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GESTÃO DO CONHECIMENTO Estudos Transversais GESTÃO DO CONHECIMENTO Autor: Prof. Pedro Sidnei Zanchett 1ª Edição Centro Universitário Leonardo da vinCi - UniasseLvi UNIASSELVI Indaial - 2020 3 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Seja bem-vindo(a) ao livro didático Estudos Transversais V que trata sobre o tema Gestão do Conhecimento. A vontade de dominar o conhecimento acompanha a trajetória humana. A chamada era do conhecimento tem provocado mudanças nas organizações e na sociedade como um todo. O conhecimento é a informação da qual o ser humano se apropria, que in- terpreta, e a partir daí passa a ter novas ideias. A Gestão do Conhecimento (GC) é um fenômeno do fim do século XX e começo do século XXI. Sempre existiu de forma intuitiva nas organizações, mas só agora ela tomou importância devido à competitividade e à globalização. Fatores estes que exigem das organizações uma formalização dos processos de gestão. “A Gestão do Conhecimento (GC) não se aplica, se pratica”, está pautada na coerência e atitude das pessoas, na aprendizagem e compartilhamento das ideias. Para muitos autores, a GC é um ponto importante de confluência entre a cultura administrativa da organização e a tecnologia de informação que esta utiliza. 4 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS Compreende-se a GC como um processo de criar boas condi- ções às pessoas de um determi- nado espaço organizacional, para aprender/criar/gerar conhecimen- to, compartilhar/socializar conheci- mento, bem como usá-lo para atin- gir objetivos e metas organizacio- nais, retroalimentando a gestão da informação. O conhecimento passa a ser o principal fator de competi- tividade da organização, no final do último século, quando o mundo todo enfrentava inúmeras mudan- ças econômicas, sociais e tecno- lógicas, frutos da globalização, e a concorrência se mostrava cada vez mais acirrada. Hoje, com o desenvolvimento acelerado da Tecnologia da Informa- 5 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS ção e Comunicação (TIC) e o encurtamento das distâncias, a disseminação do co- nhecimento ficou extremamente facilitada. Com a velocidade e a interatividade da internet, o conhecimento pode ser adquirido e disseminado com a mesma veloci- dade. Basta que se promova um ambiente positivo, em que todos se sintam moti- vados a aprender e a multiplicar seu conhecimento com a mesma intensidade. Aproveitamos esse momento para destacar que as autoatividades não são opcionais. O objetivo de cada exercício deste e-book é a fixação de determina- do conceito. É aí que reside a importância da realização de todos. Por fim, res- salto que, mesmo sendo uma área muito ampla, este material oferece um início sólido e consistente sobre o tema. Desejo a você uma excelente experiência no estudo do conteúdo dessa disciplina! Prof. Pedro Sidnei Zanchett 6 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO O conhecimento é “a capacidade para agir”. Este difere da informação por- que é dinâmico, humanístico e contextual. Dinâmico porque vive em constante mutação; humanístico porque ele está nas pessoas e sua transmissão e criação dependem da interação entre elas; e contextual porque a informação que se apli- ca num momento não necessariamente será aplicada em outro (AZEVEDO, 2005). A diferença entre informação e conhecimento está nas pessoas, porque estas possuem experiências, valores, crenças, know-how e insights que as aju- dam a discernir e julgar o uso apropriado da informação. A internet, por exem- plo, está repleta de informações, mas o uso da informação capturada na rede depende da capacidade que o usuário tem em combiná-la com suas experiên- cias, crenças, know-how; e também, do entendimento do seu contexto para, então, poder agir. Em suma, quando o usuário dá sentido àquela informação, conseguindo aplicá-la, ele a transforma em conhecimento (AZEVEDO, 2005). Pode-se dizer que a Gestão do Conhecimento, como hoje é entendida, foi uma decorrência de algumas mudanças significativas ocorridas no último milênio e na última década. A principal delas foi o surgimento da internet e o consequente 7 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS aumento espetacular na capacidade humana de se comunicar, publicar e acessar informações, além de colabo- rar com pessoas em localidades mui- to distantes. Outras incluem a globa- lização, o aumento da velocidade de desenvolvimento de produtos, a ex- plosão no volume de informações e o surgimento de modelos de negócio em rede (ZANCHETT, 2016). Neste cenário, segundo Schuel- ter (2010, p. 3), “é admirável conhe- cer um pouco mais do termo gestão do conhecimento, para isso se tem a visão dos estudiosos da área que tra- zem a conceituação do termo”. São inúmeros os autores que atuam nes- se campo e conceituam gestão do co- nhecimento. A seguir apresentam-se alguns deles, cujas visões podem ser conferidas na tabela a seguir. 8 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS TABELA 1 – VISÃO E CONCEITUAÇÃO DE GESTÃO DO CONHECIMENTO FONTE: Schuelter (2010, p.3) Autor Visão - Conceituação Nonaka e Takeuchi (1997) Traz em linhas gerais que a Gestão do conhecimento é como um processo, pelo qual as organizações buscam novas formas de criar, e expandir o conhecimento. Charrapo (1998) A gestão do conhecimento é como uma metodologia de gerencia- mento que se preocupa com as estratégias para alcançar a inteli- gência competitiva. Angeloni (2002) Gestão do conhecimento é a criação, disseminação e utilização do conhecimento a partir de um conjunto de processos organizacionais. Davenport e Prusak (1998) Gestão do Conhecimento é um conjunto de açóes que procura identificar, capturar, gerenciar e compartilhar as informações da organização. Sveiby (1998) A gestão do conhecimento é à arte e processo de criar valor a par- tir dos ativos intangíveis da organização. Teixeira Filho (2000) A gestão do conhecimento é uma nova área na união entre a tecno- logia de informação e administração, um campo novo entre a estra- tégia, a cultura e os sistemas de informaçãode uma organização. Sullivan (2005) A gestão do conhecimento é o núcleo de organização de ativos intan- gíveis que interfere positivamente o desempenho de uma empresa. 9 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS Na literatura, dificilmente encontra-se uma única definição formal de Ges- tão do Conhecimento. Portanto, apresentam-se aqui algumas destas definições e ideias pelos dois mais consagrados autores da área de Gestão do Conheci- mento, Nonaka e Takeuchi (1997, p. 80): Processo através do qual as organizações procuram obter valor a partir de seus recursos intelectuais e de conhecimento. Frequentemente, obter valor destes recursos significa compartilhá-los com funcionários, departamentos e até com outras organizações em um esforço contínuo para obter as melhores práticas. Os autores ainda afirmam que “Gestão do Conhecimento é o processo sistemático de identificação, criação, renovação e aplicação dos conheci- mentos que são estratégicos na vida de uma organização” (NONAKA; TAKE- UCHI, 1997, p. 80). Davenport (1998, p. 65) diz: É a administração dos ativos de conhecimento das organizações. Permite à or- ganização saber o que ela sabe. De acordo com isso, este ‘conhecimento’ sobre o que a organização sabe e como faz a sua gestão é utilizado para que a mesma alcance seus objetivos propostos. 