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Livro-Texto Unidade I Tópicos de Atuação Profissional em Serviço Social.

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Prévia do material em texto

Autoras: Profa. Márcia Alves Oliveira
 Profa. Daniela Emilena Santiago 
Colaboradoras: Profa. Amarilis Tudela Nanias
 Profa. Maria Francisca S. Vignoli
 Profa. Karina Dala Pola
Tópicos de Atuação 
Profissional
Professoras conteudistas: Márcia Alves Oliveira/Daniela Emilena Santiago
Márcia Alves Oliveira
A professora Márcia Oliveira Alves é assistente social graduada pela Universidade de Marília – UNIMAR, especialista 
em Recursos Humanos e mestre em Direito. Atualmente é professora do curso de Serviço Social da Universidade 
Paulista – UNIP campus de Assis‑SP. Atua como assessora e avaliadora de políticas públicas no município de Marília‑SP, 
é docente em cursos de capacitação para concursos públicos e docente de pós‑graduação em gestão pública.
Daniela Emilena Santiago
A professora Daniela Emilena Santiago é assistente social graduada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), 
especialista em Violência Doméstica contra crianças e adolescentes pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre 
em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), campus de Assis/SP. Atualmente 
é funcionária pública do município de Quatá/SP, atuando como assistente social junto à Secretaria Municipal de 
Promoção Social. Exerce também a função de docente e líder junto ao curso de Serviço Social da Universidade Paulista 
(UNIP), campus de Assis/SP.
Também atua no curso de graduação de Serviço Social na modalidade SEI, oferecida pela UNIP Interativa, o que 
lhe proporcionou a oportunidade de ministrar aulas de diversas disciplinas nessa modalidade de ensino. Além dessa 
inserção, também ministrou, na modalidade SEPI, aulas da disciplina Política Social de Saúde no curso de pós‑graduação 
de Gestão em Políticas Sociais, oferecido pela UNIP.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S235t Santiago, Daniela Emilena
Tópicos de atuação profissional / Daniela Emilena Santiago, 
Márcia Alves Oliveira. ‑ São Paulo: Editora Sol, 2015.
172 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2‑011/15, ISSN 1517‑9230
1. Serviço social. 2. Atuação profissional. 3. Políticas sociais. 
I. Título.
CDU 36
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Cristina Z. Fraracio
 Geraldo Teixeira Júnior
Sumário
Tópicos de Atuação Profissional
APRESENTAçãO ......................................................................................................................................................7
INTRODUçãO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 AS TEORIAS EXPLICATIVAS DAS POLíTICAS SOCIAIS ......................................................................... 11
1.1 Funcionalismo, Idealismo e Marxismo: diversidade na forma de compreensão 
sobre a Política Social ................................................................................................................................ 11
1.2 Liberalismo, Keynesianismo, Neoliberalismo: a política social sob diversos 
ângulos ............................................................................................................................................................. 24
1.2.1 Liberalismo ................................................................................................................................................. 24
1.2.2 Keynesianismo.......................................................................................................................................... 32
1.2.3 Neoliberalismo ......................................................................................................................................... 38
2 A QUESTãO SOCIAL E A CONSOLIDAçãO DAS POLíTICAS SOCIAIS ............................................ 49
3 TENDÊNCIAS CONTEMPORâNEAS QUE CONDICIONAM AS INTERVENçÕES EM 
POLíTICAS PÚBLICAS .......................................................................................................................................... 58
3.1 A Gestão das políticas públicas e as possibilidades de controle social .......................... 59
3.1.1 Participação e controle social: o caso da política da assistência social ........................... 68
3.2 A gestão do fundo público, como consolidação da gestão pública ................................ 88
3.2.1 O Financiamento da Assistência Social.......................................................................................... 95
3.2.2 Da responsabilidade do administrador público na gestão das políticas públicas ........ 97
4 PÚBLICO E O PRIVADO ................................................................................................................................100
Unidade II
5 AS NOVAS FORMAS DE REGULAçãO SOCIAL E AS TRANSFORMAçÕES NO MUNDO 
DO TRABALHO ....................................................................................................................................................109
6 AS MUDANçAS SOCIETáRIAS E AS TRANSFORMAçÕES NO MUNDO DO TRABALHO. .....113
7 REGULAçãO SOCIAL: ALGUMAS CONSIDERAçÕES ........................................................................122
8 ESTADO E SOCIEDADE: O CENáRIO DAS POLITICAS SOCIAIS NA 
CONTEMPORANEIDADE ..................................................................................................................................133
8.1 Os processos de trabalho em horizontes de precarização: o assistente 
social e a profissão ....................................................................................................................................150
7
APrESEnTAçãO
Figura 1
A imagem anterior representa uma das muitas expressões das questões sociais. Neste caso, temos a 
falta de acesso à moradia, que pode ser uma situação extremamente precária para o desenvolvimento 
dos seres humanos e que pode, infelizmente, vir acompanhada de outras situações igualmente graves, 
como o rompimento dos vínculos familiares e sociais, a exploração sexual, incitação à mendicância e 
ainda a utilização de entorpecentes.
Para intervir nessas expressões e em outras que vão se desenvolvendo na contemporaneidade 
faz‑se necessária a atuação do Estado ou de grupos privados. Quando empreendidas pelo Estado, o 
usual é que tais intervenções recebam a denominação de políticas sociais ou então políticas públicas, 
conforme asseveram uma série de autores. Nessa disciplina, pretendemos realizar uma reflexão sobre 
tais intervenções.
Assim sendo, por meio do presente material nos reaproximaremos de alguns conceitos que foram 
sendo tratados no desenvolvimento de nossa graduação e que estarão relacionadosao desenvolvimento 
das políticas sociais, especialmente as que integram o sistema de Seguridade Social Brasileiro.
Nos termos postos, elegemos como objetivo geral da presente disciplina, conforme consta em seu 
Plano de Ensino:
Realizar um estudo sobre as teorias explicativas da constituição das políticas 
sociais e sobre a influência da ampliação da questão social nesse processo, 
bem como identificar aspectos relacionados à organização e à gestão das 
políticas sociais na contemporaneidade da realidade brasileira.
Tendo em vista que nossa atuação como Assistentes Sociais se dá predominantemente de forma 
vinculada às políticas sociais.
Desse modo, é urgente e necessária a retomada de conceitos já trabalhados durante a formação 
e de outros que ainda não foram suficientemente discutidos, visto que é no âmbito da gestão, da 
implementação e da execução das políticas sociais que a grande maioria dos assistentes sociais encontra 
seu espaço sócio‑ocupacional.
8
Para que seja possível discutir os conceitos afeitos às políticas sociais, foi elaborado o presente 
material e ele será “dividido” em duas unidades, apenas com finalidade didática. No entanto, os 
conteúdos aqui tratados possuem uma relação de interdependência e de dialética, ou seja, todos os 
conhecimentos aqui tratados são importantes e relevantes, independentemente da unidade em que as 
informações estejam alocadas.
Assim sendo, na unidade 1 estaremos realizando uma aproximação à discussão das principais teorias 
explicativas sobre as políticas sociais desenvolvidas. Estudaremos assim compreensões de natureza 
filosófica e também de natureza econômica, como se poderá observar. Ainda nessa unidade, realizaremos 
uma reflexão sobre a relevância que a ampliação da questão social apresenta para a consolidação das 
ações em política social, considerando‑se a sociedade burguesa madura e consolidada.
Já na unidade 2 orientaremos nossos estudos à compreensão das tendências contemporâneas 
que condicionam as políticas sociais na atualidade. Dentre essas tendências, discutiremos aspectos 
relacionados à gestão das políticas sociais, com especial atenção para as alternativas de controle social 
que são postas a partir da Constituição de 1988. Também nessa unidade será realizado um estudo sobre 
a consolidação da esfera pública e sobre o debate entre as iniciativas de natureza público‑privada. Isso 
porque são fenômenos que condicionam as políticas sociais atualmente e, por conseguinte, trazem 
influências à prática dos assistentes sociais que atuam vinculados às políticas sociais.
Ainda no que diz respeito às tendências contemporâneas que influenciam as políticas sociais, 
discutiremos acerca das transformações societárias acontecidas em todo mundo a partir da década de 
1970. Isso porque tais mudanças condicionam também as políticas sociais desenvolvidas pelo Estado 
brasileiro, sendo que dentre essas “mudanças” podemos elencar a ampliação significativa da demanda 
para as políticas sociais, em decorrência do elevado quadro de desempregados e subempregados que 
são resultado de tais alterações.
Como é possível compreender, esse livro‑texto é uma possibilidade de realizar um aprofundamento 
nos conceitos relacionados à política social, em especial à política social brasileira. Para isso, é 
fundamental que você realize a leitura com muita atenção, busque fazer os exercícios recomendados e 
recorra também às indicações contidas no decurso do texto para ampliar seus conhecimentos.
Bons estudos!
InTrODuçãO
Prezado aluno, agora você já está a um passo de sua graduação em Serviço Social, restando apenas 
um semestre para a conclusão deste longo processo formativo. Desse modo, você deve lembrar de 
uma série de conceitos que foram tratados, inclusive dos que foram relacionados à constituição e ao 
desenvolvimento das políticas sociais no Brasil.
