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ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL

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www.facuminas.com.br 
 
ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL 
 
 
 
 
MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA N° 3.445 DO DIA 19/11/2003 
 
 
1 
 
 
Sumário 
PARTE 1 O QUE É ÉTICA? ............................................................................... 3 
ÉTICA GERAL .................................................................................................... 3 
A HISTÓRIA ....................................................................................................... 8 
TEORIAS ÉTICAS ............................................................................................ 17 
OS TIPOS DE ÉTICA ....................................................................................... 24 
PARTE 2 - ÉTICA PROFISSIONAL ................................................................. 30 
CÓDIGOS DE ÉTICA PROFISSIONAL E AS REGRAS DEONTOLÓGICAS .. 37 
AS RELAÇÕES UNIVERSAIS DA ÉTICA COM O MUNDO DO TRABALHO .. 42 
REFERENCIAS ................................................................................................ 49 
 
 
 
2 
 
 
FACUMINAS 
 
 
 
A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um 
grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos 
de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
3 
 
 
PARTE 1 O QUE É ÉTICA? 
ÉTICA GERAL 
Etimologicamente, a palavra “ética” vem do grego Ethos que significa 
morada coletiva e vida coletiva. Daí o conceito ser usado para ações que 
promovam o bem comum ou a justiça no meio social. Devido ao fato de que os 
gregos a utilizavam no sentido de hábitos e costumes que privilegiassem a boa vida 
e o bem viver entre os cidadãos, com o tempo tal palavra passou a significar modo 
de ser ou caráter. Enfim, um modelo de vida que deveria ser adquirido ou 
conquistado pelo homem por meio da disciplina rígida que lhe formaria o caráter 
e que seria transmitida aos jovens pelos adultos. Na Grécia, o homem aparece no 
centro da política, da ciência, da arte e da moral, uma vez que para sua cultura até 
os deuses eram humanos com seus defeitos e qualidades. O primeiro filósofo que 
escreveu sobre ética foi Aristóteles. Com esse título, Aristóteles escreveu duas 
obras: ética a Nicômaco (seu filho) e ética a Eudemo (seu aluno). 
Os filósofos gregos sempre subordinaram a ética às ideias de felicidade 
da vida presente e de soberano bem. Nos textos antigos, ética quase sempre 
parece estar relacionada com desejo inato ao homem de busca da realização do 
supremo bem. A filosofia grega preocupa-se com a reflexão sobre ética desde 
os primórdios. Isso porque ética, ou a sede de justiça, é uma das três dimensões 
da filosofia. As outras duas seriam a teoria e a sabedoria. Em Roma, ética passa 
a ser denominada “mores”; que significa “moral”. No direito romano a palavra 
ética refere-se a normas de conduta ou princípios que regem a sociedade ou um 
determinado grupo e em uma determinada época. Numa palavra: lei. 
A ética é histórica, o que se deve ao fato de estar solidificada em noções 
de valor, que mudam à medida que se descobrem novas verdades. O agir ético 
não será apenas uma simples reprodução de ações das gerações anteriores, 
mas uma atividade reflexiva que oriente a ação a seguir num determinado 
momento de nossa vida pessoal. Quando surgem questionamentos sobre a 
validade de determinados valores ou costumes, e a realidade exige novos 
 
4 
 
valores que possam orientar a ética, surge a necessidade de uma teoria que 
justifique esse novo agir, uma vez que é impossível a ação ética sem que o 
agente compreenda a racionalidade dessa ação. Aqui aparecem os filósofos que 
produzem uma reflexão teórica que oriente a prática ou a crítica do viver ético. 
Assim, não é possível o agir ético sem uma reflexão entre o que eu devo 
fazer e o que eu gostaria de fazer em um determinado momento. A ação ética 
sempre deve buscar o bem comum e consiste na recusa de todas as ações que 
propiciem o mal. O agir ético vai além de um conjunto de preceitos relacionados 
a cultura, crenças, ideologias e tradições de uma sociedade, comunidade ou 
grupo de pessoas. Muitas vezes nossa ação vai ao sentido oposto a essas 
crenças, pois sendo a noção de dever seu principal valor estrutural, em algumas 
ocasiões, o nosso dever é justamente indignar-se com tais crenças. Uma vez 
que guiada pela razão e não pelas crenças, a ética, via de regra, está 
fundamentada nas ideias de bem e virtude, que nossa civilização considera 
como valores que devem ser perseguidos por todo ser humano para a promoção 
da vida, da maneira e onde quer que ela se manifeste. 
A ÉTICA E A MORAL 
Frequentemente se confunde ética com moral e isso tem uma razão de ser. 
É que a palavra “moral” vem do latim mos (singular) e mores (plural), que significa 
“costumes”. E a palavra “ética” vem do grego e possui o mesmo significado, ou 
seja, “costumes”. Por isso, muitos utilizam a expressão “bons costumes” como 
sinônimo de moral ou moralidade. Ética e moral são sinônimos perfeitos, só 
modificados semanticamente devido às diferentes línguas de origem das duas 
palavras. Até o século XVIII, já que a língua oficial do saber acadêmico era o 
latim, a palavra usada é moral. 
Alguns filósofos modernos passam a usar as duas palavras com sentido 
diferentes. Kant, por exemplo, define como moral o conjunto de princípios gerais 
(valores civilizatórios) e ética sua aplicação concreta. Portanto, ética é sempre um 
agir ético. Outros filósofos concordarão em designar por moral a teoria dos deveres 
para com os outros, e por ética a doutrina de salvação e sabedoria desvinculada de 
 
5 
 
crenças religiosas. Hoje nós temos duas palavras usadas por muitos autores com o 
mesmo significado: “ética” e “moral”. 
Devido ao fato de o pensamento kantiano ter uma importância medular para 
quem se interessa pela reflexão sobre ética no mundo capitalista, preferimos 
compreender que ética se diferencia de moral. Moral está mais relacionada a 
crenças estruturadas em valores acumulados desde a mais tenra infância e 
transmitidos pelos grupos sociais de interação afetiva, tais como a família e a 
Igreja. Moral está diretamente relacionada à consciência de que é o lócus 
privilegiado dos valores, enquanto que a ética é a exteriorização da conduta 
humana em sociedade. Além disso, desde o início os pensadores liberais 
preferiram a palavra “ética” para expressar normas de conduta de grupos 
organizados, como, por exemplo, as categorias profissionais e seus códigos de 
ética. 
Compreendemos que a moral está muito ligada à cultura 
e à religião. Assim, em uma cidade como São Paulo, em que convivem muitas 
culturas, podem também coexistir diversos tipos de moral. Esses diversos grupos 
de moral específicos sempre se reportam aos valores éticos fundamentais que, 
na verdade, são os traços comuns da civilização.Portanto, ética é um conjunto 
de valores morais que permitem a permanência da civilização. Sem esses 
valores a civilização como conhecemos desapareceria. Seus fundamentos foram 
construídos durante todo o processo civilizador, e são iguais para todos os 
cidadãos do mundo ocidental, independentemente de cultura ou religião. Ela 
carrega fundamentos que tiveram origem no pensamento cristão na medida em 
que esses fundamentos contribuíram para a formação do pensamento ocidental. 
Contudo, não é a transposição pura e simples dos valores da religião para o 
campo civilizatório. 
Hoje a imprensa costuma usar a palavra “ética” com muita frequência, às 
vezes até de forma abusiva. Essa insistência com que se fala de ética hoje se 
deve ao fato de o capitalismo ter-se Mundializado pois sem os valores éticos é 
impossível a reprodução da sociedade capitalista. Isso porque o capitalismo é 
irmão gêmeo da democracia, uma vez que ambos nascem do pensamento liberal 
 
6 
 
e um não vive sem o outro. Como os pilares basilares da democracia são a 
liberdade pessoal, a busca da felicidade e o individualismo, não há espaço para 
a vigilância constante das ações individuais numa sociedade de direitos plenos. 
Tal sociedade é a única possível para o bem-estar do Capital. 
Para a mentalidade moderna, ética não pode ser entendida como algo 
que resulta de um poder punitivo explícito, como é o caso da Moral. A punição 
que a transgressão do agir ético traz é de consciência individual, portanto, 
absolutamente individual, e essa consciência é formada no processo educativo. 
Se nossa consciência não considerar a apropriação da propriedade alheia, por 
exemplo, como um mal e sim como uma esperteza, isto é, um bem; não haverá 
como impedir que façamos uso indevido do que não é nosso. 
Assim, a sociedade capitalista e democrática aceita a existência de 
diferentes formas de conduta moral no aspecto privado, desde que a conduta 
pública esteja em conformidade com as virtudes que a estruturam, ou seja, 
dentro da ética. Entende que a sociedade tem um conjunto de regras, normas e 
valores, que não se identifica com os princípios e normas de nenhuma moral em 
particular, mas com os valores formadores do núcleo da civilização, sem os quais 
a civilização entra na barbárie, a luta de todos contra todos em que os direitos – 
inclusive à propriedade e ao lucro – são destruídos, pois não há como obrigar as 
pessoas a cumprirem seus deveres. A ética é, nesse sentido, a própria defesa 
da civilização. 
Sendo cultural, a moral é o conjunto de regras que se impõem às pessoas 
pelo grupo ao qual pertencem, numa ação coletiva que tende a agir de 
determinada maneira, sendo a consolidação de práticas e costumes observados 
no geral pelo receio de uma reprovação social (a pressão é externa). Partindo 
desse pressuposto, todo ser humano é moral ao cumprir normas de conduta 
oriundas de um conjunto de crenças inquestionáveis dentro de sua cultura. No 
entanto, ética envolve reflexão, por isso não significa apenas um conjunto de 
normas, mas vai além. Ela é um conjunto de juízos valorativos (racionais) 
construídos pela civilização, assumidos e manifestados na ação individual de 
 
