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11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 1/52 Mecânica da fratura Prof. Julio Cesar José Rodrigues Junior Descrição Discussão das fraturas dúcteis e frágeis, e aspectos macro e microscópicos. Apresentação das Mecânicas da Fratura Linear Elástica (MFLE) e da elastoplástica (MFEP), expressões e aplicações. Identificação dos modos de propagação de trincas e tensões atuantes. Análise de falhas e confiabilidade. Propósito Compreender que os materiais não idealizados apresentam defeitos que devem ser considerados no dimensionamento de componentes ou estruturas e, em função disso, conhecer as Mecânicas da Fratura (MFEL e MFEP) como ferramentas para o dimensionamento de componentes, indicando que tamanho crítico elas podem ter sem que ocorra a falha ou, para um dado tamanho do defeito, qual a tensão permitida para o componente. Objetivos Módulo 1 Fratura e seus aspectos macroscópicos e microscópicos Reconhecer a fratura e seus aspectos macroscópicos e microscópicos. Módulo 2 Mecanismos de fratura linear-elástica e elastoplástica Descrever mecanismos de fratura linear-elástica e elastoplástica. 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 2/52 Módulo 3 Modos de propagação e análise de tensões das trincas Identificar modos de propagação e análise de tensões das trincas. Módulo 4 Análise de falhas e con�abilidade Descrever análise de falhas e confiabilidade. Introdução Assista ao vídeo a seguir para conhecer um breve resumo das fraturas dúctil e frágil, além de suas características e mecanismos. Serão abordados, também, os aspectos da Mecânica da Fratura, destacando-se a utilização da MFEL e MFEP, com as aplicações em dimensionamentos. Além disso, o conceito de tenacidade à fratura será apresentado. Posteriormente, trataremos dos modos de propagação das trincas: por tração, por cisalhamento e por rasgamento, além da análise das tensões nas trincas. Por fim, serão apresentadas a análise de falha, a confiabilidade e as técnicas FMEA e FMCEA. 1 - Fratura e seus aspectos macroscópicos e microscópicos 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 3/52 Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a fratura e seus aspectos macroscópicos e microscópicos. Vamos começar! A fratura e seus aspectos macroscópicos e microscópicos Assista ao vídeo a seguir para conhecer os aspectos mais importantes relativos às fraturas frágil e dúctil, seus aspectos macroscópicos e microscópicos, além da morfologia, das topologias e das características dessas fraturas. Além disso, serão apresentadas fraturas que ocorrem ao longo dos contornos do grão (intergranular) e através dos grãos (transgranular). Generalidades da fratura Uma definição simples de fratura em materiais é a separação de um componente íntegro em duas ou mais partes, inviabilizando a sua utilização. Em geral, o fenômeno da fratura é devido a uma série de circunstâncias, entre as quais, o carregamento estático excessivo (uniaxial, de torção etc.), os carregamentos mecânicos cíclicos (fenômeno da fadiga), o ambiente (meios corrosivos – corrosão), a temperatura etc. A fratura é indesejável nos diversos ramos da engenharia devido a aspectos como os econômicos e os de segurança. A imagem a seguir mostra a falha de um virabrequim de um carro: Falha de virabrequim. Em nosso estudo, serão abordadas duas fraturas: Dúctil 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 4/52 Frágil O ensaio mecânico de tração tem como resposta o gráfico tensão versus deformação, cuja forma da curva caracteriza os materiais como dúcteis ou frágeis. Observe as imagens a seguir: Tensão versus deformação – material dúctil. Tensão versus deformação – material frágil. Aspectos gerais das fraturas dúctil e frágil Genericamente, na fratura dúctil, o material absorve grande quantidade de energia, associada à alta deformação plástica (permanente), antes de falhar. A fratura frágil apresenta-se diametralmente oposta em relação à fratura dúctil, ou seja, a quantidade de energia absorvida é muito baixa e a deformação plástica é quase nenhuma. A imagem a seguir apresenta dois modos de fraturas para materiais submetidos a esforços uniaxiais: a fratura reta (materiais frágeis) e a fratura taça-cone, típica de materiais dúcteis com estrutura cristalina CCC (cúbico de corpo centrado). 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 5/52 Fraturas reta e taça-cone. A próxima imagem apresenta corpos de prova fraturados no ensaio de tração, destacando-se as fraturas mencionadas. Corpos de prova fraturados. A classificação da fratura em dúctil (fibrosa) ou em frágil (cristalina) está ligada ao grau de deformação plástica associado. O caminho percorrido pela trinca pode ser transgranular, ou seja, “ela caminha” através do interior dos grãos da estrutura cristalina do material ou intergranular, quando o percurso é pelos contornos de grão. Observe o descrito na imagem a seguir: Fraturas transgranular e intergranular. Dois aspectos relevantes das fraturas (frágil e dúctil) devem ser ressaltados no estudo da Engenharia. A fratura dúctil é, em tese, estável, e o aumento da trinca é lento, apresentando sinais de que está ocorrendo e dando oportunidade de eventuais reparos ou substituições dos componentes. Na fratura frágil, instável, o crescimento da trinca é rápido, e a falha catastrófica, raramente dando oportunidades para o monitoramento. Em geral, uma vez que a trinca inicie sua propagação, não é necessário carregamento externo extra para seu alastramento. Existem muitos metais em que o comportamento pode ser dúctil ou frágil, dependendo da temperatura de uso. Um exemplo clássico, foi a falha abrupta dos navios da Segunda Guerra Mundial, construídos em aços dúcteis, mas com comportamento frágil a 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 6/52 temperaturas baixas, em torno de 4ºC. Observe, na imagem, um navio com uma fratura em torno de seu casco: Fratura frágil em material dúctil. Fratura dúctil Materiais dúcteis, ou seja, com grande capacidade de deformações plásticas, apresentam, em regra, fratura do tipo dúctil quando rompido, por exemplo, no ensaio mecânico de tração. Na maioria dos materiais dúcteis, essa fratura é denominada taça-cone e apresenta três regiões macroscópicas: Zona �brosa Região central. Zona radial adjacente Região intermediária. Zona de cisalhamento Região externa. A imagem a seguir apresenta, esquematicamente, essa fratura e suas regiões: 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 7/52 Regiões da fratura do tipo taça-cone. Para materiais altamente dúcteis como o ouro e o chumbo, a fratura é quase pontual. Conforme o carregamento externo atua, o corpo vai se alongando na forma de um pescoço (“empescoçamento”), e a ruptura ocorre quando a seção é demasiadamente pequena, próxima a um ponto. Observe a imagem a seguir, que apresenta a situação descrita. Fratura extremamente dúctil. Estágios de formação da fratura taça-cone Observe, a seguir, os estágios da fratura dúctil do tipo taça-cone, a partir do ensaio mecânico de tração em um corpo de provas (CP) de material dúctil, à temperatura ambiente: Inicialmente, ocorre um pequeno empescoçamento do CP: 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 8/52 A seguir, pequenas cavidades ou porosidades do material concentram-se na região do pescoço: Essas pequenas cavidades começam a coalescer, dando origem a um grande vazio de forma elíptica: 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html#9/52 A imagem a seguir apresenta as etapas de nucleação, crescimento e falha da fratura taça-cone. O estágio 2 apresenta os núcleos de fratura com a forma alveolar (dimples), característica da fratura dúctil. Veja: Formação de dimples – fratura dúctil. Aspectos macroscópicos e microscópicos da fratura dúctil A análise da superfície de fratura (fractografia) de materiais pode ser realizada tanto de maneira macroscópica quanto microscópica. Nessa análise, uma série de informações macro e microscópicas auxilia na avaliação do tipo de fratura, das causas, da região de início, do sentido da falha etc. Ademais, os aspectos macroscópicos / microscópicos das superfícies de fratura podem auxiliar a respeito do histórico da peça, de suas condições de utilização etc. Na continuação do ensaio, o vazio elíptico cresce: Na