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www.esab.edu.br Ética, Educação, Cidadania e Relacionamento Ética, Educação, Cidadania e Relacionamento Vila Velha (ES) 2016 Escola Superior Aberta do Brasil Diretor Geral Nildo Ferreira Diretora Acadêmica Ignêz Martins Pimenta Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância Ignêz Martins Pimenta Coordenadora do Curso de Administração EAD Giuliana Bronzoni Liberato Coordenador do Curso de Pedagogia EAD Custodio Jovencio Coordenador do Curso de Sistemas de Informação EAD David Gomes Barboza Produção do Material Didático-Pedagógico Escola Superior Aberta do Brasil Design Educacional Bruno Franco Design Gráfico Bruno Franco Diagramação Bruno Franco Equipe Acadêmica da ESAB Coordenadores dos Cursos Docentes dos Cursos Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil. www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840 Coqueiral de Itaparica - Vila Velha, ES CEP 29102-040 Apresentação Caro estudante, Seja bem-vindo à disciplina Ética, Educação, Cidadania e Relacionamento! Ao longo de 15 unidades, você terá a oportunidade de avançar em seus estudos. Atente que seu compromisso e dedicação são elementos fundamentais para obter êxito acadêmico. Atente, de igual modo que todo esforço e constância serão agraciados com mais conhecimento e formação na área da ética e da educacional. Ao longo das 15 unidades, abordaremos os fundamentos éticos do agir humano na educação; a diferença entre Ética e Moral; a História social da Moral; os Valores; a liberdade do sujeito moral; as relações entre valores e educação; o vínculo entre fa- mília e escola; os jovens e o consumo; alunos “reais” e não “ideais”; a formação dos professores; uma discussão sobre avaliação; a questão da formação dos professores; as questões éticas contemporâneas; a Bioética; Ética cidadã; Ética profissional etc. Assim, como base teórica para este estudo, contaremos com o apoio dos seguin- tes autores: BITTAR, CHIAVENATO, GEORGEN, CAMPOS JÚNIOR, DEMO, HERMANN, PETRAGLIA, SUNG, BAUMAN, CORTELLA, LUCKESI, RABELO, VÁZQUEZ, entre outros. Esperamos com isso, contribuir para uma efetiva formação do profissional em educação, no que diz respeito as questões que perpassam a educação, a ética e o mundo globalizado. Caro aluno, você está convidado, então, a desfrutar do estudo das unidades e das atividades que irão apoiar e consolidar seu aprendizado. Sucesso e bons estudos!!! Objetivo Apresentar as diferenças básicas entre ética e moral, suas especificidades. Discutir temas recorrentes da educação sob a esfera da ética e relacionando-os às questões que perpassam os temas e problemas contemporâneos. Habilidades e competências • Identificar as diferenças entre ética e moral; • Analisar os problemas contemporâneos relacionados ao campo da ética e da educação; • Estabelecer paradigmas a serem seguidos nos tempos atuais; paradigmas estes que se fundam em uma outra ordem não mais constituída por modelos entrevistos no passado; • Trabalhar e desenvolver temas específicos da educação contemporânea. Ementa Estudo dos fundamentos éticos do agir humano na educação. Investigação das relações entre valores e educação. Debate dos pressupostos éticos da formação humana e da sociedade. Ética na atuação profissional e na produção do conhecimento. Discussão das questões éticas contemporâneas. Ética cidadã. Ética profissional. Exemplos e alternativas metodológicas na produção do conhecimento. A Educação, a ética e o relacionamento. Sumário 1. ESTUDO DOS FUNDAMENTOS ÉTICOS DO AGIR HUMANO NA EDUCAÇÃO .........................7 2. HISTÓRIA SOCIAL DA MORAL ........................................................................................10 3. INVESTIGAÇÃO DAS RELAÇÕES ENTRE VALORES E EDUCAÇÃO .........................................13 4. VÍNCULO ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA ...............................................................................16 5. ALUNOS “REAIS” E NÃO “IDEAIS” .....................................................................................19 6. DA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES ................................................................................25 7. UMA BREVE DISCUSSÃO SOBRE AVALIAÇÃO ...................................................................29 8. AVALIAÇÃO E ÉTICA OU ÉTICA NA ATUAÇÃO PROFISSIONAL E NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO ............................................................................................................32 9. DEBATE DOS PRESSUPOSTOS ÉTICOS DA FORMAÇÃO HUMANA E DA SOCIEDADE ............35 10. DISCUSSÃO DAS QUESTÕES ÉTICAS CONTEMPORÂNEAS .................................................39 11. ÉTICA AMBIENTAL E O ANTROPOCENO ...........................................................................44 12. ÉTICA CIDADÃ ................................................................................................................47 13. ÉTICA PROFISSIONAL .....................................................................................................50 14. A ÉTICA E O RELACIONAMENTO ......................................................................................53 15. A EDUCAÇÃO E A ÉTICA ..................................................................................................56 Glossário ..............................................................................................................................61 Referências ..........................................................................................................................64 www.esab.edu.br 7 1 Estudo dos fundamentos éticos do agir humano na educação Objetivo Estudar a diferença básica entre ética e moral. A ética enquanto reflexão das normas de conduta da sociedade, ou seja, como estudo da moral. Inicialmente, devemos realizar uma diferenciação entre Ética e Moral. Em geral, tais conceitos são usados de forma indistinta, isto é, são conceitos utilizados frequentemente como sinônimos. Etimologicamente, não há verdadeiramente uma distinção entre ambos. Moral vem do Latim mos, moris, que significa “uma maneira de se comportar”, “costume”. Por outro lado, ética deriva do Grego ethos e significa também “costume”. Contudo, é possível estabelecer determinadas diferenças entre os conceitos. Podemos, assim, pensar a ética como a ciência que estuda, que reflete acerca dos valores morais. Não será a ética que se voltará para os problemas concretos e práticos da realidade, mas a moral. Desse modo, não caberá a ética estabelecer normas de conduta moral, bem como não haverá preocupação da ética com a solução de problemas individuais, particulares. Essas são questões relativas ao comportamento moral. Caberá a ética, portanto, realizar uma reflexão que analisará criticamente os valores morais estabelecidos. Importante observar também que a moral, como norma de conduta da sociedade, existe desde tempos imemoriais, isto é, desde as mais antigas formas de organização social, tais como tribos ou clãs. Já, então, nessas tribos ou mesmo clãs, faz-se notar a presença de normas morais que regulam as relações entre as pessoas. Diante, então, de uma situação concreta, diante de um problema ou situação, desenvolvemos um julgamento ou avaliação que se estabelecerá como uma norma válida pelos membros da sociedade e que deverá ser seguida por toda a coletividade. É por isso que a moral vincula-se caracteristicamente como uma realização prática. www.esab.edu.br 8 As pessoas não apenas agem moralmente, mas também refletem sobre o comportamento delas e das outras pessoas. De modo que, há nisso um processo, quando do campo prático da moral passamos para o campo da teoria moral. Ao passarmos de uma esfera para a outra, estamos propriamente no campo dos problemas teóricos ou éticos. Ética, portanto, é a teoria que irá refletir sobre os comportamentos, ou seja, é uma reflexão acerca do comportamento moral dos homens em uma sociedade. Ao passo que a moral é um conjunto deregras, de normas que buscam regular as relações humanas numa dada sociedade. Os fundamentos Éticos Assim, precisamos refletir e definir eticamente: onde se encontram, onde se apóiam os fundamentos morais do agir humano? Os fundamentos da moral estão apoiados em uma religião, isto é, na vontade de Deus? Em algo exterior aos homens? Ou, ao contrário, os fundamentos morais se sustentam na própria consciência humana? Se a moral se afirma na religião, Deus, então, seria o verdadeiro “motor” de todos os atos; logo, os seres humanos perderiam significativamente sua autonomia. Mas, se os fundamentos morais se sustentam na própria consciência humana, quais seriam estes fundamentos? Esses fundamentos estão sustentados na racionalidade? Em nosso dia a dia, deparamo-nos com problemas práticos, dos quais não temos como nos esquivar. E para resolver esses problemas práticos, recorremos às normas vigentes, cumprimos determinados atos, formulamos juízos etc. De modo que seria inútil recorrer à ética na esperança vã de encontrar nela alguma norma de ação para uma ou outra situação concreta. Na “Fundamentação da Metafísica dos Costumes”, o filósofo alemão Immanuel Kant nos ensina que, toda pessoa deve agir sempre e de tal modo que o teu comportamento possa vir a ser princípio de uma lei universal. Isso quer dizer que cada ato moral nosso deve considerar o próximo. Assim, toda pessoa deve agir, conforme os princípios que ela queira que todos os seres humanos sigam e ajam, como se fosse uma lei da natureza humana. www.esab.edu.br 9 Essa lei, elaborada pelo filósofo alemão, exprime de modo incondicional um fundamento no qual a sociedade pode pautar-se. Um norte que irá conduzir todos os nossos atos morais. Mas resta uma pergunta: será que a Lei Moral kantiana pode ainda fundamentar as relações sociais no mundo contemporâneo? Um mundo absolutamente instável. Tais perguntas, com