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Capítulo 3
A evolução do 
sistema econômico 
internacional
Parece consensual que o sistema econômico mundial vem passan-
do por uma de suas mais importantes modificações das últimas dé-
cadas. A rigor, tais transformações se iniciaram após a Crise de 1929, 
impondo modificações profundas no funcionamento desse sistema.
Entre 1929 e 1944 (da Crise de 1929 ao Acordo de Bretton Woods, 
realizado em julho de 1944), as grandes nações capitalistas parecem 
ter alcançado um acordo básico quanto à necessidade de se aumentar 
a “coordenação” estatal sobre temáticas globais, como as finanças, a 
segurança mundial, a saúde, o desenvolvimento e, sobretudo, o comér-
cio mundial, visando impedir que o sistema econômico internacional 
voltasse a sofrer um período de catástrofes, como aqueles observados 
no século XX (marcado pela enorme Crise de 1929 e pelas duas guerras 
mundiais).
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aterial para uso exclusivo de aluno m
atriculado em
 curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com
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ento digital, sob as penas da Lei. ©
 Editora Senac São Paulo.
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.Neste capítulo, serão abordados três aspectos marcantes da evo-
lução desse sistema econômico internacional: os acordos firmados 
entre as principais economias mundiais por meio das conferências 
de Bretton Woods, com o propósito de se estabelecer regras básicas 
para as relações comerciais e financeiras entre os países mais indus-
trializados do mundo; a globalização neoliberal do final do século XX, 
marcada pela desregulamentação dos mercados, pela abertura eco-
nômica e pela política de privatizações; e, por fim, algumas das gran-
des transformações na economia global contemporânea, apontadas 
sinteticamente.
Espera-se, portanto, que este panorama possa auxiliar no processo 
de interpretação dessas mudanças estruturais pelas quais a economia 
mundial vem passando nas últimas décadas.
1 Sistema econômico internacional após 
Bretton Woods
Após um longo período de profundas crises globais – Primeira 
Guerra Mundial, Crise de 1929 e Segunda Guerra Mundial –, os países 
mais industrializados do mundo iniciaram, em julho de 1944, um pro-
cesso de criação de um novo modo de governança global, que passaria 
a ser coordenado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Antes de 
Bretton Woods (pelo menos desde o mercantilismo, que ocorreu entre 
1450 e 1750), prevaleceram as políticas unilaterais praticadas por cada 
um dos países isoladamente. Em momentos de conflitos entre esses 
países, não havia um mediador capaz de intervir e normalizar aquelas 
relações internacionais conflituosas. As disputas por territórios para 
o fornecimento de matérias-primas ou mercados consumidores, por 
exemplo, haviam produzido recentemente um conjunto de conflitos à 
humanidade (Primeira Guerra Mundial, 1914-1918, e Segunda Guerra 
Mundial, 1939-1945). Acrescente-se ainda, a esses dois períodos críti-
cos e interligados, a Crise de 1929, que se propagou por todo o mundo 
43A evolução do sistema econômico internacional
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capitalista, sem que houvessem instituições multinacionais capazes 
de debelá-la no curto prazo.
PARA SABER MAIS
A Segunda Guerra Mundial ainda não havia acabado, mas líderes de 44 
países já estavam decidindo, em julho de 1944, o futuro do planeta. Na 
Conferência de Bretton Woods, realizada no estado de New Hampshire, 
nos Estados Unidos, os representantes das nações, incluindo o do Bra-
sil, estabeleceram as diretrizes de uma nova ordem econômica global. 
Um dos objetivos da reunião era a reconstrução do capitalismo, esta-
belecendo regras financeiras e comerciais, e evitando crises como as 
registradas após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), notadamente a 
Grande Depressão dos anos 1930. Durante o encontro de cúpula, foram 
criadas instituições voltadas a tentar alcançar essa estabilidade: o Fun-
do Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional para Recons-
trução e Desenvolvimento (Bird ou Banco Mundial). (VILLELA, 2014)
 
A partir desse princípio de busca por entendimentos que evitassem 
novas catástrofes mundiais, foi gerado um ambiente político em âmbito 
internacional capaz de viabilizar o surgimento de instituições voltadas 
tanto para a garantia da paz mundial (por meio da ONU) quanto para es-
timular o consenso em torno de ações comuns em relação às finanças 
mundiais, que ocorreu com a criação do FMI e do Bird.