sequência, trincas superficiais do CP propagam- se rapidamente em um plano de aproximadamente 45º, em relação à direção de aplicação da carga do ensaio: 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 10/52 Na avaliação da superfície de uma peça fraturada, devemos considerar os aspectos macro e micro que dependem das condições de uso do componente: Temperatura A transição dúctil-frágil, a fratura devido à fluência, o efeito da ciclagem térmica etc. Meio A corrosão, a corrosão sob fadiga (ciclamento de tensões), a fragilização pelo hidrogênio etc. Como estudado anteriormente, existem fraturas dúcteis denominadas de taça-cone, pois na fratura, cada uma das duas partes apresenta semelhança a uma taça e a um cone. A imagem a seguir mostra um CP fraturado, após o ensaio de tração, revelando as regiões denominadas taça e cone: Fratura taça–cone. Na imagem anterior, é possível destacar um aspecto da fratura dúctil, a região fibrosa na região interna. Essa região irregular e fibrosa é forte indício de fratura dúctil. A análise da superfície de fratura é realizada em microscópios eletrônicos de varredura (MEV), pois apresentam resolução e profundidade de campo adequados para revelar a topografia da fratura. No caso da região fibrosa da fratura dúctil, o MEV permite a visualização de várias “microcavidades”. Outras informações também são extraídas da fractografia, como o ponto de iniciação da trinca. Observe, na imagem a seguir, a fractografia (MEV) de um CP ensaiado sob tração, na qual é possível notar microcavidades esféricas: 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 11/52 Fractografia revelando microcavidades esféricas. Importante perceber que cada microvazio do material ou porosidade, evidenciados na imagem Formação de dimples – fratura dúctil, ao se romper, pela fratura, dá origem a duas microcavidades. A imagem a seguir apresenta a micrografia em MEV de filamento de aço eutetoide submetido à tração e com aspecto típico da fratura taça-cone: Formação de dimples – fratura dúctil Fratura taça–cone – MEV. Fratura frágil A fratura frágil ocorre com baixa absorção de energia e quase nenhuma deformação plástica. No ensaio mecânico de tração, ao se atingir a carga máxima, materiais frágeis fraturam com pouquíssima estricção (“empescoçamento”). Esse tipo de fratura ocorre em metais de elevadas dureza e resistência mecânica. A superfície da fratura frágil apresenta aspecto granular e brilhante, podendo ocorrer de duas maneiras: Fratura transgranular Ocorre quando a trinca se propaga pelo interior de cada grão, pela clivagem ao longo de certos planos cristalinos, ou seja, pela ruptura de ligações atômicas ao longo de um plano, como pode ser visto na imagem (a) a seguir. Na imagem também é possível notar a mudança na direção da propagação da trinca sempre que um novo contorno de grão é encontrado. Isso ocorre para que a trinca “caminhe” pelo plano mais favorável (menos denso). 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 12/52 Observe a imagem (b) a seguir, em que se tem um CP fraturado por clivagem. Fratura transgranular (a) fratura frágil por clivagem (b). Fratura intergranular Ocorre ao longo dos contornos dos grãos do material cristalino, como pode ser visto na imagem a seguir. Em geral, a fratura intergranular está associada à fragilização dos contornos de grão (CG), por exemplo, pela fragilização por hidrogênio, pela sensitização (precipitação de carbonetos nos CG) em aços inoxidáveis, precipitação de uma fase frágil nos CG, corrosão intergranular etc. Nessa fratura, ocorre a decoesão dos CG, isto é, a separação dos grãos. Fratura intergranular. Conforme afirma Callister (2016), as superfícies de fratura dos materiais que falharem de maneira frágil terão padrões característicos: ausência de deformação plástica generalizada (macroscopicamente); por vezes, marcas de sargento (em V); ocasionalmente, nervuras que irradiam da origem da trinca; presença de facetas que correspondem aos planos cristalográficos. Atenção! A propagação das trincas na fratura frágil pode ocorrer em planos paralelos que originam os “degraus”. O acúmulo de degraus resulta em uma topografia denominada marcas de rio. De acordo com Dieter (1981), as superfícies de clivagem transgranular contêm, geralmente, um grande número de degraus de clivagem e as marcas de rio. Observe as marcas de rio na imagem a seguir: 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 13/52 Degraus de clivagem e superfície de clivagem. Note que a fratura frágil está associada a tensões triaxiais desenvolvidas em um entalhe ou concentrador de tensões, é a fragilização por tensões. Aspectos macroscópicos e microscópicos da fratura frágil Assim como visto no caso da fratura dúctil, a análise da fratura frágil também é realizada a partir de exames macroscópicos (estereoscópios) e microscópicos. O exame micrográfico das superfícies de fratura é realizado a partir de microscópios eletrônicos de varredura, uma vez que apresentam maior ampliação e profundidade de campo, o que é essencial para análise da topografia das fraturas. A maior parte das fraturas frágeis tem o percurso da trinca de forma transgranular (através dos grãos cristalinos), cujas superfícies apresentam-se com textura granular ou facetada. As superfícies de fratura intergranular são mais lisas (ausência de degraus de clivagem) e absorvem menos energia que no caso da fratura transgranular, cujas superfícies de fratura apresentam facetas (platôs), com regularidade geométrica e alta refletividade. Observe as imagens a seguir: CP – fratura frágil (a) e representação da fratura reta (b). A imagem (a) apresenta um CP fraturado no ensaio mecânico de tração. A partir da macrografia apresentada, é possível inferir a respeito do tipo de fratura: frágil com aspecto granular. Essa conclusão alinha-se com representação esquemática apresentada na imagem (b) (fratura reta). 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 14/52 Superfície de fratura trans granular - MEV (a) e representação da fratura transgranular (b). A imagem (a) é uma fractografia (MEV) de um ferro fundido nodular, cuja fratura é frágil transgranular, como representado na imagem (b). Superfície de fratura transgranular - MEV (a) e representação da fratura transgranular (b). A imagem (a) apresenta uma micrografia (MEV) típica de superfície de fratura frágil intergranular, revelando um aspecto tridimensional dos grãos cristalinos. Nesse caso de fratura, a trinca propaga-se segundo um percurso ao longo dos contornos dos grãos, conforme indica a imagem (b). 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 15/52 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (IESES - 2017 - IGP-SC - Perito Criminal Engenharias).Na imagem a seguir é mostrado a região fraturada de um aço obtida com o auxílio de um microscópio eletrônico de varredura (MEV) com um aumento de 500 X. Essa imagem é também conhecida como fractografia e traz uma característica típica que indica o mecanismo de fratura predominante nessa região. Assinale a alternativa que possui a descrição correspondente às suas características e o mecanismo de fratura ocorrido na região apresentada na imagem. Parabéns! A alternativa A está correta. A Cavidades formadas pela coalescência dos microvazios da fratura, indicando uma fratura dúctil. B Faces de clivagem formadas pela ruptura das ligações entre os átomos seguindo um plano preferencial, indicando uma fratura frágil. C Faces de clivagem formadas pela ruptura das ligações entre os átomos seguindo um plano preferencial, indicando uma fratura dúctil. D Cavidades formadas pela coalescência dos microvazios da fratura, indicando uma fratura frágil. E Um misto de cavidades e faces de clivagem, caracterizando a fratura com alto grau de ductilidade. 