10 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS A gestão do conhecimento está diretamente relacionada com o que o in- divíduo sabe e como ele compartilha esse conhecimento, seja ele tácito ou ex- plícito. O que são esses tipos de conhecimentos? (BASTIANI, 2016). Segundo as definições de Zanchett (2016, apud Nonaka e Takeuchi 1997, p. 63), os dois “ti- pos de conhecimento” que uma organização deve levar em consideração são: • Conhecimento Explícito: aquele que se articula por meio da linguagem for- mal, com afirmações gramaticais, expressões matemáticas, especificações, ma- nuais etc.; sendo facilmente transmitido, sistematizado e comunicado. Ele pode ser transmitido formal e facilmente entre os indivíduos. Esse foi o modo domi- nante de conhecimento na tradição filosófica ocidental. • Conhecimento Tácito: Resultado do processamento de informações utilizan- do-se da intuição e da subjetividade, podendo ser resumido pela palavra “implí- cito”. Pode não estar expresso claramente, pois o indivíduo usufrui muitas vezes do inconsciente tornando-o consciente, porém podendo ser o pensamento ver- dadeiro ou não. Este tipo de conhecimento, na maioria das vezes, não é possível de ser documentado ou até mesmo verbalizado, pois é a junção da linguagem expressa, incorporado à experiência individual e envolve fatores intangíveis, como, por exemplo, crenças pessoais, perspectivas, sistema de valor, intuições, emoções e habilidades individuais. Não podendo se esquecer dos ruídos que na maioria das vezes existem em qualquer processo de comunicação, o qual pode ter, inclusive, sua interatividade prejudicada por causa disso. Para melhor demonstrar como o conhecimento se materializa, ou seja, se concretiza, Hirotaka Takeuchi e Ikujiro Nonaka Nonaka (2008, p. 43, grifos do original) sugerem quatro padrões básicos para a “criação do conhecimento” em qualquer organização: 11 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS De tácito para tácito: algumas vezes, um indivíduo compartilha o conhecimen- to tácito diretamente com outro. Por exemplo, quando Ikuko Tanaka tornou-se aprendiz do padeiro-chefe no Osaka International Hotel, aprendeu suas habili- dades tácitas através da observação, imitação e prática. Elas tornaram-se parte de sua própria base de conhecimento tácito. Colocando de outra forma, ela foi “socializada” no artesanato. Isoladamente, a socialização é uma forma bastante limitada de criação do conhecimento. É verdade que o aprendiz aprende as habilidades do mestre. Mas nem um nem o outro ganham insight sistemático no conhecimento de seu artesanato. Como seu conhecimento nunca se torna explícito, não pode ser facilmente alavancado pela organização como um todo. De explícito para explícito: o indivíduo também pode combinar partes distintas do conhecimento explícito em um novo todo. Por exemplo, quando um audi- tor de uma empresa coleta informação de toda a organização e junta em um relatório financeiro, esse relatório é um novo conhecimento, no sentido de que sistematiza informações de muitas fontes diferentes. Mas essa combinação não amplia a base de conhecimento já existente da empresa. Quando, no entanto, o conhecimento tácito e o explícito interagem, como no exemplo da Matsushita, algo poderoso acontece. É precisamente esta troca entre o conhecimento tácito e explícito que as empresas japonesas desenvolvem bem. De tácito para explícito: quando Ikuka Tanaka é capaz de articular os fundamen- tos de seu conhecimento tácito sobre fazer pão, ela o converte em conhecimento explícito, permitindo assim que ele seja compartilhado com sua equipe de desen- volvimento de projeto. Outro exemplo é o do auditor que, em vez de meramente compilar um plano financeiro convencional para sua empresa, desenvolve uma abordagem nova e inovadora para o controle orçamentário, baseada em seu pró- prio conhecimento tácito desenvolvido durante anos em sua função. De explícito para tácito: além do mais, à medida que o novo conhecimento explícito é compartilhado pela organização, outros empregados começam a in- ternalizá-lo – isto é, usam-no para ampliar, estender e reformular seu próprio conhecimento tácito. A proposta do auditor provocou uma revisão no sistema de controle financeiro da empresa. Outros empregados usam a inovação e, por fim, passam a encará-la como parte natural dos instrumentos e recursos ante- cedentes necessários para realizar seu trabalho. 12 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS A partir da explicação destes quatro padrões básicos da criação do conhe- cimento se inicia um novo conceito dentro da Gestão do Conhecimento, chama- do de “espiral do conhecimento” onde o conhecimento precisa ser vivenciado através da socialização, externalização, internalização e combinação para que o conhecimento deva fluir entre todos. FIGURA 1 – ESPIRAL DO CONHECIMENTO FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/img/revistas/pci/v16n1/a06fig1.jpg>. Acesso em: 12 out. 2019. 13 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS • Socialização: Nessa etapa o conhecimento irá fluir do tácito para o tácito entre as pessoas da equipe. Incentive reuniões e brainstormingonde os profissionais possam trocar ideias, observar, praticar, imitar, enfim, interagir e aprender um com o outro através da prática. • Externalização: O conhecimento tácito caminhando por entre o explícito é outra opção que deve ser mantida dentro da equipe, por isso solicite relatórios, descrição do processo ou desenhos. Use ferramentas que permitam conceituar os conhecimentos e facilitar o aprendizado, dando a oportunidade para os membros transmitirem explicações entre o grupo. • Combinação: O conhecimento que gira em torno do explícito para o explícito. O gestor deve estimular a troca de relatórios e materiais desenvolvidos entre todos os membros da equipe. Dessa forma ele irá facilitar o compartilhamento de ideias, estimulando a troca de aprendizados e competências. • Internalização: É quando o conhecimento se desenvolve através do caminho explícito para o tácito. Pode ser motivado através de atividades simples, como as sugestões de vídeos, textos ou até treinamentos elaborados pelos próprios membros da equipe sobre um determinado conhecimento necessário. Em seguida, o gestor deve criar a possibilidade para que os profissionais consigam incorporar esse conhecimento, com a prática no cotidiano do que foi vivenciado, isso pode ser feito através de ações como orientações verbais ou diagramação. 14 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS Zanchett (2016, p. 10, apud Ikujiro e Nonaka, 2008) nos explicam que, em primeiro lugar, o modo de socialização geralmente inicia com a construção de um ‘campo’ de interação. Esse campo facilita o compartilhar das experiências e dos modelos mentais dos membros. Em segundo lugar, o modo de externalização é desencadeado pelo ‘diálogo ou reflexão coletiva’, nos quais o uso da metáfora apropriada ou da analogia ajuda os membros da equipe a articularem o conheci- mento tácito oculto que, de outra forma, é difícil de comunicar. Em terceiro lugar, o modo de combinação é desencadeado pela ‘rede’ do conhecimento recente- mente criado e do conhecimento existente de outras seções da organização, cris- talizando-os dessa maneira em um novo produto, serviço ou sistema administra- tivo. Por fim, o “aprender fazendo” desencadeia a internalização. O conhecimento é criado em uma espiral, conforme conteúdo abordado anteriormente. Porém, na prática, passa através de conceitos aparentemen- te opostos, como ordem e caos, micro e macro, parte e todo, mente e corpo, tácito e explícito, eu e outro, dedução e indução, criatividade e eficiência. Os processos de Gestão do Conhecimento, tal como são entendidos aqui, estão dispostos na figura a seguir. 