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CAPÍTULO 14 - 17

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CAPiTULO 14
PATOLOGIA E
TERAPIA DAS
CONSTRUÇOES
(Parte I)
L. A. FALCÃO BAUER
ENG? CIVIL
1985
Inúmeros cursos, conferências, simpósios e reuniões técnicas têm sido realizados nos
últimos anos, inclusive a publicação de volumosos livros internacionais, sobre as doenças e
tratamen to das construções.
E assim virou moda, falar, escrever e questionar, problemas relacionados a estes
assuntos. Ainda bem, pois com a crise atual, redução de investimentos, falta de verbas,
proibição de novas contratações de obras e serviços, o Estado procura recuperar suas
obras, ao invés de fazer novas e demolir as antigas, e um novo mercado de trabalho surge
nos horizontes negros da recessão da Indústria da Construção Civil.
Entretanto, o assunto não é novo, e se remontarmos à história antiga, vamos encon-
trar a 4.000 anos, o código de Hamurabi, elaborado na Mesopotâmia, região hoje em dis-
puta entre IRAQUE e IRÃ onde, entre seus 286 artigos, que o Deus SCHAMASCH enco-
mendou, pelo menos três deles, tratam do assunto, sendo o mais conhecido, o que obriga
o construtor que por erro, tiver sua obra mal executada, e acidentada, a obrigação de re-
construi-Ia por sua conta. O código Civil Brasileiro em seu artigo 1245 reproduz este arti-
go, em seu espírito.
A patologia das construções tem aumentado nos últimos anos? Como a falta de es-
tatica é um mal nacional, não o sabemos, mas convém analisar, suas causas, suas conse-
qüências e finalmente, se possível a maneira de curvá-Ias ou seja, a sua terapia.
Entre as causas que interferem no aumento de quadro patológico podemos citar a
série encadeada pelo desenvolvimento de nossa surpreendente arquitetura, que levou o no-
me do Brasil à níveis internacionais, pelo arrojo de suas formas, pela funcionalidade de
seus detalhes, e pela coleta de prêmios com que foram distinguidos nossos arquitetos ex-
ponenciais, em concursos nacionais e internacionais; a este desenvolvimento da arquitetura,
e paralelamente desenvolveu-se processos mais rápidos e precisos de cálculos estruturais,
por meio de computadores dirigidos e desenvolvidos por brilhantes Engenheiros Estrutu-
ralistas. Todos os elementos do projeto Arquitetônico podem Ser estudados, manipulados,
corrigidos, diminuindo o coeficiente de "ignorância", e conseqüentemente levando as es-
truturas a maior "esbeltez", maior precisão, realimentando por sua vez a criatividade de
nossos Arquitetos.
Por outro lado, e como elementos negativos, temos que analisar o aparecimento de
novos materiais de construção, como aglomerantes, aditivos, adesivos, argamassas, painéis,
plásticos, revestimentos, com eficiência e durabilidade ainda não devidamente comprova-
das pelo uso, pelo tempo e pela adequada utilização.
406 I MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Acresce a este fato, que a mão de obra qualificada da Indústria da Construção,du·
rante os últimos trinta anos, foi primeiramente drenada para os países centro americanos
principalmente a Venezuela, em sua época de ouro do bolivar-petróleo, e pelo desenvolvi-
mento nacional do milagre econômico, reciclada em seus conhecimentos e aproveitadana
indústria de mecânica elétrica e eletrônica, aonde, melhor remunerada, mostrou suaversa·
tilidade e inteligência, igualando-se em produtividade aos padrões internacionais, e final·
mente, não bastassem estas duas razões, para o desfalque da mão-de-obra utilizadapelos
nossos Engenheiros na Construção Civil, deve-se acrescentar, e provavelmente comoele·
mento básico, a nossa falta de continuidade administrativa dos últimos vinte anos,oriun·
da de uma renovação de direção, coincidentemente a cada quatro e seus anos, refletida
pelo planejamento governamental, que sem mudar de partido político, qual "nau sem
rumo", mudava de rumo. Apenas para ilustrar poderíamos citar a famosa Ferrovia do Aço,
e o programa de reatores atômicos, novamente paralisados, as grandes estradas de aber·
tura e posse da região amazônica hoje intransitável e parcialmente inundada pelaságuas
de barragem de Tucurui, ou o último plano dos seis milhões de unidades habitacionais
do último governo, que diminui de um milhão por ano, coincidentemente à medidaqueo
governo tinha um ano a menos pela frente.