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 16/52 %0A%3Cp%20class%3D'c- paragraph'%3EA%20fractografia%20por%20microsc%C3%B3pio%20eletr%C3%B4nico%20(MEV)%20apresenta%20micro% Questão 2 (CESGRANRIO - Petrobras - Engenheiro de Equipamento Júnior - Inspeção-2012). A observação da superfície de fratura de um material que falha em serviço é uma etapa importante para a identificação dos mecanismos prováveis que causaram a falha. Essa observação precisa ser realizada no microscópio eletrônico de varredura para que os detalhes de relevo sejam bem visualizados. A partir disso, sabe-se que a fratura Parabéns! A alternativa C está correta. %0A%3Cp%20class%3D'c- paragraph'%3EDuas%20fraturas%20s%C3%A3o%20bem%20comuns%20em%20Engenharia%3A%20a%20d%C3%BActil%20 2 - Mecanismos de fratura linear-elástica e elastoplástica A dúctil ocorre com baixa absorção de energia e, portanto, apresenta uma superfície bastante lisa causada pela clivagem dos grãos. B dúctil ocorre com baixa absorção de energia e a fratura frágil ocorre com alta absorção de energia, não existindo, no entanto, nenhuma relação com a morfologia da fratura. C dúctil ocorre com alta absorção de energia e, portanto, apresenta uma superfície rugosa pela nucleação e crescimento de vazios. D frágil ocorre com alta absorção de energia e, portanto, apresenta uma superfície bastante lisa causada pela clivagem dos grãos. E frágil ocorre com baixa absorção de energia e, portanto, apresenta uma superfície rugosa pela nucleação e crescimento de vazios. 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 17/52 Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever mecanismos de fratura linear-elástica e elastoplástica. Vamos começar! Mecanismos de fratura linear-elástica e elastoplástica Assista ao vídeo a seguir para conhecer os aspectos mais importantes relativos às Mecânicas da Fratura linear-elástica (MFLE) e da fratura elastoplástica (MFEP), suas principais limitações e os parâmetros KC, integral J e CTOD, além da teoria de Griffith e as aplicações de cada uma das Mecânicas da Fratura. Aspectos gerais da mecânica da fratura Quando um componente é dimensionado a partir dos conceitos de resistência dos materiais (escoamento ou ruptura) não é considerada a tenacidade à fratura do material, isto é, a resistência de um material à fratura frágil, quando uma trinca está presente. Na primeira abordagem, um fator de segurança é adotado, e não se considera a possibilidade de falha por fratura frágil. Porém, alguns componentes falham a partir de trincas com tensões aplicadas abaixo da tensão limite indicada pelo projeto. A segunda abordagem para dimensionamento surge a partir do desenvolvimento da Mecânica da Fratura, que considera trincas presentes nos materiais. Assim, a Mecânica da Fratura apresenta-se como uma ferramenta de projeto que analisa defeitos permissíveis para um componente, sem a ocorrência de falhas por fraturas instáveis. Dois são seus ramos: Mecânica da Fratura Linear Elástica (MFLE) É o estudo mecânico de corpos de prova que possuem tão pouca deformação plástica, antes de fraturar, que tal deformação é praticamente desconsiderada. Esse tipo de mecânica é observada em aços de altíssima resistência mecânica. 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 18/52 Mecânica da Fratura Elastoplástica (MFEP) É o estudo de materiais que possuem uma zona de deformação plástica com tamanho significativo, em relação às dimensões do corpo de prova. Essa condição anula as considerações das tensões elásticas existentes na ponta da trinca do corpo de prova, controlando o processo da fratura. Em seguida, veja a descrição de quando cada uma delas pode ser utilizada. As imagens a seguir mostram as situações em que a MFLE e a MFEP podem ser utilizadas. Na primeira imagem, a MFLE é aplicável, pois a zona plástica (ZP) é bem menor que as dimensões da trinca e do componente, enquanto na segunda imagem, aplica-se a teoria da MFEP, posto que a ZP tem dimensões comparáveis as do defeito e da peça. As imagens a seguir apresentam os critérios para dimensionamento, de acordo com a resistência dos materiais e de acordo com a mecânica da fratura: Dimensionamento – Resistência dos Materiais. MFLE É aplicável, pois a zona plástica (ZP) é bem menor que as dimensões da trinca e do componente. MFEP É aplicável, pois a ZP tem dimensões comparáveis as do defeito e da peça. 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 19/52 Dimensionamento – Mecânica da Fratura. Concentradores de tensão Existe uma significativa diferença entre as tensões (valores nominais) associadas à fratura de materiais quando determinadas teoricamente e quando de acordo com materiais reais. Os defeitos dos materiais são inerentes ao processo de fabricação e são desenvolvidos devido a solicitações mecânicas, como no estágio inicial (nucleação de trincas) do fenômeno da fadiga ou mesmo pelas necessidades funcionais da peça: furo, chaveta, rasgo etc. Defeitos dos materiais Trincas de tratamento térmico, defeitos de soldagem, falhas internas em componentes fundidos, entre outros. Nesses pontos, as tensões que atuam podem ser maiores que as tensões nominais, provocando um aumento localizado dessas tensões. Logo, é necessário saber avaliar o estado de tensões nesses pontos. A imagem a seguir apresenta algumas peças e destaca pontos que são concentradores de tensão, em virtude da geometria da peça e não do material. Concentradores de tensão. Observe, a seguir, “as linhas de ação” das tensões em concentradores para dois tipos de materiais: Frágil O material não se ajusta, e o limite de resistência pode ser ultrapassado em pontos isolados, dando origem a fissuras com fácil propagação. Dúctil O material se ajusta em virtude das deformações plásticas provocadas em torno do concentrador, o que acaba diminuindo sua severidade. 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 20/52 De acordo com Hibbeler (2010), o fator de concentração de tensão (número adimensional) é definido pela expressão: O fator depende da geometria. A imagem (a), a seguir, apresenta parte de uma peça em que a redução de seção apresenta uma aresta de . Nesse caso, a intensificação dada por pode chegar a três vezes, enquanto na imagem (b) existe um adoçamento que pode levar para 1,5. Concentradores de tensão - mudanças na seção. Várias curvas permitem determinar o fator , a partir das dimensões do raio de adoçamento (r) e das dimensões (h e w) da peça. A imagem a seguir apresenta uma série de curvas para esse cálculo. Curvas de (concentradores de tensão). Nestaimagem, tem-se a distribuição de tensões de uma barra chata. Note a tensão máxima, devido ao concentrador de tensões. Distribuição de tensões em barra chata com concentrador de tensões. Uma trinca elíptica de eixos maior e menor , com raio de curvatura na extremidade , tem fator de concentração de tensões dado por: K K = σmáxima σmédia K 90∘ K K K K 2a 2b ρ K = (1 + 2 ⋅√ a ρ ) ∼ 2 ⋅√ a ρ 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 21/52 Observe, na imagem a seguir, a tensão máxima nas extremidades da trinca: Concentração de tensões em trinca elíptica. Aspectos gerais da mecânica da fratura linear elástica A Mecânica da Fratura tem seus registros datados do início do século XX com estudos feitos em placas de vidro, por Griffith. Ao longo dos anos, houve uma evolução na teoria e, em linhas gerais, a Mecânica de Fratura auxilia a Engenharia, uma vez que é capaz de prever se um determinado defeito, de certa dimensão, poderá propagar-se catastroficamente, sob a ação de um carregamento conhecido. Teoria de Gri�th Os estudos de Griffith basearam-se em um balanço de energia, a partir da primeira lei da termodinâmica aplicada a material idealmente frágil, tal como o vidro. Apesar de a teoria de Griffith não poder ser utilizada diretamente para os metais, apresentou grande contribuição na evolução da Mecânica da Fratura. Em seu modelo, ele considerou um material elástico linear e uma placa infinita com uma trinca elíptica, conforme pode ser visto na imagem a seguir: Modelo de Griffith – trincas interna e superficial. A teoria de Griffith objetivou explicar a redução da tensão de ruptura experimental em relação à teórica, a partir do modelo geométrico da imagem Concentração de tensões em trinca elíptica. A expansão de (σmáx) 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 22/52 uma trinca implica a ruptura de ligações químicas entre os átomos. As novas superfícies formadas requerem energia superior a do rompimento dos átomos. A teoria de Griffith estabeleceu que uma trinca se propagará quando a diminuição da energia elástica for inferior (ou igual) à energia devido à criação das novas superfícies. É possível mostrar que a tensão para a fratura é dada pela equação: Concentração de tensões em trinca elíptica. Onde: - módulo de elasticidade do material; - metade do comprimento da trinca