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21/08/2023, 16:02 wlldd_231_u1_pol_inc_aço_afi
https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=&atividadeId=3681232&atividadeDesc… 1/21
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INTRODUÇÃO
Nesta aula veremos os fundamentos históricos do princípio da igualdade, como surge e a importância que
adquire para o bem-estar da humanidade. Para isto, será importante revermos os elementos fundamentais da
origem da democracia em Atenas, na Grécia Antiga, e da república, na Roma antiga. Ambos os sistemas foram
pioneiros no desenvolvimento da cidadania, em que o Estado reconhece que seus cidadãos possuem direitos, e
foram as bases para o reconhecimento atual dos direitos igualitários. Apesar de sua antiguidade, esses direitos
ainda não estão assegurados, nos exigindo compreendê-los a partir de sua origem para podermos atuar em sua
defesa, em todos os espaços de convivência social.
A igualdade de tratamento entre os indivíduos não depende unicamente de esforços governamentais, no
entanto, quando o governo não reconhece ou promove a igualdade, sua consagração �ca bastante complicada.
Espera-se que ao concluir esta aula você tenha compreendido os fundamentos da igualdade para assim
defendê-los com maior propriedade. 
DEMOCRACIA, REPÚBLICA E CIDADANIA
Aula 1
OS FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA IGUALDADE:
DEMOCRACIA E REPUBLICANISMO
Nesta aula veremos os fundamentos históricos do princípio da igualdade, como surge e a
importância que adquire para o bem-estar da humanidade.
35 minutos
A ERA DOS DIREITOS – EMERGÊNCIA DO
ESTADO MODERNO E O DIREITO À DIFERENÇA
 Aula 1 - Os fundamentos históricos da igualdade: democracia e republicanismo
 Aula 2 - Processos históricos de exclusões: do surgimento do Estado moderno ao
neoliberalismo
 Aula 3 - O princípio da dignidade humana e os direitos humanos
 Aula 4 - Direito à diferença à diferença, liberdade e diversidade
 Referências
136 minutos
21/08/2023, 16:02 wlldd_231_u1_pol_inc_aço_afi
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A democracia ateniense foi o sistema político da antiguidade em que nasceu a democracia e os diversos
princípios políticos que norteiam nossa vida atualmente. Entre os anos de 500 a.C. e 200 a.C. instituiu-se em
Atenas, Grécia, importantes mudanças para o desenvolvimento do princípio da igualdade entre os seres
humanos, sendo o primeiro sistema político a reconhecer que todos os cidadãos têm iguais direitos, não
somente sobre a própria vida, como também sobre a polis, a cidade-Estado.
As noções então aplicadas de isonomia, isocracia e isegoria de�nem como funcionava essa igualdade: Isonomia
(isos, igual + nomos, lei) signi�cava igualdade de direitos na lei, ou seja, todas as leis deveriam ser iguais para
todos os cidadãos; isocracia (isos, igual + cracia, governo) foi um dos princípios igualitários que mais marcaram
a democracia ateniense, se tratava da igualdade entre todos os cidadãos determinarem os rumos do governo;
isegoria (isos, igual + agoreúien, fala) signi�cava liberdade de expressão na ágora, a praça pública, em que se
realizavam as assembleias de cidadãos (FINLEY, 1988).
Na prática, estamos falando de igualdade jurídica, igualdade política e igualdade de comunicação pública. Se até
hoje esses princípios igualitários estão muito distantes de serem realizados, para sua época eram
revolucionários, ainda que a cidadania não abarcasse todos os indivíduos em Atenas. Estrangeiros, mulheres,
menores de idade e escravos não gozavam de cidadania e, portanto, não dispunham de tais direitos. O grande
desa�o de nossa era é a realização e expansão desses direitos para todos os indivíduos, independentemente do
Estado.
Já com o advento das repúblicas modernas, apesar de proporcionarem um avanço no direito à igualdade como
direito inalienável do indivíduo, nem sempre foi assim. A origem da República, na Roma Antiga, é bastante
aristocrática. O regime político buscava consolidar em leis escritas uma combinação de abertura política ao
povo para que expressasse sua preferência sobre a condução do governo, com a escolha de uma elite política,
que supostamente daria maior qualidade às decisões. Apesar das hierarquias sociais entre plebeus e patrícios,
ambos poderiam acender às funções de cônsules e senadores. As instituições romanas marcaram a história
pela separação de poderes que buscava evitar que uns exercessem demasiado poder sobre outros (DAHL,
1989).
Na modernidade a noção republicana defendida por Rousseau (1973) e muito incorporada pelas constituições
da França, dos Estados Unidos e de diversas outras democracias atuais, defende uma igualdade política e
jurídica entre os indivíduos. Assim, a lei deve ser universalista, sem diferenciar os cidadãos ou promover
diferenças entre eles. Com o republicanismo, a lei deve ser igual a todos, sem distinção, e ninguém deve estar
acima da lei. O que representa uma certa ruptura com o sistema monárquico, que confere diferenciais jurídico-
políticos à família real e ao monarca.
A noção de cidadania, que inicialmente signi�ca aquele que habita a cidade, ou seja, a polis, o território
comandado por um Estado, está atrelada ao pertencimento aos direitos políticos e jurídicos de um país. Ou
seja, a rigor, cidadão é aquele que goza de determinados direitos conferidos por um determinado Estado. Em
tempos atuais, de intensi�cada mobilidade global e �uxos de contatos para além das fronteiras, facilitado
também pela consolidação dos Direitos Humanos Universais, há o entendimento de que todos os seres
humanos dispõem de direitos, independente do Estado cujo território vivem (MARSHALL, 1967).
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ATUALIDADE DAS DISCRIMINAÇÕES E LUTAS POR DIGNIDADE
Em política e questões sociais, os problemas são sempre passíveis de divergências. Entre os mais críticos desse
entendimento que centraliza no Estado o poder de organizar e estabelecer os direitos dos indivíduos, entende-
se que esse reconhecimento é sempre seletivo e limitado, deixando de fora determinadas liberdades e grupos
de pessoas. Essa centralidade da importância do Estado também nos coloca como reféns daqueles que
governam suas instituições, nos levando a negociações constantes entre os direitos que abrimos mão para
ganhar outros. Ou ainda, quais grupos terão seus direitos e liberdades sacri�cados para que outros possam
desfrutá-los, processo em que o �lósofo e historiador Michel Foucault denominou racismo de Estado
(FOUCAULT, 2010).
A partir do reconhecimento da Declaração Universal dos Direitos Humanos de que todos os seres humanos são
iguais em dignidade, direitos e liberdades, o desa�o é sua consagração, a realização na prática, na vida
cotidiana. Para isso é necessário o reconhecimento dessa dignidade, desses direitos e dessas liberdades para
além dos tratados, das leis e das instituições Estatais, mas também pelos próprios sujeitos de interação social.