sorte, deverão ser respondidas no decorrer deste escrito. Saiba Mais Para conhecer um pouco mais sobre Ética e Moral, acesse o link: http:// www2.uern.br/index.php/contexto/ article/viewFile/49/47 http://www2.uern.br/index.php/contexto/article/viewFile/49/47 http://www2.uern.br/index.php/contexto/article/viewFile/49/47 http://www2.uern.br/index.php/contexto/article/viewFile/49/47 www.esab.edu.br 10 2 História social da Moral Objetivo Analisar e entender as regras e normas de condutas que irão nortear o caminhar desta sociedade. Para que a civilização pudesse existir e, mesmo antes, para que o ser humano sobrevivesse em um mundo que lhe era hostil (lembremos que os animais são dotados de garras, presas, couro, pelos espessos etc, que os faziam seres adaptados à natureza), foi necessário que criassem instrumentos, mecanismos pelos quais pudessem se proteger das feras e das intempéries de um mundo agressivo. Aos homens, então, coube agir sobre a natureza, a fim de transformá-la em cultura. Ou seja, teve de criar artefatos, instrumentos para se firmarem em sua frágil existência. Para tanto, fez-se necessário estabelecer regras para organizar a vida entre os indivíduos. Há, portanto, a ideia de “moral construída”, segundo a qual todos os comportamentos humanos são pautados por normas estabelecidas pelos próprios membros da sociedade. Esta moral é “exterior” ao indivíduo, isto é, ele recebe de fora, da sociedade e é “anterior” ao indivíduo, uma vez que as regras já estão estabelecidas antes dele nascer. Desse modo, podemos entender que os fundamentos morais se constituem numa ordem terrena, são criados pelos próprios homens. A Moral, ou as regras morais só surgem quando os homens superam seu estado de natureza, instintivo, e passam a viver uma natureza social. Quando passam a ser membros de uma coletividade. Assim, como norma de conduta, a Moral exige exatamente que os homens estejam em relação com os demais, bem como, que possuam uma certa consciência desta relação para que se comportem de acordo com as normas prescritas. www.esab.edu.br 11 Os valores Sob o ponto de vista da Ética, ainda é possível perguntar: há uma hierarquia de valores? Se há uma hierarquia de valores, quais seriam estes valores? Seria a felicidade? A utilidade? O prazer? A justiça? O dever? E estes valores são universais? Isto é, são válidos em todos os tempos e lugares? Ou, diversamente, esses valores são relativos? A moral, então, não se funda em valores absolutos, mas em valores relativos e, consequentemente, podem sofrer e sofrem modificações através do tempo. O que era considerado bom pela sociedade, com o passar do tempo, pode ser considerado ruim; o que era visto como digno, pode se tornar vil, ou vice-versa. À medida que o tempo passa e as relações sociais se alteram, ocorrem, de igual modo, lentas alterações nas normas morais da sociedade. Como exemplo, podemos citar a questão do “desquite”. Em um determinado tempo histórico, o desquite poderia ser avaliado pela sociedade como algo inaceitável e, posteriormente, avaliado como algo moralmente aceitável. Assim como foi, de fato, a escravidão. Antes vista como algo imprescindível à economia do país, hoje é vista com abominação pelo conjunto da sociedade brasileira. Existe liberdade quando praticamos um ato moral? Mas a moral, vista como um conjunto de regras que regulam o comportamento dos indivíduos em um grupo social, tem também um caráter pessoal. Para que as regras morais possam fazer sentido, devem passar pela aceitação da pessoa, do ser individual. Assim, um ato moral só será verdadeiramente moral se a pessoa aceitá-lo, após uma reflexão, em seu íntimo. Esse aspecto reflexivo é bastante interessante, porque os aspectos morais não se reduzem a somente aquilo que foi herdado ou recebido, ou seja, àquilo que nos é “exterior”. A partir de um dado momento, em geral na adolescência, o jovem desenvolve em muito a sua capacidade crítica e passa a questionar, a protestar, a se interrogar acerca dos valores recebidos. Amplia-se, desse modo, a consciência e a liberdade e, consequentemente, a responsabilidade pelos atos. www.esab.edu.br 12 Trata-se, portanto, de escolha: “escolhas morais”. Os indivíduos, em suas vidas, podem variar seus graus de escolha entre dois extremos, ou adotam a moral vigente ou negam a moral vigente. E, nessas escolhas, o que está em jogo são fatores objetivos, bem como os subjetivos. Os primeiros vinculam-se às normas estabelecidas, à cultura, em geral. Já os fatores subjetivos relacionam-se à ideia de liberdade e responsabilidade. Se pensarmos exclusivamente na característica social da moral, tudo se reduzirá ao cumprimento das normas, sem discussão. Seria a execução das normas de conduta apenas por medo de receber alguma sanção, sem nenhuma reflexão crítica. Porém, se o indivíduo por em dúvida as regras, corremos o risco de destruir tais regras. Podemos cair em um individualismo e, quem sabe, no amoralismo, ou ausência de princípios. Em sala de aula, podemos observar inúmeras situações que contemplam essa questão das escolhas morais. Temos, por um lado, aquele aluno que adere e cumpre as normas morais estabelecidas pela instituição de ensino. Tem um bom comportamento com os professores, com os colegas, funcionários da escola etc. Por outro lado, temos aqueles alunos que, mesmo sabendo das normas, em muitos casos, optam por ter uma ação moralmente má ou incorreta. E ainda um terceiro grupo que busca uma ruptura com as regras da instituição, como, por exemplo, se negarem a usar o uniforme. Saiba Mais Filme: Ágora, 2009. Espanha. Direção: Alejandro Amenábar. É a história do debate entre pensamento antigo secular e a ascensão do cristianismo, no século IV. Em Alexandria, no Egito, a filósofa Hipátia, representando o pensamento antigo secular, luta pela permanência da sabedoria antiga, enquanto seu ex-escravo, Davus, cristão recém- convertido, luta pela sua fé e liberdade. www.esab.edu.br 13 3 Investigação das relações entre valores e educação Objetivo Compreendera questão das emoções e sentimentos no contexto de nossas escolhas. Como vimos no capítulo anterior, todo ato moral supõe uma escolha, uma vez que, em geral, existem inúmeras possibilidades de opções. E toda escolha baseia-se em preferências. Escolhemos isso ou aquilo porque imaginamos extrair dessa escolha alguma consequência que nos é agradável ou útil. Assim, preferimos agir dessa maneira, pois tal comportamento nos parece mais digno ou valioso. Escolher, então, supõe que optamos por algo mais valioso em detrimento de algo menos valioso. Quando nos referimos a “valores”, temos em mente a Utilidade da coisa ou a Beleza, a Justiça etc., bem como seus atributos negativos, a Inutilidade, a Fealdade ou a Injustiça. O “valor”, então, comporta uma relação entre nossas necessidades – viver, possuir, reproduzir, dominar etc., - e a probabilidade das coisas em nos contentar ou satisfazer. É na interseção da relação de nossas necessidades e a capacidade das coisas em satisfazer essas necessidades que é criada uma “hierarquia” de valores. Hierarquizar as coisas é reconhecer suas características de modo a tê-las em consideração, quando as decisões forem tomadas. Filosoficamente falando, os valores não são totalmente subjetivos, nem totalmente objetivos, mas determinados pela relação entre o sujeito e o objeto. Sendo assim, os valores constituem os fundamentos de nossas ações e práticas, construindo a consciência que temos das coisas. www.esab.edu.br 14 De acordo com o Psicólogo e Epistemólogo suíço Jean Piaget (1896 – 1980), em uma das definições mais aceitas na Educação, [...] os valores são investimentos afetivos. Isso quer dizer que, apesar de se apoiarem em conceitos, estão ligados a emoções, tanto positivas quanto negativas. Educar para os valores é transmitir aos filhos ou alunos ideias em que realmente acreditamos – por exemplo, que vale a pena ouvir enquanto outra pessoa estiver falando. Ou que ficar muito tempo no chuveiro pode levar à falta de água para todos. Ou ainda que cada um é responsável por seus atos . Todas as coisas existentes movimentam nossa atração ou repulsão por elas. São o que designamos por “avaliação”. Em cada situação da vida, estamos fazendo avaliações, conscientemente ou não. Alguma coisa que possui valor é justamente aquela que não nos deixa indiferentes. Como já foi dito, quando nascemos, o mundo já é um sistema estabelecido, com significados constituídos. Por exemplo: como nos comportar em casa; com estranhos na rua; no restaurante; o que vestir, o que não vestir; o que é feio, o que é bonito; quais nossos direitos e quais os nossos deveres etc. Isso significa que em decorrência dos nossos atos estamos sujeitos à aprovação ou à coerção em medidas variadas. A escola é, portanto, mais um ambiente, entre outros, como o Estado e a família, que tem sido demandada como o melhor lugar para o ensino- aprendizagem dos valores para o pleno desenvolvimento do educando. Um lugar que prepara o indivíduo para a convivência em sociedade, o exercício da cidadania e ainda a exigência de qualificação para o mundo do trabalho. Cabe às instituições de ensino o relevante ofício de passar valores para o desenvolvimento moral dos seus alunos. E voltamos à questão tangenciada logo acima: mas, afinal, o que são valores? E mais: quais valores carecem ser estudados, desenvolvidos e aperfeiçoados na escola? Há coerência entre o que a escola ensina e o que demanda a sociedade? www.esab.edu.br 15 Há uma exigência, mais do que justa, em nossa sociedade – sociedade esta inserida em um mundo cada vez mais globalizado – de que a educação não se limite apenas a passar conteúdos, mas que seja uma “educação que passe valores”. Temas como a “pena de morte” e, mais, “ecologia”, “educação sexual”, “ética”, “direitos e deveres do cidadão” etc, são demandas que a sociedade deseja ver debatidas nas escolas. Isso nos leva a crer que o currículo escolar precisa