A ONU, formada por cerca de duzentos países, foi fundada por 
51 membros, entre eles o Brasil, após a Segunda Guerra Mundial 
com o objetivo explícito de manter a paz e a segurança no mundo, 
fomentar relações cordiais entre as nações, promover progresso 
social, melhores padrões de vida e direitos humanos. Os membros 
são unidos em torno da Carta da ONU, um tratado internacional que 
enuncia os direitos e deveres dos membros da comunidade interna-
cional. As Nações Unidas são constituídas por seis órgãos principais: 
a Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, o Conselho Econômico 
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.e Social, o Conselho de Tutela, o Tribunal Internacional de Justiça e o 
Secretariado (ONU, [s.d.]).
O FMI foi criado tendo como objetivo básico zelar pela estabilidade 
do sistema monetário internacional, por meio da promoção da coopera-
ção e da consulta em assuntos monetários entre os seus países-mem-
bros. Sua meta é evitar que desequilíbrios nos balanços de pagamen-
tos e nos sistemas cambiais dos países-membros possam prejudicar 
a expansão do comércio e dos fluxos de capitais internacionais. O FMI 
favorece a progressiva eliminação das restrições cambiais nos países-
-membros e concede recursos temporariamente para evitar ou reme-
diar desequilíbrios no balanço de pagamentos. Além disso, planeja e 
monitora programas de ajustes estruturais e oferece assistência técni-
ca e treinamento para os países participantes (BRASIL, [s.d.]).
Outra importante instituição que surgiu, inspirada no Acordo de 
Bretton Woods, foi o Bird – que busca promover a assistência técnica e 
financeira para países em desenvolvimento ao redor do mundo, ajudan-
do-os a reduzir a pobreza por meio de projetos em diversas áreas, como 
construção de escolas, hospitais, estradas, energia e desenvolvimento 
de programas que ajudam a melhorar a qualidade de vida das pessoas, 
entre outros.
Especificamente sobre comércio internacional, foram criadas, após 
a Segunda Guerra Mundial, três instituições que passaram a desempe-
nhar um papel fundamental para a expansão de comércio em âmbito 
global. A primeira delas foi o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), 
criado em 1947, por 23 países, entre eles o Brasil, com o objetivo princi-
pal de estimular a liberalização multilateral de comércio. A tese central 
orientadora dos princípios do GATT estava embasada no estabeleci-
mento do princípio de não discriminação, que estabelece a cláusula da 
nação mais favorecida. Por meio dessa cláusula, a redução de tarifa 
aplicada a um determinado país terásempre como base a tarifa estipu-
lada ao produto (ou similar) da “nação mais favorecida”. Por exemplo, a 
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tarifa de importação cobrada pelo Brasil ao importador de vinho chileno 
deverá ser similar à tarifa cobrada ao importador que, no Brasil, importe 
vinho francês, italiano, argentino ou de qualquer outro país.
Entre 1986 e 1994, os países-membros do GATT acabaram por criar 
uma nova instituição internacional de comércio: a Organização Mundial 
do Comércio (OMC), com o propósito de se adequar a uma nova conjun-
tura internacional multipolar, não mais centrada em um único polo: os 
Estados Unidos. A OMC entrou em funcionamento em 1995, após defi-
nir para si as funções de gerenciar os acordos que compõem o sistema 
multilateral de comércio, servir de fórum para o comércio internacional 
(firmar acordos internacionais), supervisionar a adoção e a implemen-
tação desses acordos pelos membros da organização, e arbitrar a re-
solução de controvérsias – o que a destaca entre outras instituições 
internacionais. Da mesma maneira que no antigo GATT, a OMC prevê 
as “rodadas” (ou negociações) como modo de os membros da OMC 
negociarem e decidirem sobre a diminuição das tarifas de importação e 
a abertura dos mercados, por exemplo.
O último dos grandes organismos de comércio mundial criados nes-
se contexto de nova governança global colaborativa foi a Conferência 
das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). 
Instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1964, tornou-
-se ponto central do Sistema ONU; particularmente em relação ao tra-
tamento integrado das questões de comércio e desenvolvimento, e de 
temas conexos, como finanças, tecnologia, investimentos e empreen-
dedorismo. É voltada principalmente para os países em desenvolvimen-
to, e suas atividades se distribuem em três pilares fundamentais:
1. atividades analíticas;
2. formação de consenso; e
3. capacitação técnica.
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.Surgia, a partir desse acordo, um novo tipo de capitalismo marcado 
pelo intervencionismo estatal.
