, o que resulta em 960: Figura 33 – Cálculo de subtração 133 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO O Excel faz os cálculos corretamente levando em conta duas regras básicas de matemática: • Ordem das operações: primeiro resolve a multiplicação e a divisão, depois resolve a soma e a subtração. • Ordem dos parênteses: o cálculo de “dentro para fora” dos parênteses; em outras palavras, o que está dentro dos parênteses é resolvido primeiro. 8.5 Trabalhando com funções A função é um método utilizado para tornar mais fácil e rápida a montagem de fórmulas que envolvem cálculos mais complexos e vários valores. A quantidade de argumentos empregados em uma função depende do tipo de função a ser utilizada. Os argumentos podem ser números, textos, valores lógicos, referências etc. Observação O Excel oferece ajustes na interface com o usuário, em relação às mais primitivas planilhas eletrônicas; as células são organizadas em linhas e colunas, e contêm dados ou fórmulas com referências relativas ou absolutas às outras células. Figura 34 – Inserir função 134 Unidade III Ao se clicar na opção Inserir função, abre‑se a tela de mesmo nome. Pode‑se digitar uma descrição do que se gostaria de calcular, buscar por categoria, como Financeira, Data e hora etc. Ao se escolher uma categoria, na caixa central serão mostradas todas as funções relativas a essa categoria. Figura 35 – Escolher uma categoria de função Vamos supor que você deseje saber o valor máximo de uma faixa de células (linhas e/ou colunas). No exemplo, desejamos saber a maior idade das pessoas de determinado grupo em uma tabela de dados. Nesse caso, iniciamos a fórmula com o sinal de igual, seguido pela palavra máximo e entre parênteses onde vamos buscar a informação. A fórmula utilizada é: =MÁXIMO(coluna e linha:coluna e linha). Vejamos o exemplo a seguir: 135 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Figura 36 – Função Máximo Vamos supor que você deseje saber o valor mínimo de uma faixa de células (linhas e/ou colunas). No exemplo, desejamos saber a menor idade das pessoas de determinado grupo em uma tabela de dados. Nesse caso, iniciamos a fórmula com o sinal de igual, seguido pela palavra mínimo e entre parênteses onde vamos buscar a informação. A fórmula utilizada é: =MÍNIMO(coluna e linha:coluna e linha). Vejamos o exemplo a seguir: 136 Unidade III Figura 37 – Função Mínimo Agora, você deseja saber o valor médio de uma faixa de células (linhas e/ou colunas). No exemplo, desejamos saber a média de idade das pessoas de determinado grupo em uma tabela de dados. Vejamos o exemplo a seguir: 137 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Figura 38 – Função Média Exemplo de aplicação Relação de compra e venda Tabela 1 Valor de compra total Quantidade comprada Valor unitário Valor de venda Quantidade vendida Total Lucro total R$ 350 70 R$ 9 10 R$ 350 70 R$ 9 35 R$ 610 80 R$ 12 40 R$ 810 90 R$ 14 50 R$ 460 90 R$ 15 35 R$ 63 50 R$ 12 28 138 Unidade III 1. Digite a planilha acima no Excel. 2. Salve a planilha com o nome “Relação de compra e venda”. 3. Efetue os seguintes cálculos: Valor unitário: Valor de compra Total / Quantidade comprada Total: Valor de venda * Quantidade vendida Lucro total: Total – Valor de compra total Observação #NUM! O Excel mostra esse erro quando uma fórmula ou função contém valores numéricos que não são válidos. 8.6 Autoformatação Um fato interessante de qualquer editor de planilha eletrônica é que nenhum deles tem por padrão exibir bordas nas planilhas, ou seja, aqueles quadrados pontilhados que vemos não são impressos na folha, eles só aparecem na tela como um guia. As bordas e o sombreamento da célula ficam por conta do usuário. Veremos a seguir alguns conceitos de bordas e sombreamento: • Sombreamento: o sombreamento, também conhecido como preenchimento, padrão ou cor de célula, é a cor que fica no fundo da célula, atrás do texto. Cada célula de uma planilha pode ter uma cor diferente, porém o ideal é usar cores mais fortes para títulos e cores mais suaves para o conteúdo em geral. Deve‑se levar em conta também que as cores do sombreamento são impressas. Por isso, para economizar na hora da impressão, o ideal é ter o menos possível de sombreamento ou simplesmente não tê‑lo. • Bordas: são o contorno de uma célula. Podemos classificar as bordas como internas e externas. As bordas externas estão ao redor de determinado intervalo de células; as internas são as linhas divisórias de um intervalo de células. As bordas podem ser mais grossas, mais finas, ter cores e formatos diferentes. 