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67 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA Unidade II 5 FASE DE PROTETIZAÇÃO Nesta unidade abordaremos a fase de protetização, a qual é muito esperada e planejada pelo paciente e pela equipe. Mas antes de tudo devemos relembrar que nem todo paciente amputado terá condições clínicas/físicas de ser protetizado. Mas você sabe o que significa o termo prótese? As próteses são equipamentos que substituem a função de um membro, e são divididas em próteses cirúrgicas ou implantáveis, e as não cirúrgicas ou não implantáveis. Um exemplo de prótese implantável é a utilizada em cirurgias de artroplastia de quadril, na qual a articulação do quadril é substituída por um implante protético, mas não abordaremos nesta unidade as próteses implantadas, e sim as próteses não cirúrgicas. Figura 45 – Exemplo de prótese cirúrgica em artroplastia de quadril Disponível em: https://cutt.ly/5SWbQO2. Acesso em: 16 mar. 2022. De forma geral, a protetização não cirúrgica têm como objetivos principais reintegrar o paciente as suas AVDs; que ele seja capaz de ter uma marcha funcional, respeitando seu nível de amputação; que ele 68 Unidade II seja capaz de passar da postura sentada para a ortostase de maneira efetiva; que seja capaz de colocar e tirar a prótese sozinho, manter-se em ortostase e ser capaz de deambular. O coto de amputação e a prótese devem assumir as funções do membro inferior amputado. Para que esses objetivos sejam traçados nesse momento, pode-se utilizar uma escala de funcionalidade para pacientes amputados, a qual chamamos de nível K. Saiba mais Conheça as diretrizes utilizadas pela perícia médica para concessão de órteses, próteses ortopédicas não implantáveis, meios auxiliares de locomoção e acessórios: INSS. Manual sobre prescrição de órteses, próteses ortopédicas não implantáveis e meios auxiliares de locomoção. Brasília: Instituto Nacional de Seguro Social, 2017. Disponível em: https://cutt.ly/3DUBaSJ. Acesso em: 24 mar. 2022. Vários fatores devem ser considerados para a escolha adequada da prótese, e estes devem ser avaliados em conjunto pela equipe de reabilitação. A seguir elencamos estes principais fatores: • Fator etiológico da lesão – riscos de novas amputações. • Presença de doenças associadas/comorbidades/cognição. • Condições socioeconômicas do paciente – moradia, atividades laborais, idade. • Uso prévio de próteses – tipos e quantidade. • Escolha dos componentes adequados à amputação. • Condição clínica geral. 5.1 Escala de funcionalidade nível K (K level) Esse sistema é dividido em cinco níveis funcionais – K0, K1, K2, K3 e K4 –, os quais serão descritos a seguir: Nível K0: o paciente não tem capacidade ou potencial para deambular, nem para se transferir de maneira segura, com ou sem assistência. A utilização de uma prótese não vai melhorar sua qualidade de vida ou sua mobilidade. O paciente não conseguirá locomover-se ou deslocar-se com segurança. 69 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA Nível K1: o paciente tem capacidade ou potencial para usar uma prótese para se transferir ou para deambular em superfícies planas com uma cadência regular. Típico de um amputado que se desloca no domicílio de maneira limitada (deambulador domiciliar). Nível K2: o paciente tem capacidade ou potencial para deambular com um baixo nível de capacidade para atravessar barreiras arquitetônicas, como meios-fios, escadas ou superfícies irregulares. Típico de um amputado que se desloca de maneira limitada na comunidade (deambulador comunitário limitado). Nível K3: o paciente tem capacidade para deambular com cadência variável e para transpor barreiras arquitetônicas. Típico de um amputado que se desloca na comunidade e poderá ter atividade física, profissional ou terapêutica que exija a utilização da prótese além da simples locomoção (deambulador comunitário). Nível K4: o paciente tem capacidade ou potencial para deambular além das competências básicas de deambulação, apresentando níveis de impacto, estresse ou energia elevados. Este nível inclui a maioria das crianças, adultos ativos ou atletas amputados (excede as capacidades de locomoção básica). A seguir temos um exemplo de um paciente amputado nível K4 e um paciente nível K0, por meio dos quais é possível observar as diferenças nas escolhas do processo de protetização. Figura 46 – Paciente amputado protetizado nível K4 Disponível em: https://cutt.ly/dSWb5d3. Acesso em: 16 mar. 2022. 70 Unidade II Figura 47 – Paciente idosa amputada bilateral nível K0 Disponível em: https://cutt.ly/hSWnf2O. Acesso em: 16 mar. 2022. O nível K de funcionalidade deverá ser avaliado no início e ao final do tratamento de reabilitação, uma vez que durante o processo poderá ocorrer uma mudança no nível de funcionalidade do paciente. Os fabricantes de próteses geralmente têm tabelas próprias de níveis funcionais de acordo com os componentes protéticos por eles produzidos, portanto, há tipos de joelhos e pés protéticos condizentes com cada nível de amputação. Mas em quais situações clínicas o paciente poderá mudar seu nível de funcionalidade? A seguir pensaremos em duas possibilidades clínicas, uma positiva e outra negativa, para exemplificar esta questão. Exemplo de aplicação Imagine um paciente jovem que sofre uma amputação traumática e, submetido à avaliação inicial, apresenta como nível de funcionalidade a classificação K3; contudo, durante o processo de reabilitação, ele evolui de modo positivo, é encaminhado para treinamento de esportes adaptados e muda sua classificação para nível K4. Agora, imagine uma situação oposta: um paciente idoso amputado transtibial do lado direito que inicia o processo de reabilitação com classificação funcional K2; porém, durante o processo ele sofre um AVC, que gera um quadro de hemiplegia do hemicorpo esquerdo, o que o impossibilita de manter-se em ortostase, e sua nova classificação funcional passa a ser o nível K0. 71 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA Devido a estas possibilidades, a avaliação do nível de funcionalidade torna-se tão importante durante o processo de protetização. 5.2 Classificação dos tipos de próteses quanto a sua estrutura As próteses de amputados de membros inferiores são classificadas em dois grandes grupos: as próteses exoesqueléticas (ou convencionais) e as endoesqueléticas (ou modulares). As próteses exoesqueléticas ou convencionais são mais antigas, e praticamente não são mais utilizadas. Elas são confeccionadas com componentes de madeira ou plástico, que servem de conexão entre o encaixe da prótese e do pé (por exemplo um bloco de madeira ligado ao pé protético). Teoricamente elas podem ser utilizadas em quase todos os níveis de amputação; por outro lado, sua indicação é quase nula, pois apresentam uma estrutura rígida e, por não serem modulares, não permitem a combinação de componentes e sua troca ou reparo de modo rápido, além de serem limitadas funcionalmente. Essas próteses recebem uma laminação em resina acrílica para um melhor acabamento, porém, ainda assim, são pesadas e de difícil uso. Contudo, seu custo de confecção é menor, apresentam alta durabilidade e pouca manutenção; ainda assim, a parte estética é menos agradável, com poucas opções de componentes para a adaptação, e há dificuldade em se realizar o alinhamento da prótese. Figura 48 – Prótese exoesquelética antiga Disponível em: https://cutt.ly/3SWnUCz. Acesso em: 16 mar. 2022. 