Mesmo assim, é sempre bom recordar que no Brasil tivemos a consolidação da política social como 
responsabilidade do Estado somente a partir da Constituição de 1988. Antes desse período, também 
como estudamos, tivemos ações específicas empreendidas pelo Estado brasileiro, sobretudo nas décadas 
9
de 1930 e 1960, e tais ações na grande maioria dos casos, considerando esses períodos históricos, eram 
orientadas apenas aos trabalhadores e não a toda a população brasileira.
De forma que podemos considerar a Constituição de 1988 como um divisor de águas no que diz 
respeito à consolidação da política social brasileira. E, partindo dessa carta constitucional, muitos esforços 
foram sendo empreendidos para que a política social brasileira se efetivasse da forma que foi idealizada 
pelo texto constitucional. Nos termos postos, várias políticas sociais foram sendo regulamentadas, 
por meio de legislações específicas, tendo em vista a necessidade de fazer valer o disposto na carta 
constitucional brasileira.
Apesar disso, vemos que nem sempre as intervenções acontecem da forma idealizada na 
Constituição Federal, sendo sintomática nesse sentido a crescente tentativa do Estado brasileiro em se 
desresponsabilizar pela gestão e organização de serviços sociais públicos, o que possibilita, por outro 
lado, a organização da sociedade civil para atender às mazelas geradas pela sociedade capitalista madura 
e consolidada.
E, para compreender os fenômenos citados, é fundamental a leitura dos conteúdos tratados no 
presente material. Iniciaremos com a discussão sobre as diferentes formas de compreensão sobre a 
política social, uma reflexão que demanda especial atenção por também trazer influências à política 
social brasileira.
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Tópicos de ATuAção profissionAl
Unidade I
Prezado aluno, conforme sumariamos anteriormente, nesta unidade iniciamos nossas incursões sobre 
a política social e nossas primeiras reflexões estarão orientadas a compreender as principais teorias que 
explicam as políticas sociais. Também focaremos o papel que a ampliação da questão social adquire no 
sentido de constituição das políticas sociais no Brasil.
1 AS TEOrIAS ExPlIcATIvAS DAS POlíTIcAS SOcIAIS
Quando nos referimos às teorias explicativas das políticas sociais, fazemos referência a formas de 
compreensão sobre as políticas sociais. De certa forma, também nos referimos à forma de compreender 
os problemas sociais e de intervir neles.
Nessa parte inicial de nosso material, estudaremos algumas compreensões, dentre as quais 
indicaremos: o funcionalismo, o idealismo e o marxismo. Isso nos permitirá compreender como tais 
correntes filosóficas compreendem a política social, sem esgotar nelas os nossos estudos.
Assim sendo, também voltaremos nosso olhar para a compreensão de como correntes econômicas 
entendem o desenvolvimento das políticas sociais. O olhar estará orientado para a compreensão sobre 
as políticas sociais propostas pelas correntes: Liberalismo, Keynesianismo e Neoliberalismo.
Dessa forma, esperamos que seja possível a você, prezado aluno, compreender que há diferentes 
leituras sobre a política social. Vamos a nossos estudos.
1.1 Funcionalismo, Idealismo e Marxismo: diversidade na forma de 
compreensão sobre a Política Social
Prezado aluno, optamos por discutir as correntes teóricas mencionadas por serem essas, de acordo 
com Behring e Boschetti (2010), as mais relevantes dentro do pensamento social contemporâneo. 
Assim, daremos início a nossos estudos sobre o tema partindo do funcionalismo. O Funcionalismo 
é um tema já estudado por você, assim como as demais correntes, mas, mesmo assim, temos a 
necessidade de retomar tais conceitos para, em seguida, discutir sobre a compreensão de tal corrente 
acerca das políticas sociais.
O Funcionalismo é uma corrente teórica que teve uma série de autores a ela vinculados. O mais 
notável dentre essesteóricos, considerado o idealizador do Funcionalismo, foi Émile Durkheim. Possuidor 
de muitos escritos, tem como o mais célebre “Regras do Método Sociológico”, publicado em 1895, e 
conhecido como a expressão mais latente do autor em relação ao Funcionalismo. Rendeu a Durkheim o 
título de “pai da sociologia” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 27).
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Figura 2 – Durkheim
Destacaremos algumas informações sobre a forma de conhecer a realidade proposta por Durkheim, 
bem como as colocações de tal autor sobre os fatos sociais e sobre a realidade social para que, enfim, 
possamos discutir a política social.
Segundo a concepção desse autor, para que seja possível se conhecer uma realidade, é fundamental 
que, no processo de conhecimento, o objeto a ser conhecido se sobreponha ao sujeito que busca 
conhecê‑lo. Isso significa que, nesse processo de conhecimento, o objeto é mais importante do que o 
sujeito que pretende conhecê‑lo (apud BEHRING; BOSCHETTI, 2010).
Com relação ao sujeito que realiza a pesquisa, Durkheim assevera que ele deve colocar‑se frente ao 
seu objeto de pesquisa em uma perspectiva de exterioridade, ou melhor dizendo, deve observar o objeto 
de uma maneira distante dele. No caso, o objeto não deve influenciar o pesquisador, que também deve 
apresentar‑se despido de todos os seus pré‑conceitos, para que a pesquisa não receba suas influências. 
Deve‑se então “suspender todas as suas pré‑noções” (BHERING; BOSCHETTI, 2010, p. 27) e ir ao processo 
de conhecimento despido de convicções.
Esse processo de conhecimento, por sua vez, deveria acontecer de uma forma sistemática e 
organizada. Aliás, para Durkheim, o conhecimento não poderia basear‑se apenas no senso comum, 
sendo essa forma de conhecimento considerada pelo autor como vulgar, algo que não inspirava 
confiança e não deveria servir de respaldo para as pessoas. Para o autor, era necessário dar 
visibilidade ao conhecimento racional, defendendo, assim, o primado da razão na produção de 
conhecimento.
Behring e Boschetti (2010) afirmam que Durkheim até chegou a propor a utilização de um método 
de conhecimento, sendo que para o autor esse método deveria ser desenvolvido por meio da observação 
e também da experimentação. Tal método teria sido elaborado por Durkheim com base no Empirismo de 
Bacon e no Positivismo de Comte.
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Tópicos de ATuAção profissionAl
Empirismo: ênfase na experiência sensível
Ainda recorrendo ao que se afirma em relação ao método de conhecimento, Durkheim (apud 
BEHRING; BOSCHETTI, 2010) acredita que a produção de conhecimento demanda a organização prévia 
de provas sobre tudo o que for afirmado nesse processo. Desse modo, essas provas devem ser organizadas 
para que seja possível verificar‑se a veracidade do que fora produzido. De acordo com esse método, seria 
necessário checar e comprovar o conhecimento produzido.
A seguir, observe a figura que representa o método de conhecimento, de acordo com Durkheim, ou 
melhor dizendo, de acordo com o Funcionalismo.
Método de 
conhecimento
Objeto se sobrepõe 
ao sujeito
Sujeito sem 
pré‑conceitos
Necessidade de 
comprovação
Demanda a 
observação
Baseado na 
experimentação
Figura 3 – Método de conhecimento proposto por Durkheim
Durkheim (apud BEHRING; BOSCHETTI, 2010) também afirmava que esse método deveria ser 
igualmente aplicado ao conhecimento dos fatos sociais que, para o autor, seriam uma forma de coação 
que induziria os indivíduos a adotarem determinadas posturas. Segundo o mesmo autor, a partir do 
momento em que os fatos sociais perdem a conotação de coação, se transmutam em hábitos (BEHRING; 
BOSCHETTI, 2010).
Para Durkheim (apud BEHRING; BOSCHETTI, 2010) os fatos sociais possuem uma natureza exterior 
em relação aos indivíduos. Essa natureza provém de uma suposta coletividade que é inerente aos fatos 
sociais, que, por sua vez, vêm da sociedade como um todo e não do indivíduo especificamente. Sendo 
assim, é importante conhecer os fatos sociais de uma forma profunda.
Esse estudo dos fatos sociais remetia ainda a um estudo das instituições sociais, sobretudo a gênese 
de tais instituições e dos mesmos fatos sociais. Sobre esses fatos e de acordo com Durkheim (apud 
BEHRING; BOSCHETTI, 2010) era necessário compreender o que influenciaria a ocorrência de fatos 
normais e de fatos patológicos. Os fatos normais, segundo o autor, seriam aqueles que estivessem 
adequados ao padrão imposto pela sociedade, ao passo que os fatos anormais poderiam ser considerados 
como tudo aquilo que fugisse às regras estabelecidas, ao que era delimitado como padrão para uma 
determinada sociedade.
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Behring e Boschetti (2010) nos dizem ainda que, segundo Durkheim, as pesquisas e o conhecimento 
junto aos fatos sociais também poderiam auxiliar para a definição do que pode ser compreendido como 
normal, como padrão e o que deveria ser entendido como anormal, diferente e, inclusive, o que deveria 
ser entendido como um fato social patológico.
