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1 RESUMO DA UNIDADE Esta unidade analisará o contexto no qual se insere a locação de imóveis residenciais e comerciais, com um estudo introdutório dos aspectos históricos e gerais sobre a locação de imóveis, bem como a evolução das legislações que tratam sobre a matéria. Em ato contínuo, se analisará de que forma as leis e normas fundamentais que tratam sobre a matéria se apresentam, analisando conceito, natureza jurídica e objeto de estudo. Ainda, será analisado de que forma os contratos na locação de imóveis ocorrem, tendo como base os principais aspectos dos contratos trazidos pelo Código Civil, bem como pelo estudo dos princípios básicos que norteiam o tema, com a exemplificação de casos práticos para melhor visualização. Para tanto, se analisará quais os direitos e deveres básicos do locador e locatário, a fim de que se possa compreender de que maneira se dá a correta celebração da locação de imóveis, em observância a referidos direitos e deveres. Por este motivo, o estudo em comendo permitirá ao aluno observar aspectos e critérios básicos e necessários sobre a locação de imóveis residenciais e comerciais, garantindo que ao final do módulo se possa entender como funciona referido instituto. Palavras-chave: Locação; Contratos; Imóveis. 2 ÍNDICE APRESENTAÇÃO DO MÓDULO CAPÍTULO 1 – Locação de Imóveis Urbanos 1.1 Aspectos históricos e gerais sobre a locação de imóveis 1.2 Leis e normas fundamentais CAPÍTULO 2 – Contrato na Locação de Imóveis 2.1 Principais aspectos dos contratos 2.2 Princípios básicos norteadores: casos práticos CAPÍTULO 3 – Direitos e Deveres de Locadores e Locatários 3.1 Direitos e deveres dos locadores 3.2 Direitos e deveres dos locatários CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS 3 APRESENTAÇÃO DO MÓDULO O tema sobre a locação de imóveis não é algo novo e remonta períodos historicamente importantes, principalmente porque o termo “locação de imóveis” esteve sempre presente como um dos tipos de contratos mais conhecidos pela sociedade brasileira. Diante do exposto, e levando-se em consideração a legislação vigente sobre a matéria, torna-se de extrema importância a compreensão de como ocorre o processo de locação de imóveis urbanos, com a análise de aspectos históricos e gerais sobre o tema. Ainda, é importante observar a evolução das legislações que trataram sobre a matéria até que chegasse qual temos hoje, evidenciando a relevância sobre esse estudo. Ainda, observando a formação das disposições acerca da locação de imóveis, depreende-se que é importante não apenas a compreensão sobre a Lei do Inquilinato, que é a que tomamos como base para o estudo, mas também do Código Civil, apresentando os principais aspectos dos contratos quando da celebração do contrato de locação, por exemplo. Igualmente, far-se-á a análise dos princípios básicos norteadores, com a exemplificação de casos práticos para melhor visualização da matéria. Por fim, dedicaremos ao estudo dos direitos e deveres dos locadores e locatários como forma de melhor visualizar se os critérios e parâmetros para a realização de um contrato, bem como durante toda sua execução, estão sendo observados, permitindo que o aluno perceba quais direitos e deveres podem estar a ser violados quando da celebração de determinado contrato de locação de imóveis. Por fim, esperamos que o aluno possa ao final do módulo compreender como a locação de imóveis está mais presente nos dias atuais, com uma legislação específica e com aspectos importantes. É necessário o esclarecimento de conceitos importantes a fim de que seja de mais fácil compreensão a observância ou não a direitos e princípios legalmente previstos e garantidos. 4 CAPÍTULO 1 LOCAÇÃO DE IMÓVEIS URBANOS 5 CAPÍTULO 1 – LOCAÇÃO DE IMÓVEIS URBANOS 1.1 Aspectos históricos e gerais sobre a locação de imóveis O tema sobre a locação de imóveis não é algo novo e remonta períodos historicamente importantes, principalmente porque o termo “locação de imóveis” esteve sempre presente como um dos tipos de contratos mais conhecidos pela sociedade brasileira. Ora, a locação de imóveis está intrisecamente ligada à história do direito contratual, à medida que esse mesmo direito contratual se modifica e se molda a todas as transformações sociais que ocorrem. Desde muito tempo o contrato se faz presente na vida das pessoas, mesmo que ainda de forma primitiva, comparadamente a qual conhecemos hoje. Tanto é que desde os primórdios da civilização já eram realizados contratos, no sentido de regular as regras de convivência em sociedade, bem como de realizar trocas comerciais, por exemplo. Por isso, é muito difícil estabelecer uma data específica, por exemplo, para o nascimento dos contratos, pois, desde muito tempo o homem já realizava contratos na convivência em sociedade, mesmo que não soubesse, necessariamente, que aquilo tratava-se de um contrato. Assim, é fato que a história da locação de imóveis remonta épocas históricas nas quais as relações comerciais faziam parte do cotidiado dos indivíduos, relações comerciais estas que foram se remodelando e modificando com o passar do tempo. Nesse diapasão, a primeira regulamentação inicial desse tipo de relação aqui apresentada ocorreu com o advento do Código Civil de 1916, no qual apresentava o vínculo locatício, através do Capítulo IV daquele diploma, que estabelecia, entre outras disposições, o seguinte: SEÇÃO I DA LOCAÇÃO DE COISAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1.188. Na locação de coisas, um das partes se obriga a ceder á outra, por tempo determinado, ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição. […] DA LOCAÇÃO DE PREDIOS 6 Art. 1.200. A locação de prédios pode ser estipulada por qualquer prazo. Art. 1.201. Não havendo estipulação expressa em contrario, o locatário, nas locações a prazo fixo, poderá sublocar o prédio, no todo, ou em parte, antes ou depois de have-lo recebido, e bem assim empresta-lo, continuando responsável ao locador pela conservação do imóvel e solução do aluguer. Parágrafo único. Pode também ceder a locação, consentindo o locador. Dessa forma, percebe-se que esse tipo de relação desde muito tempo já havia sido regulado e que, com o passar do tempo e as modificações das relações comerciais, o tema foi sendo posteriormente alterado a partir de outras normas que visavam complementar e normatizar de maneira mais eficiente a locação de imóveis. Isso porque, o disposto no Código Civil de 1916 se ancorava em princípios do liberalismo clássico até então vigente à época, refletindo questões como autonomia da vontade e da força obrigatória dos contratos. Em outras palavras, o Estado quase não interferia na elaboração dos contratos, partindo do pressuposto de que tudo que ali havia sido acordado seria justo, dado que as partes eram livres para celebrá-los. Assim, sendo as partes livres para celebrarem um contrato, o que ali havia sido estipulado por elas se depreendia de que estava a satisfazer o interesse de ambas as partes, o que hoje sabemos que não é assim que funciona. Ora, não basta apenas que ambas as partes sejam livres para celebrar qualquer tipo de contrato e que, essa liberdade por si só já torne o contrato justo, pois, há outras condicionantes que igualmente interferem na relação contratual e colocam alguma das partes em situação mais desfavorável comparada a outra. Um exemplo básico é quando uma das partes possui mais condições econômicas, por exemplo, o que acaba por tornar a outra parte mais vulnerável, sendo mais “fácil” impor a vontade da parte economicamente mais favorável. Sendo assim,ter liberdade para celebrar um contrato não necessariamente implica na igualdade e justiça deste contrato. Posto isso, o Estado começou a interferir um pouco mais na relação contratual, como antes dito que não o fazia, como forma de proteger essa parte sempre mais vulnerável, pois, com a ajuda e a intervenção do Estado, essa parte tornaria-se juridicamente mais forte. 7 Essa intervenção do Estado, como forma de melhor proteger a parte mais vulnerável da relação contratual, se manifestava com a presença de cláusulas que fossem mais protetivas à parte mais vulnerável ou, pelo menos, vedando cláusulas que fossem extremamente prejudiciais ao lado mais vulnerável do contrato. Posteriormente, em 1921, surgiu então a primeira norma legal, através do Decreto Legislativo 4.403, que visava regular a locação de prévios urbanos, norma esta que vigorou até 1928 e dispunha, dentre outras atribuições, o seguinte: DECRETO Nº 4.403, DE 22 DE DEZEMBRO DE 1921 Regula a locação dos predios urbanos e dá outras providencias O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil: Faço saber que o Congresso Nacional decretou e eu sanccionou a seguinte resolução: Art. 1º Não havendo estipulação escripta que regule as relações, direitos e obrigações dos locadores e locatarios de predios urbanos, prevalecerão as disposições da presente lei. § 1º O prazo da locação será de um anno, que se considera sempre prorogado por outro tanto tempo e nas mesmas condições do anterior, desde que não haja aviso em contrario, com tres mezes, pelo menos, de antecedencia. § 2º O aviso far-se-ha por meio de petição dirigida ao juiz competente, sem recurso, e mandada entregar á parte quarenta e oito horas após á realização da diligencia dando-se contra-fé á parte contraria. § 3º Antes desse prazo, cessará a locação, si o locatario, militar de terra e mar, ou funccionario publico, fôr removido para logar fóra da situação do predio e não quizer continuar a locação. Art. 2º Só no caso de falta de pagamento por dous mezes completos ou no caso de necessidade de obras indispensaveis para a conservação e segurança do predio, verificada por vistoria judicial, poderá ser dado aviso pelo locador ou pelo locatario em qualquer tempo durante a locação. Art. 3º No caso de obras indispensaveis feitas pelo senhorio, ao inquilino que para ellas se fazerem tiver abandonado o predio, cabe a preferencia de voltar para o mesmo, desde que tenha cumprido regularmente as suas obrigações. Art. 4º Os contractos de locação de predios urbanos - a prazo certo - poderão ser feitos por escriptura particular, registrada no Registro Geral de Titulos. […]. 8 Ou seja, antes da regulamentação das relações locatícias por meio do Decreto Legislativo supramencionado, esse tipo de relação era todo regido pelo Código Civil de 1916, já aqui também anteriormente citado. Sucessivamente, em 1934, com o Decreto Lei n.º 24.150 que ficou conhecido por “lei das luvas”, o legislador brasileiro passou a interferir de forma mais ativa nas relações locatícias, pois, caracterizava-se por uma nítida interferência na autonomia de vontade e liberdade contratual, interferência esta respaldada na proteção do lado mais vulnerável e menos favorecido da relação contratual no vínculo locatício. DECRETO Nº 24.150 DE 20 DE ABRIL DE 1934. Regula as condições e processo de renovamento dos contratos de locação de imóveis destinados a fins comerciais ou industriais. O Chefe do Govêrno Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil: Considerando que, não só as legislações mais adiantadas, como a própria legislação nacional, ao lado da desapropriação por necessidade ou utilidade pública, limitadora do direito de propriedade, tem admitido restrições à maneira de usar esse direito, em benefício de interêsses ou conveniências gerais; Considerando que a necessidade de regular as relações entre proprietários e inquilinos, por princípios uniformes e de equidade, se fez sentir universalmente, impondo, como impôs, aos povos da mais elevada educação jurídica, a instituição de leis especializadas; Considerando que, se, de um modo geral, essa necessidade se impôs, mais ainda se torna impreterível, tendo em vista os estabelecimentos destinados ao comércio e à indústria, por isso que o valor incorpóreo do fundo de comércio - se integra, em parte, no valor do imóvel, trazendo, destarte, pelo trabalho alheio, beneficios ao proprietário; Considerando, assim, que não seria justo attribuir exclusivamente ao proprietário tal quota de enriquecimento, em detrimento, ou melhor, com o empobrecimento do inquilino que criou o valor; Considerando que uma tal situação valeria por um - "locupletamento" - condenado pelo direito moderno; Considerando que o Governo Provisório tem, sempre, inspirado seus atos no sentido de reconhecer e regular essas situações de justiça e equidade, seguindo destarte, a orientação do direito hodierno, sendo exemplo frizante dessa diretriz o decreto n. 19.573, de 7 de janeiro de 1931, (55) que permitiu, nos casos 9 enumerados, a rescisão dos contratos de arrendamento por prazo determinado; Considerando que as leis, regulando as condições e o processo de prorrogação dos contratos de arrendamento de imóveis destinados a fins comerciais e industriais, têm sido reconhecidas como imprescindíveis por outros países, que já as adotaram, e estão sendo reclamadas pelas necessidades brasileiras; Considerando que um grande número de associações de classe, significando a expressão exponencial da vontade coletiva, já se pronunciou pela necessidade da promulgação de uma lei reguladora do assunto; Considerando que a - Assembléia Nacional Constituinte - virtualmente já se pronunciou pela necessidade nacional dessa providência, subscrevendo pela maioria dos seus deputados uma emenda que manda prover o assunto pela legislação ordinária, o que torna evidente a inadiabilidade da solução do problema; Considerando que a lei elaborada a propósito, longe de comprimir quaisquer direitos, estabelece, ao contrário, regras em virtude das quais, com justiça e equidade, são tutelados todos os interêsses; (grifos nossos). O supramencionado decreto ficou conhecido por “Lei das luvas”, pois, esta expressão remete ao Cristianismo. No período compreendido pelo século XVII, durante as procissões, a imagem de Cristo era carregada por fiéis que estivessem usando luvas nas mãos. Ocorre que, tais luvas eram fornecedias pela própria Igreja Católica que, inclusive, cobrava um determinado valor para que pudessem ser entregues a esses fiéis que desejassem carregar ou segurar a imagem de Cristo. Ou seja, para que os fiéis pudessem estar mais perto da imagem de Cristo, eles precisavam pagar uma contraprestação, que seria através justamente da compra dessas luvas fornecidas pela própria Igreja Católica, daí surgindo a expressão “luvas”. Relacionando tal situação ao contexto da relação locatícia, luvas aqui fazia referência ao valor pago de forma adiantada pelo locatário ao locador. Esse valor deveria ser pago no ato da assinatura do contrato de locação, acrescido do valor do aluguel e demais despesas. Em outras palavras, seria um valor “a mais” pago para garantir determinado negócio. Dessa maneira, essas quantias que eram exigidas como forma de adiantamento, sem prejuízo inclusive do aumento dos aluguéis, faziam com que muitos locatários fossem desalojados, pois, estes não tinham condições de arcar com as referidas cobranças. 10 Por isso a importância da elaboração da “lei das luvas”, com o intuito de que a referida lei pudesse proteger mais os locatários, tentanto garantir uma relação contratual mais justa e precisa, de forma que estes locatários pudessem ver assegurado o direito em renovar os seus contratos, sem que lhes fossem cobrados valores absurdose de forma adiantada para garantir tal contrato. Nesse aspecto, a antes temida cobrança de “luvas” foi totalmente vedada pelo Decreto Lei n.