7 
 
cada um (a pressão é interna). Está estruturada em valores de conduta. É 
sempre civilizatória. 
Como ao tratar de ética sempre nos referimos ao conceito de valor, é 
importante um olhar, ainda que breve, sobre esse conceito. Ele aparece pela 
primeira vez no sentido que hoje damos nos primeiros trabalhos sobre economia. 
A ciência econômica moderna difere das demais ciências sociais pela capacidade 
de quantificar, senão a atividade econômica, pelo menos seus frutos, ou seja, o 
produto social. Está estruturada em leis universais tais como: lei da oferta e da 
procura, a lei do valor da moeda, entre outras. O que torna possível de medição e 
avaliação das relações econômicas, como acontecem e em que medidas acontecem, 
é o conceito de valor, cuja ideia essencial foi, segundo Weber, retirada da ética 
protestante cristã. 
A utilização da ideia de valor como conceito de “algo” que é incorporado à 
mercadoria foi instituído pelos fundadores da Ciência Econômica: Adam Smith e 
David Ricardo. Tal conceito foi transportado puramente da filosofia moral para o 
âmbito econômico. A axiologia ou “teoria do valor” tem suas raízes no solo 
econômico e somente nos sécs. XIX e XX vai expandir-se como expressão infinita 
daquilo que “deve ser”, abrangendo todas as criações do espírito humano. 
É o conceito de valor que permite atualização de uma unidade de medição 
essencial para praticamente todos os fenômenos do mundo econômico. Há duas 
maneiras de definir valor, uma delas retira o valor da relação do ser humano com 
a natureza e parte do pressuposto de que as pessoas têm uma série de necessidades 
materiais básicas e procura satisfação dessas necessidades na produção de produtos 
que possam satisfazê-las. Essa é a atividade econômica básica à natureza humana. 
Ao transformar um objeto qualquer da natureza em algo que possa melhorar de 
algum modo sua vida, o ser humano incorpora nessa transformação o valor 
essencialmente humano: o valor trabalho e, dialeticamente, transforma o objeto 
em valor-utilidade, também chamado de valor de uso. Essa é a teoria do valor 
do trabalho. 
 
8 
 
A outra maneira de compreender valor é como os pensadores que buscam 
refletir sobre a ética entendem o conceito. Para eles, valor é sempre coletivo, 
uma vez que valores são construções mentais elaboradas pela visão de mundo 
de nossa cultura, podem ser ensinados e formam nossos juízos de bem, mal, 
justo, injusto, belo e feio. 
A HISTÓRIA 
Para muitos autores a experiência ética fundamental ocorre quando 
sentimos que o agir das pessoas está desconectado dos valores caros à 
civilização. É a experiência de ‘estranhamento’ frente à realidade, de sentir-se 
estranho (fora da normalidade) diante do modo como funciona a sociedade, ou 
até mesmo em relação ao modo de ser e agir de outrem. Cada vez que a sede 
de justiça, o que deveria ser ou o que se deveria fazer para buscar o 
funcionamento justo da sociedade, se estabelece, há um avanço da ética. 
A história da ética, portanto, se confunde com o próprio 
processo civilizatório. É a própria história das ideias morais da humanidade, 
desde os tempos pré-históricos até nossos dias, isto é, a história da reflexão 
humana de como instituir normas que regulem a conduta social, na busca da 
felicidade individual e ao mesmo tempo o bem comum, e, portanto, instaurem a 
diminuição da violência. Os filósofos faziam a crítica da realidade social de sua 
época e a partir dessa crítica ofereciam saídas de como teria de ser a conduta 
das pessoas para evitar os infortúnios que levariam ao desaparecimento do 
ethos comum. A sociedade, então, considerando aquelas ideias úteis, passou a 
educar as novas gerações para aqueles valores. Muitas vezes, por ser um novo 
dever, o Estado transformava tais normas em leis até que tais condutas fossem 
incorporadas às consciências individuais e, assim, lentamente, foram 
estruturados os valores que hoje consideramos essenciais. Nesse sentido, a 
ética não é imutável, mas, ao contrário, a humanidade vai abandonando valores 
e adquirindo outros que antes não pensava serem essenciais. 
Antes de Sócrates não houve, ao menos que se saiba, uma reflexão 
metódica sobre a ética e o “homem moral”, por isso é que se diz que ele é o “pai 
da ética”. Contudo, é preciso ponderar que desde períodos mais antigos havia 
 
9 
 
uma identidade perfeita entre o bem comum e o bem individual tão arraigada na 
mente grega que talvez tal reflexão não fosse necessária ou sequer capaz de 
ser concebida. Só a dissociação entre bem comum e bem individual (o público e 
o privado), que começa a ocorrer durante o período da decadência grega, é que 
justifica anecessidade de alguma teoria que explicasse esta dualidade. 
Nossa visão de ética, hoje, deve muito, também, a Platão. Na verdade, 
como Sócrates nada escreveu, é em seus textos que aparece pela primeira vez 
o conceito de ética. Platão constrói idealmente a “Cidade Perfeita”; nela tudo e 
todos são guiados por uma ética muito semelhante ao ideal de perfeição social 
de hoje. 
A ética de Platão está relacionada intimamente com sua filosofia política, 
porque, para ele, a polis (cidade-estado) é o terreno próprio para a vida moral. 
Assim, buscou um Estado ideal, um estado-modelo, utópico, cujo modelo seria 
o corpo do ser humano. Daí vem o costume de dizermos até hoje o “corpo social”, 
como sinônimo de sociedade. Assim como o corpo possui cabeça, peito e baixo-
ventre, também o Estado deveria possuir, respectivamente, governantes, 
sentinelas e trabalhadores. O bom Estado é sempre dirigido pela razão em busca 
da prática da justiça, que seria o equilíbrio entre os direitos e os deveres dos 
cidadãos na construção de uma polis virtuosa. Portanto é necessária a prática 
das virtudes. As virtudes são funções da alma humana, determinadas pela sua 
natureza e pela divisão de suas partes. Tais virtudes seriam todas aquelas que 
produzem a beleza, o bem e a verdade absoluta. Para tal prática seria 
necessário, à vontade, o ânimo, o que para Platão significava o domínio das 
paixões pela razão. 
Pela razão, faculdade superior característica do homem, a alma elevar-
se-ia, mediante a contemplação, ao mundo das ideias. O fim último da razão 
seria purificar-se ou libertar-se da matéria para contemplar o que realmente é, 
acima de tudo, a ideia do bem. Para alcançar a purificação seria necessário 
praticar as várias virtudes que cada alma possui. Platão julgava que as partes 
da alma possuíam um ideal ou uma virtude que deveriam ser desenvolvidos para 
seu funcionamento perfeito. A razão deveria aspirar à sabedoria, a vontade 
 
10 
 
deveria aspirar à coragem e os desejos deveriam ser controlados para atingir a 
temperança. Cada uma das partes da alma, com suas respectivas virtudes, 
estaria relacionada com uma parte do corpo. A razão manifestara-se na cabeça, 
a vontade, no peito, e o desejo, no baixo-ventre. Somente quando as três partes 
do homem pudessem agir como um todo é que teríamos o indivíduo harmônico. 
A harmonia entre essas virtudes constituiria uma quarta virtude, a justiça. 
Devido ao fato de ter sua teoria adotada como parcialmente 
verdadeira pela Igreja Católica, a ética de Aristóteles finca vínculos indeléveis 
em nossa compreensão de ética. Sua concepção ética privilegia as virtudes 
(justiça, coragem, fortaleza e sinceridade, a felicidade pessoal e o bem comum), 
tidas como propensas tanto a provocar um sentimento de realização pessoal 
àquele que age, quanto simultaneamente beneficiar a sociedade em que vive. 
Portanto, a felicidade pessoal só é possível onde o bem comum também o é. A 
ética aristotélica compreende a humanidade como parte da ordem natural do 
mundo, por isso é denominada: ética naturalista. 
Segundo Aristóteles, toda atividade humana, em qualquer campo, tende 
à busca do bem supremo ou sumo bem, que seria resultado do exercício perfeito 
da razão, função própria do homem. Assim, o homem virtuoso é aquele capaz 
de deliberar e escolher o que é mais adequado para si e para os outros, movido 
por uma sabedoria prática em busca do equilíbrio entre o excesso e a escassez. 
Na antiguidade o conceito de sábio era entendido como um homem 
virtuoso ou que busca uma vida virtuosa, e que assim consegue estabelecer, em 
sua vida, a ordem, a harmonia e o equilíbrio que todos desejam. Essa harmonia 
é conseguida se vivermos de acordo com a natureza – o cosmos para os gregos 
- , e o justo é viver de acordo com o seu lugar na natureza, uma vez que 
compreendiam que o cosmos, por si só, é sempre justo e bom. Uma das 
finalidades da vida humana seria encontrar seu lugar no seio dessa ordem 
cósmica, tal viver seria a vida ética. Assim, a prática da justiça, a virtude geral, 
de onde se originam todas as demais, nos tornaria semelhantes ao divino, àquilo 
que transcende o próprio homem, ao imortal e sábio que está no próprio homem. 
 