Para analisar os fatos sociais, Durkheim elaborou um método denominado “método de 
variações concomitantes”, derivando do método para a produção de conhecimento elaborado 
previamente (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 31). Esse método deveria, nos termos do autor, 
observar os fatos sociais coletando nesse processo de observação o maior número de provas que 
fosse possível.
Para o autor, tendo coletado as provas sobre os fatos sociais, era necessário ainda considerar a 
concomitância das provas, ou seja, a sobreposição das provas que foram obtidas. E deveria ainda ser 
considerada a variação das provas que foram obtidas. Dessa forma, seria possível aproximar‑se da 
realidade vivenciada pelos fatos sociais.
Todavia, para que essa aproximação em relação aos fatos sociais se operacionalizasse era 
importante que o pesquisador rompesse com o individualismo e, sobretudo, que buscasse romper 
também com algumas doutrinas como o individualismo e também o comunismo (BEHRING; 
BOSCHETTI, 2010).
Pois, o autor defende que é a partir da noção de desigualdade social que podemos compreender 
a função da política social. Assim, para o autor, a desigualdade social era entendida como sendo 
algo inerente à sociedade, algo que deve ser tido como natural dentro de uma organização social. 
Além da noção de naturalidade para o sociólogo em questão, a desigualdade social era algo que 
deveria ser considerada “imutável” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 31), ou seja, não deveria ser 
empreendido qualquer esforço em prol da alteração da realidade que se apresentava. Aliás, as 
pessoas que não concordassem com a norma social eram compreendidas como anormais, como 
problemas sociais.
 Saiba mais
Veja o filme:
LARANJA mecânica. Dir. Stanley Kubrick. Reino Unido: Warner Bros, 
1971. 136 minutos.
Este filme demonstra uma série de intervenções para “corrigir” uma 
patologia social.
E recomendamos ainda a leitura dos textos a seguir para conhecer um 
pouco mais sobre a teoria de Durkheim:
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Tópicos de ATuAção profissionAl
RIBEIRO, P. S. Durkheim e o fato social. 2002‑2013. Disponível em: 
<http://www.brasilescola.com/sociologia/durkheim‑fato‑social.htm>. 
Acesso em: 15 jan. 2013.
MENDES, J. Durkheim e a sociologia. [s.d.]. Disponível em: <http://www.
consciencia.org/durkheim‑e‑a‑sociologia>. Acesso em: 15 jan. 2013.
No entanto, as desigualdades sociais poderiamser controladas, de forma a evitar confrontos sociais. 
Para que fosse possível exercer o controle sobre os fatos sociais, seriam necessárias corporações ou 
instituições que se encarregariam em operacionalizar a coesão social, mesmo com as gritantes diferenças 
sociais. Sob esse aspecto, segundo Behring e Boschetti (2010), as políticas sociais se enquadrariam como 
uma alternativa de manter a coesão social, a paz social, digamos assim.
Assim sendo, as políticas sociais seriam necessárias apenas como uma forma de controle para 
minimizar as possibilidades de manifestação contrárias à ordem social estabelecida. Apesar das 
políticas sociais, especificamente, não terem sido discutidas por Durkheim, tais conclusões são possíveis 
partindo‑se de uma análise da obra do referido autor.
Antes de iniciarmos nossas considerações sobre o Idealismo, observe o texto seguinte, que faz uma 
reflexão sobre as concepções de Durkheim.
Exemplo de aplicação
Artigos Filipe Zau 
Os recursos de que necessitamos
Começo por situar as políticas de formação de recursos humanos, na perspectiva do “ser social 
universal”, inserida na corrente filosófica educacional da cultura humanista, “de que o sociólogo Emile 
Durkheim foi um digno representante” e onde reside um amplo e harmônico sentido de educação 
multifacetada. Analiso também, sob a perspectiva neoliberal de uma hipotética corrente do “ser econômico 
global”, para enquadrá‑la nas reflexões de natureza econômica relacionada com a chamada “teologia do 
mercado”, onde se consubstancia um sentido restrito de educação, voltado, quase exclusivamente, para 
o consumismo e para a “descerebração” das atuais e futuras gerações [...]. 
Fonte: Zau (2012).
A matéria demonstra a aceitação dos ideais de Durkheim. Diante disso, considerando a proposta 
do autor sobre os fenômenos sociais, reflita sobre o seguinte quesito: “é possível compreender a 
desigualdade social como algo natural?”
Agora, passaremos a discutir o Idealismo. O Idealismo foi também uma importante corrente teórica 
e filosófica que trouxe influências para o pensamento social e para a forma de compreender a política 
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social. Vinculados a essa corrente teórica teremos pensadores como Kant, Hegel e Max Weber, sendo 
esse último um dos mais relevantes no sentido de influenciar o pensamento social no que diz respeito 
às políticas sociais.
Mas, iniciaremos com Kant. Immanuel Kant nasceu em 1804, na cidade de Konigsberg, na Prússia. 
Kant ficou conhecido como o principal filósofo da corrente idealista, tendo em vista que foi esse pensador 
que refletiu inicialmente sobre conceitos sobre os quais passaremos a discorrer.
Figura 4 – Immanuel Kant
De uma forma genérica podemos dizer que, para a corrente idealista, durante o processo de 
conhecimento, o sujeito deve sobrepor‑se ao objeto que pretende conhecer. Assim, podemos compreender 
que para essa perspectiva de conhecimento o sujeito precisa assumir uma perspectiva de destaque, ao 
invés do objeto. Também podemos concluir que se trata de uma perspectiva diferenciada da que fora 
apresentada antes, ou melhor dizendo, a perspectiva defendida por Kant, difere‑se da proposta por 
Durkheim.
Sendo assim, a realidade observada não provém de condições reais e concretas, mas, sim, apresenta‑se 
como sendo o resultado do pensamento dos seres humanos. Desse modo, não há influência das 
condições e determinações reais e objetivas na definição da realidade, mas, sim, do pensamento dos 
seres humanos. Ou seja, há um primado da consciência no processo de definição da realidade, do que é 
real e também durante a aproximação entre sujeito que pesquisa e objeto de conhecimento (BEHRING; 
BOSSCHETTI, 2010).
O conhecimento, por sua vez, é compreendido como algo que precisa ser racional. Razão, por sua vez 
é intelecção, é entendimento, compreensão. O processo de conhecimento é essencialmente um processo 
intelectivo, que demanda a utilização das capacidades intelectivas do ser humano.
O processo de conhecimento da realidade acontece por meio desse processo intelectivo do ser 
humano, porém, para Kant só é possível conhecer a realidade por meio de suas manifestações, de suas 
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Tópicos de ATuAção profissionAl
expressões. Para Kant é impossível o conhecimento da essência do ser humano, esse descrito como ser 
social. Em Kant vemos que se torna impossível conhecer plenamente a essência do ser social.
Como é impossível apreender o ser humano em sua totalidade, o conhecimento torna‑se, segundo 
essa perspectiva, relativo, pois depende de que nível será possível aproximar‑se do sujeito, do ser social. 
Assim:
Como não se pode conhecer a coisa em si, o conhecimento sempre é relativo 
e produto racional do sujeito que conhece, quando este submete sensações 
e experiências aos esquemas e regras apriorísticas do pensamento à razão 
teórica (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 32).
 lembrete
É necessário recordar que Hegel, mesmo derivando de Kant, entendia 
que o ser humano podia, sim, ser compreendido em sua totalidade. Segundo 
Hegel, era possível apreender o ser humano de uma forma completa.
Para Kant, era então necessária a compreensão dos fenômenos da realidade e, assim, seria possível 
uma aproximação à realidade da experiência humana. Desse modo, no processo de conhecimento seria 
preciso “[...] compreender o sentido dos processos vivos da experiência humana” (BEHRING; BOSCHETTI, 
2010, p. 33).
Vejamos a seguir uma imagem, elaborada por nós, onde temos a representação dos conteúdos 
tratados por Kant.
Método de 
conhecimento
Sujeito se sobrepõe 
ao objeto
Realidade resulta 
do pensamento
É necessário 
apreender a 
realidade
Conhecimento 
é variável
Impossibilidade de 
conhecer o 
ser social
Figura 5 – Método de conhecimento em Kant
Derivando dessas concepções de Kant, tivemos outros teóricos vinculados à corrente idealista, dentre 
os quais podemos citar Dilthey, Rickert, Hegel e Max Weber. Dentre esses filósofos, mencionamos Hegel 
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anteriormente e agora estudaremos um pouco algumas das considerações de Weber, que orientou as 
discussões sobre os fenômenos sociais, permitindo, assim, uma compreensão sobre a política social.
As teorias de Weber derivam das concepções de Kant, porém, sua obra apresenta algumas variações 
em relação ao pensamento kantiano. Para Weber, durante o processo de conhecimento, é necessário que 
se compreendam as intencionalidades e ações dos sujeitos como algo que se sobrepõe às condições reais 
(BEHRING; BOSCHETTI, 2010).
Ou seja, o pensamento de Weber deriva do de Kant por destacar que no processo de conhecimento 
precisamos compreender que todos os atos dos sujeitos definem a realidade e não o oposto, ou seja, 
não é a realidade concreta que determina os atos que serão adotados pelos sujeitos, mas, sim, o inverso.