º 24.150/34, constituindo uma de suas maiores conquistas. Inclusive, o sobredito decreto tornou ilítico penal tal cobrança, passando a tranquilizar mais os locatários com relação a esse assunto. Ainda, foram igualmente vedadas cláusulas que não estivessem em consonância com o exercício justo e razoável da atividade comercial, bem como demais cláusulas que tivessem o intuito de impedir ou dificular a renovação do contrato. Art. 29. São nulas de pleno direito as cláusulas do contrato de locação que, a partir da data da presente lei, estabelecerem o pagamento antecipado de alugueis, por qualquer forma que seja, benefícios e especiais ou extraordinários, e nomeadamente "luvas" e imposto sôbre a renda, bem como a rescisão dos contratos pelo só fato de fazer o locatário concordata preventiva ou ter decretada a sua falência. Art. 30. São também nulas de pleno direito quaisquer cláusulas que visem iludir os objetivos da presente lei, e nomeadamente, as cláusulas proibitivas da renovação do contrato de locação, ou que impliquem em renúncia dos direitos tutelados por esta lei. Observa-se que o decreto aqui discutido possibilita um maior equilíbrio entre as partes, equilíbrio esse que também se manifestava no fato de que era concedido ao locador a opção de que a renovação do aluguel fosse realizada de acordo com valores do mercado. Valores esses inclusive apurados atráves de perícia técnica, se necessário. Tais atribuições contribuíram para que o decreto permanecesse por tanto tempo regulando as relações contratuais que tratavam sobre locação de imóveis, perdurando por mais de 50 anos. Entretanto, os efeitos da segunda guerra mundial (que teve início em 1939 e perdurou até 1945), bem como até o período de 1964 (época em que ocorreu o golpe militar) tornaram necessárias as medidas que se adequassem ao caos instaurado como reflexo desses dois acontecimentos, tendo em vista, sobretudo, a 11 falta de imóveis destinados à locação. Dessa forma, foi instaurado no Brasil após esse período, 21 leis temporárias, destinadas a regular essa situação. Além disso, é importante trazer em comento que o carnaval de 1950 foi marcado por diversos repertórios carnavalescos que se referiam, sobretudo, à situação da vida cotidiana e dos problemas enfrentados naquela época. Foi um período marcado por músicas populares, que registravam o contexto social, e fazia parte desse contexto o repasse de propriedades visando apenas o ganho financeiro, em um período no qual o caos social instalado já dificultava o acesso à moradia para as pessoas. Relativamente a esse problema da moradia, tem-se como exemplo a marcha carnavalesca “daqui não saio, daqui ninguém me tira”. “Daqui não saio / Daqui ninguém me tira / Daqui não saio / Daqui ninguém me tira /Onde é que eu vou morar? / O senhor tem paciência de esperar! Inda mais com quatro filhos / Onde é que vou parar? / Sei que o senhor / Tem razão de querer / A casa pra morar / Mas onde eu vou ficar? / Nesse mundo ninguém / Pede por esperar / Mas já dizem por aí / Que a vida vai melhorar.” (Marchinha de Carnaval) Foram marchinhas como essa que representavam a sociedade, falando do cotidiano e das necessidades populares, sendo a música um instrumento importante na reivindicação de diversos direitos, bem como na retratação de inúmeras situações pelas quais passava a sociedade. Tais músicas são, portanto, produto da sociedade, que serviram de impulso para diversas transformações sociais ocorridas na época, servindo igualmente de registro da história. Em ato contínuo, é instituído em 27 de agosto de 1964 (Lei Federal 4.380) o Banco Nacional de Habitação (BNH), no intuito de que fosse instituída uma política habitacional com projetos capazes de atender e apoiar as massas populares, sendo um marco na história da política habitacional do país. "Aqui se pretende fazer uma análise bibliográfica sobre a política habitacional no Brasil no período que corresponde do primeiro governo de Getúlio Vargas, iniciado em 1930, até o governo de Fernando Collor de Mello. Busca-se demonstrar, a partir da análise histórica das políticas urbanas adotadas no Brasil ao longo do período acima citado, que a lógica de subordinar a política urbana e habitacional aos interesses da reprodução das relações capitalistas de produção orientou a ação do Estado, estando, inclusive, acima das próprias necessidades de superar o déficit habitacional das camadas populares gerado pelo processo de urbanização brasileiro. [...] 12 Em 1964, após o Golpe Militar que derrubou o governo João Goulart, o novo governo que se estabeleceu criou o Sistema Financeiro de Habitação juntamente com o Banco Nacional de Habitação (SFH/BNH) com a missão de “estimular a construção de habitações de interesse social e o financiamento da aquisição da casa própria, especialmente pelas classes da população de menor renda. [Lei nº 4 380/64 de 21 de agosto de 1964]. [...] O BNH desde a sua constituição teve uma lógica que fez com que todas as suas operações tivessem a orientação de transmitir as suas funções para a iniciativa privada. O banco arrecadava os recursos financeiros e em seguida os transferia para os agentes privados intermediários. [...] Assim, o SFH/BNH era na verdade um eficaz agente de dinamização da economia nacional desempenhando um importante papel junto ao capital imobiliário nacional, fugindo do seu objetivo principal, pelo menos o que era dito, de ser o indutor das políticas habitacionais para superação do déficit de moradia." (BOTEGA, 2007, p. 66-72). Com isso, houve um grande estímulo no setor da construção civil, de forma que equilibrou a lei de procura x oferta, possibilitando, inclusive, ao locatário, que antes não tinha condições sequer de adquirir um imóvel próprio, o fazer com a diversidade de investimentos após esse período. É nessa conjuntura que em 1991 nasce a Lei do Inquilinato vigente (Lei n.º 8.245/91), reunindo neste dispositivo todas as transformações e evoluções que o tema sobre a locação de imóveis enfrentou, transformações e evoluções estas aqui externadas de forma introdutória. Assim, o legislador conseguiu agregar conceitos, princípios e questões importantes na referida lei, de forma que se faz totalmente necessário o conhecimento desta, a fim de que o contexto no qual se insere o tema sobre contratos de locação possa atuar da forma mais justa e transparente possível, a fim de que ambas as partes do contrato sejam respeitas e tenham seus direitos garantidos e seus conflitos dirimidos. 1.2 Leis e normas fundamentais Depois de observados alguns aspectos históricos e gerais sobre a locação de imóveis, ainda que de forma resumida, passaremos agora à exposição e à análise dos aspectos principais da locação do imóvel urbano à luz da Lei n.º 8.245/91, anteriormente citada e que se refere à Lei do Inquilinato. 13 Importante referir, de início, que há três modalidades de locação: • Locação de coisas; • Locação de serviços; • Locação de obra. Como já apresentada anteriormente, a locação imobiliária vem justamente disciplinada pela Lei do Inquilinato. Já no artigo 1.º da referida lei, esta aponta quais as locações continuam a ser reguladas pelo Código Civil e pela legislação especial: Art. 1º A locação de imóvel urbano regula - se pelo disposto nesta lei: Parágrafo único. Continuam regulados pelo Código Civil e pelas leis especiais: a) as locações: 1. de imóveis de propriedade da União, dos Estados e dos Municípios, de suas autarquias e fundações públicas; 2. de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamento de veículos; 3. de espaços destinados à publicidade; 4. em apart- hotéis,hotéis - residência ou equiparados, assim considerados aqueles que prestam serviços regulares a seus usuários e como tais sejam autorizados a funcionar; b) o arrendamento mercantil, em qualquer de suas modalidades. De forma suscinta, referidas locações continuam a ser reguladas pelo Código Civil e pela legislação especial, por exemplo, porque no caso de bens dos entes federativos e das respectivas autarquias e fundações públicas, prevalece o interesse público, de forma que estas locações não possam se submeter ao regime privado. Relativamente aos espaços de publicidade, esse espaço deve se sujeitar às regras do poder de política, de acordo com os artigos 29 e 30 da Constituição. Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios 14 estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo o País; II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios com mais de duzentos mil eleitores; III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano subseqüente ao da eleição; * Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. Excluem-se também desse âmbito os bens imóveis e os imóveis rurais, motivo pelo qual depreende-se que a Lei de Inquilinato se aplica aos imóveis urbanos destinados à residência, ou à atividade comercial. Levando-se em consideração a aplicação desta Lei a imóveis urbanos destinados à residência ou à atividade comercial, a Lei do Inquilinato faz referência a três grupos distintos de locação, quais sejam: 15 • Locação residencial, que se subdivide em: ➢ A) com prazo certo igual ou superior a trinta meses, contratada por escrito; Art. 46. Nas locações ajustadas por escrito e por prazo igual ou superior a trinta meses, a resolução do contrato ocorrerá findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou aviso. § 1º Findo o prazo ajustado, se o locatário continuar na posse do imóvel alugado por mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir - se - á prorrogada a locação por prazo indeterminado, mantidas as demais cláusulas e condições do contrato. § 2º Ocorrendo a prorrogação, o locador poderá denunciar o contrato a qualquer tempo, concedido o prazo de trinta dias para desocupação. ➢ B) com prazo indeterminado ou inferior a trinta meses. Art. 47. Quando ajustada verbalmente ou por escrito e como prazo inferior a trinta meses, findo o prazo estabelecido, a locação prorroga - se automaticamente, por prazo indeterminado, somente podendo ser retomado o imóvel: I - Nos casos do art. 9º; II - em decorrência de extinção do contrato de trabalho, se a ocupação do imóvel pelo locatário relacionada com o seu emprego; III - se for pedido para uso próprio, de seu cônjuge ou companheiro, ou para uso residencial de ascendente ou descendente que não disponha, assim como seu cônjuge ou companheiro, de imóvel residencial próprio; IV - se for pedido para demolição e edificação licenciada ou para a realização de obras aprovadas pelo Poder Público, que aumentem a área construída, em, no mínimo, vinte por cento ou, se o imóvel for destinado a exploração de hotel ou pensão, em cinqüenta por cento; V - se a vigência ininterrupta da locação ultrapassar cinco anos. § 1º Na hipótese do inciso III, a necessidade deverá ser judicialmente demonstrada, se: a) O retomante, alegando necessidade de usar o imóvel, estiver ocupando, com a mesma finalidade, outro de sua propriedade situado nas mesma localidade ou, residindo ou utilizando imóvel alheio, já tiver retomado o imóvel anteriormente; b) o ascendente ou descendente, beneficiário da retomada, residir em imóvel próprio. 16 § 2º Nas hipóteses dos incisos III e IV, o retomante deverá comprovar ser proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, em caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à matrícula do mesmo. • Locação não residencial, que se subdivide em: ➢ A) locação comercial com direito à renovatória; Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente: I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado; II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos; III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos. § 1º O direito assegurado neste artigo poderá ser exercido pelos cessionários ou sucessores da locação; no caso de sublocação total do imóvel, o direito a renovação somente poderá ser exercido pelo sublocatário. § 2º Quando o contrato autorizar que o locatário utilize o imóvel para as atividades de sociedade de que faça parte e que a esta passe a pertencer o fundo de comércio, o direito a renovação poderá ser exercido pelo locatário ou pela sociedade. § 3º Dissolvida a sociedade comercial por morte de um dos sócios, o sócio sobrevivente fica sub - rogado no direito a renovação, desde que continue no mesmo ramo. § 4º O direito a renovação do contrato estende - se às locações celebradas por indústrias e sociedades civis com fim lucrativo, regularmente constituídas, desde que ocorrentes os pressupostos previstos neste artigo. § 5º Do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de um ano, no máximo, até seis meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor. ➢ B) outras locações livres: Aqui temos o fato de que devemos observar se estas locações estão ou não acobertadas pela ação renovatória, pois, em caso de negativa, se submeterão às regras estipuladas pela Lei do Inquilinato. Importante destacar os aspectos referentes às locações celebradas com os estabelecimentos do artigo 53º, posto que 17 a lei se mostra ainda mais protetiva relativamente a estes estabelecimentos. Assim, pela relevância social e humanitária desses locais, elas são regidas por condições especiais. Art. 53 - Nas locações de imóveis utilizados por hospitais, unidades sanitárias oficiais, asilos, estabelecimentos de saúde e de ensino autorizados e fiscalizados pelo Poder Público, bem como por entidades religiosas devidamenteregistradas, o contrato somente poderá ser rescindido. (Redação dada pela Lei nº 9.256, de 9.1.1996) I - nas hipóteses do art. 9º; II - se o proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, em caráter irrevogável e imitido na posse, com título registrado, que haja quitado o preço da promessa ou que, não o tendo feito, seja autorizado pelo proprietário, pedir o imóvel para demolição, edificação, licenciada ou reforma que venha a resultar em aumento mínimo de cinqüenta por cento da área útil. • Locação especial, que tem por objeto imóveis destinados à temporada. Art. 48. Considera - se locação para temporada aquela destinada à residência temporária do locatário, para prática de lazer, realização de cursos, tratamento de saúde, feitura de obras em seu imóvel, e outros fatos que decorrem tão-somente de determinado tempo, e contratada por prazo não superior a noventa dias, esteja ou não mobiliado o imóvel. Parágrafo único. No caso de a locação envolver imóvel mobiliado, constará do contrato, obrigatoriamente, a descrição dos móveis e utensílios que o guarnecem, bem como o estado em que se encontram. Art. 49. O locador poderá receber de uma só vez e antecipadamente os aluguéis e encargos, bem como exigir qualquer das modalidades de garantia previstas no art. 37 para atender as demais obrigações do contrato. Art. 50. Findo o prazo ajustado, se o locatário permanecer no imóvel sem oposição do locador por mais de trinta dias, presumir - se - á prorrogada a locação por tempo indeterminado, não mais sendo exigível o pagamento antecipado do aluguel e dos encargos. Parágrafo único. Ocorrendo a prorrogação, o locador somente poderá denunciar o contrato após trinta meses de seu início ou nas hipóteses do art. 47. Há outros aspectos importantes que precisam ser levados em consideração, relativamente à legislação sobre locação de imóveis, a saber, sobre a alienação do imóvel durante a locação, trazido no artigo 8º da Lei do Inquilinato, que permite a denúncia do contrato dentro do prazo de 90 dias. Ressalta-se que essa regra 18 aplica-se a todas as modalidades de locação, exceto se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência devidamente registrado. Art. 8º Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel. § 1º Idêntico direito terá o promissário comprador e o promissário cessionário, em caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à matrícula do mesmo. § 2º A denúncia deverá ser exercitada no prazo de noventa dias contados do registro da venda ou do compromisso, presumindo - se, após esse prazo, a concordância na manutenção da locação. Ainda, importante destacar nas situações em que ocorre a morte do locador ou do locatário, situações nas quais a relação locatícia não desparece. Tal situação vem referida nos artigos abaixo apresentados e definem de que forma essa relação locatícia se dará caso ocorra a morte do locador ou locatário. Art. 10. Morrendo o locador, a locação transmite - se aos herdeiros. Art. 11. Morrendo o locatário, ficarão sub - rogados nos seus direitos e obrigações: I - nas locações com finalidade residencial, o cônjuge sobrevivente ou o companheiro e, sucessivamente, os herdeiros necessários e as pessoas que viviam na dependência econômica do de cujus , desde que residentes no imóvel; II - nas locações com finalidade não residencial, o espólio e, se for o caso, seu sucessor no negócio. Tem-se ainda que, nas hipóteses de separação e divórcio do locatário, o artigo 12º da comentada Lei estende a locação ao cônjuge ou companheiro que permanecer no imóvel locado, devendo haver uma comunicação de tal fato por escrito ao locador no prazo de 30 dias, para que as devidas providências venham a ser tomadas relativamente à locação em causa. Art. 12. Em casos de separação de fato, separação judicial, divórcio ou dissolução da união estável, a locação residencial prosseguirá automaticamente com o cônjuge ou companheiro que permanecer no imóvel. (Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009) 19 § 1o Nas hipóteses previstas neste artigo e no art. 11, a sub-rogação será comunicada por escrito ao locador e ao fiador, se esta for a modalidade de garantia locatícia. (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009) § 2o O fiador poderá exonerar-se das suas responsabilidades no prazo de 30 (trinta) dias contado do recebimento da comunicação oferecida pelo sub-rogado, ficando responsável pelos efeitos da fiança durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador. (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009) Por fim, com relação a cessão, sublocação e empréstimo do imóvel em locação, tem-se que há uma vedação nesse tipo de procedimento caso não ocorra um prévio consentimento expresso do locador, como indica o artigo 13º, podendo, inclusive, ser motivo para rescisão do contrato de locação. Nota-se, por isso, que há uma considerável liberdade negocial, que nas palavras de Perlingieri constitui o seguinte: Mas, quando a liberdade negocial e contratual têm justificação não em si, mas em outros princípios e valores do sistema, quando o próprio sistema não é mais apenas Estado de Direito, mas Estado Social de Direito, caracterizado por princípios fortes como a solidariedade e o personalismo, a escolha não pode deixar de ser axiologicamente conforme o ordenamento. O ato negocial é válido não tanto porque desejado, mas se, e apenas se, destinado a realizar, segundo um ordenamento fundado no personalismo e no solidarismo, um interesse merecedor de tutela. (PERLINGIERI, p. 371). 