2 A globalização neoliberal do século XX
Segundo a historiografia, o consenso em torno dos objetivos cen-
trais do Acordo de Bretton Woods se manteve até 1971, período em que 
o dólar (norte-americano) serviu de base monetária para o funciona-
mento do sistema financeiro internacional. Conforme havia sido acor-
dado (e supervisionado pelo FMI e Banco Mundial), o valor das moedas 
dos países-membros estaria ligado ao dólar e este, por sua vez, estaria 
ligado ao ouro. O problema começou a surgir na segunda metade da 
década de 1960 em função da degradação das finanças norte-america-
nas, particularmente causada pelo déficit gerado pelos custos da guerra 
contra o Vietnã.
Para se financiar o déficit orçamentário, as autoridades monetárias 
norte- americanas passaram a aumentar a emissão de dólares, o que 
causava desarranjo nas moedas dos demais membros do GATT, pois, 
como precisavam emitir mais de suas próprias moedas para manterem 
o câmbio “fixo”, acabavam estimulando a inflação em suas respectivas 
economias.
Como a quantidade de dólares emitidos passou a exceder o mon-
tante de ouro em posse dos Estados Unidos, os outros países do GATT 
passaram a desconfiar da capacidade dos norte-americanos de garantir 
o valor do dólar no longo prazo. Em 1971, a emissão de dólares norte- 
-americanos era de 70 bilhões, e a reserva de ouro era de apenas 12 
bilhões. Portanto, uma nova dinâmica em direção à volta do neolibera-
lismo – e, posteriormente, da denominada globalização – começava a 
surgir já no final da década de 1960. Londres já havia cortado a conver-
sibilidade da libra em dólar desde 1968, criando-se, assim, um mercado 
de crédito bancário independente do padrão-monetário e de reservas 
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dólar-ouro, com uma liquidez abundante e crescente (TAVARES; MELIN, 
1997). De acordo com Furtado (1983), era evidente desde a década 
de 1960 a tendência à internacionalização das economias japonesa e 
alemã: em 1971, as produções de firmas japonesas e alemãs já repre-
sentavam 37% do valor das exportações, enquanto a participação dos 
Estados Unidos chegava a 54% do total.
Segundo Tavares e Melin (1997), entre 1968 e 1973, havia se desen-
volvido à sombra do padrão dólar um florescente mercado privado de 
crédito que alimentou o último auge da expansão da economia mundial 
(que se encerrou com a crise do petróleo, de 1973 a 1974), primeiro por 
meio do movimento intraeuropeu de comércio e, posteriormente, pela 
fuga de capitais americanos para o euromercado. A especulação com 
moe das tornava inoperantes os mecanismos de ajustamento monetá-
rio do balanço de pagamentos, pois o desequilíbrio monetário e cambial 
mais o excedente de petrodólares possibilitavam uma expansão ainda 
maior do mercado interbancário (que transcendia o oligopólio dos vinte 
maiores bancos e das duzentas maiores empresas multinacionais que 
tinham Londres como mercado principal).
Em 15 de agosto, o então presidente dos Estados Unidos, Richard 
Nixon, pôs fim ao acordo de Bretton Woods e à conversibilidade do dólar 
em ouro, anunciando a sua vontade de realinhar as taxas de paridade.
A globalização neoliberal, que ganhou contornos visíveis na déca-
da de 1990, não seria, portanto, resultado de um “processo natural” do 
capitalismo. Segundo Tavares e Melin (1997), a política do dólar forte, 
a partir de 1979, estaria contida em um contexto histórico de retoma-
da da hegemonia norte-americana por meio das seguintes estratégias 
norte-americanas:
 • de reenquadramento econômico, financeiro e político-ideológico 
de seus parceiros e adversários; e
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 • consolidação de uma nova divisão internacional do trabalho em 
que os Estados Unidos passariam a ser de fato uma potência ver-
dadeiramente central capaz de reordenar a economia mundial, 
com base em um novo tipo de transnacionalização de sua própria 
economia nacional.