Esse problema �cou muito explícito com o racismo nos EUA após a Guerra Civil.
Os políticos, militares e habitantes dos Estados do sul, mais agrário, não estavam convencidos da necessidade
de se abolir a escravidão. Os do norte, mais desenvolvidos e industriais, entendiam que a abolição era
necessária para a expansão de seus negócios, assim como o reconhecimento ético-moral dos lemas da
Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade) os forçavam a ser mais generosos com os negros. Os
confederados do Sul perderam a guerra e tiveram que abolir a escravidão, mas em seguida adotaram diversos
meios para dar continuidade à discriminação racial que inferiorizava os direitos, asliberdades e a dignidade dos
negros (DAVIS, 2016).
Surge então a Ku Klux Klan, a Jim Crow e décadas depois a décima-terceira emenda constitucional, com a
criminalização das drogas, que provocou o encarceramento em massa da população negra. A violência policial,
que ainda persiste nos EUA e no Brasil, vitimizando aos negros em maior medida, coloca em sério desa�o o
Estado Democrático de Direito, que é a forma que as democracias liberais contemporâneas assumem na lei os
ideais de liberdade e igualdade. Delimita-se o papel do Estado, por meio de poderes independentes – Executivo,
Legislativo e Judiciário –, estabelece-se punições para determinadas violências, mas pouco ou nada se faz para
que minorias discriminadas sejam mais aceitas na sociedade (ALEXANDER, 2017).
Nessa luta por respeito, dignidade, reconhecimento e direitos fundamentais, os movimentos sociais e ativistas
têm exercido importante papel para mudanças formais nas leis e nas relações sociais. O que signi�ca esperar
não somente que os governos busquem fazer algo para alterar a situação, mas também as pessoas em suas
vidas cotidianas, em todos os lugares que frequentam e em toda interação com minorias historicamente
discriminadas.
COMO ATUAR DE FORMA DEMOCRÁTICA PELA IGUALDADE
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Você poderá atuar contra as discriminações de minorias em seu local de trabalho ou em qualquer outro local
que você frequente. É importante levar em conta que toda discriminação tende a levar ao risco de vida a grupos
inteiros de pessoas. A maior parte das pessoas discriminam sem saber que estão discriminando. Por isso, o
processo de conscientização sobre as discriminações é tão importante e é parte indispensável da luta contra as
discriminações.
Mais do que cumprir o ideal de igualdade, combater discriminações é lutar pela vida em sociedade, pela
convivência saudável entre pessoas diferentes. A cidadania se exerce em coletivo, nunca individualmente. A
democracia vai para além das instituições do Estado, é uma forma de convivência no espaço público.
Na ação individual pela consagração do reconhecimento de direitos e dignidade entre todos os seres humanos,
é importante observarmos nossas próprias ações e palavras. Para fazer isso, o primeiro passo você já está
fazendo com esta lição, que é conhecer e reconhecer o problema. Agora para passar a ação é necessário re�etir
como, em sua vida particular (em casa, nos relacionamentos) e em sua vida pública (no trabalho, nas ruas e
praças), você pode colaborar com esta tarefa.
É princípio fundamental da democracia tratar todos com igualdade e dar a todos igual oportunidade de se
expressar, defender sua opinião, decidir suas preferências, assim como se desenvolver e demonstrar suas
capacidades e potenciais. Se a alguma pessoa ou algum grupo de pessoas isto não estiver ocorrendo, estarão
sendo discriminados e seus direitos de cidadania negados. A ação em defesa pode ser tanto proativa como
reativa. A proativa busca incluir, abrir espaço, ceder a voz, dar oportunidades para que as pessoas desenvolvam
e demonstrem seu potencial. A reativa atua em defesa diante da ocorrência da discriminação ou exclusão.
Em todas as pro�ssões e em todos os ambientes de trabalho, em que haja diferenças de gênero, sexualidade,
raça, classe social, religião, formação acadêmica, nacionalidade, faixa etária, etc., há distintas formas de se
praticar relações não igualitárias ou, pelo contrário, de se promover relações igualitárias e democráticas. Não
signi�ca supor ou esperar que todos sejam iguais, mas que as diferenças não sejam importantes para que todos
possam desfrutar de oportunidades, direitos, respeito e dignidade.
Negar isto é negar os mais básicos valores democráticos que permitiram o desenvolvimento da cidadania e das
sociedades mais justas. Promover, demandar ou exigir espaços democráticos, em que todos possam se
expressar e participar diretamente das decisões é uma forma proativa de se evitar discriminações e exercer
cidadania. Não se silenciar, denunciar, se manifestar, se posicionar ou defender alguém diante de abusos e
discriminações é uma forma reativa de proteger a cidadania de si próprio ou de outros.
VÍDEO RESUMO
Você verá neste vídeo como o ativismo e se posicionar diante de injustiças e discriminações na esfera pública
são fundamentais para o exercício da cidadania e a consagração dos valores democráticos e republicanos. A
vida em sociedade implica na aceitação respeitosa dos diferentes e das diferenças, na promoção contínua da
vida. Palavras e atos que excluem pessoas e grupos não são democráticos e não contribuem para a vida em
sociedade.
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 Saiba mais
A forma como a democracia busca incluir às minorias, seja por meio da representação ou da participação
direta em processos decisórios, faz toda a diferença na busca pelo ideal da igualdade e para a plena
realização da cidadania.
A �lósofa e cientista política Iris Marion Young, estadunidense e professora da Universidade de Chicago,
explica como a igualdade política pode ser realizada seja no Estado ou em outros espaços de convivência
pública.
Acesse o artigo Representação política, identidade e minorias para conhecer mais profundamente este
tema fundamental para seus estudos e leia pelo menos as oito primeiras páginas (até a página 146).  
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
INTRODUÇÃO
Olá, estudante! Esta disciplina visa atualizá-lo sobre a importância das políticas de inclusão, contextualizando
seu desenvolvimento histórico e o fenômeno da exclusão que a justi�cam.
Nesta aula, enfocaremos as características do Estado moderno que produzem exclusão e nas políticas que
buscam compensá-las, promovendo inclusão. Nesse contexto de surgimento do Estado moderno, se localiza
também o surgimento de um novo sistema político e econômico e a ascensão do liberalismo, que entrecorta
diversas áreas. O liberalismo no campo político se manifesta na forma da democracia representativa; no campo
econômico, no capitalismo e no neoliberalismo; no campo cultural, na tolerância e no pluralismo. 