15 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS FIGURA 2 - PROCESSOS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO FONTE: Adaptado de CEN (2004) • A identificação do conhecimento é um passo crucial e estratégico, uma vez que nesta etapa é identificado o conhecimento crítico necessário para desenvolver as competências essenciais da organização (NAIR; PRAKASH, 2009). Inclui uma análise do conhecimento que já está disponível e do que está faltando. Métodos e ferramentas que dão suporte à realização deste passo incluem: estratégias sistemáticas de pesquisa, brainstorming, técnicas de mapeamento e feedback (CEN, 2004). Identificar o conhecimento Usar o conhecimento Compartilhar o conhecimento Armazenar o conhecimento Criar o conhecimentoProcessos de gestão do conhecimento 16 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS • A criação do conhecimento acaba com as lacunas de conhecimento por meio da conversão de conhecimentos existentes e da geração de novos conhecimentos, seja no nível individual, de equipe ou organizacional (NAIR; PRAKASH, 2009). O conhecimento, muitas vezes, provém da interação social, ou seja, por meio da formação, do aprender fazendo, da resolução conjunta de problemas ou do brainstorming. No nível organizacional, são os processos de inovação (de produtos, serviços ou processos) e as comunidades de práticas que visam à criação de novos conhecimentos (CEN, 2004). • O armazenamento de conhecimento trata da coleta e da preservação do conhecimento existente, tendo em vista facilitar a recuperação (NAIR; PRAKASH, 2009). Exemplos de ferramentas que dão suporte ao armazenamento de conhecimento são: bases de dados de documentos, sistemas de perguntas e respostas, e localizadores de narrativas e experiências (diretórios comerciais tipo páginas amarelas) (CEN, 2004). • O compartilhamento de conhecimento objetiva a transferência de conhecimento para o lugar certo, na hora certa, com a qualidade certa, fomentando uma aprendizagem contínua para alcançar os objetivos organizacionais (NAIR; PRAKASH, 2009). Esse processo pode ser facilitado com o uso da tecnologia, na medida em que o conhecimento é compartilhado, reciclado, modificado e ampliado (MCNABB, 2007). Métodos e ferramentas que dão suporte ao compartilhamento de conhecimento incluem: intranets, portais, bancos de dados, colaboração, comunidades de práticas, rodízio de funções, coaching, seminários e treinamento (CEN, 2004). 17 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS • A utilização do conhecimento busca colocar o conhecimento em ação, gerando valor para a organização (NAIR; PRAKASH, 2009). Além disso, esta etapa determina as necessidades de conhecimento e deve sempre servir como um ponto de referência para o conhecimento a ser criado, armazenado e compartilhado. Enquanto o conhecimento é aplicado, podem-se descobrir algumas lacunas adicionais, bem como adquirir novas experiências que poderiam representar um novo conhecimento para a organização (CEN, 2004). 18 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES Conhecimento é uma mistura fluida de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual pro- porciona uma estrutura para ava- liação e incorporação de novas ex- periências e informações. Ele tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores. Nas organizações, ele costuma estar embutido não só em documentos ou repositórios, mas também em rotinas, proces- sos, práticas e normas organiza- cionais (ZANCHETT, 2016 apud DA- VENPORT; PRUSAK, 1998, p. 6). 19 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORESORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS Para Zanchett (2016, apud Peter Ferdinand Drucker, 1999, p. 100), a ges- tão relativa a trabalhadores do conhecimento se deve essencialmente à comu- nicação e à relação entre pessoas de uma organização. Defende que “o saber nasce da interação entre pessoas. Medir o capital intelectual é impossível. É jogar dinheiro fora”. Enfim, para este mesmo autor, os pilares de uma empresa serão modificados: • O significado da produção é o conhecimento, que é propriedade dos traba- lhadores do conhecimento e é facilmente transportável. • Há cada vez mais trabalhadores externos, temporários ou com dedicação parcial. • A concentração do negócio inteiro dentro da empresa não funciona mais, pois o conhecimento necessário para uma atividade é altamente especializado e sai muito caro contratar todos os funcionários que têm um dos conhecimen- tos necessários. • Agora o cliente possui a informação. • Restam poucas tecnologias únicas; as indústrias precisam dominar muitas tecnologias diferentes, com as quais nem sempre estão familiarizadas (ZAN- CHETT, 2016 apud DRUCKER,1999, p 102). Podemos ser especialistas em uma área, aquela em que possuímos um feeling maior, que conhecemos mais. Porém, existem áreas periféricas ao nosso trabalho onde podemos sobrepor nossos conhecimentos com o de outras pes- 20 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS soas que têm algo em comum em outras áreas de conhecimento. É fundamen- tal criar um elemento de troca de conhecimento com outros profissionais com quem convivemos. É importante ser especialista em um ponto e generalista o máximo possível em todas as áreas que envolvem nossa atuação, só isso cria uma uniformidade na empresa. Para termos novas ideias, sermos criativos e competitivos, a melhor estra- tégia está na constante troca do conhecimento entre as pessoas e no trabalho em equipe. Nunca devemos guardar, esconder ou adiar nossas competências e habilidades, capacidades inovadoras. Devemos sempre gerar os ativos intangí- veis para disseminar a inteligência empresarial antes que outra pessoa ou em- presa venha e faça primeiro. Cada vez mais a conversão de dados em conhecimento vem ocorrendo devi- do à sobrevivência imposta pela Sociedade do Conhecimento. “A sociedade da in- formação e do conhecimento é reconhecida pelo uso intenso da informação e do conhecimento e das tecnologias de informação e da comunicação (TIC), na vida do indivíduo e da sociedade, em suas diversas atividades” (BORGES, 2008, p. 5). 21 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS Segundo Sewald Júnior. (2012, p. 64, grifos do original): A sociedade vive um momento de transição para essa nova sociedade. Está migran- do da era da informação para a era do conhecimento. Apesar da matéria-prima base de ambas ser a informação, a preocupação da segunda se traduz pela necessi- dade de educação, treinamento e desenvolvimento, enquanto a primeira se preo- cupa em utilizar intensivamente as tecnologias da informação e comunicação (TICs) de forma a levar o “produto informação” a seus potenciais consumidores. Segundo Amaral (2006, p. 9) “Na Sociedade do Conhecimento, a educa- ção ocupa um lugar central, e as novas tecnologias apoiam a sua dissemina- ção”. Acredita-se que desse modo deveria ser o ideal de sociedade, porém essa afirmação não se traduz na realidade vivenciada pelos países considerados de economia periférica. Portanto, entende-se por Sociedade do Conhecimento a sociedade em que o conhecimento se encontra ao alcance de todos que o dese- jarem. Porém, vivencia-se um momento histórico onde o conhecimento ainda é um bem para poucos. Sociedades em que há fortes diferenças sociais, econô- micas e culturais não podem ser denominadas de Sociedade do Conhecimento, haja vista que o conhecimento deva perpassar, inclusive, pela esfera da moral e da ética. Por enquanto tem-se visto o “conhecimento” como força propulsora principalmente de desigualdades sociais. Não fazendo parte do ideal de Socie- dade do Conhecimento com o qual muitos pesquisadores se identificam. 22 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS Já Musacchio (2014) destaca que a Sociedade do Conhecimento se produ- ziu a partir das redes sociais, das interações e colaborações entre os indivíduos membros. São pessoas discutindo questões, refletindo sobre elas, ensinando e aprendendo umas com as outras, em todas as áreas de conhecimento. A Sociedade do Conhecimento tem como ponto central o “saber” e, no caso da tecnologia, tornou o mundo globalizado, e hoje os consumidores que- rem produtos e serviços customizados, que atendam às suas necessidades indi- viduais. O modelo de produção na Sociedade do Conhecimento tem, portanto, uma palavra-chave: a flexibilidade. Os produtos e serviços têm de estar de acor- do com os gostos e preferências dos consumidores e não mais o consumidor ter de escolher entre os produtos oferecidos pela indústria. Da mesma forma, flexibilidade, criatividade e capacidade de iniciativa são atributos essenciais do profissional que está se formando para trabalhar nesta nova economia. Muitos são os fatores que influenciam nesse processo de busca do co- nhecimento, entre eles pode-se citar a rápida evolução da tecnologia, o acesso aos mercados globais, turbulências dos mercados, como lidar e extrair dados e informações da inteligência competitiva nas organizações etc. No entanto, o objetivo principal por trás de todos esses fatores é a obtenção de alguma van- tagem competitiva sobre seus concorrentes através da inovação de produtos, serviços e processos. 