11 
 
Os principais filósofos organizadores da ética cristã são: Santo Agostinho 
em A cidade de Deus e Confissões, e São Tomás de Aquino em Suma teológica. 
Durante a Idade Média, o cristianismo se estabelece como teoria no campo 
filosófico; a representação ocidental do “divino” não é mais a natureza e passa a 
encarnar uma pessoa: Jesus Cristo. Essa nova visão dos logos provoca 
mudanças profundas na compreensão do que é o bem e, portanto, da ética. O 
cristianismo traz uma concepção revolucionária que cristaliza até nossos dias: a 
nova concepção de amor. A moral passa a ser entendida como a busca da 
perfeição “à imitação de Cristo” como característica de cada ser humano Essa 
nova concepção da pessoa humana, do indivíduo, é o próprio cerne do processo 
civilizador ocidental, resultando em todos os direitos da pessoa humana; 
contudo, é na compreensão do que é a liberdade que o cristianismo vai promover 
uma revolução, se comparada ao conceito da Antiguidade Clássica. 
Enquanto que para os antigos a liberdade só se realizava no campo 
político e era entendida como sinônimo de cidadania, no cristianismo ela é 
deslocada para o interior de cada ser humano. A ética cristã articula liberdade e 
vontade; apresenta essa última como essencialmente dividida entre o bem e o 
mal. Foi o cristianismo que subordinou o ideal de virtude à ideia de dever e de 
obrigação. Fez da humildade uma virtude essencial, o que era desconhecido 
pelos antigos. Mais do que isso, o cristianismo também exigiu a submissão da 
vontade humana à vontade divina, tornando problemática e quase impossível a 
finalidade ética dos antigos, isto é, a autonomia, a capacidade de escolha por si 
só dos valores que norteiam as ações humanas. Se para os gregos antigos a 
virtude era um talento natural, para o cristianismo o que é moral ou não é o uso 
que se faz desses dons naturais; essa liberdade de escolha vai ser chamada 
pelos filósofos de “livre-arbítrio”. Aparece aqui a ideia do “mérito”, tão cara ao 
capitalismo. Não importa mais os talentos que recebemos da natureza, mas o 
que faremos com esses talentos; por meio deles podemos sair do estado de 
desigualdade natural para entrar na igualdade por nós construída. Portanto, a 
liberdade torna-se fundamento da moral. 
Uma vez que todos são livres e iguais porque filhos do mesmo Deus e 
com direito à salvação vinda de Cristo, logo, toda a humanidade é composta por 
 
12 
 
irmãos, fraternos entre si. Essa nova noção de fraternidade era desconhecida 
pelos antigos. No cristianismo a noção de responsabilidade individual é ao 
mesmo tempo universal e faz surgir uma virtude também desconhecida pelos 
antigos que é a caridade, ou seja, a responsabilidade pela salvação do outro, 
material e espiritual, seja o outro quem for. O amor passa de uma noção pessoal 
e carnal, o amor paixão, para um amor de compaixão, o amor ao próximo, sendo 
o próximo o outro em geral, já que todos são irmãos. A compaixão, a 
benevolência, a solicitude, para com os outros, até mesmo com outras formas 
de vida, passam a ser regras de comportamento ético. 
Ser virtuoso, portanto ético, passa a ser agir em conformidade com a 
vontade de Deus, e esse agir é um dever, e, como Deus se manifesta na pessoa 
humana, a responsabilidade com o outro passa a ser um valor ético. Portanto, a 
autonomia tão cara aos gregos antigos dá lugar ao conceito de dever, como 
limite da liberdade. 
A modernidade inicia quando começa a desaparecer a ideia de ordem 
universal de hierarquia natural dos seres, cedendo para as ideias de universo 
infinito, desprovido de centro e de periferia, e de indivíduo livre, átomo no interior 
da natureza, parao qual já não possui a definição prévia de lugar próprio e, 
portanto, de suas virtudes próprias. A ordem do mundo não é mais dada de fora 
do mundo, quer seja pelo cosmos, como queriam os gregos, quer seja por Deus, 
como pensavam os cristãos na Idade Média. Assim, a modernidade afasta a 
ideia medieval de um universo regido por forças espirituais secretas que 
precisam ser decifradas para que com elas entremos em comunhão. O mundo 
desencanta-se – como escreveu Weber – e passa a ser governado por leis 
naturais racionais e impessoais que podem ser conhecidas por nossa razão e 
que permitirão aos homens o domínio técnico sobre a natureza. 
No livro A ética protestante e o espírito do capitalismo, Weber relaciona o 
papel do protestantismo cristão à formação do comportamento típico do 
capitalismo moderno. Weber descobre que os valores do protestantismo, tais 
como a disciplina ascética, a poupança, a austeridade, a vocação, o dever e a 
valorização do trabalho como instrumento de salvação da ética protestante 
 
13 
 
promovem o surgimento do capitalismo. Para Weber, tais valores são 
incorporados na ética ocidental como estrutura da confiança, valor essencial à 
manutenção da sociedade do contrato, que é a sociedade burguesa. 
Durante o período compreendido entre os séculos XVII e XX, pouco a 
pouco, a ética deixa de estar em conformidade com a Natureza ou com Deus 
para centrar sua reflexão na condição humana. No século XVIII, Rousseau faz 
uma crítica ao pensamento de Aristóteles, segundo o qual o homem se 
diferenciaria dos animais por ser racional. Para Rousseau o que diferencia o ser 
humano dos animais é sua capacidade de decisão por si só: a liberdade e a 
capacidade de aperfeiçoar-se ao longo da História. Como consequências dessa 
nova definição de humanidade: a historicidade, a igual dignidade entre os seres 
humanos. Por ser livre e por não ter nada a dirigir suas ações é que o ser humano 
é moral. É seu espírito crítico que vai dotar o homem de valores morais, pois o 
ser humano sempre busca o bem e nasce intrinsecamente bom. 
O maior representante da ética nos últimos séculos foi sem dúvida 
Immanuel Kant (1724 – 1804), talvez o mais importante filósofo da modernidade, 
sobretudo para quem se interesse pelo estudo da ética e mais ainda pela ética 
profissional. Seu pensamento talvez seja aquele que mais contribuiu para a 
forma de pensar ética tal como pensamos hoje. O homem é livre, diz Kant, 
porque não está sujeito às leis físicas da natureza. Sua virtude reside na ação 
ao mesmo tempo voltada para interesses individuais e universais. Esses são os 
princípios basilares da ética kantiana: o desinteresse e a universalidade. A ação 
moral é a única ação verdadeiramente humana, e a liberdade consiste na 
faculdade de transcender as tendências naturais. Uma vez que as tendências 
naturais nos levam sempre ao egoísmo é preciso resistir a essas tendências. Tal 
resistência é denominada por ele de “boa vontade”, ponto que ele vê como 
princípio de toda a moralidade verdadeira. 
Para Kant, na natureza há leis, na ética, deveres; e a existência do dever 
me diz que sou naturalmente livre. Do “dever”, porque, pelo fato de ser livre e ter 
boa vontade e preocupação com o interesse geral, há algo em nós que ordena 
uma resistência e até mesmo um combate contra a naturalidade ou animalidade 
 
14 
 
que exista em nós. E Kant dá um exemplo: se um tirano obriga alguém a 
testemunhar de modo falso contra um inocente, ele pode ceder e dizer o que é 
falso; mas depois teria remorso, pois algo em nós nos orienta para o bem que é 
a voz da razão. Isto demonstra que a testemunha sabia que podia dizer a 
verdade: sabia, devia, podia. E sabia por que seria irracional, uma vez que num 
mundo em que todos dissessem o que é falso, seria impossível viver, sendo, 
portanto, para nossa razão, obrigatório dizer a verdade. Essa é a prova da 
universalidade e necessidade da norma ética. 
Essa voz da razão, que aparece sob a forma de ordens indiscutíveis, é 
chamada por Kant de imperativo categórico: imperativo, porque não se pode 
subtrair a ele, não é um conselho; e categórico, porque não admite o contrário 
daquilo que está mandando. Com a concepção de perfectibilidade, a ética 
kantiana vai propor que a liberdade humana consiste justamente na nossa 
capacidade de ir além das determinações naturais, de satisfazer nossos 
interesses particulares, para agir de acordo com os interesses gerais, isto é, 
universais. Por isso, a ética moderna vai repousar na ideia do mérito, ou seja, 
todos nós temos dificuldades em realizar nosso dever, em seguir os 
mandamentos da moral, apesar de todos nós o considerarmos legítimos. Daí 
nosso mérito em agir em conformidade com o bem comum e não em 
conformidade com nossos desejos e paixões. A modernidade vai valorizar toda 
a ação de dever, é a ética moderna fundamentalmente meritocrática de 
inspiração democrática. 
A partir de Kant, passa a vigorar, no campo de estudo da ética, o que se 
convencionou chamar de humanismo moderno. Não só no plano da moral, mas 
no político e no jurídico, o fundamento está unicamente na vontade dos homens, 
desde que se aceite como restrição a vontade dos outros. A liberdade de cada 
um termina onde começa a liberdade dos outros. É apenas essa limitação 
pacífica que pode permitir uma vida social harmônica e feliz. E essa harmonia é 
uma construção humana e não mais um fato pronto pela natureza ou dada por 
Deus, ou seja, os homens vivendo em liberdade, mas com a vontade dirigida 
pelo dever (responsabilidade), na construção de uma sociedade com valores 
comuns que Kant chama de “reino dos fins”. Como seres dotados de dignidade 
 