20 CAPÍTULO 1 – RECAPITULANDO QUESTÕES DE CONCURSOS Capítulo 1 Questão 1 Ano: 2011 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Nível: Superior Prova: Juiz Sobre as locações de espaço em “Shopping Centers”, indique a alternativa correta. (A) O locador não poderá recusar a renovação do contrato, com fundamento no uso por ele próprio do imóvel. (B) O locador poderá cobrar do lojista, havendo previsão contratual, o custo rateado da pintura das fachadas. (C) O locador poderá recusar a renovação do contrato, com fundamento na transferência de fundo de comércio existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador, seu cônjuge, ascendente ou descen- dente. (D) O locatário terá direito à renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente, o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado, o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos e o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de dois anos. (E) Do direito à renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de dois anos, no máximo, até um ano, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor. Questão 2 Ano: 2012 Banca: TJ-SC Órgão: TJ-SC Nível: Superior Prova: Titular de Serviços de Notas e de Registros - Remoção 21 Quanto às locações regidas pela Lei n. 8.245/1991: I. Os processos tramitam durante as férias forenses, porém se suspendem pela superveniência delas. II. Salvo se outro houver sido eleito no contrato, é competente para conhecer e julgar as ações o foro do lugar da situação do imóvel. III. Nas ações de despejo por falta de pagamento, o valor da causa corresponderá ao débito pendente. IV. A citação será sempre mediante correspondência com aviso de recebimento. V. Os recursos interpostos contra as sentenças terão efeito somente devolutivo. (A) Somente as proposiçõesII e V estão corretas. (B) Somente as proposições I, III e IV estão corretas. (C) Somente as proposições I e II estão corretas. (D) Somente as proposições II, III e IV estão corretas. (E) Todas as proposições estão corretas. Questão 3 Ano: 2013 Banca: FGV Órgão: TJ-AM Nível: Superior Prova: Juiz No que se refere à locação predial urbana, assinale a afirmativa correta. (A) O locatário tem a obrigação de pagar os impostos e as taxas que incidam ou venham a incidir sobre o imóvel, assim como as despesas de telefone, luz, gás, água e esgoto. (B) O locatário pode devolver o imóvel alugado, durante o prazo estipulado para a duração do contrato, pagando o valor dos alugueis correspondentes ao período que falta para o término do contrato. 22 (C) Em caso de óbito do locatário, ficarão sub-rogados nos seus direitos e obrigações, nas locações residenciais, o cônjuge sobrevivente ou o companheiro e, sucessivamente, os descendentes, ascendentes e os colaterais até o terceiro grau. (D) As benfeitorias necessárias e úteis introduzidas pelo locatário, salvo expressa disposição contratual em contrário, ainda que não autorizadas pelo locador, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção. (E) O locador, em locação por temporada, poderá receber de uma só vez e antecipadamente os aluguéis e encargos. Questão 4 Ano: 2013 Banca: CESGRANRIO Órgão: IBGE Nível: Superior Prova: Analista - Recursos Materiais e Logística O gerente de logística de uma empresa é responsável pelos alugueres dos executivos da companhia. Ao procurar imóvel para um dos superintendentes, depara-se com a exigência de garantia por dois anos, prazo da duração do contrato de aluguel. Uma das garantias previstas na Lei n° 8.245, de 18 de outubro de 1991, consiste em (A) cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento. (B) dação em pagamento de outro imóvel. (C) comodato de móveis indicados pelo senhorio. (D) empréstimo garantido em nome do locador. (E) inventário de bens do locatário. Questão 5 Ano: 2014 Banca: FCC Órgão: TJ-AP Nível: Superior Prova: Juiz 23 O locatário preterido no seu direito de preferência para a aquisição do imóvel locado, (A) nada poderá reclamar se não manifestar de maneira inequívoca sua aceitação integral à proposta, no prazo máximo de 15 dias. (B) poderá reclamar do alienante as perdas e danos ou, depositando o preço e demais despesas do ato de transferência, haver para si o imóvel locado, se o requerer no prazo de 6 meses, a contar do registro do ato no cartório de imóveis, desde que o contrato de locação contenha cláusula de vigência e esteja averbado pelo menos 30 dias antes da alienação junto à matrícula do imóvel. (C) só poderá reclamar do alienante as perdas e danos, mas em nenhuma hipótese poderá haver para si o imóvel que já tiver sido alienado, com título registrado no Serviço de Registro de Imóveis. (D) poderá exercer seu direito à aquisição do imóvel locado que foi alienado, mesmo que o adquirente seja um dos condôminos do imóvel. (E) não poderá exercer seu direito de preferência se a alienação se der por dação em pagamento, doação ou permuta. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE A locação de imóveis apresenta natureza jurídica de contrato bilateral, comutativo, oneroso, consensual, assim como uma relação duradoura e não solene. Diante desse sentido, apresente quais são as principais legislações aplicáveis para a locação imobiliária? TREINO INÉDITO Assunto: Modalidades da Locação de Imóveis A Lei nº 8.245/91 é a responsável por dispor e tratar acerca de vários assuntos e determinações relativas do direito imobiliário, tendo como foco principal a locação de imóveis. Dessa forma, assinale a alternativa incorreta acerca das modalidades de locação 24 A) Existem duas modalidades de locação, sendo essa a locação das coisas e a locação de serviços; B) A locação de coisas é uma das modalidades abordadas pela locação de imóveis; C) A locação de obras é considerada como um resultado moderno do contrato de empreitada; D) A locação de serviços é melhor abordada pelos preceitos do contrato trabalho, assim como pela legislação trabalhista; E) Todas as alternativas estão incorretas. NA MÍDIA O novo mercado imobiliário: perspectivas, tendências e oportunidades Há uma certeza inabalável na economia: crise e euforia acabam. Essa lógica também vale para o mercado imobiliário e a baixa que durou cinco anos, finalmente, acabou. De acordo com o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), o setor da construção civil movimentou R$ 57,7 bilhões em 2018, aumento de 33% em comparação com 2017. Só em São Paulo, a pesquisa anual do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), foram 29,9 mil novas unidades construídas no ano passado – aumento de 26,7% na oferta. Outros indicadores econômicos, como o PIB e a taxa Selic, também mostram dados positivos. O Brasil teve um período de crescimento acentuado entre 2008 e 2014, época em que os preços dos imóveis dispararam. No estado de São Paulo, a alta foi de 200%. No Rio, quase 250%. Esse longo período de crescimento foi chacoalhado pelo reflexo tardio de uma recessão mundial, o que resultou na estagnação imobiliária. Os bancos iniciaram uma forte restrição de crédito a partir de 2013, cortando os financiamentos à metade. Fonte: InfoMoney Data: 25 de setembro de 2019 Leia a notícia na íntegra: https://lp.infomoney.com.br/panorama-novo-mercado- imobiliario 25 NA PRÁTICA O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável aos contratos locatícios regidos pela Lei n. 8.245/91. Precedentes: AgRg no AREsp 101712/RS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 03/11/2015, DJe 06/11/2015;AgRg no AREsp 508335/SC, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 23/06/2015, DJe 03/08/2015; AgRg no AREsp361005/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 10/09/2013, DJe 17/09/2013; AgRg no AREsp 41062/GO,Rel. Ministro ANTÔNIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 07/05/2013, DJe 13/05/2013; AgRg no AREsp 272955/RS, Rel.Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/03/2013, DJe 25/03/2013; AgRg no AREsp 111983/RS, Rel. Ministro RICARDOVILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/08/2012, DJe 28/08/2012. (VIDE INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA N. 146). Fonte: http://www.stj.jus.br/internet_docs/jurisprudencia/jurisprudenciaemteses/Jurisprud%C 3%AAncia%20em%20teses%2053%20- %20Loca%C3%A7%C3%A3o%20de%20Im%C3%B3veis%20Urbanos%20- %20C%C3%B3pia.pdf PARA SABER MAIS Filme sobre o assunto: Manual de Avaliações e Perícias em Imóveis Urbanos – José Fiker Acesse o link: TJRS. Memorial do poder judiciário. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/export/poder_judiciario/historia/memorial_do_poder_judiciario /memorial_judiciario_gaucho/revista_justica_e_historia/issn_1676- 5834/v4n7/doc/01__Daniele_Silva_do_Nascimento_formatado.pdf http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Comunicacao/Ultimas-noticias> Acesso em 13 de jan. 2019. http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Comunicacao/Ultimas-noticias 26 CAPÍTULO 2 CONTRATO NA LOCAÇÃO DE IMÓVEIS 27 CAPÍTULO 2 – CONTRATO NA LOCAÇÃO DE IMÓVEIS 2.1 Principais aspectos dos contratos Para que o contrato na locação de imóveis possa cumprir com a sua finalidade, é necessário que cumpra alguns requisitos e observe alguns aspectos, a fim de que tenha eficácia. Por este motivo, observaremos algumas características dos contratos em geral e, posteriormente, do contrato de locação, especificamente, a fim de que ao final, o aluno possa compreender de que forma os sobreditos contratos se apresentam. Como já dito anteriormente, os contratos já fazem partedas relações humanas desde muito tempo, pois, mesmo nos primórdios, os homens entre si celebravam contratos, fossem eles para estabelecer regras de convivência ou mesmo para realizar trocas comerciais, por exemplo. Mesmo que não estivéssemos diante de um contrato escrito, com todas as formalidades as quais são necessárias e que temos conhecimento nos dias atuais, os contratos, apesar de verbais, possuíam muita força e permitiam que determinados grupos de indivíduos pudessem se fazer cumprir tais contratos. Podemos vislumbrar isso já no Código de Hamurabi, que trazia em seu artigo 268 e seguintes o abaixo transcrito. “268º - Se alguém aluga um boi para debulhar, a paga é vinte ka de trigo. 269º - Se alguém aluga um burro para debulhar, a paga e vinte ka de trigo. 270º - Se alguém aluga um animal jovem para debulhar, a paga é dez ka de trigo. 271º - Se alguém aluga bois, carros, e guardas, deverá dar cento e oitenta ka de trigo por dia. 272º - Se alguém aluga um carro apenas, deverá dar quarenta ka de trigo por dia. 273º - Se alguém aluga um lavrador mercenário, lhe deverá dar do novo ano ao quinto mês seis se por dia; do sexto mês até o fim do ano lhe deverá dar cinco se por dia. 274º - Se alguém aluga um operário, lhe deverá dar cada dia: cinco se pelo tijoleiro. cinco se, pelo alfaiate. cinco se, pelo canteiro. quatro se, pelo carpinteiro. 28 quatro se, pelo cordoeiro. quatro se, pelo pedreiro. 275º - Se alguém aluga um barco a vela deverá dar seis se por dia como paga. 276º - Se ele aluga um barco a remos, dois se e meio por dia. 277º - Se alguém aluga um barco de sessenta gur, deverá dar um sexto de siclo, por dia em paga. 278º - Se alguém compra um escravo ou uma escrava e, antes que decorra um mês, eles são feridos do mal benu, ele deverá restituí-los ao vendedor e o comprador receberá em seguida o dinheiro que pagou. 279º - Se alguém compra um escravo ou uma escrava e outro propõe ação sobre eles, o vendedor é responsável pela ação. Dessa forma, desde muito tempo podemos observar a existência de contratos entre os indivíduos, mesmo nas primeiras comunidades existentes. Inclusive, no período romano, o contrato apresentou significativa relevância no sentido de fazer parte de várias operações realizadas naquela época, dado que o simples acordo de vontades, por exemplo, não seria suficiente para submeter alguma das partes a cumprir determinada obrigação. Sobre a existência desses contratos no período romano, destaca-se o trazido por Naves: “[...] podemos perceber a utilização de três vocábulos para designar fenômenos semelhantes: convenção, contrato e pacto. A convenção era gênero e as espécies eram o contrato e o pacto. Contratos eram convenções normatizadas e por isso protegidas pela via da actio. Três eram as espécies contratuais: a) litteris, que exigia inscrição no livro do credor (denominado de codex); b) re, que se fazia pela tradição efetiva da coisa; e c) verbis, que se celebrava pela troca de expressões orais, como em um ritual religioso. Esses contratos tinham proteção judicial prevista pelo ius civile, podendo reclamar via actio sua execução. [...] o pacto era um acordo não previsto em lei. Não exigia forma especial, nem era protegido pelaactio” (NAVES, 2007, p. 231 e 232) Ainda, sobre os contratos na época romana, podemos destacar o seguinte: A noção que os romanos tinham de contrato difere, em muito, da que temos nos dias de hoje. De fato, "durante toda a evolução do direito romano, só se enquadram entre os contratos os acordos de vontade que se destinam a criar relações jurídicas obrigacionais (e não, como no direito moderno, a criar, regular ou extinguir relações jurídicas em geral (...) Em Roma, nem todo acordo de vontade lícito gera obrigações: contrato (contractus) e pacto (pactum, conuentió) eram acordos de vontade, mas, ao passo que aquele produzia obrigações, este, em regra, não". (MOREIRA ALVES, 2000, p. 47) 29 Posto isso, e ultrapassada essa questão acerca da existência dos contratos desde os primórdios, falaremos a respeito dos contratos em geral. E sobre o tema há de se destacar que os contratos podem ser: • Onerosos: quando alguma das partes ganha algo equivalente à prestação, fazendo com que ocorra um equilíbrio entre as partes, no sentido de que uma “perderá” algo, mas ganhará igualmente algo em contraprestação, e a outra pagará algo para adquirir determinada coisa, como ocorre no contrato de compra e venda, por exemplo. Ou seja, há um equilíbrio entre as partes, porque ambas perdem e ganham na mesma proporção, a fim de que saiam satisfeitos nas suas pretensões. • Gratuito: aqui não podemos dizer que uma das partes ganhará algo equivalente a sua prestação, pois, só uma das partes irá ganhar e, consequentemente, só uma das partes irá perder. Notamos aqui que haverá, portanto, um desequilíbrio econômico, observado por exemplo nas situações em que alguma das partes doa algo, pois, nesse caso irá “perder” algo sem necessariamente levar nada em troca, nenhuma prestação equivalente a essa doação. Podem ainda os contratos serem: • Comutativos: quando desde antes, ambas as partes sabem os efeitos que sobredito contrato irá produzir. Citando o mesmo contrato de compra e venda anteriormente mencionado, quando da celebração desse contrato as partes já sabem quais efeitos serão produzidos, nomeadamente porque sabem que um irá entregar o bem em questão, e o outro o valor como prestação por esse bem. • Aleatório: nesse tipo de contrato, as partes não podem prever os efeitos que aqui serão produzidos, por isso, diz-se que é um contrato de risco. Temos como exemplo o contrato de seguro, de determinado automóvel, no qual 30 ambas as partes celebram um contrato, mas não necessariamente sabem se poderá haver algum acidente ou alguma situação, na qual uma das partes poderá ser indenizada. Relativamente a este tipo de contrato, o Código Civil apresenta em seus artigos 458 a 461 modalidades de contratos de compra e venda, que se apresentam como contratos aleatórios. Vejamos: Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir. Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido. Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato. Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa. O contrato pode ainda ser: • Consensual: consubstancia-se pelo fato do contrato se basear na vontade das partes. Ou seja, o contrato aqui irá se formar quando, a seguir de uma proposta realizada, ter a aceitação dessa proposta. Em regra, esse é o tipo de contrato que se celebra, pois, tem como base a vontade das partes, citando mais uma vez o exemplo do contrato de compra e venda. • Real: diz respeito ao contrato que só se estabelece após a tradição. Ou seja,após a entrega do bem que foi anteriormente acordado entre as partes. 31 Nesse tipo de contrato, há três modalidades, quais sejam: mútuo, comodato e depósito. • Contrato de Execução instantânea: refere-se àquele contrato que em um único momento é cumprido. Em outras palavras, esse tipo de contrato é cumprido em uma só vez, qual seja, no momento da celebração do contrato. Podemos citar como exemplo os contratos de compra e venda, quando o pagamento se dá à vista, situação na qual de uma só vez esse contrato é cumprido. • Contrato de Execução continuada: já este tipo de contrato faz referência ao contrato que é cumprido em cotas periódicas, diferentemente do contrato acima explicado. Aproveitando o ensejo do mesmo exemplo citado anteriormente, o contrato de compra e venda, no qual o pagamento se dê de forma parcelada, é considerado um contrato de execução continuada, pois, não se resolve em uma só vez, ao contrário, se resolverá em prestações. • Contrato de execução diferida: nessa situação, o contrato também será cumprido em prestação, só que a diferença é que será cumprido em prestações de uma só vez, futuramente. Aqui não há que se falar em prestações continuadas, mas sim quando há, por exemplo, um contrato de compra e venda com pagamento a prazo. Será feito no futuro, mas de uma só vez. • Contrato entre presentes: nesse tipo de contrato há uma falsa ideia, de que as partes precisam se fazer presentes, fisicamente, para que se configure o contrato entre presentes. Mas não é bem esse o caso, pois, há aqueles contratos nos quais, com o suporte da tecnologia, eles se realizam entre pessoas que não necessariamente estão se fazendo presentes fisicamente, mas se realiza em tempo real. Ou seja, aqui a questão se refere à formação do contrato. Sendo o contrato realizado em tempo real, com a proposta e a 32 aceitação se dando igualmente em tempo real, temos um contrato entre presentes. • Contrato entre ausentes: diferentemente do contrato acima exposto, o contrato entre ausentes se dá quando a proposta e a aceitação não necessariamente acontecem em tempo real. Como exemplo, temos aqueles contratos que são firmados por carta ou por e-mail, pois, apesar de serem realizados, não necessariamente o momento da proposta coincidiu com o momento da aceitação sendo, portanto, considerados contratos entre ausentes. Agora, especificamente no que diz respeito aos aspectos trazidos pela Lei 8.245/91, hão de ser observadas algumas peculiaridades referentes à Lei do Inquilinato e à realização do seu contrato. Por ora, já se observou que um contrato de locação se dá quando uma das partes transfere a posse de um bem em favor do locatário, mediante justamente o pagamento de um valor que denominamos aluguel, sendo por tempo determinado ou não. Observou-se ainda que o contrato aqui em questão se dá de maneira consensual, haja vista que em regra não se faz necessária nenhuma solenidade específica. É oneroso, pois, como dito anteriormente, se dá mediante o pagamento de um valor e intuito personae, posto que a sublocação é uma exceção. Da mesma maneira, há também alguns aspectos que são igualmente importantes e que devem ser analisados na observância da Lei 8.245/91. Nas ações de despejo, por exemplo, está prevista do artigo 59 ao 66 da referida lei, a forma com a qual o locador pode tentar recuperar o imóvel objeto da locação. Nesse tipo de ação, tem-se a natureza de ação de rescisão de dissolução contratual, de caráter pessoal. E segue o rito ordinário como demonstrado nos artigos a seguir: Art. 59. Com as modificações constantes deste capítulo, as ações de despejo terão o rito ordinário. § 1º Conceder - se - á liminar para desocupação em quinze dias, independentemente da audiência da parte contrária e desde que prestada a caução no valor equivalente a três meses de aluguel, nas ações que tiverem por fundamento exclusivo: 33 I - o descumprimento do mútuo acordo (art. 9º, inciso I), celebrado por escrito e assinado pelas partes e por duas testemunhas, no qual tenha sido ajustado o prazo mínimo de seis meses para desocupação, contado da assinatura do instrumento; II - o disposto no inciso II do art. 47, havendo prova escrita da rescisão do contrato de trabalho ou sendo ela demonstrada em audiência prévia; III - o término do prazo da locação para temporada, tendo sido proposta a ação de despejo em até trinta dias após o vencimento do contrato; IV - a morte do locatário sem deixar sucessor legítimo na locação, de acordo com o referido no inciso I do art. 11, permanecendo no imóvel pessoas não autorizadas por lei; V - a permanência do sublocatário no imóvel, extinta a locação, celebrada com o locatário. VI – o disposto no inciso IV do art. 9o, havendo a necessidade de se produzir reparações urgentes no imóvel, determinadas pelo poder público, que não possam ser normalmente executadas com a permanência do locatário, ou, podendo, ele se recuse a consenti-las; (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009) VII – o término do prazo notificatório previsto no parágrafo único do art. 40, sem apresentação de nova garantia apta a manter a segurança inaugural do contrato; (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009) VIII – o término do prazo da locação não residencial, tendo sido proposta a ação em até 30 (trinta) dias do termo ou do cumprimento de notificação comunicando o intento de retomada; (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009) IX – a falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação no vencimento, estando o contrato desprovido de qualquer das garantias previstas no art. 37, por não ter sido contratada ou em caso de extinção ou pedido de exoneração dela, independentemente de motivo. (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009) § 2º Qualquer que seja o fundamento da ação dar - se - á ciência do pedido aos sublocatários, que poderão intervir no processo como assistentes. § 3o No caso do inciso IX do § 1o deste artigo, poderá o locatário evitar a rescisão da locação e elidir a liminar de desocupação se, dentro dos 15 (quinze) dias concedidos para a desocupação do imóvel e independentemente de cálculo, efetuar depósito judicial que contemple a totalidade dos valores devidos, na forma prevista no inciso II do art. 62. (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009) Art. 60. Nas ações de despejo fundadas no inciso IV do art. 9º, inciso IV do art. 47 e inciso II do art. 53, a petição inicial deverá ser instruída com prova da propriedade do imóvel ou do compromisso registrado. Art. 61 Nas ações fundadas no § 2º do art. 46 e nos incisos III e IV do art. 47, se o locatário, no prazo da contestação, manifestar sua concordância com a desocupação do imóvel, o juiz acolherá o pedido fixando prazo de seis meses para a desocupação, contados da citação, impondo ao vencido a responsabilidade pelas custas e honorários advocatícios de vinte por cento sobre o valor dado à causa. Se a desocupação ocorrer dentro do 34 prazo fixado, o réu ficará isento dessa responsabilidade; caso contrário, será expedido mandado de despejo. […] Art. 64. Salvo nas hipóteses das ações fundadas no art. 9o, a execução provisória do despejo dependerá de caução não inferior a 6 (seis) meses nem superior a 12 (doze) meses do aluguel, atualizado até a data da prestação da caução. (Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009) § 1° A caução poderá ser real ou fidejussória e será prestada nos autos da execução provisória. § 2° Ocorrendo a reforma da sentença ou da decisão que concedeu liminarmente o despejo, o valor da caução reverterá em favor do réu, como indenização mínima das perdas e danos, podendo este reclamar, em ação própria, a diferença pelo que a exceder. Art. 65. Findo o prazo assinado para a desocupação, contado da data da notificação, será efetuado o despejo, se necessário com emprego de força, inclusivearrombamento. § 1º Os móveis e utensílios serão entregues à guarda de depositário, se não os quiser retirar o despejado. § 2º O despejo não poderá ser executado até o trigésimo dia seguinte ao do falecimento do cônjuge, ascendente, descendente ou irmão de qualquer das pessoas que habitem o imóvel. Art. 66. Quando o imóvel for abandonado após ajuizada a ação, o locador poderá imitir-se na posse do imóvel. Ainda de acordo com recente entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o despejo quando para uso próprio, poderá ser inclusive proposto nos Juizados Especiais Cíveis, tendo em vista que os incisos do artigo 3º da Lei n. 9.099/95 não são cumulativos, e o inciso III do mesmo artigo não possui limite de valor, tanto para bens imóveis, como para os alugueres vencidos ou vincendos, se os mesmos existirem. Sobre o tema de ação de despejo, em acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, tem-se o seguinte: "AÇÃO DE DESPEJO - DENÚNCIA VAZIA - POSSIBILIDADE DE CONTAGEM DO PRAZO DE TRINTA MESES COM A UTILIZAÇÃO DE RENOVAÇÕES SUCESSIVAS POR PRAZO DETERMINADO - SENTENÇA MANTIDA - Em todas as locações residenciais por escrito, com prazo igual ou superior a trinta meses, admitindo-se para a contagem deste prazo a ocorrência de renovações sucessivas por prazo determinado, fica evidenciada a possibilidade da denúncia vazia, que é a faculdade de rescindir a locação sem a obrigação de demonstrar a razão ou a necessidade da retomada do imóvel, diferente do que ocorre quando o prazo é inferior a trinta meses, onde os locadores irão subordinar-se às restrições do artigo 47, ou seja, denúncia justificada. - Recurso Não Provido". http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12112.htm#art2 35 2.2 Princípios básicos norteadores: casos práticos Os princípios são fundamentais e funcionam como elementos indispensáveis ao Estado Democrático de Direito como garantidor dos direitos já esculpidos na lei. Pelo positivismo, os princípios funcionam como fonte normativa subsidiária e têm força no texto normativo, pois, derivam destas, e não somente de um ideal de justiça. Sobre a ideia de princípio como fundamental para a integralização do direito e sua melhor compreensão, assevera o professor Paulo de Barros Carvalho: Princípios são normas diretivas que informam e iluminam a compreensão de segmentos normativos, imprimindo-lhes um caráter de unidade relativa e servindo de fator de agregação num dado feixe de normas. Existem, nos preceitos legais, duas espécies de princípios: alguns estão expressos e outros estão implícitos. Entre os princípios expressos e os implícitos não há hierarquia, com apenas uma única exceção: o princípio da certeza do direito, pois todos os outros princípios atuam em conjunto harmônico para realizá-lo. (CARVALHO, 1993) Dessa forma, há diversos princípios contratuais que regem a matéria e que merecem atenção quando do estudo sobre o tema. O primeiro princípio que podemos referir é o princípio da: • autonomia da vontade, na qual prega que as partes são livres para contratar, contratando com quem quiser, se quiserem e sobre o que quiserem. Como já foi apresentado aqui, anteriormente, o contrato é um acordo de vontades e, por este motivo, a liberdade de contratar serve de base para todos os demais princípios que aqui serão apresentados, como por exemplo, a lei como instrumento limitador dessa liberdade de contratar. O princípio acima referido pode ser visualizado no que dispõe o artigo 421 do Código Civil, ao trazer que: TÍTULO V – Dos Contratos em Geral CAPÍTULO I – Disposições Gerais SEÇÃO I – Preliminares 36 Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. • Princípio da obrigatoriedade e a teoria da imprevisão (pacta sunt servanda x cláusula rebus sic stantibus): por este princípio, entende-se que as partes, como dito anteriormente, são livres para contratar com quem quiserem, mas em caso de realizarem esse contrato, passam a ser então obrigadas a cumprirem o contrato em questão. Isso decorre do fato de que o contrato cria um vínculo entre as partes através da lei, traduzindo-se no conhecido pacta sunt servanda, ou seja, os pactos devem ser cumpridos. Podemos observar a presença do princípio pacta sunt servanda no atual Código Civil, mas não de forma absoluta, pois, foi mitigado pela previsão da chamada cláusula rebus sic stantibus. Essa cláusula remonta o período da Idade Média, época marcada por guerras e conflitos feudais e que, por muitas vezes, tais conflitos não faziam valer o princípio do pacta sunt servanda pela impossibilidade de cumprimento dos contratos, dado o caos instalado na época. Por este motivo, essa cláusula surgiu como forma de permitir o fim de determinado contrato em caso de situações de guerras e conflitos feudais. Trazendo para os dias atuais, o atual Código Civil apresenta esse princípio de forma implícita ao estabelecer a teoria da imprevisão ou da onerosidade excessiva. Ou seja, se em determinado contrato fechado entre as partes se observar a presença de algum fato imprevisível, que venha a desequilibrar essa relação contratual, tornando-o excessivamente oneroso para alguma das partes, há a possibilidade de que a outra parte peça a resolução desse contrato, como dispõe o artigo 478 do Código Civil. Seção IV Da Resolução por Onerosidade Excessiva Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. 