Em 1979, contra a tendência de desvalorização do dólar tal qual vi-
nha ocorrendo desde 1971, os Estados Unidos subiram violentamente a 
taxa de juros interna. Em 1980, os bancos norte-americanos passaram 
a deter 17% dos fluxos brutos de empréstimos interbancários interna-
cionais – em 1982, chegaram a quase 93%, pois, a partir da crise (mora-
tória) mexicana, o sistema de crédito interbancário privado se refugiou 
nas grandes praças financeiras (leia-se, Estados Unidos). Por esse meio, 
“as flutuações de taxa de juros e de câmbio ficaram novamente amarra-
das ao dólar, e através delas o movimento da liquidez internacional foi 
posta a serviço da política fiscal americana” (TAVARES; MELIN, 1997, p. 
34). Por meio desse artifício,os Estados Unidos voltaram, novamente, 
a impor o dólar como moeda central do sistema econômico financeiro 
internacional – sem a necessidade de ter que dar garantias em ouro à 
sua emissão de moeda. Por tal mecanismo de “força”, o dólar atingiu 
o seu pico em 1985, chegando a valorizar 80% quando comparado a 
1980. Vale observar que a desvalorização do dólar passará a ocorrer 
entre 1985 e 1987, concomitantemente à desregulação dos mercados 
de capitais.
Não por acaso – vale insistir –, o marco do neoliberalismo se firma-
rá na década de 1980, a partir do Consenso de Washington. Conforme 
os demais países foram desregulamentando seus mercados, aqueles 
capitais “represados” passaram a buscar taxas de juros mais favorá-
veis fora dos Estados Unidos. Vale lembrar que, na América Latina, tais 
políticas liberalizantes não foram implantadas apenas no Brasil, algo 
semelhante ocorreu na Argentina, com Carlos Menem; no México, com 
Carlos Salinas de Gortari; no Peru, com Alberto Fujimori; na Bolívia, com 
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Gonçalo Sánchez de Lozada; e na Venezuela, com Carlos Andrés Pérez. 
Fernando Collor de Mello foi, assim, apenas mais um governante a fazer 
parte dessa “onda” liberalizante.
A partir da década de 1990, a globalização neoliberal se tornou uma 
ideologia hegemônica propugnando, explicitamente, pela desregula-
mentação dos mercados, pela abertura econômica e pela política de 
privatizações, e buscava minimizar os controles ao funcionamento do 
capitalismo – limites que haviam sido instituídos com base nos prin-
cípios de governança global colaborativa propostos pelo Acordo de 
Bretton Woods.
3 As recentes transformações na economia 
global
Passadas quase três décadas de abertura econômica e aprofunda-
mento do fenômeno da globalização, uma pergunta se torna relevante: 
afinal, o que está acontecendo com a economia mundial?
Basicamente, um fenômeno distinto da dinâmica observada no sé-
culo XIX e começo do século XX, quando as atuais economias de alta 
renda concentravam riquezas a um ritmo muito superior ao que ocorria 
nos demais países. Observa-se, no início do século XXI, uma reversão 
dessa tendência histórica (WOLF, 2017).
Quando se compara o PIB global entre 1980 e 2015, verifica-se uma 
redução da participação relativa da riqueza dos Estados Unidos, União 
Europeia e outros países de alta renda. Por outro lado, países conside-
rados em desenvolvimento na década de 1980 – como a Índia e, espe-
cialmente, a China – apresentam, nestes casos, crescimento da riqueza 
numa clara inversão daquela tendência de concentração da riqueza nos 
países de alta renda. A expansão da riqueza chinesa tem sido tão signifi-
cativa que as previsões tendem a apostar que os mercados de capital e 
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.as instituições financeiras da China deverão se tornar cada vez mais in-
fluentes nos rumos da economia global do século XXI – tanto quanto o 
foram os mercados de capital e as instituições financeiras dos Estados 
Unidos no século XX.
O gráfico 1 apresenta a evolução do PIB no mundo desde a década 
de 1980 até uma previsão para o ano de 2022. Em um contexto geral, é 
possível perceber que quanto mais se aproxima do ano de 2022, a previ-
são é de que os países de alta renda – União Europeia, China e Estados 
Unidos – apresentem uma queda relativa em seu PIB, enquanto a Índia 
e outros países em desenvolvimento, asiáticos e não asiáticos, perma-
neçam constantes ou com um leve crescimento.
Gráfico 1 – Evolução do PIB global (%)
20
40
60
80
100
0
Outros países de alta renda
China
Índia
Outros países em desenvolvimento da Ásia
Países em desenvolvimento não asiáticos
Estados Unidos
União Europeia
1980 202220152000
Fonte: adaptado de Wolf (2017).