elíptica; - energia superficial específica. A expressão pode ser aplicada para determinar o valor mínimo da tensão de tração que causará a propagação de uma trinca de tamanho 2 , como uma fratura frágil, considerando o raio da ponta da trinca pequeno, ou seja, uma trinca “pontiaguda”. Mecânica da Fratura Linear Elástica (MFLE) Na teoria desenvolvida na MFLE, considera-se o comportamento linear na propagação das trincas, não abordando a nucleação das trincas. A MFLE quantifica a tenacidade e tem o objetivo de determinar o tamanho crítico de uma trinca, mantendo a integridade de um componente. Ao obter essa resposta, o engenheiro deve, em manutenções periódicas da estrutura, utilizar ensaios que monitorem as trincas, evitando que atinjam o tamanho crítico. Tenacidade Diz respeito à medida da resistência de um material à fratura frágil quando uma trinca está presente. Exemplo É o que ocorre, por exemplo, com as asas de um avião. A partir das premissas da MFLE, foi desenvolvida uma expressão para a tenacidade à fratura de um material dada pela expressão: Onde: - tensão crítica para a propagação da trinca; - fator adimensional; - tamanho característico da trinca. Fique atento às observações: σF = √ 2.E ⋅ γS π ⋅ a E− a− γS a− (KC) KC = Y .σc ⋅ √π ⋅ a σc Y a 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 23/52 O fator depende da geometria da trinca e da peça, além do modo de atuação da carga externa. Fazendo uma análise dimensional, no S.I., temos que a tenacidade à fratura é expressa em MPa. . O estado geral de tensão em um ponto é representado por seis tensões (3 tensões normais e 3 cisalhantes). Sob determinadas condições, o ponto pode estar no estado plano de tensões (EPT), conforme a imagem a seguir: Estado plano de tensão – EPT. Em relação à deformação, existe o estado plano de deformação (EPD). Nesse caso, não existem componentes de deformação nas superfícies da placa (anterior e posterior). Conforme afirma Callister (2016), para amostras relativamente finas, o valor de é função da espessura da amostra. Quando esta for muito maior que as dimensões da trinca, o valor de independe dela. Nessa situação, ocorre o EPD. Existem três modos de deslocamento da superfície de uma trinca: por tração, por cisalhamento e por rasgamento. O modo por tração é denominado modo I, sendo o mais comum na Engenharia. Observe a imagem a seguir: Modo I – abertura ou de tração. Observação 1 Y Observação 2 (Kc) √m KC Kc 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 24/52 A tenacidade à fratura para o modo de deslocamento da trinca e amostras espessas, isto é, na condição do EPD, passa a ser denominado , e a expressão para sua determinação é dada por: A tabela a seguir apresenta alguns valores para : Material Liga de Alumínio 7075-T651 24 Liga de Titânio (Ti-6Al-4V) 55 Aço 4340 revenido a 425 0C 87,4 Concreto 0,2 a 1,4 Policarbonato 2,2 Tabela: Valores de . Callister e Rethwisch, 2016, p. 210. Importante saber que: é função da temperatura, da taxa de deformação e da microestrutura. Para taxas altas de deformação, tem seu valor diminuído. Temperaturas baixas diminuem o , e microestrutura refinada aumenta seu valor. Para projetos que utilizam a Mecânica da Fratura, considera-se ou , na medida em que se tenha o EPT ou o EPD. Duas expressões podem ser utilizadas: Determina-se a tensão crítica do projeto : Determina-se o comprimento admissível do defeito : Observe: Atenção! De acordo com Garcia, Spim e Santos (2017), em sua obra, é possivel validar o ensaio de tenacidade à fratura se a seguinte expressão é satisfeita Em que é a espessura do CP e o comprimento da trinca. (Kc) I KIC KIC = Y .σ ⋅ √π ⋅ a KIC KIC(MPa√m) KIC KIC KIC KIC KC KIC (σc) σc ≤ KIC Y ⋅√π⋅a (ac) ac ≤ 1 π ( KIC σ.Y ) 2 t e a ≥ 2, 5 ⋅ (KIC σE ) 2 t a 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 25/52 Mecânica da fratura elastoplástica No tópico anterior, foi apresentada a MFLE que apresenta, como limitação, situações em que a plastificação na ponta da trinca é pequena, quando comparada às dimensões da trinca. Na Engenharia, muitas situações apresentam essa premissa, o que possibilita utilizar a teoria desenvolvida na MFLE. Para situações em que a MFLE não se aplica, é possível aplicar os conceitos e expressões desenvolvidas na teoria da Mecânica da Fratura Elastoplástica (MFEP). A aplicação ocorre quando a ponta da trinca não é aguda e existe alguma plasticidade nela. De acordo com Edison da Rosa (2002), para materiais dúcteis e tenazes, a falha é precedida por uma plastificação generalizada da seção - como pode ser visto na imagem a seguir -, o que contraria os pressupostos para a MFLE, mas é adequada para o estudo a partir da teoria desenvolvida na MFEP. Trinca equivalente. A imagem a seguir apresenta as condições em que a teoria da MFEP se aplica. É possível notar uma zona plastificada de raio que circunda a região elástica de raio : Situação em que a MFEP é aplicável. Na MFEP dois parâmetros são utilizados como critérios de falha: pelo deslocamento de abertura entre as faces da trinca (CTOD - Crack Tip Opening Displacement) e o método da integral J, a ser apresentado posteriormente. Tensão crítica de falha Uma forma de trabalhar no regime elastoplástico é pelouso do valor de tamanho da trinca equivalente , conforme a imagem a seguir: rp rY (δ) aeq 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 26/52 Trinca equivalente. O raio de plastificação é dado pela expressão seguinte, em que é o fator de intensidade de tensão corrigido devido à região plástica (escoamento). Ao substituirmos na expressão, é possível reescrever da seguinte maneira: Em que é um fator devido ao escoamento na ponta da trinca. Para materiais elásticos (MFLE), é igual a 1. é uma expressão para cada uma das abordagens: segundo o critério da trinca equivalente ou de acordo com Dugdale. CTOD – Crack Tip Opening Displacement O método CTOD descreve o deslocamento de abertura entre os planos da trinca ( ), conforme representado na imagem Trinca equivalente. Esse método representa uma medida da tenacidade à fratura, nas condições da MFEP, cuja representação matemática se encontra descrita a seguir: Trinca equivalente Método da integral J O método da integral J é uma integral de linha invariante (independe do caminho), em torno da ponta da trinca, para qualquer percurso iniciando na face inferior da trinca e terminado na face superior. Observe a imagem a seguir: rp K rP = 1 2π ( K σE ) 2 K = Y ⋅ σ ⋅√π ⋅ (a + rP ) rp K K = Y ⋅ YP ⋅ σ ⋅ √π ⋅ a Yp YP YP δ δ = 4 π ⋅ K 2I E ⋅ σE 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 27/52 Integral J. Esse modelo caracteriza o estado de tensão e deformação em corpos com trincas e fisicamente representa a liberação energética que acompanha a propagação da trinca de um infinitésimo “da”. Falta pouco para atingir seus objetivos. 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 28/52 Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (Analista de Infraestrutura – Engenharia Mecânica - Prefeitura Municipal de Sobral – 2018). Uma barra metálica é submetida a esforços de tração conforme apresentado na imagem a seguir. Considerando-se um fator de concentração de tensão de 2,5 para a área reduzida provocada pelo furo, é correto afirmar que a tensão máxima na barra é de Parabéns! A alternativa D está correta. %0A%3Cp%20class%3D'c- paragraph'%3E%C3%81rea%20da%20se%C3%A7%C3%A3o%20reta%20sem%20o%20furo%3A%20%5C(50%20%5Ctimes%2 paragraph'%3EFuro%3A%20%5C(10%20%5Ctimes%205%3D50%20mm%20%5E%7B2%7D%5C)%3C%2Fp%3E%0A%3Cp%20 paragraph'%3E%C3%81rea%20efetiva%3A%20%5C(250- 50%3D200%20mm%20%5E%7B2%7D%5C)%3C%2Fp%3E%0A%3Cp%20class%3D'c- paragraph'%3E%24%24%24%0A%20%20%5Cbegin%7Bgathered%7D%0A%20%20%5Csigma_%7Bm%7D%3D%5Cfrac%7B50 paragraph%20u-text--medium%20c- table'%3E%24%24%24%0A%20%20%5Cbegin%7Bgathered%7D%0A%20%20%5Csigma_%7B%5Ctext%20%7Bm%C3%A1xim Questão 2 O passo inicial do estudo da Mecânica da Fratura foi a teoria desenvolvida por Griffith, a partir do balanço energético. Como resultado, ele apresentou, para uma placa de vidro com uma trinca elíptica de comprimento 2a, uma expressão para a tensão para a fratura. A respeito da tensão de fratura da teoria de Griffith, são feitas as seguintes afirmativas: I. Caso o comprimento da trinca elíptica tenha seu valor quadruplicado, a tensão necessária à fratura será duas vezes menor. II. A tensão de fratura elaborada por Griffith depende apenas de aspectos geométricos da trinca elíptica, ou seja, seus semieixos. III. A teoria desenvolvida por Griffith é perfeitamente aplicável para metais que apresentem elevada ductilidade. São corretas: A 5,00 MPa. B 2,50 MPa. C 2,00 MPa. D 6,25 MPa. E 8,00 MPa. 