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11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 1/80 Metalogra�a de aços carbono e ferros fundidos Julio Cesar José Rodrigues Júnior Descrição Apresentação das técnicas metalográficas de micrografia e macrografia, da seleção de amostras e da preparação dos corpos de prova (CP), além do estudo da microscopia ótica. Propósito No estudo da metalografia de aços e ferros fundidos, é primordial entender as principais diferenças e aplicações das técnicas de macrografia e de micrografia. Assim, apresentaremos os fundamentos das metalografias quantitativa e qualitativa, bem como as ferramentas de análise e preparação do corpo de prova (CP). Objetivos 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 2/80 Módulo 1 Metalogra�a de aços carbono e ferros fundidos Descrever os fundamentos e as técnicas metalográficas. Módulo 2 Microscópios estereoscópicos e óticos Identificar os equipamentos utilizados: microscópios estereoscópicos e óticos. Módulo 3 Seleção de amostras Descrever a seleção de amostras. Módulo 4 Preparo de corpos de prova para macrogra�a e microgra�a Reconhecer o preparo de corpos de prova para macrografia e micrografia. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 3/80 Metalogra�a de aços carbono e ferros fundidos Faremos neste vídeo um breve resumo dos aspectos apresentados neste conteúdo, destacando as técnicas metalográficas denominadas macrografia e micrografia. Além disso, apresentaremos o microscópio ótico metalúrgico. AVISO: orientações sobre unidades de medida. Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. 1 - Metalogra�a de aços carbono e ferros fundidos 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 4/80 Descrever os fundamentos e as técnicas metalográ�cas. Fundamentos e técnicas metalográ�cas Agora, apresentaremos os fundamentos metalográficos, incluindo as metalografias qualitativa e quantitativa. Além disso, faremos uma introdução às técnicas macro e micrográficas. Metalogra�a Os fundamentos e as técnicas metalográ�cas Aspectos gerais da metalogra�a A análise metalográfica dos metais ferrosos possibilita o estudo da morfologia e das estruturas desses metais. É possível, assim, inferir a respeito das propriedades mecânicas, dos processos de fabricação e dos tratamentos térmicos, entre outras possiblidades. A análise pode ser macrográfica ou micrográfica. Os metais são materiais policristalinos, ou seja, formados por vários grãos com orientações cristalinas distintas. O contorno de grão é um 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 5/80 defeito bidimensional que separa duas regiões com mesma orientação em materiais policristalinos. A imagem a seguir apresenta os contornos de grão: Esquema do contorno de grão. Os contornos de grão são quimicamente mais reativos que o próprio grão. Tal diferença é fundamental no estudo metalográfico, já que essas regiões apresentarão aspectos distintos ao serem observadas no microscópio após o ataque químico. A imagem a seguir apresenta uma micrografia de um aço cujos contornos se destacam: Micrografia de aço extra doce. A metalografia pode ser apresentada sob dois prismas: a identificação qualitativa da microestrutura e a sua quantificação. Quando um material é observado no microscópio, é possível fazer uma descrição qualitativa da microestrutura e a quantificação, por exemplo, do tamanho de grão. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 6/80 Fundamentos da metalogra�a qualitativa Segundo Padilha (2004), a partir da observação de uma microestrutura em um microscópio ótico, é possível descrever qualitativamente os microconstituintes/fases e os defeitos. Os microconstituintes presentes em uma liga metálica variam de acordo com a composição química e as etapas de fabricação do material, incluindo-se os tratamentos térmicos. Na liga ferrosa denominada aço, consegue-se observar: A imagem a seguir apresenta a micrografia de um aço hipoeutetoide em que são identificadas a ferrita proeutetoide e a perlita: Fotomicrografia de aço com 0,38% de C. A análise metalográfica ocorre a partir do seccionamento de uma estrutura tridimensional. A imagem a seguir apresenta algumas estruturas tridimensionais em que um plano de seccionamento é Fases ferrita, cementita e austenita. Microconstituintes perlita, bainita e martensita. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 7/80 escolhido para estudo. A avaliação bidimensional não apresenta todas as informações do desenho tridimensional. Seccionamento de estruturas tridimensionais Consideremos um material com duas fases α e β tal que a fase β apresenta fração volumétrica menor que a matriz α;. A imagem a seguir contém algumas variações estruturais possíveis para a fase β (cinza) em relação à α (branca). Disposição espaciais da fase β em uma matriz α. Já esta imagem apresenta as micrografias das representações espaciais da fase β. Veja a seguir: Micrografias das distribuições da fase β na matriz α. Fundamentos da metalogra�a quantitativa 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 8/80 A análise qualitativa apresenta, por exemplo, as fases presentes em uma liga ferrosa. A microestrutura de um metal relaciona-se com as propriedades mecânicas. Dessa forma, a quantificação da microestrutura torna-se fundamental no estudo do comportamento mecânico dos materiais. Duas quantificações são usuais: A norma ASTM E112, da American Society for Testing and Materials (ASTM), auxilia na determinação da tamanho de grão em amostras com grãos uniformes e equiaxiais. O tamanho de grão ASTM (G) é definido pela equação 1, sendo n o número de grãos por polegada ao quadrado, para micrografias com aumento de 100 vezes. n=2G-1 (equação 1) A medida pode ser feita por comparação com redes padrão conforme demonstra a imagem a seguir: Redes padrão para determinação de grão ASTM. A determinação do tamanho de grão. A determinação da fração volumétrica de precipitados. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 9/80 Macrogra�a Estudo da macrogra�a O exame macrográfico da seção de uma peça ou de um corpo de provas (CP) previamente preparada (lixamento e eventual ataque químico) é realizado com a vista desarmada ou com uma lupa. O aumento alcançado é de, no máximo, 50 vezes. As seções mais usuais na macrografia são a transversal e a longitudinal. Observe a imagem a seguir em que uma peça é seccionada: Seções longitudinais para o exame macrográfico. A primeira etapa de preparação da amostra (ou do CP) é a escolha da seção a ser analisada. Realiza-se um corte com serra ou disco abrasivo que expõe a seção para o ensaio. Esse seccionamento resulta em uma região com elevada rugosidade. A etapa subsequente, o lixamento, tem por finalidade tornar a seção plana, diminuindo as rugosidades. Isso é realizado em uma série de lixas de carbeto de silício. Em geral, são utilizadas, na ordem, as lixas de números120, 220 e 320. A cada nova lixa utilizada o CP deve ser rotacionado de 90°. Dois cuidados operacionais precisam ser tomados: Evitar o arredondamento das arestas da superfície. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 10/80 Efetuadas as etapas de corte e lixamento, já é possível fazer a observação da seção e analisar algumas características, como vazios, trincas ou falhas em soldas. A etapa final de preparação do CP para análise macrográfica é o ataque químico da seção a ser analisada. Devido à diferença de composição química, a seção será quimicamente mais ou menos reativa, o que implicará regiões com contrastes distintos no aspecto macrográfico. A imagem a seguir apresenta a macrografia da seção transversal de uma engrenagem com o tratamento termoquímico de cementação. A macrografia identifica as regiões cementadas (claras), revelando a profundidade da camada cementada e sua homogeneidade. Macrografia de uma engrenagem cementada. Denominada ataque químico, a etapa final da preparação do CP inclui a escolha do reagente químico em função do material e dos constituintes macroestruturais que se deseja analisar. O contato da superfície com o reagente químico pode ser efetuado de três maneiras distintas: 1. Por imersão – o CP é mergulhado na solução química. 