Weber nos diz que todo o conhecimento obtido deve submeter‑se à comprovação, à prova e à 
validação objetiva. Weber compreende que para o conhecimento ser tido de fato como real, precisa ser 
checado, comprovado. E faz‑se necessário ainda que esse conhecimento a ser produzido siga a ótica da 
neutralidade científica, ou seja, não são permitidas interferências no processo de conhecimento.
Dessa premissa decorre o imperativo categórico da separação rigorosa 
entre fatos e valores, presente também em Weber, que afirmava que 
a interferência dos valores impede a compreensão integral dos fatos 
e que os dados não podem ser pedestais para os julgamentosde valor 
(BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 34).
Não podendo, assim, haver a interferência do pesquisador no processo de conhecimento, de acordo 
com o pensamento weberiano.
A análise de Weber ainda destaca uma série de considerações sobre os fenômenos sociais. Segundo 
o autor, todos os fenômenos sociais são históricos e também estão relacionados à vida cultural de uma 
dada sociedade. A vida cultural, por sua vez, só existe porque provém de um ponto de vista, de algo que 
é idealizado pela sociedade.
Sob a premissa de que o idealizado é mais relevante, Weber se coloca contrário à concepção marxista 
de que o fator econômico é que determinada a realidade, inclusive que determina o ser social. Para 
Weber o que determina a realidade, inclusive econômica, é o pensamento do ser humano, e não o 
inverso (BEHRING; BOSCHETTI, 2010).
No âmbito da política, segundo Behring e Boschetti, (2010) Weber postula que haveria a necessidade 
de um Estado forte para que, por meio de sua autoridade, pudesse gerir a vida em sociedade. O Estado 
estaria apoiado em uma autoridade e exerceria suas ações com base em critérios de justiça e com base 
em um corpo administrativo eficaz.
A política social, dentro desse aspecto seria um dos mecanismos para que o Estado pudesse exercer 
suas funções. Seria um mecanismo burocrático, porém, permitido ao Estado, para a administração 
da sociedade. “A política social seria um mecanismo institucional típico da racionalidade legal 
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contemporânea” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 36), ou seja, seria um mecanismo de manter a 
autoridade estatal.
Essas seriam as principais ideias, de uma forma bem resumida, que orientavam a compreensão 
denominada Idealismo e que trouxeram e trazem influências à organização das políticas sociais. Na 
sequência passaremos a tratar da concepção posta pelo Marxismo, em relação a determinados fenômenos 
sociais e também em relação à questão da política social.
 Saiba mais
Para conhecer um pouco mais sobre os autores aqui tratados e que 
discorrem sobre o idealismo, recomendamos o acesso ao site:
<http://www.maxweberstudies.org/>.
E a leitura do texto:
GUYER, P. Kant, Immanuel (1724‑1804). In: CRAIG, E. (Ed.). Routledge 
Encyclopedia of Philosophy. London: Routledge, 1998‑2013. Disponível em: 
<http://www.rep.routledge.com/article/DB047>. Acesso em: 1 mar. 2013.
Assim sendo, de acordo com Behring e Boschetti (2010) o marxismo apresenta uma análise 
totalmente diferenciada das postas pelo funcionalismo e pelo idealismo. Para compreender 
minimamente essa análise precisamos entender sobre quais bases é analisada a realidade sob o 
embasamento marxista. Ou melhor dizendo, como o conhecimento da realidade se operacionaliza 
sob o embasamento marxista.
No caso é importante situar que o marxismo tanto pode ser compreendido como uma 
doutrina filosófica, quanto como uma doutrina econômica. Isso porque Marx compreendeu o 
funcionamento da sociedade sob a análise do desenvolvimento do capitalismo, ou seja, com forte 
apelo à compreensão do desenvolvimento econômico da sociedade, especificamente da sociedade 
capitalista.
 Saiba mais
Para um conhecimento sobre a teoria marxista recomendamos também 
os filmes:
CAPITALISMO: uma história de amor. Estados Unidos: Overture Films, 
2009. Direção: Michael Moore. Duração: 127 min.
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Sob essa questão, nos dizem Behring e Boschetti (2010) que, de acordo com a perspectiva marxista, 
para a compreensão da realidade há necessidade de uma relação de conhecimento embasada por uma 
perspectiva relacional a ser estabelecida entre o sujeito e o objeto. Assim, essa perspectiva não evoca 
a prevalência do sujeito sobre o objeto ou vice‑versa como nas perspectivas indicadas anteriormente. 
Antes, apregoa a produção do conhecimento que rompa com essa prevalência.
E essa relação estabelecida entre o sujeito e o objeto acontece em um determinado momento ou 
período histórico. Assim, tanto sujeito quanto objeto precisam ser considerados como integrantes e, 
portanto, influenciados pelo processo de desenvolvimento histórico.
A perspectiva marxista ainda compreende que no processo de conhecimento da realidade o 
pesquisador, o sujeito que se aproxima da realidade, é um sujeito ativo, e não passivo e alheio. Nesse 
sentido, segundo essa visão, tanto o sujeito é alterado pela pesquisa quanto o objeto também é alterado 
por ele. Segundo tal perspectiva não há “neutralidade” na produção de conhecimento (BEHRING; 
BOSCHETTI, 2010, p. 39).
De acordo com a perspectiva marxista, para apreensão da realidade precisamos analisar os fenômenos 
sociais, sendo que a verdade de tais fatos encontra‑se oculta, ou seja, não há verdades imediatas e 
aparentes. Para a compreensão de tal realidade, dos fenômenos que estão ocultos, é necessário que 
se compreenda a realidade como sendo síntese de múltiplas causalidades, ou seja, resultado do 
relacionamento estabelecido entre diversos fatores.
Assim, a compreensão da realidade demanda essencialmente uma compreensão da totalidade. A 
realidade é, em tese, resultado da totalidade de fenômenos e, portanto, não pode ser compreendida sob 
uma ótica segmentada, setorizada. “Totalidade significa: realidade como um todo estruturado, dialético, 
no qual ou do qual um fato qualquer (classes de fatos, conjunto de fatos) pode vir a ser racionalmente 
compreendido” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 41).
E a totalidade aqui demanda também ser entendida como concreta, ou seja, refere‑se a uma realidade 
dada e não está apenas no plano das ideias, do imaginário. Assim, a realidade concreta determinaria 
o pensamento, as ideias, e não o contrário, conforme o defendido pela corrente idealista, a qual o 
marxismo se contrapõe.
Além disso, a realidade seria composta de forma dialética, ou seja, estaria em constante construção, 
em constante devir. Assim sendo, a realidade nunca estará pronta e acabada e, para apreendê‑la em sua 
totalidade, faz‑se necessário um método que também seja dialético, que também permita a realização 
de sucessivas aproximações, de construção continuada do conhecimento (BEHRING; BOSCHETTI, 2010).
O método de conhecimento para a perspectiva marxista deve ser composto por alguns elementos. 
Dentre os elementos citados por Behring e Boschetti (2010), podemos apontar: a destruição da 
pseudoconcreticidade, o caráter histórico e o significado do fenômeno e de sua função.
Vejamos o que precisamos entender: a pseudoconcreticidade é uma falsa realidade, ou seja, uma 
realidade por nós percebida, mas que não corresponde à realidade em tese. É uma realidade fetichizada 
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e não conhecida objetivamente. Portanto, essa falsa concreticidade precisa ser rechaçada, destruída, 
para que a realidade, de fato seja conhecida. O método de conhecimento, de base marxista, precisa 
considerar esse elemento para que possa conhecer de fato a realidade.
Além do fim da pseudoconcreticidade, o método de conhecimento, de base marxista, precisa considerar 
a realidade como possuidora de caráter histórico, portanto, condicionada ao que é experimentado pelo 
gênero humano no decurso de seu desenvolvimento. E disso decorre o terceiro elemento, ao qual faz 
menção, conforme citamos: a compreensão do significado do fenômeno e de sua função. De sorte que, 
todos os fenômenos possuem um significado, além do aparente, do imediato e possuem também uma 
finalidade, uma função social.
Vejamos a seguir a figura que retrata o métodode conhecimento, de acordo com a perspectiva 
marxista.
Método do 
conhecimento
Método dialético
Realidade oculta Concreticidade
Totalidade
Múltipla 
causalidade
Figura 6 – Método de conhecimento no Marxismo
Para a compreensão da realidade, com base no conhecimento marxista, faz‑se necessário que o 
sujeito que conhece possa ir do conhecimento abstrato ao conhecimento concreto, real, ou seja, “[...] 
elevar‑se do abstrato ao concreto” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 41).
O que Behring e Boschetti (2010) fazem é aplicar os conhecimentos trazidos pelo método marxista 
à análise das políticas sociais. Nesse sentido, demonstram as incoerências que há em pensamentos 
supostamente de base marxista bem como indicam algumas pistas para se repensar a produção de 
conhecimento sobre as políticas sociais de referência marxista.