72 Unidade II As próteses endoesqueléticas ou modulares são próteses montadas a partir de componentes protéticos que podem ser combinados entre si de diversas maneiras; ou seja, escolhe-se o encaixe, o tipo de joelho, o tipo de pé. A adaptação entre o encaixe e o pé protético é realizada por meio de tubos e componentes modulares, e o acabamento final pode ser realizado com espumas e meia cosmética (com tonalidades diversas, que se aproximam do tom da pele do paciente), e com medidas similares ao membro contralateral (membro preservado). Muitas vezes, pacientes mais jovens preferemencaixes coloridos e não colocam o revestimento. Figura 49 – Prótese endoesquelética de amputado bilateral Disponível em: https://cutt.ly/2SWmJsn. Acesso em: 16 mar. 2022. Essas próteses permitem, ainda, ajuste em seu alinhamento de modo individualizado. Os componentes de uma prótese modular podem, de maneira geral, ser substituídos e reparados. Elas são utilizadas em todos os níveis de amputação, exceto as amputações parciais de pé e tornozelo. Há no mercado uma ampla variedade de opções de adaptadores, com preços diversos, algumas de mais baixo custo e outras extremamente caras. Os materiais também podem variar, e incluem: aço, titânio, alumínio, fibra de carbono etc. Em geral, são próteses mais funcionais e com melhor padrão estético. 73 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA Figura 50 – Prótese endoesquelética de baixo custo Disponível em: https://cutt.ly/OSWWTVn. Acesso em: 16 mar. 2022. 5.3 Componentes protéticos Como atualmente as próteses indicadas e confeccionadas são as endoesqueléticas, focaremos a abordagem dos componentes protéticos para esse tipo. Obviamente os componentes protéticos vão depender do nível da amputação; por exemplo, um amputado transtibial não precisará de um joelho protético, o que difere no caso de uma amputação transfemoral. Os componentes protéticos básicos são: encaixes da prótese, tipos de joelhos e tipos de pés. Inicialmente estudaremos sobre os tipos de encaixe para os diferentes níveis de amputações. 5.3.1 Encaixes protéticos O encaixe é o principal componente da prótese, independentemente do nível da amputação, uma vez que é o elo entre o membro residual e a prótese. Quanto mais preciso for o encaixe, melhor será o controle da prótese pelo paciente, melhor será a qualidade da marcha e o conforto para o paciente (a prótese deve ser percebida pelo paciente como a continuação do seu corpo). A função do encaixe é englobar todo o volume do coto – sem inibir a circulação sanguínea (garroteamento) – e fixar a prótese a ele, possibilitando a transmissão de forças e controle preciso dos movimentos. 74 Unidade II Sempre que necessário o encaixe deverá ser trocado; ele é moldado no coto do paciente, e se, por exemplo, ocorrer uma diminuição do volume do membro (diminuição de edema, hipotrofia muscular), é preciso confeccionar um novo encaixe. Um dos problemas mais recorrentes na diminuição do volume do coto é que ocorra o pistoneamento do membro residual no encaixe, o que provoca dor ao paciente e risco de lesões na pele; um encaixe inadequado refletirá na alteração da marcha. Tipos de encaixe para amputação transfemoral Antigamente o encaixe era quadrilátero, com a forma de um quadrado, e o paciente ficava sentado na parte posterior da junção, mas isso já não é mais solicitado. Neste tipo de encaixe, que é menos estável, a descarga de peso ocorria no ísquio e musculatura glútea, e ele é menos estável. Os encaixes de contenção isquiática são os mais utilizados; podem ser do tipo CAT-CAM (contoured adducted trocantheric-controlled alignment method), um tipo de encaixe que envolve o osso ísquio do paciente e possui o formato exato da coxa e do quadril (contenção isquiática). O duplo encaixe é composto por um encaixe interno em material flexível que fica unido a um encaixe externo rígido, sendo indicados para cotos médios ou longos. Já a parte interna do encaixe é revestida, geralmente, com um material maleável, o qual faz a interface do duplo encaixe, fornecendo maior aderência e conforto ao paciente. Figura 51 – Exemplos de encaixe transfemoral para próteses modulares Disponível em: https://cutt.ly/aSWElpf. Acesso em: 16 mar. 2022. 75 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA Em alguns casos, para que ocorra uma maior sustentação do encaixe ao coto, é necessário criar-se um mecanismo de pressão negativa entre a interface encaixe-coto. Neste caso, pode-se utilizar um mecanismo de bomba de vácuo. O paciente coloca a prótese, descarrega o peso no membro amputado e, então, tira o excesso de ar através desta válvula, causando uma pressão negativa. A seguir, observe as imagens da prótese de um amputado transfemoral que utiliza este sistema. Figura 52 – Prótese com bomba de vácuo, com destaque para o mecanismo de pressão negativa 76 Unidade II Tipos de encaixe – amputação transtibial Os encaixes para amputados transtibiais podem variar com apoio e sem apoio no tendão patelar. Os que apresentam apoio no tendão patelar são PTB, PTS e KBM, sobre os quais leremos a seguir. Figura 53 – Paciente com encaixe protético para amputação transtibial Disponível em: https://cutt.ly/6SWE52B. Acesso em: 16 mar. 2022. O encaixe PTS (prothese tibial supracondilian) foi criado na França, em 1964, mas não é mais utilizado; este encaixe era colocado acima da patela, abraçando todo o joelho (incluindo a patela) e com uma janela na parte posterior (depressão na fossa poplítea). A descarga de peso se fazia no tendão patelar, promovendo, assim, cobertura de toda a patela. A suspensão se dava nos côndilos femorais, na borda anterossuperior e na área imediatamente acima da patela. O encaixe PTB (patellar tendo bearing) foi criado nos Estados Unidos, em 1959, mas também não é mais utilizado; seu encaixe ocorria acima dos côndilos, deixando a patela livre, e às vezes era acoplado a correias de apoio. O encaixe KBM (kondylen bettung munster) foi criado na Alemanha, em 1968; seu encaixe tem forma de triângulo, a descarga de peso ocorre no tendão patelar e a suspensão se faz nos côndilos femorais (ponto de apoio). É o modelo mais utilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente por amputados crônicos. 77 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA Figura 54 – Encaixe tipo KBM Nesse tipo, geralmente a interface é de EVA, e é necessária a utilização de um encaixe flexível, com meias, para ajustá-lo. Figura 55 – Uso de meia para encaixar a prótese 78 Unidade II Atualmente, para facilitar a suspensão das próteses em amputados transtibiais e transfemorais, são utilizados liners, capas protetoras (flexíveis) que se assemelham a meias e se adaptam perfeitamente ao coto. Podem ser de diferentes materiais, tais como silicone, poliuretano etc. Seu uso alivia áreas de pressão e fornece maior conforto ao amputado, uma vez que diminui o atrito da pele com a prótese. Figura 56 – Uso do liner por paciente amputado transtibial Disponível em: https://cutt.ly/ySWYtUw. Acesso em: 16 mar. 2022. Alguns liners podem estar acoplados à prótese com um pino. Os liners com pino de fixação têm como principal característica a existência de um pino na sua porção distal, que é acoplado ao encaixe rígido da prótese, como visto na figura a seguir. Figura 57 – Exemplo do liner acoplado a prótese Disponível em: https://cutt.ly/qSWYU0J. Acesso em: 16 mar. 2022. 79 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA 5.3.2 Tipos de joelhos protéticos No mercado há uma grande variedade de tipos de joelhos protéticos, e geralmente eles são divididos pelo número de eixos e mecanismo de movimento. A indicação do tipo de joelho deverá ser realizada também utilizando o nível K de funcionalidade e de acordo com o propósito de marcha. Devemos atentar que o joelho deverá dar estabilidade na fase de apoio e controle na fase de balanço durante a marcha, e que há modelos que podem ser acoplados a próteses endoesqueléticas e exoesqueléticas, de acordo com os diferentes fabricantes. A seguir veremos os principais grupos de joelhos protéticos, suas principais indicações, vantagens e desvantagens. Figura 58 – Amputado transfemoral protetizado Disponível em: https://cutt.ly/YSWYB68. Acesso em: 16 mar. 2022. 