2. Por aplicação – a superfície estudada é “molhada” com o reativo utilizando algodão embebido. 3. Impressão de Baumann – um “filme” umedecido com o reativo é colocado sobre a seção a ser estudada. Trata-se da observação de sulfetos nos aços. Evitar o lixamento excessivo (seção especular). 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 11/80 Vamos ver a seguir, segundo Colpaert (2008), alguns reativos utilizados no exame macrográfico, assim como suas composições e aplicações. Composição: Iodo sublimado: 10g Iodeto de potássio: 20g Água: 100ml Aplicação: Aplicação geral em macrografia. Composição: Ácido sulfúrico: 20ml Água: 100ml Próximo à temperatura de ebulição Aplicação: Destaca as segregações, revelando o “fibramento”. Composição: Ácido clorídrico: 50ml Água: 50ml Temperatura entre 70°C e 80°C Aplicação: Segregação, estrutura dendrítica, trincas e porosidades. Aços austeníticos AISI 300. Iodo Ácido sulfúrico Ácido clorídrico 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 12/80 Composição: Ácido clorídrico: 120ml Água destilada: 100ml Cloreto cúprico: 90ml Aplicação: Linhas de deformação em aços com deformação a frio. Outros reativos utilizados para o ataque macrográfico são: Reativo de Heyn Identifica segregações de fósforo. Reativo de Humfrey Identifica segregações dendríticas. Reativo de persulfato de amônio Identifica soldas e texturas cristalina. A imagem a seguir apresenta a macrografia da superfície de uma roda de trem com ataque químico de iodo. São evidenciadas nela as regiões da solda: metal depositado e zona termicamente afetada (ZTA). Reativo de Fry 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 13/80 Macrografia de roda de trem. Ataque: reativo de iodo. Já a próxima imagem, por sua vez, contém uma impressão de Baumann da seção transversal de um lingote de aço. Observe a presença de bolhas na camada mais externa da impressão: Impressão de Baumann em seção transversal de lingote de aço. Microgra�a 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 14/80 Estudo da microgra�a A técnica micrográfica ótica resume-se na observação, com o auxílio do microscópio metalúrgico, de uma amostra metálica ou de um CP. É possível identificar, entre outros itens, grãos e seus tamanhos, fases e constituintes, assim como textura e inclusões. Microscópio ótico metalúrgico. Essa observação é possível a partir da preparação adequada da superfície. Em linhas gerais, escolhe-se uma região de interesse da peça para a confecção do CP, a qual, por meio de uma sequência de passos, apresentará uma superfície plana e polida que, após o ataque químico com o reativo adequado, poderá ser observada no microscópio ótico. Na preparação do CP, não é raro que suas dimensões sejam reduzidas, dificultando as etapas de lixamento e de polimento. Nessa situação, é feito o embutimento (a frio ou a quente) do CP em resina, como podemos ver na imagem: 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 15/80 CP embutido em resina. A etapa de lixamento do CP envolve uma série de lixas de carbeto de silício (100, 240, 320, 400, 600 e 1.200) utilizadas para tornar a superfície plana. O atrito da lixa com a superfície do CP provoca o aquecimento, que pode vir a alterar a microestrutura a ser estudada. Dessa forma, essa etapa ocorre com a lubrificação de água corrente, o que também remove os resíduos do lixamento. A cada nova lixa a ser utilizada, será preciso rotacionar o CP de 90° até desaparecerem os riscos da lixa anterior. A imagem a seguir demonstra um esquema da rotação que pode ser executado: Técnica de lixamento. A etapa final de preparação do CP é o polimento. Seu objetivo é deixar a superfície espelhada e sem nenhum arranhão. Ele é realizado sobre um disco giratório de feltro e um abrasivo (alumina, pasta de diamante ou sílica coloidal). Durante as etapas de lixamento e polimento, é usual haver a observação da superfície em microscópio para uma avaliação do procedimento. O CP, antes de ser observado no microscópio, deve ser lavado e seco. Vejamos a seguir a comparação de duas superfícies que foram polidas. Uma está bem polida, enquanto a outra tem riscos de polimento. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 16/80 Superfície bem polida. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 17/80 Superfície com arranhões. Agora, vamos ver os defeitos em superfícies na preparação do CP durante as etapas de polimento e de secagem: Cometas: pressão excessiva durante o polimento. Manchas marrons: pouca pressão na etapa de polimento. Auréolas escuras e heterogêneas: lavagem excessiva ou início da secagem tardio. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 18/80 Defeitos na etapa de preparação: polimento. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 19/80 Defeitos na etapa de preparação: secagem. O ataque químico da superfície é a etapa final de preparação do CP para a observação no microscópio. Após o ataque, a lavagem e a secagem, é possível visualizar os contornos de grão e de microestrutura. O contraste entre os grãos ocorre pela diferença na refletividade (orientação cristalográfica/ataque químico). Observe a imagem a seguir: Contraste entre grãos de uma estrutura policristalina. Na etapa do ataque químico, o reagente causa a corrosão da superfície e é escolhido em função do material e dos constituintes 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 20/80 microestruturais que se deseja contrastar na análise metalográfica microscópica. Dois reativos são usuais: Nital Ácido nítrico e álcool etílico. Picral Ácido pícrico e álcool etílico. Vamos ver agora micrografias de aços e ferros fundidos com ataques usando os reagentes citados: Ataque: Nital. Aço eutetoideresfriado lentamente. Perlita. Ampliação em 1.000 vezes. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 21/80 Ataque: Picral. Ferro fundido cinzento, destacando-se os veios de grafita. Ampliação em 100 vezes. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 22/80 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (IF-SP - professor - Mecânica - Automação - 2011) A impressão de Baumann é um conhecido método de ensaio metalográfico que se caracteriza por ser A um ensaio micrográfico realizado exclusivamente em amostras de aço inoxidável. B um ensaio macrográfico cujo objetivo principal é detectar regiões ricas em enxofre nos aços. C utilizado principalmente para detectar inclusões de óxidos em aços. D um ensaio micrográfico específico para a análise de microestruturas em soldas. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 23/80 Parabéns! A alternativa B está correta. A impressão de Baumann (ou impressão de enxofre) é um dos ataques químicos possíveis na técnica macrográfica cuja aplicação é a visualização de sulfetos no aço. Questão 2 (IF-SP - Professor - mecânica - Automação - 2011) O Nital é um dos reagentes mais comuns na metalografia dos aços-carbono. Na preparação do Nital, são utilizadas as seguintes substâncias: Parabéns! A alternativa D está correta. Na etapa de preparação da superfície de um CP para visualização no microscópico metalúrgico, é realizado um ataque químico escolhido em função do material e dos constituintes microestruturais que se deseja contrastar. Dois reagentes são amplamente utilizados: o Nital, uma solução de 1 a 5ml de ácido E um ensaio indicado para revelar a perlita e a ferrita nos aços ao carbono. A Hidróxido de amônio e álcool etílico. B Álcool metílico e ácido cítrico. C Ácido pícrico e água destilada. D Ácido nítrico e álcool etílico. E Água destilada e ácido clorídrico. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 24/80 nítrico e etanol ou álcool etílico (99 a 95ml), e o Picral, uma solução de 4g de ácido pícrico e etanol (96ml). 