Segundo Behring e Boschetti (2010), para a compreensão da política social, devemos evitar as 
análises unilaterais, ou seja, análises em que as políticas sociais são compreendidas sob apenas 
um prisma. No caso, as autoras exemplificam descrevendo teorias em que as políticas sociais são 
compreendidas apenas como mecanismos do Estado para garantir hegemonia, ou, então, apenas em 
decorrência da luta de classes, em virtude da pressão exercida pela classe trabalhadora frente às crises 
capitalistas.
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As autoras ainda destacam que são também exemplos de análises unilaterais aquelas que 
compreendem as políticas sociais como mecanismos que são funcionais à acumulação capitalista, ou 
melhor dizendo, aquelas análises que compreendem as políticas sociais apenas como responsáveis 
para garantir a reprodução econômica e política da classe trabalhadora. No caso, a política social ora 
é compreendida como uma alternativa para reduzir os custos da reprodução da força de trabalho e 
também como um mecanismo para manter o nível de consumo, ora é compreendida apenas como um 
aparato ideológico usado de forma a cooptar a população e legitimar a ordem capitalista vigente.
Segundo afirmam as mesmas teóricas, essas análises não estão incorretas, mas, como são unilaterais, 
conseguem perceber apenas um dos aspectos que condicionam a constituição e consolidação das 
políticas sociais na sociedade burguesa. As autoras conseguem ir além dessa análise unilateral e, dessa 
forma, conseguem apreender outras peculiaridades da constituição e da consolidação das políticas 
sociais em nossa sociedade, tais como as que passaremos a descrever.
A primeira consideração feita por Behring e Boschetti (2010) é que para a concepção apoiada no 
Marxismo, a política social pode ser sim compreendida como uma forma de legitimação do Estado, 
de legitimação do capital e é também uma alternativa de reprodução material e ideológica dos seres 
humanos. Todavia, a política social precisa também ser compreendida como um ganho, como uma 
conquista, sobretudo para os segmentos mais empobrecidos e que são, via de regra, beneficiados por 
esses serviços.
As autoras ainda afirmam que a análise em política social por esse motivo não pode ser realizada 
de forma desprendida da sociedade burguesa, ou seja, toda a compreensão relacionada à política social 
precisa essencialmente estar vinculada à noção da sociedade burguesa capitalista em sua fase consolidada.
Para essa apreensão da realidade é necessário, segundo as autoras, ir além do senso comum, 
do conhecimento pautado apenas na observação empírica dos fenômenos sociais. Para ir além do 
conhecimento do senso comum, ainda seria necessário que a apreensão da realidade se efetivasse por 
meio do método dialético‑materialista. Para as autoras:
[...] o método dialético materialista que permite compreender e revelar que as 
formas reificadas se diluem, perdem sua rigidez e naturalidade para mostrar 
como fenômenos complexos, contraditórios e mediados, como produtos da 
práxis social da humanidade (BEHRING; BOSCHETTI, p. 43).
 Observação
Para o conhecimento, segundo o Marxismo, é necessário recorrer ao 
método dialético materialista.
Essa compreensão pautada no método dialético materialista considera fenômenos como os seguintes: 
histórico, econômico e político, sendo eles importantes na definição da realidade e do conhecimento 
possuído sobre essa realidade.
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Assim, realizando uma análise da política social, considerando o componente histórico, precisamos 
compreender que a política social surge e se consolida em decorrência da ampliação das expressões 
da questão social. Já a compreensão do aspecto econômico nos remete a pensar a política social, 
relacionando‑a às questões estruturais que influenciam o desenvolvimento econômico, sendo que, em 
nosso caso, temos de considerar o desenvolvimento da sociedade capitalista.
E, por fim, o aspecto político está relacionado à compreensão das posições políticas que são adotadas 
pelo Estado, tendo em vista que as posturas políticas adotadas tendem a influenciar a constituição das 
políticas sociais. Sintetizando tais colocações, as autoras afirmam que o método dialético materialista 
reconhece que os fenômenos sociais estão condicionados e “[...] sob a influência da história, economia, 
política e cultura”(BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 43).
E, concluindo as argumentações, Behring e Boschetti (2010) asseguram que todas as análises 
realizadas precisam considerar três elementos no que concerne ao conhecimento da política social, 
sendo eles: a natureza do capitalismo, devendo‑se compreender o estágio de desenvolvimento capitalista 
apresentado e as estratégias de acumulação constituídas; o papel adotado pelo Estado no sentido de 
regulamentar as políticas sociais; e o papel das classes sociais no sentido de estimular a organização das 
políticas sociais.
Desse modo, trata‑se de uma concepção que vem balizada pela compreensão do desenvolvimento 
capitalista, do papel assumido pelo Estado e também sobre o papel das classes sociais no sentido de 
estimular a constituição das políticas sociais.
Como podemos visualizar, estudamos até aqui concepções diferenciadas sobre as políticas 
sociais, derivadas de argumentos filosóficos. Na sequência, veremos outras concepções, essas com 
uma referência mais econômica e que destacam compreensões distintas sobre a constituição das 
políticas sociais.
 Saiba mais
Recorra aos textos a seguir, para maiores informações sobre os conteúdos 
relacionados ao método marxista de produção de conhecimento:
ASSUMPçãO, M. C. M. A. O método em Marx: relação com a categoria 
práxis. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE EDUCAçãO E MARXISMO, 5., 
Florianópolis, SC, 2011. Disponível em: <http://www.5ebem.ufsc.br/
trabalhos/eixo_01/e01c_t002.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2012.
YAMAUTI, N. N. A aplicação do método dialético de produção do 
conhecimento no ensino de ciências sociais. Acta Sci. Human Soc. Sci., 
Maringá, v. 28, n. 1, pp. 111‑120, 2006.
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1.2 liberalismo, Keynesianismo, neoliberalismo: a política social sob 
diversos ângulos
Como enunciamos, neste momento, estudaremos as concepções de doutrinas tidas como econômicas, 
ou seja, compreensões mais pautadas em análises econômicas da sociedade. Começaremos assim pelo 
Liberalismo, para, em seguida, tratarmos das demais compreensões. No caso, faremos ainda um recorte 
sobre a perspectiva marxista de compreensão das políticas sociais.
De tal forma, esperamos que seja possível a você entender as diferentes perspectivas econômicas 
que discutem as políticas sociais. Realizaremosuma aproximação entre os ideais de tais doutrinas e 
também em relação às expressões da questão social e sobre o papel conferido ao Estado.
1.2.1 Liberalismo
 Saiba mais
Recomendamos os textos a seguir relacionados para obter mais 
informações sobre os teóricos estudados:
HENRIQUES, M. C.; COSTA, M. A. Teoria política: John Locke. O segundo 
tratado sobre o governo civil. 2000‑2010. Disponível em: <http://www.
arqnet.pt/portal/teoria/mch_locke.html>. Acesso em: 11 mar. 2013.
JEAN‑Jacques Rousseau:(1712‑1778). 1997‑2011. Disponível em: <http://
www.philosophypages.com/ph/rous.htm>. Acesso em 25 fev. 2013.
RIBEIRO, P. S. Maquiavel e a autonomia da política. 2002‑2013. Disponível 
em: <http://www.brasilescola.com/sociologia/ciencia‑politica‑maquiavel.
htm>. Acesso em: 1 mar. 2013.
Para uma compreensão do Liberalismo, iniciaremos com uma breve discussão sobre o que Behring 
e Boschetti (2010, p. 57) denominam como “Pré‑liberalismo”. A discussão sobre o Pré‑liberalismo nos 
remete a pensadores como Maquiavel, Hobbes, John Locke e Jean Jacques Rousseau. Por meio das 
argumentações desses teóricos teremos uma noção do que as autoras entendem como Pré‑liberalismo.
Os ideais desses teóricos nasceram durante meados do século XVI e início do século XVIII, sendo 
que nesse momento também experimentamos no mundo uma série de mudanças em relação às 
compreensões antes hegemônicas sobre a vida em sociedade. É nesse período que o mundo assiste ao 
declínio da doutrina da lei divina, que era uma forma de compreender o mundo, a vida social, como 
vontade de Deus e difundida por muitas religiões, sobretudo a Católica. Com essa mudança, abre‑se a 
possibilidade para que o ser humano busque outras explicações sobre o mundo que o circunda e sobre 
os fenômenos cotidianos de sua vida (BEHRING; BOSCHETTI, 2010).
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 Observação
Regime feudal: assentado na produção nos feudos e sociedade 
estratificada em senhores feudais, servos e representantes da Igreja.
Regime capitalista: assentado no comércio de produtos e sociedade 
dividida entre burgueses e trabalhadores.
Também nesse período temos o declínio da ordem feudal, antes hegemônica como modo de produção. 
Agora, surge e se consolida o sistema capitalista de produção, ainda em sua forma mais rudimentar: o 
capitalismo mercantilista, ou, conforme nos dizem as autoras, o estágio de “acumulação primitiva do 
capital” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 57).
Ou seja, é um período de muitas mudanças, inclusive no pensamento de determinados teóricos. 
Comecemos por Maquiavel, famoso por ter escrito O Príncipe, em 1513, um verdadeiro tratado sobre o 
papel do Estado.