80 Unidade II Joelhos monocêntricos Compostos por um único eixo (monoeixo), não apresentam nenhum sistema de controle sobre a fase de balanço, e atualmente são pouco utilizados. A estabilidade na fase de apoio fica por conta do controle muscular, ou seja, dos extensores do quadril e do próprio alinhamento com posteriorização do eixo de rotação em relação àlinha de carga. Parece a dobradiça de uma porta, e ela trava quando coloca o peso do corpo; suas principais vantagens são a simplicidade do funcionamento, baixo peso, baixo custo e pouca manutenção, e as desvantagens são a pouca estabilidade e, por conta disso, a velocidade de marcha restrita. Joelhos policêntricos ou quatro barras São mais fisiológicos e com algumas vantagens biomecânicas em relação aos joelhos monocêntricos, pois realizam movimentos de translação e rotação durante a flexão do joelho. O centro de rotação é variável, característica que garante estabilidade em todas as fases da marcha. Trava com o peso, mas destrava mais facilmente. Permite grande estabilidade na fase de apoio, pois o eixo de rotação instantâneo localiza-se posterior à linha de carga e com maior facilidade na fase inicial da flexão do joelho, e são indicados para pacientes com cotos longos. As principais vantagens são o bom resultado cosmético, grande estabilidade e segurança, e as principais desvantagens estão no fato de que eles são um pouco mais pesados e seu custo é mais elevado. Joelhos hidráulicos São definidos deste modo devido à existência de pistões hidráulicos no interior de seus cilindros que armazenam óleo, cuja resistência, na fase de balanço, aumenta ou diminui conforme a velocidade da marcha, apresentando um sistema de controle durante a fase de balanço. O grau de resistência pode ser ajustado por meio das válvulas de extensão e flexão, e são mais responsivos à variação de velocidade da marcha, a fim de se ter uma marcha mais natural, impedindo a flexão excessiva e a extensão brusca durante a fase de contato inicial. Geralmente são indicados para amputados com nível de atividade moderado e alto. A principal desvantagem mora no alto custo e na manutenção. Com o sistema hidráulico o paciente consegue, por exemplo, descer uma rampa com passos alternados e apresenta um controle excêntrico do movimento. Joelhos pneumáticos São definidos deste modo devido à existência de pistões no interior dos seus cilindros que armazenam ar. Uma vantagem desse sistema é que o ar não sofre variações com mudanças de temperatura, e o ar é comprimido na fase de flexão e a energia é liberada no momento da extensão. 81 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA A resistência ao movimento, na fase de balanço, aumenta ou diminui de acordo com a velocidade da marcha. Geralmente são indicados para amputados com nível de atividade moderado e alto. Tendem a ser mais leves e com menor custo em relação aos hidráulicos. Joelhos computadorizados (eletrônico) São tipos de joelho de última geração, cujas características se assemelham ao membro natural, caracterizam-se pela presença de microprocessadores que analisam a marcha do paciente. A flexão do joelho em relação à fase da marcha é calculada, e podem ser realizados ajustes para estabilidade e eficiência proporcionando um padrão de marcha funcional. Permite ao paciente uma marcha natural e um alto conforto de uso, mesmo em situações adversas, como a descida de rampas ou escadas com passos alternados, bem como a deambulação em terrenos acidentados e irregulares. A grande desvantagem está no elevado custo, na necessidade de profissionais capacitados para utilização do equipamento e na necessidade de manutenção. Figura 59 – Joelho protético computadorizado Disponível em: https://cutt.ly/iSWUbAB. Acesso em: 16 mar. 2022. 82 Unidade II Lembrete Os joelhos controlados por microprocessadores fornecem suporte ao padrão de marcha próximo ao funcional, sem que o paciente precise controlar de forma consciente a articulação, independentemente da situação ou do terreno. 5.3.3 Tipos de pés protéticos No mercado há uma grande variedade de tipos de pés protéticos, conforme demonstra a seguinte classificação, que será detalhada na sequência: • pé rígido; • pé dinâmico; • pé articulado; • pé de resposta dinâmica; • pé computadorizado (eletrônico); • pé para atividades esportivas. Pé rígido (não articulado) No mercado, o pé mais simples e mais barato é o pé Sach (solid ankle cushion heel), indicado principalmente para o paciente que será deambulador domiciliar/terapêutico, uma vez que esse tipo de pé é confeccionado em um bloco de madeira com espuma, levando a uma pior qualidade de marcha. A vantagem deste pé é o baixo custo e alta durabilidade, com pouca manutenção. Por exemplo, é muito utilizado em países em situação de guerra, que possuem muitos pacientes amputados, em decorrência de minas subterrâneas e amputações traumáticas, devido ao baixo custo. 83 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA Figura 60 – Pés protéticos de baixo custo e menos funcionais Disponível em: https://cutt.ly/XSWILyZ. Acesso em: 16 mar. 2022. Pé dinâmico Assemelha-se ao pé Sach, porém possui uma mola em seu comprimento. O primeiro pé dinâmico foi o Safe (stationary ankle flexible endoskeleton), criado na década de 1980. Pé articulado Este tipo de pé permite que ocorra a flexão plantar e a dorsiflexão, e, por isso, requer maior controle do paciente. São caracterizados pela existência de uma articulação monocêntrica que simula o movimento de flexão e extensão do tornozelo, permitindo a flexão plantar de até 15° e a dorsiflexão até 5°. A vantagem também se dá pelo baixo custo e pouca manutenção. Em caso de pacientes mais idosos com amputação transfemoral, às vezes é indicado que o joelho geriátrico fique travado, para que ele consiga andar com esse tipo de pé. Pé de resposta dinâmica Também chamado de pé em lâmina, são multiaxiais, portanto, permitem a flexão plantar, a dorsiflexão, a inversão e a eversão. A compressão da lâmina promove o acúmulo de energia, que é transferida para a fase de impulso. Esse tipo de pé é confeccionado em fibra de carbono. Seu funcionamento se dá da seguinte maneira: com a descarga de peso ocorre a deformidade do retropé, e o peso corporal é transmitido para o mediopé e o antepé, o que permite o desprendimento ativo na fase de pré-balanço. É indicado a pacientes amputados que desempenham atividades de nível moderado ou alto. 84 Unidade II Figura 61 – Pé protético feito de carbono, especialmente desenvolvido conforme o peso do paciente e o impacto recebido Disponível em: https://cutt.ly/aSWOald. Acesso em: 16 mar. 2022. Pé computadorizado/eletrônico Assim como o joelho eletrônico, o pé computadorizado realiza os movimentos do tornozelo e do pé mais semelhantes ao movimento fisiológico da marcha humana. As desvantagens estão no alto custo e na manutenção. Figura 62 – pé protético de alto desempenho Disponível em: https://cutt.ly/9SWPMBb. Acesso em: 16 mar. 2022. 85 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA Pé esportivo Indicado para pacientes ativos e que praticam atividade física, tais como corrida; há também os que são adaptados para esportes aquáticos. Geralmente vemos estes tipos de pés sendo utilizados por atletas paraolímpicos. Figura 63 – Amputado bilateral realizando atividade esportiva Disponível em: https://cutt.ly/ISWAryd. Acesso em: 16 mar. 2022. 