139 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Figura 39 – Formatação das bordas de células Clique no menu Página inicial > grupo Fonte > botão Formatar > opção Cor da borda, ou, ainda, no Estilo da borda das células. Nas abas disponíveis, é possível escolher o tipo de borda e a cor delas. 8.6.1 Formatação condicional A formatação condicional permite aplicar uma formatação à célula selecionada de acordo com o conteúdo dela. Por exemplo, em um controle de alunos podemos configurar que, se o aluno estiver com menos de 5 pontos, esse resultado seja mostrado na cor vermelha e, se estiver com mais de 5, na cor azul. Você já deve ter montado uma planilha e mexido em cores, fontes, bordas,entre outras mudanças visuais, para melhorar a aparência e apresentação de seus dados. Mas que tal fazer essas alterações de forma automática com base no que é exibido na célula? É para isso que existe a formatação condicional, que você vai aprender agora. Todas as configurações possíveis para a formatação condicional são acessadas pelo menu Página inicial > Tabelas > Formatação condicional. 140 Unidade III Figura 40 – Tabela‑base para a formatação condicional Como exemplo, vamos utilizar os dados apresentados na figura anterior, que traz uma lista de notas médias de determinados alunos, com uma pontuação que poderia variar de 0 a 10 pontos. Formatação condicional pré‑configurada No Excel, algumas formatações condicionais vêm pré‑configuradas, sem que seja necessário configurar o modo como a formatação deve funcionar. Para nosso exemplo, a primeira configuração que faremos é pintar de verde a situação de todos os alunos que foram aprovados. O Excel tem essa formatação condicional pré‑configurada. Ao clicar no botão Formatação condicional, teremos alguns modelos de condição para facilitar o uso. Em nosso exemplo, quando a condição for classificada, ela deve ficar na cor verde. O que temos que fazer é selecionar a área que receberá a formatação > clicar no botão Formatação condicional > opção Realçar regras das células > opção É igual a… > e definir as cores para preenchimento da situação de classificado ou de reprovado. 141 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Figura 41 – Formatação condicional O Excel automaticamente verificou a situação do aluno e pintou de verde aqueles que estavam na condição de classificado e de vermelho aqueles que estão na condição de reprovado. Lembrete O objetivo dessa opção de formatação condicional é realçar a regra das células. Basicamente, seleciona‑se a área, escolhe‑se a opção e ajusta‑se um ou outro parâmetro. Para criar uma regra de formatação condicional, selecione a área que receberá a formatação > clique no botão Formatação condicional > opção Nova regra > janela Nova regra de formatação. 142 Unidade III 8.7 Funções Uma função é uma fórmula especial, predefinida, que toma um ou mais valores (chamados de parâmetros), executa uma operação e produz um valor (ou valores). As funções podem ser usadas isoladamente ou como bloco de construção de outras fórmulas. 8.7.1 Funções de data e hora e de contagem Funções de data e hora Podemos trabalhar com diversas funções que se baseiam na data e na hora do computador. As principais são: • =HOJE(): retorna a data atual. • =MÊS(HOJE()): retorna o mês atual. • =ANO(HOJE()): retorna o ano atual. • =DIA(HOJE()): retorna o dia atual. • =HORA(AGORA()): retorna a hora atual. • =MINUTO(AGORA()): retorna o minuto atual. • =SEGUNDO(AGORA()): retorna o segundo atual. • =AGORA(): retorna a data e a hora atuais. • =DIA.DA.SEMANA(HOJE()): retorna o dia da semana atual em número. Observação Nunca deixe espaço na construção de uma fórmula, senão, em vez do resultado, aparecerá a expressão #NOME?, que é exibida quando o Excel identifica algum erro na fórmula. 