Em seus escritos, Maquiavel propunha que o Estado fosse tido apenas como um mediador, um ente 
necessário para garantir a civilização dos homens, a repressão dos indivíduos, seu controle, o controle de 
suas paixões, que poderiam conduzi‑lo a atitudes negativas e que trariam prejuízo para o ser humano e 
para toda a sociedade. Assim sendo, segundo Maquiavel, ao Estado “[...] caberia o controle das paixões, 
ou seja, do desejo insaciável de vantagens materiais, próprias dos homens em estado de natureza” 
(BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 57).
Para Maquiavel o Estado deveria centralizar o poder político, sendo permitido ao Estado tomar todas 
as decisões, sem consultar o povo se elas fossem tidas como ações em prol do bem‑estar da sociedade 
como um todo. Apesar disso, Maquiavel defendia a república, mas isso não era necessário se o Estado 
não julgasse como tal.
Partilhando dos ideais de Maquiavel, sobretudo no que concerne à necessidade de controle das 
vontades individuais, temos também o trabalho de Hobbes. Grande parte dos postulados de Hobbes está 
contida em seu famoso livro Leviathan, publicado em sua primeira edição nos idos dos anos de 1651 
(BEHRING; BOSCHETTI, 2010).
Hobbes também defendia que o estado deveria ser constituído para que fosse possível controlar os homens. 
Segundo sua visão, todos os seres humanos eram dotados de “apetites e aversões” (BEHRING; BOSCHETTI, 
2010), que deveriam ser controlados porque o homem não poderia ser controlado apenas por suas vontades.
No caso, para Hobbes, em prol do bem comum, o indivíduo deveria abrir mão de sua individualidade 
e submetê‑la ao controle irrestrito do Estado, descrito pelo autor como sendo o “soberano” (BEHRING; 
BOSCHETTI, 2010). Assim, “[...] a sujeição seria uma opção racional para que os homens refreassem suas 
paixões, num contexto em que o homem é o lobo do homem” (ibidem, p. 57).
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Já para John Locke a sociedade era composta por homens que se agrupavam para se defender, 
sobretudo contra a guerra. Locke se contrapunha à monarquia absoluta e propunha que o poder político 
estivesse diluído na sociedade. Assim, o poder político deveria estar nas mãos dos homens, sujeitos 
coletivos de uma determinada sociedade e não apenas do Estado.
No entanto, para que os sujeitos pudessem ter o poder político era necessário deter também a 
propriedade privada, ou seja, havia uma perspectiva relacional entre o poder político e a propriedade 
privada. Portanto, quem não detinha a propriedade privada não tinha acesso também ao poder político. 
Aliás, a propriedade privada era compreendida por Locke como algo necessário para se oferecer uma 
base sólida à sociedade (BEHRING; BOSCHETTI, 2010).
Para Locke era necessário que os homens estabelecessem um pacto para que o bem comum fosse 
alcançado. E esse bem comum, segundo Locke, só seria alcançado se todos os seres humanos o buscassem, 
de forma igualitária. Cabia, portanto, ao indivíduo esforçar‑se para alcançar esse bem comum proposto.
E, por fim, chegamos ao pensamento de Jean‑Jacques Rousseau, que deriva dos demais acima 
elencados, com algumas particularidades as quais trataremos no decurso desses escritos. Rousseau 
tornou‑se especialmente popular ao buscar discorrer sobre o papel do Estado em seu célebre livro 
Contrato Social, publicado em 1762, em sua primeira versão.
Behring e Boschetti (2010, p. 58) explicam que, para Rousseau, o homem era tabula rasa, ou seja, era 
despido de maldades. Segundo esse filósofo, o homem era essencialmente bom, ou como o ele mesmo 
afirmava, era o “bom selvagem”. Porém, para ser assim tão selvagem, necessitava do auxílio do Estado, 
apenas para controlar esse homem para que não desenvolvesse um lado negativo.
Para Rousseau a sociedade fora corrompida pela propriedade privada, em decorrência de sua 
supervalorização. O Estado, de acordo com essa perspectiva, fora criado apenas para garantir a propriedade 
privada, atuando como um ente que buscava proteger os ricos e a sua propriedade. Rousseau propõe 
uma inversão desses valores, sobre os quais a sociedade estava assentada.
Rousseau sugere que o Estado partilhe o poder com o povo e, nesse formato, o Estado deveria 
representar a vontade de todos, a vontade geral, sendo que isso seria o “contrato social”, ou seja, “[...] 
um Estado cujo poder reside no povo, na cidadania, por meio da vontade geral. Este é o contrato social” 
(BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 58).
Assim, para que fosse possível que a população escolhesse, deliberasse em conjunto, era necessário 
que o Estado investisse na educação pública, na educação voltada para toda a população.
Para Rousseau o Estado era um “mal necessário” (apud BEHRING; BOCHETTI, 2010, p. 59), apenas 
para regular a vida em sociedade, já que, segundo sua perspectiva, todo poder deveria emanar do povo.
Podemos dizer que esses teóricos seriam os principais idealizadores do Pré‑liberalismo, ou seja, dos ideais do 
Liberalismo, que começou a desenvolver‑seapenas nos séculos XIX e XX. Antes de adentrarmos aos conceitos 
do Liberalismo, vejamos a seguir a representação fotográfica de alguns dos teóricos por nós estudados.
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Figura 7 – Hobbes
Figura 8 – Locke
Figura 9 – Rousseau
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Podemos realizar uma síntese, exposta na figura a seguir sobre os principais conceitos tratados por 
esses teóricos. Vejamos:
Hobbes Locke Rousseau
Estado como 
controlador das 
vontades individuais
Poder político 
era relacionado à 
propriedade privada
Contrato Social 
pautado na 
vontade geral
Ser humano deveria 
abdicar de sua 
individualidade 
em prol do Estado
Os homens 
deveriam se agrupar 
pelo bem comum
Estado como 
um mal necessário
Figura 10 – Síntese dos conceitos relacionados ao Pré‑liberalismo
Tendo tais colocações arroladas, passaremos agora a discorrer sobre o Liberalismo. Como já 
mencionamos, o Liberalismo foi uma doutrina econômica que teve seu desenvolvimento a partir de 
meados do século XIX e ganhou grande aceitação a partir dos primeiros anos do século XX. Nesse período 
assistimos ao declínio dos governos autocráticos, do poder do clero e também do Estado absolutista.
Segundo essa doutrina econômica, o mercado deve ser capaz de atender a todas as necessidades 
dos seres humanos. Essas necessidades podem ser contempladas pelo trabalho. Sendo assim, o trabalho 
passa a ser compreendido como mercadoria e sua regulamentação deve ser determinada pelo livre 
mercado (BEHRING; BOSCHETTI, 2010).
Grandes teóricos que representaram o ideal liberal são David Ricardo e Adam Smith e grande parte das 
contribuições desses autores derivaram dos estudiosos que vimos nos conteúdos relativos ao pré‑liberalismo.
Para Adam Smith (apud BEHRING; BOSCHETTI, 2010), cada indivíduo precisa agir em prol de seu 
próprio interesse e assim buscar alcançar o seu bem‑estar. Somente quando cada indivíduo buscar sua 
própria satisfação, será possível alcançar o bem‑estar de toda a sociedade. Esse bem‑estar individual 
seria alcançado apenas no mercado, por meio do trabalho.
O Estado, por sua vez, de acordo com Smith, deveria fazer com que o funcionamento livre e ilimitado 
do mercado fosse garantido. Seria uma intervenção específica, ou conforme destaca o autor, uma 
intervenção por meio da “mão invisível do Estado” (apud BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 56), que deveria 
apenas fornecer a base legal para que o mercado se desenvolva e se expanda cada vez mais. Quando o 
Estado desempenhar essas intervenções será possível ampliar os benefícios aos homens.
Smith propunha que o Estado não realizasse uma intervenção junto à vida dos indivíduos, mas 
somente junto ao mercado. Assim, o autor não propunha a extinção do Estado. “Ao contrário, reafirmava 
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a necessidade da existência de um corpo de leis e a ação do Estado que garantisse maior liberdade ao 
mercado livre” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 57).
Smith recomenda então um “Estado mínimo” interferindo na vida dos seres humanos, sendo que o 
Estado deveria ser controlado pelos indivíduos e pela sociedade como um todo. “Trata‑se, portanto, de 
um Estado mínimo, sob forte controle dos indivíduos que compõe a sociedade civil, na qual se localiza 
a virtude” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 59).
Segundo a perspectiva de Smith, o Estado mínimo possuía apenas três funções a desempenhar, sendo 
essas: “[...] a defesa contra os inimigos externos; a proteção de todo o indivíduo de ofensas dirigidas 
por outros indivíduos; e o provimento de obras públicas, que não possam ser executadas pela iniciativa 
privada” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 60). Ou seja, não se recomenda a intervenção do Estado junto 
aos problemas sociais, mas apenas junto a funções básicas que instrumentalizem o mercado a produzir.
Competia assim ao indivíduo buscar desenvolver‑se e ter suas necessidades atendidas e não ao Estado. 