23 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS Para os processos de criação/inovação do conhecimento sempre é necessá- rio um ambiente de trabalho que possibilite a colaboração, integração, interação entre todos os participantes, além de um gerenciamento das informações neces- sárias e daquelas produzidas durante o processo de geração do conhecimento. A aprendizagem e a gestão do conhecimento são fenômenos estudados em diversas áreas do conhecimento. Nas instituições de ensino devem existir incentivos à produção de conhecimento mesmo que ainda não identificado. A pesquisa, uma atividade que representa um dos pilares da administração esco- lar moderna, exige, muitas vezes, abstrações e experimentos, e este conheci- mento, embora indefinido e não classificado, pode ainda não apresentar matu- ração suficiente para sua formalização, mas poderá gerar uma inovação quando concluído e formalizado (NETO; AZEVEDO, 2016). Tomando como base o conceito de Fleury e Fleury (2005) no qual a apren- dizagem é caracterizada como um processo de modificações provenientes de ex- periências anteriores, sejam elas manifestadas ou não em umamudança de com- portamento visível, surgem indagações acerca da propriedade dos conhecimen- tos gerados pelos processos de aprendizagem nas organizações. Afinal, a apren- dizagem ocorrida nas organizações é um fenômeno individual ou organizacional? 24 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS No que tange ao processo educacional contemporâneo, a gestão do co- nhecimento (GC) é considerada imprescindível para otimizar o tempo, o espaço e os recursos; estabelecimento da cultura de aquisição e compartilhamento por meio de processos de mediação; aproveitamento dos capitais intelectuais e in- teratividade dos recursos humanos; melhor qualidade, eficiência e dedicação educacionais; mais entendimento dos processos informacionais para a tomada de decisões, com vista a melhores resultados educativos (LLARENA, 2015). Segue nos explicando Llarena (2015, p. 10) que o “processo de GC para os desafios educacionais se efetiva por meio da mediação, da ação de apro- ximar o sujeito do objeto de que ele necessita para realizar sua ação. Esse objeto conjunto de materiais culturais e informacionais desenvolve-se pela contribuição da GC, uma vez que favorece a produção de novos conhecimen- tos. Portanto, se podemos realizar GC nas ações das mais simples até as mais complexas, também é importante a formação educacional em e/ou para GC”. Desse feito, pensamos ser possível aprender, desde as séries iniciais, a lidar com esse tipo de gestão e aplicá-la em contextos diferenciados de maneira natural por processos mediativos. 25 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS Para Pozo (2008), uma das metas essenciais da educação, para poder aten- der às exigências dessa nova sociedade da aprendizagem, seria, portanto, fo- mentar nos usuários capacidades de gestão do conhecimento ou, se preferir- mos, de gestão metacognitiva, para além da aquisição de conhecimentos pon- tuais concretos. Esse é o único meio de ajudá-los a enfrentar as tarefas e os de- safios que os aguardam na sociedade do conhecimento. Além de muitas outras competências interpessoais, afetivas e sociais, a nova cultura da aprendizagem requer, no mínimo, ensinar aos alunos, a partir das diferentes áreas do currícu- lo, cinco tipos de capacidades para a gestão metacognitiva do conhecimento: • Competências para a aquisição de informação. • Competências para a interpretação da informação. • Competências para a análise da informação. • Competências para a compreensão da informação. • Competências para a comunicação da informação, (POZO, 2007, p.3). 2.1 COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO Não se pode discutir a Gestão do Conhecimento (GC) sem antes falar so- bre o compartilhamento do conhecimento entre as pessoas e organizações pois seus benefícios são inegáveis. O artigo de Vergara (2009) vem responder a ques- 26 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS tão das possibilidades e limitações do compartilhamento do conhecimento nas organizações. Ressalta que organizações que defendem a necessidade do com- partilhamento do conhecimento e, ao mesmo tempo, incentivam fortemente a competição e a luta pelo poder não promovem o compartilhamento do conhe- cimento. É necessário ter continuamente, ambiente de trabalho colaborativo entre as pessoas e a organização. 27 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS Compartilhamento de conhecimento é concebido como uma interação relacional entre pessoas que partilham conhecimento tácito e explícito como meio de geração de conhecimento novo e de valor para a organização pois tem influência no desempenho organizacional em termos de gestão de ativos tan- gíveis e intangíveis (ICHIJO, 2008). Compreender como o compartilhamento do conhecimento pode ser estimulado possibilitará às organizações operacionali- zar a gestão do conhecimento de maneira eficaz. O ser humano tem necessidades interpessoais básicas de inclusão e afeição, e seus relacionamentos dependem, contudo, de equilíbrio e de mecanismos de defesa minimizados, um processo de caráter notadamente individual. Para des- construir o distanciamento entre as pessoas e dinamizar o compartilhamento, a dinâmica de grupo oferece a possiblidade de socialização e comunicação entre as pessoas. Com base nos estudos, o compartilhamento do conhecimento é possível em grupos que se organizam informalmente, geram equilíbrio interno e proteção externa e se sentem satisfeitos com suas tarefas (VERGARA, 2009, p. 4). O compartilhamento do conhecimento, ao possibilitar a criação de conhe- cimento novo, pode contribuir para prevenir a obsolescência do conhecimento entre os profissionais de carreira técnica, nos quais a organização se apoia para o desenvolvimento de novos processos, tecnologias e produtos (ZANCHETT, 2016, apud NONAKA; TAKEUCHI, 1997). 28 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS 2.2 UNIVERSIDADES CORPORATIVAS A Universidade Corporativa (UC) tem como um dos principais objetivos o desenvolvimento de seus colaboradores, formando e desenvolvendo talentos (MENDES, 2009). Ainda nos explica Mendes que a integração (ligação) da GC à UC se realiza através de uma grade educacional adequada à realidade, que, su- portada por uma boa infraestrutura, pode valorizar o colaborador, criando uma cultura apropriada de conhecimentos, onde se valorizem as bases mais conhe- cidas da Gestão de Conhecimento (coleta, armazenamento, compartilhamento de informações), gerando novos conhecimentos em um ciclo contínuo. Desta forma, com o aprendizado fazendo parte do cotidiano, poderemos aumentar as competências e qualificações, gerar novos processos, novas tecnologias, novos serviços, ganhando novos clientes e mercados. 29 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS As principais características da Universidade Corporativa são: di- vulgar as metas e estratégias da or- ganização voltadas ao ambiente de negócios da organização; disseminar o conhecimento com amplo públi- co-alvo; inovação é a palavra-chave; capital intelectual, capacitar seus funcionários, clientes e fornecedo- res; absorção de conhecimento de diversas áreas da organização; e uso do conhecimento como vantagem competitiva (MENDES, 2009). Por fim, podemosenfatizar que ao aplicar universidades corpo- rativas nas organizações é possível controlar o processo de desenvolvi- mento e, consequentemente, admi- nistrar suas metas e estratégias com o objetivo de atingir os conhecimen- tos inovadores. 30 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS FIGURA 3 – GESTÃO E UNIVERSIDADES CORPORATIVAS FONTE: <http://bit.ly/3bzPo4X>. Acesso em: 8 jan. 2019. 