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TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO Bruna Karine dos Santos Inovação tecnológica em processamento de materiais Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Enumerar as novas tecnologias de processamento de materiais. � Identificar as vantagens das novas tecnologias de processamento de materiais. � Descrever as limitações e possibilidades dos processos inovadores de processamento de materiais. Introdução Com o desenvolvimento de novas tecnologias e sistemas de informação, o processamento de materiais evolui de forma que os novos processos apresentem características distintas e inovadoras, comparadas aos pro- cessos convencionais de fabricação. O surgimento de novos programas ou máquinas acabam quebrando paradigmas do nosso cotidiano, permitindo melhorias significativas na eficiência e qualidade dos produtos utilizados, da mesma maneira que possibilitam uma melhora na qualidade de vida das pessoas. Desta maneira, neste capítulo, você vai conhecer algumas tecnologias inovadoras, as quais são resultados diretos das constantes evoluções ocor- ridas desde a Revolução Industrial e como essas mudanças afetam nossa indústria. Atualmente, máquinas convencionais vêm sendo substituídas por máquinas operadas por um computador, seja na manufatura de peças ou no transporte de materiais, possibilitando ganho de qualidade, eficiência do processo produtivo e redução dos custos. Programas são criados a todo momento de forma a facilitar a comunicação entre as pessoas, pessoa e máquina, ou até mesmo máquina e máquina. Pro- cessos de fabricação, como no caso da manufatura aditiva, permitem que produtos complexos sejam realizados em um único processo de produção, sem que seja preciso movimentar o produto de lugar. Ao fim deste capítulo, você também vai conhecer a questão envolvendo a nanotecnologia, que, por mais que seja uma tecnologia nova, promete ser bastante promissora, pois possibilitará a modificação de estruturas nanométricas dos materiais, as quais influenciam diretamente nas super- fícies macroscópicas dos produtos. Utilização de tecnologias no processamento de materiais A partir da Revolução Industrial, que teve início na Inglaterra, no século XVIII, diversos sistemas de produção executados manualmente foram subs- tituídos por sistemas mecanizados de produção. Esse marco na história da humanidade permitiu um crescimento acentuado na produção, resultando também em menores custos produtivos. Se, por um lado, a máquina acabou substituindo a mão de obra humana, por outro lado, permitiu que os preços das mercadorias baixassem, em razão do acelerado ritmo de produção. Além disso, as máquinas a vapor utilizadas também permitiram que as pessoas se locomovessem com maior rapidez, reduzindo as fronteiras geográficas para a época (CAPELLI, 2013). Desde a revolução industrial até o século XXI, a fabricação de produtos foi dominada pelos princípios de produção em massa, ou seja, por meio da utili- zação de projetos padronizados, processos repetitivos e rigorosos. Isso acaba inviabilizando a manufatura de produtos customizados, ou seja, a variedade de produtos acaba sendo baixa. Com o desenvolvimento de novas tecnologias, o processamento, o transporte ou o armazenamento de materiais acabam se tornando mais eficientes, ao mesmo tempo que acabam permitindo maior nível de customização (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2018). Neste contexto, é importante salientar que o processamento de materiais pode ser realizado por meio da utilização de máquinas comando numérico computadorizado (CNC), sistemas gráficos Computer-aided Design, Compu- ter-aided Engineering e Computer-aided Manufacturing (CAD/CAE/CAM), manufatura aditiva, robôs e nanotecnologia, os quais serão abordados ao longo deste trabalho. Máquinas CNC Este tipo de máquina se caracteriza pela utilização de um computador, o qual é responsável por interagir e controlar a máquina operatriz. Neste caso, as Inovação tecnológica em