Prévia do material em texto
CCJ 0047/0149– PRÁTICA SIMULADA III Aula 7: RELAXAMENTO DE PRISÃO 1 PRATICA SIMULADA III AULA 7 – RELAXAMENTO DE PRISÃO No dia 15/11/2016, por volta das 22 horas, Matias conduzia veículo automotor, marca Volkswagen, modelo Gol, placa XYX0611, pela Av. Brasil, na Comarca da Capital, na altura do nº YY, quando foi abordado por uma guarnição da Policia Militar, sendo certo que os policiais constataram que o Matias dirigia veículo produto de crime. Desta maneira, Matias foi preso em flagrante delito pelos PM´s como incurso nas penas do art. 180, do CP. Já em sede policial, a Sra. Miranda , proprietária do veículo, reconheceu, em conformidade com o art. 226 do CPP, Matias como autor do crime de roubo ocorrido 2 dias antes, ou seja, em 13/11/2016. Observado o procedimento de lavratura do Auto de Prisão em Flagrante, Matias agora encontra-se preso, como autor do delito previsto no art. 180 do CP. Você, advogado criminalista é procurado pela família de Matias para tomar as medidas cabíveis nesse caso. 2 PRATICA SIMULADA III AULA 7 – RELAXAMENTO DE PRISÃO Fundamento: artigo 5º, LXV, CF. / Conceito: peça cabível para libertar quem foi preso em flagrante de forma ilegal. / Prazo: enquanto perdurar a prisão ilegal. Como identificá-lo: o seu cliente foi preso em flagrante. Entretanto, o problema não dirá expressamente que a prisão foi ilegal, deve ser esta a análise a ser feita. A prisão em flagrante está prevista nos artigos 301/310 do Código de Processo Penal, onde há o procedimento a ser adotado pela autoridade policial no momento da prisão. Não atendidos os ditames legais, a prisão será ilegal. No entanto, a ilegalidade pode ser decorrente da inobservância de outros dispositivos do CPP, e não apenas dos artigos que tratam especificamente do flagrante. O interessante é que o examinando pesquise hipóteses de ilegalidade durante a sua preparação, pois não há como elaborar um rol taxativo. Importante: não se esqueça de pedir a expedição do alvará de soltura. Atenção: se o problema falar em decisão que nega o pedido de relaxamento, a peça cabível será o Habeas Corpus ao Tribunal. 3 PRATICA SIMULADA III AULA 7 – RELAXAMENTO DE PRISÃO Dica: o exemplo mais comum de prisão em flagrante ilegal é aquela ocorrida em seguida da apresentação espontânea. Imagine a seguinte situação: A mata B. No dia seguinte, A se apresenta espontaneamente ao delegado, que o prende em flagrante. Na hipótese, a prisão será ilegal, pois não há o que se falar em flagrância quando o suspeito, por vontade própria, se entrega à autoridade policial. Contudo, não confunda: se, durante uma perseguição, logo após o delito, o suspeito desiste de fugir e se entrega, não teremos a situação de apresentação espontânea (veja o artigo 302 do CPP). 4 PRATICA SIMULADA III AULA 7 – RELAXAMENTO DE PRISÃO Os tipos NÃO permitidos de Flagrante são: FORJADO. Exemplo de flagrante forjado é quando o policial induz o agente ao cometimento da infração. P. ex. É o caso da droga que é colocada dentro de um veículo com o único objetivo de, em momento posterior, efetuar a abordagem e prender a pessoa pelo transporte da droga. PREPARADO OU PROVOCADO: Exemplo de flagrante preparado: sabendo que, em determinado bairro, há grande incidência de furto de veículos, a polícia estaciona um automóvel em uma das vias da região e, em campana, aguarda até que alguém o subtraia. No momento em que o ladrão arromba a porta do veículo, a polícia efetua a sua prisão em flagrante. Perceba que, nesta hipótese, por mais que o ladrão fosse habilidoso, o crime jamais se consumaria – crime impossível, portanto (CP, art. 17). 5 PRATICA SIMULADA III AULA 7 – RELAXAMENTO DE PRISÃO 1. Peças em que pode ser discutida: a ilegalidade de uma prisão em flagrante pode ser objeto de discussão em quatro peças: a) relaxamento da prisão em flagrante; b) habeas corpus; c) recurso em sentido estrito (CPP, art. 581, X); e d) recurso ordinário constitucional (CF, arts. 102 e 105, II, a). Em todas elas, o debate deve girar em torno do momento da prisão (CPP, arts. 301a 303) ou do procedimento de lavratura do auto de prisão em flagrante (CPP, arts. 304 a 309). Como identificá-las no enunciado proposto pela banca: a) Relaxamento da prisão em flagrante: o enunciado descreverá um caso em que seu cliente foi preso em flagrante e que o auto de prisão em flagrante foi lavrado por autoridade policial. A peça deve ser endereçada ao juiz de primeira instância; b) Habeas corpus: desde a unificação, nunca caiu no Exame de Ordem, e penso que não cairá no futuro. De qualquer forma, o HC é cabível para a discussão de qualquer hipótese de prisão ilegal, salvo quando existir recurso cabível para debatê-la; c) Recurso em sentido estrito (RESE): o problema descreverá hipótese em que o juiz de primeira instância denega ordem de HC. A peça deve ser endereçada ao tribunal (TJ ou TRF); d) Recurso ordinário constitucional (ROC): o enunciado descreverá situação em que foi denegada ordem de HC por TJ, TRF ou por Tribunal Superior. Também é cabível recurso ordinário constitucional quando o TJ ou o TRF nega provimento a recurso em sentido estrito interposto contra decisão denegatória de HC – o juiz de primeira instância denega o HC; o TJ nega provimento ao RESE e, desta decisão, cabe ROC. 6 PRATICA SIMULADA III AULA 7 – RELAXAMENTO DE PRISÃO EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA ____.