143 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Figura 42 – Função Dia da semana em número Em 7/9/2019, às 03:24 (utilizando a função Agora), o sistema indica o dia 7, ou seja, sábado. Calcular a idade em anos acumulados, meses e dias Você também pode calcular a idade ou o tempo de serviço de alguém. O resultado pode ser algo parecido com “dois anos, quatro meses, cinco dias”. O Excel é repleto de funções que usamos para nos organizar financeiramente, calcular juros, rendimentos, estudar, trabalhar etc. O que poucos sabem é que com um pouquinho de criatividade essas mesmas fórmulas podem ser usadas para coisas bacanas e bastante interessantes, como calcular uma idade completa, com anos, meses e dias. A função usada para isso é a =DATADIF(). Ela possui apenas três argumentos: =DATADIF(data_início;data_fim;formato), sendo: • Data_início: no primeiro argumento, informe a data mais antiga, por exemplo, data de nascimento. • Data_fim: no segundo argumento, informe a data mais recente, por exemplo, o dia atual. • Formato: o formato determina se o resultado mostrará anos, meses ou dias. Apesar de a função estar traduzida, esse argumento precisa ser informado em inglês, ou seja, “d”, para dia (day), “m” para mês (month) e “y” para ano (year). 144 Unidade III Figura 43 – Calcular a idade em anos acumulados Observação Na figura 43, indicamos o tempo em anos (y = year). Ele também pode ser indicado em dias (d = day) ou meses (m = month). 8.8 Função Cont. É comum ter que contar algo em uma planilha, mas nem sempre é uma tarefa simples. Às vezes é preciso contar quantas vezes algo se repete em uma base, mas ela é tão grande que se torna uma tarefa difícil e demorada. Ou às vezes é preciso contar quantas vezes alguma coisa e outra aconteceram juntas. Por exemplo, quantas vezes o produto X foi vendido pelo vendedor Y, ou quantas vezes o cliente Z comprou em um mesmo mês. Para esses e outros problemas que envolvem contagem, existem algumas funções para auxiliar no processo. No Excel, as principais funções Cont. são: • =CONT.NÚM: conta as células de um intervalo que contenham números. • =CONT.VALORES: conta as células de um intervalo que não estão vazias. • =CONTAR.VAZIO: conta as células de um intervalo que estão vazias. 145 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO • =CONT.SE: conta as células de um intervalo com base em um critério. • =CONT.SES: conta as células de um intervalo com base em um ou mais critérios. Cont.Núm A função Cont.Núm é uma das mais simples dessa lista. Possui apenas um argumento, que são as células ou o intervalo de células que se deseja analisar. Assim, se quisermos contar quantas células contêm números entre as células B1 e B5, temos duas possibilidades: • informar à função célula a célula; ou • informar o intervalo inteiro à função. No primeiro caso, ficaria assim: =CONT.NÚM(B1;B2;B3;B4;B5). E, no segundo caso, assim: =CONT.NÚM(B1:B5). Os dois têm o mesmo efeito, mas é mais fácil utilizar o segundo método. Imagine se o intervalo de análise fosse da célula A1 até a A1000. Não seria viável digitar uma a uma (A1;A2;A3 … A1000), e sim informar o intervalo (A1:A1000). Vejamos um exemplo: Figura 44 – Contando células com números usando a função Cont.Núm 146 Unidade III Queremos saber quantas células têm números. Nesse caso, inserimos na célula B11 a fórmula: =CONT.NÚM(B2:B10). O resultado que aparece na célula é 8, ou seja, são oito células que contêm números. Cont.Valores Olhando os argumentos da função acima, você deve ter percebido que são exatamente os mesmos da função que vimos anteriormente. E realmente são e funcionam da mesma maneira. Temos que informar somente as células ou intervalos de célula que queremos analisar, e o Excel informará quantas das células indicadas contêm algum dado inserido nelas. Figura 45 – Contando células não vazias usando a função Cont.Valores Na figura 46, na célula B11, temos a função Cont.Valores, e nela inserimos o intervalo de análise B2:B10. A função retorna como resultado o número 7, pois, no intervalo selecionado, que contém 9 células, duas delas estão vazias, ou seja, sem nenhum dado, e por isso não são contadas na função. Contar.Vazio Essa função tem uma diferença em relação às duas anteriores, que está em seu argumento. Não há a opção de selecionar célula a célula. Somente é possível selecionar um intervalo único, enquanto nas funções anteriores é possível inserir vários intervalos ao mesmo tempo (por exemplo, A1:A10;B3:H3). 