Para esse autor, quando o indivíduo busca atender suas necessidades, o faz movido por sentimentos 
éticos e morais, que seriam também uma forma de controle dos seres humanos. Assim, os sentimentos 
morais e éticos orientariam o indivíduo a ter suas necessidades atendidas por meio do mercado.
Portanto Adam Smith percebe como um grande mérito o fato de os indivíduos, movidos por 
sentimentos morais e éticos, buscarem atender suas necessidades por meio do mercado. Para ele, 
é inerente ao ser humano a possibilidade de cada ser humano usar em seu próprio benefício suas 
capacidades individuais, suas potencialidades. Portanto, competiria ao mercado também regular as 
relações sociais, relações que eram estabelecidas entre os homens.
Behring e Boschetti (2010) afirmam ainda que para Smith há uma seleção natural do mercado 
no sentido de escolher aqueles que serão a ele incorporados e aqueles que não conseguirão ter suas 
necessidades contempladas por meio do mercado.
Ainda, segundo os mesmos autores (p. 61), o Liberalismo, proposto por Adam Smith, se peculiariza 
por um intenso “darwinismo social”, no qual cada ser humano precisa mostrar‑se capaz de atender suas 
necessidades sociais. Como se isso fosse natural à sociedade, algo inerente a ela e que não pudesse ser 
mudado. No caso, os que não conseguem ter suas necessidades atendidas estão condicionados pela 
seleção natural, onde apenas os mais fortes possuem condição de sobreviver.
 Saiba mais
Sobre Adam Smith, recomendamos o texto:
LIBERALISMO econômico. 2002‑2013. Disponível em: <http://www.brasile 
scola.com/economia/liberalismo‑economico.htm>. Acesso em: 20 fev. 2013.
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Esse darwinismo social deriva também do pensamento de Malthus (apud BEHRING; BOSCHETTI, 
2010). Para ele, havia mais pobres do que o normal, sendo que o autor até chega a propor o extermínio 
desse segmento e propunha também que os pobres fossem vigiados, controlados e punidos, sendo que 
isso deveria ser algo comum nas sociedades segundo o referido autor.
Para Malthus, o fato de haver uma quantidade elevada de pobres não deveria demandar uma ação do 
Estado frente a tal situação. O Estado, segundo tal teórico, também não deveria interferir na regulação 
do trabalho, ou seja, expressa, em grande medida, o ideal liberal. “Trata‑se da negação da política e, 
em consequência, da política social que se realiza invadindo as relações de mercado [...]” (BEHRING; 
BOSCHETTI, 2010, p. 61).
De forma que, apontando as principais características do Liberalismo, Behring e Boschetti (2010, pp. 
61‑62), indicam as seguintes:
[...] predomínio do individualismo, o bem‑estar individual maximiza 
o bem‑estar coletivo, predomínio da liberdade e da competitividade, 
naturalização da miséria, predomínio da lei da necessidade, manutenção de 
um Estado mínimo, as políticas sociais estimulam o ócio e o desperdício e a 
política social deve ser um paliativo.
Mas, vejamos como podemos compreender cada um dos aspectos citados.
O predomínio do individualismo faz referência à crença de que o indivíduo, sendo ele um sujeito 
que alcançou os direitos civis, tem liberdade de ir e vir, de adquirir e comercializar produtos, sendo 
que sua liberdade individual é um componente essencial para o seu desenvolvimento na sociedade 
capitalista. Como tal, o indivíduo tem a possibilidade de buscar alcançar o seu bem-estar individual 
e esse seria um requisito para que sejaalcançado também o bem-estar coletivo. No caso, depende de 
cada indivíduo alcançar seu bem‑estar e colaborar assim para o bem‑estar da coletividade.
Os liberais ainda defendem que há um predomínio da liberdade e da competitividade, 
compreendidas como forma de autonomia do indivíduo e de possibilidade de escolha frente às 
possibilidades que lhes são postas. A competitividade é percebida como algo necessário para estimular 
o comércio.
Figura ainda como compreensão liberal, a naturalização da miséria, ou seja, a miséria e a pobreza 
são tidas pelos liberais como algo natural, inerente à nossa sociedade. A miséria é compreendida ainda 
como resultado da amoralidade que perpassa a raça humana e não como uma desigualdade que é 
gerada na sociedade capitalista consolidada. Atrelada a essa concepção temos o predomínio da lei 
de necessidade, que corresponde à crença de que as necessidades humanas básicas não devem ser 
totalmente contempladas visto que dessa forma será possível controlar o crescimento populacional e, 
por conseguinte, colaborará com o controle da miséria.
A manutenção do Estado mínimo, tal como já apontamos, corresponde à compreensão de que o 
Estado deve ser neutro, e desenvolver apenas ações que não possam ser empreendidas pelo mercado 
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ou pela iniciativa privada. Por sua vez, as políticas sociais não devem ser empreendidas pelo Estado, 
visto que tais ações estimulam o ócio e o desperdício, pois, para os liberais, as políticas sociais 
desestimulam o indivíduo a trabalhar, e, por isso, são um risco à sociedade do mercado. Assim, as 
políticas sociais deveriam ser ações paliativas destinadas apenas aos seres humanos que não teriam 
condição de ingressar no mercado de trabalho por exemplo, crianças, idosos e pessoas com deficiência. 
A pobreza, por sua vez, deveria ser administrada pela caridade privada e não pelo Estado.
Assim sendo, caberia a cada ser humano buscar atender as suas necessidades, e não ao Estado. Os 
casos mais graves, no entanto, ficariam resignados à intervenção da caridade privada.
Com tais colocações chegamos ao fim de nossos estudos sobre o Liberalismo. Passaremos a discutir 
sobre o Keynesianismo, que será uma forma diferenciada de compreender a política social. Antes disso, 
observemos o texto a seguir e as questões a ele atribuídas.
Exemplo de aplicação
As políticas sociais do liberalismo
André Abrantes Amaral – Fev. 2009.
Anda por aí em voga a ideia de que é preciso mais Estado para proteger os cidadãos da crise. 
Mais regulamentação da atividade laboral, mais proteção do trabalhador, maior controle das decisões 
tomadas pelos empresários, da forma como estes devem gerir a sua empresa, como os bancos devem 
conceder créditos. São inúmeros os exemplos, significativos dos ventos que correm e que tanta coragem 
têm dado à esquerda para que volte a desejar, sem receio de parecer ridícula, o fim do capitalismo.
Junte‑se, a esta euforia, a ideia alicerçada até ao fundo da nossa consciência cívica de que os liberais 
não cuidam dos mais desfavorecidos. Não se preocupam com as situações mais gritantes da miséria 
humana, acreditando que toda a vida do homem é um percurso natural na evolução da condição 
humana. Que basta o trabalho, o esforço e a fé no mercado para que tudo corra pelo melhor.
Não há, no entanto, nada mais errado. Ao contrário do que tem sido ponto assente, quanto maiores 
as dificuldades para o despedimento, e que as forças de esquerda tanto preconizam, maior a dificuldade 
na obtenção de emprego. Se tais medidas protegem quem tem trabalho, já prejudica quem não trabalha. 
Qualquer homem e qualquer mulher que fique em casa sem nada fazer e desconhece como vai pagar 
as contas no final desse mês. Da mesma forma, as licenças de maternidade/paternidade podem ter um 
efeito contrário ao pretendido. Se protegem a mãe com emprego e que tem um filho, prejudica aquela 
que, estando desempregada, engravida e dificilmente encontrará alguém disposta a contratá‑la. É, pois, 
uma medida que também pode desincentivar à constituição de família e contribui, à sua maneira, para a 
redução da natalidade. A desregulamentação é, pois e muitas vezes, a melhor forma de não discriminar 
e, não discriminando, não prejudicar os cidadãos [...]
Fonte: Amaral (2009).
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Após a leitura do texto, construa um texto argumentando em que medida o ideal liberal propõe ou 
não uma redução nas intervenções relacionadas à pobreza.
1.2.2 Keynesianismo
Para compreender o que é proposto por essa doutrina econômica, será fundamental realizar também 
uma incursão sobre o desenvolvimento econômico de um determinado momento histórico. Assim sendo, 
todas as informações aqui tratadas serão de suma importância para a compreensão do keynesianismo.
Figura 11 – Keynes
A doutrina keynesianista foi idealizada por Keynes e grande expressão do seu pensamento encontra‑se 
no livro Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, que foi publicado no ano de 1936. Antes de 
prosseguirmos na descrição das concepções de Keynes, precisamos retomar alguns acontecimentos 
desse período e que condicionaram os postulados e recomendações desse autor.
Retomemos alguns fenômenos econômicos que se desenharam em todo mundo antes de 1936, ou 
seja, antes da publicação da Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. Nesse momento vivenciamos 
dois grandes fenômenos que irão influenciar sobremaneira o pensamento de Keynes, sendo um deles de 
natureza política e outro de natureza econômica.