(Item 01: Endereçamento correto) Processo nº xxxxxxxx-xx.xxxx.x.xx.xxxx MATIAS, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de identidade n. ____, inscrito no CPF/MF sob o n. ____, residente e domiciliado no endereço, na comarca de ____, por seu advogado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, requerer o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE com fulcro no artigo 5º, inciso LXV, da Constituição Federal, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: (Item 02: Indicação correta do dispositivo legal que embasa a resposta.) 7 PRATICA SIMULADA III AULA 7 – RELAXAMENTO DE PRISÃO I - DOS FATOS: (Item 03 - a exposição dos fatos) Na data de ____, por volta das 22h, o requerente conduzia veículo automotor, marca Volkswagen, modelo Gol, placa XYX0611, pela Av. Brasil, na Comarca da Capital, na altura do nº YY, quando foi abordado por Policiais Militares que constataram que o sujeito dirigia veículo produto de crime. Desta maneira, o requerente foi conduzido a sede policial onde foi lavrado APF nº xxxxx, sendo o mesmo incurso nas penas do art. 180, do CP. Insta salientar que a vítima e proprietária do veículo roubado, Sra. Miranda, reconheceu o requerente como ator de delito de roubo ocorrido 2 dias antes desconfigurando-se, assim, a situação de flagrante delito. 8 PRATICA SIMULADA III AULA 7 – RELAXAMENTO DE PRISÃO II – DO DIREITO (Item 04 - a exposição das teses de direito) A prisão deve ser imediatamente relaxada, pois ocorreu de forma ilegal. De acordo com o artigo 302 do Código de Processo Penal, considera-se em flagrante delito quem: a) está cometendo a infração penal; b) acaba de cometê-la; c) é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; d) é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. 9 PRATICA SIMULADA III AULA 7 – RELAXAMENTO DE PRISÃO No caso em discussão, o requerente não encontrava-se em qualquer das hipóteses acima descritas em relação ao delito que cometeu. Na verdade o requerente, como já dito, foi reconhecido como autor de crime diverso ocorrido 2 dias antes. É sabido que a prisão em flagrante é a medida necessária para evitar a continuidade do ato delituoso, ou, caso já consumado, para que o suspeito não fuja, o que poderia causar imenso prejuízo à investigação do delito e posterior ação criminal. Portanto, a prisão em flagrante do requerente é manifestamente ilegal, sendo imperioso o imediato relaxamento, nos termos do artigo 5º, LXV, da Constituição Federal10 11 A autorização legal da prisão se dá pela evidência da autoria e da materialidade. É exigida a conjunção de três fatores, senão vejamos: 1. Requisito de atividade (Perseguição); 2. Requisito Temporal (Logo após); 3. Elemento circunstancial (Situação que faça presumir a autoria). Acerca destas circunstâncias, Machado (2005) assevera que a prisão em flagrante necessita de duas: que a perseguição se inicie logo após o cometimento do delito e que o agente perseguido esteja identificado desde o inicio da perseguição, mesmo que seja capturado muito tempo depois da prática do delito. Assim, diante da ausência do elemento temporal, o flagrante resta claramente ilegal não havendo outro solução que a necessidade de relaxamento da prisão. 12 Outras Ilegalidades do Flagrante: EMENTA: "HABEAS CORPUS" — PRISÃO EM FLAGRANTE — PRAZO PARA ENVIO DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE À AUTORIDADE JUDICIAL — LEI 11.449/2007. A Lei 11.449, publicada em 16 de janeiro de 2007, aplica-se à prisão ocorrida em 23 de março de 2007, devendo, para regularidade do flagrante, serem suas peças enviadas ao juiz competente no prazo de vinte e quatro horas contado da prisão do paciente. HABEAS CORPUS N° 1.0000.07.454034-5/000 - COMARCA DE POUSO ALEGRE - PACIENTE(S): ANTONIO DA ROCHA MARMO SANTOS - AUTORID COATORA: JD 3 V CR PRECATÓRIAS CV CR COMARCA POUSO ALEGRE - RELATORA: EXMª. SRª. DESª. JANE SILVA PRATICA SIMULADA III AULA 7 – RELAXAMENTO DE PRISÃO III – DOS PEDIDOS (Item 05 – no pedido tem que constar o requerimento de alvará de soltura) Diante do exposto, requer seja deferido este pedido de relaxamento da prisão em flagrante, para que se expeça o respectivo alvará de soltura em favor do requerente, como medida de justiça. Nesses Termos, Pede deferimento. Loca e data. _________________________________________ ADVOGADO OAB 13