Esta falta de planejamen to obriga a indústria da construção civil a trabalhar emre·
petidos ciclos governamentais, de muitas obras (por dois anos), muitas críticas e replaneja·
mentos, por falta de verbas e recursos (por outros dois anos) para retornar nesta infindá·
vel curva de fases positivas e negativas e avanços e recuos, de confiança e desconfiança,
de emprego e desemprego. Esta descontinuidade gera finalmente a perda dos elementos
humanos necessários a uma sadia formação profissional.
Nossos governos, em geral, têm se notabilizado por uma contínua repetição, quando
iniciam seu período, começam pela crítica ao anterior, sua falta de planejamento, suntuo·
sidade e rapidez das obras, e finalmente na falta de recursos para pagá-Ias e, no meiodo
seu período governamentar, depois do exame das contas e crítica aos contratos, planeja·
mento integral, e novo, verifica que quase nada produziu, lançando-se então para recupe-
rar a imagem e tempo perdido, em novas obras, rápidas, suntuosas, novos ramos, novos
planos, novos revestimentos, abandonando o que foi feito, deixe de ser conservado,e
abandonado, começa a adquirir as doenças patológicas, naturais da obras, nestas con·
dições submetidas aos agentes naturais de ataque e destruição.
Ora devemos, padronizar, produzir em grande escala industrial, com pouca mão·de·
obra, muito capital, tecnologias importadas e pagas, mas não transferidas, ora devemos
voltar aos processos tradicionais, com mão-de-obra intensiva, para salvar o país deconvul·
sões sociais latentes.
No momento, meados de 1985, estamos com capacidade ociosa na Indústriada
Construção Civil, superior a 40% (quarenta por cento).
É conhecida a frase de Fuller, tecnologista americano da década trinta, "para
se avaliar o grau de desenvolvimento da Indústria da Construção de um país, bastapesar
seus edifícios e obras", e no entanto no Brasil, em artigo atual, em suplemento técnicore·
ferente aos sistemas construtivos utilizados no Brasil, encontramos a seguinte frasequeé
lapidar pelo seu significado, partindo de empresa especializada na racionalização daCons·
trução - "O peso da edificação construída não ultrapassa, em geral a 1,2 toneladaspor
metro quadrado, mas entra na obra 1,8 t/m2". A diferença, de 0,6 t/m2 - 600 quilos
CONTROLE TECNOLOGICO DO CONCRETO I 407
por metro quadrado, ou seja, 50% da obra acabada, representa material adquirido, pago,
empregado e finalmente r~movido das obras como entulho, para serem jogadas nas calça-
das e córregos dos bairros periféricos, contrariando a legislação e provocando entupimen-
to dos boeiros e enchentes nas grandes cidades.
O desenvolvimento tecnológico tem suas indiscutíveis vantagens, quando devida-
mente aplicado, porém pode ter inconvenientes graves, quando utilizado mal, e sem seu
conhecimento verdadeiro 'e integral. Assim por exemplo, boa arquitetura e bons cálculos
estruturais levam às estruturas esbeltas, que, colocadas em ambiente fortemente agressivo
de nossas industrializadas cidades, sem um estudo tecnológico, levam-nos a sofrer doenças
patológicas que reduzem sua durabilidade, aumentando seu custo de manutenção. O edi-
fício do tribunal de contas do município de São Paulo, construído no bairro do Ibira-
puera, notável pela sua arquitetura e cálculo, já vai sofrer um difícil e caro reparo, tal é o
quadro patológico de doenças adquiridas e acumuladas.
A terapia destas obras é executada, hoje em dia, com o emprego de técnicos espe-
ciais, equipamentos especiais, mas é indispensável, o emprego de tecnologistas, altamente
qualificados, denominados de "notória especialização" 'para exame e utilização destes
equipamentos e como nos casos clínicos médicos, exames laboratoriais.