Outro dado que expressa o tamanho dessa mudança se refere à dis-
tribuição populacional do planeta, cada vez mais localizada nos países 
emergentes e em desenvolvimento, o que provoca declínio no peso po-
pulacional dos países de alta renda. Previsões com base nas trajetórias 
demográficas atuais apontam para o fato de que, em 2050, a participa-
ção da África subsaariana na população mundial deve ser tão grande 
quanto a de todos os países de alta renda em 1950.
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O gráfico 2 apresenta a evolução da população do mundo desde a 
década de 1950 e faz projeções para os anos de 2020 e 2050. Essas 
projeções indicam mudança no modo como se dará a distribuição po-
pulacional do planeta, que se concentrará cada vez mais nos países 
emergentes e em desenvolvimento; portanto, a se confirmar tais expec-
tativas, haverá certo declínio relativo da participação da população dos 
países mais ricos.
Gráfico 2 – População global (%)
20
40
60
80
100
0
China
Índia
Outros países em desenvolvimento da Ásia
África subsaariana
Outros países em desenvolvimento
Estados Unidos
União Europeia
1950 205020202000
Outros países de alta renda
Fonte: adaptado de Wolf (2017).
Um terceiro fator a atestar essa transformação diz respeito à mudan-
ça tecnológica em curso. Tal redução do custo relativo dos semicon-
dutores embasa essa revolução tecnológica. No entanto, indicadores 
parecem apontar ao fato de que o auge dessa expansão da produtivida-
de sustentada pela internet já teria ficado para trás entre 1994 e 2004. 
Isso parece verdadeiro quando se toma como exemplo a economia dos 
Estados Unidos; este país, que vem alargando as fronteiras tecnológicas 
desde o final do século XIX, não vem reproduzindo os notáveis ganhos 
de produtividade que conquistou entre 1920 e 1970. Não parece correto 
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.afirmar que a globalização está se reduzindo na economia mundial. No 
entanto, o crescimento rápido do comércio internacional, dos ativos e 
passivos, e das transações transnacionais do setor financeiro parecem 
ter estagnado.
O gráfico 3 apresenta a evolução da produtividade total dos Estados 
Unidos (em percentual) desde 1890 até 2014. Esse período está dividido 
em cinco etapas: 1890-1920; 1920-1970; 1970-1994; 1994-2004 e 2004-
2014; e cada etapa está representada por uma coluna. Segundo o grá-
fico, o maior ganho de produtividade daquele país está concentrado no 
período entre 1920 e 1970. O segundo período de maior produtividade, 
sustentado pela expansão do uso da internet, teria ocorrido entre 1994 e 
2004. O índice de produtividade obtido entre 2004 e 2014 é, na verdade, 
um dos menores já atingidos pelos Estados Unidos; menor, inclusive, ao 
desempenho obtido por este país entre 1890 e 1920.
Gráfico 3 – Produtividade total dos Estados Unidos (% ao ano)
Fonte: adaptado de Wolf (2017).
Uma das consequências diretas desse conjunto de transformações 
combinadas, como as mudanças do poderioeconômico relativo, mu-
danças no tamanho relativo das populações e queda na produtivida-
de – acrescida da crise global iniciada em 2008 –, parece resultar em 
1994-2004 2004-2014
2,0
1,5
1,0
0,5
0
1970-19941920-19701890-1920 
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perceptível estagnação da renda real de parte substancial da população 
dos diversos países desenvolvidos.
O gráfico 4 apresenta comparativamente a estagnação da renda 
familiar ocorrida entre 2005 e 2014, em uma amostra de países de-
senvolvidos, que passaram por esse tipo de estagnação, nesta ordem: 
Itália, Estados Unidos, Reino Unido, Holanda, França e Suécia. Na Itália, 
a estagnação da renda atingiu quase 100% da população; nos Estados 
Unidos, cerca de 80% do total; no Reino Unido e na Holanda, a queda na 
renda atingiu aproximadamente 65% das famílias; já na França, esse 
indicador passou de 60%; e, até na Suécia, se verifica redução da renda 
de cerca de 20% das famílias.
Gráfico 4 – Proporção de famílias com renda real estagnada 
Fonte: adaptado de Wolf (2017).
Pode-se afirmar, portanto, que o cenário mudou radicalmente quan-
do se compara as últimas décadas do sistema econômico mundial com 
as perspectivas econômicas que se abriram para a economia global no 
período após o Acordo de Bretton Woods.