processamento de materiais2 movimentações dos eixos ocorrem de acordo com o formato da peça a ser usinada, permitindo tolerâncias precisas e elevada capacidade produtiva. As pesquisas para o desenvolvimento do CNC tiveram início na Segunda Guerra Mundial, em razão da necessidade de produzir peças de precisão, em curtos intervalos de tempo e em grandes lotes de produção. No entanto, somente em 1953 ocorreu a primeira demonstração prática desse tipo de equipamento, que passou a ser amplamente utilizado pelas principais fabricantes de aviões. A partir de 1960, as máquinas começaram a ser aperfeiçoadas e, com o sur- gimento de novos circuitos integrados, elas passaram a ser produzidas de maneira mais compacta e com maior versatilidade (CAPELLI, 2013). Nos equipamentos CNC, qualquer alteração no programa da peça pode ser realizada apenas com a modificação do programa na própria máquina, não sendo necessário o desenvolvimento de um novo programa para pequenas alterações nas dimensões e geometrias da peça. Essa característica torna o equipamento CNC adequado também para pequenos e médios lotes de peças, tornando-se uma alternativa economicamente viável em relação a outras técnicas de automação (SOUZA; ULBRICH, 2009). Como pode ser observado na Figura 1a, um torno convencional está sendo operado de maneira manual, em que o operador é responsável pelas dimensões e características superficiais da peça. Já na Figura 1b, é possível identificar o operador de um torno CNC, em que o operador é responsável apenas pelo acionamento inicial da máquina, ou seja, ele não tem relação com as dimensões ou características superficiais da peça a ser manufaturada. Figura 1. (a) Operador de torno convencional e (b) operador de torno CNC. Fonte: Sergey RyzhovShutterstock.com; Dmitry Kalinovsky/Shutterstock.com. (a) (b) 3Inovação tecnológica em processamento de materiais Computer-aided design/drafting O acrônimo CAD deriva do inglês Computer-aided design/drafting e está relacionado à aplicação de desenhos computacionais a fim de auxiliar as etapas envolvendo desenhos e projetos. No entanto, Souza e Ulbrich (2009) explicam que a sigla CAD pode representar duas definições principais, as quais muitas vezes são empregadas de maneira errada: 1. Computer-aided design: a palavra design pode ser traduzida como projeto ou desenho industrial, o que acaba representando maior ver- satilidade desses sistemas, normalmente envolvendo modelamento geométrico tridimensional. 2. Computer-aided drafting: neste caso, a palavra drafting representa um desenho técnico, ou seja, está relacionado à utilização de vistas em duas dimensões para representar um objeto tridimensional. Os sistemas de CAD permitem a criação e a modificação de desenhos de peças ou elementos, por meio da utilização de pontos, linhas, arcos, círculos, textos e da inclusão das mais variadas formas geométricas, como pode ser observado na Figura 2. A partir do momento em que o desenho é realizado, é possível realizar a sua movimentação, copiar ou aumentar o zoom para observar de maneira mais detalhada as características do desenho realizado. Os projetos assim criados podem ser arquivados na memória do sistema e acessados sempre que houver necessidade, permitindo que seja elaborada uma biblioteca de desenhos padronizados de peças e demais componentes. É importante destacar que alguns programas permitem apenas a modelagem em duas dimensões, enquanto outros permitem a realização de desenhos tanto em duas quanto em três dimensões (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2018). Computer-aided engineering O software de CAE se baseia em um conjunto de técnicas que permitem a avaliação das características de um determinado produto. Após desenvolver o modelo de um produto em software CAD, são realizadas simulações de fenômenos físicos, por meios de métodos numéricos aproximados. A análise dos elementos finitos divide o modelo de CAD em pequenas partes, nas quais são aplicadas umconjunto de equações algébricas proporcionando os resultados