2 - Microscópios estereoscópicos e óticos Identi�car os equipamentos utilizados: microscópios estereoscópicos e óticos. Microscópios estereoscópicos e óticos Vamos falar de dois microscópios: estereoscópico e metalúrgico. Apontaremos ainda seus principais componentes e características, além dos conceitos de aumento linear, resolução e contraste. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 25/80 Microscopia ótica Microscópios estereoscópicos e óticos As propriedades dos materiais estão correlacionadas com suas microestruturas. Nesse estudo, três tipos básicos de microscopia podem ser utilizados: Neste módulo, nosso enfoque será no primeiro tipo, a microscopia ótica. Sua resolução é de cerca de 3.000Å e um aumento útil próximo a 1.500 vezes. Microscopia ótica (MO) Microscopia eletrônica de varredura (MEV) Microscopia eletrônica de transmissão (MET) 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 26/80 Aumento útil próximo a 1.500 vezes Por que aumento útil próximo a 1.500 vezes? É a limitação devido ao comprimento de onda da luz visível. A imagem a seguir apresenta os princípios físicos de um microscópio metalúrgico: Esquema ótico de um microscópio metalúrgico. A imagem microscópica é caracterizada por três parâmetros. Vamos conhecê-los. É a relação entre os tamanhos da imagem (i) e do objeto (o), ou seja, Observe a imagem: Aumento (A) A = i0 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 27/80 Formação de imagem em lente delgada. É a capacidade de separar individualmente dois pontos de imagem adjacentes. A resolução é determinada pela expressão a seguir, em que λ é o comprimento de onda da luz visível e NA, a abertura numérica da lente objetiva: É a capacidade de distinguir traços da estrutura sobre o plano de fundo, sendo quantificado pela seguinte expressão: Comentário O olho humano apresenta cerca de 0,1mm de resolução e nenhuma ampliação. O microscópio ótico amplia em até 1.500 vezes e cerca de 100nm (nanômetro) de resolução. Nos dois casos, a luz utilizada é a do espectro visível. A microscopia eletrônica usa um feixe eletrônico, enquanto as resoluções são na ordem de décimos do nm. Resolução (R) R = (0, 61) ⋅ λ NA Contraste (k) k = Ifundo − Iobjeto Ifundo 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 28/80 Fundamentos da ótica do olho humano O olho humano é, sem dúvidas, o pioneiro instrumento de análise. A figura a seguir apresenta o corte transversal do bulbo do olho humano. Estão destacadas nela algumas regiões que se relacionam diretamente com a formação da imagem pelo olho humano: Corte transversal do bulbo do olho humano. Em linhas gerais, o sistema ótico do olho é composto por uma lente convergente (delgada) que conjuga a determinado objeto uma imagem real e invertida. A imagem formada é projetada na região do olho denominada retina. Invertida, essa imagem é levada ao cérebro, que, em seguida, a processa para a posição não invertida. A imagem adiante apresenta, de forma esquemática, a formação da imagem no olho humano: 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 29/80 Formação de imagem no olho humano. Formação da imagem em um microscópio ótico Um microscópio é um instrumento de aumento constituído, em linhas gerais, por dois sistemas de lentes delgadas (convergentes). Uma lente é a objetiva, que está mais próximo da amostra a ser analisada. A segunda é a ocular, que fica perto dos olhos do observador. A partir da fonte de luz, ocorre a reflexão da luz na superfície especular do CP da amostra. Dessa forma, a luz atravessa a lente objetiva e forma a primeira imagem (i1), que passa a ser objeto para a lente ocular, formando a imagem final (i2). A imagem a seguir representa, de forma esquemática, a formação da imagem a partir das lentes ocular e objetiva: Formação de imagem no sistema de lentes ocular e objetiva. A partir da definição de aumento (A), é possível determinar o aumento do sistema das duas lentes delgadas (microscópio ótico). Veja na imagem adiante que, para a lente objetiva, o tamanho do objeto e o da imagem são respectivamente: Ο e i1. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 30/80 Assim: Na formação final da imagem, i1 é o objeto ocular e a imagem, i2. Portanto: Com isso, o aumento do microscópio será dado por: Da manipulação das expressões do aumento para as lentes, é possível escrever que: Logo: Microscópios metalúrgicos Formação da imagem em um microscópio ótico Em linhas gerais, o microscópio ótico apresenta uma fonte luminosa do espectro visível que incide sobre a superfície especular do CP e alcança os olhos do observador. A imagem a seguir mostra, de maneira simplificada, a fonte de luz emitindo luz visível, refletindo no CP e Aobjet iva = i1 o Aocular = i2 i1 Amicroscópio = i2 o A objet iva ⋅ Aocular = i1 o ⋅ i2 i1 = i2 o Amicroscópio = Aobjet iva ⋅ Aocular 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 31/80 atravessando duas lentesaté alcançar os olhos do usuário do microscópio metalúrgico. A partir da observação dessa imagem, é possível perceber os dois princípios de funcionamento do microscópio ótico: por transmissão da luz e por reflexão da luz. Apresentação esquemática da trajetória da luz em um microscópio ótico metalúrgico. A luz interagindo com o CP pode ser absorvida, transmitida ou refletida, o que origina um contraste entre as diversas regiões da superfície do CP. O microscópio ótico metalúrgico é capaz de utilizar diferentes técnicas de iluminação – entre as quais, a oblíqua, a paralela ao eixo (mais usual) e a de campo escuro. A iluminação oblíqua tem como objetivo ressaltar certas regiões da microestrutura. Já a paralela ao eixo é a mais usual e objetiva. Como postula Colpaert (2008), essa técnica, em regra, apresenta imagens claras das regiões planas ou não atacadas do CP e escuras de trincas, poros e regiões atacadas. Por fim, a técnica de campo escuro resulta em uma imagem clara para contornos de grão, poros, trincas etc. Observe o contraste a partir de iluminação nos campos claro e escuro: 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 32/80 Foto: MANNHEIMER, 2002, p. 15. Foto: MANNHEIMER, 2002, p. 15. Campo claro/escuro. Em linhas gerais, o funcionamento do microscópio metalúrgico baseia- se na reflexão de um feixe de luz visível. Dois conjuntos de lentes convergentes compõem o sistema ótico do microscópio: as oculares e as objetivas. De maneira prática, a ampliação total de um microscópio é o poder de ampliação individual da lente objetiva multiplicado pela magnificância da lente ocular. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 33/80 “Revólver” com o conjunto de lentes objetivas. Exemplo Uma lente ocular de 10 vezes de aumento e uma objetiva com um aumento de 40 vezes possibilitam um aumento global de 400 vezes. Sistemas de um microscópio Conforme ensina Mannheimer (2002), o moderno microscópio composto é constituído por um conjunto de componentes que pode ser dividido em quatro grupos: Sistema mecânico Conjunto de peças mecânicas de precisão, o sistema mecânico do microscópio metalúrgico tem como objetivo a manutenção dos elementos óticos e da amostra em posição relativa, garantindo a focalização dela. As seguintes características são desejáveis em um microscópio: Apresentar estabilidade e rigidez. Possuir flexibilidade de trabalho. Ter boa ergonomia e conforto na operação. Os microscópios apresentam duas configurações: a convencional e a invertida. Observe-as nas imagens a seguir: 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 34/80 Microscópio ótico metalúrgico convencional. Microscópio ótico metalúrgico invertido. Sistema de iluminação A iluminação constitui um fator primordial para a obtenção de contraste e de resolução na imagem fornecida pelo microscópio metalúrgico. Em linhas gerais, esse sistema é composto por: Fonte luminosa. Fonte ótica para colimação e focalização. Sistema de magni�cância Ele é formado pelo conjunto de lentes convergentes oculares e objetivas. A magnificância do microscópio é dada pelo produto das magnificâncias individuais das lentes oculares e objetivas. As imagens a seguir mostram em detalhes os dois tipos de lentes delgadas citadas: 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 35/80 Conjunto de lentes objetivas do microscópio ótico metalúrgico. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 36/80 Lentes oculares do microscópio. Acessórios Alguns dos principais acessórios do microscópio ótico metalúrgico são os retículos e a tela de projeção. Microscópios estereoscópios Formação da imagem estereoscópica Ao longo da evolução das espécies, alguns animais passaram a ter os olhos na porção frontal da cabeça, limitando seu campo visual lateral. No entanto, esse novo posicionamento possibilitou uma visão estereoscópica, capacitando-os à visualização tridimensional. A fotografia estereoscópica aproxima-se da imagem obtida da realidade, isto é, com a percepção da terceira dimensão, diferindo-a das fotos convencionais, que são bidimensionais. A imagem de um objeto percebida por um dos olhos é ligeiramente diferente daquela percebida pelo outro. Essa diferença possibilita a visualização em três dimensões, função exercida pelo cérebro ao fazer a sobreposição das imagens em uma única: a estereoscópica. A imagem a seguir demonstra a formação da imagem estereoscópica pelo cérebro humano: 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 37/80 Formação da imagem estereográfica pelo cérebro. Estereoscópio Também chamado de estereomicroscópio, estereoscópio ou simplesmente lupa, o microscópio estereoscópio é capaz de efetuar aumentos da amostra observada de algumas dezenas de vezes. Para visualizar a macroestrutura de metais, são utilizados desde as lupas tradicionais até os estereomicroscópios. Quando usados em luz refletida, os estereoscópios permitem a obtenção de imagens com aspecto tridimensional. O sistema possibilita analisar a imagem em relevo e profundidade, isto é, como uma imagem estereoscópica (em três dimensões). Como regra, um estereoscópio é composto por dois microscópios, cada qual com sua objetiva, ocular e sistema de construção do tipo reflexivo ou refrativo. A formação da imagem tridimensional é realizada pelo cérebro a partir da observação de duas imagens dissimilares. Em linhas gerais, a sensação de altura ou espessura é possível, uma vez que o olho do observador vê as imagens originais de ângulos diferentes. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 38/80 O estereoscópio da imagem a seguir possui algumas partes destacadas: a base de trabalho, as pinças, as lentes oculares e o ajuste macrométrico. Microscópio estereoscópio. O funcionamento do estereoscópio, em linhas gerais, baseia-se na observação de duas imagens obtidas do mesmo objeto em diferentes pontos. Ao observá-las, mantendo uma separação entre os nossos olhos, conseguimos ter a noção de profundidade semelhante à que ocorre na nossa visão. Segundo o número e a posição das lentes, distinguem-se: O estereoscópio possibilita a visualização de aspectos macroscópicos sem a preparação da superfície na qual a vista desarmada não possui resolução. Uma utilização comum do estereoscópio óptico se dá no estudo e na análise de falhas, ou seja, na análise fractográfica em lupa (estereoscópica). Microscópio ótico simples (lupa = estereoscópio). Microscópio ótico composto. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 39/80 O estereoscópio tem ampla utilização na visualização de superfície de fratura em que é necessário preservar tal superfície, uma vez que muitas informações se encontram na superfície sem preparo (lixamento e ataque). As imagens a seguir apresentam duas superfícies de fratura frágil com ampliação de duas vezes. Superfície de fratura frágil. Aumento de 2 X. Na imagem (a), é possível perceber as “marcas de sargento” (em v). As setas destacadas nas imagens mostram o início da trinca que originou a falha. Superfície de fratura frágil. Aumento de 2 X. Na imagem (b), são evidenciadas as nervuras radiais em formato de leque. As setas destacadas nas figuras mostram o início da trinca que originou a falha. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidoshttps://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 40/80 A foto a seguir exibe parte de um eixo da haste de um compressor em que houve uma falha por fadiga: Superfície de fratura. De acordo com Mannheimer (2002), os estereoscópios apresentam duas concepções. Na disposição de Greenough, dois microscópios iguais, ainda que independentes, são dispostos com uma convergência de cerca de 14o, enquanto, na configuração chamada de telescópica ou de objetiva comum, dois caminhos óticos partilham da mesma objetiva. A imagem a seguir contém duas possibilidades para o caminho da luz refletida sobre a amostra: Concepções de estereoscópios. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 41/80 A diferença básica entre um estereoscópio e um microscópio ótico metalúrgico é que, no primeiro, a amostra é observada em três dimensões, enquanto, no segundo, a imagem observada é bidimensional. Além disso, a utilização do estereoscópio é mais imediata, pois não existe a necessidade de preparo da superfície. Atenção Uma superfície de fratura não deve ser polida, pois várias informações sobre as causas da falha seriam perdidas. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 42/80 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Um engenheiro mecânico recebe um lote de aço AISI 304 L para o projeto em desenvolvimento na empresa em que trabalha. Para recebimento do material, ele segue o protocolo desenvolvido pelo setor de qualidade. Um dos ensaios apontados no protocolo é o exame micrográfico de 10 amostras com aumento predeterminado. O engenheiro então inicia a preparação dos 10 corpos de provas para análise. Na hora de visualizar no microscópio metalúrgico hipotético, observa que a lente ocular tem aumento Moc e que uma das objetivas possui magnificância Mob. Desse modo, o aumento proporcionado pelo microscópio na combinação das duas lentes será dado pela seguinte expressão: A Moc + Mob B Moc − Mob C √ Moc ⋅ Mob D Moc ⋅ Mob 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 43/80 Parabéns! A alternativa D está correta. O aumento ou magnificância de uma lente é dado pela razão entre o tamanho da imagem formada e o do objeto. No microscópio, existe a conjugação de duas lentes delgadas (ocular e objetiva). O aumento do microscópio é dado pelo produto dos aumentos individuais de cada lente, ou seja, Moc.Mob. Questão 2 (Cespe/Cebraspe - polícia científica - perito Criminal – PE - adaptada). Em relação à microscopia ótica, assinale a opção correta. E √ Moc⋅MobMoc+ Mob A Apesar da qualidade das lentes e das técnicas atuais, os comprimentos de onda da radiação eletromagnética no espectro visível limitam a resolução na microscopia ótica convencional. B Resolução e aumento são parâmetros equivalentes em microscopia ótica. C As lentes oculares e objetiva de um microscópio metalúrgico são as lentes divergentes ou de bordas espessas. D O contraste (k) é definido pela capacidade de distinguir traços da estrutura sobre o plano de fundo e, não sendo quantificável, por apenas uma característica qualitativa do microscópio. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 44/80 Parabéns! A alternativa A está correta. A resolução do microscópio ótico está intimamente relacionada ao comprimento de onda da luz visível (faixa aproximada de 400 a 700nm). Resolução (R) é a capacidade de separar individualmente dois pontos de imagem adjacentes, enquanto o aumento (A) constitui a relação entre os tamanhos da imagem (i) e do objeto (o). O contraste pode ser quantificado percentualmente. Já as imagens geradas no microscópico são bidimensionais. 3 - Seleção de amostras Descrever a seleção de amostras. E Os microscópios óticos metalúrgicos apresentam conjuntos ótico e de iluminação que sempre geram uma imagem tridimensional. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 45/80 Seleção de amostras Entenda os principais aspectos para a escolha da seção a ser observada no microscópio, destacando-se as razões da escolha da seção transversal ou longitudinal nos exames macro e micrográfico. Escolha da seção Aspectos gerais da escolha da seção O estudo metalográfico relaciona principalmente a estrutura íntima do material com as suas propriedades físicas, bem como seu processo de fabricação, podendo ser realizado por meio dos exames macrográfico ou micrográfico. Em qualquer um desses exames, é imperioso escolher o CP e, em seguida, a seção a ser preparada para a análise. Esse estudo pode ser utilizado, por exemplo, para o controle de material recebido em uma indústria ou em centro de pesquisas. Outra possibilidade é o estudo de falhas em materiais; nesse caso, a superfície de fratura é uma das seções a ser estudada. Na análise metalográfica (macrografia ou micrografia), a seleção da amostra é o passo inicial na preparação do CP. Uma regra frequentemente utilizada é que, na análise micrográfica de peças com grandes dimensões, inicialmente é realizado um exame macrográfico para se avaliar o grau de homogeneidade da peça. No caso de um grau alto, a localização da retirada do CP apresenta uma grande flexibilidade. Já para as peças heterogêneas, é adequado haver a retirada dos CPs em várias regiões, garantindo, com isso, a representatividade das amostras. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 46/80 Dessa forma, para que o estudo metalográfico seja satisfatório e apresente resultados reais, sem ocultar informações importantes, a seleção das amostras metalográficas deverá ser representativa, levando em consideração certos aspectos. Exemplo Heterogeneidades, texturas, entalhes ou cordões de solda. O primeiro passo desse estudo envolve a seleção da amostra. A imagem a seguir mostra um conjunto de barras de aço (vergalhão) recebido por um empresa para uso na construção civil. Sua avaliação metalográfica pode ser realizada para garantir, por exemplo, que o aço recebido apresente as características descritas pelo projeto: Superfície de fratura. Para a análise metalográfica, por sua vez, a amostra selecionada é obtida a partir do seccionamento transversal do vergalhão. Observe esta representação esquemática: Escolha da amostra. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 47/80 Em linhas gerais, a seleção da amostra pode ser representada pelo diagrama de blocos da imagem a seguir. A sequência do diagrama (não desenhada) refere-se à preparação do CP para análise macrográfica ou micrográfica. Diagrama de blocos para a seleção de amostras. Dois aspectos auxiliam o engenheiro na escolha inicial da amostra a ser extraída para o exame metalúrgico: forma e tamanho. Mesmo sendo demorada e onerosa, a sequência de preparação do CP é fundamental para uma perfeita análise metalográfica. Por isso, a seleção da amostra (primeiro passo na preparação do CP) deve ser a mais criteriosa possível. São observadas nessa seleção a: Quantidade de amostras representativas Materiais heterogêneos necessitam de mais de uma amostra para garantir a representatividade. A quantidade de amostras também é função do tamanho e da complexidade da peça e das condições de serviço. Localização A escolha do local da peça em que haverá a extração tem de considerar, entre outros, a existência de fraturas, vestígios de solda, porosidades, trincas, corrosões, desgastes, rebarbas e empenamentos. Orientaçãodo corte Em regra, em materiais forjados e laminados, o exame precisa ocorrer nas duas seções (longitudinal e transversal) para que 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 48/80 ocorra a visualização de inclusões não metálicas ou da estrutura da liga metálica. A imagem a seguir apresenta a observação da superfície de uma amostra transversal e longitudinalmente. É possível notar aqui a grande diferença da imagem a ser observada: Vistas transversal e longitudinal de uma amostra. A extração da amostra selecionada de uma peça é, via de regra, realizada por meio de um corte com disco abrasivo (cut-off). Ele é refrigerado para evitar mudanças microestruturais na amostra devido ao aumento da temperatura. A foto adiante mostra uma cortadora de disco com refrigeração líquida. A peça a ser cortada é presa na parte interna da máquina, a saída do líquido refrigerante é direcionada para a peça e fecha-se a tampa de proteção. Com o disco girando, aciona-se a alavanca vagarosamente até que o corte tenha terminado. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 49/80 Cortadora de disco. Seções para macrogra�a O exame metalúrgico denominado macrográfico consiste na visualização de uma seção previamente escolhida e preparada (lixamento e ataque químico) com a vista desarmada ou pouca ampliação (até 50 vezes). A partir dessa análise, tem-se uma ideia do conjunto no que se refere à: Homogeneidade/heterogeneidade do material. Distribuição e natureza das falhas (impurezas) quanto ao processo de fabricação, à qualidade de juntas soldadas e à profundidade de tratamentos térmicos, entre outras características. A seleção da amostra pode estar previamente definida pelo solicitante do ensaio macrográfico ou por uma norma. Excetuando-se essa situação (seleção predefinida), no exame macrográfico, as seções transversal e longitudinal são amplamente aplicáveis. Cada uma dessas seções favorece a visualização de alguma característica particular. Exemplo Tratamento térmico, processo de fabricação, impurezas e vazios. De acordo com Colpaert (2008), a seção transversal é a preferida no estudo macrográfico para as seguintes situações: Necessidade de verificação da homogeneidade do material. Caracterização da forma e da intensidade das segregações. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 50/80 A imagem a seguir representa a macrografia da seção transversal de uma lima, revelando a profundidade do tratamento térmico de têmpera. A região branca corresponde à parte temperada da lima. Lima Ferramenta utilizada na metalurgia para remover pequenos pedaços de material de uma peça pelo atrito. Seção transversal de uma lima temperada. Avaliação de porosidades, trincas e bolhas, assim como de dendritas, vazios e rechupes. Visualização e verificação do tratamento térmico de têmpera em aços. Avaliação da ZTA e da zona de fusão, entre outras, em juntas soldas. Verificação se um tubo é com ou sem costura. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 51/80 A visualização de “restos de vazios” ou “rechupes” em barras conformadas a quente é possível pelo estudo da seção transversal delas por intermédio do exame macrográfico. Na imagem a seguir, as seções transversais (quadrada e circular) de duas barras são visualizadas pela técnica da macrografia. Além disso, os restos de vazios são perceptíveis. Seção transversal de barras com “restos de vazios”. Sem ataque químico. O corte longitudinal da amostra para o estudo macrográfico é indicado para as seguintes situações: Verificação do processo de fabricação da peça (fundida, forjada ou laminada). Presença de soldas ao longo do comprimento de barras. Extensão de tratamentos térmicos superficiais. A imagem a seguir apresenta, de maneira esquemática, as várias etapas da solidificação de uma liga metálica com a representação do rechupe (vazio) ao final da solidificação. Um estudo da situação hipotética 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 52/80 apresentada é avaliado por meio da macrografia da seção longitudinal. A segunda imagem, por sua vez, contém a macrografia da seção longitudinal de um lingote solidificado. É possível perceber o vazio e sua extensão na direção longitudinal: Esquema de solidificação de um lingote evidenciando o rechupe. Seção longitudinal de um lingote com rechupe (vazio). A macrografia pode ser uma técnica útil para o estudo de juntas soldadas. A imagem adiante apresenta a macrografia transversal de 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 53/80 uma junta soldada. No metal base, é possível perceber as dendritas e a zona termicamente afetada (levemente escurecida). Já no cordão da solda é perceptível a disposição dos passes. Seção transversal de junta soldada. Na seleção da amostra para a macrografia, as dimensões podem eventualmente dificultar um manejo adequado. Um artifício prático em casos do tipo é a extração de um segmento adequado por um corte mecânico que não altere a estrutura. Ao final da extração, as marcas de corte podem ser removidas por usinagem ou retífica com rebolos de esmeril. Eventualmente, um desbaste mais grosseiro pode ser realizado em uma lixadeira de fita. Observe a imagem a seguir. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 54/80 Lixadeira de fita. Seções para microgra�a Cuidados na escolha da seção para microgra�a Em linhas gerais, a técnica micrográfica consiste na visualização em um microscópio ótico metalúrgico (aumento de até 2.000 vezes) da seção de um CP previamente preparado, isto é, com uma superfície plana polida, espelhada e atacada quimicamente. Com essa técnica, é possível: 1. Identificar as fases presentes no material. 2. Quantificar o tamanho de grão. 3. Avaliar o teor aproximado de carbono no aço (aços hipoeutetoides, eutetoides e hipereutetoides), a quantidade e a distribuição de certas inclusões. Veja nas imagens a seguir as micrografias de aços hipoeutetoides (porcentagem em peso de carbono menor que 0,77), eutetoides (igual a 0,77) e hipereutetoides (maior que 0,77) resfriados lentamente a partir do campo austenítico (λ) do diagrama de ferro carbono: Aço hipoeutetoide. Ataque: Nital. 200 vezes. Essa imagem apresenta uma micrografia de um aço hipoeutetoide em que as regiões brancas são de ferrita e as 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 55/80 escuras, de perlita (região lamelar de ferrita e cementita - Fe3C). Aço eutetoide. Ataque: Nital. Aqui, (aço eutetoide), a fotomicrografia revela a estrutura lamelar conhecida como perlita. Aço hipereutetoide (1,4% C). Aumento de 1.000 vezes. Por fim, essa imagem contém a fotomicrografia de um aço hipereutetoide com 1,4% de carbono em peso. Aqui é possível visualizar a cementita (Fe3C), e a perlita. Cuidados na escolha da seção para microgra�a 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 56/80 No estudo micrográfico por meio do microscópio metalúrgico, apenas uma região muito pequena da peça, em geral, é examinada. Dessa forma, a escolha da região deve ser representativa da peça. Essa questão se tornará preponderante em decorrência de seus materiais serem raramente homogêneos e isotrópicos. A escolha da seção (ou das seções)para o estudo micrográfico poderá ser antecedida pelo exame macroscópico a fim de auxiliar nessa etapa inicial de preparação do CP. Segundo Colpaert (2008), para exames macrográficos homogêneos, a seção a ser estudada micrograficamente poderá ter qualquer localização. Porém, para as superfícies heterogêneas, é conveniente escolher alguns corpos de provas. Exame macroscópico Vista desarmada ou pequenos aumentos. Atenção Em materiais forjados ou laminados, convém examinar as secções longitudinais e transversais, pois o corte depende do que desejamos observar, isto é, as inclusões não metálicas ou a estrutura da liga metálica. Da mesma maneira que ocorre na extração de corpos de provas para a macrografia, a extração do CP para a micrografia é realizada graças a uma cortadora a disco refrigerada para que possa evitar mudanças microestruturais na amostra devido ao aumento local de temperatura. Por conta do atrito entre a peça e o disco abrasivo da cortadora, a operação de corte eleva a temperatura, podendo gerar alterações microestruturais (conclusões erradas na análise). Isso justifica a refrigeração da cortadora. Em termos práticos, uma força insuficiente ou excessiva do disco sobre a amostra gera problemas na operação. A insuficiente resulta em fricção inútil, enquanto a excessiva pode levar à quebra dele. A escolha do disco se dá em função da dureza do material a ser cortado. Via de regra, para materiais macios de baixo carbono, são utilizados discos com alta dureza (em torno de 40HRC). Para os duros, utilizam-se discos com dureza baixa, pois o desgaste do disco repõe novas áreas superficiais para o corte. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 57/80 Além do corte em disco abrasivo, a serra manual ou a eletroerosão pode ser utilizada para a extração do CP. Terminada a etapa do corte, a amostra deverá ser limpa e seca a fim de eliminar os resíduos abrasivos e os lubrificantes. Cortadora a disco refrigerada 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 58/80 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Um formando do curso de Engenharia precisa realizar uma análise metalográfica em uma peça de aço cujo processo de fabricação é o de fundição. Inicialmente, existe a necessidade de descobrir se há uma presença de vazios em dada seção da peça. O primeiro passo é fazer a seleção da amostra a ser estudada. Indique a opção que apresenta corretamente a seção escolhida para o corte da amostra. A Seção transversal ao molde de fundição. B Seção longitudinal ao molde. C Seção oblíqua de 450 ao molde de fundição. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 59/80 Parabéns! A alternativa B está correta. A técnica macrográfica possibilita a verificação de vazios ou rechupes do processo de fabricação denominado fundição. Um seccionamento transversal pode não atingir um vazio, levando consequentemente a inferências erradas. O corte longitudinal é o mais apropriado para uma análise macrográfica e para a identificação de eventuais rechupes ou vazios. Questão 2 No processo de análise metalográfico, o passo inicial é selecionar a amostra para o preparo do corpo de provas e, em seguida, para a análise por meio de estereoscópio ou microscópio ótico. A separação dessa amostra é realizada por um disco abrasivo. Nessa etapa, deve-se garantir que a estrutura não seja modificada. Por isso, o corte é realizado D Os vazios decorrentes da fundição não são observados por microscopia. E Seção transversal ou longitudinal, desde que ocorra um ataque químico. A em um disco abrasivo de material com dureza similar à da peça. B em rotações muito baixas a fim de se garantir que a temperatura seja a ambiente. C em rotações elevadas para se garantir o menor tempo possível para essa etapa. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 60/80 Parabéns! A alternativa D está correta. O atrito entre o disco abrasivo e a peça eleva a temperatura local, o que pode modificar a estrutura na seção a ser analisada. A temperatura é mantida em patamares que evitam tal mudança, utilizando-se um líquido refrigerante durante o corte da amostra. 4 - Preparo de corpos de prova para macrogra�a e microgra�a Reconhecer o preparo de corpos de prova para macrogra�a e microgra�a. D com a presença de líquido lubrificante para evitar o aumento de temperatura local. E seguido do tratamento térmico de normalização. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 61/80 Preparo de corpos de prova para macrogra�a e microgra�a Agora, elencaremos as etapas de preparação da superfície de um corpo de provas para as análises metalográficas denominadas macrografia e micrografia. Preparação do corpo de prova Preparo de corpos de prova para macrogra�a e microgra�a Aspectos gerais da preparação do corpo de prova Na Engenharia, o ramo denominado metalografia consiste, em linhas gerais, na preparação adequada da superfície de um corpo de prova (CP) a partir de uma peça para o estudo macrográfico (com aumento de até 50 vezes) ou micrográfico (aumento útil de até 2.000 vezes). Esse procedimento de preparação da amostra para análise (macrográfica ou micrográfica) é chamado de preparação metalográfica. A etapa de preparação do CP envolve uma série de passos igualmente importantes. A lista a seguir mostra resumidamente as principais etapas de preparação da superfície do CP: Seleção da amostra. Escolha da localização da secção a ser estudada (seccionamento da amostra em um plano transversal ou longitudinal, expondo a superfície de estudo). 