Considerações finais
Sabidamente, o sistema econômico mundial passou por duas grandes 
mudanças desde a Crise de 1929. Os enfrentamentos entre as principais 
economias do planeta acabaram por estimular um amplo acordo global 
(Acordo de Bretton Woods) em torno daquelas mesmas questões que 
Estados Unidos
Itália
Média ponderada das 25
economias avançadas
Suécia
França
Holanda
Reino Unido
100806040200
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.haviam encaminhado o mundo àqueles conflitos. Aceitou-se, portanto, 
um aumento da “coordenação” estatal sobre temáticas globais, como as 
finanças, a segurança mundial, a saúde, o desenvolvimento e, sobretudo, 
sobre o comércio mundial, em troca de se tentar impedir que o sistema 
econômico internacional voltasse a enfrentar tamanhas catástrofes.
A base daquele acordo começou a se modificar entre a segun-
da metade da década de 1960 e 1971, período em que os Estados 
Unidos pôs fim, unilateralmente, à conversibilidade do dólar em ouro. 
Contraditoriamente, o próprio Estados Unidos “reinventou” o poder de 
sua moeda por meio de uma ousada política monetária que consistiu 
basicamente em valorizar o dólar entre 1979 e 1985, atraindo para 
a sua praça capitais de quase todas as partes do mundo. Em 1982, 
durante a crise da moratória mexicana, os bancos norte-americanos 
passaram a deter quase 93% dos fluxos brutos de empréstimos inter-
bancários internacionais.
É importante observar que a desvalorização do dólar passou a 
ocorrer entre 1985 e 1987, concomitantemente à desregulação dos 
mercados de capitais. Não por acaso, a volta do neoliberalismo ocor-
reu na década de 1980, por meio do Consenso de Washington, quando 
se reafirmaram os princípios liberais preconizados pelo governo nor-
te-americano. Assim, a globalização neoliberal, que ganhou contornos 
visíveis na década de 1990, não seria nem de longe resultado de um 
“processo natural” do capitalismo.
Apesar das críticas quanto à condução da globalização a partir da 
perspectiva da economia dos Estados Unidos, indicadores mostram 
que, quase três décadas após a consolidação do movimento de aber-
tura econômica e aprofundamento da globalização, vem ocorrendo um 
fenômeno novo comparativamente ao que acontecia no século XIX e 
começo do século XX. Entre 1980 e 2015, verificou-se uma redução da 
participação relativa da riqueza dos Estados Unidos, União Europeia 
e outros países de alta renda ao passo que países considerados em 
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desenvolvimento na década de 1980 – como a Índia e, especialmente, 
a China – apresentaram maior crescimento da riqueza, em uma clara 
inversão daquela tendência de concentração da riqueza nos países de 
alta renda.
Referências
BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Fundo Monetário Internacional. 
Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/diplomacia 
-economica-comercial-e-financeira/119-fundo-monetario-internacional>. 
Acesso em: 10 ago. 2017.
FURTADO, Celso. A nova dependência: dívida externa e monetarismo. São 
Paulo: Paz e Terra, 1983.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Países-membros da ONU. 
[s.d.]. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/conheca/paises-membros/>. 
Acesso em: 10 ago. 2017.
TAVARES, Maria da Conceição; MELIN, Luiz Eduardo. Pós-escrito 1997: a rea-
firmação da hegemonia norte-americana. In: TAVARES, Maria da Conceição; 
FIORI, José Luís (Orgs.). Poder e dinheiro: uma economia política da globaliza-
ção. Petrópolis: Vozes, 1997.
VILLELA, Gustavo. Conferência de Bretton Woods decidiu rumos do pós-
-guerra e criou FMI. O Globo. Economia. Capa, Fatos Históricos, 18 jul. 2014. 
Disponível em: <http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/conferencia- 
de-bretton-woods-decidiu-rumos-do-pos-guerra-criou-fmi-13310362#ixzz-
4sen7yBEE>. Acesso em: 28 nov. 2017.
WOLF, MARTIN. Entenda em 7 gráficos as grandes transformações na eco-
nomia global. Folha de S.Paulo, Mercado, 21 jul. 2017. Disponível em: <http://
www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/07/1903064-entenda-em-7-graficos 
-as-grandes-transformacoes-na-economia-global.shtml>. Acesso em: 21 ago. 
2017.
http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/diplomacia
https://nacoesunidas.org/conheca/paises-membros/
http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/conferencia-
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/07/1903064-entenda-em-7-graficos

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