Segundo Couto (2010), no período em questão, temos a ampliação significativa de muitos movimentos 
revolucionários europeus, em decorrência das precárias condições de vida que afetam grande parcela da 
população, desde a classe trabalhadora até a população em geral. Esses movimentos foram organizados 
na verdade no fim de 1848, sendo que o mais expressivo deles seria a Comuna Francesa, com grande 
expressão a partir de 1871. Tais fenômenos de reivindicação tornam‑se ainda mais latentes no começo de 
1900 e a pressão imposta por movimentos dessa natureza promoveu uma reflexão sobre a importância 
do Estado, que será, como veremos, a pedra de toque do pensamento de Keynes.
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Vivenciamos também nesse momento um contexto de crise econômica que se inicia em meados da 
década de 1920 e que vai ter seu grande apogeu no final da década de 1930. Grande expressão dessa 
crise econômica foi a quebra da bolsa de Nova York, no ano de 1929 (BEHRING; BOSCHETTI, 2010).
No contexto da crise econômica de 1929 e do crescimento das desigualdades 
e das tensões sociais inerentes ao capitalismo na sua fase monopolista, 
surgiu no âmbito mundial a proposta do Estado social, que alcança sua 
consolidação e desenvolvimento no pós‑guerra, notadamente nas décadas 
de 1950 e 1960 (COUTO, 2010, p. 64).
A crise, segundo Behring e Boschetti (2010), é uma realidade que integra o sistema capitalista, ou 
seja, as autoras nos dizem que faz parte desse sistema a ocorrência de crise. A crise é expressa por 
meio da queda da taxa de extração do lucro, pela escassez de consumo e por uma série de fenômenos. 
A crise acontece, no entanto, em momentos alternados, ou seja, o sistema capitalista não se mantém 
somente com crises, mas, sim, com períodos alternados de expansão, desenvolvimento e estagnação. 
Assim, durante a expansão temos altas taxas de lucro e elevados ganhos de produtividade, porém, nos 
momentos de crise o quadro de expansão não se mantém.
As autorasnos dizem que as crises se tornam mais constantes no capitalismo em sua fase madura 
e consolidada. O capitalismo em sua fase madura é descrito como aquele em que observamos um 
intenso processo de monopolização que é subsidiado por intervenções do Estado para fazer com que o 
capitalismo consiga produzir e alcançar as taxas de lucro. Essa fase de desenvolvimento do capitalismo 
se consolida, sobretudo, após a Segunda Grande Guerra Mundial (BEHRING; BOSCHETTI, 2010).
A crise que motivou Keynes a tecer suas considerações foi a de 1929. Para ele, em decorrência da 
crise, seria necessária a intervenção do Estado para que fosse possível reativar a produção econômica. 
Essa intervenção, conforme nos mostra Couto (2010, p. 65) deveria acontecer de uma forma planejada 
previamente e, dessa forma, apenas a produção econômica seria reativada para que “condições de 
acumulação capitalista [fossem] reestabelecidas”. Apesar de defender a liberdade individual e a 
independência da produção do mercado, Keynes, delega uma grande responsabilidade ao Estado no 
sentido de recuperar o desenvolvimento econômico.
Segundo Keynes, vivenciamos uma ineficiência por parte do mercado em escoar a produção. Assim, 
não há pagamentos em circulação e isso amplia a crise. “Nesse sentido, o Estado deve intervir, evitando 
tal insuficiência” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 85).
Para que essa intervenção do Estado acontecesse era recomendado que o referido ente federado 
empreendesse uma regulação da política fiscal, creditícia e de gastos por meio de investimentos que 
possam atuar nos períodos de crise e também em períodos de desenvolvimento capitalista buscando, 
assim, conter o declínio da taxa de lucros.
Segundo as autoras, o Keynesianismo se assentava no princípio de que o Estado deveria gerar 
empregos e proporcionar também serviços sociais públicos por meio das políticas sociais. No caso, 
figura como recomendação keynesiana a possibilidade de se gerar o pleno emprego, ou emprego para 
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todos aqueles que tivessem em condição de trabalhar. Dessa forma, com grande parte da população 
trabalhando, o consumo seria reativado.
No entanto, para os segmentos como idosos, deficientes e crianças, tidos por Keynes como 
“incapazes para o trabalho” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 86), deveria ser constituída a política 
social, sobretudo por meio de uma política de Assistência Social que atendesse as necessidades 
desses segmentos. Dessa forma, mesmo os segmentos que não pudessem trabalhar, ou seja, 
que não pudessem ter suas necessidades atendidas por meio do trabalho, poderiam tê‑las 
contempladas por meio das políticas sociais. No sentido em questão, isso também tenderia a 
ativar o consumo.
 Saiba mais
Para conhecer melhor o assunto, recomendamos a leitura do texto:
PARALELO entre doutrina Keynesiana, Neoliberalismo, questões sociais 
geradas pela transferência das responsabilidades do Estado à Sociedade Civil 
e o Neokeynesianismo. Disponível em: <http://www1.univap.br/~gpaiva/
Pol_arquivos/POL‑02.htm>. Acesso em: 1 mar. 2013.
Keynes defendia que o ser humano deveria buscar atender suas necessidades por meio do mercado, 
do trabalho, porém, quando isso não pudesse ser alcançado e, priorizando‑se sempre os segmentos 
mais vulneráveis, é que o Estado deveria intervir por meio das políticas sociais. No caso é relevante 
destacar que essa intervenção proposta por Keynes não tinha como foco atender esses segmentos em 
decorrência da situação de vulnerabilidade social vivenciada e, sim, constituir uma série de mecanismos 
para que o sistema capitalista recuperasse a extração do lucro e, portanto, superasse a crise que abalava 
substancialmente tal sistema.
O objetivo era apenas modificar, reorientar o mercado para que ele mesmo se recuperasse e voltasse 
a oferecer lucratividade. Couto (2010, p. 66) nos mostra que para isso o Estado deveria intervir:
— garantindo aos indivíduos e às famílias uma renda mínima, 
independente do valor do trabalho ou de sua propriedade;
— restringindo o arco de insegurança, colocando os indivíduos e as 
famílias em condições de fazer frente a certas contingências (por 
exemplo, a doença, a velhice e a desocupação), que, de outra forma, 
produziram as crises individuais e familiares; 
— assegurando que a todos os cidadãos, sem distinção de status ou 
classe, seja oferecida uma gama de serviços sociais.
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Dessa forma, seria possível que o sistema capitalista saísse da crise agora vivenciada. Para Keynes, 
todas as ações deveriam considerar o limite da capacidade do Estado, ou seja, deveriam extrair ao 
máximo, toda a capacidade estatal para se alcançar o que era esperado.
Behring e Boschetti (2010) afirmam que os postulados de Keynes sustentavam o modo de produção 
capitalista que, na época, estava assentado no formato de produção Fordista. O Fordismo, de acordo com 
Behring e Boschetti (2010) se caracteriza por um formato de produção em que a produção acontece 
em massa, para um consumo também em massa. Também se assenta na afirmação de acordos coletivos 
com os trabalhadores que possuem como enfoque a ampliação da produtividade.
As autoras afirmam ainda que o modo de produção Fordista também se peculiariza pela introdução da 
linha de montagem e da eletricidade, o que tendeu a influenciar no sentido de ampliar significativamente 
a produção. Elas apontam que, a partir do Fordismo, também com o objetivo de ampliar a produção, as 
empresas começam a exercer um controle sobre o modo de vida e consumo dos trabalhadores, além do 
momento de trabalho (BEHRING; BOSCHETTI, 2010).
O Fordismo foi idealizado por Henry Ford, e, apesar de ter sido pensado nas primeiras décadas do 
século XX, somente a partir do segundo pós‑guerra é que essa forma de produção foi intensificada em 
todas as partes do globo. Conjuntamente, no mesmo período, os ideais de Keynes ganharam grande 
aceitação no mundo.
 lembrete
Keynesianismo: doutrina econômica e social idealizada por Keynes.
Fordismo: formato de produção desenvolvido por Henry Ford.
De forma que o Keynesianismo associado ao Fordismo resultou, durante muito tempo, em um 
crescimento econômico considerável. Contudo, esse crescimento não se sustentou e, em breve, esse 
formato de produção foi sendo substituído por outro, assim como a perspectiva sobre as políticas sociais 
também foi sendo substituída por outra. Mas isso será objeto de discussão em um próximo item, visto 
que ainda temos considerações a traçar sobre o Keynesianismo.
Cabe destacar que, por meio dos serviços que são constituídos – as políticas sociais –, com o objetivo 
de reativar o comércio, também se consegue manter, segundo Behring e Boschetti (2010), o pacto social 
entre a classe burguesa e o Estado. Segundo esse pacto social, digamos assim, a classe trabalhadora e a 
classe empobrecida precisam ter acesso a determinados serviços, proporcionados pelo Estado, para que 
não se coloquem contrários à dominação capitalista e ao poder do Estado. Deste modo, a política social 
é uma forma de coação e garante o pacto social, tornando possível manter a acumulação capitalista.
Behring e Boschetti (2010) também afirmam que o Keynesianismo só se mostra exequível em 
decorrência de alguns fatores, dentre os quais apontam: o estabelecimento de políticas para gerar o 
pleno emprego e o crescimento econômico em um mercado liberal; a constituição de serviços sociais, 
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para assim criar a demanda e ampliar o mercado de consumo;

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