15 
 
absoluta, os homens não poderiam ser tratados como meios usados para 
objetivos pretensamente superiores, ou seja, o fim absoluto digno de respeito 
absoluto: o centro do universo é a humanidade. 
Kant elaborou um imperativo categórico da razão do agir ético: “age tendo 
a humanidade como fim e jamais como meio” (não tratar os sujeitos como coisas) 
e “age como se a máxima de tua ação pudesse ser realizada por todos os 
homens e para qualquer homem” (a universalidade da razão garante a 
universalidade do sentido da ação). Isso significa que a pessoa deve agir 
espontaneamente, por sua vontade e não sob coação ou por vontade alheia, só 
sob essa forma o comportamento será eticamente valioso. Tal comportamento 
terá valor universal. O que o imperativo categórico pede é que a máxima 
(princípio subjetivo) seja de tal natureza que possa ser elevada à categoria de 
lei de universal, construindo assim o conceito de igualdade como principio ético. 
Kant propõe um valor absoluto para servir como fundamento objetivo dos 
imperativos. E esse valor absoluto é a pessoa humana. O objeto de nossos 
desejos tem valor relativo, é apenas um meio de alcançar nossos objetivos, pois 
só o homem tem valor absoluto. Sob dois prismas as pessoas diferem dos 
demais seres. Primeiro, uma vez que as pessoas têm desejos e objetivos, as 
outras coisas têm valor para elas em relação aos seus projetos, as meras coisas, 
e isto inclui os animais, que não são humanos, considerados por Kant incapazes 
de desejos e objetivos conscientes. Segundo, e ainda mais importante, os seres 
humanos têm um valor intrínseco, isto é, dignidade, porque são agentes 
racionais, ou seja, agentes livres com capacidade para tomar as suas próprias 
decisões, estabelecer os seus próprios objetivos e guiar a sua conduta pela 
razão. Uma vez que a lei moral é a lei da razão, os seres racionais são as 
encarnações da lei moral em si. E a única forma de bondade moral poder existir 
são as criaturas racionais apreenderem o que devem fazer e, agindo a partir de 
um sentido de dever, fazê-lo. 
Kant deixou para o Ocidente a ideia de que o ser humano é a única coisa 
com valor moral; assim, se nãoexistissem seres racionais a dimensão moral do 
mundo simplesmente desapareceria. Tal reflexão foi essencial para que a 
 
16 
 
humanidade deixasse de considerar seres humanos como coisa e abandonasse 
a ideia da escravidão de outros seres humanos como direito de propriedade, 
além de estruturar teoricamente a luta por direitos iguais, independentemente de 
diferenças físicas, psicológicas, culturais e étnicas. E como são os seres cujas 
ações são sempre conscientes? Kant conclui que o seu valor tem de ser 
absoluto, e não comparável com o valor de qualquer outra coisa. Se o seu valor 
está acima de qualquer preço, segue-se que os seres racionais têm de ser 
tratados sempre como um fim e nunca como um meio para atingir um 
determinado fim. Lança, aqui, numa construção racional, a ideia cristã da 
igualdade entre os homens e que será o núcleo do Estado democrático. 
O Estado democrático é o conjunto de iguais dentro de um determinado 
espaço geográfico. Isto significa que temos o dever estrito de buscar a prática 
do bem, não só para nós mesmos como para as outras pessoas. Temos de lutar 
para promover o seu bem-estar; temos de respeitar os seus direitos, evitar fazer 
lhes mal, e, em geral, empenhar-nos, tanto quanto possível, em promover a 
realização dos fins dos outros. 
 Somente se reveste de valor ético a conduta autônoma, fruto da vontade 
do agente. A conduta heterônoma é aquela que nos faz agir pela vontade alheia, 
é desprovida de valor moral. “A dignidade humana exige que o indivíduo não 
obedeça mais normas do que as que ele mesmo se impôs, usando de seu livre-
arbítrio”. Os valores kantianos de liberdade, de responsabilidade, de autonomia 
e de culto ao dever foram incorporados na ética ocidental como valores 
essenciais à civilização. 
Na modernidade conservou-se do cristianismo a ideia de que é virtude a 
obediência à razão contra o império caótico das paixões; que a virtude é dever 
e obrigação em face de normas e valores universais; e que a liberdade é o poder 
humano para enfrentar com suas próprias forças as contingências e a 
adversidade; que a responsabilidade é marca da honradez virtuosa, pois não há 
liberdade sem responsabilidade. Mas todos esses termos perderam a 
universalidade pretendida, pois, lhes falta o centro ordenador: o cosmos antigo 
ou a providência medieval. Somente com a ideia de civilização será possível 
 
17 
 
definir um novo centro que permitiria o surgimento de uma razão prática com 
pretensões ao universal no campo ético. Ou seja, há que se viver de acordo com 
um conjunto de valores expressos por deveres ou imperativos que nos pedem 
respeito pelo outro, sem o qual uma vida pacífica é impossível. 
TEORIAS ÉTICAS 
Antiga Grécia 
As teorias éticas gregas, entre o século IV e o século V a.C. são marcadas 
por dois aspectos fundamentais: 
Polis - a organização política em que os cidadãos vivem – as cidades-
estados – favorece a sua participação ativa na vida política da sociedade. As 
teorias éticas apontam para um dado ideal de cidadão e de sociedade. 
Cosmos – algumas das teorias ético-políticas procuram igualmente se 
fundamentarem em concepções cósmicas. 
As Teorias éticas fundamentais: 
Sofistas – defendem o relativismo de todos os valores, afirmando que 
cada cidadão deveria alcançar o prazer supremo que seria o poder político. No 
entanto, esse mesmo poder pertenceria a poucos mais fortes na força das 
palavras, e a maioria dos fracos deveria ser dominada por essa minoria. 
Sócrates (470-399 a.C.) – defende o caráter eterno de certos valores 
como o bem, a virtude, a justiça e o saber. O valor supremo da vida é atingir a 
perfeição. Tudo deve ser feito em função desse ideal, o qual só pode ser obtido 
através do saber. Na vida privada ou na vida pública, todos tem a obrigação 
de se aperfeiçoarem fazendo o bem, sendo justos. 
Platão (427-347 a.C.) – defende o valor supremo do bem. O ideal que 
todos os homens livres deveriam tentar atingir. Para que isto acontecesse, 
deveriam ser reunidas, pelo menos duas condições: 
a) Os homens deviam seguir apenas a razão, desprezando os instintos ou 
as paixões. 
 
18 
 
b) A sociedade devia ser reorganizada, sendo o poder confiado aos 
sábios, de modo a evitar que as almas fossem corrompidas pela maioria 
composta por homens ignorantes e dominadas por instintos ou paixões. 
Aristóteles (384-322 a.C.) – defende o valor supremo da felicidade. A 
finalidade de todo o homem é ser feliz. Para que isso aconteça é necessário que 
cada um siga a sua própria natureza, evite os excessos, seguindo sempre a via 
do “meio termo” (justa medida). 
Aristóteles em sua obra Ética a Nicômacos, faz citação: Akrasia, ou 
“fraqueza de vontade”, é o problema apresentado por uma pessoa que pensa, 
ou professa pensar que deve fazer algo, mas não o faz. 
Mundo helenístico e romano 
Com o domínio da Grécia por Alexandre Magno e os impérios que lhe 
seguiram, alteraram-se os contextos em que o homem vivia. 
As cidades-estados são substituídas por vastos impérios constituídos por 
uma multiplicidade de povos e de culturas. Os cidadãos sentem que vivem 
numa sociedade na qual as questões políticas são sentidas como algo muito 
distante de suas preocupações. 
As teorias éticas são nitidamente individualistas, limitando-se, em geral, a 
apresentar um conjunto de recomendações (máximas) sobre a forma mais 
agradável de viver a vida. 
Teorias éticas fundamentais 
O desenvolvimento científico que mais afetou a ética depois de Newton, 
foi a teoria da evolução apresentada por Charles Robert Darwin. Suas 
conclusões foram os suportes documentais da chamada ética evolutiva, do 
filósofo Herbert Spencer, para quem a moral resulta apenas de certos hábitos 
adquiridos pela humanidade ao longo de sua evolução. 
Friedrich Nietzsche explicou que a chamada conduta moral só é 
necessária ao fraco, uma vez que visa a permitir que este impeça a autor 
realização do mais forte. 
 
19 
 
Bertrand Russell marcou uma mudança de rumos no pensamento ético 
das últimas décadas. Reivindicou a ideia de que os juízos morais expressam 
desejos individuais ou hábitos aceitos. A seu ver, seres humanos completos são 
os que participam plenamente da vida social e expressa tudo o que faz parte de 
sua natureza. 
Ética como ciência normativa é fundamentada por princípios da conduta 
humana, diretrizes no exercício de uma profissão, estipulando os deveres 
que devem ser seguidos no desempenho de uma atividade profissional, também 
denominada filosofia moral. 
Na história da ética está se entrelaça com a história da filosofia. No século 
VI a.C., Pitágoras desenvolveu algumas das primeiras Reflexões morais a partir 
do morfismo, afirmando que a natureza intelectual é superior à natureza sensual 
e que a melhor vida é a dedicada à disciplina mental 
Os sofistas se mostraram céticos no que se refere aos sistemas morais 
absolutos, embora, para Sócrates, a virtude surja do conhecimento, e a 
educação possa conseguir que as pessoas sejam e devam agir de acordo com 
a moral. Seus ensinamentos forjaram a maior parte das escolas de filosofia moral 
gregas da posteridade. 
Aristóteles considerava a felicidade a finalidade da vida e a consequência 
do único atributo humano, a razão. As virtudes intelectuais e morais seriam 
apenas os meios destinados a sua consecução. 
O epicurismo, por sua vez, identificava como sumo bem o prazer, 
principalmente o prazer intelectual e, tal como os estoicos, preconizava uma vida 
dedicada à contemplação. 
No fim da Idade Média, São Tomás de Aquino viria a fundamentar na 
lógica aristotélica os conceitos agostinianos de pecado original e da redenção 
por meio da graça divina. 
À medida que a igreja medieval se tornava mais poderosa, desenvolvia-
se um modelo de ética que trazia castigos aos pecados e recompensa à virtude 
através da imortalidade.20 
 