Esses distintos campos estão interligados de tal forma que a precarização promovida pelo sistema econômico
produz exclusão cultural e política. Diante de amplo espectro de exclusões, as políticas liberais mais atuais
buscam mitigá-las com ações a�rmativas e inclusivas.
ESTADO MODERNO, DEMOCRACIA, CAPITALISMO E EXCLUSÕES
Aula 2
PROCESSOS HISTÓRICOS DE EXCLUSÕES: DO SURGIMENTO
DO ESTADO MODERNO AO NEOLIBERALISMO
Nesta aula, enfocaremos as características do Estado moderno que produzem exclusão e nas
políticas que buscam compensá-las, promovendo inclusão.
31 minutos
https://www.scielo.br/j/ln/a/346M4vFfVzg6JFk8VZnWVvC/?format=pdf&lang=pt
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A origem tanto dos processos de inclusão como de exclusão se localiza no surgimento do Estado moderno. O
Estado moderno surge delimitando a soberania sobre um território e uma população. Ao fazê-lo, estabelece sua
autoridade para governar a produção e distribuição de riquezas dentro de suas fronteiras e promove uma
identidade nacional que visa conferir unidade e coesão ao povo. Assim foram criadas as nações modernas, com
a de�nição de um povo com certa etnicidade, tradições culturais, religião e idioma (BOBBIO, 2017).
Na esteira do desenvolvimento do jusnaturalismoe do contratualismo, a atribuição de uma nacionalidade faz
com que os sujeitos submetidos a um soberano tenham alguns direitos que só podem ser garantidos pelo
Estado e pelo soberano. Fora do Estado, os homens viveriam no primitivismo do Estado de natureza, que,
segundo Hobbes (1974), seria a luta de todos contra todos. A depender do soberano, ou da nação de
pertencimento, alguns direitos ou algumas liberdades podem não estar garantidos.
Nesse entendimento, que foi fundamental para a formatação do Estado moderno, caberia ao Estado a proteção
do indivíduo, de sua família e o desenvolvimento civilizatório. Em outras palavras, o Estado moderno trouxe
direitos individuais, mas também trouxe discriminação a quem não é titular de tais direitos. O processo inclui e
outorga cidadania a parte da população, ao mesmo tempo em que deixa de fazê-lo para estrangeiros, povos
autóctones e grupos marginalizados, não considerados prioritários no projeto de desenvolvimento da nação.
Limpezas étnicas, genocídios, extermínios de povos e culturas, escravização e exclusões culturais,
socioeconômicas e político-jurídicas fazem parte dessa lógica de homogeneização de populações que ocupam
um determinado território. Os excluídos são supostamente bárbaros, atrasados, degenerados, inferiores ou até
mesmo perigosos para a formação e a consolidação das nações (MBEMBE, 2021).
Teorias racistas e eugenistas buscavam dar conta dessa discriminação entendida como necessária para
promover a vida do povo. A biopolítica (FOUCAULT, 2010), considerada como a política da vida, em que o Estado
passa a promover o bem-estar de sua população, sua produtividade econômica, sua saúde, sua organização
territorial, deixa bastante evidente que a nova forma de organização do Estado tem a economia como �m e
meio de controle da população. A capacidade do Estado em organizar o trabalho de forma que produza riqueza
que será regulada, taxada e em maior ou menor medida distribuída ou concentrada, diz muito sobre seu novo
papel. Se antes o soberano tinha a si próprio como foco das ações do Estado, ao longo dos séculos XVI e XVII, de
forma crescente, as ações do Estado passam a ter a população como foco (FOUCAULT, 1999).
A democracia representativa surge como forma de aprimorar a e�ciência do Estado, levando a população a ter
alguma in�uência sobre as políticas executadas por ele, de modo que a própria população seja o objeto dessas
políticas, ou tenha a percepção de sê-lo. O sistema representativo, assim, acaba conferindo maior legitimidade
aos líderes e às decisões políticas, reduzindo con�itos disruptivos da ordem, como revoltas e revoluções. Esse
processo de inserção popular no governo ocorre de forma controlada, sem que ameace os interesses daqueles
que sempre tiveram privilégio no acesso ao poder instituído. A representação é uma forma híbrida de
democracia, que confere algum poder político ao povo ao mesmo tempo que o limita, o reduz e o concentra nas
mãos de elites políticas e econômicas (YOUNG, 2006).
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PROPRIEDADE PRIVADA, EXPLORAÇÃO DO TRABALHO E EXCLUSÃO
SOCIOECONÔMICA
Para Rousseau (2017), a origem da desigualdade entre os humanos deve ser localizada na propriedade privada
e na permanente busca por poder e dominação. A acumulação de riqueza e a superação de uns por outros
gerariam vaidade, inveja, ódio e escravização do homem pelo homem, corrompendo a moralidade e a justiça.
Essa crítica à propriedade como fonte da desigualdade e das hierarquias suscitou, no �nal do século XVIII e ao
longo do século XIX, teorias e movimentos políticos revolucionários, como o marxismo, o anarquismo, a
Revolução Francesa, a Associação Internacional dos Trabalhadores, a Comuna de Paris, entre outros.
A crítica socialista se pautou no antagonismo à propriedade privada dos bens de produção, para que fossem
possíveis formas mais igualitárias de distribuição das riquezas. A exploração da mão de obra dos trabalhadores
é viabilizada pela função repressora do Estado, que mantém os privilégios das classes dominantes e a
submissão das classes subalternas. Os trabalhadores, despossuídos de propriedade privada produtiva,
precisam vender sua mão de obra para subsistir, tendo que aceitar salários não condizentes com a riqueza que
produzem para seus patrões (MARX e ENGELS, 1998). Enquanto os marxistas defendem que a igualdade entre
as classes sociais só poderia ser produzida por meio de uma revolução que abolisse a propriedade privada e,
portanto, a classe burguesa, os anarquistas defendem a organização e as insurgências autônomas dos
trabalhadores que fossem capazes de ruir tanto a propriedade privada quanto o Estado (KROPOTKIN, 2015).
De outro lado, pensadores precursores do liberalismo, como John Locke (2019) e Adam Smith (2017) defendiam
a importância da igualdade tão somente no campo jurídico e político, não no campo econômico. Para eles, a
desigualdade econômica seria natural dos seres humanos, na medida em que uns se dedicariam ao trabalho de
forma mais perspicaz que outros. O que deveria ser garantido pelo Estado seria a segurança sobre a
propriedade e a liberdade para que todos possam produzir e comercializar.