31 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS Existem inúmeros casos de empresas que trabalham com áreas altamen- te técnicas, como, por exemplo, aviação, química e petróleo, e que constatam carência de profissionais “superespecialistas” no mercado. Para suprir este es- paço, algumas empresas passaram a contratar recém-formados e já os encami- nham a sua universidade para dar continuidade ao seu aprendizado, apoiado por um currículo adaptado a sua realidade. Podemos citar como exemplos des- tes casos: Petrobras, IBM, Embraer e Vale do Rio Doce (MENDES, 2009). É notável a disseminação das estruturas de aprendizagem nos moldes de uma Universidade Corporativa, onde pessoas melhor educadas tendem a for- mar coletivos inteligentes, que, por sua vez, tendem a se organizar em torno de uma nova cultura (de trabalho e de vida), levando a um novo padrão das relações sociais, embora ainda que tais relações sejam travadas nas fronteiras do sistema capitalista. Martins (2016, p. 3) conclui seu pensamento nos dizendo que “os investimentos em educação corporativa devem ter como escopo a bus- ca incessante por produção e difusão de tecnologia e por uma cultura de inova- ção, com as quais será construída uma vantagem competitiva sustentável”. Qualquer empresa que tenha aspirações ao sucesso no ambiente de negó- cios de peso deve primeiro resolver um problema básico: o sucesso no mercado depende cada vez mais do aprendizado (VERGARA, 2009). 32 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS Para Cardoso e Carvalho (2006, p. 3), o que se verifica no campo de pers- pectivas organizacionais é que: “a universidade corporativa passa a ser um subsídio para o aprendizado contí- nuo e de desenvolvimento através de um novo modelo de organização do tra- balho, onde a base é o conhecimento na formação de valor. A explicação para o fato de tantas empresas aderirem às UCs revela a necessidade de desenvolver um programa de treinamento e capacitação, tendo por base a realidade local e, através dessa ferramenta, permitir adequar a capacitação necessária”. De acordo com Terra e Bomfim (2006, p. 1-2), as universidades corporati- vas atuais são distintas das pioneiras: antigamente elas atendiam basicamente o pessoal mais graduado e de maneira presencial, hoje agem sobre todos os funcionários da corporação e têm de se manter com recursos próprios, impli- cando na abertura de salas de aula para públicos externos, como os clientes e fornecedores, e investem pesado em tecnologia para viabilizar ferramentas de ensino a distância. Por fim, Santos e Silva (2011) concluem que o conhecimento é ferramenta vital para as organizações, e as universidades corporativas ganham visibilida- de no mercado, por criarem a expectativa em gerir conhecimento na nova era e, através do compromisso em fazê-lo, destacam-se como fonte de vantagem competitiva sustentável, uma vez que está continuamente sendo renovada. 33 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS A partir do momento em que o indivíduo aprender e saber aproveitar corretamente os dados para informação, da informação para o conhecimento, transforma-se em um sujeito apto, pois se torna competente diante das exigên- cias que o conhecimento nos proporciona. O conhecimento é um ativo valioso, resultado da combinação de dados, informações, conhecimento e competência que podem ser usados para auxiliar a tomada de decisão. FIGURA 4 – CADEIA DE VALOR DO CONHECIMENTO Dado Informação Conhecimento Disponibilidade Competência FONTE: Sewald junior (2012, p. 63) 34 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS A figura a seguir demonstra, de modo gráfico, as diferenças entre dado, informação e conhecimento. Observa-se também que com a agregação de valor entre dado e informação, diminui-se sua disponibilidade e, da mesma forma, na agregação de valor entre informação e conhecimento. FIGURA 5 – DIFERENÇA ENTRE DADO, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO Simples observação sobre o estado do mundo - Facilmente estruturado - Facilmente obtido por máquinas - Frequentemente quantificado - Facilmente transferido Dados dotados de relevância e propósito - Requer unidade de análise - Exige consenso em relação ao significado - Exige necessariamente a medição humana - Requer organização no armazenamento Dado Informação Conhecimento Inferências valiosas da mente humana. Inclui reflexão, síntese e contexto - Difícil estruturação - Difícil captura em máquina, - Frequentemente tácito, mas emulável - Difícil transferência, mas possível de explicitação FONTE: Sewald junior (2012, p. 62) 35 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS A gestão do conhecimento envolve, a nosso ver, principalmente, a incor- poração de um novo “raciocínio e foco gerencial” na dimensão ou recurso do conhecimento. Logicamente, envolve também a utilização de uma série de no- vos métodos recentes e consolidados, por exemplo: mapeamento de conheci- mentos, gestão por competência, comunidades de prática, gestão de talentos, e também uso de novas tecnologias de informação, colaboração virtual e co- municação. O verdadeiro desafio é a articulação desta ampla gama de ferra- mentas gerenciais e tecnológicas que servem para melhorar a capacidade das organizações para aprender, inovar, utilizar suas competências e proteger seus conhecimentos e ativos intangíveis estratégicos (SALDANHA, 2004). Conforme Mesquita (2011, p. 33 grifos do original), as práticas relaciona- das aos processos facilitadores da GC consistem em: 1. Melhores Práticas (Best Practices): diz respeito ao conhecimento acumulado sobre a melhor e mais efetiva forma de se empreender uma atividade ou processo. Sua gestão depende de uma atuação dedicada a encontrá-las, adaptá-las e implan-tá-las. São documentadas por meio de bancos de dados, manuais ou diretrizes. 2. Benchmarking interno e externo: consiste no processo sistemático e estru- turado que compara o desempenho de uma atividade ou processo com aqueles semelhantes na organização. 3. Memória organizacional/Lições aprendidas/Banco de conhecimentos: for- ma a combinação de um repositório (banco de conhecimento) ou o espaço onde a memória organizacional é armazenada, e a comunidade, que são as pessoas que interagem com esses objetos, visando a aprendizagem, capacidade de tomar decisões, de entender o contexto etc. As lições aprendidas são relatos de expe- riências em que se registram os fatos, o acontecimento esperado, a análise das 36 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS causas das diferenças, ou seja, tudo o que foi aprendido durante o processo. 4. Sistemas de inteligência organizacional: visam a transformação de dados em inteligência, com a finalidade de apoiar a tomada de decisão. Consistem em extrair inteligência por meio da captura e da conversão das informações, em diversos formatos, e a absorção do conhecimento a partir da informação. O conhecimento obtido de fontes internas ou externas, formais ou informais é apresentado, documentado e armazenado para facilitar tal acesso. 5. Mapeamento ou auditoria do conhecimento: aponta para a identificação dos conhecimentos fundamentais em uma organização, assim como suas rela- ções simples ou de causa e efeito. É o registro do conhecimento organizacional sobre processos, produtos, serviços e relacionamento com os clientes e pode ser apresentado em diversas formas, tais como: mapas, diagramas ou árvores hierárquicas de conhecimento, nos quais se descrevem fluxos e relacionamen- tos de indivíduos, grupos ou toda a organização. 6. Sistema de gestão por competências: aponta a existência de uma estraté- gia de gestão baseada nas competências requeridas para o exercício das ativi- dades de determinado posto de trabalho e a remuneração pelo conjunto de competências efetivamente exercidas. As ações nesta área visam determinar as competências essenciais à organização, avaliar a capacitação interna e definir os conhecimentos e as habilidades necessárias para a superação de carências existentes em relação ao nível desejado para a organização. 