147 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Basta indicar um único intervalo de células e o Excel automaticamente dirá quantas delas não contêm dados inseridos. Veja o exemplo a seguir: Figura 46 – Contando células vazias usando a função Contar.Vazio Na célula B11, está a função Contar.Vazio, com o intervalo B2:B10 informado. Ao contrário da função Cont.Valores, ela retorna como resultado o número 2, visto que, no intervalo B2:B10,somente duas células não têm qualquer dado inserido, as células B3 e B5. Cont.Se Chegamos às funções de contagem mais relevantes e importantes. A função Cont.Se sozinha conseguiria substituir completamente as duas funções anteriores (Contar.Vazio e Cont.Valores), pois, como vimos no início, esta é uma função que leva em consideração algum critério para fazer a contagem das células. Porém, se formos parar para pensar, as duas funções que vimos anteriormente também usam um critério para contar. A Cont.Valores usa o critério de a célula conter algum dado, e a Contar.Vazio usa o critério de a célula não conter dados. 148 Unidade III A Cont.Se também consegue substituir a função Cont.Núm, mas não completamente, somente se o usuário quiser contar células que tenham números maiores, menores ou iguais a determinado número. Vamos entender melhor a função. =CONT.SE(intervalo;critério) Em que: • Intervalo: é o intervalo de células que queremos analisar. • Critério: é o que será levado em consideração para a função contar ou não a célula. O critério pode ser tanto algo em texto como em número. Vamos dizer que o critério seja o número 50 e queiramos analisar o intervalo A1:A20. Nesse caso, as possibilidades para montar a função são: • =CONT.SE(A1:A20;50): contar, no intervalo de A1:A20, quantas células iguais a 50. • =CONT.SE(A1:A20;“<>50”): contar, no intervalo de A1:A20, quantas células diferentes de 50. • =CONT.SE(A1:A20;“>50”): contar, no intervalo de A1:A20, quantas células maiores que 50. • =CONT.SE(A1:A20;“<50”): contar, no intervalo de A1:A20, quantas células menores que 50. • =CONT.SE(A1:A20;“>=50”): contar, no intervalo de A1:A20, quantas células maiores ou iguais a 50. • =CONT.SE(A1:A20;“<=50”): contar, no intervalo de A1:A20, quantas células menores ou iguais a 50. Quando o critério é um texto (não um número), as possibilidades são apenas duas. Digamos agora que nosso critério sejam as palavras “Função Excel”. As possibilidades são: • =CONT.SE(A1:A20;“Função Excel”): contar, no intervalo A1:A20, quantas células são iguais a “Função Excel”. • =CONT.SE(A1:A20;“<>”&“Função Excel”): contar, no intervalo A1:A20, quantas células são diferentes de “Função Excel”. Ao usar um número sem nenhum caractere especial, não se deve colocá‑lo entre aspas. Isso faria o Excel interpretá‑lo como texto e não número. No caso de texto, sempre se deve colocar aspas. Caso contrário, o Excel tentará identificá‑lo como número. 149 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO A função Cont.Se consegue substituir as funções Cont.Valores e Contar.Vazio e, parcialmente, a Cont.Núm. Veja como, adotando o intervalo de células A1:A20 para exemplo: • Cont.Valores =CONT.SE(A1:A20;“<>”&“”): como a Cont.Valores conta as células que são diferentes de células vazias, seria o mesmo que usar a Cont.Se informando que o critério é ser diferente de vazio. Por isso, inserimos os termos <>, que indicam “diferente de” e as aspas “”, que indicam “vazio”. • Contar.Vazio =CONT.SE(A1:A20;“”): como a Contar.Vazio conta as células que não contêm dados ou vazias, seria o mesmo que usar a Cont.Se informando que o critério é ser igual a “vazio”. Por isso, inserimos somente as aspas “”, que indicam “vazio”. • Cont.Núm =CONT.SE(A1:A20;“>=0”): a Cont.Se não consegue substituir completamente a Cont.Núm, mas caso o usuário saiba que, no intervalo, existam números, serão sempre maiores ou iguais a 0 (zero) (por exemplo), então conseguimos usar a função dessa maneira. Exemplo prático da função Cont.Se: Em uma instituição de ensino, queremos saber quantos cursos passaram de 200 matrículas na primeira semana de abertura. Nesse caso, conforme a figura a seguir, inserimos na célula B13 a seguinte fórmula: =CONT.SE(E2:E10;“>=200”). Figura 47 – Contando com base em um critério