desejados, em função dos tipos de cargas e das condições de contorno aplicadas Inovação tecnológica em processamento de materiais4 (ALVES FILHO, 2012). Dessa maneira, ao desenvolver um componente em software CAD, este pode ser simulado, em situações diversas, por meio da utilização de um software CAE. É importante destacar que existem programas CAE específicos em função do tipo de simulação a ser realizada. Por exemplo, o software Ansys e Nastran são mais utilizados para simular solicitações mecânicas, estáticas e dinâmicas, enquanto o Magmasoft e o Moldflow são utilizados para simular processos de obtenção de produtos plásticos e não metálicos. Além disso, a qualidade do resultado obtido está diretamente ligada com o algoritmo matemático utilizado, a geometria da peça, as solicitações mecânicas e os materiais envolvidos (SOUZA; ULBRICH, 2009). Computer-aided manufacturing O software CAM é o responsável por controlar as ferramentas da máquina e/ou o equipamento relacionado ao processo de fabricação utilizado. Além disso, o CAM também pode se referir ao controle das operações em uma planta industrial, colaborando no planejamento, na gestão, no transporte e no armazenamento de matéria-prima. Esse software tem como principal objetivo a criação de um processo de produção mais rápido e mais preciso. O CAM trata-se de um processo posterior ao CAD e, em algumas vezes, posterior ao CAE. Ou seja, um modelo é gerado em CAD, passa por uma simulação em CAE e, por fim, é utilizado como a entrada para o software CAM, que controla a máquina-ferramenta (SALDANHA, 2017). Figura 2. (a) Máquina CNC usinando uma peça enquanto interpreta os dados da progra- mação; (b) modelo de programação utilizado em fresadora CNC. Fonte: Pixel BShutterstock.com; ROMI ([2015]). (a) (b) 5Inovação tecnológica em processamento de materiais Esse tipo de software também é amplamente utilizado para a geração de programas CNC, calculando as trajetórias da ferramenta que irá realizar a usinagem, além de simular a movimentação da máquina para certificação e geração desses programas, que serão utilizados para a fabricação da peça (SOUZA; ULBRICH, 2009). Como você já deve ter percebido, CAD/CAE/CAM podem ser facilmente confundidos. Dessa maneira, o vídeo a seguir tem como objetivo distinguir esses programas, a fim de evitar que você se confunda quando houver necessidade de identificá-los ou distingui-los. https://qrgo.page.link/BU5Fc Manufatura aditiva A manufatura aditiva se caracteriza pela utilização de equipamentos capazes de fabricar objetos por meio da adição de material, camada por camada, a partir de um modelo em três dimensões, normalmente obtido por meio de um sistema CAD. Dessa maneira, o conceito de produção por adição de material encontra-se de maneira oposta à produção por métodos convencionais, em que a peça é obtida mediante a remoção de material, como no caso da usinagem (RODRIGUES et al., 2017). Inicialmente, os equipamentos de manufatura aditiva eram conhecidos como máquinas de prototipagem rápida (rapid prototyping), as quais surgiram a partir da década de 1980. A expressão prototipagem rápida teve origem em função da rapidez com que a máquina produzia os protótipos tridimensionais (CAMPBELL; BOURELL; GIBSON, 2012). No final dos anos 80, as evolu- ções das máquinas de prototipagem rápida proporcionaram o surgimento da expressão manufatura aditiva, em que era possível desenvolver produtos ou componentes definitivos, ao invés de somente protótipos (SOUZA; ULBRICH, 2009). Inovação tecnológica em processamento de materiais6 Como pode ser observado na Figura 3, o produto vai sendo manufaturado de acordo com a movimentação tridimensional do injetor de material, no qual o material vai sendo depositado de acordo com o modelo da peça desenvolvida em software CAD. Figura 3. Impressora 3D com tecnologia de automação robótica. Fonte: asharkyu Este vídeo sobre manufatura aditiva explica mais detalhadamente o seu funcionamento e as três principais técnicas utilizadas no desenvolvimento de produtos