CAPiTULO 15
15.1. RESUMO
ESTRUTURAS DE
CONCRETO ARMADO
PATOLOGIA E
TERAPIA DAS
ESTRUTURAS
(Parte 11)
L. A. FALCÃO BAOER
São apresentados referênciashistóricas sobre Patologia e Terapia das Estruturas,as
principais causas e suas deteriorações, desagregação e fissuras das estruturas. Os principais
ensaios e finalmente alguns processos principais utilizados nos reparos de estrutura, quer
no concreto.
15.2. INTRODUÇÃO
As estruturas de concreto armado, desde a fase de projeto e mesmo durante suavida
útil, estão sujeitas a uma série de fatores que poderão comprometer sua durabilidade e até
sua estabilidade.
Dependendo da qualidade e cuidados tomados, na fase de projeto, na escolhados
materiais constituintes empregados durante a execução, de sua proteção e manutenção,a
probabilidade de que a estrutura venha a apresentar deterioração, será tanto menor, quan·
to maiores forem os cuidados com a qualidade, em cada uma das fases citadas, ou seja,
projeto, execução e manutenção.
15.3. REFERl:NCiAS HISTÓRICAS
o Código de HAMURABI que data de 1.800 A.C., dá em cinco regras básicas,a
forma encontrada na época para diminuir Os acidentes na construção:
se um construtor fizer uma casa para um homem e não fizer firme, e se seuco-
lapso causar a morte do dono da casa, o construtor deverá morrer;
se causar a morte do filho do dono da casa, o filho do construtor deverá morrer;
se causar a morte de um escravo do proprietário da casa, o construtor deverádar
ao proprietário um escravo de igual valor;
se a propriedade for destruída, ele deverá restaurar o que foi destruído porsua
própria conta;
se o construtor fizer a casa para um homem e não fizer de acordo com as especi·
ficações, e uma parede cair, o construtor reconstituirá a parede por sua conta.
ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I 409
Não temos notícia se a aplicação do código contribuiu para que os acidentes dimi-
nuissem, mas certamente diminuiu o número de maus construtores e eliminou a possibili-
dade de repetição contínua dos mesmos acidentes.
Os muros de Jericó, ao cairem aos toques de clarins fizeram na história o primeiro
acidente produzido por forças sônicas e ultra-sônicas.
Assinalamos o recorde de 502 casos de colapsos de estruturas metálicas ferrmiárias
no período de 1878 a 1895, descritas por C. F. Stowel na Schweizerische Bauzeitung de
1894 e 1897.
Em 1919 a AREA (American Railwag Engineering Association) publicou um reco-
pilado de 25 acidentes de construções de concreto e classificou-os em:
cálculo impróprio
erro nos materiais
erros de mão-de-obra
carregamento prematuro ou remoção das formas e escoramentos antes do com-
pleto endurecimento do concreto
insuficiência de fundações
incêndios
e terminava o relatório enfatizando: Acreditamos que somente por uma cuidadosa inspe-
ção será possível diminuir o número de acidentes.
Em 1856, Robert Stevenson - Presidente do Instituto Britânico de Engenharia, em
sua posse, fazia votos para que os acidentes ocorridos durante os últimos anos fossem ana-
lisados e divulgados, pois nada seria tão instrutivo aos jovens alunos e profissionais, quan-
to o conhecimento dos acidentes e dos meios empregados nos seus reparos.
Os relatos de tais acidentes, dos meios empregados para sanar suas conseqüências e
mesmo evitá-Ias, seriam, na realidade, mais valiosos do que os milhares de relatórios auto-
elogiosos de trabalhos nem sempre bem sucedidos, que as repartições e órgãos empresa-
riais sempre apresentam ao público ou aos seus acionistas.
15.4. DETERIORAÇÃO
A maioria dos danos apresentados em elementos estruturais, são do tipo evolutivo,
ou seja, em um prazo mais ou menos curto, poderão comprometer sua estabilidade.