A partir da segunda metade do século XX, com o desenvolvimento das tecnologias de controle e produção, uma
nova racionalidade econômica foi se desenvolvendo, o neoliberalismo, incentivando as pessoas a se conduzirem
sempre em termos de se empreender e obter ganhos pessoais. O êxito ou fracasso econômico são atribuídos a
esforços e condutas individuais, enfraquecendo a solidariedade e o espírito de comunidade (BROWN, 2019).
Como efeito, elites econômicas se misturam às elites políticas e exercem pressão para reduzir o papel do Estado
em prover bem-estar social para os mais pobres.
Com o neoliberalismo, serviços que atendem à população, como educação, comunicação, saúde, transporte,
segurança pública, entre outros, se tornam crescentemente bens lucrativos comercializados por empresas
privadas. Acessíveis à classe média, a pressão por redução de impostos se expande na sociedade, deixando os
governos cada vez menos capazes de oferecer serviços para a população que não pode pagar (BROWN, 2019). O
crescimento da desigualdade socioeconômica, decorrente disso, se intensi�cou de tal forma que levou um
reconhecido economista e cientista político neoliberal, Francis Fukuyama, a rever sua famosa tese do “�m da
história” (FUKUYAMA, 2015). A democracia capitalista já não seria, em sua consideração, o sistema político-
econômico mais satisfatório que a humanidade é capaz de criar, abrindo a história para outros sistemas que
estariam por vir (FUKUYAMA, 2012).
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MEDIDAS MITIGATÓRIAS DA EXCLUSÃO
Sabendo dessas dimensões excludentes do sistema político e econômico que vigora no Brasil e na maior parte
do mundo, o que você pode fazer a respeito?
•  Informar e divulgar informações de qualidade.
•  Solidarizar e se engajar em atividades alternativas.
•  Colaborar com alternativas agindo e pensando.
Informar e divulgar informações de qualidade 
Informações de qualidade são um dos principais meios de combate às injustiças. Como questões sociais e
políticas são passíveis de controvérsias e desentendimentos, dados empíricos que re�etem a realidade podem
resolver parte do problema. Com dados em mãos você pode diferenciar fatos de interpretações. Há muitos
institutos de pesquisa sérios que divulgam dados gratuitamente e com regularidade, possibilitando aos
interessados acompanhar a realidade social, política e econômica de forma objetiva.É fato que o problema da desigualdade econômica tem se agravado nos últimos anos. Segundo dados do
Relatório da Inequidade do Mundo, “as inequidades de renda e riqueza tem aumentado praticamente em todo
o mundo desde a década de 1980, seguindo a séries de desregulamentação e programas de liberalização, que
ocorreu de distintas formas nos diferentes países” (CHANCEL et al., 2022, p. 8). O relatório revela que os 50%
mais pobres do mundo possuem apenas 2% da riqueza produzida, enquanto os 10 % mais ricos concentram
76% da riqueza mundial. No Brasil, os 50% mais pobres ganham 29 vezes menos que os 10% mais ricos,
fazendo do país um dos piores em concentração de renda. 
Solidarizar e se engajar em atividades alternativas 
Junto com a precariedade econômica, a falta de escolas de qualidade, trabalho e salário, leva muitos a optar por
atividades ilegais como trá�co de drogas e armas, roubos e furtos, �cando mais sujeitos à violência e ao
encarceramento. As políticas atuais de mitigação desse problema têm se reduzido à segurança, levando ao
encarceramento em massa e produzindo um ciclo interminável de exclusões. A pobreza e a desigualdade social
são fatos bem objetivos, mas há também uma importante questão subjetiva, que impede muitos de darem uma
guinada na vida: pessoas humilhadas, inferiorizadas, estigmatizadas, muitas vezes se consideram sem nenhum
valor nem direito, abandonadas, esquecidas, largadas à própria sorte. Sem solidariedade ou compaixão, são
vidas que não importam, não passíveis de luto. A sociedade dos privilégios e das exclusões deixa morrer a uns
para fazer viver e enriquecer a outros.
É necessário que haja mudanças de paradigmas para acabar com esse ciclo. Tanto a política salarial, como de
assistência social, uso e comércio de drogas, como a de encarceramento, da polícia e do papel do Estado
precisam ser revistas. Essas mudanças precisam contar com o apoio e o esforço de quem está em posição
privilegiada de acesso a informações, à divulgação de conhecimentos e a possibilidades de ação.
Colaborar com alternativas agindo e pensando 
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Políticas de reversão do neoliberalismo são pensadas em todo o mundo. Alguns exemplos são: taxação de
grandes fortunas, taxação de �uxos internacionais de investimentos, redução do consumo exacerbado, redução
de jornadas de trabalho, reversão de políticas de desregulamentação trabalhista, reestatização de
infraestruturas essenciais, regulamentação do mercado de capitais, cesta básica livre de impostos, substituição
dos bancos por cooperativas de créditos, etc.
A solidariedade, por outro lado, exige esforços desde a infância. Uma educação de qualidade não pode apenas
capacitar o jovem ao mercado de trabalho, mas à vida em sociedade, o que implica conviver com as diferenças.
O exemplo dos adultos é também sempre necessário, ensinando os mais jovens a observar as condições do
outro e a ter consciência sobre os efeitos de suas condutas, sobre as pessoas e o planeta, desenvolvendo assim
ética e alteridade.
VÍDEO RESUMO
Para entender um pouco mais sobre as exclusões sociopolíticas e socioeconômicas que ocorrem nas sociedades
atuais, assista o vídeo a seguir. Traremos algumas novidades que você não pode perder. Já imaginou falar coisas
erradas ou faltar argumentos sobre um assunto que você já estudou? Assista e cause boa impressão em seu
trabalho, na sua família ou em seu círculo de amigos.
 Saiba mais
Como salientado na lição, para atuarmos de forma e�ciente no campo da justiça social, é fundamental
estarmos bem munidos de informações, com dados empíricos levantados por agências de pesquisa
comprometidas com as mais atuais metodologias. Assim, você poderá acompanhar a situação real dos
problemas das exclusões sociopolíticas e socioeconômicas.
No Brasil, a agência com dados brutos mais abrangentes é, obviamente, o Instituto Brasileiro de Geogra�a
e Estatística (IBGE). Veja em especial a seção de estatísticas sobre condições de vida, desigualdade,
pobreza, exclusão social e vulnerabilidade ambiental.
Outra agência brasileira com importantes pesquisas sobre exclusões é o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA).
Para nossos estudos, é de especial interesse o Atlas da Violência, realizado em parceria com o Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, com periodicidade anual, traz levantamento estatístico de violências
contra mulheres, negros, LGBTs, indígenas, pessoas com de�ciência, homicídios cometidos por policiais,
mortes por armas de fogo, dados sobre encarceramento, etc.