7. Banco de competências organizacionais: consiste em um repositório de infor- mações sobre a localização de dados na organização, incluindo fontes de consulta, bem como as pessoas ou as equipes detentoras de determinado conhecimento. 8. Banco de competências individuais: é o banco de talentos ou páginas ama- relas que informa sobre a capacidade técnica, científica, artística e cultural das pessoas. O perfil pode ser limitado de acordo com a experiência obtida no ensi- no formal, através de eventos de treinamento e aperfeiçoamento reconhecidos pela instituição, ou pode-se analisar de forma mais ampla a capacidade dos funcionários, incluindo informações sobre conhecimento tácito, experiências e habilidades de negociação e processual. 9. Gestão do capital intelectual ou gestão dos ativos intangíveis: são recursos disponíveis no ambiente institucional, de complexa qualificação e mensuração, que contribuem para seus processos produtivos e sociais. A prática pode incluir o mapeamento dos ativos organizacionais intangíveis; gestão do capital huma- no; gestão do capital do cliente e política de propriedade intelectual. 37 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS O conhecimento é o recurso empresarial que permite o maior grau de es- tímulo econômico e fica muito mais fácil implementar iniciativas de GC quando a alta administração tem uma real consciência disto. Segundo Terra (2006), outro aspecto prático muito importante para se con- seguir a atenção da alta administração das organizações é a questão da linguagem que se utilliza. Temos notado que por ser a GC um tema muito ligado à própria essência do ser acadêmico – criar, organizar, validar e disseminar conhecimento com frequência –, os mais ligados à GC acabam por utilizar muitas referências com pouco apelo empresarial (ex.: organizações que aprendem, aprendizagem com feedback loop, ciclos de conversão do conhecimento tácito e explícito etc.). Acre- ditamos que este vocabulário é adequado ao ambiente acadêmico, mas quando transposto para o ambiente empresarial precisa se adequar a sua linguagem. As- sim, por exemplo, para motivar a alta administração das empresas, os objetivos da GC devem ser explicitados de maneira muito pragmática. Alguns exemplos dos objetivos que a alta administração das empresas normalmente entende mais facilmente são os seguintes: 38 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS • Acelerar a geração de novos conhecimentos de valor competitivo: o aumentando e facilitando a colaboração entre os funcionários; o facilitando o acesso dos funcionários às fontes de informações e de aprendi- zagem. • Melhorar o processo de decisão no nível de gestão, na produção e/ou na linha de frente. • Reduzir custo e o retrabalho: o não reinventando a roda; o evitando atividades de baixo valor acrescentado. • Descobrir e reutilizar o capital intelectual e o conhecimento já existente na empresa para gerar novas receitas. • Proteger o capital intelectual existente na empresa. • Alavancar o conhecimento existente na empresa para melhor servir os clien- tes. (BELLOTTI, 2009, p. 5). Neste contexto apresentado, José Cláudio Cyrineu Terra prefere falar de iniciativas de GC ao invés de projetos de GC (BELLOTTI, 2009, p. 5). Afinal, quem pode fazer o treinamento, e-learning, práticas rotineiras de brains- torming fora da empresa, implementação de software para gestão de conteú- dos, procura de documentos, CRM ou portais corporativos, apoio à formação de comunidades de prática, patentes, incentivos para compartilhar conheci- mento etc., não tem a ver com gestão do conhecimento? O fato de o recurso conhecimento permear praticamente todas as ativida- des em uma organização faz com que a GC adquira diferentes significados para diferentes pessoas. A lente pela qual a GC passa a ser vista, vendida e imple- mentada depende muito da formação prévia das pessoas que lideram com estas iniciativas na organização. O que nos leva a refletir é que, na verdade, todas as 39 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS iniciativas acima, utilizando-se ou não intensamente das tecnologias da informação e comunicação (TIC), podem contribuir para a GC. Assim, implantar GC pode significar a utili- zação de uma grande variedade de ferramentas. Na nossa experiência, no entanto, o primeiro grande desa- fio é a identificação clara e específi- ca das bases de conhecimento que uma organização precisa realmentegerir de forma sistemática, metódi- ca e estratégica, canalizando para isso recursos humanos, financeiros e tecnológicos (TERRA, 2006). Esta identificação é, invariavel- mente, mais complexa do que pare- ce. Não são muitas as pessoas que conseguem enxergar as suas próprias organizações a partir de fluxos e de FIGURA 6 - IMPLANTAÇÃO DA GC FONTE: Disponível em: <http://bit. ly/38B6Cx7>. Acesso em: 14 out. 2019. 40 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS stocks de conhecimento. Verificamos isso, por exemplo, quando pedimos para que gestores e diretores de empresas digam quais são as competências centrais das suas organizações. De maneira geral, estes tendem a responder a esta questão do ponto de vista do que fazem e não do que sabem. Agravando esta situação, há o fato de que, quando vários gestores de uma mesma empresa são incitados a res- ponder a esta pergunta, as respostas tendem a divergir muito. Quais os principais processos organizacionais? Organizações que conhe- cem bem os seus processos já deram um primeiro passo importante rumo à identificação das bases de conhecimentos estratégicos. É evidente que alguns processos são muito mais estratégicos do que outros. Isto também já ajuda a restringir o escopo dos esforços da GC. No final das contas, as pessoas respon- sáveis pela implementação de iniciativas de GC precisam ser capazes de res- ponder como as iniciativas de GC vão transformar a maneira como diferentes grupos de profissionais na empresa realizam o seu trabalho no dia a dia e como as bases de conhecimento estratégico da empresa estão fortalecidas, aplicadas e protegidas (ZANCHETT, 2016 apud BELLOTTI, 2009). Logicamente que, ao contrário de projetos típicos de gestão da informa- ção, as iniciativas de GC têm um grande componente de transformação dos 41 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS valores e práticas das pessoas, pois são estas, em última instância, aquelas que realmente criam, detêm e compartilham o conhecimento (ZANCHETT, 2016 apud BELLOTTI, 2009). Em virtude deste fato, a autora Bellotti nos diz que é pri- mordial que qualquer iniciativa de GC comunique muito claramente para todos os colaboradores como estes se beneficiarão da GC. Iniciativas de GC necessi- tam, obrigatoriamente, conciliar os interesses das empresas e dos trabalhado- res. Em muitos casos isto significa rever o perfil das pessoas selecionadas, os mecanismos de reconhecimento e recompensa, os critérios para promoção e as políticas que afetam a mobilidade dos colaboradores dentro das organizações. De fato, este último ponto é uma das iniciativas ainda pouco exploradas em programas de GC, pois um dos principais interesses e recompensas para os tra- balhadores do conhecimento é ter a oportunidade de aplicar os seus talentos e conhecimentos em várias áreas da organização. Implementar projetos de GC é como implementar importantes projetos de mudanças organizacionais. Necessita de esforço sistemático em várias áreas: atu- ação da liderança, estratégias de comunicação, visão de processos, implantação de novas tecnologias, novas políticas de RH, novas medidas de resultados etc (TERRA, 2007). Não queremos discutir aqui como estes vários pontos se entrela- çam, mas apenas alertar quanto ao aspecto necessariamente multidisciplinar e de gestão de mudanças normalmente associado a iniciativas importantes de GC. 42 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS Todas as empresas realizam, de alguma forma, GC, pois não é possível con- ceber o trabalho humano sem o emprego da inteligência humana, e porque as empresas, nos seus processos de trabalho e crescimento, estão invariavelmente a reutilizar algum tipo de