Para Baruch Spinoza, a razão humana é o critério para uma conduta 
correta e só as necessidades e interesses do homem determinam o que pode 
ser considerado bom e mau, o bem e o mal. 
Jean-Jacques Rousseau, por sua vez, em seu contrato social (1762), 
atribuía o mal ético aos desajustamentos sociais e afirmava que os seres 
humanos eram bons por natureza. Cada um siga a sua própria natureza, evite 
os excessos, seguindo sempre a via do “meio termo” (justa medida). 
Uma das maiores contribuições à ética foi a de Emmanuel Kant, em fim 
do século XVIII. Segundo ele, a moralidade de um ato não deve ser julgada por 
suas consequências, mas apenas por sua motivação ética. As teses do 
utilitarismo, formuladas por Jeremy Benham, sugerem o princípio da utilidade 
como meio de contribuir para aumentar a felicidade da comunidade. 
Já para Georg Wilhelm Friedrich Hegel, a história do mundo consiste em 
“disciplinar a vontade natural descontrolada, levá-la a obedecer a um princípio 
universal e facilitar uma liberdade subjetiva”. 
Epicuro (341-270 a.C.) – em seus 31º e 37º princípios doutrinários 
propunha que “as leis existem para os sábios, não para impedir que cometam, 
mas para impedir que recebam injustiça. (...) A justiça não tem existência 
por si própria, mas sempre se encontra nas relações recíprocas, em qualquer 
tempo e lugar em que exista um pacto de não produzir nem sofrer dano.” 
Cínicos (Antístenes, Diógenes) – o objetivo da vida do sábio é viver de 
acordo com a natureza, afastando-se de tudo aquilo que provoca ilusões e 
sofrimentos: convenções sociais, preconceitos, usos e costumes sociais, etc. 
Cada um deve viver de forma simples e despojada. 
Estoicos (Zenão de Cítio, Séneca e Marco Aurélio) – o homem é um 
simples elemento do cosmos cujas leis determinam o nosso destino. O sábio 
vive em harmonia com a natureza, cultiva o autodomínio, evitando as paixões e 
os desejos, em suma, tudo aquilo que pode provocar sofrimento. 
Céticos (Pirro, Sexto Empírico) – defendem que nada sabemos, que nada 
podemos afirmar com certeza. Em face dessa posição de princípio, a felicidade 
 
21 
 
só pode ser obtida través do alheamento do que se passa a nossa volta, 
cultivando o equilíbrio interior. 
A concepção mecanicista defendida pelos sofistas, e por Epicuro 
separava as questões do homem da natureza. Aquilo que determinava o agir 
humano era a procura do prazer e o afastamento da dor. O comportamento 
humano era marcado pela instabilidade dessas motivações, dado que variava 
em função dos objetos de desejo. 
A concepção finalista defendida por Platão e Aristóteles subordinava o 
homem ao cosmos. O sentido da sua existência tinha que ser pensado no quadro 
da ordem que reinava no cosmos. A ação humana orientava-se de 
acordo com a sua natureza, para o fim último a cujo cumprimento estava 
orientado. Não se trata de saber o que leva o homem a agir, mas onde reside 
a sua perfeição ou plenitude das suas tendências naturais. 
A lei natural foi inspirada a partir de Heráclito, Platão e Aristóteles, os 
estoicos e outros filósofos segundo os quais essa lei governava o cosmos e 
defina a natureza dos homens e o seu lugar na hierarquia cósmica. 
O cristianismo representado por S. Tomás de Aquino (século XIII) 
fortalece a existência de uma lei natural universal capaz de regular o 
comportamento humano e de todos os seres. No entanto, apenas o homem está 
submetido às leis morais, consideradas “leis naturais” que, colocadas como 
princípio ordenador da conduta humana, devem estar em harmonia com a ordem 
geral do universo, ou seja, com a Lei Divina. 
Quando olhamos Descartes e outros filósofos que definem a natureza 
humana no plano racional e, com plena autonomia sobre a face da terra 
justifica-se por que desde o século XVII as teorias cosmológicas vão ruindo, 
de maneira que a Filosofa reconstitui as bases das teorias morais através da 
Teologia e na ética pelo comportamento natural do homem. 
No século XVIII, com a identificação de Deus com a racionalidade dos 
homens afirma-se que a base de toda a sociedade humana está na razão e 
na natureza. O direito natural como o conjunto de regras determinadas pela 
 
22 
 
razão regula a sociedade e está conforme a reta razão. A vida, a dignidade 
humana e a propriedade são um direito natural e não podem, portanto, ser 
negadas a nenhum ser humano. 
Desse momento, surgem os filósofos Thomas Hobbes (1588-1679) e John 
Locke. O primeiro desenvolve teorias políticas e de estado, enquanto John Locke 
afirma que o direito está enraizado numa “lei da natureza” da qual 
“deriva a própria constituição do mundo em que todas as coisas observam nas 
suas operações uma lei e um modo de existência adequados à sua natureza”. 
John Locke mais tarde afirmará que a lei da natureza é a lei da razão. Foi 
só no século XVIII que o conceito “direitos naturais” foi substituído por “direitos 
humanos”. Essa designação surgiu pela primeira vez na obra de Thomas Paine, 
intitulada “Rigts of Man” (Direitos do Homem), 1791-1792. 
Augusto Comte – francês, pai do positivismo reforçou a moral do 
altruísmo. 
Herbert Spencer – inglês, defensor da ética biológica, acredita em uma 
ética evolutiva de maneira que, através das experiências consecutivas, o 
homem vai adaptando-se às mutações da vida e termina por estabelecer os 
costumes que passam a Influir sobre as condutas. 
Vários foram os pensadores contemporâneos que discorreram sobre o 
tema. Nenhum merece o desconhecimento. Todos os esforços despendidos 
vieram mostrar que a conduta humana é rica em sua produção de fenômenos e, 
portanto, vale o estudo no sentido de conhecê-la. 
Buda acusava a ignorância como a causa dos erros e admitia que esta se 
operava quando se excluía a ação da consciência. Em síntese, há necessidade 
de suprimir a forte emoção do desejo, substituindo-a por uma consciência 
inteligente. 
Hoje, quando buscamos as bases das teorias budistas, encontramos um 
ramo do conhecimento que se dedica para a ciência do “eu”, com objetivos 
de buscar os elementos para o controle das emoções, de maneira a não 
mascarar as condutas virtuosas, ou seja, as qualidades da ética. 
 
23 
 
Immanuel Kant – alemão cuja teoria partiu do pressuposto de que a razão 
guia a moral e que três são os pilares em que se sustenta: Deus, liberdade e 
imortalidade. Ele adverte que a simples inclinação para o cumprimento da lei por 
respeito, não é o exercício de uma vontade para si. Sem liberdade, não pode 
haver virtude e, sem esta, não existe a moral, nem pode haver felicidade dos 
povos, porque também não pode haver justiça. 
Fundamentos éticos: perspectiva clássica 
Isabel Renaud faz uma reflexão sobre o estudo da ética clássica 
afirmando ser mais um ato interpretativo contemporâneo que respeita e recria 
dados analisados. A autora começa por referir que toda a reflexão filosófica 
passa pela subjetividade do pensador. Essa situação “caracteriza o próprio ato 
de pensar”. 
A filosofa contemporânea, no mundo em que vivemos das 
telecomunicações, da internet, dos programas espaciais, da física quântica, ou 
da medicina de alta tecnologia, a filosofa contemporânea desde o século XIX se 
fundamenta nos conceitos da história e da filosofia de Hegel pelas ideias 
de totalidade e de processo, sendo o homem um ser histórico, assim como a 
sociedade. Isto traz como uma das consequências a ideia de progresso e 
consagra a visão crítica diante das bases morais da sociedade ocidental, da 
religião e os abusos da própria ciência. 
Na perspectiva dos gregos, não há escolha dos fins, os quais se impõem 
ao ser racional em virtude da sua constituição racional, mas a escolha incide 
sobre os meios para atingi-la. 
Em poucas palavras, na nossa vida real estamos sempre às voltas com 
problemas morais práticos como atos, juízos, normas morais. Isso vale para 
todos. Não sepode escapar aos problemas concretos e muitas vezes tão fáceis 
de perceber os aspectos morais envolvidos. 
“A ética que surge da finalidade abre-se inevitavelmente ao conceito do 
bem.” 
 
24 
 
A filosofia e a ética a todo o momento precisam rever os conceitos de 
sabedoria/prudência e de normas. 
OS TIPOS DE ÉTICA 
A ciência dos valores admite várias classificações, porque existem muitas 
escolas, ideologias ou correntes de pensamento. Quanto mais as sociedades se 
tornam complexas e as redes de comunicação permitem um contato entre as 
diversas culturas e visões de mundo, maior é o número de concepções sobre ética. 
Preferimos essa classificação, uma vez que desenvolve as 
quatro formas fundamentais de manifestação do pensamento ético na história 
ocidental. São elas: ética empírica, ética dos bens, ética formal e ética valorativa. 
Na realidade, os diferentes tipos interpenetram-se e se apresentam como formas 
ecléticas. O sentido de separação é apenas para facilitar o estudo da ética; portanto 
foi necessária uma abstração da realidade. 
Ética empírica 
É aquela em que os princípios foram derivados da observação dos fatos. 
Mais do que isso, foi a experiência concreta na vida social que levou seus 
defensores a provar o fato de que sem os valores éticos a vida social é impossível. 
Seus defensores são chamados de “empiristas” e suas teorias da conduta baseiam-
se no exame da vida moral. Segundo os empiristas, os preceitos disciplinadores do 
comportamento estão implícitos no próprio comportamento da maioria dos seres 
humanos. Para os teóricos da ética empírica, não se deve questionar o que o 
homem deve fazer, e sim examinar o que o homem normalmente faz, pois o 
homem deve ser como naturalmente é, e não se comportar como as normas 
queiram que ele seja. O drama ocidental foi que o empirismo nos levou ao 
relativismo. 
Como a conduta humana varia de acordo com a cultura e o tempo 
histórico, a defesa que os empiristas fazem da existência de uma moral 
universal, natural e própria do ser humano mostra-se improvável nos dias atuais, 
tanto que o subjetivismo, próprio da visão da ética empírica, terminou por gerar 
 