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 29/52 Parabéns! A alternativa A está correta. %0A%3Cp%20class%3D'c- paragraph'%3EA%20tens%C3%A3o%20por%20fratura%20no%20modelo%20de%20Griffith%20%C3%A9%20dada%20por%3 paragraph'%3EPela%20express%C3%A3o%2C%20a%20tens%C3%A3o%20de%20fratura%20depende%20do%20semieixo% 3 - Modos de propagação e análise de tensões das trincas Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car modos de propagação e análise de tensões das trincas. Vamos começar! Modos de propagação e análise de tensões das trincas Assista ao vídeo a seguir para conhecer os aspectos mais importantes relativos aos três modos de propagação da superfície de uma trinca e à influência da tenacidade à fratura com a espessura do corpo de provas. Ademais, será apresentado o estudo a respeito do campo de tensões, nas proximidades de uma trinca. A Apenas a afirmativa I. B Apenas a afirmativa II. C Apenas a afirmativa III. D Apenas as afirmativas I e II. E Apenas as afirmativas I e III. 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 30/52 Modos de propagação das trincas. A Mecânica da Fratura, tanto a Elástica Linear como a Elastoplástica, é importante ferramenta para auxiliar no dimensionamento de componentes em que são considerados materiais reais, ou seja, com defeitos inerentes ao processo de fabricação e pelo limite de sensibilidade dos equipamentos de verificação desses defeitos (ensaios não destrutivos). No desenvolvimento das teorias das MFEL e MFEP, três modos de deslocamento da superfície de uma trinca são padronizados: Modo de abertura I A tensão atuante é trativa, provocando abertura da trinca. Modo de abertura II A tensão atuante é por cisalhamento. As superfícies da trinca deslizam uma sobre a outra. Modo de abertura III A tensão atua por rasgamento. As superfícies da trinca se movem paralelamente pela atuação das tensões cisalhantes na parte anterior da trinca. O fator de intensidade de tensões ( ) apresenta um algarismo romano subscrito, o qual se associa ao modo de abertura da trinca. Assim, tem- se o , e , sendo o mais comum e perigoso na Engenharia, pois a falha pode ocorrer por clivagem, com baixa absorção de energia (catastrófica). Qualquer situação geral pode ser decomposta a partir dos três modos de propagação das trincas apresentados. Principais modos de deslocamento de trincas Os principais modos de deslocamento da superfície de uma trinca são apresentados a seguir. Observe que as tensões atuantes podem ser trativa ou de cisalhamento: K K1 K11 K111 K1 Note que, nesta imagem, a tensão atuante é trativa. Esse modo é denominado de tração ou de abertura. 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 31/52 Conforme afirma Dieter (1981), o modo I é o mais importante, e existem dois casos extremos: com um corpo de prova (placa fina), em que ocorre um estado plano de tensões (EPT), e com corpos de prova espessos na condição de estado plano de deformações (EPD). Essa última condição é a mais severa e apresenta valores para a tenacidade à fratura menores. Existe uma situação intermediária em que ocorre o estado misto de tensões. Veja a imagem a seguir: Influência da espessura sobre a ZP. Os fatores de intensidade para cada um dos três modos de deslocamento da superfície de uma trinca, apresentados anteriormente, são determinados pelas respectivas expressões: Nesta imagem, a tensão atuante encontra-se no plano da face da trinca. Trata-se de uma tensão cisalhante que dá o nome ao modo de abertura da trinca. Por fim, nesta imagem, a tensão também é cisalhante, mas está contida no plano frontal da trinca. Esse modo de abertura de trinca recebe o nome de rasgamento. 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 32/52 Note que depende da tensão normal , já e dependem da tensão cisalhante . Para situações em que , a trinca não está no estado plano de deformação (EPD), sendo denominada apenas de . Assim, é função da espessura do corpo de prova (CP). Observe, na imagem a seguir, a influência da espessura da peça no estado de tensões na ponta da trinca:Influência da espessura sobre o valor de . A dependência da tenacidade à fratura com a espessura do corpo é explicada a partir da análise do estado de tensões à frente da trinca. No gráfico da imagem anterior, existe um valor máximo da espessura do corpo de prova (CP), abaixo do qual o estado plano de tensões (EPT) é garantido. Nessas condições, a fratura do CP ocorre por cisalhamento com um ângulo de aproximadamente (conforme foi visto na imagem Regiões da fratura do tipo taça-cone). Para espessuras de CPs maiores que , a ponta da trinca está sob o estado plano de deformações (EPD). Para CPs com espessura entre e tem-se o estado misto de tensões e a fratura apresenta um patamar com chanfros nas extremidades. Observe, ainda, que corpos de prova com espessuras acima de determinado valor, indicado na imagem anterior por , a tenacidade à fratura é mínima e invariável, sendo denominada . Regiões da fratura do tipo taça-cone Análise de tensões das trincas O estudo das tensões nas proximidades da trinca utilizará uma ferramenta matemática, denominada sistema de coordenadas polares, e KIC = YI ⋅ σ ⋅ √π ⋅ a KIIC = YII ⋅ τ ⋅ √π ⋅ a KIIIC = YIII ⋅ τ ⋅ √π ⋅ a KIC (σ) KIIC KIIIC (τ) t < 2, 5 ⋅ ( KICσE ) 2 KIc Kc KIc t KC (Kc) (tmáx ) 45∘ t tmin tmáx tmín, tmín KIC 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 33/52 a teoria da elasticidade. A posição ocupada por um ponto no plano pode ser definida, a partir de sua distância do polo e do ângulo que forma com a horizontal. Observe o esquema apresentado na imagem a seguir, em que a posição do ponto está perfeitamente definida pelos valores de e , ou seja, . Sistema de coordenadas polares. Uma trinca em um componente, sob a ação de uma carga mecânica, produz um campo de tensões em seu entorno que pode ser determinado, a partir da ferramenta matemática citada anteriormente e da teoria da elasticidade. A imagem a seguir apresenta uma trinca, esquematizada tridimensionalmente, e os eixos cartesianos e . Em dado volume infinitesimal , próximo à frente da trinca, tem-se o estado triaxial. Note a representação esquemática das tensões normais e das tensões cisalhantes . Sistema de coordenadas polares. Duas regiões de campo de tensões serão abordadas. Nas regiões afastadas da trinca (considerando-se o modo I de deslocamento das suas superfícies), em que, em regra, o estado de tensões é uniaxial, sendo e . Contudo, dependendo da espessura da peça, a tensão normal na direção z não é desprezível, havendo uma restrição à deformação ao longo da espessura e, nesse caso, tem-se o estado plano de deformação (EPD) em que . Essa última condição é típica de peças com espessuras elevadas, conforme visto na imagem Influência da espessura sobre o valor de . In�uência da espessura sobre o valor de e Para o estudo do campo de tensões nas proximidades da trinca, utilizaremos as coordenadas polares, conforme apresentação anterior. A P r θ r P r θ P(r, θ)– x, y z (dV ) (σx,σy e σz) (τij) σx = σz = 0 σy ≠ 0 (σz) σz = v ⋅ (σx + σy) KC x y 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 34/52 imagem anterior apresenta uma representação esquemática de um elemento de área , próximo à trinca (de comprimento 2a) e sua posição em coordenadas polares . O elemento apresenta as faces paralelas aos eixos cartesianos e . Representação das tensões atuantes em um ponto próximo à trinca. Considerando o modo I de propagação das superfícies de uma trinca, é possível, a partir da teoria da elasticidade, mostrar que as tensões atuantes no elemento infinitesimal , em destaque na imagem anterior, são determinadas pelas seguintes expressões, dependentes tanto da distância radial como do ângulo : Em que é uma função de senos e cossenos para cada índice i distinto (x, y ou xy). A seguir, as expressões para cada são apresentadas, a título de enriquecimento do conteúdo. Onde: As expressões para a determinação das tensões, nas proximidades da trinca, apresentam valores