industriais, próteses, entre outros. Para saber mais, acesse o link a seguir. https://qrgo.page.link/W4frh 7Inovação tecnológica em processamento de materiais Robótica Durante a Segunda Guerra Mundial, foi necessário desenvolver equipamentos que permitissem a manipulação de urânio e outros materiais, a fim de evitar o contato nocivo com seres humanos. Esse robô foi desenvolvido para trans- portar as barras radioativas por meio de mecanismos motorizados acionados remotamente (SANTOS; GORGULHO JÚNIOR, 2015). Nas últimas décadas, a área da robótica avançou de maneira significativa, em função do desenvolvimento de novos hardware e software. Em relação ao hardware, ele passou a ser miniaturizado, resultando na redução de seu custo e peso, o que acaba impactando em menor consumo de energia para a realização das suas atividades. Além disso, ele tem se tornado mais preciso, robusto e com maior autonomia. Isso está diretamente ligado ao desenvolvi- mento de novos programas, pois quanto maior a quantidade e precisão das informações coletadas, maior será a quantidade de algoritmos nas áreas de controle, tomada de decisão, processamento de imagens, reconhecimento de voz, entre outros (ROMERO et al., 2017). Para Santos e Gorgulho Júnior (2015), o estado da arte de robôs industriais implica em tarefas que correspondem a movimentação, medição e manipulação de ferramentas. Até agora, você leu sobre a evolução da robótica e quais são as tarefas que podem ser realizadas por robôs. Você recorda que Santos e Gorgulho Júnior (2015), afirmaram em seus estudos que as tarefas básicas de um robô industrial consistem em movimentação, medição e manipulação de ferramentas? Vejamos, a seguir essa classificação das tarefas. � Movimentação: realiza atividades como armazenagem, carga e descarga e paletização. � Medição: incorpora atividades como inspeção de objetos e detecção de falhas na manufatura. � Manipulação: efetua atividades de manuseio básico, como soldagem, pintura, usinagem, corte a laser, montagem e parafusamento. Inovação tecnológica em processamento de materiais8 A utilização de robôs na indústria tende a aumentar cada vez mais em razão de suas características relacionadas ao alto grau de eficiência e organização. O vídeo a seguir trata da movimentação de materiais em um centro de distribuição da Amazon, podendo ser observado o sincronismo entre os robôs ao longo do transporte dos produto. https://qrgo.page.link/SUQwZ Nanotecnologia O conceito de realizar ciência e engenharia em nanoescala teve início em 1959, quando o físico Richard Frenman realizou uma palestra intitulada Há muito espaço lá embaixo. A partir desse momento, esforços foram conduzidos em busca do desenvolvimento de nanofabricação e obtenção de imagens atômicas (SHACKELFORD, 2008). No entanto, somente nos anos 80, com a invenção de novas técnicas de microscopia, foi possível visualizar partículas nanomé- tricas, por meio da utilização de microscópios de varredura por tunelamento (SOUSA et al., 2018). Porém, mesmo nos dias de hoje, partículas nanométricas são difíceis de serem detectadas, exigindo a utilização de equipamentos específicos e de custo elevado. A nanotecnologia vai muito além da observação das características nanométricas dos materiais e busca controlar essas características em um projeto de engenharia funcional, de maneira que as características mecânicas, elétricas e térmicas do material sejam melhoradas (SHACKELFORD, 2008). Em relação aos processos de fabricação realizados em escalas nanométricas, estes dividem-se em duas categorias básicas. Veja a seguir a perspectiva de Groover (2014). 1. Abordagem micronano: ocorre “de cima para baixo”, ou seja, envol- vem processos de remoção de material para a obtenção de geometrias desejadas. 2. Abordagem pico-nano: é realizado “de baixo para cima”,por meio da manipulação de átomos e moléculas que, quando combinados, resultam em estruturas maiores. Essa abordagem também pode ser descrita como processo aditivo, pois constrói o objeto em nanoescala, a partir de componentes ainda menores. 