Também realizado pelo IPEA, o Atlas da Vulnerabilidade Social oferece um panorama da vulnerabilidade e
da exclusão social nos municípios, estados e regiões metropolitanas brasileiras.
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/multidominio/condicoes-de-vida-desigualdade-e-pobreza.html
https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/
http://ivs.ipea.gov.br/index.php/pt/
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Não deixe de conferir também os Relatórios de Desenvolvimento Humano elaborados pelo Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Além do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o
relatório traz dados e análises relevantes sobre as condições humanas no Brasil e no mundo,
considerando educação, saúde, renda, entre outros. A partir dos relatórios, foi elaborado o Atlas do
Desenvolvimento Humano no Brasil, com dados de qualidade e visualização amigável, sobre
desenvolvimento sustentável e as desigualdades no Brasil.
INTRODUÇÃO
Olá, estudante! Nesta aula teremos como foco de nossos estudos os direitos humanos. Mostraremos como ele
se desenvolveu ao longo dos séculos como primazia da dignidade humana reconhecida para todas as pessoas,
independente de quem seja. Se trata de um desenvolvimento da humanidade na busca pela paz e a harmonia
nas relações.
Esses direitos, considerados humanos, sempre foram gozados por alguns, pelos mais privilegiados. Seu
verdadeiro desa�o é que sejam reconhecidos como válidos para todos os seres humanos, sem distinção, e que
sejam de fato respeitados.
O esperado é que no �nal desta aula você conhecerá a evolução histórica desses direitos até resultar em sua
formalização na Declaração Universal dos Direitos Humanos, celebrada pela Organização das Nações Unidas e
rati�cada por praticamente todos os países do mundo. Com este conhecimento você será capaz de fazer a
diferença em sua comunidade, na vida dos demais e, por que não, na história da humanidade.
O QUE É E COMO SURGIRAM OS DIREITOS HUMANOS
No avançar do século XXI os direitos humanos se consolidaram como instituição política universal reconhecida
muito mais como ideal do que real. Os princípios promulgados pela Assembleia Geral da Organização das
Nações Unidas, em 1948, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, seguem norteando a agenda de
governos, movimentos sociais e associações da sociedade civil que buscam a promoção e concretização de
direitos igualitários a todos os seres humanos. Esse ideal, porém, está muito longe de ser alcançado, em alguns
locais mais que em outros.
O princípio da dignidade para toda vida humana não é novo, foi localizado primeiramente durante o reinado de
Ciro o Grande (559 a.C. a 530 a.C.), da Pérsia, que teria conquistado a Babilônia sem o uso de armas, repatriado
povos deportados e libertado pessoas escravizadas. No período da antiguidade que datou entre os séculos VIII
a.C. e II a.C., diversos acontecimentos foram importantes para o reconhecimento do valor da vida humana.
Aula 3
O PRINCÍPIO DA DIGNIDADEHUMANA E OS DIREITOS
HUMANOS
Nesta aula teremos como foco de nossos estudos os direitos humanos.
29 minutos
https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/library/relatorio-anual---2020.html?cq_ck=1636479917560
http://www.atlasbrasil.org.br/
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Buda na Índia, Zaratustra na Pérsia, Confúcio na China, Isaías em Israel, Democracia e �loso�a em Atenas e a
República Romana marcaram a história da humanidade como sistemas de pensamento, de ordem religiosa,
�losó�ca ou política que estabeleceram um marco inicial de busca por relações humanas mais éticas e
racionais. “O ser humano passa a ser considerado, pela primeira vez na História, em sua igualdade essencial,
como ser dotado de liberdade e razão, não obstante as múltiplas diferenças de sexo, raça, religião ou costumes
sociais” (COMPARATO, 2001, p. 11).
Apesar de sua antiguidade, esse entendimento sobre o valor da vida humana sofreu diversos reveses ao longo
da história da humanidade, mas em especial durante a Idade Média (séc. V ao séc. XV), conhecida também como
Idade das Trevas. O movimento estético, cientí�co e �losó�co denominado “humanismo” encerrou esse
período, colocando o ser humano no centro das ações e preocupações públicas, culminando em outro
movimento cultural-�losó�co importante para o estabelecimento de relações humanas mais éticas: o
iluminismo, que enaltece a razão no lugar da religião como condutor das relações sociais (RUSSELL, 2000). Na
esteira do iluminismo, �lósofos jusnaturalistas, ou contratualistas, como Hobbes, Locke e Rousseau se tornam
in�uentes na composição do sistema político que está por vir. Cada um a seu modo, defendem que o ser
humano tem direitos naturais, portanto universais e inalienáveis.
Em 1689, durante a Revolução Gloriosa, a Inglaterra proclamou a Bill of Rights (Declaração de Direitos), visando
limitar os poderes do Rei. Um rei que já não pode tudo, que precisa se pautar em leis formuladas pelo
Parlamento, tende a respeitar e a reconhecer os direitos de seus cidadãos. Um século depois, a Revolução
Francesa (1789) com seu famoso lema, “liberdade, igualdade e fraternidade”, depôs a monarquia absolutista e
proclamou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. A declaração foi muito mais uma carta de
intenção que de reconhecimento efetivo de direitos e liberdades. A França não só entrou em seguida em um
macabro período de ditadura com Napoleão Bonaparte, como também foi incapaz de conferir aos mais pobres
a vida digna que se veri�cava entre os burgueses. O mesmo ocorre nos Estados Unidos, diante de sua
independência e Declaração dos Direitos dos Cidadãos (1789).
A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS E SEUS SIGNIFICADOS
Embora sem abolir a escravização de africanos e indígenas até ao menos a primeira metade do século XIX, a
maior parte dos países ocidentais seguiram os princípios dos direitos naturais e formalizaram, em suas
constituições, o reconhecimento para seus cidadãos do direito à vida, igualdade, liberdade, propriedade e
dignidade. A lei estabelecendo direitos e liberdades e determinando o que governantes e agentes do Estado
podem ou não fazer, seria o principal mecanismo das democracias liberais pelo qual esses direitos e essas
liberdades seriam garantidos (BOBBIO, 2004).
As constituições democráticas apresentaram importante avanço em relação ao Antigo Regime e às ditaduras,
porém os desa�os à efetivação da dignidade humana permaneceram. Primeiro porque as democracias sofrem
momentos de retrocesso e golpes de Estado, segundo porque mentalidades discriminatórias não se alteram
com simples decretos legislativos. O século XX �cou marcado com as horrorosas tragédias dos regimes
totalitários, dos genocídios e das duas guerras mundiais.