A deterioração de uma estrutura, poderá estar relacionada com as seguintes causas,
a seguir relacionadas em grupos:
Grupo I
Grupo II
Grupo III -
Grupo IV -
GRUPO I
Erros de projeto estrutural;
Emprego de materiais inadequados;
Erros de execução;
Agressividade do meio ambiente.
Relacionamos a seguir as principais causas de deterioração de estruturas de concre-
to, decorrentes de erros de projeto estrutural.
410 I MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Falta de detalhamento ou detalhes mal especificados;
Cargas ou tensões não levadas em consideração no cálculo estrutural;
Variações bruscas de seção em elementos estruturais;
Falta, ou projeto deficiente de drenagem;
Efeitos da fluência do concreto, não levados em consideração.
GRUPO II
Os materiais deverão ser criteriosamente conhecidos, de acordo com ensaios prévios,
de maneira a caracterizá-Ios, conforme Normas e Procedimentos dos mesmos, em relação
às características de projeto, utilização e condições ambientais, a que estarão sujeitos,ou
seja, a realização de controle tecnológico durante a execução.
GRUPOlII
Relacionamos as principais causas de deterioração de estruturas de concreto decoro
rentes de erros de execução:
Má interpretação das plantas e/ou detalhes, por parte do pessoal de campo;
Adoção de métodos executivos e equipamentos inadequados;
Deslocamento de formas, prumo e alinhamento, na montagem;
Falta de limpeza das formas;
Descolamento de formas, durante a concretagem, por deficiente amarração,
vibração excessiva etc.;
Má colocação da armadura, como falta de cobrimento adequado, má distribuiçãlJ;
Desforma antes que o concreto apresente resistência à compressão e módulo
de deformação suficientes e necessários;
Nas juntas de dilatação, a não retirada de materiais construtivos, tais como fôrmas,
falta de vedação elástica, ou limpeza;
Recalques diferenciais;
Segregação 'do concreto;
Retração hidráulica, durante a pega do concreto, por perda d'água;
Vibrações produzidas po'r tráfego intenso, cravação de estacas, impactos ou ex·
plosões nas proximidades da estrutura;
Inadequado conhecimento de engenharia por parte do construtor e/ou desobe·
diência às Normas, Código e Especificações.
GRUPO IV
Causas prováveis do meio ambiente agressivo.
IV-A Internas
Reações químicas internas, agregados reativos (reação a1cali-agregado), excesso
de determinados aditivos, por exemplo, aceleradores a base de cloreto de cálcio;
Fluência do concreto.
ESlRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I 411
IV-B Externas
Corrosão química ou eletroquímica;
Erosão por abrasão ou cavitação;
Ondas de choque.
15.5. SINTOMAS
Os três sintomas principais de deterioração de uma obra em concreto armado são as
fissuras, a disgregação e a desagregação, cada um destes sintomas são visíveis e podem ser
facilmente constatados e diferenciados entre si.
15.5.1. Fissuras. Em todas as construções de concreto, e portanto com o emprego do
cimento, aparecem fissuras que podem surgir após anos, semanas ou mesmo algumas
horas do término da concretagem.
Há dois tipos distintos de fissuras, quanto a movimentação; uma são as fissuras
"vivas", com movimentação; e outra, as estabilizadas ou sem movimentação, denomina-
das "mortas".
Além do aspecto antiestético e a sensação de pouca estabilidade que apresenta uma
peça fissurada, os principais perigos decorrem da corrosão da armadura, e penetração de
agentes agressivos externos, no concreto.
As aberturas máximas admissíveis pelas Normas Brasileiras NBR-6118/80, subitem
15.5.2.2, considera a fissuração como nociva quando a abertura na superfície do concreto,
ultrapassa os seguintes valores:
0,1 mm para peças não protegidas, em meio agressivo;
0,2 JUm para peças não protegidas, em meio não agressivo;
0,3 mm para peças protegidas.
15.5.2. Disgregações. A disgregação do concreto é caracterizada pela ruptura do mesmo,
especialmente em regiões salientes dos elementos estruturais.
O concreto disgregado é são e conserva suas características de origem, porém não
foi capaz de suportar os esforços anormais que atuaram sobre o mesmo .
.15.5.3. Desagregações. É um dos sintomas característicos da existência de ataque quími-
co.