ser debatido de forma ampla pela sociedade, visando acompanhar com a mesma velocidade as novas pautas do mundo pós-industrial Voltaremos a este tema mais adiante. Por enquanto, seria interessante que o aluno, na intenção de aprofundar a sua reflexão sobre o tema, lesse o excelente livro “Ensaio sobre a cegueira” do escritor português José Saramago, Nobel de literatura de 1998; ou mesmo assistisse ao filme “Cegueira”, do diretor brasileiro Fernando Meirelles, inspirado no livro do escritor português. Estudo Complementar SARAMAGO, José. Ensaio Sobre a Cegueira. São Paulo, Cia das Letras, 1995. Em uma cidade fictícia, todas as pessoas ficam cegas, exceto uma mulher que toma conta de várias outras. Neste ambiente em dissolução, como as pessoas passam a agir? Quais os valores éticos são preservados e quais são esquecidos? O livro é uma reflexão sobre a relação entre valores e sobrevivência. www.esab.edu.br 16 4 O vínculo entre família e escola Objetivo Compreender a necessidade de haver um vínculo harmônico entre os valores adotados pela família e os valores adotados pela escola. Estes “investimentos afetivos” aos quais se refere Piaget devem ser uma das principais preocupações, inicialmente dos pais e, posteriormente, de todo educador. Quando educamos nossos alunos, devemos ter em mente este cuidado. Mas como atuar no dia a dia escolar? Quais valores são imprescindíveis? Como a escola pode colaborar nessa formação? Será que estamos, enquanto escola, preparados para transmitir valores? Em geral, penso que sim, as escolas encontram-se preparadas para formar valores, para transmitir valores indispensáveis à vida dos nossos jovens – óbvio está que esse processo de formação não deve ser atribuído apenas às escolas. Pertence, primordialmente, aos pais, à família. À escola caberia a continuação do processo. É importante, entretanto, buscar alinhar conteúdos programáticos à discussão sobre valores. Por exemplo: a gravidez na adolescência. Temas transversais que tangenciam várias disciplinas, como Biologia, Sociologia, Psicologia, História etc. Hoje, mais do que nunca, é imperativo que a escola participe dessa formação, seja difundindo, aconselhando, persuadindo nossos jovens a adotar valores universais. Sem a transmissão desses valores, não há como constituir cidadãos éticos, dispostos a viver em sociedade. Mas, reforçando, é fundamental a participação da família neste processo. A família tem de estar “afinada” aos valores que a escola busca fazer refletir. Se é uma família conservadora, esta deverá procurar uma escola com características mais conservadoras etc. Devemos considerar que formar cidadãos, educar cidadãos, requer, naturalmente, diálogo. E, para que esses diálogos aconteçam, faz-se necessário que as expectativas, os conceitos sejam compartilhados. www.esab.edu.br 17 Com foi dito acima, “todo ato moral supõe uma escolha”, e essa escolha pertence à esfera daquilo que imaginamos ser agradável ou útil para nós. É imperativo que nossos educadores demonstrem que nem sempre poderemos trabalhar com as categorias do “agradável” e do “útil”. Devemos antes de tudo, pensar em leis universais, por exemplo: “se os outros tomassem a mesma atitude que eu, isso me afetaria positiva ou negativamente? ” Os jovens e o consumo Uma outra questão que perpassa a formação dos nossos jovens é a questão do consumo. Como é sabido, vivemos em uma sociedade de consumo, formamos uma sociedade de consumidores. Conforme o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, vivíamos, na Modernidade, uma sociedade de produtores; hoje vivemos numa sociedade de consumidores. É um novo paradigma. Se o ser humano não é um consumidor, torna- se uma pessoa de segunda categoria, pois o que importa não é mais o “ser”, e sim, o “ter”. Isso traz, entre outras, uma consequência nefasta à sociedade. Saiba Mais BAUMAN, Zygmunt. Vida Para Consumo. Ed.: Zahar – Rio de Janeiro, 2008. Zygmunt Bauman levanta uma discussão muito séria que toca de perto o campo da Ética: o jovem visto como um serdispensável, só não de todo dispensável porque consumidor. Mas o que Bauman pretende mostrar o jovem como um ser dispensável? Ele, o jovem, está sendo visto como um encargo social e não mais como uma promessa de futuro. O autor aponta o principal motivo para não serem inteiramente dispensáveis: Devido à virtual contribuição à demanda de consumo: a existência de sucessivos escalões de jovens significa o eterno suprimento de ‘terras virgens’, inexploradas e prontas para cultivo, sem o qual a simples reprodução da economia capitalista [...] seria quase inconcebível. (BAUMAN, 2013, p. 52). www.esab.edu.br 18 Temos mais um agravante se levarmos em conta as ponderações feitas pelo sociólogo polonês, que cita um estudo feito pela Kaiser Family Foundation em seu livro “Sobre Educação e Juventude”, de que jovens entre 8 e 18 anos “gastam... mais de sete horas e meia por dia com smartphones, computadores, televisores e outros instrumentos eletrônicos, em comparação com as menos de seis horas e meia de cinco anos atrás. ” (BAUMAN, 2013, p. 52). É certamente com esse jovem que estamos lidando. Se a isto, prossegue Bauman, acrescentarmos o tempo gasto postando textos, falando em seus smartphones e realizando múltiplas tarefas, como assistir TV e atualizar o Facebook, o número aumenta para onze horas de conteúdo de mídia ao dia. Os jovens, desse modo, estão sendo “adestrados” para o consumo – mas não só! E o que pode um pai ou uma mãe fazer em relação a isso? O que pode a escola realizar neste contexto? Vejamos: quanto tempo esses pais passam próximos aos filhos? Quanto tempo “gastam” conversando com eles? Quando se aproximam dos filhos para tentarem quinze minutos de conversa, esses já tiveram onze horas de “conversa” com as mídias eletrônicas. Deixamos aqui uma última pergunta: Quem vai ganhar essa contenda? Tarefa dissertativa Caro estudante, convidamos você a acessar o Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a tarefa dissertativa. www.esab.edu.br 19 5 Alunos “reais” e não “ideais” Objetivo Discutir a questão dos alunos “reais” e dos alunos “ideais” pela ótica da mudança dos paradigmas no mundo contemporâneo. O problema é bem mais complexo do que parece à primeira vista. Como iremos persuadir um jovem, formado e acostumado nestes tempos de “se dar bem”, de “levar vantagem em tudo”? Como persuadi-lo – nestes tempos de consumo desenfreado, em que o outro é visto sempre e apenas como um objeto a ser usado – a ter respeito pelos outros seres humanos? Mas será que mesmo não existindo uma resposta simples e direta, podemos, ainda assim, apontar caminhos, com a intenção de mitigar os problemas morais enfrentados por todos nós na contemporaneidade? É, portanto, este jovem – dispensável, desprotegido, órfão em uma cultura egoísta – que nos é dado a ensinar valores. Estes são os nossos alunos “reais” e não “ideais”! E mais: indisciplina, infantilidade, rebeldia, envolvimento com álcool e drogas, além do desestímulo endêmico pela aprendizagem. A interrogação que se coloca é: “como deixamos chegar a esse ponto? ”. Na realidade, “não deixamos chegar”, isso faz parte de um processo. São as consequências de um processo que teve sua origem no início da Modernidade europeia, por volta do século XVI, e avança até fins do século XIX. Existe algo assim como um consenso de que a Modernidade foi um período que se caracterizou, notoriamente, por certezas. Em geral, atribui-se a este período uma extrema confiança na razão humana como forma de alcançar o progresso e emancipar o homem da escassez. A religião, por exemplo, deixa de fundamentar a existência humana – e, em seu lugar, coloca-se a “Razão”. Assistimos também os cientistas www.esab.edu.br 20 plenamente confiantes com o progresso tecnológico. Se de um lado, temos os capitalistas e seu entusiasmo com o desenvolvimento industrial; de outro, temos os socialistas, de igual modo, entusiasmados com a construção do socialismo. De maneira que, poucas destas convicções existentes até o século XIX sobreviveram incólumes ao século XX. O assim denominado “Projeto de Modernidade”, isto é, crença na racionalidade, confiança no pensamento científico, o forte papel da moralidade na vida de homens e mulheres, entre outras, não sobrevivem ao impacto trazido pelo século XX. Assim, somos seres que trazemos em nossas raízes culturais uma formação moldada no Humanismo e na Modernidade. Porém, tal formação – o tal “Projeto de Modernidade” – não se coaduna mais com os tempos atuais. Vivemos, não mais a Modernidade, mas uma a Pós-modernidade. É a superação daquele projeto de mundo, de compreensão de mundo. Essa superação ou ruptura em relação àquele “projeto” é resultado das profundas transformações pelos quais o mundo vem passando. As antigas ideias – racionalidade, ciência, moralidade, organização etc – que criaram o pano de fundo da cultura, isto é, que criaram os fundamentos que sustentavam a vida humana, entram em declínio e cedem lugar a novas formas culturais. Assim, as “paisagens culturais” estão transformando os indivíduos sociais. As velhas identidades que instauraram a imagem que temos de nós, que davam uma espécie de esteio ao mundo social, estão em declínio. Surge, desse modo, novas identidades. Mas, antes, porém, o que vem a ser essas “velhas identidades”? Saiba Mais Paisagens culturais Disponível em: http://www.brasilescola. com/geografia/paisagem-cultural- paisagem-natural.htm Acessado em: 16/11/2015 http://www.brasilescola.com/geografia/paisagem-cultural-paisagem-natural.htm http://www.brasilescola.com/geografia/paisagem-cultural-paisagem-natural.htm http://www.brasilescola.com/geografia/paisagem-cultural-paisagem-natural.htm www.esab.edu.br 21 Tanto nas Ciências Sociais, quanto na Filosofia (ao menos nas filosofias contemporâneas), entende-se que as “velhas identidades” eram formas de como os indivíduos se viam, se entendiam enquanto seres humanos. Estas velhas