37 Como exemplo de situação desse tipo de contrato temos o leasing de um carro que tenha o valor atrelado ao dólar. O dólar hoje pode valer determinado valor e, em dia posterior, valer o dobro, dobrando, portanto, o valor que deveria ser pago. Nesse caso, uma das partes poderá pedir a resolução do contrato com base na teoria da imprevisão ou da onerosidade excessiva. Observa-se, por isso, que alguns elementos são necessários para que a teoria da imprevisão ou da onerosidade excessiva possa ser utilizada, quais sejam: ➢ Contrato de execução continuada ou diferida: aqui há a necessidade de que para se poder aplicar a teoria, o contrato em questão se prolongue no tempo, ou seja, quando a execução é continuada ou diferida no tempo. Se assim não o for, com uma execução instantânea, não haveria que se falar em fato futuro imprevisível que pudesse atingir referido contrato, por isso a necessidade de contrato de execução continuada ou diferida. ➢ Prestação excessivamente onerosa para uma das partes: É a ideia da teoria, a excessiva onerosidade para uma das partes, desequilibrando o contrato. ➢ Extrema vantagem para a outra parte: Não se confunde com o acima exposto, pois, aqui não basta tão somente ter ficado excessivamente oneroso para uma das partes. É necessário, ao mesmo tempo, que tenha refletido em uma extrema vantagem para a outra parte. ➢ Fato superveniente e imprevisível: Uma das partes só poderá recorrer a possibilidade de pedir a resolução do contrato se o desequilíbrio entre a relação contratual ocorrer mediante um fato superveniente, que as partes não podiam prever quando da celebração do contrato. Importante destacar aqui que em caso de resolução do contrato pela onerosidade excessiva, a sentença não deveria retroagir, só deixando sem efeitos os 38 atos praticados a partir da resolução. Ainda, o contrato em caso de possibilidade de resoluçãopela teoria da imprevisão ou onerosidade excessiva pode se manter, sem ser objeto necessariamente de resolução, no caso em que o contratante beneficiado concorde com a redução do seu ganho, reequilibrando as prestações. • Princípio da relatividade dos efeitos dos contratos: por esse princípio decorre o fato de que o contrato só produz efeito com relação às partes contratantes. Ou seja, o contrato aqui é inter partes (entre as partes). Nesse caso, tem-se que as partes envolvidas só podem se opor entre elas, e não relativamente a pessoas que não façam parte dessa relação contratual. Aqui, só as partes da relação contratual é que possuem direitos e deveres oriundos do contrato que celebraram, direitos e deveres estes que não se estendem a terceiros estranhos à relação contratual. • Princípio da função social do contrato: esse princípio já foi aqui debatido durante a explanação do conteúdo, e se apresenta de forma que o contrato não interessa apenas às partes contratantes, mas sim a toda sociedade, pois, ele repercute no meio social. Por esse princípio decorre o fato de abrirmos mão de parte da nossa liberdade individual em prol do interesse social, do interesse coletivo. Dessa forma, entendemos que caso o contrato em questão venha a repercutir de forma negativa para a sociedade, pode o juiz intervir justamente para a preservação desse interesse social, interesse coletivo. Podemos citar como exemplo a existência de um contrato com juros muito elevados. Os juros elevados não irão prejudicar tão somente a parte devedora, mas a sociedade como um todo, pois, fará com que outras pessoas igualmente não consigam arcar com as dívidas em virtude desses juros altos, o que diminuirá a circulação de créditos e os investimentos, por exemplo. O juiz nesse caso poderá intervir entre esses particulares, a fim de estipular juros que estejam de acordo com os valores do mercado. Ou seja, não é 39 somente a lei que impõe limites a liberdade de contratar, mas também o interesse social. • Princípio da boa-fé objetiva: Podemos observar esse princípio no que dispõe o artigo 422 do Código Civil. Esse princípio reflete a necessidade de ambas as partes contratantes agirem de boa-fé quando da celebração de um contrato. Boa-fé aqui significa agir com lealdade, com confiança, de forma que a relação contratual não reflita em uma luta em que há dois adversários, mas em parceiros que confiam um no outro e, por este motivo, agem de boa-fé durante a relação contratual. Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. Podemos citar como exemplo o caso no qual um casal de noivos pretende comprar suas alianças em determinada joalheria e opta por um modelo que é feito em ouro branco. Esse casal no dia da festa de noivado vem a ser surpreendido por alguns amigos a dizer que as alianças feitas em ouro branco, com o passar dos anos, fica amarelada. Os noivos, nesse caso, poderiam pedir a resolução do contrato, pois, sentiram-se enganados, tendo em vista que o vendedor não agiu de boa-fé, pois, não informou em momento algum esse detalhe, que seria extremamente relevante para a escolha das alianças. Sobre o tema, temos que essa boa-fé pode ser: • Objetiva: a boa-fé objetiva é aquela baseada nos padrões impostos pela sociedade, nomeadamente agir de forma correta, segundo um padrão de conduta, no qual vivemos em coletividade e é esse tipo de boa-fé que rege os contratos, pois, não depende do que acham os contratantes de forma individual, mas sim de regras que regem a sociedade como um todo e que são válidas para todos os indivíduos. • Subjetiva: enquanto que a boa-fé subjetiva diz respeito à boa-fé interior, ou seja, no que o contratante, de forma individual, acredita ser correto, ser o 40 certo. Não necessariamente o correto para um contratante poderá ser correto para o outro, pois, trata-se aqui de uma boa-fé intrínseca ao indivíduo e que depende de diversos fatores que influenciaram ao que determinado contratante acha ser correto ou não. Portanto, apesar da lei exigir que as partes contratantes ajam de boa-fé nas relações contratuais, não há necessariamente condutas enumeradas como permitidas ou proibidas. Caberá ao juiz, analisando cada caso concreto, se houve ou não alguma violação ao princípio da boa-fé objetiva, a fim de que se possa concluir se esse juiz pode ou não interferir na relação contratual, com a resolução ou não deste contrato. Importa salientar que o artigo 422 do Código Civil acima referido diz respeito à necessidade de que os contratantes atuem de boa-fé não somente no ato de conclusão do contrato, mas durante toda a sua execução. A boa-fé objetiva é fonte básica da interpretação do juiz sobre a validade ou não de um contrato, servindo de parâmetro para a análise de saber se o contrato é válido ou não, tanto no momento de sua celebração, execução ou, até mesmo, na sua fase pós-contratual. Se o ato não for realizado com base na boa-fé objetiva ou na boa-fé subjetiva, dependendo do caso, o contrato ou o ato contratual maculado de má-fé pode ser nulo ou anulado e, ainda, acarretar indenização. Dessa forma, referido princípio protege não só o contratante, mas a relação contratual como um todo, sendo regra básica quando da formulação de qualquer contrato. Nesse diapasão, a análise de algumas jurisprudências irá esclarecer e clarificar de que maneira a obrigação contratual se relaciona com os princípios aqui elencados, demonstrando que a apreciação jurisprudencial valoriza a função social dos contratos. A função social infligida ao contrato não pode desconsiderar seu papel primário e natural, que é o econômico. Ao assegurar a venda de sua colheita futura, é de se esperar que o produtor inclua nos seus cálculos todos os custos em que poderá incorrer, tanto os decorrentes dos próprios termos do contrato, como aqueles derivados das condições da lavoura. (REsp. 783404-GO – Min. Nancy Andrighi – 3 Turma - 28/06/07) * O exame da função social do contrato é um convite ao Poder Judiciário, para que ele construa soluções justas, rente à realidade da vida, 41 prestigiando prestações jurisdicionais intermediárias, razoáveis, harmonizadoras e que, sendo encontradas caso a caso, não cheguem a aniquilar nenhum dos outros valores que orientam o ordenamento jurídico, como a autonomia da vontade. Revista Brasileira de Direito Civil | ISSN 2358-6974 | Volume 1 – Jul / Set 2014 131 Não se deve admitir que a função social do contrato, princípio aberto que é, seja utilizada como pretexto para manter duas sociedades empresárias ligadas por vínculo contratual durante um longo e indefinido período. Na hipótese vertente a medida liminar foi deferida aos 18.08.2003, e, por isto, há mais de 5 anos as partes estão obrigadas a estarem contratadas. (Resp. 972.436-BA – Min. Nancy Andrighi – 3 Turma - 17/03/09) * Vale dar destaque as normas insertas nos arts. 421 e 422 do CC, as quais tratam, respectivamente, da função social do contrato e da boa-fé objetiva. A função social apresenta-se hodiernamente como um dos pilares da teoria contratual. É um princípio determinante e fundamental que, tendo origem na valoração da dignidade humana (art. 1 da CF), deve determinar a ordem econômica e jurídica, permitindo uma visão mais humanista dos contratos que deixou de ser apenas um meio para obtenção de lucro. (AgRg no REsp 1272995/RS - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL - 2011/0197420-7 – Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO – 1 Turma - 07/02/2012) Dessa forma, observa-se que os contratos se apresentam intrinsicamente ligados aos princípios, à medida que a jurisprudência dos nossos tribunais preza pela preservação da função social dos contratos, tratando-a como pilar da teoria contratual.Assim, a função social do contrato e o princípio da boa-fé, por exemplo, devem servir de base para a celebração de qualquer contrato, objetivando tornar justas e adequadas as obrigações inerentes a ambas as partes contratantes. 42 CAPÍTULO 2 – RECAPITULANDO QUESTÕES DE CONCURSOS Questão 1 Ano: 2014 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: TJ-MG Nível: Superior Prova: Juiz de Direito Substituto Pode o locador, num mesmo contrato, exigir do locatário qualquer das seguintes modalidades de garantia, EXCETO: (A) Fiança e seguro de fiança locatícia. (B) Cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento. (C) Caução. (D) Seguro de fiança locatícia. Questão 2 Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RJ Nível: Superior Prova: Juiz Substituto Conforme expressa previsão da lei que disciplina a ação renovatória de locação não residencial, é correto afirmar que (A) o prazo do contrato a renovar pode ser determinado ou indeterminado. (B) nas locações de espaço em shopping centers, o locador não poderá recusar a renovação do contrato sob alegação de uso próprio. (C) não poderá ser exercida pelos cessionários ou sucessores da locação. (D) a defesa do locador é adstrita às hipóteses previstas na lei de locações, visto constituírem numerus clausus. 43 Questão 3 Ano: 2015 Banca: FCC Órgão: TJ-PE Nível: Superior Prova: Juiz Substituto Em locação não residencial de imóvel urbano, na qual o locador procede à prévia aquisição, construção ou substancial reforma, por si mesmo ou por terceiros, do imóvel então especificado pelo pretendente à locação, a fim de que seja a este locado por prazo determinado, (A) poderá ser convencionada a renúncia ao direito de revisão do valor dos aluguéis durante o prazo de vigência do contrato de locação e em caso de denúncia antecipada do vínculo locatício pelo locatário, compromete-se este a cumprir a multa convencionada, que não excederá, porém, a soma dos valores dos aluguéis a receber até o termo final da locação. (B) prevalecerão as condições livremente pactuadas no contrato, não incidindo qualquer disposição restritiva prevista na legislação que rege a locação predial urbana, nem se admite a resilição unilateral pelo locatário, ou a retomada pelo locador, antes de findo o prazo contratual, salvo por falta de pagamento de aluguel e encargos da locação. (C) prevalecerão as condições livremente pactuadas no contrato que, entretanto, não poderá ser firmado por prazo inferior a dez anos e, salvo disposição expressa em sentido contrário, não admitirá ação revisional de aluguel, nem ação renovatória do contrato. (D) não poderá ser convencionada a renúncia ao direito de revisão do valor dos aluguéis durante o prazo de vigência do contrato de locação, mas o locatário poderá devolver o imóvel locado, pagando a multa pactuada, proporcional ao período de cumprimento do contrato, ou, na sua falta, a que for judicialmente estipulada. (E) prevalecerão as condições livremente pactuadas no contrato respectivo, e não se admite a rescisão do contrato antes do prazo contratual, exceto por falta de pagamento de aluguel e encargos da locação, nem a ação renovatória desse contrato ou a ação revisional de aluguel. 44 Questão 4 Ano: 2015 Banca: CS-UFG Órgão: AL-GO Nível: Superior Prova: Procurador A matéria relativa às locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes é objeto de minuciosa normatização pela Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991, conhecida como Lei do Inquilinato. No tocante às garantias locatícias, esse diploma legal prescreve: (A) a caução, a fiança, o seguro de fiança locatícia e o aval são modalidades específicas. (B) a presença de mais de uma das modalidades de garantia em um mesmo contrato de locação é permitida. (C) a garantia da locação, em qualquer modalidade, se estende até a efetiva devolução do imóvel, independentemente de disposição contratual em contrário. (D) a caução poderá ser em bens móveis ou imóveis. Questão 5 Ano: 2015 Banca: CONSULPLAN Órgão: TJ-MG Nível: Superior Prova: Titular de Serviços de Notas e de Registro - Remoção Sobre o que dispõe a Lei n. 8.245/1991, é correta a afirmação: (A) O direito de preferência do locatário caducará se não manifestada, de maneira inequívoca, sua aceitação integral à proposta, no prazo de cento e oitenta dias. (B) Considera - se locação não residencial quando o locatário for pessoa jurídica e o imóvel destinar - se ao uso de seus titulares, diretores, sócios, gerentes, executivos ou empregados. (C) Entende-se por despesa ordinária de condomínio a constituição de fundo de reserva. 45 (D) Não havendo acordo, o locador ou locatário, após dois anos de vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço de mercado. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE O contrato de aluguel residencial é um documento importante para determinar os tramites relativos à locação de imóveis, bem como os direitos e deveres dos locatórios e locadores. Nesse sentido, estabeleça o que não pode faltar em um contrato de aluguel. TREINO INÉDITO Assunto: Direitos relativos ao contrato de aluguel Os contratos relativos ao aluguel devem seguir vários procedimentos e ser firmados com o máximo de cuidado, para que nenhuma das partes envolvidas tenham os seus direitos lesados. Dessa maneira, assinale a alternativa correta sobre os contratos de locação de imóveis. A) O inquilino, antes de firmar o contrato, deve fazer uma visita ao imóvel e prestar atenção nas condições em que esse se encontra. B) O locador e o locatório devem procurar formas de garantir os seus direitos mediante a locação do imóvel. C) As reformas realizadas no imóvel, mesmo que tenham o intuito de valorizar o imóvel, necessitam do aval do proprietário para que sejam executadas. D) As multas presentes no contrato de aluguel residencial devem dispor acerca do atraso no pagamento da locação, assim como devem tratar sobre a rescisão ou a infração das cláusulas em questão. E) Todas as alternativas estão corretas. NA MÍDIA 46 Preços de novos contratos de aluguel sobem enquanto valor de venda de imóveis recuam, diz FipeZap O preço médio do aluguel residencial subiu acima da inflação nos primeiros nove meses do ano, de acordo com pesquisa FipeZap desta quarta-feira (16). Os dados são divulgados dias depois do levantamento de preço médio de venda, que apontou que os valores anunciados seguem avançando menos que a inflação - o que representa uma queda em termos reais. Segundo a pesquisa de preços para novos contratos de aluguel, de janeiro a setembro o valor médio subiu 3,84%, valor superior à inflação de 2,49% medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Com isso, o preço do aluguel residencial acumula neste ano uma alta real de 1,31%. Fonte: G1 Data: 16 de outubro de 2019 Leia a notícia na íntegra:https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/10/16/precos- de-novos-contratos-de-aluguel-sobem-enquanto-valor-de-venda-de-imoveis-recuam- diz-fipezap.ghtml NA PRÁTICA CONTRATO DE LOCAÇÃO Instrumento particular de Contrato de Locação de imóvel residencial que fazem entre si: LOCADOR: inserir nome, nacionalidade, profissão, estado civil, portador da cédula de identidade inserir número – expedida pela entidade-Estado, inscrito no CPF sob o noinserir número e residente na Rua, número – Bairro, Cidade – Estado. LOCATÁRIO: inserir nome, nacionalidade, profissão, estado civil, portador da cédula de identidade inserir número – expedida pela entidade-Estado, inscrito no CPF sob o noinserir número e residente na Rua, número – Bairro, Cidade – Estado. CLÁUSULAS E CONDIÇÕES 1a – OBJETO: Locação do apartamento númerodo apartamento do edifício inserir nome situado na rua nome da rua, noinserir, na cidade, com direito a uma vaga na garagem do subsolo, exclusiva do imóvel. 