6 ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA FASE PROTÉTICA Durante o treino com a prótese, o fisioterapeuta terá como objetivos principais de tratamento ensinar o paciente a colocar e retirar a prótese, treinar a passagem da postura de sentado para ortostase, treinar o equilíbrio e a transferência de peso, treinar as fases da marcha, incluindo a dissociação de cinturas e o controle postural, e treinar a marcha em rampas, terrenos acidentados, e a subir e descer escadas. Nesta fase, podem surgir alguns problemas, por exemplo: • O paciente pode demonstrar falta de confiança ao transferir o peso do corpo para a prótese, principalmente durante o apoio unipodal. • O paciente pode apresentar fraqueza muscular para conseguir manter a extensão do joelho. 86 Unidade II • Pode apresentar pontos dolorosos no coto ou nas estruturas ósseas que estão em contato direto com a prótese, sendo necessário rever o encaixe. • O alinhamento da prótese pode estar inadequado,com o membro rodado interna ou externamente. • A prótese pode estar com comprimento excessivo, ou estar muito curta. • Pode haver treinamento inicial inadequado para o uso da prótese, com desenvolvimento de vícios posturais e de marcha. O terapeuta poderá treinar a independência funcional do paciente, até que este esteja totalmente integrado à prótese. Estas são algumas condutas adequadas a pacientes com amputação bilateral e sugestões de atividades com o uso da prótese até a alta do paciente: • Treino de fortalecimento muscular de tronco e estabilidade postural. • Treino de marcha em barra paralela. • Fortalecimento muscular dos diversos grupos musculares. • Treinamento em diferentes terrenos (estabilidade diferente). Figura 64 – Treino de marcha em barra paralela Disponível em: https://cutt.ly/9SWAn22. Acesso em: 16 mar. 2022. 87 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA Observação A equipe de reabilitação deve oferecer todas as possibilidades ao paciente com o intuito de promover sua maior independência funcional e readaptação social. Figura 65 – Amputado transfemoral praticando atividade de mergulho Disponível em: https://cutt.ly/TSWA8h5. Acesso em: 16 mar. 2022. 7 DEFINIÇÃO E ASPECTOS GERAIS DAS ÓRTESES A origem do termo órtese vem da palavra grega orthos, que significa direito, reto, normal. A órtese pode ser definida, de modo geral, como um dispositivo exoesquelético que, aplicado a um ou vários segmentos do corpo, tem a finalidade de proporcionar o melhor alinhamento possível, buscando sempre a posição funcional, ou seja, a mais adequada. Portanto, as órteses são dispositivos externos destinados a corrigir ou melhorar as funções do corpo ou de parte dele, e podem ser confeccionadas de diferentes materiais. Os objetivos principais da indicação e uso das órteses incluem: • imobilizar as articulações ou um segmento corporal; • restringir movimentos involuntários; • favorecer o controle do movimento; 88 Unidade II • auxiliar a execução do movimento; • diminuir a sustentação/descarga do peso corporal; • prevenir contraturas e/ou deformidades musculoesqueléticas; • auxiliar a prevenção e redução de quadros álgicos. Os materiais utilizados para a confecção das órteses são variados, e o custo também. Podem ser utilizados metais (ferro, aço, alumínio), termoplásticos/termomoldáveis (policloreto de vinila [PVC], polipropileno, polietileno, resinas), fibra de vidro ou fibra de carbono, materiais diversos (couro, espumas, lona, velcro) etc. A prescrição das órteses deve ser realizada pela equipe de reabilitação, com base nos objetivos definidos pela equipe, na finalidade de uso da órtese, no tempo previsto e nas condições de utilização, no estado cognitivo e na motivação do paciente, além da probabilidade de o paciente e os familiares aderirem ao tratamento e seguirem as recomendações de uso, higiene e segurança. Outro fator a ser considerado é a condição socioeconômica do paciente e seus familiares. O local em que a órtese será confeccionada deve ser confiável e dar suporte ao paciente, para que sejam realizadas as devidas correções/adaptações. Figura 66 – Tipos de órteses e imobilizadores Disponível em: https://cutt.ly/FSWSSTo. Acesso em: 16 mar. 2022. 89 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA Observação As órteses, próteses e os dispositivos auxiliares de locomoção estão inseridos na área de tecnologia assistiva, termo que engloba recursos auxiliares para pessoas com deficiência com o intuito de torná-las independentes, e são um importante recurso terapêutico. 7.1 Indicações, contraindicações e tipos de órteses segundo as doenças e os objetivos a serem alcançados As órteses são indicadas para diferentes áreas corporais; de modo geral podemos considerar as órteses para membros inferiores, membros superiores, coluna e adaptações especiais. As órteses devem ser confeccionadas com materiais leves, porém resistentes, de preferência de baixo custo e de alta durabilidade. O trabalho de confecção de órteses exige um conhecimento técnico aprofundado do ortetista, que deve verificar os materiais disponíveis e considerar que as órteses variam de acordo com as características clínicas de cada paciente. Algumas observações devem ser feitas; por exemplo, nos casos de deformidades ósseas não será possível a indicação do uso da órtese, pois poderia causar lesão no paciente. Por exemplo, no caso a seguir, a paciente apresentou um quadro de acidente vascular cerebral isquêmico e chegou à terapia utilizando uma órtese suropodálica pré-fabricada, porém, devido à presença de deformidade em equino (flexão plantar), a órtese foi contraindicada. Figura 67 – Órtese inadequada para pé com deformidade em equino 90 Unidade II Figura 68 – Pé com deformidade em equino, com lesão cutânea por uso de órtese inadequada Lembrete No caso de deformidades, o uso de órteses será contraindicado, uma vez que poderá causar lesão cutânea e desconforto ao paciente, além de não ter eficácia. 7.2 Órteses para membros inferiores As órteses de membros inferiores são comumente indicadas para facilitar a aquisição da postura ortostática, imobilizar segmentos articulares durante processos inflamatórios ou após intervenções cirúrgicas, evitar a instalação de deformidades, evitar ou minimizar a dor e, principalmente, para facilitar uma marcha funcional e segura. 7.2.1 Órteses para os pés As órteses dos pés podem ser rígidas ou articuladas. As órteses rígidas mantêm o posicionamento estático do tornozelo e do pé, evitando, por exemplo, a flexão plantar. As órteses suropodálicas, também chamadas de AFO (ankle-foot orthosis), têm como objetivo prevenir a instalação de deformidades em equino e controlar o alinhamento e a movimentação do pé e do tornozelo, favorecendo uma melhor descarga de peso, o alinhamento corporal, o equilíbrio e a marcha. Geralmente são confeccionadas em polipropileno. As órteses fixas não permitem movimentos da articulação do tornozelo, já as órteses articuladas permitem o movimento de dorsiflexão e impedem a flexão plantar. 91 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA Figura 69 – Órtese suropodálica rígida Uma observação importante é que essas órteses devem ser confeccionadas sob medida para o paciente e, principalmente no caso de crianças e adolescentes (em fase de desenvolvimento ou crescimento), devem ser periodicamente trocadas, a fim de evitar formação de feridas. Também deve-se orientar o paciente e os cuidadores em relação à higienização. Dentre as orientações relevantes à instrução de paciente e cuidadores, destacam-se: • lavar as órteses com água e sabão neutro, e secá-las a sombra (material termomoldável); • utilizar as órteses com meias, que podem ser vestidas do lado do avesso para que as costuras não machuquem o pé do paciente; • não descarregar o peso na órtese sem sapatos, devido ao risco de quebrá-la ou danificá-la. Há também órteses rígidas, porém flexíveis. Uma delas é a mola de Codivilla, indicada em casos de paralisia do músculo tibial anterior (quando o paciente não consegue realizar a dorsiflexão); é prescrita a pacientes com espasticidade leve ou sem espasticidade, uma vez que ela não impede que o pé fique em uma posição equinovara. 