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 62/80 Embutimento do CP – etapa opcional (útil para CPs com pequenas dimensões) em que o CP é envolvido em resina, podendo ser a quente ou a frio. Apenas a superfície de estudo fica descoberta. Lixamento da seção do CP em uma série de lixas de carbeto de silício. Polimento em abrasivos de alumina, pasta de diamante ou sílica- gel para a obtenção de superfície especular. Limpeza com mistura de água e álcool e posterior secagem (secador de cabelos). Ataque da superfície por um reagente químico adequado. Limpeza com mistura de água e álcool e posterior secagem (secador de cabelos). Exame em estereoscópio/microscópio ótico para a observação da estrutura, defeitos e texturas, entre outros exemplos. As imagens a seguir apresentam duas seções preparadas respectivamente para a observação no microscópio. A primeira inclui uma macrografia de um pino metálico endurecido pelo tratamento superficial de têmpera (aquecimento por indução) com reativo de iodo, enquanto a segunda se trata de uma micrografia de um aço fundido, temperado e revenido com ataque do reativo Nital 2% em que se evidencia uma inclusão de óxido. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 63/80 Seção transversal de pino com têmpera superficial. Ataque: iodo. Inclusão não-metálica em aço. Ataque: Nital 2%. Apesar de elementares, os passos do processo de preparação das amostras não são simples. Esses passos, na verdade, são importantes para o resultado final da análise metalografia. Cada etapa da preparação do CP precisa ser realizada com todas as preocupações a fim de se evitar erros. Uma etapa relativamente simples, mas que pode levar a 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html#64/80 uma superfície com defeitos se observada no microscópio, é a lavagem ou secagem após o ataque químico da superfície. Exemplo O ataque pode ser realizado com um chumaço de algodão embebido no reagente químico e posto em contato com a superfície. Após alguns segundos, o CP é lavado e secado. Nesse processo, pode ocorrer a permanência de pequenas fibras de algodão por uma lavagem/secagem não satisfatória. A demora entre a etapa do ataque químico e a lavagem posterior pode ocasionar uma reação química excessiva, dificultando a visualização no microscópio (“amostra queimada”). A secagem ineficiente, em regra, leva a manchas de secagem que interferem na visualização da seção plana e polida do CP. A imagem a seguir contém uma micrografia que evidencia problemas na preparação do CP (presença de fibras de algodão e partículas de poeira) de uma seção polida: Defeito de preparação do CP (fibras de algodão). Corpo de prova para macrogra�a Preparação do corpo de prova para macrogra�a No exame macrográfico, a seção será examinada com a vista desarmada ou com ampliação (de até 50 vezes). Para tanto, vários 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 65/80 passos deverão ser dados a fim de que a superfície examinada seja plana. A macrografia possibilita, entre outros exemplos, a avaliação da homogeneidade do material, a distribuição e natureza das falhas e impurezas e o estudo do processo de fabricação. Em linhas gerais, as seguintes etapas precisam ser seguidas para a preparação do CP: Escolha da seção a ser estudada. Preparação de superfície plana e polida. Ataque da superfície com reagente químico da seção. Seleção da seção de estudo As seções mais usuais em macrografia são a transversal e a longitudinal. A imagem a seguir representa, de maneira esquemática, um cilindro metálico e duas seções para estudo: 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 66/80 Seção transversal (a_a) (um círculo). Seção longitudinal (b_b) (um retângulo). Como regra prática, pode-se dizer que o seccionamento transversal é a escolha que se dá nas seguintes situações: Verificação da homogeneidade do material. Estudo de porosidade, trincas, bolhas e segregação. Caracterização de dendritas (fundição). Verificação da zona termicamente afetada (ZTA) no processo de soldagem de metais. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 67/80 O corte longitudinal é escolhido, entre outras possibilidades, na verificação do processamento do material (fundição, forjamento e laminação) e na presença de soldas em barras, vergalhões e arames. Corte do corpo de provas (CP) A separação do CP da peça pode ser realizada por meio de um cortador com disco abrasivo e sistema de refrigeração (líquido refrigerante). A refrigeração da seção é fundamental para se evitar a mudança estrutural em decorrência do aumento de temperatura. A imagem seguir apresenta um exemplo de cortadora de disco (cut-off): Cortadora de disco. Embutimento do corpo de prova O embutimento é realizado para facilitar o manuseio de peças com pequenas dimensões, evitando-se, por exemplo, danos às lixas e o abaulamento da superfície. Ele consiste em circundar a amostra com resina, sendo o processo realizado a quente ou a frio a depender da amostra. Veja um exemplo de prensa utilizada para o embutimento do CP: 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 68/80 Prensa para embutimento. Atenção A etapa do embutimento é opcional. Lixamento da superfície de estudo O lixamento é realizado em um conjunto de lixas de carbeto de silício com o objetivo de se alcançar uma superfície plana. Em geral, a sequência de lixas utilizada é 100, 220 e 320. Inicia-se o lixamento em uma direção perpendicular aos riscos provocados na etapa de corte do CP. A cada nova lixa uma rotação de 90° é dada à direção do lixamento. 100, 220 e 320 Os números são um indicativo da granulometria da lixa. Valores baixos indicam lixas grossa, ou seja, os maiores são os grãos abrasivos. Dica O atrito entre a superfície e as lixas aumenta a temperatura localmente, o que pode implicar uma mudança estrutural do material nesse local. Dessa forma, utiliza-se água corrente, a qual, além de refrigerar a peça, elimina os resíduos do lixamento. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 69/80 Cuidados devem ser tomados para não arredondar as arestas do CP. Ao fim dessa etapa, a superfície tem de ser limpa e seca. Como afirma Colpaert (2008), após a preparação do CP, já é possível observar a superfície (sem ataque químico) no microscópio, identificando vazios, trincas e grandes inclusões, por exemplo, e avaliando a “qualidade” da preparação da superfície do CP. Ataque químico da superfície de estudo A última etapa de preparação da superfície é seu ataque químico. As diferentes regiões da superfície se apresentam com intensidades distintas ao final do ataque (composição e estrutura cristalina). De maneira simplificada, o ataque químico pode ser realizado por uma imersão da superfície no reativo ou pela aplicação do reativo por meio de um chumaço de algodão ou impressão de Baumann (avaliação de sulfetos). Os principais reagentes, entre outros, são: Reativo de iodo. Reativo de Heyn. Reativo de Fry. Corpo de prova para microgra�a 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 70/80 Preparação do corpo de prova para microgra�a A técnica de observação e caracterização denominada micrografia é a observação de uma superfície em um microscópio metalúrgico a partir da reflexão da luz visível. Observe a iluminação do microscópio metalúrgico: Sistema de iluminação de microscópio metalúrgico. Escolha da superfície a ser estudada A primeira etapa do estudo micrográfico é a escolha da superfície. Isso pode depender, por exemplo, da homogeneidade ou não do material e do tipo de processamento. A imagem a seguir possui três superfícies micrográficas de um “ferro forjado”. As seções transversal e longitudinal apresentam aspectos distintos. Na direção do forjamento, por exemplo, as inclusões não metálicas se apresentam de forma alongada. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 71/80 Superfícies micrográficas de “ferro forjado”. Obtenção de superfície plana e polida Efetuada a escolha da seção, é feita a separação do CP por meio de corte com cortadora de disco e serra, entre outros itens. Ao fim dessa etapa, a superfície apresentará alta rugosidade e vários riscos inerentes ao processo. Em função das dimensões do CP, será necessário realizar seu embutimento em resina. Além de facilitar o manuseio desse corpo nas etapas subsequentes, o embutimento preserva as arestas do CP (evita o “abaulamento) e pode ser a frio (resina acrílica) ou a quente (resina fenólica). O lixamento é o atrito da superfície com um abrasivo. Devido ao aumento da temperatura local (o que pode provocar alterações na estrutura), ele é feito com água. Abrasivo Lixas de carbeto de silício. Além disso, a água corrente elimina os resíduos provenientes do lixamento. As lixas são numeradas (100, 320 etc.); quanto maior o 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 72/80 número, mais refinada é a lixa. Uma sequência frequente para o lixamento é o uso das lixas 100, 240, 320, 420, 600 e 1.200. A imagem a seguir possui uma lixadeiraautomática. Nesse tipo de lixadeira, um disco com a lixa adequada gira, enquanto o CP é mantido pressionado e a água o refrigera. Lixadeira automática. Um aspecto prático do lixamento é que, a cada troca de lixa, o CP deverá ser limpo e uma rotação de 90° efetuada para que a lixa subsequente “retire” os arranhões provocados anteriormente. A figura a seguir apresenta a rotação no CP. Técnica de lixamento. Após o lixamento, a superfície é polida para a obtenção de uma superfície plana, reflexiva e livre de arranhões. Esse processo é realizado em um feltro circular com os seguintes abrasivos: alumina, pasta de diamante ou sílica coloidal. Ao alcançar uma superfície com aspecto especular, já é possível a visualização de porosidades, trincas, inclusões etc. Nesse ponto, a superfície está pronta para a última etapa da preparação: o ataque químico. A imagem a seguir apresenta uma politriz automática: 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 73/80 Politriz automática. Em certas situações, o ataque químico não ocorre imediatamente após o término do polimento. Para se evitar uma corrosão na superfície pela presença de vapor d’água, são utilizados dissecadores em que o processo é feito a “vácuo” e no qual existe sílica-gel. Ataque químico da superfície plana e polida O preparo do CP até o polimento leva a uma superfície plana e especular, porém sem contrastes entre as microestruturas. O ataque químico evidencia os contornos de grão (alta reatividade química), as fases, as inclusões etc. Observe nesta imagem a micrografia de aço com 0,5%C e ataque de Nital 2%. Podem ser visualizadas nela a perlita e a ferrita proeutetoide: 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 74/80 Micrografia de aço AISI 1050. Ataque: Nital 2%. Vários reagentes químicos são utilizados no ataque micrográfico. A escolha deles dependerá do material e de que pontos específicos da estrutura serão abordados. Listaremos a seguir alguns reagentes usuais: Nital (1% a 5%): Ácido nítrico e etanol. Picral (4%): Ácido pícrico e etanol. Klemm: Solução aquosa de tiossulfato de sódio. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 75/80 Vilela: Ácido pícrico, ácido clorídrico e etanol. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 76/80 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (IF-SP - professor - Mecânica - Automação) Nos ensaios metalográficos, algumas vezes, é necessário embutir a amostra. O procedimento de embutimento é indicado principalmente para Parabéns! A alternativa C está correta. O embutimento é o preenchimento, a frio ou a quente, do corpo de prova com resina a ser preparado para análise no microscópio. Sua função é facilitar as etapas de lixamento e polimento quando o CP A ensaiar amostras de metais não ferrosos. B revelar a existência de inclusões não metálicas nos aços. C facilitar o manuseio de amostras metalográficas de pequenas dimensões. D ensaiar aços endurecidos por têmpera ou cementação. E permitir o ensaio macrográfico em amostras de grandes dimensões. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 77/80 apresenta pequenas dimensões. Com isso, o embutimento justifica- se pela geometria do CP, e não pela sua composição. Questão 2 No processo de preparação de corpos de prova para análise micrográfica, há várias etapas – entre as quais, o lixamento. Em linhas gerais, essa etapa torna a superfície de estudo plana e sem riscos. A respeito da etapa de lixamento, são feitas as seguintes afirmações: I. As lixas utilizadas são, via de regra, de carbeto de silício e apresentam uma numeração que se relaciona com a granulometria da lixa. II. No processo de lixamento, utiliza-se um disco giratório com frequência de rotação extremamente baixa para garantir que não ocorra um superaquecimento do CP. III. A sequência usual das lixas na etapa de lixamento é 1.200, 600, 420, 320 e 100. Escolha a opção com a(s) afirmação(ões) correta(s): Parabéns! A alternativa B está correta. A I e III. B I e II. C II e III. D III. E I, II e III. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 78/80 É usual utilizar lixas de carbeto de silício (SiC) na etapa de lixamento do corpo de prova (CP). As lixas apresentam identificação por uma numeração que se associa à granulometria (tamanho dos grãos). Quanto maior o número da lixa, menor a granulometria. Por isso, a sequência usual é a das lixas de menor para as de maior número (100, 220, 320, 420, 600 e 1.200). No lixamento, o atrito entre a lixa e a superfície do CP eleva a temperatura localmente, o que pode alterar a estrutura do material. Por isso, existe a necessidade do uso de um refrigerante; em geral, água. Considerações �nais Abordamos neste conteúdo os principais aspectos da metalografia de materiais ferrosos (aços e ferros fundidos). Inicialmente, falamos sobre as metalografias qualitativa e quantitativa, destacando a determinação do número de grãos por polegada quadrada de acordo com a norma ASTM E112. Na sequência, versamos sobre a microscopia ótica – em particular, os microscópios metalúrgico e estereoscópico. Também definimos os parâmetros amplitude, resolução e contraste. Apresentamos os principais sistemas que compõem um microscópio metalúrgico, como, por exemplo, o mecânico, o de iluminação e o de magnificância. Ainda explicamos a formação da imagem estereoscópica e as aplicações do microscópio estereoscópico. Por fim, discutimos as várias etapas de preparação de um corpo de prova (CP) para o estudo da macrografia e micrografia. Nesse contexto, descrevemos a seleção da amostra (seções longitudinal e transversal), o embutimento, o lixamento, o polimento e o ataque químico. Em cada uma dessas etapas, revelamos aspectos práticos que contribuem para uma melhor preparação do CP. Também mostramos algumas macrografias (aço cementado e vazios de fundição) e micrografias (aços hipoeutetoides, eutetoides e hipereutetoide e ferro fundido cinzento). 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 79/80 Podcast Agora, o especialista Julio Cesar encerra o conteúdo falando sobre os principais tópicos abordados. Explore + Familiarize-se com o software livre ImageJ, que auxilia na análise metalográfica quantitativa. Ele está disponível para download na internet. Referências CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. CHIAVERINI, V. Aços e ferros fundidos. 7. ed. São Paulo: Associação Brasileira de Metais, 2015. COLPAERT, H. Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns. 4. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2008. MANNHEIMER, V. A. Microscopia dos materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: SBMM, 2002. 11/09/2023, 20:33 Metalografia de aços carbono e ferros fundidos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03665/index.html# 80/80 MELLO, C. C. de S. Aerofotogrametria com VANT: aplicações no monitoramento operacional de aterros sanitários. Programa de Pós- Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2020. NUNES, J. G. Metalografia. 1. ed. Curitiba: CRV, 2020. PADILHA, A. F.; AMBROZIO FILHO, F. Técnicas de análise microestrutural. Curitiba: Hemus, 2004. VILLAS BÔAS, N.; DOCA, R. H.; BISCUOLA, G. J. Tópicos de Física. v. 2. 19. ed. São Paulo: Saraiva,2012. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF()
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