identidades, então, estavam ancoradas numa compreensão de pessoa humana inteiramente centrada, com as capacidades de ser racional, de ter consciência das coisas e de si e capaz de ação intencional. O que as Ciências Sociais e as Filosofias contemporâneas argumentam é que é exatamente este modo de se “ver” que está se alterando. O que denominamos de “processo de identificação”. Aquele sujeito, visto e vivido como dono de uma “identidade unificada e estável”, com a qual se identificava, torna-se fragmentado. Possuidor não de uma identidade, mas de inúmeras identidades – às vezes até contraditórias entre si. O sujeito se entende e se sente provisório, improvável, precário, inconstante. As “velhas identidades” que, como mencionamos acima, instauraram a imagem que construímos para nós mesmos, surgem hoje em declínio, fazendo surgir uma outra identidade, mais fragmentada. Em decorrência disso, há uma perda do “sentido de si”, o que chamamos de “deslocamento do sujeito.” É este sujeito, portanto, deslocado de si e da imagem que faz de si, que temos de lidar na escola e na sociedade em geral. Este é o nosso aluno “real”. Muitos pais, ou mesmo a sociedade, no geral, entendem que a Educação deve estar associada a valores autoritários e morais. No entanto, podem existir outras formas de se educar. Mas que fique claro: educamos a partir de exemplos, para que alguém acredite naqueles valores que desejamos passar, que valorizamos, só será possível se for precedido pelos exemplos que nós mesmos damos. Sem bons exemplos não há valor que se sustente. De nada resolve, portanto, que a família pretenda que a escola atue com rigor em relação às crianças se a própria família não atua com o mesmo rigor. Mesmo porque, não é mais disso que se trata. Disponível em http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/formacao- valores-413152.shtml. Acessado em: 16/11/2015 www.esab.edu.br 22 Se, como foi visto, lidamos hoje com pessoas formadas por outros paradigmas, obviamente devemos ajustar nossos pontosde vista, nossa maneira de ser e viver no mundo, e nos adequar dialeticamente aos nossos alunos “reais”. Fórum Caro estudante, participe do nosso Fórum de discussões. Lá você poderá interagir com seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar, por meio da interação, a construção do seu conhecimento. Vamos lá! www.esab.edu.br 23 Resumo No capítulo 1, estudamos a diferença entre Ética e Moral. Embora ambas sejam vistas como sinonímicas, há diferenças entre as duas. Enquanto Moral seriam as regras, os costumes de uma sociedade, a Ética seria, então, a ciência que estudaria essas regras morais. Os problemas concretos e práticos da realidade estão no campo da moral; ao passo que à Ética cabe estudar, refletir criticamente acerca dos valores morais. Ainda no capítulo 1, estudamos os fundamentos morais do agir humano. Tais fundamentos se apóiam na religião? Ou se apóiam na própria consciência humana? Eles estão baseados na razão? No 2º capítulo, você viu que estudamos a História Social da Moral. Vimos que, para uma sociedade existir, qualquer que seja ela, necessitará de observar as regras. Toda sociedade, das mais arcaicas às modernas e complexas, tem de ter suas normas morais. Continuando o capítulo, discutimos a liberdade do sujeito moral. Para que as regras morais façam sentido, devem passar pela aceitação consciente da pessoa. Mais adiante, ainda no capítulo 2, estudamos a questão dos valores. Há uma hierarquia de valores? O que é mais importante em nossas escolhas: a justiça, a utilidade, a beleza? Além disso, estudamos a questão da liberdade quando praticamos um ato moral. Investigamos as relações entre valores e educação no capítulo 3. Voltamos ao tema dos valores, à questão das hierarquias, vimos que nossas escolhas baseiam-se em nossas emoções e, posteriormente, pensamos a escola como mais um ambiente de transmissão de valores para o desenvolvimento do aluno. Um lugar de preparação de indivíduos para a convivência em sociedade. www.esab.edu.br 24 No capítulo 4, desenvolvemos a temática que diz respeito ao vínculo entre família e escola. Lá discutimos a necessidade de haver uma harmonia entre os valores que a família busca e os valores que a escola admite para si, isto é, a família do aluno tem de estar “afinada” aos valores reproduzidos pela escola. A necessidade de a escola transmitir valores para construir cidadãos éticos. Ainda neste capítulo, colocamos a problemática do consumo. Ou seja, os jovens na sociedade de consumo, a ideia do “ter” mais importante do que o “ser”. A mudança de paradigmas. Por fim, no capítulo 5, pensamos acerca dos alunos “ideais” e dos alunos “reais”. Detalhamos, para tanto, o Projeto de Modernidade e o seu progressivo desmoronamento. A questão das “velhas identidades” que não refletem mais o que se espera no mundo contemporâneo. O sujeito, visto como portador de uma identidade una, estável, torna-se multifacetado, fragmentado. De modo que, nos tempos atuais, qualquer tipo de expectativa em relação aos alunos “ideias” cai por terra. Lidamos, pois, com pessoas formadas por outros paradigmas, nossos alunos “reais”. www.esab.edu.br 25 6 Da formação dos professores Objetivo Analisar as condições de trabalho do professor, seu status social e a questão da sua formação. E é sob a perspectiva do item anterior, que devemos entender a formação dos professores. Para que tenhamos um efetivo avanço educacional, é de suma importância, por exemplo, vincularmos os resultados avaliativos de aprendizagem e a formação dos professores, a fim de que o processo de aprendizagem possa se renovar. De igual modo, é fundamental que haja a criação de planos de carreira para professores e demais profissionais envolvidos em educação. Para uma melhor qualidade da educação, faz-se necessário melhorar a formação dos professores, seu status social, bem como as condições de trabalho, pois os professores só poderão responder ao que deles é desejado se obtiverem as competências e os conhecimentos, as qualidades e as motivações pessoais solicitadas. Os professores vêm sendo forçados a trabalhar em várias escolas, em vários períodos, devido aos baixos salários, ao mesmo tempo que têm de levar trabalhos extras e, sem remuneração, para casa. Por falta de tempo e dinheiro, tais profissionais vêm sofrendo um processo de defasagem profissional, uma vez que ficam impossibilitados de investir em sua própria formação. Quando falamos em “formação de professores”, uma das dificuldades encontrada é a separação que se faz entre teoria e prática. A separação entre conteúdo e forma, isto é, a dissociação entre os conteúdos aprendidos nas Universidades e a forma com que esses conteúdos serão trabalhados em sala de aula. www.esab.edu.br 26 A formação do professor é, portanto, algo fundamental para que a escola e, por extensão, os alunos consigam alcançar melhores resultados, já que, em sua prática, o professor pode e deve adotar uma atitude de auxílio ao aluno para o desenvolvimento da ação reflexiva. Assim, a formação do professor encontra-se intimamente ligada à pesquisa. Ele necessita, pois, de tempo, a fim de dedicar-se ao aperfeiçoamento e, consequentemente, construir novos saberes. É, por exemplo, o caso da formação continuada. Dica Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do problema no contexto brasileiro. Demerval Saviani – Universidade de Campinas, Faculdade de Educação. http:// www.scielo.br/pdf/rbedu/v14n40/ v14n40a12.pdfAcessado em: 17/11/2015 A formação continuada como exigência do mundo globalizado Não custa lembrar as mudanças pelas quais atravessa toda a sociedade, como vimos anteriormente – as profundas alterações nas paisagens culturais, novas identidades, uma outra visão que os seres humanos adquirem de si, etc. Tudo isso, somando-se ao processo de Globalização, faz com que vivamos num mundo onde a quantidade de informações diariamente disponibilizadas, a uma velocidade tal, faz com que, o “conhecimento” seja um pré-requisito indispensável ao mundo do trabalho. Para saber mais sobre “Globalização” http://aprovadonovestibular.com/resumo-globalizacao-o-que-e- globalizacao.html. Acessado em 17/11/2015 http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v14n40/v14n40a12.pdfAcessado em: 17/11/2015 http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v14n40/v14n40a12.pdfAcessado em: 17/11/2015 http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v14n40/v14n40a12.pdfAcessado em: 17/11/2015 http://aprovadonovestibular.com/resumo-globalizacao-o-que-e-globalizacao.html http://aprovadonovestibular.com/resumo-globalizacao-o-que-e-globalizacao.html www.esab.edu.br 27 Incide, consequentemente, sobre o professor novas cobranças, novas exigências. De modo que, há a necessidade premente de estar sempre atualizado e bem informado. Mas veja: tem de estar, o profissional da educação, não só, sempre atualizado e bem informado no que tange aos fatos do mundo, mas sobretudo, diria, em relação aos conhecimentos curriculares e às novas tendências educacionais. Daí a fundamental importância de o professor adquirir capacitação por meio da formação continuada. Para que as alterações que ocorrem de forma vertiginosa na sociedade contemporânea possam ser acompanhadas, é necessário que este profissional da educação dê valor, como estratégia de ensino, a investigação. Faz-se necessário que o profissional desenvolva a reflexão crítica em sua prática cotidiana e, para tanto, tem de haver, como pré- requisito, uma formação continuada. É, assim, mediante a constância do estudo, da pesquisa, da reflexão que podemos vislumbrar uma mudança na educação como um todo. A partir da oportunidade de experimentar e vivenciar novas pesquisas, novas reflexões, outras maneiras de ver e viver a escola, de pensar a escola. De modo que o processo de formação continuada de professores, após os conhecimentos iniciais adquiridos para o desenvolvimento da atividade profissional, é que