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Em mais um esforço por promover os direitos humanos e a paz global, a Organização das Nações Unidas (ONU)
foi criada assim que terminou a Segunda Guerra Mundial, em 1945. Sob seus auspícios, foi redigida por 50
países a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), posteriormente rati�cada por todos os 193 países
participantes do sistema ONU. A declaração não tem força de lei para os países signatários, logo não prevê
sanções em seu descumprimento. Trata-se de uma carta de princípios que de�ne compromissos com a vida
humana e seu respeito é exigido a todos os membros da ONU. Com o tempo, se constituiu em um poderoso
instrumento de pressão diplomática e moral sobre entidades governamentais e civis e in�uenciou muitas
constituições e legislações nacionais, assim como tratados internacionais e organizações regionais. 
Os direitos contemplados na DUDH são diversos e proveem de distintos momentos históricos (MARSHALL,
1967; LUNARDI, 2011):
•  Direitos civis e políticos, considerados de primeira geração: respectivamente, igualdade perante a lei,
liberdade religiosa, liberdade de ir e vir, liberdade de expressão, matrimônio, propriedade, julgamento justo,
proteção à vida; nacionalidade, participação no governo, votar e ser votado, protestar, participar de partidos, se
associar em movimentos sociais, etc.
•  Direitos socioeconômicos, considerados de segunda geração: trabalho livre e digno, pro�ssão, alimentação,
seguro-desemprego, aposentadoria, saúde, educação, moradia, descanso semanal, etc.
•  Direitos culturais e ambientais, considerados de terceira geração: respectivamente, opinião política,
sexualidade, acesso à arte, paz, tradição de povos autóctones, patrimônio histórico; meio-ambiente saudável,
água potável, preservação de �orestas nativas, etc.
A promoção e proteção dos direitos humanos se tornou atrelada ao regime democrático. Ou seja, alguns desses
direitos em tese só se encontram disponíveis em países cujo sistema de governo é a democracia. No entanto,
por serem considerados universais, transversais a qualquer povo, cultura ou região, os direitos humanos e a
democracia se tornaram mecanismos de um novo império que se expande e se uniformiza globalmente. Assim,
os países dominantes ampliam seu poder e sua in�uência sobre o mundo mediante um paradigma moral,
jurídico e político di�cilmente contestado, reduzindo resistências a suas políticas econômicas (HARDT; NEGRI,
2001).
SUPERANDO O ETNOCENTRISMO
As garantias legais são importantes, mas não su�cientes para que direitos sejam de fato garantidos. Um dos
obstáculos é o racismo e a xenofobia, que impedem que muitos cidadãos reconheçam a humanidade em outros
seres humanos distintos deles. A escravização de negros africanos realizada por tanto tempo e de forma
absolutamente cruel e desumana, só foi possível porque os negros não eram reconhecidos pelos brancos como
igualmente humanos. No mesmo período em que a Europa reivindicava igualdade, liberdade e dignidade para
seus cidadãos, colonizava países na África e na América Latina à custa de uma mão de obra brutalmente
escravizada, com torturas, estupros e assassinatos (MBEMBE, 2020).
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Isso foi possibilitado por uma forma de ver o outro baseada em perspectivas etnocêntricas: aqueles que são
diferentes de mim e dos que são próximos a mim e à minha cultura, em suas origens étnicas, crenças ou modos
de agir, não dispõem da mesma dignidade. Logo, não seriam merecedores do mesmo tratamento fraterno que
dispenso aos meus semelhantes. O etnocêntrico coloca sua própria cultura ou etniacomo padrão ou centro de
referência para julgar outros povos, etnias e culturas. Como resultado, inferioriza quem tem origens ou modos
diferentes (GEERTZ, 1981).
O etnocentrismo pode ser observado em diversas relações sociais e ajuda a explicar muitas discriminações e
violências. Geralmente ocorre em relação a comportamentos, indivíduos e grupos que fogem de um padrão
dominante, negando reconhecimento, respeito e direitos às minorias. Muitos processos de colonização,
dominação e autoritarismo se exercem nessa busca de inserir no outro, que se distingue, um padrão
hegemônico.
Figura 1 | Exemplo de etnocentrismo: catequização de indígenas brasileiros
Fonte: Wikimedia Commons.
Segundo o �lósofo Richard Rorty (1991), todos temos algo de etnocentrismo, pois acreditamos que nossas
próprias crenças são verdadeiras. Seria impossível alguém achar que aquilo em que acredita seja falso. Haveria,
no entanto, uma forma positiva e outra negativa de encarar o etnocentrismo. A diferença estaria na atitude de
se abrir e questionar suas próprias crenças, confrontá-las com outros valores diferentes e estar disposto a se
modi�car. Essa seria uma forma inclusiva e aceitável de lidar com o etnocentrismo.
Já a forma inaceitável e excludente seria uma comunidade considerar-se superior ou privilegiada, por entender
que sua representação da realidade ou seus valores são os mais próximos da natureza real das coisas. Nesse
caso, o indivíduo ou grupo se crê mais certo que o outro, estando suscetível a buscar impor sua verdade sobre o
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outro. Essa atitude autoritária é contraditória com a disposição de rever as próprias crenças e a eventualmente
admitir equivocar-se (RORTY, 1991).
Para escapar dessa dinâmica é preciso um olhar atento e direcionado primeiramente a si mesmo, admitindo
que suas verdades não são verdades absolutas, inquestionáveis, mas apenas uma verdade entre outras
verdades possíveis. Ou seja, seus valores, formas de ser, de se conduzir e de ver o mundo podem ser o melhor
para você, não para todos. A partir daí é possível se abrir à possibilidade de estar errado e a rever suas
posições. É necessário também ter cuidado para não cair em um relativismo cultural que, para não ser
etnocêntrico, se esvazia qualquer rejeição a condutas alheias, reduzindo o senso crítico e qualquer sentido de
justiça. O relativista pouco cauteloso corre o risco de aceitar tudo que venha do outro, até o inaceitável, na
tentativa de evitar ser etnocêntrico (TODOROV, 2010).
VÍDEO RESUMO
Há na sociedade setores críticos aos Direitos Humanos. Defendem redução ou eliminação de direitos e
liberdades, censura, tortura, execuções e pena de morte para quem viola determinadas leis. No entanto, as leis
de países democráticos servem para defender os direitos dos humanos. A aceitabilidade da violação de alguns
direitos por quem deveria defendê-los, leva a aceitabilidade da violação de outros direitos, criando um espiral
de violações às leis do Estado Democrático de Direito. 
Este vídeo tratará desta polêmica. Se você gosta de polêmicas, este vídeo é para você.
 Saiba mais
Não deixe de ler a própria Declaração Universal dos Direitos Humanos, no site o�cial da ONU. Com apenas
30 artigos, é o texto mais traduzido de todo o mundo, disponível em mais de 500 idiomas.