tais que seja bem menor que . De acordo com Edison da Rosa (2002), os valores das tensões são considerados adequados para valores de com tamanho de até do tamanho da trinca. A partir da análise das equações que determinam as tensões em torno de uma trinca, é possível inferir que, se duas trincas com diferentes geometrias apresentam dA (r, θ) dA x y dA r ϑ σx = KI √2 ⋅ π ⋅ r ⋅ fx(θ) σy = KI √2 ⋅ π ⋅ r ⋅ fy(θ) τxy = KI √2 ⋅ π ⋅ r ⋅ fxy(θ) fi(θ) fi(θ) fx(θ) = cos( θ 2 ) ⋅ (1 − sen( θ 2 ) ⋅ sen( 3θ 2 )) fy(θ) = cos( θ 2 ) ⋅ (1 + sen( θ 2 ) ⋅ sen( 3θ 2 )) fxy(θ) = cos( θ 2 ) ⋅ (sen( θ 2 ) ⋅ cos( 3θ 2 )) r a(r ≪≪ a) r 10% 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 35/52 o mesmo valor de K, o campo de tensões em torno de cada uma das trincas é idêntico. Nesse momento, será apresentado um caso particular do posicionamento do elemento de área . Ele encontra-se sobre o eixo x (como visto na imagem Representação das tensões atuantes em um ponto próximo à trinca), . Ademais, localiza-se próximo à trinca, considerando o modo I de deslocamento da superfície de uma trinca e tomando-se as equações seguintes para e e , para uma trinca plana de comprimento em uma placa infinita. Veja: Representação das tensões atuantes em um ponto próximo à trinca Fazendo as devidas substituições, teremos que: A imagem a seguir apresenta um gráfico tensão (na direção y) atuante em um ponto versus distância desse ponto em relação à trinca: A partir da análise do gráfico mostrado na imagem anterior, é possível perceber que a equação não é válida para qualquer (distância a partir da trinca). O gráfico indica que a tensão vai diminuindo e se aproximando de zero. Contudo, nas distâncias grandes da trinca, a tensão atuante é . dA θ = 0 θ = 0(sen(0) = 0 –– cos(0) = 1) KI = σ0 ⋅ √π ⋅ a 2a σx = Kl √2 ⋅ π ⋅ r ⋅ cos( θ 2 ) ⋅ (1 − sen( θ 2 ) ⋅ sen( 3θ 2 )) σy = KI √2 ⋅ π ⋅ r ⋅ cos( θ 2 ) ⋅ (1 + sen( θ 2 ) ⋅ sen( 3θ 2 )) τxy = τxy = cos( θ 2 ) ⋅ (sen( θ 2 ) ⋅ cos( 3θ 2 )) σx = σy = σ0 ⋅√ a 2r τxy = 0 P r σy = σ0 ⋅ √ a2r r σy = σ0 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 36/52 Campo de tensões próximo à trinca. Do gráfico, para valores de cada vez mais próximos de 0, a tensão vai aumentando, tendo seu limite infinito. Também já é conhecido que, na ponta da trinca, o valor da tensão fica amplificado de um valor constante. No caso de um furo circular, a tensão máxima é cerca de três vezes o valor da tensão nominal, ou seja, 3. . Falta pouco para atingir seus objetivos. r σmáx = σ0 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 37/52 Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A respeito do modo de deslocamento das superfícies na Mecânica da fratura são feitas as seguintes afirmativas. I. São três os modos de deslocamento da superfície de uma trinca, sendo o modo I (de abertura ou de tração) o que predomina em situações reais na engenharia. II. A espessura do corpo de provas não influencia o estado de tensões na ponta da trinca, apenas quando o material é extremamente dúctil. III. Acima de um valor de espessura (tmin) do CP, garante-se o estado plano de deformação (EPD). São corretas: Parabéns! A alternativa E está correta. %0A%3Cp%20class%3D'c- paragraph'%3EA%20literatura%20apresenta%20tr%C3%AAs%20modos%20de%20deslocamento%20da%20superf%C3%AD se%20o%20estado%20de%20deforma%C3%A7%C3%A3o%20plana%20(EPD).%20Existe%20uma%20espessura%20m%C3 Questão 2 A imagem a seguir representa uma placa infinita com uma trinca de comprimento . Adicionalmente, é apresentado um elemento de área, posicionado de acordo com as coordenadas polares . Placa infinita com trinca. Paradeterminadas condições, modo I de deslocamento da superfície da trinca e ângulo nulo, a tensão na direção y é dada por . A respeito da situação exposta, são feitas as seguintes afirmações: I. Em um ponto , distante da trinca, a tensão na direção y é diretamente proporcional à metade do comprimento da trinca. A Apenas a afirmativa I. B Apenas a afirmativa II. C Apenas a afirmativa III. D Apenas a afirmativa I e II. E Apenas a afirmativa I e III. 2a (r, θ) θ σy = σ0 ⋅ √ a2r P r (σy) (a) 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 38/52 II. A tensão atuante em um ponto , na direção y , é inversamente proporcional à distância do ponto à trinca de comprimento 2ª. III. Nas condições apresentadas na questão, para valores fixos de a e r, a tensão atuante em um ponto , na direção y depende apenas da tensão nominal Está correto o que consta em Parabéns! A alternativa C está correta. %0A%3Cp%20class%3D'c- paragraph'%3EA%20express%C3%A3o%20%5C(%5Csigma_%7By%7D%3D%5Csigma_%7B0%7D%20%5Ccdot%20%5Csqrt% se%20que%20%5C(%5Csigma_%7By%7D%5C)%20depende%20de%20%5C(%5Csigma_%7B0%7D%2C%20a%5C).%20Cons 4 - Análise de falhas e con�abilidade Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever análise de falhas e con�abilidade. Vamos começar! Análise de falhas e con�abilidade Assista ao vídeo a seguir para conhecer os aspectos mais importantes relativos a um conjunto de estágios para a análise de falhas, além da confiabilidade e mantenabilidade. Ademais, serão determinadas as Q (σy) r Q R (σy) (σ0) A I, apenas. B II, apenas. C III, apenas. D I e II, apenas. E I e III, apenas. 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 39/52 confiabilidades de sistemas em série e paralelo. Em complemento, serão apresentados a curva de banheira e os principais aspectos das técnicas FMEA e FMCEA. Generalidades sobre análise de falhas Vamos iniciar apresentando uma definição: Fratura é a separação de um corpo em duas ou mais partes, por meio da quebra das ligações entre os átomos, de forma definitiva. Dessa maneira, novas superfícies livres surgem. Em termos mecânicos, vários são os motivos que podem levar um componente a falhar: ação de carga estática, cargas cíclicas (fadiga), deformação a altas temperaturas (fluência) etc. A imagem a seguir apresenta a falha de uma estrutura mecânica: Falha em estrutura mecânica. A análise de falhas é uma metodologia que utiliza uma série de técnicas analíticas, aplicadas na Engenharia, com o objetivo de investigar as causas de um defeito que levou à falha de componentes. Mesmo em componentes com alta confiabilidade, é admissível a ocorrência de falhas. Várias são as causas de falhas em componentes mecânicos, entre as quais podemos destacar: problemas oriundos do projeto do componente; escolha inadequada de materiais; condições de operações do componente inadequadas; planos de manutenção inadequados ou não aplicados corretamente. Conforme afirma Zolin (2011), na manutenção corretiva, o modelo de análise de falhas não é suficiente. Além desse modelo, são necessários outros modelos de correção, estudo de contexto e análise de falhas para 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 40/52 programar reparos preventivos mais eficientes, reduzindo o tempo de máquina parada, melhorando a eficiência da produção e diminuindo os custos produtivos da unidade. Essas técnicas necessitam de mais conhecimentos sobre o funcionamento dos equipamentos e seus componentes, bem como o que pode falhar no sistema. Estágios da análise de falhas Na ocorrência de uma falha em um componente, o engenheiro deve proceder uma série de atividades para identificar a origem da falha que servirá, por exemplo, como feedback para a produção dos equipamentos substitutivos, ou até mesmo, mudanças no projeto, na seleção do material etc. A seguir, são apresentados alguns estágios comuns na investigação de falhas, contudo, não normativos. Dependendo do caso a ser investigado, essa lista pode ter alguns pontos suprimidos. Coleta de dados e seleção de amostras para exames posteriores Primeira etapa, na qual se coleta dados diversos que possam auxiliar na análise, como: dados de projeto, de operação do componente, de fabricação, além de dados in situ. Essa fase deve possuir registros fotográficos. A partir de uma visão geral da falha, serão escolhidas as amostras para exames complementares. Exame preliminar da peça Neste estágio, é feito um exame visual que pode trazer uma série de informações. Marcas de praias podem apontar para uma fratura por fadiga, por exemplo. É fundamental manter as superfícies intactas, sem limpá-las ou juntá-las. A presença de detritos pode auxiliar na determinação das causas da falha. Como no estágio anterior, tudo deve