irá aperfeiçoar o profissional da educação, a fim de garantir um ensino de qualidadesuperior aos educandos. Ainda acerca da questão da formação continuada do professor. Ressaltamos que, faz-se necessário, por conseguinte, para que se efetue de forma efetiva tal formação, que o professor consiga identificar e unir os aspectos teóricos e práticos de sua formação no dia a dia da sala de aula. A teoria, esperamos que o auxilie a compreender sobremaneira a sua prática e a lhe conferir sentido; bem como a sua prática, a lhe proporcionar um melhor entendimento da teoria. Para saber mais: O significado da formação continuada docente. Lilian Kemmer Chimentão http://www.uel.br/eventos/conpef/conpef4/trabalhos/ comunicacaooralartigo/artigocomoral2.pdf http://www.uel.br/eventos/conpef/conpef4/trabalhos/comunicacaooralartigo/artigocomoral2.pdf http://www.uel.br/eventos/conpef/conpef4/trabalhos/comunicacaooralartigo/artigocomoral2.pdf www.esab.edu.br 28 Para finalizar, um parêntese neste momento, a fim de ressaltar aquilo que nem sempre salta aos olhos. Apesar da importância da formação continuada, e mesmo da importância de uma boa formação inicial – a qualidade do curso de graduação e licenciatura – devemos entender que o professor não tem toda essa autonomia. Depende, outrossim, do projeto político pedagógico da escola a qual está inserido. O professor está sujeito aos que com ele dividem o espaço escolar. Enfim, às limitações inerentes a toda relação de trabalho. Nem sempre temos autonomia para por em prática tudo aquilo que desejamos e em que acreditamos. www.esab.edu.br 29 7 Uma breve discussão sobre avaliação Objetivo Discutir a temática da “avaliação” como um processo, como uma ferramenta para fazer o aluno avançar. Por um longo período, as provas foram usadas como um meio para qualificar os alunos como bons ou como maus. As temíveis provas bimestrais, ainda hoje, servem mais como ameaça à turma do que propriamente índice avaliativo. No entanto, este antigo e renitente modelo começa a ficar ultrapassado. De maneira que, trazemos para o nosso dia-a-dia escolar, a “avaliação”, vista como um novo modo de abordar a questão e uma ferramenta importante para fazer com que os nossos alunos possam avançar. Comecemos observando que não devemos mais trabalhar com categorias de “certo” ou “errado”, mas trabalhar com elementos, tais como, redações, seminários, trabalhos em grupo, auto avaliação, projetos, prova objetiva, prova dissertativa, entre outros. Tudo isso adaptado conforme a contexto didático, adequando aos objetivos do educador, bem com às necessidades específicas da turma. A “avaliação”, de acordo com esse outro ponto de vista, deve contemplar um novo encaminhamento para uma aprendizagem mais eficaz, tendo por objetivo, aspectos individuais e coletivos, bem como, considerar sempre a parceria professor/aluno. Ao primeiro cabe identificar onde se pretende chegar, quais os objetivos; ao segundo, compete uma parceria nessa longa empreitada. De modo que, as avaliações possam ser discutidas em conjunto. www.esab.edu.br 30 A questão da avaliação sempre esteve calcada numa relação de poder, como um mecanismo para controle da turma; era e ainda é uma ameaça. Porém, esse aspecto negativo da avaliação começa a ser questionado, na medida mesma em que a formação do professor passa a divisar novos paradigmas a serem adotados. Ou seja, as dificuldades dos jovens não são mais entrevistas como deficiência, mas encaradas como desafio para o professor. Entendemos, entrementes, que a avaliação é uma atividade humana. Em toda e qualquer situação estamos sempre fazendo avaliações. Por que aquela pessoa falou daquele modo? Por que respondi de tal maneira? Aquele jeito de se vestir está combinando com o ambiente? Será que atuei mal tendo esta atitude? Devo comprar este Smartphone, é tão caro? Em resumo, as situações não têm fim, estamos sempre avaliando o mundo, os outros e a nós mesmos. Como não poderia deixar de ser, avaliar é, de igual modo, um ato inerente ao processo educativo e deve ser realizado com a intenção de promover uma ação e uma reflexão e, de novo, uma ação. Logo, precisamos entender que nossa prática educacional está comprometida com a transformação social de modo consciente e não com a manutenção irrefletida e inconsciente (RABELO, 2009). Ainda conforme Rabelo, avaliar é um ato para construção de competências técnicas e sócio-política-culturais. De maneira que a escola não deve dar continuidade aos trabalhos dogmáticos que adotem verdades absolutas. Ou como apenas instrumento de classificação em detrimento da ideia de diagnóstico. A avaliação deve ser entendida como um instrumento que possibilite diagnósticos. Que sirva para avaliar os alunos, mas também as propostas da escola para “validar e/ou rever o trabalho pedagógico”. De modo que, neste processo avaliativo, a ênfase não deve recair somente no “certo” ou “errado”, mas como o aluno alcançou tal resultado. Necessitamos entender a não só valorizar as respostas “certas”, mas perceber o “erro” como “parte importante da aprendizagem”, como expressão de um processo de elaboração de conhecimento, devendo “ser considerado erro construtivo”. www.esab.edu.br 31 Pois partimos, afinal, do ponto de vista que o ser humano é um ser histórico, que percorre todo um caminho e não nasce “pronto”, como nos ensina Cipriano Luckesi. Contudo, se valorizamos apenas o acerto, caímos na ideia pré-concebida do “pau que nasce torto, morre torto”. Ou seja, se é assim, não há o que fazer por esse aluno. Ele estará definitivamente julgado e classificado como irrecuperável diante do modelo escolar vigente. Como dito anteriormente, o ser humano é um ser que não nasce pronto, é um ser histórico, que está em processo. Para tanto, devemos nos utilizar, enquanto educadores, de outros modos de avaliação. Assim, não estando o aluno preparado hoje, pois em processo, poderá estar amanhã. Como bem resume Rabelo, o ser humano é constituído por um conjunto riquíssimo de atributos, sejam afetivos, sociais, motores, corporais e cognitivos. Consequentemente: Todas essas dimensões devem ter igual importância na sua formação. Portanto, uma avaliação acadêmica precisa considerar essa totalidade e não apenas o aspecto cognitivo, como habitualmente acontece na maioria dos processos avaliativos, em quase todo o nosso universo escolar. (RABELO, 2009, p. 45) Indo além, Rabelo ressalta que uma prova não deveria apenas indicar um “erro” ou um “não-saber” em um momento pontual, mas poderia servir como um instrumento de aprendizagem, no sentido de que depois de corrigida e antes de aplicada a nota, ao aluno fosse dada a “oportunidade de refazê-la, atentando para possíveis observações feitas pelo professor e, é claro, sendo valorizado por esse refazer a prova, enquanto processo e não apenas enquanto produto”. Saiba Mais Leia, RABELO, Edmar Henrique. Avaliação: novos tempos, novas práticas Ed.: Vozes – Rio de janeiro, 2009. www.esab.edu.br 32 8 Avaliação e ética ou ética na atuação profissional e na produção do conhecimento Objetivo Entender a relação entre avaliação e ética, além dos pactos estabelecidos entre o educador, os alunos e a sociedade. Se estivermos de acordo com o que foi exposto no capítulo anterior, podemos, então, relacionar a temática da avaliação com a ética. Se entendermos que a avaliação da aprendizagem é a busca por resultados, podemos entrever que deve haver um pacto ético entre o professor e o educando, entre o professor e a escola e, de igual modo entre o professor e a sociedade, isto é, um pacto profissional. Conforme Cipriano Luckesi: O educador, por meio do seu exercício profissional, compromete-se com todas essas instâncias a investir na produção dos resultados estabelecidos e desejados. E a avaliação da aprendizagem, na ótica operacional, só faz sentido se houver ação planejada e efetivamente executada com o objetivo de produzir os resultados estabelecidos. (LUCKESI, 2011, p. 36) Os educadores, dentro do sistema de ensino e, em tudoo que isso comporta, serão aqueles que irão mediar o processo educativo e a produção de resultados. Pela própria posição assumida, os educadores têm compromisso com a solidariedade. Todo ato moral é solidário, no sentido de que o ato moral afeta o outro. A solidariedade no ato de aprendizagem significa o investimento para que os estudantes “aprendam da melhor forma possível”. E se o estudante não aprendeu, é importante que haja uma investigação para verificar o que não funcionou e buscar uma solução viável para o problema. O pacto ético, assim denominado por Luckesi, entre o educador, o educando, a escola e a sociedade, está comprometido com a aprendizagem e o desenvolvimento do educando. Esse seria o primeiro pacto ético. www.esab.edu.br 33 O segundo pacto ético, conforme Luckesi, é o curricular. É o comprometimento do educador com a execução, com o “cumprimento satisfatório do currículo”. E somente deveria haver uma avaliação no momento em que todos os educandos tivessem realmente absorvido o que foi ensinado. Citando um educador protestante dos séculos XVI e XVII, Luckesi pondera: “[...]Que um educador só poderia aplicar uma prova depois que tivesse a certeza de que todos os seus estudantes haviam aprendido o que fora ensinado”. (LUCKESI, 2011, p. 83) Constatamos, no entanto, que estamos distantes desse tipo de entendimento em nosso dia a dia na escola. Uma “prova” só encontrará seu fim, se demonstrar que nossos alunos realmente aprenderam o que realmente tinham de aprender. O terceiro pacto, é o pacto com a verdade. Diz respeito a todas às incoerências resultantes do que foi oferecido aos educandos pelo educador e pela escola e o que foi cobrado sobre o conteúdo do que foi ensinado. O que foi pedido ao aluno possui uma linguagem clara e compreensível? Evitou-se dúvidas e equívocos no que foi solicitado ao aluno? Devemos, portanto, evitar as distorções, pois elas “rompem com o pacto da verdade”, ou