25 
 
visões de ética que são opostas ao conceito grego original – defesa da vida 
comunitária. É possível assim dividir as teorias éticas nascidas da ética empírica: 
Ética anarquista (subjetiva) 
O anarquismo repudia toda norma, todo valor, direito, moral, 
convencionalismos sociais, religião. Para tal visão tudo constitui exigência 
arbitrária, nascida da ignorância, da maldade e do medo. Assim, não há 
legitimidade nas normas, sejam elas morais ou jurídicas. É uma doutrina egoísta, 
pois nela o que vale é a vontade humana num dado momento. E esta varia de 
indivíduo para indivíduo, não é possível uma direção para o agir social 
considerado modelo. 
Ética utilitarista 
Toda ética busca o bem absoluto na vida social. Para a teoria 
utilitarista só é bom o que é útil: a conduta ética desejável é a conduta útil. A 
utilidade, porém, é mero atributo de um instrumento. A eficácia técnica dos meios 
não corresponde ao valor ético dos fins. Exemplo: a arma utilizada para abater 
animal a ser sacrificado em decorrência de portar enfermidade grave é tão útil 
como aquela de que se serve o assaltante para liquidar sua vítima. Não existe 
consistência no utilitarismo como aplicação para necessidade de uma conduta 
ética dos homens, salvo se referente a uma finalidade: a obtenção do supremo 
bem, a felicidade das pessoas. O utilitarismo tem sentido moral, se entendido 
como prudente emprego dos meios aptos à consecução de fins moralmente 
valiosos. 
Ética ceticista 
É a ética do cético, a pessoa que põe em dúvida todas as crenças tidas 
como verdadeiras para as demais pessoas. Uma teoria de ética cética, portanto, 
é aquela em que o valor moral maior consiste justamente em colocar em dúvida 
todos os valores aceitos como essenciais para a maioria dos teóricos. O cético, 
duvidando de tudo, coloca o método filosófico como fim de compreensão da 
realidade. É dúvida sistemática. 
 
26 
 
Aqui cabe, mesmo que sucintamente, distinguir entre dúvida metódica e 
dúvida sistemática. Dúvida metódica é a utilizada como método filosófico de 
busca da verdade última das coisas. Duvidar como instrumento metódico leva a 
um saber que se aproxima da ausência do erro. Por exemplo, a máxima de 
Sócrates, “só sei que nada sei”, sustenta que algo se sabe com certeza: sabe-
se, ao menos, que nada se sabe. Esse é o primeiro passo no caminho do 
conhecimento. Sócrates compreendeu o valor da dúvida como método dialético 
(método de discussão). Já a dúvida sistemática, própria dos ceticistas, é aquela 
em que se põe em dúvida tudo e de forma permanente. Eles declaram não crer 
em coisa alguma e aqui, segundo alguns filósofos, está seu primeiro e mais 
profundo erro, pois se fossem realmente céticos, duvidariam até mesmo da sua 
afirmação de que em nada creem. 
Ética dos bens 
A ética dos bens preocupa-se com a relação estabelecida entre o 
proceder individual e o supremo fim da existência humana. A ética dos bens 
defende a existência de um valor fundamental denominado bem supremo, 
aquele que não pode ser meio de qualquer outro para se obter um fim. Desta 
forma, hierarquicamente, a vida pessoal e o prazer de viver são o principal bem 
supremo. As manifestações mais importantes da ética dos bens são o 
eudemonismo (confiança na felicidade como destino humano), idealismo ético 
(aspiração ao ideal) e o hedonismo. 
Ética formal 
Para tal teoria, a significação moral do agir ético reside na pureza da 
vontade e na retidão dos propósitos do agente considerado. Tal retidão de 
propósito reside na boa vontade do agente ético comportar-se socialmente 
conforme o seu dever e por dever. Exemplificando: conservar a vida é um dever; 
portanto, se atentamos contra a vida em quaisquer circunstâncias, estaremos 
descumprimos o dever. Mas, se alguém perdeu todo o apego à vida e mesmo 
não temendo, ou até desejando, a morte, conserva a existência para não 
descumprir o dever de conservar a vida, sua conduta tanto externa como 
 
27 
 
internamente está em acordo com a lei moral e possui valor moral pleno; por 
isso, seu agir é ético. 
Ética valorativa 
É a ética que pressupõe que os valores devam ser ensinados, pois seus 
teóricos defendem a ideia de que basta saber o que é a bondade para ser bom. 
O construtor dessa teoria foi Sócrates, segundo o qual basta conhecer a 
bondade para ser bom. Para nós, que vivemos no século XXI, tal ideia pode 
parecer ingenuidade, uma vez que já está profundamente gravado na nossa 
mente que só algum grau de coerção é capaz de evitar que o homem seja mau. 
Na sua época, era uma noção perfeitamente coerente com o pensamento, ainda 
que não com a prática da sociedade grega. Essa ideia é a base que orientará a 
ética ocidental. 
A ética contemporânea 
A ética contemporânea encontra o século XIX fragmentando o formalismo 
existente e o absolutismo, que permitem ao homem transformar a partir da 
abstração do universo. 
Desde a época em que Galileu afirmou que a terra não era o centro do 
universo, desafiando os postulados éticos religiosos da cristandade medieval 
são comuns os conflitos éticos gerados pelo progresso da ciência, 
especialmente na sociedade industrializada do século XX. 
A Sociologia, a Filosofa, a Medicina, o Direito, a Engenharia Genética e 
as outras ciências se deparam a cada passo com problemas éticos. Em outro 
campo de atividade humana, a prática política antiética tem sido responsável 
por comoções e crises sem precedentes em todos os países. 
Normalmente quando tratamos sobre ética, falamos sobre a moral que 
está relacionada aos bons costumes, ou seja, às ações dos homens segundo a 
justiça, a igualdade e o direito de cada indivíduo no meio social. 
Daí a afirmação de que a éticafundamenta-se em valores morais. 
Portanto, o caráter moral do homem se define pelas escolhas que ele realiza. 
Suas virtudes determinam ações praticadas perante a sociedade como um todo. 
 
28 
 
As decisões que se tomam no dia a dia fazem com que se corra o risco 
de perder os valores éticos baseados nos valores morais, prejudicando seus 
semelhantes, tanto consciente, como “inconscientemente”. Por exemplo, a 
frustração, a raiva, o ódio, a disputa e privações fazem parte do aprendizado 
de uma criança, tanto quanto, o amor, a atenção, o carinho e a afetividade 
que ela receber. 
Precisamos respeitar as diferenças individuais da humanidade, na família, 
na escola e no ambiente profissional, buscando a reeducação dos valores 
morais, éticos e humanos, estimulando nas novas gerações o sentimento para 
convívio social e contribuindo para a melhoria e desenvolvimento de todo o país, 
na luta por uma realidade melhor para todos, na reconstrução da cidadania. 
À ética fora do espaço social e voltada para o universo do individual, 
faltam todas as possíveis relações que resgatam o universo filosófico e 
possibilitam a formação dos eixos centrais das condições de sobrevivência do 
sistema humano na busca do bem comum. 
Quando temos normas privadas ou de grupos que visam apenas a 
interesses determinados ou de categorias de pessoas que não têm respeito ou 
dignidade, elas representam o máximo das atitudes antiéticas possíveis. Hoje, é 
comum confundir a ética com as normas éticas impostas pela tradição, pela 
dominação política e pela educação. 
Existe uma definição universal da ética que preconiza sob os imperativos 
do consenso, ser a dignidade não dependente de nenhuma circunstância, pois 
é qualidade inerente ao ser humano, e a norma ética é interiorizada no seu 
real valor. 
É mais fácil e mais cômodo obedecer à regra de não matar do que à de 
salvar o maior número de vidas possível. Matar não é significativamente pior do 
que deixar morrer. O que é pior, a intenção ou o descaso? Para você pode ter 
diferença, mas para quem morre tanto faz. 
Ser ético é escolher a melhor premissa, perguntando-se sempre qual é o 
melhor caminho para fazer bem. O que é bem nessa situação? Ficar aberto 
 
29 
 
ao questionamento é permitir ter uma perspectiva ética. O que for moral oferece 
normas de como agir em direção do bem. Para cada situação ou realidade, 
novas perguntas devem ser feitas, pois a moral não se questiona, mas a ética, 
sim. Ela é dinâmica no tempo e nas circunstâncias. 
Ética dos fins ou ética dos bens 
É representada pela defesa de valores fundamentais denominados de 
bem comuns e suas manifestações mais importantes são: hedonismo, 
utilitarismo, eudemonismo e ética dos valores para os quais o fim último é 
respectivamente o prazer, o útil, a felicidade e os valores. 
Morais deontológicas ou do dever ou da lei – as que afirmam que o 
critério supremo é o Dever ou as Leis. O termo deontologia surgiu das palavras 
gregas “déon, déontos” que significam dever e “lógos” e se traduzem por 
discurso ou tratado. 
Sendo assim, a deontologia seria o tratado do dever ou o conjunto de 
deveres, princípios e normas adaptadas por um determinado grupo profissional. 
Logo, a deontologia é uma disciplina da ética especial adaptada ao exercício da 
uma profissão. 
Morais situacionais e relativistas – são as que se recusam a construir 
a moral sobre um princípio absoluto, seja ele o fim último ou o dever. 
Sem alguma base, algum critério objetivo, não é possível escolher um 
sistema moral bom em lugar de um ruim. Se ambos são igualmente emotivos 
e irracionais, são ambos igualmente arbitrários tornando qualquer diferença 
entre eles apenas produto de propensões acidentais ou caprichos pessoais. 
Nenhuma escolha poderia ser racionalmente defendida. 
A humanidade é carregada de regras morais, fundamentada ora no 
cientificismo, ora no transcendente, mas ambos carentes de ética. Assim, “vale 
tudo” para você ser feliz (por exemplo, cometer adultério, mas desde que em 
segredo); “você pode” tudo (comer, beber, jogar, se drogar, assistir ao que quiser 
curtir a vida adoidado, até dizer coisas que depreciem os outros ou até passar 
por cima dos outros para conseguir sua meta). 
 