usando a função Cont.Se 150 Unidade III E2:E10 é o intervalo onde estão os dados de novas matrículas que queremos contar. B13 é onde está o critério, ou seja, maior (>) ou igual (=) a 200. Utilizamos a célula B13 para facilitar a visualização do critério. Cont.Ses Essa função é uma extensão da Cont.Se. Em vez de usar um único critério, pode‑se usar vários. Essa função é capaz de substituir todas as demais que vimos (parcialmente a Cont.Núm, assim como a Cont.Se faz). A fórmula da função Cont.Ses é a seguinte: =CONT.SES(intervalo_critério1;critério1…). Em que: • Intervalo_critério1: é o primeiro intervalo de células que será analisado. • Critério1: é o critério referente ao intervalo_critério1. No Excel, essa função abrirá outros argumentos, seguindo a lógica: intervalo_critério1;critério1;intervalo_critério2;critério2;intervalo_critério3;critério3… Os tipos de critério funcionam exatamente da mesma forma que na função Cont.Se e como nas demais funções do Excel. Vamos a um exemplo (figura a seguir): 151 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Figura 48 – Contando com base em um critério usando a função Cont.Ses Aqui, utilizamos três critérios. Queremos definir quantas vezes o cliente Francisco comprou soja antes do dia 08/10/2019. A função foi inserida na célula B4 da seguinte maneira: • Intervalo_critério1 (A7:A17): primeiro intervalo de células que queremos analisar, onde está o nome do cliente. • Critério1 (B1): critério referente ao intervalo_critério1, a célula onde está o nome do cliente. Poderíamos ter escrito “Francisco” em vez de ter feito referência a uma célula. O efeito é o mesmo, mas usando outra célula podemos entender rapidamente a função e alterá‑la para o nome de outro cliente, se necessário. • Intervalo_critério2 (B7:B17): intervalo onde estão as datas de compra dos clientes. 152 Unidade III • Critério2 (“<”&B3): menor que a célula onde está a data, ou seja, menor que 08/10/2019, pois queremos apenas as compras que aconteceram antes dessa data. Poderíamos ter utilizado também “<”&“08/10/2019” com o mesmo efeito. • Intervalo_critério3 (C7:C17): intervalo onde estão os nomes dos produtos comprados. • Critério3 (B2): célula onde está o nome do produto comprado. Poderíamos ter escrito “Arroz” e teríamos o mesmo efeito. Com a função Cont.Ses, foi possível calcular quantas vezes o cliente Francisco (que aparece no intervalo A7:A17) comprou o produto arroz (que aparece no intervalo B7:B17) antes do dia 08/10/2019 (que aparece no intervalo B7:B17). A fórmula ficou assim: =CONT.SES(A7:A17;B1;B7:B17;“<”&B3;C7:C17;B2). 8.9 Funções lógicas SE, SE(E), SE(OU) Função SE A função SE é do tipo lógica. Ela analisa um dado e o compara com alguma condição. Caso essa condição seja verdadeira, a função retornará um dado; caso seja falsa, retornará outro. Argumentos da função SE: =SE(teste_lógico;[valor_se_verdadeiro];[valor_se_falso]) Em que: • Teste_lógico: o teste que o usuário faz para determinar se é verdadeiro ou se é falso. • [Valor_se_verdadeiro]: o dado que a função exibirá caso o teste_lógico seja verdadeiro. • [Valor_se_falso]: o dado que a função exibirá caso o teste_lógico seja falso. Os testes lógicos que podem ser feitos são sempre comparando alguma coisa à outra. Por exemplo, ao comparar os dados na célula A1 com os da A2, temos as seguintes opções: • A1=A2: testar se o dado que está na célula A1 é igual ao da A2. • A1<>A2: testar se o dado que está na célula A1 é diferente do da A2. • A1<A2: testar se o dado que está na célula A1 é menor do que o da A2. • A1>A2: testar se o dado que está na célula A1 é maior do que o da A2. 153 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO • A1<=A2: testar se o dado que está na célula A1 é menor ou igual do que o da A2. • A1>=A2: testar se o dado que está na célula A1 é maior ou igual do que o da A2. A resposta para qualquer uma das funções anteriores será verdadeiro ou falso. Vamos usar um exemplo. Na figura a seguir, estão os nomes dos participantes de uma competição e os pontos que cada um obteve. Figura 49 – Pontuação dos participantes da competição Aquele que conseguir mais de 15 pontos estaria automaticamente classificado para a próxima etapa. Para determinar
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