9Inovação tecnológica em processamento de materiais Vantagens das tecnologias de processamento de materiais Vantagens das máquinas CNC Barrios, Pivetta e Yoshikawa (2011) destaca que diversos são os benefícios obtidos por meio da utilização de máquinas-ferramenta CNC, dentre os quais podem ser citados: � rapidez na fabricação de peças de geometria variada, com precisão e com bom acabamento superficial; � execução de usinagens com tolerâncias dimensionais e geométricas mais precisas; � redução de custos e do inventário no processo; � melhor repetibilidade na geometria e dimensões das peças produzidas; � melhor gerenciamento da produção, por meio do monitoramento remoto do status de cada máquina. Além destas vantagens, as máquinas CNC também proporcionam redução de tempo não produtivo, aumento da flexibilidade de fabricação e redução do erro humano (GROOVER, 2014). Vantagens de CAD/CAE/CAM Estes sistemas permitem que os produtos sejam testados, simulados e validados sem a necessidade de produzir um protótipo fisicamente. Dessa maneira, a empresa acaba diminuindo custos de produção, além de permitir que o projeto do produto seja realizado em menos tempo, pois situações desfavoráveis podem ser identificadas logo no início do projeto, evitando retrabalho e perda de capital investido (BACK et al., 2008). Vantagens da manufatura aditiva As características básicas desse tipo de processamento de materiais são a redução do número de etapas e processos na fabricação de um objeto, assim como a economia de material utilizado. Ao produzir uma única peça de ge- ometria complexa por meios convencionais, pode ser necessária a utilização Inovação tecnológica em processamento de materiais10 de diversas máquinas, ferramentas específicas e de diversos processos de usinagem e de acabamento até o produto final. Por outro lado, uma máquina de manufatura aditiva pode produzir a peça em uma única etapa ou em um número significativamente menor de etapas. Outro fato de destaque está rela- cionado à deposição de material, camada por camada, evitando o desperdício de materiais (cavaco). Dessa forma, a manufatura aditiva serve como meio de produção rápido e de geometrias complexas (GUO; LEU, 2013). Além das vantagens já citadas, Volpato (2017) destaca sobre esse tipo de processamento de material: � não necessita de dispositivos de fixação; � não existe troca de ferramentas durante o processo, como no caso do CNC; durante o processamento, o material é utilizado do início ao fim do processo; � o planejamento do processo é simplificado, pois utiliza cálculos simples para as trajetórias da ferramenta; � é ideal para fabricação de baixa quantidade de componentes ou aplica- ções altamente customizadas, em razão da sua rapidez; � algumas tecnologias permitem misturar materiais diferentes, ou até mesmo alterar a densidade do material durante o processamento, re- sultando em uma variação das propriedades ao longo da peça. Vantagens da robótica Se analisarmos a execução de tarefas realizadas por robôs, notamos que tarefas simples e fáceis para um ser humano realizar apresentam um elevado grau de complexidade para robôs. Nesse caso, vamos utilizar os seguintes exemplos: abrir uma porta, subir/descer uma escada, recolher a roupa do varal, lavar louça, etc. Por outro lado, os robôs conseguem desenvolver tarefas extrema- mente difíceis para os seres humanos, de uma maneira muito simples. Para essa situação, é possível citar os seguintes exemplos: operações matemáticas, controle e precisão de ferramentas (robôs cirurgiões), busca por informações de maneira rápida e eficaz, desativação de bombas (robôs militares), entre outras tarefas. No entanto, Santos e Gorgulho Júnior (2015) salientam que, ao compararmos a realização de tarefas entre homens e robôs, é importante destacar algumas vantagens que os robôs apresentam: 11Inovação tecnológica em processamento de materiais � não se cansam; � não necessitam de salário; � podem manter ritmo e qualidade uniforme na produção; � não