ser registrado e anotado. Realização de ensaios não destrutivos Momento em que é realizada uma série de ensaios não destrutivos para a detecção de trincas superficiais (líquidos penetrantes e partículas magnéticas) ou defeitos internos oriundos, por exemplo, da fabricação do componente. Nesse caso, os ensaios de raios X e de ultrassom são adequados. Realização de ensaios mecânicos Neste estágio é realizado o ensaio de dureza. Isso se dá pois, por vezes, a quantidade de material existente, após a falha, não permite que corpos de prova, com dimensões e formas normatizadas, j f i d E i it d 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 41/52 sejam confeccionados. Esse ensaio necessita de pequenas áreas de superfícies e contribui com uma série de informações: a dureza propriamente dita (comparar com a definida no projeto), o limite de resistência mecânica (relação empírica entre dureza e resistência mecânica) etc. Exame macroscópico das superfícies de fratura Esse exame das superfícies da fratura pode ser realizado à vista desarmada ou com o estereoscópio. É a macrografia típica de uma superfície de fratura por fadiga em que as marcas características são apresentadas: marcas de praias, nervuras radiais, marcas de sargento etc. Exame microscópico das superfícies de fratura Nesta etapa pode ser realizada a micrografia óptica ou a eletrônica: de varredura (MEV) ou de transmissão (MET). Para analisar a topografia da superfície de fratura, o MEV é o mais adequado, pois, além da resolução, apresenta grande profundidade de campo, em decorrência da baixa abertura numérica de suas lentes objetivas. Seleção e preparação de seções para análise metalográ�ca Depois que os estágios anteriores foram realizados, com a preservação das superfícies de fratura, pode ocorrer o ensaio metalográfico, cuja preparação torna a superfície plana e polida. A presença de segregações e de inclusões, o processo de descarbonetação e a corrosão intergranular podem ser verificados utilizando-se o microscópio óptico. É importante o ensaio, pois proporciona informações a respeito do material, de tratamentos térmicos, de processos de produção etc. que podem auxiliar na “montagem” do quebra-cabeças que é a análise de falhas. Determinação do mecanismo de falha Neste momento, ao se identificar o tipo de falha que propiciou a fratura, é possível fazer acertos mais específicos, tanto em relação ao material, como ao carregamento. Um eixo que falhou por fadiga, dentro de sua vida útil, pode ter sido b tid t i lt t 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 42/52 Cabe ressaltar que essa é uma proposta de técnicas para a análise de falhas, mas que pode ser aumentada ou diminuída, à medida que haja a necessidade de mais informações para apresentar, com maior confiabilidade, a causa da falha. Con�abilidade e mantenabilidade A confiabilidade (reliability) apresentaalgumas variações em sua definição. Em linhas gerais, é a probabilidade de que um componente (sistema, estrutura etc.) desempenhe a função a que foi destinado em projeto, sob dadas condições de uso, durante um período, denominado de vida útil do componente. Há diversas normas nacionais e internacionais referentes à confiabilidade. A confiabilidade apresenta dois ramos de análises: Qualitativa Busca-se compreender alguns aspectos qualitativos das falhas, como os mecanismos das falhas, por exemplo. Quantitativa Mensuram-se variáveis, como a frequência de ocorrência das falhas, tempo de parada em decorrência de falhas etc. Essa análise apresenta grande sustentação na Probabilidade e Estatística. Índices de con�abilidade e mantenabilidade Na Engenharia, a confiabilidade é quantificada pelos índices de confiabilidade e mantenabilidade: submetido a carregamentos mais altos, ter o acabamento superficial inadequado etc. Análise química Por fim, realiza-se exame que revela os elementos químicos presentes na liga metálica do componente. Com os dados, o engenheiro pode avaliar com as imposições do projeto ou, mesmo, detectar variação da composição química localmente como uma causa da fratura. 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 43/52 Gráfico MTBF. MTBF (Mean Time Between Failures) É o tempo médio entre falhas sucessivas, aplicável a componentes reparáveis. A imagem apresenta o gráfico representativo desse índice. Observe, no patamar inferior, o tempo para reparo. Gráfico MTTF. MTTF (Mean Time to Failure) É o tempo médio até que um componente não reparável falhe. Observe a imagem. Gráfico MTTR. MTTR (Mean Time to Repair) É o tempo médio de reparo de um componente. Observe, na imagem, o tempo (TR) associado ao patamar horizontal inferior. Além deles, também há o índice Taxa de falhas (λ), que mensura a frequência de ocorrência de falhas em um componente. Há duas expressões aplicáveis para sua determinação: λ = número de falhas tempo de operação λ = número de falhas número de componentes testados 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 44/52 Exemplo Um conjunto de 50 brocas foi testado durante 500 horas, nesse período, 2 falharam. A primeira falha ocorreu depois de 400 horas de teste, e a segunda falha, depois de 450 horas de teste. Determine a taxa de falha. Resposta Primeira maneira para determinar falha: Segunda maneira para determinar falha: Tempo total de operação nos testes: 48 brocas não falharam, logo 1 broca operou durante 400 h 1 broca operou durante Tempo total: Obs.: A norma de Confiabilidade e Mantenabilidade da ABNT (NBR 5462/1994), em suas páginas 2 e 3, define os conceitos de disponibilidade e mantenabilidade da seguinte maneira: Disponibilidade É a capacidade de um item estar em condições de executar certa função em dado instante ou durante um intervalo de tempo determinado, levando-se em conta os aspectos combinados de sua confiabilidade, mantenabilidade e suporte de manutenção, supondo que os recursos externos requeridos estejam assegurados. Mantenabilidade É a capacidade de um item ser mantido ou recolocado em condições de executar suas funções requeridas, sob condições de uso especificadas, quando a manutenção é executada sob condições determinadas e mediante procedimentos e meios prescritos. A partir da imagem a seguir e, de acordo com a NBR 5462, a disponibilidade é calculada a partir da seguinte expressão: Gráfico para determinação da disponibilidade. λ = número de falhas número de componentes testados = 2 50 = 0, 04 = 4% t = 48 × 500 = 24.000h 450h 24.000 + 400 + 450 = 24.850h λ = número de falhas tempo de operação = 2 24.850 = 8, 05 ⋅ 10 −5 falhas hora MTFB = 1 λ Disponibilidade = MTTF MTTF + MTTR 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 45/52 Con�abilidade de sistemas em série e paralelo Suponha que um sistema tenha “n” etapas em série, ou seja, a k-ésima etapa só pode ser executada se todas as anteriores tiverem sido executadas. A imagem a seguir mostra esse sistema como um diagrama de blocos. Diagrama em blocos - série. Supondo a confiabilidade de cada etapa como , a confiabilidade do sistema será dada por . A configuração apresentada na imagem a seguir é de um sistema em paralelo: Diagrama em blocos - paralelo. Supondo a confiabilidade de cada etapa como , a confiabilidade do sistema será . Falhas em componentes e sistemas ao longo do tempo Incialmente, foi apresentado o conceito de taxa de falhas (λ) como um valor constante. Na prática, existe uma série de fatores (problemas na produção, desgaste do componente etc.) que torna a taxa de falhas variável ao longo do tempo de utilização do componente. A função de risco (harzard function) determina a taxa de falhas em um intervalo de tempo , sabendo-se que não ocorreu falha até o tempo : R1,R2,R3, …Rn Rs = R1 × R2 × R3 × … × Rn R1,R2,R3, …Rn Rs = 1 − (1 − R1) × (1 − R2) × … × (1 − Rn) dt t λ(t) = f(t) R(t) 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 46/52 Onde: é a função densidade de falha e ou a função de confiabilidade, cujos gráficos são apresentados na imagem a seguir: Gráfico de e . Curva de banheira Como visto no item anterior, nas diversas questões de Engenharia, , ou seja, depende do tempo. Essa variação com o tempo dá origem à curva de banheira (aplicável a vários componentes), que pode ser dividida em três regiões: mortalidade infantil, vida útil e envelhecimento. Observe a imagem a seguir: Curva de banheira. A partir da imagem anterior, é possível fazer as seguintes inferências: 1. Na primeira fase, os valores de λ são altos. Vários são os fatores, entre os quais, processos de fabricação deficientes, mão de obra desqualificada, materiais fora da especificação, componentes não testados etc. 2. Passada a fase inicial, λ é praticamente constante (patamar horizontal). São as falhas casuais. 