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
INTRODUÇÃO
Aula 4
DIREITO À DIFERENÇA À DIFERENÇA, LIBERDADE E
DIVERSIDADE
Na era contemporânea a noção de liberdade se aproxima em boa medida das perspectivas da
diferença: ser e poder ser diferente
26 minutos
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Na era contemporânea a noção de liberdade se aproxima em boa medida das perspectivas da diferença: ser e
poder ser diferente. Esse entendimento da diferença é mais observável na dimensão individual, nas condutas e
ações de cada um. Entretanto, como a vida do indivíduo se realiza em sociedade, nas relações com os demais, é
difícil separar por completo o individual do coletivo.
A forma como você é e atua em sua vida cotidiana não depende só de você. Sempre dependerá, em alguma
medida, do meio em que você vive, das pessoas com as quais você convive e se relaciona. Sua liberdade
enquanto indivíduo de fazer o quiser, como quiser e quando quiser, depende de sua experiência de vida e sua
forma de se relacionar com as pessoas, as coisas e o planeta. Por esse motivo, não podemos pensar que somos
livres sem considerar nossa relação com os demais. 
IGUALDADE E DIFERENÇA
A liberdade é um termo muito usado e pouco compreendido. Alguns pensam que podem fazer e falar tudo o
que quiserem, sem quaisquer limites. Eventuais restrições externas às suas vontades são consideradas como
interferências indesejadas na sua liberdade individual. Não levam em consideração uma dimensão ética,
imprescindível para distinguir dois termos opostos: liberdade e opressão. Para os �lósofos epicuristas, que nos
servem de inspiração, a liberdade é inseparável da ética (FOUCAULT, 2004).
Essa ética da liberdade pode ser entendida como ações que levam em conta o cuidado consigo e com os outros.
Se uma suposta conduta minha for potencialmente destrutiva a mim ou a outro, logo esta conduta não seria
nem ética nem livre. Isso é importante, porque ações ou discursos que oprimem, que reduzem a dignidade ou
ameaça direitos e liberdades, não podem ser entendidos como condizentes com a liberdade, se não com a
opressão. Caso contrário, se possibilitaria entender que um ditador que ordena a tortura e a morte de
determinados seres humanos, que proclama uma suposta superioridade racial ou moral, estaria apenas
praticando sua liberdade. O opressor em suas práticas de dominação não está praticando liberdade, mas
opressão.
Ninguém é livre sozinho à despeito da liberdade do outro. Somos livres na medida em que o outro com quem
nos relacionamos também seja livre, ou na medida em que nossas condutas possibilitem ao outro ser tão livre
quanto somos (BAKUNIN, 2008). Assim posto, �ca mais evidente que liberdade e opressão são noções
antagônicas e que a esfera de ações do indivíduo é inseparável da sua relação com a coletividade. São livres
então, não aqueles que fazem o que querem, mas aqueles que desejam a liberdade do outro tanto quanto a de
si próprio, resistindo a distintas formas de opressão, dominação, aprisionamento ou degradação moral de si e
dos demais.
Se sou livre para ser diferente, pensar diferente, me portar de forma diferente, ter costumes diferentes e
possibilito o mesmo aos demais, sem constrangimentos, minha conduta pode ser entendida como ética e livre.
Poder ser diferente, o direito à diferença, é uma das possibilidades mais evidentes que se abrem com a
liberdade. Quanto mais fechada e opressora for uma sociedade, ou um círculo de convivência social, menos
possibilidades existem para a diversidade social. Ter liberdade para ser diferente de uma maioria, sem sofrer
constrangimentos ou coações, signi�ca desfrutar das mesmas oportunidades e dos direitos que se teria, caso
não houvesse tal diferenciação.
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Por maioria não signi�ca necessariamente uma maioria numérica em termos de pessoas, mas maiorias em
termos de acesso a recursos, posições de exercício de poder e dominação. Por exemplo,os 10% mais ricos no
Brasil possuem quase 60% de toda a renda produzida no país (CHANCEL et al., 2022). É uma minoria de pessoas
que possui a maioria dos recursos do país e a maioria das capacidades de in�uenciar a economia, a política e as
leis. Os brancos são 42% da população do país, segundo o IBGE, mas dominam 75% (AGÊNCIA SENADO, 2021)
dos assentos na câmara dos deputados e predominam em peças publicitárias, em papéis televisivos, nos
trabalhos mais quali�cados e na direção de empresas.
LIBERDADE, IGUALDADE E DIFERENÇA
Uma sociedade que não trata com igualdade de condições e oportunidades as diferenças de raça, classe,
gênero, sexualidade ou religião, não pode ser considerada uma sociedade em que a liberdade e a democracia
estejam consolidadas. O direito a ser diferente só é possível em sociedades livres e democráticas. A igualdade é
desejada no que diz respeito a direitos, liberdade, reconhecimento e dignidade. A diferença é desejada no que
diz respeito à individualidade, à possibilidade de que as diferenças não prejudiquem as potencialidades, as
oportunidades e a dignidade do ser humano. Como diz Santos (2003, p. 56):
Para que a diferença não nos inferiorize é necessário que sejamos socialmente iguais, ou seja, que a sociedade
em que vivemos reconheça os mesmos direitos, as liberdades e oportunidades, independente das diferenças. É
importante que essa igualdade não signi�que descaracterizar o indivíduo em sua singularidade, permitindo
assim o direito à diferença, a liberdade de ser humanamente diferente. Isso tudo só é possível quando não há
restrições para nossa liberdade, entendida, como visto, enquanto antagônica a qualquer prática de opressão e
dominação.
Entende-se que a liberdade moderna é a liberdade da ausência de restrição para nossas ações (CONSTANT,
2019). Esse é o princípio liberal de liberdade, que tem a defesa pela liberdade de expressão irrestrita, por parte
de Voltaire, como um de seus marcos iniciais. Essa perspectiva, hoje se sabe que não é condizente com uma
compreensão da liberdade antagônica da opressão. Voltaire pouco levou em consideração o poder do discurso,
ou seja, que palavras podem oprimir, afetar direitos e provocar a morte tanto política como biológica de
pessoas.
Já a liberdade antiga era a liberdade de decidir as políticas da cidade, os rumos que a vida pública e coletiva
deveria seguir, é uma liberdade enquanto possibilidade de ação e não como ausência de restrição (CONSTANT,
2019). A liberdade enquanto ação é potencializadora da ética do cuidado de si e do outro, mas somente se
[...] temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o
direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade
de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza,
alimente ou reproduza as desigualdades.
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acessível a todos. Enquanto houver restrições sobre quem ela serve, seu efeito reproduz opressões, diferenças
de direitos. É o que havia na Atenas antiga, ao limitar os direitos e a liberdade aos cidadãos, deixando de fora
mulheres, estrangeiros, escravos e menores de idade.