92 Unidade II Figura 70 – Órtese suropodálica flexível Disponível em: https://cutt.ly/cSWF6wF. Acesso em: 16 mar. 2022. As órteses flexíveis podem ser também em formato de espiral ou semiespiral, e permitem algum grau de liberdade de movimento do tornozelo. Figura 71 – Órtese flexível em espiral Disponível em: https://cutt.ly/bSWGssQ. Acesso em: 16 mar. 2022. 93 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA Já as órteses suropodálicas articuladas são indicadas para pacientes deambuladores; elas permitem algum grau de movimentação de dorsiflexão, mas limitam a flexão plantar. Outro tipo de órtese articulada é a de reação ao solo, que impede a projeção anterior da tíbia, evitando a marcha em crouch (agachada); fabricada em polipropileno, permite a dorsiflexão e bloqueia a flexãodo tornozelo em posição neutra, impedindo o avanço anterior da tíbia na fase de apoio inicial do pé e força a extensão do joelho. Figura 72 – Órtese de reação ao solo Disponível em: https://cutt.ly/YSWGWI2. Acesso em: 16 mar. 2022. Observação Utilizamos as iniciais em inglês das articulações ou seguimentos corporais envolvidos pelas órteses, como nos exemplos a seguir: AFO: ankle-foot orthosis (órtese tornozelo-pé ou suropodálica) KAFO: knee-ankle-foot orthosis (órtese joelho-tornozelo-pé) HKAFO: hip-knee-ankle-foot orthosis (órtese quadril-joelho-tornozelo-pé) 94 Unidade II O quadro a seguir relaciona os principais tipos de AFO (órtese tornozelo-pé) e suas indicações. Quadro 4 – Tipos de AFO e suas indicações Tipo de AFO Indicações AFO rígida Não permite movimentação do tornozelo, evitando o equino ou equinovaro AFO articulada Permite a dorsiflexão do tornozelo AFO dinâmica Permite movimento de dorsiflexão e limita a flexão plantar Órtese de reação ao solo Favorece a extensão do joelho durante a fase de apoio As órteses submaleolares promovem a estabilidade do tornozelo; já as órteses supramaleolares são indicadas para casos de instabilidade em inversão e eversão. Saiba mais Sugiro a leitura complementar do artigo de revisão a seguir, que aborda as indicações e os benefícios do uso de órteses nas distrofias musculares: SOUZA, M. A.; CEZARANI, A.; MATTIELLO-SVERZUT, A. C. Efeito do uso das órteses no prolongamento da marcha de pacientes com distrofia muscular de Duchenne: revisão da literatura. Acta Fisiátrica, São Paulo, v. 22, n. 3, p. 155-159, 2015. Disponível em: https://cutt.ly/vSWHa09. Acesso em: 21 mar. 2022. 7.2.2 Órteses pré-marcha Há uma grande variedade de órteses e dispositivos que auxiliam no posicionamento dos membros inferiores, favorecendo a aquisição da posição ortostática, promovendo o alongamento da musculatura e prevenindo contraturas, ou agindo como estabilizadores. Estudaremos aqui algumas dessas órteses e suas principais indicações. Em casos de pacientes que apresentam a postura em abandono dos membros inferiores, pode-se indicar alguma órtese que favoreça o posicionamento correto dos membros, evitando deformidades. 95 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA Figura 73 – Deformidade em postura em abandono em criança com mielomeningocele torácica Uma possibilidade é o enfaixamento dos membros inferiores, a fim de mantê-los alinhados, como se observa na imagem a seguir: Figura 74 – Enfaixamento em oito para dos membros inferiores 96 Unidade II Ainda, é possível indicar o emprego de talas extensoras associadas ao enfaixamento. As talas extensoras podem ser utilizadas tanto nos membros inferiores como nos superiores, e seu uso, além de favorecer o alongamento muscular, auxilia também no posicionamento ou na descarga de peso em posturas altas. Figura 75 – Tala extensora associada ao enfaixamento Outra forma de manter o posicionamento em extensão é o uso dos leitos de polipropileno ou talas rígidas, os quais devem ser feitos sob medida. Figura 76 – Órtese extensora de posicionamento Disponível em: https://cutt.ly/ZSWKqg1. Acesso em: 16 mar. 2022. 97 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA O parapodium é um equipamento utilizado para manter o paciente pediátrico em posição ortostática; ele deve ser utilizado diariamente pelo paciente, desde o primeiro ano de vida, para favorecer a formação adequada do acetábulo e da angulação do colo femoral. A) B) Figura 77– A) Parapodium de madeira para uso pediátrico; B) parapodium com apoio de membros inferiores e tronco Disponível em: B) https://cutt.ly/8SWKX50. Acesso em: 16 mar. 2022. A seguir estão listados os benefícios esperados com o uso precoce e prolongado do parapodium: • posição de alongamento muscular; • melhora do funcionamento visceral (intestino, bexiga); • inibição de padrões causados pela hipertonia elástica; • benefícios psicológicos e emocional; • prevenção à osteoporose e à luxação de quadril (com o posicionamento adequado do quadril). No caso de pacientes adultos é indicado o uso do stand in table ou da prancha ortostática. É importante ressaltar que os pacientes neurológicos sejam colocados em ortostase nestes equipamentos com o uso de órteses suropodálicas que evitem possíveis lesões nos tornozelos, quando ocorrer a descarga do peso corporal. Os benefícios esperados são os mesmos obtidos com o uso do parapodium. 98 Unidade II Figura 78 – Uso da prancha ortostática Disponível em: https://cutt.ly/qSWZiLR. Acesso em: 16 mar. 2022. Há um grupo denominado de órteses longas, constituído pelos tutores longo e curto. Os tutores são indicados para pacientes com sequelas de poliomielite, mielomeningocele, paralisia flácida etc. Os tutores podem ser unilaterais ou bilaterais, ter ou não apoio na região isquiática e ser rígidos ou articulados. Figura 79 – Tutor longo unilateral utilizado por paciente com sequela de poliomielite Disponível em: https://cutt.ly/zSWZlU8. Acesso em: 16 mar. 2022. 99 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA Os tutores longos são indicados para pacientes que não apresentam controle/estabilidade das articulações do quadril, joelho e tornozelo, e podem ser utilizados unilateral ou bilateralmente. Em geral, apresentam uma trava manual no quadril e no joelho, a qual o paciente destrava quando vai se sentar e trava quando se levanta. Alguns podem apresentar, ainda, um estabilizador de tronco, para pacientes com controle parcial de tronco. Figura 80 – Tutor longo bilateral com estabilização do tronco Em pacientes com quadro de mielomeningocele, por exemplo, que apresentem prognóstico de marcha, indica-se o uso de tutor longo bilateral com cinto pélvico, e em alguns casos o uso de órtese de reciprocação (RGO, reciprocation-gait orthosis). Em pacientes que não apresentem flexão ativa de quadril, o mecanismo de reciprocação auxilia na propulsão do membro; quando o paciente estende um lado do quadril, o colateral automaticamente entra em flexão. 100 Unidade II Figura 81 – Uso de tutor longo bilateral com cinto pélvico Disponível em: https://cutt.ly/GSWZ922. Acesso em: 16 mar. 2022. 