3. Por fim, ocorre uma elevação em λ em virtude do envelhecimento do componente. As seguintes razões mecânicas, entre outras, enquadram-se nessa fase: Fadiga Fluência Corrosão Fique atento às observações: f(t) R(t) C(t) f(t),λ(t) C(t) λ = λ(t) Observação 1 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 47/52 Existe uma série de distribuições estatísticas aplicadas à confiabilidade , entre as quais: distribuição exponencial: fase intermediária da curva de banheira, em que λ é constante; distribuição retangular: normalmente associada ao esgotamento de um componente; distribuição normal: fase inicial ou final da curva de banheira; distribuição de Weibull: pode representar quaisquer das três fases da curva de banheira; distribuição de Rayleigh: caso especial da distribuição de Weibull, sendo utilizada para a última fase da curva de banheira. Para as distribuições estatísticas mencionadas na Observação 1, conhecidas e (função densidade de probabilidade acumulada), é possível determinar as funções e . Análise de Modo e Falhas e Efeitos e Criticidade A FMEA é a técnica (qualitativa e quantitativa) em que são listadas as potenciais falhas analisadas, e decisões são tomadas para correções, antes que o componente esteja em uso (com o usuário). É uma técnica que antecipa os riscos e as falhas. RPN é a medida do risco do FMEA e baseia-se na medida da possibilidade de ocorrência da falha , da facilidade de detecção da falha e da severidade da falha. O RPN ou a criticidade é dada pela seguinte expressão: FMEA Failure Mode and Effects Analysis ou Análise do Modo de Falhas e Efeitos, em português. RPN Risk Priority Number. Em que os parâmetros , e estão associados a valores naturais de 1 a 10. Porexemplo, quando tem o valor 1, a falha quase nunca ocorre e, para o valor 10, a ocorrência é quase certa. Para a escala da detecção da falha, 1 significa que a detecção, antes de o componente chegar ao usuário, é quase certa, e 10 que é quase impossível uma detecção prévia. Analogamente, ocorre para a severidade da falha. igual a 1 não provoca efeito, mas se for 10, o efeito é catastrófico. É usual que para valores de RPN ou maiores que 50, seja realizada uma contramedida. Comentário R(t) Observação 2 f(t) F(t) R(t) λ(t) (O) (D) (S) C RPN = (O) × (D) × (S) O D S O (D) (S) S C 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 48/52 A FMEA pode ser aplicada a sistemas, a produtos, a processos ou a serviços. A FMCEA é uma técnica baseada na FMEA. É um método quantitativo utilizado para classificar os modos e os efeitos de falhas críticas, levando em consideração suas probabilidades de ocorrência. A expressão para o cálculo da criticidade do modo de falha (Cm) e para a criticidade do item (Cr) são apresentadas a seguir: FMCEA Failure Mode Effects and Criticality Analysis ou Análise de Criticidade, Modos e Efeitos de Falhas, em português. Onde: - taxa do modo de falha (probabilidade); - probabilidade do modo de falha (probabilidade condicional de o efeito ocorrer a partir do modo de falha); - taxa de falha do item por de horas de operação; - horas de operação. Conforme afirma Henrique Martins Rocha (2019), FMEA e FMCEA são utilizadas para analisar potenciais falhas e seus modos de ocorrência. No entanto, enquanto o primeiro se baseia em percepções e conhecimento empírico para estabelecer a criticidade de determinada falha potencial, o outro se apoia em dados estatísticos. Assim, em vez de ponderar a possibilidade de ocorrência de determinada falha, o FMCEA mensura a probabilidade de tal ocorrência. Cr = ∑Cm Cm = (α) × (β) × (λ) × (t) α β λ 1.000.000 t 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 49/52 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A confiabilidade de um produto, componente, sistema ou estrutura é fundamental para um projeto. Considerando um produto da indústria automotiva, é correto que possuir alto grau de confiabilidade aquele que Parabéns! A alternativa C está correta. %0A%3Cp%20class%3D'c- paragraph'%3EEm%20linhas%20gerais%2C%20a%20confiabilidade%20refere- se%20%C3%A0%20determina%C3%A7%C3%A3o%20da%20probabilidade%20de%20desempenho%20de%20um%20compo Questão 2 (Questão adaptada de Rocha, 2019) A empresa Y produz veículos especiais de carga e o tempo médio entre falhas deles é de 500 horas, enquanto o tempo médio de reparo é de 10 horas. Com base nessas informações, é correto afirmar que A nunca falha sob quaisquer condições de uso. B não falha dentro do período definido como sua vida útil. C apresenta baixa probabilidade de falhas dentro de sua vida útil. D apresenta reprodutibilidade na linha de produção. E tem a taxa de falhas superior a 90%. A a disponibilidade é de (98 %). B o MTBF é de 98%. 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 50/52 Parabéns! A alternativa A está correta. %0A%3Cp%20class%3D'c- paragraph'%3EA%20disponibilidade%20%C3%A9%20determinada%20pela%20express%C3%A3o%3C%2Fp%3E%0A%3Cp% paragraph'%3E%24%24%0A%20%20%5Ctext%20%7B%20Disponibilidade%20%7D%3D%5Cfrac%7BM%20T%20T%20F%7D% paragraph'%3EO%20tempo%20m%C3%A9dio%20entre%20as%20falhas%20%C3%A9%20dado%20e%20vale%20%5C(500% se%20que%3A%3C%2Fp%3E%0A%3Cp%20class%3D'c- paragraph'%3E%24%24%0A%20%20%5Ctext%20%7B%20Disponibilidade%20%7D%3D%5Cfrac%7B500%7D%7B500%2B10% Considerações �nais Neste conteúdo, foram abordados o fenômeno da fratura, a Mecânica da Fratura, os modos de propagação das trincas, a análise do campo de tensões das trincas, a análise de falhas e a confiabilidade. Inicialmente, foram descritas as fraturas frágeis e dúcteis, suas características e os aspectos macroscópicos e microscópicos. Em seguida, foi feita uma exposição geral a respeito da teoria da Mecânica da Fratura, em que foram apresentadas a Mecânica da Fratura Elástica Linear (MFEL), as expressões e as limitações da MFEL. O conceito de tenacidade à fratura também foi apresentado. Ao final dessa primeira parte do estudo da Mecânica à Fratura, foram exibidas expressões úteis para o dimensionamento de componentes. Em prosseguimento ao estudo, foram tratados a Mecânica da Fratura Elastoplástica (MFEP), os conceitos de CTOD (Crack Tip Opening Displacement) e a integral J. Além disso, foram abordados os três modos (I, II e III) de abertura da superfície de uma fratura bem como estudado o campo de tensões nas proximidades da trinca. A tenacidade à fratura foi relacionada com a espessura do corpo de prova, bem como o seu estado de tensão. No último tópico, foi apresentado um roteiro para avaliação de falhas por fratura, além da abordagem da confiabilidade e mantenabilidade de componentes em relação às falhas. Por fim, a curva de banheira foi apresentada, seguida da determinação da confiabilidade de sistemas em série e paralelo, além dos conceitos básicos das técnicas de FMEA e FMCEA. Podcast Ouça o podcast para saber mais sobre a mecânica das fraturas. C o MTTF é de 98%. D o MTTR é de (98 %). E a taxa de falha (λ) é de (98 %). 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 51/52 Explore + Para conhecer mais sobre o histórico da análise de falhas bem como diversos casos de falhas, leia o artigo Análise de falhas, da Revista ABM – metalurgia, materiais & mineração (edição de fevereiro de 2015), disponível no site ResearchGate. Referências BEER, F.P., JOHNSTON, E.R.J. Resistência dos materiais. 3. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 1995. CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e engenharia de materiais: uma Introdução. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. COLPAERT, H. 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Ensaios mecânicos e análises de falhas. 3. ed. Santa Maria (RS): Universidade Federal de Santa Maria: Colégio Técnico Industrial de Santa Maria, 2011. 11/09/2023, 20:38 Mecânica da fratura https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03670/index.html# 52/52 Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF()
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