seja, dificultam a expressão do que acontece realmente com nossos alunos em relação à aprendizagem. Elas ferem o ato de avaliar e, por isso mesmo, o pacto ético da verdade, pois instrumentos com as distorções apontadas... não podem descrever qual a efetiva aprendizagem dos educandos (LUCKESI, 2011) Consequentemente, os instrumentos avaliativos serão incapazes de uma real percepção do desempenho dos alunos. Assim, a avaliação exige do educador uma ética, neste caso, o pacto com a verdade, para a elaboração das avaliações, conforme regras bem claras, “científicas”, a fim de que os educandos não se tornem reféns, por exemplo, de ameaças e ansiedades de ordem psicológicas. Exatamente como vimos no capítulo anterior. As provas não podem ser um meio de controle da turma, de ameaça em detrimento do índice avaliativo. Exige-se hoje que as avaliações sejam modos para que nossos educandos possam avançar. www.esab.edu.br 34 As correções das avaliações devem estar sintonizadas com a verdade. As observações a serem relacionadas, devem ser “adultas e verdadeiras”, jamais “agressivas ou desqualificadoras”; justamente o contrário, devem ser “acolhedoras e construtivas”, a fim de que os alunos tenham no educador um parceiro – pois é disso que se trata, uma obra em parceria. Sintetizando, então, diríamos que temos três pactos éticos – o profissional, o curricular e o da verdade: os três pactos podem se resumir em um só que seria a “eficiência do sistema de ensino”. Isto significa a procura pelo sucesso, um empenho “com o projeto pedagógico, por meio do constante investimento em soluções para os impasses emergentes”. Obviamente que para cumprir esses três pactos éticos, faz-se necessário, por parte do educador, ter uma “maturidade emocional”. Para toda conduta ética é preciso maturidade, pois “imaturidade produz condutas éticas insatisfatórias nas relações com os outros”. Saiba Mais LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem, Componente de um Ato Pedagógico. Ed. Cortez – São Paulo, 2011. www.esab.edu.br 35 9 Debate dos pressupostos éticos da formação humana e da sociedade Objetivo Compreender os pressupostos éticos da contemporaneidade em um mundo ambivalente. Como é notório, vivemos em uma sociedade plural. Evidente também está que tal pluralidade não é um privilégio desta sociedade. Se fizermos um rápido resumo histórico, perceberemos que as civilizações sempre se depararam com a diversidade e os conflitos que daí se produziram. Para ficarmos apenas em um exemplo: na Grécia Antiga, no século IV a. C., Alexandre Magno buscou unificar a vastidão do mundo conhecido em torno da hegemonia grega. Os exércitos de Alexandre marcharam sobre o nordeste da África, sobre o Império Persa, Ásia Menor, chegando até a Índia. Imaginemos as trocas culturais que daí se sucederam? Assim, o encontro entre diversidades sempre ocorreu no mundo. Mas por que, então, tanta polêmica quando retratamos o panorama contemporâneo? Sempre existiu, como mencionado acima, esse contanto plural entre as sociedades e culturas. O problema, no entanto, se encontra nos mecanismos hoje existentes, em que a cultura assume características muito próprias. Talvez estejamos acostumados, ou melhor, mal-acostumados em pensar a cultura de forma binária, isto é, de forma excludente: ou isto ou aquilo. Mas a realidade não é tão simples assim. Conforme Pedro Goergen, a ciência, até o século XIX, manteve uma leitura linear e harmônica dos corpos físicos, como exemplo, a mecânica de Newton. No entanto, quando esta ciência passou a ser confrontada com a física quântica de Max Planck e/ou a teoria da relatividade de Albert Einstein, percebeu-se que ela não correspondia às necessidades daquela outra realidade. A realidade ínfima. Tanto a mecânica quântica, quanto à teoria da relatividade constataram que seus objetos de observação, sendo de natureza variável – ora onda, ora partícula – e suscetíveis à interferência do observador, eram essencialmente inexplicáveis pelos métodos da física clássica newtoniana. www.esab.edu.br 36 De modo que o “incerto” passa a ocupar as mentes e os espíritos da contemporaneidade a partir justamente das ciências naturais. E ainda de acordo com Goergen, o mundo adquire uma ambivalência, uma tensão “que significa tanto inventar quanto preservar; descontinuidade e prosseguimento; novidade e tradição; rotina e quebra de padrões...”. Assim, buscar pelos fundamentos éticos, pelos pressupostos éticos da formação humana, requer do pesquisador, bem como do educando, um outro olhar. Um olhar em perspectiva. Como foi dito, menos binário. É, portanto, entre aqueles pólos paradoxais e ambivalentes que os pressupostos éticos da formação humana irão se formar. O que caracteriza a nossa sociedade diversificada, é a natureza incerta e inconstante. Findou-se tudo o que era permanente e que conferia legitimidade aos tradicionais pressupostos éticos. De modo que, atualmente, fica difícil pautar-se por um fundamento ético exclusivo. Como exemplo, tínhamos na Antiguidade Clássica, a ética socrática que se pautava, isto é, que tinha como fundamento o “conhecimento”. A referência, portanto, é o conhecimento. Para Sócrates, o bem moral é um dado do conhecimento. Ninguém, segundo o ateniense, erra voluntariamente, quem pratica o mal ou, quem faz o mal, faz por ignorância, isto é, faz porque ignora o bem. Ora, Sócrates percebia que os homens, por seu temperamento, buscam sempre seu próprio bem, de maneira que, quando fazem o mal, não o fazem por se tratar do mal em si, mas porque, naturalmente, esperam retirar daí um bem. Para Sócrates, o mal é involuntário. Os homens se enganam, sub- repticiamente, ao esperarem um bem quando, verdadeiramente, cometem apenas um equívoco, um erro de cálculo. Ou seja, são vítimas da própria ignorância. Assim, para nosso filósofo, o conhecimento é condição necessária para se praticar o bem. E seria, sob tal ponto de vista, impossível conhecer o bem e não fazê-lo. Mais adiante, na Modernidade temos,entre outros, David Hume. O filósofo escocês é um empirista e desenvolveu o que denominamos “moral do sentimento”. Segundo esta concepção filosófica, não é a razão que determina nossa vontade e nossos atos, mas sim, as paixões. Somos movidos pelas nossas paixões, conforme pensava David Hume. Isso quer dizer que os nossos atos, os atos morais dizem respeito apenas às sensações de agrado e prazer, de dor e remorso que deles resultam. www.esab.edu.br 37 Esses dois exemplos citados acima, indicam claramente que no passado, o que fundamentava uma determinada ação, determinado ato moral eram fundamentos muito claros. No caso de Sócrates, era a razão. O que determinava um ato era a capacidade de o ser humano agir racionalmente. O ato moral era um dado do conhecimento; ao passo que, com David Hume, o que determinaria um ato moral era o sentimento que resultaria de tal ato. Na contemporaneidade, entretanto, trabalhamos com um vasto número de pressupostos éticos, criando desse modo, uma realidade bem mais complexa para nos movermos. Conforme Goergen, No movimento persistente entre os pólos desses binômios, realiza-se a formação humana, em ambientes tanto formais quanto informais de educação. O aporte novo, próprio das sociedades complexas e plurais, é o caráter instável e plural desse universo formativo. Perde-se a permanência e a fixidez que conferiam autoridade e legitimidade aos processos formativos tradicionais em que objetivos claros e socialmente referenciados justificavam os procedimentos impositivos usados para ‘transmitir’ conhecimentos e posturas éticas vinculantes a serem incorporados com resignação e conformismo. Ordem, disciplina, respeito, obediência e humildade eram pressupostos naturais de qualquer relação formativa. Mas, com a crise dessas certezas, isto é, das “certezas epistêmicas e éticas”, com o estabelecimento de um mundo mais complexo e instável, consequentemente, a educação tradicional é, de igual modo, posta em xeque. Há, portanto, uma defasagem entre a formação tradicional e a formação contemporânea, uma vez que agora, o processo formativo está fundado sobre alicerces bem menos estáveis e permanentes. Ainda, então, segundo Georgen, Essa mudança redefine profundamente a relação ensino-aprendizagem, substituindo a verticalidade monológica pela horizontalidade dialógica. Diálogo e busca, comunicação e construção tornam-se as novas referências da interpretação/leitura do real e dos processos dinâmicos de constituição de identidade. Objetividade e subjetividade [...], permanência e transição passam a ser pólos seminais de uma nova dinâmica formativa, relacional e fluida, ladeando o relativismo à busca de novas permanências dialógicas, sempre provisórias, ancoradas apenas no tempo transitivo da cultura construída pelo homem. www.esab.edu.br 38 Tarefa dissertativa Caro estudante, convidamos você a acessar o Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a tarefa dissertativa. www.esab.edu.br 39 10 Discussão das questões éticas contemporâneas Objetivo Discutir a Ética Aplicada, buscando resolver os problemas do cotidiano. Quando nos remetemos às questões de ética contemporânea, observamos que muito do que se discute, relaciona-se à temática ecológica. Há muito os ecologistas vêm nos alertando acerca das ameaças inerentes a todo o processo de degradação ambiental. A partir da segunda metade do século XX, ou após a 2ª Guerra Mundial, inúmeros pensadores, de diferentes áreas do saber humano, têm-se debruçado sobre uma temática deveras complexa: a tecnologia e suas consequências nefastas para o meio ambiente. A própria produção da bomba atômica acende uma luz vermelha na capacidade destrutiva dos homens. Assim, por volta da década de 1970, numerosos debates se desenvolveram em torno do tema. Alguns teóricos da reflexão filosófica denominada Ética Aplicada, desenvolveram ramos, tais como, ética ambiental, ética dos negócios, bioética, entre outras. Estes ramos