necessitam de condições ambientais especiais, tais como ar-con- dicionado, luz, silêncio, etc. Vantagens da nanotecnologia As partículas manométricas se caracterizam pela sua estrutura, podendo apresentar características supercondutoras ou semicondutoras, no que diz respeito tanto a energia elétrica quanto à energia térmica. Outra vantagem da utilização desse tipo de tecnologia está relacionada a sua eficiência em relação à condutividade elétrica, pois os nanotubos metálicos apresentam poucos defeitos nas suas ligações químicas, evitando o aquecimento, e sua respectiva dissipação ao meio ambiente, em razão da passagem dos elétrons. Em relação as suas características mecânicas, os nanotubos apresentam densidade seis vezes menor se comparados aos aços comumente utilizados na indústria, enquanto seu módulo de elasticidade é cinco vezes maior e sua resistência à tração seja 100 vezes superior. Além disso, sua aplicação se destaca na medicina, sendo que as nanomoléculas têm diversos pontos de ligação, permitindo tratamento especial de diversas doenças por meio da utilização de medicamentos espe- cíficos, assim como pode estar presente em pomadas para queimaduras e na realização de diagnósticos por imagem (GROOVER, 2014). Três leis da robótica, criadas pelo escritor russo-americano Isaac Asimov (Santos e Gorgulho Júnior, 2015): � 1ª lei: um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um humano seja ferido. � 2ª lei: um robô deve obedecer às ordens dadas por humanos, exceto quando isso conflitar com a primeira lei; � 3ª lei: um robô deve proteger sua própria existência, a menos que isso conflite com a primeira ou a segunda lei. Inovação tecnológica em processamento de materiais12 Limitações dos processos utilizados no processamento de materiais Limitações das máquinas CNC Como limitações, essas máquinas apresentam investimento inicial elevado, além de exigir operadores devidamente treinados e manutenção especializada. A utilização destas máquinas também está diretamente relacionada a produção em massa, sendo que para pequenos lotes de peças sua aquisição acaba se tornando inviável, devido ao elevado custo de produção das peças (BARRIOS; PIVETTA; YOSHIKAWA, 2011). Limitações de CAD/CAE/CAM De acordo com Figueira (2002/2003), em relação a software gráfico, este apresenta praticamente as mesmas limitações, tendo em vista que o seu de- senvolvimento apresenta características similares entre si: � custo inicial do equipamento elevado; � custo da aquisição do software elevado; � o manuseio do software exige treinamento de seus operadores, sendo necessário investimentos na capacitação dos profissionais. Limitações da manufatura aditiva Por mais que esse tipo de processamento de material apresente características promissoras, Volpato (2017) destaca algumas restrições ou deficiências da manufatura aditiva como processo de fabricação: � como a fabricação é obtida por camadas, o material apresenta caracte- rísticas anisotrópicas, resultando em algumas limitações na aplicação de peças por esse processo; � a precisão e o acabamento superficial são inferiores às peças obtidas por meio dos processos convencionais; 13Inovação tecnológica em processamento de materiais � há limitação quanto à escolha de materiais que podem ser empregados, sendo que muitos materiais são desenvolvidos especificamente para essa dada tecnologia; � a nível industrial, o custo envolvido é elevado, principalmente pela aquisição e operação do equipamento, além do material e de demais insumos do processo; � há problemas como distorções e empenamento, em virtude da natureza térmica/química do processo; � a produçãoem grandes lotes é lenta e tem custo mais elevado, se com- parado aos processos tradicionais. Limitações da robótica O principal fator que impede a adoção em massa de robôs nas indústrias está relacionado ao seu o elevado custo de aquisição. Ou seja, dependendo da área em que o robô será utilizado, o tempo necessário para recuperar o investimento inicial (custos de compra, instalação e