conhecimento para produzir e servir os clientes. Neste sentido, a GC, que surgiu como disciplina administrativa na última década, pode ser definida da seguinte maneira (ZANCHETT, 2016 apud BELLOTTI, 2009): [...] Gestão do Conhecimento significa rever e organizar as principais políticas, pro- cessos e ferramentas de gestão e tecnologia à luz de uma melhor compreensão dos processos de geração, identificação, validação, disseminação, partilha e uso dos conhecimentos estratégicos para gerar resultados (econômicos) para a empresa e benefícios para os colaboradores (BELLOTTI, 2009 apud TERRA, 2006, p. 123). Nos últimos anos, as empresas estão fazendo grandes investimentos em tecnologias ou sistemas de informação. O que distingue as empresas é o fato de elas, além dos investimentos em informática, também se preocuparem com as transformações de todas as outras dimensões do modelo de GC, como papel de liderança, cultura e estrutura organizacional, políticas de recursos humanos, relação com ambientes etc. 43 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS Os investimentos em equipa- mentos e sistemas são absoluta- mente necessários, mas não sufi- cientemente para empresas engaja- das em gerir o conhecimento e não apenas dados e informação. O pro- cesso de transformação da informa- ção em conhecimento é totalmente dependente da mente humana e da nossa capacidade de interpretação, porém, devido ao grande volume de informação, a tecnologia se faz um instrumento fundamental para minimizar nossas desorientações e sobrecargas cognitivas quando ex- ploradas inteligentemente e adap- tadas conforme o perfil, experiência e necessidades de seus usuários. 44 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO As Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) auxiliam na criação de estratégias baseadas em conhecimento, cujos resultados transformam a organização e se tornam essenciais para ambientes competitivos, dinamizando as rela- ções, os comportamentos e a cul- tura informacional existente. Con- tudo, a GC ocorre através de três componentes: pessoas, processos e tecnologia. As pessoas são fontes geradoras de conhecimento, que transformam dados e informações 45 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS em conhecimento. Os processos referem-se ao fluxo de eventos que descrevem como as coisas funcionam na organização. Quando sistemáticos e efetivos po- dem contribuir para a melhoria da produtividadeorganizacional, rentabilidade, qualidade e crescimento. Já a tecnologia serve como meio, na medida em que fornece suporte aos processos e às pessoas (ZANCHETT, 2016). Com o incessante avanço da tecnologia, a informação passou a ter um tratamento muito mais cuidadoso do que em tempos atrás, sua difusão e utili- zação não podem mais depender única e exclusivamente dos seres humanos. Diante disso, muitas novas ciências originaram-se ou transformaram-se a partir de outras já existentes. Em sua tese, Oscar Dalfovo (2007) nos diz que a Gestão do Conhecimento (GC) é uma delas. Ela é utilizada atualmente nas organizações para manusear, transformar, concatenar, aprimorar e difundir informações en- tre as pessoas que dela fazem uso. Uma vez aprimorada, a informação transpôs várias barreiras no mundo, adquiriu status de negócio, permitindo assim às em- presas fazerem uso dela sem a necessidade de deslocamentos desnecessários. Diante dessa magnitude alcançada pela informação, tornou-se necessário que as pessoas que a manuseassem tivessem que ser melhor preparadas e treina- das para enfrentar esse novo desafio. 46 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS Percebe-se, cada vez mais a grande procura por estudos via cursos, seminá- rios, congressos sobre GC e soluções de informática. Algo muito interessante, pois a automatização e o uso correto dos softwares são grandes aliados à prática da GC. É difícil mapear o que existe, hoje, em oferta, porém, basicamente, os softwares de GC têm um objetivo comum: armazenar aquilo que pode ser o conhecimento produzido por uma organização. E, para alcançar este objetivo, os caminhos são os mais diversos possíveis: alguns, simplesmente, armazenam informações, outros indicam pessoas com habilidades específicas; outros, ainda, disponibilizam infor- mações sobre soluções adotadas para determinados problemas. De acordo com Zanchett (2016, apud Terra, 2006), os sistemas de infor- mação só podem ser úteis na medida em que os dados, informações e bases de conhecimento que os alimentam são confiáveis, relevantes e atualizados. Caso não exista uma relação de grande confiança entre a empresa e os funcionários, dificilmente as pessoas se sentirão à vontade para compartilhar seu conheci- mento e tornar os sistemas de informação ferramentas que aumentam a dispo- nibilidade e o fluxo de conhecimento da empresa. A associação da tecnologia de informação e GC está relacionada ao uso de sistemas de informação para o compartilhamento de informações ou conhecimen- to. Em particular, destacam-se várias tecnologias que podem ser empregadas para 47 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS esse fim: intranets, grupware, document management systems, data warehouses, desktop-videoconferencing, electronic bulletin boards etc (TERRA, 2006). A tecnologia é um fator-chave para a gestão do conhecimento, pois com o grande número de informações a ser administrado nos ambientes organiza- cionais, é necessário que se tenha ferramentas que permitam o controle efi- caz. Para Silva (2002), a TI não resolve todos os problemas do trabalho com o conhecimento explícito, porém, seu uso e suas potencialidades contribuem no encaminhamento de significativa parte da solução desses problemas. Segundo Servin (2005), essas tecnologias podem apoiar a gestão do conhecimento em dois pontos principais: primeiro, fornecer meios para que as pessoas possam organizar, armazenar e acessar informações e conhecimento explícito, como, por exemplo, em bibliotecas; segundo, conectar as pessoas para que elas pos- sam compartilhar conhecimento. Segundo Schuelter (2010), entre as estratégias de gestão do conhecimento destacam-se as tecnologias para conectar pessoas com pessoas; neste foco, as fer- ramentas, cujas descrições são apresentadas na tabela a seguir, facilitam a interação entre os colaboradores que participam da organização ou do grupo de trabalho. 48 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS TABELA 2 – FERRAMENTAS PARA CONECTAR PESSOAS COM PESSOAS Ferramenta Descrição Groupware Groupware é um termo de software concebido especificamente para grupos de pessoas. Intranets Uma intranet é simplesmente uma Internet interna a organização E-mail Uma versão eletrónica da escrita simples, sem dúvida, a mais utilizada ferramenta colaborativa. Fóruns Discussão com mensagens em placas, painéis. Videoconferência Videoconferência permite interação síncrona com áudio e vídeo Wiki Há uma série de ferramentas que permitam os grupos de trabalho partilhar documentos e trocar mensagens entre os diferentes locais, em "tempo real". Ferramentas de fluxo São sistemas de apoio a gestão confeccionados com o modelo típico dos processos e ocorrem nas organizações Ferramentas E-learning O E-learning vem em rápido crescimento e usa tecnologia para entrega de informações, interações entre participantes e gerenciarnento do estudo. Ferramentas de trabalho virtual Estas ferramentas permitem que usuários trabalhem em locais distintos o etivando a realiza ode tarefas em comum. FONTE: Servin (2005, p. 59) 49 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS Segundo Schuelter (2010), as tecnologias são meios para conectar pessoas com informações, mas para organizar a informação, ter acesso facilitado, organiza- do e de qualidade são necessárias estratégias, como as citadas na tabela a seguir. TABELA 3 - FERRAMENTAS LIGANDO PESSOAS A INFORMAÇÕES Estratégia Descrição Repositórios Os repositórios servem para armazenar conteúdos podem ser pesquisados por meio de busca e acessados para reutilização Taxonomias A taxonomia é uma estrutura