da Ética Aplicada têm em comum uma comunicabilidade, um diálogo multidisciplinar entre várias ciências. Esse diálogo não fica circunscrito apenas aos filósofos. Mas estes, buscam interlocutores com os demais ramos do conhecimento, com os demais profissionais dos mais variados campos de pesquisa. Entre estes campos, podemos destacar: a biologia, a sociologia, a psicologia, o direito, entre outros. Diante dos desafios impostos aos seres humanos na contemporaneidade, a Ética Aplicada busca deliberar sobre os problemas práticos do dia a dia, problemas estes que necessitam de uma maior consciência dos possíveis riscos a que estamos expostos e quais as medidas necessárias a serem tomadas. www.esab.edu.br 40 As questões dos atos morais dizem respeito aos indivíduos em seu “íntimo”, e consequentemente, às pessoas com as quais convivemos. Assim, muitas vezes ficamos indiferentes, ou mesmo, nos recusamos a ver o sofrimento de alguém, de um animal, ou ainda, a degradação da natureza. Vemos essa degradação, por exemplo, em absoluto silêncio, seja porque esperamos obter algum lucro ou por interesses, na maioria das vezes, mesquinhos. O filósofo alemão Karl-Otto Apel (1922), conclui, considerando os efeitos danosos da tecnologia sobre a natureza, que se faz necessário desdobrar a reflexão ética em três níveis: a microesfera, a mesoesfera e a macroesfera. A microesfera (micro, do grego: mikrós, “pequeno”) trata dos assuntos mais íntimos, como a família, os vizinhos; a mesoesfera (mésos, “meio”) vincula-se ao campo da política nacional; a macroesfera (makrós, “grande”) refere-se ao destino da humanidade. Estaria, portanto, no campo da macroesfera, o enfrentamento dos problemas como a expansão do desequilíbrio ambiental, os perigos das ações belicistas, o terror, entre outros. A Bioética A Bioética é um dos ramos da Ética Aplicada. Ela pretende entender e interferir, daí a ideia de “ética prática”, nos conflitos e polêmicas na esfera da moral em tudo aquilo que diz respeito à Vida. Configura uma conjunção entre conhecimento biológico e valores humanos. Ela também se distingue das éticas em geral, no tocante de que estas se preocupam mais com a forma dos argumentos éticos. A bioética busca, de outro modo, resolver conflitos éticos concretos. Conflitos forjados em sociedades seculares, onde nos embates de interesses não podemos recorrer a alguma autoridade transcendente e a negociação é feita somente por agentes morais. www.esab.edu.br 41 Esta ética aplicada à vida, percorre temas bastante amplos: desde relações interpessoais até questões acerca da sobrevivência do planeta. Dentro da medicina veterinária, por exemplo, a Bioética está vinculada à ideia de bem-estar dos animais. Sob esse aspecto, a principal razão de seu surgimento foram os abusos cometidos na utilização de animais em experimentos. Outras questões também fazem parte do repertório da Bioética, como a clonagem de seres humanos – técnicas desumanizantes. Como já vimos, os referenciais éticos tradicionais, que conferiam sustentação aos atos morais do passado, já não são mais suficientes, ou melhor, não sustentam mais diante das alterações pelas quais passam o mundo. As novas descobertas científicas podem afetar e de certo afetam tanto positiva quanto negativamente a sociedade. Assim, a exame das vantagens e desvantagens de determinada tecnologia ou experimentos deve ser julgada por comissões de pessoas formadas em diversas áreas científicas. Em se tratando dos temas referentes à Bioética, o rápido avanço tecno- científico faz com que os códigos de éticas tradicionais vinculados às profissões não consigam acompanhar tal avanço, de modo que são insuficientes para a compreensão dos polêmicos temas da Bioética. Disponível em http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica. Acessado em: 16/11/2015 http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica www.esab.edu.br 42 Resumo No capítulo 6, vimos o tema da formação dos professores. Tangenciamosa questão da avaliação – que será melhor desenvolvida no capítulo subsequente. Apresentamos a lógica de que para uma melhor qualidade da educação, faz-se necessária uma contínua formação dos professores, bem como as condições de trabalho, o status social, as motivações pessoais. Tocamos no delicado assunto das complicadas condições de trabalho da profissão do educador. Estudamos também a questão da separação entre conteúdo e forma. E a importância fundamental da formação continuada em um mundo globalizado. A discussão sobre avaliação foi privilegiada no capítulo 7. Não podemos mais admitir na contemporaneidade que as provas sejam usadas como ameaça ao aluno ou à turma como um todo. A avaliação deve ser vista como uma ferramenta para que o aluno possa avançar. Não mais as categorias do “certo” e do “errado”, mas como o aluno alcançou tal resultado. Não mais uma relação de poder, mas um comprometimento com a transformação social. A avaliação como um diagnóstico de um trabalho em conjunto. No capítulo 8, discutimos avaliação e ética. Os três pactos sugeridos por Cipriano Luckesi: o primeiro, o pacto profissional, entre o educador, seus alunos, a escola e a sociedade. O segundo pacto, é o curricular. Além de cumprir o currículo há que se ter a garantia de que os alunos tiveram um aprendizado necessário. O terceiro pacto é o pacto com a verdade. As questões da avaliação devem ser coerentes e precisas. Debatemos no capítulo 9, os pressupostos éticos da contemporaneidade. A sociedade plural em que vivemos não concebe mais o que foi produzido no passado. Vivemos em um mundo em que o esquema binário e linear de leitura deste mesmo mundo e do indivíduo nele inserido, não mais cria significados para nossa existência. É, portanto, na ambivalência desse mundo na qual os pressupostos éticos devem se formar. www.esab.edu.br 43 Por fim, no capítulo 10, buscamos discutir as questões éticas contemporâneas, mais precisamente, a Ética Aplicada, um ramo da reflexão filosófica, que pretende uma discussão multidisciplinar entre as várias ciências, como a biologia, a sociologia, a psicologia, o direito etc. A Ética Aplicada almeja resolver os problemas práticos do nosso dia- a-dia. Vimos também, nesse capítulo, uma das éticas que compõem a Ética Aplicada, a Bioética. Um dos ramos da Ética Aplicada, a Bioética pretende interferir nos conflitos da esfera da moral em tudo aquilo que diz respeito à Vida. www.esab.edu.br 44 11 Ética ambiental e o Antropoceno Objetivo Expor e discutir o Antropoceno e a Ética Ambiental. Neste capítulo, daremos continuidade ao tema da Ética Aplicada, à temática da Bioética em consonância com a Geologia. Como foi colocado no capítulo anterior, a Bioética é um ramo da Ética Aplicada que trabalha ao lado de outras ciências, uma vez que com o avanço da tecnologia e da complexidade do mundo tornam insuficientes os códigos de ética tradicionais. Daí a interseção que fazemos uso da Bioética e da Geologia. Antes, porém, devemos conceituar o que vem a ser essa (nova) palavra “antropoceno”. Qual o seu significado? Antropoceno tem suas raízes nas palavras gregas anthropos que significa “ser humano” e ceno que significa “novo”. Estudos geológicos indicam que o planeta Terra passa por períodos cíclicos de transformações climáticas que, poderíamos afirmar, serem naturais. As forças da natureza alteram as condições de vida no planeta. Estudiosos estimam que a Terra já passou por estágios de transformações inúmeras vezes. Tal mudança aconteceu pela última vez antes do desenvolvimento da humanidade. Estudos indicam que um meteoro veio de encontro à terra e em consequência do choque, o clima foi alterado radicalmente. Tal acidente resultou, então, na eliminação por completo de inúmeras espécies de animais, entre elas, os dinossauros. Devido ao acidente, esse período, dominado pelos répteis, foi substituído pelo período dos mamíferos. É o que denominamos era Cenozóica. Nasce, desse modo, a humanidade. www.esab.edu.br 45 Essas transformações climáticas são inevitáveis e o planeta está próximo a enfrentar uma outra era geológica. Porém, cientistas endossam a tese de que com a interferência insidiosa dos homens ao meio ambiente este processo de transformação do clima está sendo antecipado. Os estudiosos desse processo, então, nomearam esta nova era de “Antropoceno”. Antropoceno é o nome que se dá a esta era geológica que se caracteriza pela insensata atividade humana nos processos naturais por pelo menos três séculos. O Nobel de Química de 1995, o holandês Paul J. Crutzen, foi quem forjou tal conceito, impressionado que estava com a intensa escalada de destruição do meio ambiente motivada pela ação irracional dos homens. Nos últimos trezentos anos, o ser humano vem atingindo de forma voraz a natureza, favorecendo-se deste “assalto” para criar produtos para seu consumo destruidor. A intenção é sempre a busca pelo lucro, e este movimento predador só aumenta exponencialmente, desde a Revolução Industrial. Conforme estudos geológicos, parece que este movimento de alteração climática, é inevitável. A própria natureza se encarrega, digamos, de se “renovar”. Essa renovação traz consigo um rastro de destruição e, ao mesmo tempo de transformação que altera sobremaneira a vida no planeta. A era Cenozóica vai dando seus últimos suspiros, só que de forma mais rápida devido a ajuda destrutiva dos seres humanos. Diante da longa “história do planeta”, somos os primeiros seres a “colaborar” para a sua destruição. Após milhões de anos da era Cenozóica, uma mudança radical se aproxima e não sabemos o que virá posteriormente. A humanidade atravessou inúmeras crises em seu caminhar. Só para ficarmos no século XX, temos, por exemplo, a crise de 29 – a Grande Depressão ou o assim chamado Crakc da Bolsa de 1929 – uma depressão econômica que só termina ao final da guerra em 1945. Tivemos as duas grandes guerras que também afetaram de maneira invulgar a vida em sociedade. Contudo, a