7.2.3 Estabilizadores de pelve Em casos de bebês que nascem com displasia congênita de quadril, é indicado o uso do suspensório de Pavlik, que mantém o quadril em flexão e abdução associadas à rotação externa e impede a adução e extensão do quadril. Figura 82 – Esquema do suspensório de Pavlik Disponível em: https://cutt.ly/KSWCnSG. Acesso em: 16 mar. 2022. 101 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA 7.3 Órteses para coluna vertebral As órteses da coluna vertebral são utilizadas, de modo geral, para as seguintes finalidades: posicionamento da coluna vertebral, através de forças externas; aplicação de forças corretivas em curvaturas anormais; estabilidade postural; restrição de movimentos após traumas ou procedimentos cirúrgicos; e promoção do alívio da dor. Há diversos tipos de órteses para a coluna vertebral, e estudaremos algumas delas a seguir. As órteses para coluna vertebral podem se dividir pelo segmento da coluna que se deseja imobilizar ou tratar, tendo como referência coluna cervical, coluna torácica, coluna lombar e região sacral; a imobilização pode se aplicar a um ou mais segmentos associados. 7.3.1 Estabilizadores da coluna cervical Geralmente são utilizados em casos de traumas agudos ou após procedimentos cirúrgicos; impedem movimentação da região cervical, com apoio na região mentoniana (queixo). Geralmente são órteses pré-fabricadas. Figura 83 – Colar cervical com apoio na região mentoniana Disponível em: https://cutt.ly/LSWCS9M. Acesso em: 16 mar. 2022. O quadro a seguir relaciona os colares cervicais mais utilizados e suas principais características. 102 Unidade II Quadro 5 – Colares cervicais e suas principais características Tipo de colar cervical Características Colar cervical de espuma Pré-fabricado, tem baixo custo e é menos desconfortável, mas tem pouca capacidade de imobilização; utilizadopara alívio de contraturas da musculatura cervical, sem grandes restrições de movimento Colar de Thomas Pré-fabricado, é utilizado para imobilização provisória em emergências ou no pós-operatório de cirurgia de coluna, sem grande capacidade de restringir os movimentos Colar de Philadelphia Pré-fabricado, possui apoio occipital e mentoniano; pode ser usado no pós-operatório Colar de Minerva Utilizado para imobilização da coluna cervical, pode ser aplicado em casos pós-fratura, sobretudo com risco de lesão medular; seu apoio estende-se do tórax até o queixo (parte anterior) e do dorso até a região parietal (parte posterior) 7.3.2 Órteses torácicas Podem ser indicadas para casos de deformidades torácicas, associadas ou não ao osso esterno, como nos casos de pectus (deformidades da parede do tórax), que podem apresentar uma depressão do esterno (pectus excavatum) ou uma protusão do osso esterno (pectus carinatum). Pode-se utilizar órteses compressoras no tórax e/ou costelas; em alguns casos o tratamento será cirúrgico. A) B) Figura 84 – Pectus excavatum (A) e pectus carinatum (B) Disponível em: A) https://cutt.ly/BSWVpzd; B) https://cutt.ly/8SWVzGJ. Acesso em: 16 mar. 2022. 103 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA 7.3.3 Órteses toracolombares Utilizadas para correção/estabilização de curvas de escoliose, estabilização pós-fratura vertebral ou estabilização de tronco em pacientes com fraqueza muscular progressiva com intuito de prevenir curvas escolióticas. Figura 85 – Órtese toracolombar para correção de curva de escoliose Disponível em: https://cutt.ly/MSWNlet. Acesso em: 16 mar. 2022. Em casos de fraturas de processos vertebrais, pode-se indicar o uso de órteses estabilizadoras no tratamento conservador ou em pós-cirúrgicos. Figura 86 – Órtese estabilizadora de tronco Disponível em: https://cutt.ly/zSWMvca. Acesso em: 16 mar. 2022. 104 Unidade II Para pacientes com quadros de fraqueza muscular progressiva, tais como doenças neuromusculares e amiotrofia espinhal, pode-se indicar o uso do colete bivalvado, o qual deve ser confeccionado sob medida; contudo, a grande maioria dos pacientes refere desconforto e acaba abandonando seu uso. A abertura anterior (janela anterior) permite a respiração, mas a maioria dos pacientes referem dor, principalmente nas áreas de contato no quadril e nos casos de pacientes com obliquidade pélvica. O colete bivalvado é indicado principalmente quando o paciente fica na cadeira de rodas, o que favorece a estabilização do tronco, mas deve-se ter cuidado com o risco de ulcerações por pressão. Figura 87 – Colete bivalvado 105 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA O colete de Putti é um tipo de órtese de imobilização para a região lombar, e durante muito tempo foi indicado para pacientes com quadros de lombalgia; atualmente tem sido cada vez menos indicado. O colete de Milwaukee, criado na década de 1940, nos Estados Unidos, foi muito utilizado no tratamento de escoliose; ele abrange as regiões cérvico-tóraco-lombossacral, e seu uso é indicado para o tratamento conservador das escolioses (principalmente idiopáticas) e hipercifoses posturais. O abandono de seu uso é muito comum, pois, além do desconforto e da questão estética, o paciente só pode retirá-lo durante o banho. Atualmente, tem sido menos prescrito. Figura 88 – Colete de Milwaukee Disponível em: https://cutt.ly/uSW1eHs. Acesso em: 16 mar. 2022. Observação A classificação mais simples dos coletes baseia-se na região anatômica em que a órtese atua: cervical (C), torácica (T), lombar (L) e sacral (S); portanto, as órteses para a coluna são classificadas como CTLSO (órtese cérvico-tóraco-lombossacral) e TLSO (órtese tóraco-lombossacral). 106 Unidade II 7.4 Órteses para membros superiores As principais funções das órteses de membros superiores são imobilizar ou estabilizar áreas pós-cirúrgicas, evitar encurtamentos e deformidades articulares, melhorar a função manual, entre outras. Geralmente são prescritas pelo terapeuta ocupacional; o quadro a seguir classifica as órteses de membro superior. Quadro 6 – Classificação das órteses de membro superior segundo suas funções Tipo de órtese Funções Órtese estática Imobilizar as articulações Órtese de posicionamento Estabilizar as articulações em posição funcional Órtese funcional Estabilizar, sem impedir a função manual Órtese dinâmica Permitir a mobilidade controlada das articulações, por meio de tração (elásticos ou molas) Algumas órteses de membro superior têm como objetivo estabilizar o complexo articular do ombro, como nos casos de subluxação ou luxação. Há diversos tipos pré-fabricados no mercado, os quais são ajustados ao paciente. Figura 89 – Imobilizador de ombro (tipoia) Disponível em: https://cutt.ly/HSW1MVV. Acesso em: 16 mar. 2022. 107 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA As goteiras de membro superior são indicadas para contensão articular em casos de paralisias flácidas ou presença de hipertonia elástica, tratamento de contusões ou fraturas, pós-operatório de cirurgias de mão etc. Podem ser funcionais ou de posicionamento. Figura 90 – Órtese pré-fabricada de posicionamento Disponível em: https://cutt.ly/xSW0kpE. Acesso em: 16 mar. 2022. Os splints são geralmente moldados em polipropileno; evitam a contração dos músculos flexores dos dedos e do punho, e mantêm o punho e a mão em uma postura funcional. Figura 91 – Estabilizador de punho e dedos Disponível em: https://cutt.ly/ySW2DeU. Acesso em: 16 mar. 2022. Uma órtese muito indicada para pacientes com paralisia cerebral espástica, por exemplo, são os abdutores de polegar, que evitam que o primeiro dedo da mão fique empalmado, o que provoca deformidades. 108 Unidade II Figura 92 – Abdutor de polegar Disponível em: https://cutt.ly/3SW9a4v. Acesso em: 16 mar. 2022. Saiba mais Para se aprofundar no estudo acerca das órteses para membros superiores, especialmente no contexto da terapia ocupacional, acesse o artigo: GRADIM, L. C. C.; PAIVA, G. Modelos de órteses para membros superiores: uma revisão da literatura. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, São Carlos, v. 26, n. 2, p. 479-488, 2018. Disponível em: https://cutt.ly/DDDW77x. Acesso em: 21 mar. 2022. 8 DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA Os dispositivos auxiliares de marcha são utilizados para facilitar a deambulação de pacientes com diferentes patologias. Eles favorecem o aumento da base de sustentação, diminuição da transferência de peso corporal e maior estabilidade postural. Os dispositivos auxiliares são bengalas, muletas e andadores, os quais podem ser utilizados de forma temporária ou permanente. 109 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA As bengalas são o tipo mais simples e mais barato de dispositivo auxiliar, podem ser de madeira ou de alumínio (ajustáveis). Para a regulagem de altura do dispositivo, a manopla deve ser mantida na altura do trocânter maior do fêmur do paciente, mantendo o cotovelo em 20-30° de flexão, com o ombro relaxado. A seguir, elencamos as principais funções do uso das bengalas: • ampliar a base de suporte e melhorar o equilíbrio; • diminuir as forças de reação ao solo (diminui a compressão articular); • aumentar a estabilidade dinâmica. Observação As bengalas são indicadas apenas quando o indivíduo puder fazer a descarga do peso nos membros inferiores, total ou parcialmente. Deve-se usar o apoio no membro superior oposto ao membro inferior acometido (padrão recíproco da marcha); já nos casos em que o objetivo é apenas auxiliar no equilíbrio, o apoio poderá ser de qualquer lado. As bengalas de quatro apoios aumentam ainda mais a base de suporte do paciente, trazendo mais estabilidade e segurança. As muletas são dispositivos auxiliares à marcha, classificados como intermediários no quesito descarga de peso, pois aumentam ainda mais a base de suporte do paciente. Existem dois tipos: as chamadas muletas axilares e as muletas canadenses. As muletas são úteis para indivíduos que necessitam usar seus membrossuperiores para sustentação de peso e propulsão. Em geral, são utilizadas bilateralmente. A seguir elencamos as principais funções do uso das muletas: • aumentar o equilíbrio; • aliviar completa ou parcialmente a sustentação de peso do membro inferior; • aumentar a base de sustentação; • aumentar a estabilidade lateral. O quadro a seguir descreve os diferentes tipos de marcha com auxílio de muletas: 110 Unidade II Quadro 7 – Tipos de marcha com auxílio de muletas Tipos de marcha Descrição Marcha de quatro pontos Pessoas com muita instabilidade podem utilizar a marcha de quatro pontos, em que uma muleta avança, seguida do membro contralateral, do outro membro e, por fim, da outra muleta A carga é sustentada em cada uma das muletas e nos membros acometidos É uma marcha segura, sempre com três pontos de suporte, embora seja lenta e pouco funcional Marcha de três pontos Para evitar descarga de peso em uma das pernas, posicionam-se as muletas e a perna lesionada à frente e depois a perna boa, repetindo-se o ciclo Em alguns casos pode-se permitir que a pessoa faça o apoio entre as muletas e o apoio parcial do membro lesado Marcha de dois pontos Simula a marcha normal Cada uma das muletas se comporta como uma bengala, movimentando-se em conjunto com o membro contralateral Marcha com balanço Na marcha com balanço leva-se as muletas à frente e depois as pernas em um único movimento É utilizada quando se quer evitar descarga de peso em ambas as pernas O consumo de energia é maior que na marcha normal Adaptado de: BRASIL (2019). Os andadores são os tipos mais estáveis de dispositivos auxiliares à marcha, aumentando muito a base de suporte do paciente lateralmente; sua barra frontal dá suporte e segurança ao usuário, gerando um grande aumento do equilíbrio e facilitando sua utilização. Melhoram o equilíbrio por meio do aumento da base de suporte, maior estabilidade anterior e lateral e suporte do peso da pessoa, oferecendo maior segurança. A seguir elencamos as principais funções do uso dos andadores: • melhorar o equilíbrio; • aliviar a sustentação de peso; • assegurar maior estabilidade entre os dispositivos auxiliares; • garantir uma ampla base de apoio ao paciente; • aumentar a estabilidade anterior e lateral. A regulagem de altura é simples, como nos dispositivos vistos anteriormente. As manoplas devem estar na altura do trocânter maior do fêmur, mantendo os cotovelos com 20-30° de flexão, os ombros relaxados e o tronco ereto. Essa medida deve ser feita com o paciente em bipedestação e dentro do quadrilátero do andador. 111 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA Saiba mais Para complementar informações sobre os dispositivos de marcha, leia o artigo: GLISOI, S. F. N. et al. Dispositivos auxiliares de marcha: orientação quanto ao uso, adequação e prevenção de quedas em idosos. Geriatria & Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 6, n. 3, p. 261-272, 2012. Disponível em: https://cutt.ly/cDJp68g. Acesso em: 21 mar. 2022. O quadro a seguir descreve as principais vantagens e desvantagens dos dispositivos auxiliares. Quadro 8 – Principais vantagens e desvantagens dos dispositivos auxiliares Dispositivo auxiliar Vantagem Desvantagem Bengala convencional (madeira) Preço acessível Auxílio para o equilíbrio Mais pesada, por ser de madeira Difícil ajustar altura (é preciso cortá-la) Bengala de alumínio Altura ajustável Maior custo quando comparada à bengala convencional Bengala de quatro pontos ou apoios Maior base de apoio Altura ajustável Mais pesada que as outras bengalas Maior risco em solos instáveis Muleta axilar Preço acessível Menor descarga de peso no membro inferior Risco de lesão do plexo axilar (compressão axilar) Muleta canadense Maior estabilidade Apoio no antebraço e mãos Deve-se treinar quedas com o paciente para que ele libere as mãos durante a queda Andador Maior base de apoio Maior estabilidade Não consegue subir e descer escadas Marcha mais lenta Andador com rodas Não precisa elevar o andador durante a projeção da marcha Risco maior de quedas, uma vez que é preciso estabilizar o andador com os membros superiores Saiba mais Nesta pesquisa, você terá acesso a informações gerais sobre cuidados e indicações para o uso correto de órteses: BRASIL. Ministério da Saúde. Guia para prescrição, concessão, adaptação e manutenção de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: https://cutt.ly/wSpCfw3. Acesso em: 16 mar. 2022. 112 Unidade II Resumo A escolha adequada da prótese deve ser escolhida em conjunto pela equipe de reabilitação. O nível K de funcionalidade deverá ser avaliado no início e ao final do tratamento de reabilitação, uma vez que durante o processo poderá ocorrer uma mudança no nível de funcionalidade do paciente. Os fabricantes de próteses geralmente possuem tabelas próprias de níveis funcionais de acordo com os componentes protéticos por eles produzidos, de modo que há tipos de joelhos e pés protéticos condizentes com cada nível de amputação. As próteses de amputados de membros inferiores são classificadas em dois grandes grupos: as próteses exoesqueléticas (ou convencionais) e as endoesqueléticas (ou modulares). Os componentes protéticos básicos são: o encaixe da prótese, o tipo de joelho e os tipos de pés. Inicialmente, vimos os tipos de encaixe para os diferentes níveis de amputações. O encaixe é o principal componente da prótese, independentemente do nível da amputação, uma vez que é o elo entre o membro residual e a prótese; quanto mais preciso for o encaixe, melhor será o controle da prótese pelo paciente e melhor será a qualidade da marcha e o conforto para ele. Há uma grande variedade de tipos de joelhos protéticos, e, geralmente, eles são divididos pelo número de eixos e mecanismo de movimento. Durante o treino com a prótese, o fisioterapeuta terá como objetivos principais ensinar o paciente a colocar e retirar a prótese, treinar a passagem da postura de sentado para ortostase, treinar o equilíbrio e a transferência de peso, treinar as fases da marcha, incluindo a dissociação de cinturas, controle postural, e treinar a marcha em rampas, terrenos acidentados, subir e descer escadas. As órteses podem ser definidas, de modo geral, como um dispositivo exoesquelético que, aplicado a um ou vários segmentos do corpo, tem a finalidade de proporcionar o melhor alinhamento possível, buscando sempre a posição funcional, ou seja, a mais adequada; portanto, as órteses são dispositivos externos destinados a corrigir ou melhorar as funções do corpo ou de parte dele, e podem ser confeccionadas de diferentes materiais. 