30 
 
Em outras palavras, alguém que assistiu a repetidas cenas fictícias de 
estupro, de assaltos, de corrupção, tende a ficar mais insensível diante de outras 
cenas semelhantes. 
A ética é mais ampla e universal durando mais tempo, enquanto a moral 
é restrita e funciona em determinados campos da conduta humana em 
determinados períodos. A moral nasce da ética e se a ética desce de sua 
generalidade e de sua universalidade, fala-se da existência de uma moral. 
Mecanismos que são fundamentos das regras do direito e da moral: para 
sobreviver, o homem se conforma com tais regras e não pode agir de outro 
modo. É preciso ser ético, porém, a Ética é algo maior, e a moral algo mais 
limitado, restrito; de maneira que podemos dizer sob esse ângulo de análise, 
que a ética é um estudo ou uma reflexão sobre o comportamento moral dos 
indivíduos em uma determinada sociedade. 
 
PARTE 2 - ÉTICA PROFISSIONAL 
As lideranças sociais têm um poder e uma responsabilidade decisivos em 
relação à ética. Nenhuma nação, povo, ou grupo social pode realizar seu 
projeto histórico sem lideranças. A liderança social é o elemento de ligação 
entre os interesses do grupo social e as oportunidades históricas disponíveis 
para realizá-los. A responsabilidade ética da liderança, portanto, se pudesse ser 
medida, teria o tamanho e o peso dos direitos reunidos de todos aqueles 
que ela representa e lidera. 
A liderança social tem uma tripla responsabilidade ética: institucional, 
pessoal e educacional. Institucional, porque devem cumprir fel e estritamente 
os deveres que lhe são atribuídos. 
Liderança pessoal porque devem ser cada uma delas, um exemplo de 
cidadania: justas e eticamente íntegras. 
 
31 
 
Liderança educacional porque, além de ser um exemplo, deve dialogar 
com os que ela lidera, de modo a ampliar a sua consciência política e a fazê-los 
crescer na cidadania. 
A moral disciplina o comportamento do homem consigo mesmo. Tratam 
dos costumes, deveres e modo de proceder dos homens com os outros homens, 
segundo a justiça e a equidade natural, ou seja, os princípios éticos e morais são 
na verdade os pilares da construção de uma identidade profissional e sua moral 
mais do que sua representação social contribui com a formação 
da consciência profissional. 
Os princípios éticos e morais são, na verdade, os pilares da construção 
de um profissional que representa o Direito Justo, distinguindo-se por seu talento 
e principalmente por sua moral e não pela aparência. 
De forma sintética, João Baptista Herkenhoff (2001) exterioriza sua 
concepção de ética; o mundo ético é o mundo do “deve ser” (mundo dos juízos 
de valor), em contraposição ao mundo do “ser” (mundo dos juízos de realidade). 
Todavia, “a moral é a parte subjetiva da ética”. 
“O homem nem sempre pode o que quer, nem quer sempre o que pode. 
Ademais, sua vontade e seu poder não concordam com seu saber. Quase 
sempre as circunstâncias externas determinam a sua sorte.” (D’HONDT, 1966, 
p. 105). 
A Ética Profissional e a Filosofa do Agir Humano – O Ser Ético/Axiológico. 
É a vida do bem em organizações humanas. A vida plenamente humana, 
“programa pedagógico esse que visa formar o jovem profissional, que participa 
da cidadania, assumindo com plena consciência a recíproca relação entre 
direitos e deveres”, consiste essa mesma existência da esfera profissional. 
Esse mundo humano – ser ético/axiológico não é uma dádiva da natureza. 
É uma conquista cultural. Destino das sociedades institucionalizadas, em sua 
dimensão ético-profissional, a de enveredarem pelos obscuros caminhos da 
cidade sem lei. 
 
32A ética é aplicada no campo das atividades profissionais. Assim, a ética 
profissional é ainda indispensável ao profissional, porque na ação humana “o 
fazer” e “o agir” estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à 
eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão. 
O agir se refere à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que 
deve assumir no desempenho de sua profissão. O estudo e o conhecimento da 
Deontologia (do grego deontos = dever e logos = tratado) se voltam para a 
ciência dos deveres, no âmbito de cada profissão. 
É o estudo dos direitos, emissão de juízos de valores, compreendendo a 
ética como condição essencial para o exercício de qualquer profissão. 
A ética é indispensável ao profissional, porque na ação humana “o fazer” 
e “o agir” estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à eficiência 
que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão. O agir 
se refere à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve assumir no 
desempenho de sua profissão. 
Tanto a moral como o direito baseiam-se em regras que visam estabelecer 
certa previsibilidade para as ações humanas. Ambas, porém, se diferenciam. 
A moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma 
forma de garantir o seu bem-viver. Independe das fronteiras geográficas e 
garante uma identidade entre pessoas que sequer se conhecem, mas utilizam 
este mesmo referencial moral comum. 
O direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada 
pelas fronteiras do Estado. As leis têm uma base territorial, que valem apenas 
para a área geográfica onde uma determinada população ou seus delegados 
vivem. 
A ética é o estudo geral do que é bom ou mau, correto ou incorreto, justo 
ou injusto, adequado ou inadequado. Um dos seus objetivos é a busca de 
justificativas para as regras propostas pela Moral e pelo Direito. Ela é diferente 
de ambos – Moral e Direito – pois não estabelece regras. 
 
33 
 
Esta reflexão sobre as ações realizadas no exercício de uma profissão 
deve iniciar bem antes da prática profissional. A fase da escolha profissional, 
ainda durante a adolescência muitas vezes, já deve ser permeada por esta 
reflexão. A escolha por uma profissão é optativa, mas ao escolhê-la, o conjunto 
de deveres profissionais passa a ser obrigatório. Geralmente, quando você é 
jovem, escolhe sua carreira sem conhecer o conjunto de deveres que está 
prestes a assumir, tornando-se parte daquela categoria. 
Toda a fase de formação profissional, o aprendizado das competências e 
habilidades, referentes à prática específica numa determinada área, devem 
incluir a reflexão, antes do início dos estágios. Ao completar a formação em 
nível superior, a pessoa faz um juramento, que significa sua adesão e 
comprometimento com a categoria profissional onde formalmente ingressa. Isso 
caracteriza o aspecto moral da chamada Ética Profissional, a adesão voluntária 
a um conjunto de regras estabelecidas como sendo as mais adequadas para o 
seu exercício. 
É fundamental ter sempre em mente que há uma série de atitudes que 
não estão descritas nos códigos de todas as profissões, mas que são comuns a 
todas as atividades que uma pessoa pode exercer. 
Atitudes de generosidade e cooperação no trabalho em equipe, mesmo 
quando exercidas solitariamente em uma sala, fazem parte de um conjunto 
maior de atividades que dependem do bom desempenho desta. 
Uma postura proativa, por exemplo, é não ficar restrito às tarefas 
solicitadas, mas contribuir para o engrandecimento do trabalho, mesmo que 
temporário. 
Se sua tarefa é varrer ruas, você pode se contentar em varrer e juntar o 
lixo, mas você pode também tirar o lixo que vê que está prestes a cair na rua, 
podendo futuramente entupir uma saída de escoamento e causando uma 
acumulação de água quando chover. 
O varredor de rua que se preocupa em limpar o canal de escoamento de 
água da chuva; o auxiliar de almoxarifado que verifica se não há umidade 
 
34 
 
no local destinado para colocar caixas de alimentos; o médico cirurgião que 
confere as suturas nos tecidos internos antes de completar a cirurgia; a 
atendente do asilo que se preocupa com a limpeza de uma senhora idosa após 
ir ao banheiro; o contador que impede uma fraude ou desfalque, ou que não 
maquia o balanço de uma empresa; o engenheiro que utiliza o material mais 
indicado para a construção de uma ponte, todos estão agindo de forma 
eticamente correta em suas profissões, ao fazerem o que não é visto, ou aquilo 
que, alguém vendo, não saberá quem fez. 
As leis de cada profissão são elaboradas com o objetivo de proteger os 
profissionais, as pessoas que dependem deles. Há, porém muitos aspectos não 
previstos especificamente e que fazem parte do compromisso do profissional 
com a ética, aquele que, independentemente de receber elogios, faz a coisa 
certa. 
Outro conceito interessante de examinar é o de profissional, como aquele 
que é regularmente remunerado pelo trabalho que executa ou atividade que 
exerce, em oposição ao amador. Nessa conceituação, diria-se que aquele 
que exerce atividade voluntária não seria profissional, e esta é uma conceituação 
polêmica. 
Na realidade, voluntário é aquele que se dispõe, por opção, a exercer a 
prática profissional não remunerada, seja com fins assistenciais, ou prestação 
de serviços em beneficência, por um período determinado ou não. 
É imprescindível estar sempre bem informado, acompanhando não 
apenas as mudanças nos conhecimentos técnicos da sua área profissional, mas 
também nos aspectos legais e normativos. Vá e busque o conhecimento. Muitos 
processos administrativos e jurídicos no âmbito da quebra da disciplina ética 
profissional nos conselhos profissionais, acontecem por desconhecimento da 
própria ética profissional e negligência com os valores éticos e morais. Quais 
sejam: 
Competência técnica, aprimoramento constante, respeito às pessoas, 
confidencialidade, privacidade, tolerância, flexibilidade, fidelidade, envolvimento, 
afetividade, correção de conduta, boas maneiras, relações interpessoais 
 