hierárquica para organizar urn corpo de conhecimentos, que dá uma visão melhor para 0 entendimento e de classificação de que o conhecimento e como os diferentes grupos se relacionam entre si. Thesauri É uma lista dos vários termos e linguagem usadas para descrever um corpo de conhecimento e especificar a relação entre os termos: antónimos e sinónimos termos mais ais e mais particulares. Motores de pesquisa Um motor de pesquisa é uma elemento de software que realiza pesquisas de informação através de múltiplas fontes, eles variam muito em seu nível de sofisticação. Portais É um site ou uma página da web que oferece o seu principal ponto de entrada em uma intranet ou na Internet, reúne e integra as informações de várias fontes em um único local. FONTE: Servin (2005, p. 62) 50 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUALREFERÊNCIAS Na seguência mostraremos o conjunto de ferramentas tecnológicas e es- truturais mais utilizadas atualmente na implementação de GC organizacional. Não se pretende, aqui, detalhar muito cada uma delas, o objetivo é fornecer uma ampla visão que possa estimulá-lo a pesquisar mais sobre o tema: 1 Segundo Zanchett (2016), as ferramentas adotadas como ponto central de coleta de ideias, nesse caso, são os PORTAIS CORPORATIVOS, que são ferramentas de integração e comunicação que auxiliam o trabalho dos profissionais de GC fornecendo um canal único com informações em tempo real e viabilizam a disponibilização sempre atualizada. São instrumentos valiosos também para os departamentos de recursos humanos. No entanto, a principal função dos portais é facilitar a vida dos próprios empregados. Através dos portais corporativos, os empregados podem se manifestar de diversas formas, seja em comunidades específicas ou através do compartilhamento de experiências e, até mesmo, através dos fóruns, chats e outras ferramentas (MENDES, 2016). Após pesquisar uma série de classificações de portais corporativos propostas por diversos autores e analisar detalhadamente 22 softwares de portais existentes no mercado, Firestone (2003, p. 229) formula uma nova classificação composta pelas categorias descritas a seguir: • Portais de processamento de decisão: têm o foco no processamento e aná- lise de dados estruturados. Estão associados a sistemas de BI (Business Intelli- gence) e geradores de relatórios. 51 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS • Portais de gestão do conteúdo: têm o foco na organização de dados não es- truturados, internos e externos à empresa, armazenados em papel ou meio digi- tal. Oferecem suporte para a digitalização, indexação e distribuição de conteúdo. • Portais colaborativos: têm o foco em disponibilizar espaços virtuais de tra- balho para trabalho em equipe. • Portais integrados: oferecem uma combinação das funcionalidades descri- tas nas categorias anteriores. 2 Para Zanchett (2016), os SISTEMAS GESTORES DE CONTEÚDO possuem a finalidade de facilitar a colaboração e a publicação de conteúdos de forma direta e imediata (SANTOS, 2016). Esses sistemas delegam poder para que qualquer funcinário possa incluir informação e conhecimento nos portais corporativos. São esses sistemas que dão suporte aos “ambientes de colaboração”, que nada mais são do que os locais, nos portais corporativos, onde os funcionários, por meio de um formulário de contribuição, fazem inserção de novos documentos no portal. É um sistema gestor de sites, portais e intranets que integra ferramentas necessárias para gerir conteúdos em tempo real, sem a necessidade de programação de código, tendo como objetivo estruturar e facilitar a criação, administração, distribuição, publicação e disponibilidade da informação. Possui diversas funcionalidades que tornam prático o uso feito pela equipe. São gestores de conteúdo de sites, portais e intranets que integram ferramentas necessárias para gerir conteúdos em tempo real, sem a necessidade de programação de código, tendo como objetivo estruturar e facilitar a criação, administração, distribuição, publicação e disponibilidade da informação. Possui diversas funcionalidades que tornam prático o uso feito pela equipe. 52 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS 3 Para Zanchett (2016, apud Wenger 2002), as COMUNIDADES DE PRÁTICA são ferramentas propícias para compartilhar conhecimento e também funcionam como instrumento de mudanças e aprendizagem organizacional. Assim, as comunidades podem ser conceituadas como estruturas informais formadas por grupo de pessoas que se juntam por especialidade, sem uma agenda explícita, com o objetivo de compartilhar experiências e conhecimento. Para Takimoto (2012 apud WENGER; MCDERMOTT; SNYDER, 2002), três componentes estruturais caracterizam as Comunidades de Prática: domínio, comunidade e prática. O domínio é o elemento fundamental de uma Comunidade de Prática. Corresponde a uma área de conhecimento, interesse ou atividade humana. A comunidade é o elemento central de uma CoP, composta pelos indivíduos, suas interações e pela construção de relacionamentos. E a prática pode ser entendida como o conhecimento compartilhado pelos membros (inclui um conjunto de estruturas, ferramentas, informações, estilos, linguagem, histórias, documentos e compreensão compartilhados pelos membros). As Comunidades de Prática podem direcionar o planejamento estratégico, criar novas linhas de negócio, atuar na resolução de problemas, promover a propagação das melhores práticas, desenvolver habilidades profissionais das pessoas e ajudar as companhias a recrutar e reter talentos. 53 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS 4 O ponto de convergência essencial entre a GC e o ENSINO A DISTÂNCIA (EAD) que, para disponibilizar os conteúdos do segundo, é necessário, primeiramente, codificar o conhecimento, ou seja, a conversão é o pressuposto do EAD, o que nos leva a crer na sua importância para a GC. Segundo Zanchett (2016, apud Dalmau 2010), o EAD apresenta-se como um importante instrumento de intercâmbio e articulação de conhecimento e informações entre diferentes comunidades virtuais de aprendizagem, o que demonstra ser um grande potencial pedagógico. Dentre a estrutura proposta ao EAD, pode-se citar o papel do professor e o papel do tutor. O professor tem como função principal elaborar as metodologias utilizadas na sua disciplina, de forma que esta contempla a criação, o armazenamento, a disseminação e o controle do conhecimento. O tutor é o responsável pelo acompanhamento dos estudantes, sendo o elo entre o aluno e o professor. Essa modalidade de ensino pressupõe o uso intensivo de tecnologia, que viabiliza levar à sala de aula, alunos, tutores e suas respectivas atividades, para lugares e tempo não fixos. A característica essencial do ensino a distância é o autoaprendizado, que pressupõe disciplina, dedicação e responsabilidade muito maiores do que no ensino presencial, por isso o predomínio do público adulto nessa modalidade de ensino. 54 Estudo transvErsal v - GEstão do ConhECimEnto Estudos transvErsais Índice APRESENTAÇÃO 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO 3 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 7 INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E COMPETITIVA 2 APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES 4 CULTURA E VALORES ORGANIZACIONAIS 5 A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E TRABALHO 6 CAPITAL INTELECTUAL REFERÊNCIAS 5 Os SISTEMAS TUTORES INTELIGENTES, conforme descritos por Costa e Silva (2003), são constituídos por quatro componentes básicos: Modelo de Domínio, Modelo de Aluno, Modelo Pedagógico e Modelo de Interface. Estes modelos se inter-relacionam de forma sistêmica numa sessão educacional. O sistema realiza a supervisão do desempenho do aluno e faz o diagnóstico do conhecimento que este detém. O diagnóstico pode ser realizado também por meio do processo comparativo, onde o estado do conhecimento atual do aluno é comparado com o conhecimento contido no modelo de domínio. Os resultados
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