113 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA Exercícios Questão 1. Observe a figura a seguir, que mostra um atleta paraolímpico em uso de uma prótese. Figura 93 Disponível em: https://cutt.ly/ESpwYWI. Acesso em: 2 mar. 2022. As próteses esportivas, como a mostrada na figura, apresentam diversas características que não são observadas nas próteses normais. Com relação a essas características, avalie as afirmativas a seguir: I – As próteses esportivas para amputados acima do joelho utilizam uma articulação de rápida resposta, o que proporciona a locomoção veloz. II – O encaixe da prótese com o corpo do atleta é reforçado para que não quebre com facilidade, devido ao impacto. III – São próteses apropriadas para indivíduos que, na escala de funcionalidade, encontram-se no nível K0. É correto o que se afirma em: A) I, apenas. B) I e II, apenas. C) III, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. Alternativa correta: B. 114 Unidade II Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: o joelho de rápida resposta, presente nas próteses esportivas, não têm freios, o que possibilita maior rapidez na resposta. II – Afirmativa correta. Justificativa: como a prática de esportes resulta em maior impacto entre a prótese e o membro amputado, é necessário reforçar seu encaixe.III – Afirmativa incorreta. Justificativa: na escala de funcionalidade nível K, os indivíduos pertencentes ao nível K0 são aqueles que apresentam maior restrição de movimentos. Eles não têm capacidade ou potencial para deambular ou para se transferir de maneira segura, com ou sem assistência. Nesses casos, a utilização de uma prótese não vai melhorar a qualidade de vida ou a mobilidade. Os atletas, por sua vez, pertencem ao nível K4. Nesse nível, que inclui a maioria das crianças, os adultos ativos e os atletas amputados, o paciente tem capacidade ou potencial para deambular além das competências básicas de deambulação, e apresenta níveis de impacto, estresse ou energia elevados. Questão 2. Leia o texto e a figura a seguir. Pé equino O pé equino é uma condição associada à hipertonia do conjunto gastrocnêmio-sóleo, sendo visualmente descrita pela dificuldade de realizar o movimento de dorsiflexão, ou seja, a capacidade de fletir o pé para a parte da frente da perna. O equino pode ocorrer em um ou em ambos os pés, sendo que, quando envolve os dois pés, a limitação do movimento é, por vezes, pior em um do que no outro. São diversas as causas para o surgimento dessa patologia, podendo ser traumáticas ou congênitas, ou vindas de acidentes vasculares ou de doenças neurodegenerativas, entre outras. Contudo, a causa mais frequente corresponde a casos de paralisia cerebral do tipo espástico, sendo que a diminuição da força do tibial anterior e a discrepância entre os membros podem acentuar essa tendência ao equinismo. Existem dois tipos de pé equino, espástico ou flácido, com distintos tratamentos ortotésicos. No caso de paralisia flácida, os sintomas estão associados à perda de mobilidade e de sensibilidade, com prejuízo ao movimento de flexão dorsal do pé, o que resulta em um pé equino facilmente redutível. Já no caso de paralisia com espasticidade, o pé apresenta uma deformidade não redutível, o que resulta em uma deformidade com flexão plantar (equinismo), varismo do retropé e supinação do antepé. 115 ÓRTESE E PRÓTESE EM FISIOTERAPIA Como essa patologia resulta na incapacidade funcional do pé, dificultando a deambulação, os indivíduos possuidores de pé equino acabam por arranjar formas de compensar tal limitação ao sobrecarregar o outro pé ou a outra perna, ou até mesmo gerar problemas nas costas. Outros pacientes compensam andando na ponta do pé, enquanto um número menor dobra de forma anormal o quadril ou joelho. Adaptado de: https://cutt.ly/bSpeDz0. Acesso em: 2 mar. 2022. Figura 94 - Pé equino Adaptado de: https://cutt.ly/bSpeDz0. Acesso em: 2 mar. 2022. Com relação ao uso de órteses para tratamento do pé equino, assinale a alternativa correta: A) As órteses suropodálicas previnem a instalação de deformidades em equino e controlam o alinhamento e a movimentação do pé e do tornozelo. B) Portadores de pé equino espástico, ao contrário daqueles com pé equino flácido, beneficiam-se principalmente das órteses suropodálicas pré-fabricadas. C) A mola de Codivilla é um tipo de órtese rígida utilizada nos casos de paralisia do músculo tibial anterior, que impede que o pé fique em posição equinovara. D) O parapodium é um equipamento utilizado para posicionar o paciente pediátrico em posição ortostática, e sua principal indicação é evitar o estabelecimento de pé equino nos primeiros anos de vida. E) O tutor longo unilateral é a órtese de escolha nos casos de pé equino flácido. Alternativa correta: A. 116 Unidade II Análise das alternativas A) Alternativa correta. Justificativa: o suporte mecânico oferecido pelas órteses suropodálicas visa a minimizar ou a corrigir o padrão equino de marcha, o que proporciona a melhora da qualidade de deambulação e a prevenção de deformidades de tornozelo e pé. B) Alternativa incorreta. Justificativa: as órteses para a correção do pé equino devem sempre ser confeccionadas sob medida, a fim de evitar lesão cutânea, desconforto ou perda de eficácia. C) Alternativa incorreta. Justificativa: a mola de Codivilla é um tipo de órtese indicada em casos de paralisia do músculo tibial anterior, quando o paciente não realiza a dorsiflexão. Ela não impede que o pé fique em uma posição equinovara, pois é relativamente flexível. D) Alternativa incorreta. Justificativa: o parapodium é um equipamento utilizado para posicionar o paciente pediátrico em posição ortostática. Ele deve ser utilizado diariamente, desde o primeiro ano de vida, para favorecer a formação adequada do acetábulo e da angulação do colo femoral e, portanto, é indicado para corrigir deformações do quadril. E) Alternativa incorreta. Justificativa: os tutores longos são indicados para pacientes que não apresentam controle e estabilidade das articulações do quadril, do joelho e do tornozelo, e podem ser utilizados unilateral ou bilateralmente. Em geral, eles apresentam uma trava manual no quadril e no joelho, a qual o paciente destrava quando vai se sentar e trava quando se levanta. Alguns podem apresentar, ainda, um estabilizador de tronco, para pacientes com controle parcial de tronco. 117 REFERÊNCIAS AGNELLI, L. B.; TOYODA, C. Y. Estudo de materiais para confecção de órteses e sua utilização prática por terapeutas ocupacionais no Brasil. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, São Carlos, v. 11, n. 2, p. 83-94, 2003. ALMEIDA, L. F.; CAMARGOS, G. V.; CORRÊA, C. L. 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