crise pela qual estamos começando a experimentar é bem mais radical e alterará de modo profundo e desconhecido as bases da civilização. www.esab.edu.br 46 Muito já se falou sobre a “missão” dos homens sobre a terra. O encargo que se criou para a humanidade a partir da Modernidade era o de controle e domínio dos fenômenos da natureza. Mediante a razão e a ciência, poderíamos surpreender os desastres naturais. Seríamos “mestres e senhores da natureza” como desejava o Filósofo inglês do século XVII Francis Bacon. No século XIX, por exemplo, August Comte, o criador da doutrina Positivista, um culto à ciência e uma sacralização do método científico, era um entusiasta dos benefícios da industrialização, do progresso capitalista guiado pela técnica e pela ciência. Comte pesquisou as leis gerais que regeriam os fenômenos naturais. Baseado nessas leis, ele imaginava que o ser humano tornar-se-ia capaz de prever e agir sobre a realidade. Seu lema era “ver para prever”. Todavia, grande parte desse sonho está indo por água abaixo e morrendo na foz poluída de algum rio agonizante. De modo que hoje temos que inventar uma nova “missão” para a humanidade. Nossa missão ética, portanto, não tem como ponto de partida um sentimento grandioso ou altruísta em relação ao próximo. Mas um sentimento de sobrevivência, de preservação da espécie. Da nossa espécie. www.esab.edu.br 47 12 Ética cidadã Objetivo Discutir a ética cidadã, tendo como enfoque o indivíduo agindo com responsabilidade ética. Vamos iniciar este capítulo com uma indagação: o que é ser cidadão? Se voltarmos na história da humanidade, especificamente na Grécia Antiga, veremos que nos primórdios da cultura grega, a ética era a “ética do guerreiro”. Segundo esta visão, o importante era partir orgulhoso para o combate, de peito aberto; o respeito irrestrito pelo adversário, sobretudo pelo adversário que se encontrasse caído. Basta lembrarmos da “Ilíada” de Homero, onde dá lugar o combateentre Heitor e Aquiles. Morrer cedo e em batalha era o anseio de todo guerreiro. Saiba Mais TROIA Produção americana de 2004. Direção de Wolfgang Petersen, baseado na Ilíada do autor grego Homero que relata a guerra de Tróia. Tendo Brad Pitt como Aquiles no papel principal. Posteriormente, ainda na Grécia Antiga, mas já por volta dos séculos VII e VI a. C., não vigora mais a ética do guerreiro, mas sim, a “ética do cidadão”. Esta ética, ao contrário da anterior, não mais privilegiava o guerreiro e todas as características relatadas acima, mas era uma ética da responsabilidade social. O homem grego, ou o cidadão grego era um homem da Polis, isto é, um homem da cidade, um homem político. www.esab.edu.br 48 E enquanto cidadão da Polis grega, percebe que seus atos devem ser orientados, pensando, sobretudo, nos concidadãos. O cidadão grego sabe que tudo o que fizer irá gerar um resultado que afetará toda a cidade. Sente-se, portanto, responsável por tudo. Em cada momento da história humana, para o bem ou para o mal, o padrão ético, isto é, o modo como as pessoas vão agir em sociedade irá se alterar. Em alguns momentos, privilegia-se o ato cidadão, responsável; em outros, o que está mais em voga é o individualismo. Grosso modo, é o que ocorre no período medieval. O compromisso não é mais com a sociedade, no geral, mas com o divino. Os seres humanos buscam praticar atos bons, pois terão que prestar contas mais tarde na eternidade. Mas, neste nosso modelo atual – um modelo mais próximo ao padrão grego – é de sermos cidadãos e, entre outras coisas, devemos agir com responsabilidade, com respeito, com justiça, com não-violência e, consequentemente, agindo com solidariedade. Como vimos, todo ato moral é solidário. Devemos, para tanto, aprender a dialogar nas mais distintas circunstâncias – assim como faziam os gregos – e atentar para tudo o que ocorre no cotidiano do país, afinal, somos cidadãos da Polis (cidade). Esses valores – responsabilidade, respeito, justiça, não-violência, solidariedade – devem ser passados por nós educadores para que sejam aprendidos e desenvolvidos por nossos alunos. Para que isso aconteça, ou seja, para que esses princípios éticos façam sentido, é necessário que exprimam situações da realidade, que se expressem em experiências práticas. E que haja o que chamamos de “autonomia moral”, isto é, a livre e consciente capacidade que devemos ter para analisar e eleger os valores que iremos seguir. Ainda nos referindo à questão do diálogo, devemos observar que é através da comunicação racional entre as pessoas que irão se estabelecer os valores e os princípios éticos. Será através do diálogo, então, entre os educadores e os educandos que organizar-se-á os valores e conteúdos construídos na escola. Os valores devem partir de temas com significado ético criando condições para uma convivência dialógica. www.esab.edu.br 49 A melhor forma de passar os valores ou os princípios éticos que desejamos legar aos nossos alunos é por meio da arte do diálogo, é por meio da reflexão e da convivência, em situações da nossa realidade prática e mediante exemplos. A convivência escolar, nesse sentido, é de suma importância para a formação ética de nossos jovens, daí: A necessidade de os adultos reverem o ambiente escolar e o convívio social que ali se expressa, a partir das próprias relações que estabelecem entre si e com os estudantes, buscando a construção de ambientes mais democráticos. Mas para que assumamos efetivamente esta convivência dialógica e democrática temos que ter coerência em nossos atos. Quais as potencialidades daquele estudante específico? Quais as suas dificuldades? Quais os contextos da vida e quais os problemas pelos quais ele passa? De modo que, se não houver o respeito, o diálogo, a solidariedade como valores a serem passados, não estaremos oferecendo nenhuma razão suficiente para que nossos alunos pratiquem isso. Só mesmo em um ambiente escolar que possua princípios mútuos de diálogo, respeito, solidariedade, justiça; só mesmo em um ambiente escolar que haja coerência e onde os alunos participem e se apropriem desses canais, será possível a transmissão dos valores éticos e da plena cidadania. Tarefa dissertativa Caro estudante, convidamos você a acessar o Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a tarefa dissertativa. www.esab.edu.br 50 13 Ética profissional Objetivo Discutir a ética profissional, visando a uma melhor convivência para que se tenha uma sociedade mais justa e solidária. Como vimos nos capítulos iniciais deste trabalho, a ética é a reflexão sobre as condutas morais. Busca justificar o motivo ou os motivos pelos quais estas e não aquelas regras compõem a sociedade. A ética profissional é, portanto, uma reflexão sobre as regras e os valores que estão associados no ambiente específico daquela profissão. Tal reflexão ou reflexões têm seu início, não no momento da prática profissional, mas bem antes, talvez durante a escolha da profissão ainda na adolescência. O jovem, ao optar por qualquer profissão, passa a acolher e a entrever um conjunto de deveres e obrigações inerentes àquela carreira. É notório que, quando se é jovem, no mais das vezes, a escolha de uma profissão e, consequentemente, seus deveres e obrigações são alvos de pouca ou nenhuma reflexão. Mas obrigatoriamente, no período de formação profissional, junto ao exercício do aprendizado e das habilidades específicas da profissão, deve-se incluir necessariamente a reflexão sobre os componentes éticos daquela profissão. E, ao final do curso de graduação, os formandos fazem um juramento, cujo comprometimento e concordância vão inseri-lo na categoria privativa daquela profissão. A adesão voluntária ao juramento – que nada mais é do que uma reunião, um conjunto de normas estabelecidas como as mais apropriadas para o exercício profissional – é que caracteriza a ética profissional. www.esab.edu.br 51 Mas, é importante observar, mesmo que o indivíduo seja um prático, com pouca ou nenhuma formação profissional, não está eximido do encargo assumidamente inerente àquela profissão ou atividade. O fato, por exemplo, de uma pessoa trabalhar em um lugar que não escolheu, “pois foi o que apareceu”, também não a exime de responsabilidades éticas profissionais. Gostando ou não do que faz, há deveres a cumprir. Como se faz a reflexão ética profissional? A reflexão pode ocorrer através de perguntas que podem nos guiar em torno de uma tal reflexão, por exemplo: podemos nos perguntar diante do dia a dia no trabalho. Estou cumprindo com minhas responsabilidades? Estou agindo como o esperado? O que devo fazer? Estou sendo um bom profissional? Atitudes de cooperação, de generosidade, de tolerância sempre estarão de acordo diante do que se espera das normas de conduta. Uma coisa que muitas vezes não é levada em conta: as oportunidades que surgem quando não esperamos por elas. Isso se deve ao fato de se estar acessível e receptivo à sua atividade profissional. Sempre tentando aprender, melhorar, experimentando novas situações. Esta é, por si só, uma forma de ser eticamente um bom profissional. Como já foi dito, todo ato moral supõe a solidariedade, logo, quando cada um faz, não apenas aquilo que lhe é devido, mas além daquilo que é esperado, estamos indo bem para a constituição de uma boa sociedade. Por exemplo, quando um funcionário da companhia de limpeza urbana, além de varrer a rua, se preocupa com o entulho que poderá impedir o escoamento normal da água da chuva; quando um engenheiro escolhe os materiais mais aconselháveis para uma determinada construção, esses dois profissionais estão indo na direção de estabelecer uma sociedade mais justa, cidadã e solidária. www.esab.edu.br 52 Não saberemos quem fez aquele trabalho, nem mesmo notaremos que foi feito, mas com certeza, isso fará uma grande diferença. Poderemos, com esses pequenos atos, evitar, quem sabe, grandes catástrofes: enchentes nas
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