47 2a – DESTINAÇÃO: O imóvel destina-se única e exclusivamente a fins residenciais do locatário e sua família. 3a – PRAZO: O prazo de locação será de 30 (trinta) meses, iniciando-se em dia, mês e ano e terminando em dia, mês e ano, independentemente de qualquer aviso, notificação ou interpelação judicial. 4a – ALUGUEL: O aluguel mensal será de R$ valor em reais, a vencer pontualmente no dia inserir o dia de cada mês. As despesas condominiais serão pagas até o dia inserir o dia do mês, devendo o locador autorizar a administração do condomínio a enviar boletos para o pagamento diretamente ao locatário. 5a – TAXAS E DESPESAS: Por determinação do artigo 22, da Lei no 8.245/1991, compete ao locador pagar as taxas de administração imobiliária, se houver, e de intermediações, nestas compreendidas as despesas necessárias à aferição da idoneidade do pretendente ou de seu fiador. Além disso, cabe ainda ao locador pagar os impostos e as taxas, bem como o prêmio de seguro complementar contra fogo, que incidam ou venham a incidir sobre o imóvel. 6a – REAJUSTE: O aluguel mensal fixado na cláusula 4a será reajustado anualmente, com base no inserir índice, ou outro índice que porventura venha a substituí-lo. 7a – CONSERVAÇÃO: O imóvel está sendo entregue de acordo com o termo de vistoria anexo a este contrato, devendo o locatário manter o imóvel em perfeito estado de conservação, com suas instalações em funcionamento, como recebido no ato de assinatura deste contrato. 8a – DEVOLUÇÃO: Caso o locatário deseja devolver o imóvel antes do prazo ajustado, pagará uma multa referente ao valor de três aluguéis da data da devolução. 9a – OBRAS: O valor das benfeitorias necessárias poderá ser compensado com o valor do aluguel, desde que o montante a ser compensado a cada mês não ultrapasse 50% do valor do aluguel. O mesmo poderá ocorrer em relação às benfeitorias úteis, desde que haja concordância expressa e específica do locador. 10a – CESSÃO E TRANSFERÊNCIA: O locatário não poderá ceder ou transferir a outros o presente imóvel sem o prévio consentimento do locador. 11a – VENDA DO IMÓVEL: Na hipótese de venda do imóvel, obriga-se o locatário a permitir visitas, mediante combinação prévia de dia e hora, devendo ser oferecido o imóvel ao locatário previamente. 12a – ATRASO NO PAGAMENTO: O locatário é obrigado a pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação, legal ou contratualmente exigíveis, no prazo estipulado ou, em sua falta, até o inserir o diadia útil do mês seguinte ao vencido, junto à imobiliária. A multa por mora no cumprimento da obrigação será de especificar o percentual % do valor da prestação em atraso. 48 13a – RESCISÃO: O contrato somente será rescindido nos casos previstos nos artigos 8o, 9o, 46 e 47, da Lei no 8.245/1991. 14a – FORO: As partes elegem o Foro da cidade nome da cidade e do Estado, para as ações que resultem do presente contrato. 15a – GARANTIA: Como garantia ao cumprimento da obrigação, deixa o locatário desde já depositada na conta de poupança número da conta da agência número da agência do Banco nome do banco a quantia de R$ inserir valor, nos termos do artigo 38, da Lei no 8.245/1991. PARÁGRAFO ÚNICO: O valor referente ao depósito-caução, ao final da locação, poderá ser levantado pelo locatário, mediante a entrega das chaves e a comprovação do cumprimento de tudo o que ficou estipulado. Por estarem assim justos e acordados, assinam o presente em 2 (duas) vias de igual teor e forma, na presença das testemunhas. Cidade, dia do mês e ano. Nome e sobrenome Nome e sobrenome LOCADOR LOCATÁRIO TESTEMUNHAS: 1. 2. Nome e sobrenome Nome e sobrenome PARA SABER MAIS Livro sobre a temática:Direito Imobiliário – Teoria e Prática Acesse os links: DOM TOTAL. Locação de imóveis. Disponível em: <https://domtotal.com/noticia/1262389/2018/06/locacao-de-imoveis-urbanos-e-a- legislacao-brasileira/ https://jus.com.br/artigos/4376/aspectos-gerais-da-locacao-do-imovel-urbano> Acesso em: 13 jan. 2020. https://jus.com.br/artigos/4376/aspectos-gerais-da-locacao-do-imovel-urbano 49 CAPÍTULO 3 DIREITOS E DEVERES DE LOCADORES E LOCATÁRIOS 50 CAPÍTULO 3 – DIREITOS E DEVERES DE LOCADORES E LOCATÁRIOS 3.1 Direitos e deveres dos locadores A lei 8.245/91 foi clara ao estabelecer direitos e deveres do locador e locatário. Primeiramente, para que sejam esclarecidos todos esses direitos e deveres de ambos, é necessário entender a diferença entre eles. Relativamente ao locador, diz respeito à pessoa que possui determinado imóvel e cede para outra pessoa diversa, por meio de um contrato legal de locação. Sendo assim, o locatário será a pessoa que aluga esse imóvel do locador. Em alguns casos, é necessário que haja um fiador nesses contratos, que atua como garantidor de cumprimento do pagamento, em caso do locatário não arcar com tais responsabilidades. Assim: • Locador: sujeito que cede determinado imóvel, por meio de um contrato, recebendo a quantia referente ao acordado no sobretido contrato. • Locatário: sujeito que aluga determinado imóvel, sendo responsável pelo pagamento do aluguel, bem como do IPTU e demais taxas necessárias na celebração do acordo. Assim, entende-se que o locatário é o sujeito que irá alugar determinado imóvel, por meio do contrato de locação. Este mesmo sujeito pode ser chamado de inquilino ou arrendatário. Após esse contrato de locação, o locatário passa a se tornar responsável pelo pagamentodo aluguel, do imposto predial e territorial urbano (IPTU) e outras taxas que sejam aplicáveis ao contrato. Esse locatário pode, inclusive, ser representado por mais de uma pessoa ou por uma pessoa jurídica (empresa) e, em alguns casos, se faz necessário um fiador na relação contratual. Entende-se como sendo fiador aquela pessoa que servirá de garantia de pagamento, em caso do locatário não arcar com as suas obrigações financeiras apresentadas no contrato. Por este motivo, em caso de necessidade do fiador, este também deverá ser citado no devido contrato de locação. Há alguns tipos de fiador: 51 • Fiador pessoa física, que possui algum imóvel registrado em seu nome, e coloca o próprio imóvel como garantia de pagamento; • O fiador que coloca um valor utilizado como caução, valor este que é depositado para o locador e é devolvido ao fim do contrato, caso não haja problemas com o pagamento ou com o imóvel. No caso de haver algum tipo de problema, como o valor dado como causão é a garantia, o locador utilizará desse valor como forma de possíveis compensações. Deverá igualmente vir estipulado no contrato o valor da caução que está sendo acordado; • Seguro fiança contratado em uma seguradora ou banco. Nesse diapasão, o artigo 22 da Lei do Inquilinato define quais são os deveres do locador, sendo eles: - Entregar ao locatário o imóvel alugado em estado de servir ao uso a que se destina: ou seja, não pode ser entregue sem que seja em bom estado e para finalidade diversa da que foi acordada no contrato de locação. ➢ Garantir, durante o tempo da locação, o uso pacífico do imóvel locado: aqui, deve ser mantidos a forma do imóvel e o seu destino, de maneira que não venha prejudicar o locatário que alugou o imóvel para determinado fim, e tenha visto durante o tempo a que se determinou locar, dificuldades no uso desse imóvel. ➢ Manter, durante a locação, a forma e o destino do imóvel: mais uma vez, o artigo 22 reitera a importância de que o imóvel locado permaneça com a forma e o destino a quefora contratado. 52 ➢ Responder pelos vícios ou defeitos anteriores à locação: o locatário não pode vir a ser prejudicado com problemas e defeitos dos quais ele não teve participação, posto que vícios anteriores a locação devem ser de inteira responsabilidade do locador. ➢ Fornecer ao locatário, caso este solicite, descrição minuciosa do estado do imóvel, quando de sua entrega, com expressa referência aos eventuais defeitos existentes: aqui temos uma forma de garantir que o locatário não venha a ser prejudicado por eventuais defeitos e vícios que estavam no imóvel de forma anterior a sua locação. Por isso, é importante que esse dever do locador seja observado, como maneira de garantir e evitar que maiores problemas possam futuramente ser causados por não terem feito uma descrição minuciosa do estado em que se encontrava o imóvel locado. ➢ Fornecer ao locatário recibo discriminado das importâncias que foram pagas por ele, e por forma discriminada entende-se que sejam detalhados quais foram os valores pagos e por quais serviços, sendo, assim, vedada a quitação genérica: não é permitido que o locador dê quitação genérica, pois, isso abre margem para que determinadas quantias pagas não sejam devidamente consideradas posteriormente, dificultando a quitação em determinadas situações. Por isso, a importância de que o locador forneça ao locatário, de forma discriminada, recibos de todas as quantias que são pagas pelo locatário. ➢ Pagar as taxas de administração imobiliária, se houver, e de intermediações, nestas compreendidas as despesas necessárias à aferição da idoneidade do pretendente ou de seu fiador; ➢ Pagar os impostos e taxas, e ainda o prêmio de seguro complementar contra fogo, que incidam ou venham a incidir sobre o imóvel, salvo disposição expressa em contrário no contrato; 53 ➢ Exibir ao locatário, quando solicitado, os comprovantes relativos às parcelas que estejam sendo exigidas: tem direito o locatário, sempre que se fizer necessário, que este tenha acesso aos comprovantes relativos às parcelas que estejam sendo exigidas, não podendo o locador se eximir dessa obrigação, quando solicitado pelo locatário. ➢ Pagar as despesas extraordinárias de condomínio: relativamente a estas despesas, o artigo discrimina quais são as despesas consideradas como extraordinárias de condomínio, sendo elas as abaixo elencadas: Art. 22 […] Parágrafo único. Por despesas extraordinárias de condomínio se entendem aquelas que não se refiram aos gastos rotineiros de manutenção do edifício, especialmente: a) obras de reformas ou acréscimos que interessem à estrutura integral do imóvel; b) pintura das fachadas, empenas, poços de aeração e iluminação, bem como das esquadrias externas; c) obras destinadas a repor as condições de habitabilidade do edifício; d) indenizações trabalhistas e previdenciárias pela dispensa de empregados, ocorridas em data anterior ao início da locação; e) instalação de equipamento de segurança e de incêndio, de telefonia, de intercomunicação, de esporte e de lazer; f) despesas de decoração e paisagismo nas partes de uso comum; g) constituição de fundo de reserva. 3.2 Direitos e deveres dos locatários De igual maneira, os locatários possuem direitos e deveres quando do contrato de locação, direitos e deveres estes que também estão elencados na Lei do Inquilinato n.º 8.245/91. E é justamente a partir do contrato que essas garantias legais ficarão estabelecidas para ambos, com cláusulas que terão como base inteiramente a lei supramencionada. Como deveres, temos os seguintes: 54 ➢ Pagar pontualmente a renda: todos os meses cabe ao locatário efetuar o pagamento do valor das rendas contratadas, e que são atualizadas anualmente. Essa forma de pagamento também deve corresponder ao que foi discriminado quando da celebração do contrato de locação, que deve conter as datas e as condições de atraso, por exemplo. Inclusive, o locatário que não cumpra com essa responsabilidade pode sofrer as devidas consequências e vir a ser despejado, mediante ação de despejo já aqui anteriormente comentada. ➢ Pagar as despesas correntes: fora a renda, há demais despesas que também são de responsabilidade do locatário, motivo pelo qual deve igualmente assumir, como por exemplo, despesas de água, luz ou do gás. Inclusive, muitas vezes é necessária a troca de titularidade das contas, para que essas cobranças sejam feitas diretamente em nome do locatário. Em determinadas situações, há prazo definido para que essa troca de titularidade seja realizada, com multa em caso de descumprimento. ➢ Preservar o imóvel: o locatário deve preservar o imóvel, sem que danifique ou cause problemas a este. E, caso venha a causar estragos, seja por seus familiares ou mesmo visitantes, deve arcar com as consequências e pagar com seu próprio dinheiro o valor que se faça necessário para que volte ao seu estado inicial. Inclusive, caso o locatário queira realizar obras no imóvel locado, por exemplo, só o pode fazer mediante autorização por escrito do locador, sejam para alterações internas ou externas do imóvel. Sobre o tema, já foi aqui abordada no tópico anterior a possibilidade do locador pedir uma caução, como forma de preservar o imóvel e lidar com possíveis estragos e deterioramentos que venham a ocorrer por mau uso por parte do locatário. ➢ Informar o senhorio: muito se relaciona com o apresentado acima, pois, para que futuramente, após o contrato de locação, não ocorram 55 problemas, deve o locatário informar ao locador os defeitos que ele verifique na habitação, como canos partidos ou problemas elétricos, a fim de que esses danos, que estejam de forma anterior a sua entrada no imóvel, não passem a ser de sua responsabilidade, discriminando quais problemas existem no imóvel antes da sua entrada. ➢ Usar efetivamente o imóvel: O inquilino deve efetivamente usar o imóvel alugado, não deixando de o utilizar por mais de um ano, à exceção de casos de doença, força maior ou de cumprimento de deveres militares ou profissionais do próprio, do seu cônjuge ou companheiro. ➢ Utilizar o imóvel para o fim a que se destina: aqui, temos que o imóvel tem de ser usado de acordo com o seu fim (habitacional ou não habitacional). Podemos citar como exemplo o fato de que o locatário não pode alugar um escritório para habitar nele, fazendo uso de um imóvel comercial como se fosse residencial, valendo o mesmo para o contrário. Além disso, o locatário tem de utilizar o imóvel de acordo como a sua especificidade exige, ou seja, tratando-se de uma casa deve ser mantida como uma casa, valendo-se do que foi acordado no contrato de locação. Alguns locatários têm uma ideia errada de que a partir do momento que celebram o contrato de locação e que este passa a ter vigência, pode fazer o que bem entender com o imóvel locado, e não é assim que deve ser. ➢ Autorizar a vistoria: caso seja necessária e solicitada por parte do locador uma verificação ao imóvel alugado, o locatário deve permitir que essa vistoria seja realizada pelo locador ou por pessoa autorizada por ele, desde que dia e hora sejam acertados de forma antecipada. ➢ Boa vizinhança: boa vizinhança inclui não somente que os locatários ajam de forma harmoniosa com os demais locatários do prédio, mas também de prédios próximos. Inclusive, se inclui aqui o dever do locatário 56 de manter as regras do condomínio e respeitar a lei do ruído. Os locatários também possuem deveres para com o condomínio, uma vez que eles não são proprietários do imóvel. A lei do inquilinato estabelece como dever esse total cumprimento do código de regras estabelecido pela empresa que administra o condomínio. E, em caso de descumprimento dealguma regra por parte do locatário, este é que deverá assumir total responsabilidade, seja em forma de multa ou qualquer outra sanção de outra natureza. ➢ Devolver o imóvel como o encontrou: ao final do contrato, o locatário tem de devolver o imóvel no mesmo estado quando do início do contrato (incluindo as pequenas deteriorações que porventura existiam). Ou seja, é dever do locatário restituir ao locador o imóvel no mesmo estado em que o encontrou no início do contrato de locação. Caso isso não aconteça, deverá fazer os reparos necessários dentro de um período estabelecido, sob pena de que seja multado ou tenha sua caução retida. Já relativamente aos direitos do locatário, há também diversos direitos que precisam ser respeitados, a saber: ➢ Viver com a família: o locatário tem o direito a viver com a sua família, compreendendo aqueles com quem vive em economia comum, ou que sejam cônjuge ou parentes em linha reta até ao 3º grau. ➢ Receber o imóvel em perfeito estado: o locatário tem o direito de receber o imóvel em perfeito estado para o fim a que se destina. Ou seja, caso o fim a que se destine seja para habitação, o locatário tem o direito de que o imóvel esteja em perfeitas condições para tal. E, inclusive, caso não esteja em condições adequadas para o fim a que se destina, pode o locatário pedir a rescisão do contrato. Por isso algumas pessoas optam pela vistoria prévia ao início de vigência do contrato, como forma de garantir que as condições iniciais do imóvel estarão de comum acordo entre locatário e locador. 