35 
 
verdadeiras, responsabilidade, confiança e outras formam composições para um 
comportamento eticamente adequado. 
A função principal de um código de ética é começar pela definição dos 
princípios que o fundamentam e se articula em torno de dois eixos de normas: 
direitos e deveres. Ao definir direitos, o código de ética cumpre a função de 
delimitar o perfil do seu grupo. Ao definir deveres, abre o grupo à universalidade. 
A definição de deveres deve ser tal, que por seu cumprimento, cada membro 
daquele grupo social realize o ideal de ser humano. 
O processo de produção de um código de ética deve ser por si só um 
exercício de ética. Caso contrário, nunca passará de um simples código moral 
defensivo de uma corporação. A formulação de um código de ética precisa, pois, 
envolver intencionalmente todos os membros do grupo social que ele 
abrangerá e representará. Isso exige um sistema ou processo de elaboração de 
baixo para cima, do diverso ao unitário, construindo-se consensos progressivos, 
de tal modo que o resultado final seja reconhecido como representativo de todas 
as disposições morais e éticas do grupo. 
A elaboração de um código de ética, portanto, realiza-se como um 
processo ao mesmo tempo educativo no interior do próprio grupo. Deve resultar 
num produto tal, que cumpra ele também uma função educativa e de cidadania 
diante dos demais grupos sociais e de todos os cidadãos. 
Um código de ética não tem força jurídica de lei universal, porém deveria 
ter força simbólica para tal. Embora um código de ética possa prever sanções 
para os descumprimentos de seus dispositivos, estas dependerão sempre 
da existência de uma legislação, que lhe é juridicamente superior, e por ela 
limitado. Por essalimitação, o código de ética é um instrumento frágil de 
regulação dos comportamentos de seus membros. 
Essa regulação só será ética quando o código de ética for uma convicção 
que venha do íntimo das pessoas. Isso aumenta a responsabilidade do processo 
de elaboração do código de ética, para que ele tenha a força da legitimidade. 
Quanto mais democrático e participativo esse processo, maiores as chances de 
 
36 
 
identificação dos membros do grupo com seu código de ética e, 
em consequência, maiores as chances de sua eficácia. 
O princípio fundamental que constitui a ética é este: o outro é um sujeito 
de direitos e sua vida deve ser digna tanto quanto a minha deve ser. O 
fundamento dos direitos e da dignidade do outro é a sua própria vida e a sua 
liberdade (possibilidade) de viver plenamente. 
As obrigações éticas da convivência humana devem pautar-se não 
apenas por aquilo que já temos, realizamos, somos, mas também por tudo aquilo 
que poderemos vir a ter, a realizar, a ser. As nossas possibilidades de ser são 
parte de nossos direitos e de nossos deveres. É parte da ética da convivência. 
A atitude ética é uma atitude de amor pela humanidade. A moral 
tradicional do liberalismo econômico e político acostumaram-nos a pensar que o 
campo da ética é o campo exclusivo das vontades e do livre arbítrio de cada 
indivíduo. Nessa tradição, também, a organização do sistema econômico-
político-jurídico seria uma coisa “neutra”, “natural”, e não uma construção 
consciente e deliberada dos homens na sociedade. 
Um código de ética não tem força jurídica de lei universal, porém deveria 
ter força simbólica para tal. Embora um código de ética possa prever sanções 
para os descumprimentos de seus dispositivos, estas dependerão sempre 
da existência de uma legislação, que lhe é juridicamente superior, e por ela 
limitado. Por essa limitação, o código de ética é um instrumento frágil de 
regulação dos comportamentos de seus membros. 
Essa regulação só será ética quando o código de ética for uma convicção 
que venha do íntimo das pessoas. Isso aumenta a responsabilidade do processo 
de elaboração do código de ética, para que ele tenha a força da legitimidade. 
Quanto mais democrático e participativo esse processo, maiores as chances de 
identificação dos membros do grupo com seu código de ética e, 
em consequência, maiores as chances de sua eficácia. 
O princípio fundamental que constitui a ética é este: o outro é um sujeito 
de direitos e sua vida deve ser digna tanto quanto a minha deve ser. O 
 
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fundamento dos direitos e da dignidade do outro é a sua própria vida e a sua 
liberdade (possibilidade) de viver plenamente. 
As obrigações éticas da convivência humana devem pautar-se não 
apenas por aquilo que já temos, realizamos, somos, mas também por tudo aquilo 
que poderemos vir a ter, a realizar, a ser. As nossas possibilidades de ser são 
parte de nossos direitos e de nossos deveres. É parte da ética da convivência. 
A atitude ética é uma atitude de amor pela humanidade. A moral 
tradicional do liberalismo econômico e político acostumaram-nos a pensar que o 
campo da ética é o campo exclusivo das vontades e do livre arbítrio de cada 
indivíduo. Nessa tradição, também, a organização do sistema econômico-
político-jurídico seria uma coisa “neutra”, “natural”, e não uma construção 
consciente e deliberada dos homens na sociedade. 
CÓDIGOS DE ÉTICA PROFISSIONAL E SUAS REGRAS 
DEONTOLÓGICAS 
 É preciso discutir e refletir sobre o que temos sobre código de ética, 
moral, deontologia, etiqueta, código disciplinar, código de direitos e deveres e 
sanções, no âmbito dos direitos universais. Na formação profissional existem 
dois princípios fundamentais: o da eficácia e o da eficiência. 
O primeiro exige que a formação seja feita tendo em vista um objetivo 
mensurável. O segundo que este seja atingido ao menor custo. Podemos ter um, 
uma formação eficaz, mas pouco eficiente, e vice-versa. 
Segundo Edgar Morin: “A ética se manifesta em nós de maneira 
imperativa, como exigência moral”. Esse imperativo origina-se de três fontes 
interligadas entre si: uma fonte interior ao indivíduo que se manifesta como um 
dever; outra externa, constituída pela cultura, e que tem a ver com a regulação 
das regras coletivas; e, por fim, uma fonte anterior, originária da organização 
viva e transmitida geneticamente. 
Edgar Morin diz que no mundo da globalização onde as relações 
desiguais sedimentam a natureza humana a existência de uma “ética da 
solidariedade” que rejeite todas as misérias, as desigualdades, a intolerância, as 
 
38 
 
barbáries e fundamentalismo de toda ordem, daí a necessidade de um princípio 
holístico que seja baseado numa totalidade simplificante. 
Nossa preocupação encontra os filósofos modernos, defensores da 
filosofia analítica que afirmam que toda e qualquer manifestação moral é 
fundamentalmente forma de expressão emocional, sem nenhuma base racional. 
Sob essa reflexão, o mundo está cheio de pseudofilósofos que separam o “deve” 
do “ser”, distanciando qualquer fundamentação filosófica. 
Sob esta ótica, como é possível que seres humanos consigam concordar 
até de cultura para cultura quanto à variedade de princípios morais e legais? E, 
mais importante, como é possível que sistemas legais e morais evoluam, ao 
longo dos séculos, na ausência do próprio fundamento racional ou teológico 
que os filósofos modernos tão eficientemente estão destruindo. 
É preciso refletir sobre a deontologia da ética profissional como uma 
ciência que estabelece normas diretoras das atividades profissionais sob o signo 
de retidão moral ou honestidade estabelecendo o bem a fazer e o mal a evitar 
no exercício da profissão. 
Partindo do pressuposto de que toda atividade profissional é sujeita à 
norma moral, a deontologia profissional elabora sistematicamente os ideais e as 
normas que devem orientar a atividade profissional, devendo ter o seguinte 
esquema básico de conduta profissional: 
a) Na área da profissão, a deontologia interprofissional terá como norma 
fundamental – zelar, com sua competência profissional e honestidade, 
pelo bom nome ou reputação da profissão exercida. Sublinhamos competência 
e honestidade, pois a reputação da profissão não deve ser procurada por si 
mesma ou a qualquer preço, mas deve ser a consequência natural dos valores 
e princípios éticos dos membros de uma organização, no exercício das ações à 
luz do Direito Constitucional, comprometidos com o bem comum social segundo 
as atividades laborais que a profissão proporciona. 
b) Na área da ordem profissional, ou seja, na relação com seus pares e 
colegas de profissão, a norma fundamental será – culto de lealdade e 
 
39 
 
solidariedade profissionais evitando críticas levianas, competição e concorrência 
desleal, sem descambar, naturalmente para o acobertamento 
de qualquer ação dos colegas, sem nunca ferir a verdade, a justiça ou a 
moral, fugindo de toda “máfia, de pactos de silêncio e de sociedades 
secretas”, pois não são necessárias. 
c) Na área da clientela profissional, composta por usuários dos serviços 
profissionais (verdadeiro coração da deontologia profissional), deverá haver três 
normas fundamentais – execução íntegra do serviço conforme o 
combinado com o usuário. Sempre que o pedido seja moralmente lícito 
no plano objetivo, não vá contra o bem comum, contra terceiros ou contra o 
próprio solicitante. 
Se, do ponto de vista técnico, o pedido é menos seguro, bom ou tem 
consequências não previstas pelo solicitante, deve o profissional esclarecer o 
cliente, mostrando-lhe as inconveniências existentes e os procedimentos 
para melhor execução. Após, pode deixar o cliente decidir e assumir toda a 
responsabilidade pelas consequências, exceto se houver prejuízos ao bem 
comum ou a terceiros. 
A remuneração justa – nunca por motivo algum,

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