Como a corrosão de concreto é de natureza química, as causas fundamentais redu-
zem-se a duas principais:
- reações com o hidróxido de cálcio proveniente da hidratação dos componentes
do cimento;
- reações do íon sulfato, com o aluminato tricálcio hidratado do cimento ou com
a alumina do inerte numa solução saturada de hidróxido de cálcio, dando origem
a expansões.
412I MATERIAIS DE CONSTRUÇAO
15.5.4. Os principais sintomas observados e causas COllstam do Quadro I, anexo.
15.6. DIAGNÓSTICO
Com base nos sintomas analisados no item 5, podemos relacionar a(s) causa(s)prin.
cipal(is) na análise e diagnóstico de estruturas de concreto armado. A seguir forneceremos
alguns elementos de verificação das possíveis causas.
15.6.1. Corrosão da Armadura. Verificar se o posicionamento das fissuras é coincidente
com os das barras de aço, retirar um pedaço de concreto descobrindo a armadura e cons·
tatar se a mesma apresenta-se oxidada. Constatar se na face oposta ã superfície, em quese
encontra a armadura oxidada e o sintoina constatado, o concreto encontra-se em bom
estado.
Se todas as verificações forem positivas, trata-se indiscutivelmente de corrosãoda
armadura, que poderá ser química ou eletrolítica.
15.6.1.1. Se a corrosão se produz em segmentos curtos e isolados da barra, de forma
pontual, ou em locais de contato com outras barras trata-se provavelmente de ataqueele.
trolítico.
15.6.1.2. Se a corrosão é generalizada, a causa provável é de ordem química.
15.6.2. Ondas de Choque. Os elementos de concreto aparecem disgregados e deixam,
normalmente a armadura exposta. O local da ruptura é limpo, sem apresentar alteraçãopor
agentes atmosféricos e as armaduras não se apresentam corroídas.
15.6.3. Desagregaçãoda Superfície
15.6.3.1. Material Empregado. Deverão ser realizados ensaios de acordo com as caracte·
rísticas do mesmo, que sejam as mais solicitadas, de modo a verificar se o mesmo é deboa
qualidade ou não.
Caso os materiais apresentem-se satisfatórios, a causa poderá ser uma das três: efeito
químico, alteração atmosférica ou abrasão.
15.6.3.2. A brasão. Se a ação do agente abrasivo não foi dissimulada pela passagemde
rodas ou pela alteração devida deste, o agregado deverá apresentar algumas superfícies
polidas ou algumas estrias.
Verificar se existem algumas partículas trituradas, o que caracteriza o efeito destruo
tivo pelo tráfego existente.
15.6.3.3. Ataque Quz'mico. Para uma caracterização do fenômeno, deverão ser extraídas
amostras comparativas, em locais sãos e danificados do concreto, provenientes de uma
mesma massada, e realizar análises químicas e físicas.
ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I 413
QUADRO I
Os principais sintomas observados e suas caUSaS:
SINTOMAS
CAUSAS PRINCIPAIS
A
BC
X
1. Durante a construção
X
2. Retração durante a pega do cimento
X
3. Retração durante o endurecimento do concreto
4. Efeitos de variação de temperaturaX
X 4.1 Interna
X
4.2 Ambiente
X
X4.3 Incêndio
X
5. Absorção de água pelo concreto
6. Corrosão de armadurasX
X 6.1 Origem química
X
X 6.2 Origem eletroquímica
X
XX7. Reações químicas
X
X8. Alteração atmosférica
X
X 9. Ondas de choque
X
X 10. Projeto incompleto, sem detalhes
X
X 11. Erros de cálculo
X
12. Abrasão
A - fissuras, trincas. B - disgregações. C - desagregações.
414 I MATERIAIS DE CONSTRUÇAO
Se nos resultados da análise, as proporções variarem, ou se aparece um novo campo·
nente, ou um ou vários componentes originais não aparecerem ou se encontrarem numa
proporção claramente reduzida, constataremos que houve alteração química.
15.6.4. Aumento de Volume. Caso ocorra tal fenômeno, o mesmo poderá ter três causas
prováveis: reação química, absorção d'água ou elevação da temperatura da massadecon'
ereto.