57 ➢ Pequenas deteriorações: levando em consideração o conforto do locatário, é importante que este possua o direito de realizar pequenas alterações no imóvel, como por exemplo, buracos para pendurar quadros ou cabos para televisões, de maneira que o seu uso possa se adequar às necessidades essenciais do locatário, sem que, entretanto, modifique o imóvel de forma considerável e irreparável. ➢ Reparações urgentes no imóvel: todo locatário tem o direito de fazer reformas que sejam urgentes, tendo depois o direito ao reembolso dos custos que teve com sobredita reforma. Ou seja, desde que seja necessário apenas um pequeno reparo no imóvel de forma urgente, se enquadrando no quesito de “benfeitoria necessária” como o previsto da Lei do Inquilinato, o locatário tem o direito a ser ressarcido por tais reparos. Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção. Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel. ➢ Solicitar comprovantes de pagamento com a discriminação das despesas: como já apresentado anteriormente, é importante e direito do locatário que este, em caso de necessidade, possa exigir ao locador comprovante de pagamento com a discriminação das despesas. Por exemplo, em um recibo de condomínio, vir discriminada a particularidade de cada despesa, com a apresentação exata dos valores que estão sendo pagos pelo locatário. Assim, o locatário pode controlar, observar e evitar que ocorram fraudes, cobranças indevidas ou até mesmo repasses ilegais de valores. Por isso, caso o locatário esteja desconfiando de algum tipo de movimento estranho, tem o direito a solicitar sobreditos comprovativos de pagamento com a discriminação exata das despesas. 58 Dessa forma, mesmo que de maneira introdutória, destacamos alguns pontos importantes de direitos e deveres do locatário, e que devem ser observados quando da celebração do contrato. Contudo, é igualmente importante destacar o artigo 23 da Lei do Inquilinato, que dispõe acerca desses direitos e deveres, para que fiquem apresentados de forma clara, como sobreditos direitos e deveres estão elencados. Art. 23. O locatário é obrigado a: I - pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação, legal ou contratualmente exigíveis, no prazo estipulado ou, em sua falta, até o sexto dia útil do mês seguinte ao vencido, no imóvel locado, quando outro local não tiver sido indicado no contrato; II - servir - se do imóvel para o uso convencionado ou presumido, compatível com a natureza deste e com o fim a que se destina, devendo tratá-lo com o mesmo cuidado como se fosse seu; III - restituir o imóvel, finda a locação, no estado em que o recebeu, salvo as deteriorações decorrentes do seu uso normal; IV - levar imediatamente ao conhecimento do locador o surgimento de qualquer dano ou defeito cuja reparação a este incumba, bem como as eventuais turbações de terceiros; V - realizar a imediata reparação dos danos verificados no imóvel, ou nas suas instalações, provocadas por si, seus dependentes, familiares, visitantes ou prepostos; VI - não modificar a forma interna ou externa do imóvel sem o consentimento prévio e por escrito do locador; VII - entregar imediatamente ao locador os documentos de cobrança de tributos e encargos condominiais, bem como qualquer intimação, multa ou exigência de autoridade pública, ainda que dirigida a ele, locatário; VIII - pagar as despesas de telefone e de consumo de força, luz e gás, água e esgoto; IX - permitir a vistoria do imóvel pelo locador ou por seu mandatário, mediante combinação prévia de dia e hora, bem como admitir que seja o mesmo visitado e examinado por terceiros, na hipótese prevista no art. 27; X - cumprir integralmente a convenção de condomínio e os regulamentos internos; XI - pagar o prêmio do seguro de fiança; XII - pagar as despesas ordinárias de condomínio. § 1º Por despesas ordinárias de condomínio se entendem as necessárias à administração respectiva, especialmente: a) salários, encargos trabalhistas, contribuições previdenciárias e sociais dos empregados do condomínio; 59 b) consumo de água e esgoto, gás, luz e força das áreas de uso comum; c) limpeza, conservação e pintura das instalações e dependências de uso comum; d) manutenção e conservação das instalações e equipamentos hidráulicos, elétricos, mecânicos e de segurança, de uso comum; e) manutenção e conservação das instalações e equipamentos de uso comum destinados à prática de esportes e lazer; f) manutenção e conservação de elevadores, porteiro eletrônico e antenas coletivas; g) pequenos reparos nas dependências e instalações elétricas e hidráulicas de uso comum; h) rateios de saldo devedor, salvo se referentes a período anterior ao início da locação; i) reposição do fundo de reserva, total ou parcialmente utilizado no custeio ou complementação das despesas referidas nas alíneas anteriores, salvo se referentes a período anterior ao início da locação. § 2º O locatário fica obrigado ao pagamento das despesas referidas no parágrafo anterior, desde que comprovadas a previsão orçamentária e o rateio mensal, podendo exigir a qualquer tempo a comprovação das mesmas. § 3º No edifício constituído por unidades imobiliárias autônomas, de propriedade da mesma pessoa, os locatários ficam obrigados ao pagamento das despesas referidas no § 1º deste artigo, desde que comprovadas. Art. 24. Nos imóveis utilizados como habitação coletiva multifamiliar, os locatários ou sublocatários poderão depositar judicialmente o aluguel e encargos se a construção for considerada em condições precárias pelo Poder Público. § 1º O levantamento dos depósitos somente será deferido com a comunicação, pela autoridade pública, da regularização do imóvel. § 2º Os locatários ou sublocatários que deixarem o imóvel estarão desobrigados do aluguel durante a execução das obras necessárias à regularização. § 3º Os depósitos efetuados emjuízo pelos locatários e sublocatários poderão ser levantados, mediante ordem judicial, para realização das obras ou serviços necessários à regularização do imóvel. Art. 25. Atribuída ao locatário a responsabilidade pelo pagamento dos tributos, encargos e despesas ordinárias de condomínio, o locador poderá cobrar tais verbas juntamente com o aluguel do mês a que se refiram. Parágrafo único. Se o locador antecipar os pagamentos, a ele pertencerão as vantagens daí advindas, salvo se o locatário reembolsá - lo integralmente. 60 Art. 26. Necessitando o imóvel de reparos urgentes, cuja realização incumba ao locador, o locatário é obrigado a consenti-los. Parágrafo único. Se os reparos durarem mais de dez dias, o locatário terá direito ao abatimento do aluguel, proporcional ao período excedente; se mais de trinta dias, poderá resilir o contrato. Há ainda o direito de preferência de venda, elencado no artigo 27 da Lei do Inquilinato, estabelecendo como direito do locatário a prioridade na opção da compra, em caso de o locador decidir vender o imóvel. Ainda, esse direito se estende ao fato de que o locatário deve ser tratado de igual para igual com relação aos demais possíveis compradores em potencial, não podendo lhe ser oferecido por valores ou circunstâncias diferentes. SEÇÃO V Do direito de preferência Art. 27. No caso de venda, promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de direitos ou dação em pagamento, o locatário tem preferência para adquirir o imóvel locado, em igualdade de condições com terceiros, devendo o locador dar - lhe conhecimento do negócio mediante notificação judicial, extrajudicial ou outro meio de ciência inequívoca. Parágrafo único. A comunicação deverá conter todas as condições do negócio e, em especial, o preço, a forma de pagamento, a existência de ônus reais, bem como o local e horário em que pode ser examinada a documentação pertinente. Art. 28. O direito de preferência do locatário caducará se não manifestada, de maneira inequívoca, sua aceitação integral à proposta, no prazo de trinta dias. Art. 29. Ocorrendo aceitação da proposta, pelo locatário, a posterior desistência do negócio pelo locador acarreta, a este, responsabilidade pelos prejuízos ocasionados, inclusive lucros cessantes. Art. 30. Estando o imóvel sublocado em sua totalidade, caberá a preferência ao sublocatário e, em seguida, ao locatário. Se forem vários os sublocatários, a preferência caberá a todos, em comum, ou a qualquer deles, se um só for o interessado. Parágrafo único. Havendo pluralidade de pretendentes, caberá a preferência ao locatário mais antigo, e, se da mesma data, ao mais idoso. Art. 31. Em se tratando de alienação de mais de uma unidade imobiliária, o direito de preferência incidirá sobre a totalidade dos bens objeto da alienação. Art. 32. O direito de preferência não alcança os casos de perda da propriedade ou venda por decisão judicial, permuta, doação, integralização de capital, cisão, fusão e incorporação. 61 Parágrafo único. Nos contratos firmados a partir de 1o de outubro de 2001, o direito de preferência de que trata este artigo não alcançará também os casos de constituição da propriedade fiduciária e de perda da propriedade ou venda por quaisquer formas de realização de garantia, inclusive mediante leilão extrajudicial, devendo essa condição constar expressamente em cláusula contratual específica, destacando-se das demais por sua apresentação gráfica. Art. 33. O locatário preterido no seu direito de preferência poderá reclamar do alienante as perdas e danos ou, depositando o preço e demais despesas do ato de transferência, haver para si o imóvel locado, se o requerer no prazo de seis meses, a contar do registro do ato no cartório de imóveis, desde que o contrato de locação esteja averbado pelo menos trinta dias antes da alienação junto à matrícula do imóvel. Parágrafo único. A averbação far - se - á à vista de qualquer das vias do contrato de locação desde que subscrito também por duas testemunhas. Art. 34. Havendo condomínio no imóvel, a preferência do condômino terá prioridade sobre a do locatário. Devemos ainda observar a parte que trata das garantias locatícias, posto que é uma faculdade do locador exigir do locatário algumas modalidades de garantias quando do contrato locatício. Vejamos: SEÇÃO VII Das garantias locatícias Art. 37. No contrato de locação, pode o locador exigir do locatário as seguintes modalidades de garantia: I - caução; II - fiança; III - seguro de fiança locatícia. IV - cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento. Parágrafo único. É vedada, sob pena de nulidade, mais de uma das modalidades de garantia num mesmo contrato de locação. Art. 38. A caução poderá ser em bens móveis ou imóveis. § 1º A caução em bens móveis deverá ser registrada em cartório de títulos e documentos; a em bens imóveis deverá ser averbada à margem da respectiva matrícula. § 2º A caução em dinheiro, que não poderá exceder o equivalente a três meses de aluguel, será depositada em caderneta de poupança, autorizada, pelo Poder Público e por ele regulamentada, revertendo em benefício do locatário todas as vantagens dela decorrentes por ocasião do levantamento da soma respectiva. § 3º A caução em títulos e ações deverá ser substituída, no prazo de trinta dias, em caso de concordata, falência ou liquidação das sociedades emissoras. 62 Art. 39. Salvo disposição contratual em contrário, qualquer das garantias da locação se estende até a efetiva devolução do imóvel, ainda que prorrogada a locação por prazo indeterminado, por força desta Lei. Art. 40. O locador poderá exigir novo fiador ou a substituição da modalidade de garantia, nos seguintes casos: I - morte do fiador; II – ausência, interdição, recuperação judicial, falência ou insolvência do fiador, declaradas judicialmente; III - alienação ou gravação de todos os bens imóveis do fiador ou sua mudança de residência sem comunicação ao locador; IV - exoneração do fiador; V - prorrogação da locação por prazo indeterminado, sendo a fiança ajustada por prazo certo; VI - desaparecimento dos bens móveis; VII - desapropriação ou alienação do imóvel. VIII - exoneração de garantia constituída por quotas de fundo de investimento; IX - liquidação ou encerramento do fundo de investimento de que trata o inciso IV do art. 37 desta Lei. X – prorrogação da locação por prazo indeterminado uma vez notificado o locador pelo fiador de sua intenção de desoneração, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador. Parágrafo único. O locador poderá notificar o locatário para apresentar nova garantia locatícia no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de desfazimento da locação. Art. 41. O seguro de fiança locatícia abrangerá a totalidade das obrigações do locatário. Art. 42. Não estando a locação garantida por qualquer das modalidades, o locador poderá exigir do locatário o pagamento do aluguel e encargos até o sexto dia útil do mês vincendo. Sobre o que trata o artigo 38 acima transcrito, importante mencionar que a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Brasil já pacificou o entendimento acerca da questão do limite da fiança, se posicionando da seguinte forma: PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. LOCAÇÃO. FIANÇA. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. PRORROGAÇÃO DO CONTRATO DE LOCAÇÃO. FALTA DE ANUÊNCIA DO FIADOR. RESPONSABILIDADE. INEXISTÊNCIA. 63 SÚMULA 214/STJ. O contrato de fiança deve ser interpretado restritivamente, pelo que é inadmissível a responsabilização do fiador por obrigações locativas resultantes de prorrogação do contrato de locação sem a anuência daquele, sendo irrelevante a existência de cláusula estendendo a obrigação fidejussória até a entrega das chaves. Precedentes. Recursoconhecido e provido. (STJ – Resp: 6787737 RS 2004/0097206-2, Relator: Ministro José Arnaldo da Fonseca, data de julgamento: 09/08/2005, T5 – Quinta Turma, Data da Publicação: DJ 12.09.2005, p. 359). Por fim, importante destacar as penalidades criminais e civis, as quais poderão incorrer, a depender do caso concreto. São elas: SEÇÃO VIII Das penalidades criminais e civis Art. 43. Constitui contravenção penal, punível com prisão simples de cinco dias a seis meses ou multa de três a doze meses do valor do último aluguel atualizado, revertida em favor do locatário: I - exigir, por motivo de locação ou sublocação, quantia ou valor além do aluguel e encargos permitidos; II - exigir, por motivo de locação ou sublocação, mais de uma modalidade de garantia num mesmo contrato de locação; III - cobrar antecipadamente o aluguel, salvo a hipótese do art. 42 e da locação para temporada. Art. 44. Constitui crime de ação pública, punível com detenção de três meses a um ano, que poderá ser substituída pela prestação de serviços à comunidade: I - recusar - se o locador ou sublocador, nas habitações coletivas multifamiliares, a fornecer recibo discriminado do aluguel e encargos; II - deixar o retomante, dentro de cento e oitenta dias após a entrega do imóvel, no caso do inciso III do art. 47, de usá - lo para o fim declarado ou, usando - o , não o fizer pelo prazo mínimo de um ano; III - não iniciar o proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, nos casos do inciso IV do art. 9º, inciso IV do art. 47, inciso I do art. 52 e inciso II do art. 53, a demolição ou a reparação do imóvel, dentro de sessenta dias contados de sua entrega; IV - executar o despejo com inobservância do disposto no § 2º do art. 65. Parágrafo único. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas neste artigo, poderá o prejudicado reclamar, em processo próprio, multa equivalente a um mínimo de doze e um máximo de vinte e quatro meses do valor do último aluguel atualizado ou do que esteja sendo cobrado do novo locatário, se realugado o imóvel. 64 O título III da referida Lei apresenta ainda algumas disposições finais e transitórias que merecem destaque, posto que estabelecem algumas particularidades que, a depender do caso, alteram o curso do processo no contrato de locação, a exemplo de processos que estejam em curso, ou mesmo contratos de locação que tenham sido celebrados anteriormente a vigência da lei, por exemplo. TÍTULO III Das Disposições Finais e Transitórias Art. 76. Não se aplicam as disposições desta lei aos processos em curso. Art. 77. Todas as locações residenciais que tenham sido celebradas anteriormente à vigência desta lei serão automaticamente prorrogadas por tempo indeterminado, ao término do prazo ajustado no contrato. Art. 78. As locações residenciais que tenham sido celebradas anteriormente à vigência desta lei e que já vigorem ou venham a vigorar por prazo indeterminado, poderão ser denunciadas pelo locador, concedido o prazo de doze meses para a desocupação. Parágrafo único. Na hipótese de ter havido revisão judicial ou amigável do aluguel, atingindo o preço do mercado, a denúncia somente poderá ser exercitada após vinte e quatro meses da data da revisão, se esta ocorreu nos doze meses anteriores à data da vigência desta lei. Art. 79. No que for omissa esta lei aplicam-se as normas do Código Civil e do Código de Processo Civil. Art. 80. Para os fins do inciso I do art. 98 da Constituição Federal, as ações de despejo poderão ser consideradas como causas cíveis de menor complexidade. Assim, após todo o exposto, resta configurada a importância dos contratos de locação e o conhecimento da lei que rege a matéria, no sentido de que se não observados todos os critérios, princípios e exigências pertinentes, os contratos em questão são postos em causa, podendo prejudicar não somente ambos os contratantes, mas também terceiros. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art98i 65 RECAPITULANDO – CAPÍTULO 3 QUESTÕES DE CONCURSOS Questão 1 Ano: 2017 Banca: FCC Órgão: TRT - 11ª Região (AM e RR) Nível: Superior Prova: Analista Judiciário – Área Judiciária No que concerne ao contrato de locação de coisas, considere: I. Benfeitorias necessárias feitas com expresso consentimento do locador. II. Benfeitorias necessárias feitas sem expresso consentimento do locador. III. Benfeitorias úteis feitas com expresso consentimento do locador. IV. Benfeitorias úteis feitas sem expresso consentimento do locador. Salvo disposição em contrário, o locatário goza do direito de retenção APENAS em (A) I, III e IV. (B) III e IV. (C) I e III. (D) I, II e III. (E) II, III e IV. Questão 2 Ano: 2013 Banca: FCC Órgão: TRT - 1ª REGIÃO (RJ) Nível: Superior Prova: Juiz do Trabalho Substituto O direito de retomada do imóvel pelo locador, em decorrência de extinção do contrato de trabalho, considerada a ocupação do imóvel como relacionada ao emprego, dar-se-á. 66 (A) vigorando a locação por prazo indeterminado, somente após notificação para desocupação do imóvel em noventa dias, celebrado o contrato sempre por escrito e por prazo não inferior a um ano. (B) vigorando o contrato por tempo determinado de trinta meses, finda ao menos a primeira metade do ajuste, após notificação escrita ao locatário. (C) somente se a locação estiver vigorando por prazo indeterminado e o contrato houver sido celebrado por escrito e com prazo igual ou superior a trinta meses. (D) mesmo quando a locação se encontre prorrogada automaticamente, por prazo indeterminado, por estar findo o prazo estabelecido, ajustada a locação verbalmente ou por escrito e ainda que com prazo inferior a trinta meses. (E) vigorando a locação por prazo determinado ou não, findo ou não o prazo contratual, desde que celebrada por escrito por prazo superior a trinta meses Questão 3 Ano: 2014 Banca: FCC Órgão: DPE-PB Nível: Superior Prova: Defensor Público Romeu (locador) e Maurício (locatário) celebraram contrato de locação residencial com prazo de 30 meses, estipulando multa de 3 alugueres em caso de devolução antecipada do imóvel. Passados 6 meses, Maurício deixou de ter interesse na locação, pois a empresa na qual trabalha o transferiu para cidade muito distante. Maurício poderá devolver o imóvel, (A) desde que pague o valor da multa, com abatimento proporcional ao período de cumprimento do contrato, seja o empregador privado ou público. (B) independentemente de pagamento de multa ou de notificação, se o empregador for público, ou pagando integralmente a multa pactuada, caso se trate de empregador privado. (C) desde que pague integralmente o valor da multa, seja o empregador privado ou público. 67 (D) independentemente de pagamento de multa, desde que notifique Romeu da transferência com, no mínimo, 30 dias de antecedência, não importando seja o empregador privado ou público. (E) independentemente de pagamento de multa ou de notificação, se o empregador for público, ou pagando o valor da multa, com abatimento proporcional ao período de cumprimento do contrato, caso se trate de empregador privado. Questão 4 Ano: 2017 Banca: CONSULPLAN Órgão: TJ-MG Nível: Superior Prova: Titular de Serviços de Notas e de Registros - Remoção - 2017 No contrato de locação, pode o locador exigir do locatário, num mesmo contrato, as seguintes modalidades de garantia, EXCETO: (A) fiança. (B) cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento. (C) caução. (D) seguro de fiança locatícia e caução. Questão 5 Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: TJ-ES Nível: Superior Prova: Titular de Serviços de Notas e de Registros - Remoção Determinado imóvel urbano está alugado e o locador deseja vendê-lo antes do prazo final do contrato de locação. Nesse caso, (A) a preferência do locatáriosobrepõe-se à do condômino, nos casos em que houver condomínio no imóvel. (B) o direito de preferência incidirá sobre a totalidade dos bens que sejam objeto da alienação, no caso de haver alienação de mais de uma unidade imobiliária. 68 (C) o locador não tem legitimidade para o registro do contrato de locação com cláusula de vigência, em caso de alienação. (D) o locatário deverá exercer seu direito de preempção no prazo de sessenta dias. (E) o locatário preterido no seu direito de preferência poderá reclamar do alienante perdas e danos, independentemente de o contrato de locação ter sido averbado no cartório de imóveis antes da alienação. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE A lei do inquilino é responsável por regular o mercado de aluguéis residências e comerciais, assim como o locador e os inquilinos relativos ao conteúdo dos contratos, antes do negócio ser devidamente encerrado. Nesse sentido, cite alguns dos direitos relativos ao inquilino. TREINO INÉDITO Assunto: Deveres do Inquilino Assinale a alternativa correta sobre os deveres relativos ao inquilino: O contrato de locação de imóveis urbano apresenta natureza bilateral, ou seja, nesse verifica-se a presença de, pelo menos, duas partes e de uma contraprestação entre essas. Dessa forma, assinale a alternativa incorreta acerca dos deveres do inquilino: A) É considerado um dever do inquilino pagar o aluguel no prazo estipulado. B) Fornecer os devidos cuidados e zelos à residência, agindo como se essa fosse propriedade sua. C) É um dever do inquilino a efetivação da entrega das chaves do imóvel que se está alugando. D) As modificações internas ou externas do imóvel alugado só poderão ser realizadas mediante consentimento prévio e por escrito do locador. 69 E) O inquilino será o responsável por pagar as despesas ordinárias do condomínio, assim como terá de cumprir de forma integral a convenção e os regulamentos internos NA MÍDIA O que é e como funciona o direito de preferência? A maioria dos inquilinos e proprietários desconhece as leis que regem os contratos de aluguel. Diante da notícia da venda do imóvel muitos moradores são pegos de surpresa. Mas saiba que o locatário tem preferência na compra do imóvel; além de regras e penalizações previstas na Lei do Inquilinato. Agora é lei Até 1921 as relações entre as duas partes eram reguladas pela Norma Legal (Decreto Legislativo 4.403); e antes disso locador e locatário usavam o Código Civil de 1916 como base de lei. Até que em outubro de 1991 foi criada a Lei 8.245/91, popularmente chamada de Lei do Inquilinato. Ela veio para colocar ordem nessa relação comercial que envolve a vida particular de famílias e comerciantes. Fonte: Hora Brasil Data: 21 de outubro de 2019 Leia a notícia na íntegra:https://www.horabrasil.com.br/119418/o-que-e-e-como- funciona-o-direito-de-preferencia/ NA PRÁTICA Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização das benfeitorias e ao direito de retenção. (Súmula 335/STJ) Precedentes: REsp 1411420/DF, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 19/05/2015, REPDJe01/02/2016, DJe 12/11/2015; AgRg no AREsp 101712/RS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 03/11/2015, DJe06/11/2015; AgRg no AREsp 624056/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 18/08/2015, DJe 27/08/2015;AgRg no AREsp 45970/PR, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA 70 TURMA, julgado em 03/02/2015, DJe 18/02/2015; AgRg nos EDcl noAREsp 441188/MG, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 25/02/2014, DJe 18/03/2014; AgRg no REsp 756546/SP,Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 02/04/2013, DJe 16/04/2013; REsp 829110/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ,QUINTA TURMA, julgado em 06/04/2010, DJe 26/04/2010; AgRg no Ag 1023082/GO, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTATURMA, julgado em 29/05/2008, DJe 04/08/2008; AgRg no Ag 961157/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em18/03/2008, DJe 07/04/2008. (VIDE SÚMULAS ANOTADAS). Fonte: http://www.stj.jus.br/internet_docs/jurisprudencia/jurisprudenciaemteses/Jurisprud%C 3%AAncia%20em%20teses%2053%20- %20Loca%C3%A7%C3%A3o%20de%20Im%C3%B3veis%20Urbanos%20- %20C%C3%B3pia.pdf PARA SABER MAIS Livro sobre a temática: Aluguel e Casa Própria: entenda como funcionam e defenda-se Acesse os links: EXTRA. Aluguel de casas. Disponível em: <https://m.extra.globo.com/casa/aluguel/saiba-quais-sao-as-responsabilidades-de- inquilinos-locadores-na-hora-de-um-conserto-ou-de-um-reparo-no-imovel- 5140640.html https://portal-imobiliario-vivareal.jusbrasil.com.br/noticias/100069076/direitos-e- deveres-do-locador-e-do-locatario> Acesso em: 13 de jan. 2020. https://portal-imobiliario-vivareal.jusbrasil.com.br/noticias/100069076/direitos-e-deveres-do-locador-e-do-locatario https://portal-imobiliario-vivareal.jusbrasil.com.br/noticias/100069076/direitos-e-deveres-do-locador-e-do-locatario 71 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante de tudo o que foi exposto, o estudo em questão evidencia a necessidade de aprofundamento na matéria, tendo em vista que a legislação acerca da locação de imóveis implica não somente o conhecimento da Lei do Inquilinato vigente, mas também o conhecimento de outras legislações que se aplicam a esta, nomeadamente o Código Civil, por exemplo. Por este motivo, essa breve síntese sobre aspectos importantes da matéia torna-se importante para a compreensão da matéria como um todo. Foi necessário, por isso, uma breve retrospectiva sobre aspectos históricos e gerais sobre a locação de imóveis, evidenciando uma cronologia nas legislações que tratavam sobre o assunto até se chegar às legislações atualmente vigentes. Em ato contínuo, após essa breve retrospectiva, observou-se um estudo mais aprofundado das leis e normas atualmente vigentes, que tratam sobre a locação de imóveis, apresentando conceito, natureza jurídica e objeto sobre a matéria. Entretanto, não somente a Lei do Inquilinato é indispensável quando da locação de imóveis. Por este motivo, em capítulo posterior observou-se os principas aspectos dos contratos, bem como os princípios básicos norteadores desses contratos, com a exemplificação de alguns casos concretos para melhor visualização do assunto. Sobredito tema mostra-se necessário principalmente porque demanda um conhecimento do Código Civil, legislação essa que anda de mãos dadas com o que estabele a Lei do Inquilinato. Por fim, foram apresentados os direitos e deveres dos locadores e locatários, como forma de entender como essas partes devem se comportar quando da celebração do contrato de locação. Assim, o presente módulo procurou apresentar de forma introdutória aspectos importantes quando da locação de imóveis residenciais e comerciais, de maneira que o aluno possa vislumbrar quais as etapas e quais os requisitos essenciais quando da celebração de um contrato de locação, bem como a compreensão da cronologia das legislações até a que temos vigente atualmente. 72 FECHANDO A UNIDADE GABARITOS CAPÍTULO 01 Questões de concursos 01 02 03 04 05 A A E A B QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO DE RESPOSTA A legislação aplicável à locação imobiliária está presente no Novo Código de Processo Civil, no Código Civil, assim como na Lei nº 8.245/1991, sendo aplicada a depender da situação e de acordo com os ditames relativos à legislação especial. TREINO INÉDITO Gabarito: A Justificativa: A alternativa “A” é a incorreta, tendo em vista que são três as modalidades da locação, sendo essa a locação de coisas, a locação de serviços e a locação de obra. Dessa forma, todas as outras alternativas estão corretas, tendo em vista que, segundo a lei do inquilinato,tratam corretamente acerca das modalidades relativas à locação de imóveis. 73 CAPÍTULO 02 Questões de concursos 01 02 03 04 05 A B A D B QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO DE RESPOSTA O contrato de aluguel necessita de alguns documentos para que seja estabelecido como deve e garanta a devida segurança jurídica. Dessa forma não podem faltar os dados pessoais das partes, termo de vistoria, valor do aluguel e taxa de reajuste, descrição das despesas, garantias de pagamento no contrato de aluguel, a multa rescisória e as assinaturas. TREINO INÉDITO Gabarito: E Justificativa:Todas as alternativas estão corretas, diante disso deve ser assinalada a alternativa E, pois, todas as outras estão de acordo com o Código Civil, o Código de Processo Civil ou as Legislações Específicas acerca da temática. 74 CAPÍTULO 03 Questões de concursos 01 02 03 04 05 C D D D B QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO DE RESPOSTA Os inquilinos possuem vários direitos, dessa forma podem ser citados direitos como a entrega de chaves, as taxas administrativas e as despesas do condomínio. TREINO INÉDITO Gabarito: C Justificativa: A alternativa C é a incorreta, tendo em vista que a referida entrega das chaves é um direito, e não um dever do inquilino, à medida que as alternativas A, B, D e E referem-se aos deveres do inquilinos. 75 REFERÊNCIAS ALVES, José Carlos Moreira. Direito romano. Rio de Janeiro: Forense, 2000a. v. I. BEDUKA. Representação do equilíbrio. 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LEI Nº 4.380, DE 21 DE AGOSTO DE 1964. Institui a correção monetária nos contratos imobiliários de interesse social, o sistema financeiro para aquisição da casa própria, cria o Banco Nacional da Habitação (BNH), e Sociedades de Crédito Imobiliário, as Letras Imobiliárias, o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4380.htm ______. LEI N° 8.245, DE 18 DE OUTUBRO DE 1991. Dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8245.htm ______. LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm BRASÍLIA DE FATO. Representação da possibilidade do aumento do dólar. 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