A defesa da diferença também pode ser limitadora da liberdade e dos direitos, quando não combinada com
compromisso de igualdade social, econômica, política e jurídica. A defesa de direitos diferentes para pessoas
diferentes ampara o pensamento conservador desde sua origem de reação à Revolução Francesa (PIERUCCI,
1999). O entendimento de Edmund Burke de que a desigualdade é natural à humanidade e que, portanto, os
direitos reconhecidos pelo Estado não devem ser igualitários, acompanhou a defesa da escravização de negros
africanos, a tutelagem de homens sobre mulheres, de brancos europeus sobre indígenas e de povos autóctones
de territórios colonizados. E o mesmo pensamento veri�camos quando líderes políticos conservadores
defendem a ausência de qualquer direito humano para criminosos. Defender o direito à diferença, portanto,
não é o mesmo que defender a desigualdade ou a inequidade. É exatamente o contrário, que a diferença não
produza desigualdade de direitos ou inequidade na distribuição de recursos e oportunidades.
AS LUTAS PELA DIFERENÇA E IGUALDADE
A luta para a conquista de direitos igualitários é muito diversi�cada e se você deseja se engajar, há muitas
experiências históricas para se inspirar, com variados tipos de ação e posicionamentos políticos ideológicos. As
pautas de reivindicações são inesgotáveis e se atualizam de acordo com os contextos locais, nacionais e
internacionais. A negação de reconhecimento e a violação de direitos e liberdades das chamadas minorias
sociais sempre despertou a resistência e o confronto.
Durante o período de escravidão no Brasil, principalmente nos séculos XVIII e XIX, diversos grupos de negros
escravizados fugiram das senzalas, se uniram e se organizaram em quilombos. Lá produziam armas, treinavam
capoeira e criavam suas famílias com ética comunitária. A experiência quilombola demonstrou que ainda que o
processo de dominação seja sistematicamente violento e de vigilância permanente, a fuga e a resistência são
possíveis. Por vezes, os escravizados tiveram que fazer uso da violência para fazer frente aos capangas armados
e suas técnicas de tortura (DORLIN, 2020).
Na segunda metade do século XIX, na Europa, ganhou protagonismo a luta dos trabalhadores por condições
mais dignas de trabalho. Em 1864, com a fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) levou-se
a organização sindical para além das fronteiras nacionais, dando início a um histórico movimento reivindicativo,
sob a in�uência do anarquismo e do marxismo. O excesso de horas de trabalho, o trabalho infantil, a baixa
remuneração, a licença maternidade, as condições do trabalho noturno, o direito à greve, entre outros,
compuseram as pautas de reivindicação e confronto com os patrões. Desde então, o movimento tem sido a
principal inspiração para a luta e organização dos trabalhadores (BRANCALEONE, 2020).
O século XIX também testemunhou um forte movimento de mulheres pela participação no sufrágio eleitoral.
Antes mesmo de obtiverem o direito ao sufrágio, muitos grupos de mulheres já reivindicavam a liberdade
sexual, o aborto, o direito a não contrair matrimônio, a equiparação salarial, a licença maternidade e o �m das
violências de gênero. A diversidade de pautas e discordâncias sobre táticas, formas de ação e organização,
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assim como diferenças em metas e objetivos �nais, levou as lutas sociais de grupos minorizados a se dividiram
inicialmente entre marxistas, anarquistas e liberais, posteriormente em radicais, interseccionais, decoloniais,
etc.
A postura em relação à propriedade privada, ao papel do Estado, as táticas de confronto mais agressivas ou
persuasivas, a forma de organização mais vertical ou horizontal, as alianças ou não com partidos e outros
grupos políticos, ao papel e protagonismo de cada um na organização da luta, os níveis e âmbitos da vida que
se deveria promover ruptura com as formas vigentes, entre muitas outras questões, contribuíram para a
fragmentação das lutas. Em diversos momentos os realinhamentos são estratégicos e episódicos, as
divergências se diluem ou se ampli�cam. As diferenças possibilitam ocasionalmente uniões e protestos
conjuntos, mas também podem se tornar inconciliáveis, como é o caso, por exemplo, das feministas radicais
(radfem) com as mulheres transexuais, ou dos trabalhadores anarquistas com os liberais.
VÍDEO RESUMOVocê já pensou que muitos elementos de sua personalidade não foram construídos por você, mas reproduzidos
a partir dos grupos da sociedade que você convive? 
Já considerou que talvez algumas de suas atitudes, seus hábitos, suas palavras e seus comportamentos possam
estar colaborando para reproduzir relações de dominação solidi�cadas nas estruturas sociais?
Os problemas estruturais que nossa sociedade apresenta são graves, históricos, impedem o direito a uma vida
digna para a maioria da população. 
Você já se perguntou se tem exercido algum papel para a manutenção ou interrupção desses problemas
estruturais? 
 Saiba mais
A temática dos direitos das minorias, que para estas nunca saiu de pauta, estão recebendo agora, em
meados do século XXI, grande protagonismo e visibilidade midiática. De um lado alguns a denomina
identitarismo ou lutas identitárias. Outros denominam lutas culturais pelos direitos das minorias. É
importante acompanhar essa discussão para não se perder ou �car desatualizado no tema. As redes
sociais têm favorecido fortemente a difusão dessas lutas e seu fortalecimento. Selecionamos para você
cinco vídeos que ajudam a entender a questão:
• A socióloga estadunidense Patrícia Hill Collins comenta neste breve vídeo as di�culdades nas coalizões
políticas que se formam entre distintos grupos sociais, como de gênero, de classe e de raça.
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
https://youtu.be/i12FyjinY9k
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• A socióloga Lúcia Soares discute neste vídeo como o movimento LGBT se institucionalizou, após inúmeras
lutas e reivindicações, se recon�gurando em pautas que o Estado é capaz de implementar, como políticas
de direitos e leis penais.
• A ativista e travesti Angie Barbosa denuncia neste breve vídeo a violência do Estado contra travestis e
mulheres trans no Brasil.
• Veja o indígena e escritor Ailton Krenak explicar a organização de povos indígenas contra a agressão que
sofrem pelo poder econômico, pelas políticas estatais e pela ignorância social sobre suas diferenças
culturais e suas relações com as �orestas neste vídeo.
Aula 1
ALEXANDER, M. A nova segregação: racismo e encarceramento em massa. São Paulo: Boitempo, 2017.
BOBBIO, N. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
COMPARATO, F. K. A a�rmação histórica dos direitos humanos. São Paulo: Saraiva, 2001.
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