manutenção) pode ser a longo, invia- bilizando a sua aquisição. É importante salientar que esse tempo não é fixo e depende do tipo de fábrica em que o robô será instalado e da sua aplicação (SANTOS; GORGULHO JÚNIOR, 2015). O autor ainda complementa que, ao adquirir um robô, os seguintes fatores devem ser considerados: � número de empregados substituídos pelo robô; � número de turnos por dia; � acréscimos na produtividade; � custo de projeto; � custo dos equipamentos periféricos; � custo de manutenção. Limitações da nanotecnologia Em razão da sua escala métrica ser extremamente pequena, os processos de fabricação desse tipo de processamento são bastante limitados, além de apresentar custos elevados e de difícil obtenção. Por se tratar de uma tecno- logia “nova”, espera-se que num curto e médio espaço de tempo esteja mais difundida no mercado, de forma que seja possível aplicar esse processo de uma forma mais ampla, seja na utilização industrial, medicinal ou militar. Inovação tecnológica em processamento de materiais14 ALVES FILHO, A. Elementos finitos: a base da tecnologia CAE: análise não linear. São Paulo: Érica, 2012. BACK, N. et al. Projeto integrado de produtos: planejamento, concepção e modelagem. Barueri, SP: Manole, 2008. BARRIOS, D. B.; PIVETTA, L. A.; YOSHIKAWA, N. K. Mecânica: métodos e processos indus- triais. São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2011. CAMPBELL, I.; BOURELL, D.; GIBSON, I. Additive manufacturing: rapid prototyping comes of age. Rapid Prototyping Journal, v. 18, n. 4, p. 255−258, 2012. CAPELLI, A. Automação industrial: controle do movimento e processos contínuos. 3. ed. São Paulo: Érica, 2013. FIGUEIRA, R. J. C. de M. CAD/CAE/CAM/CIM. [S. l.], 2002/2003. Disponível em: http://www. dei.isep.ipp.pt/~paf/proj/Julho2003/CAD_CAE_CAM_CIM.pdf. Acesso em: 26 nov. 2019. GROOVER, M. P. Introdução aos processos de fabricação. Rio de Janeiro: LTC, 2014. GUO, N.; LEU, M. C. Additive manufacturing: technology, applications and research needs. Frontiers of Mechanical Engineering, v. 8, n. 3, p. 215–243, 2013. RODRIGUES, V. P. et al. Manufatura aditiva: estado da arte e framework de aplicações. Revista Gestão da Produção Operações e Sistemas, v. 12, n. 3, p. 1−34, 2017. Disponível em: https://revista.feb.unesp.br/index.php/gepros/article/view/1657. Acesso em: 26 nov. 2019. ROMERO, R. A. F. et al. (org.). Robótica móvel. Rio de Janeiro: LTC, 2017. ROMI. Manual de programação e operação: linha CENTUR CNC Siemens 828D. [S. l., 2015?]. Disponível em: http://joinville.ifsc.edu.br/~valterv/CNC_CAM/Manual%20 de%20programa%C3%A7%C3%A3o%20Torno%20Romi.pdf. Acesso em: 26 nov. 2019. SALDANHA, L. CAD, CAE e CAM: qual a diferença? Salvador, 2017. Disponível em: https:// www.4ieng.com.br/single-post/2017/03/16/CAD-CAE-E-CAM-Qual-a-diferenca-entre- -eles. Acesso em: 26 nov. 2019. SANTOS, W. E.; GORGULHO JÚNIOR, J. H. C. Robótica industrial: fundamentos, tecnologias, programação e simulação. São Paulo: Érica, 2015. SHACKELFORD, J. F. Introdução à ciência dos materiais para engenheiros. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. SLACK, N.; BRANDON-JONES, A. B.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 15Inovação tecnológica em processamento de materiais SOUSA, C. R. S. et al. Nanotecnologia e nanociência: considerações histórica e interdis- ciplinar. UNIEURO, n. 25, nesp., p. 150−178, 2018. Disponível em: http://www.unieuro. edu.br/sitenovo/revistas/revista_hegemonia_25/C%C3%A9sar%20Sousa%20(8).pdf. Acesso em: 26 nov. 2019. SOUZA, A. F. de; ULBRICH, C. B. L. Engenharia integrada por computador e sistemas CAD/ CAM/CNC: princípios e aplicações. São Paulo: Artliber, 2009. VOLPATO, N. (org.). Manufatura aditiva: tecnologias e aplicações da impressão 3D. São Paulo: Blucher, 2017. Os links para sites da web fornecidos neste livro foram todos testados, e seu funciona- mento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Inovação tecnológica em processamento de materiais16
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