É importante medir as porcentagens de aumento de volume, das diferentes partesda
obra, e tentar relacionar com as causas possíveis e com as condições específicas domeio
da obra.
15.6.5. Disgregação. Se a disgregação é localizada e já tenhamos descartado as hipóteses
de corrosão da armadura e insuficiência do cálculo estrutural, resta supormos que tal
anomalia possa ser proveniente das seguintes causas:
variações bruscas de seção na peça;
jun tas rígidas ou mal executadas;
fuga de materiais em juntas de formas não estanques;
goteiras, drenagem insuficiente;
folga insuficiente nas juntas de dilatação;
tensões não previstas;
incompatibilidade de materiais.
15.6.6. Fissuração. Conforme o professor Canovas, ao se analisar a fissuração emestru·
turas de concreto armado, deve-se ter em consideração os seguintes aspectos:
15.6.6.1. Verificar se as fissuras ocorrem em elementos estruturais ou elementos deveda·
ção (alvenarias).
15.6.6.2. Se as mesmas afetam o elemento resistente ou unicamente estão localizadasno
cobrimento ou revestimento dos mesmos.
15.6.6.3. Determinação da profundidade e abertura das fissuras a fim de avaliarmoso
grau de capacidade resistente que ainda possue elemento estrutural.
15.6.6.4. O aspecto geral das linhas de fissuração, com sua orientação, número, freqüên·
cia, ordem de aparecimento etc., nos permitirá obter um quadro clínico que nos permitirá
avaliar as causas que produziram tal sintoma.
15.6.6.5. O conhecimento da evolução do estado de fissuração de um elemento estrutu·
ral é de grande importância na sintomatologia, que permitirá apreciar se a fissura se estabi.
lizou, e portanto, conhecer a segurança da estrutura em serviço.
As medidas das aberturas de fissuras deverão ser realizadas a princípio nas mesmas
horas do dia, sendo conveniente anotar, além das aberturas observadas, a temperatura ea
umidade ambiente.
ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I 415
15.6.6.6. Para que a observação do estado de fissuração de uma estrutura seja eficaz, de-
verá ser bem organizada, sistemática, contínua, e cobrir um período de tempo suficiente
para se obter resultados que possam ser conclusivos.
15.7. INSPEÇÃO
Em qualquer estrutura de concreto armado, a ser reparada, o primeiro e mais importante
passo é o exame detalhado da mesma, por uma equipe técnica, devidamente treinada e
experiente, nos campos de:
concreto e seus constituintes;
cálculo estrutural;
reparos.
Esta inspeção ou exame inicial tem-como objetivo conhecer ou detectar os seguintes
itens:
qual o problema;
quais as causas que o produziram;
que reservas de resistência restaram;
o que deve ser recuperado;
avaliação das quantidades a serem recuperadas;
quais os métodos de recuperação que poderão ser utilizados;
escolha do método mais eficiente, técnico-econômico (fator custo-benefício du-
rabilidade).
Na inspeção de uma obra danificada, deverão ser utilizados os seguintes equipa-
mentos:
Máquina fotográfica, equipada com lentes especiais (tele, macro, micro), bem
como iluminação adequada;
2 - Lupa áptica com campo de ampliação de 25 a 50 vezes;
3 - Fissurômetro, de preferência plástico, transparente ou não;
4 - Talhadeira, ponteiro e martelo, para escarificar e/ou golpear, regiões de con-
crefo solto, segregado etc.;
5 - Jato de ar ou água para limpeza;
6 - Esclerômetro devidamente calibrado, para avaliação da resistência superficial
à compressão do concreto;
7 - tntra-som, para exame da homogeneidade do concreto de detectar eventuais
vazios internos nos elementos estruturais.
o procedimento adequado de análise consiste em representar as deteriorações, com
detalhes, em plantas baixas e cortes, em que estejam também representados os vazios (ja-
nelas, portas etc.).
418 I MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Sendo que só a complementação do conjunto de anolamias verificadas, assimrepre·
sentadas, permite a análise correta das mesmas, as conclusões e causas que a provocaram.
A representação das fissuras deverá ser feita com a maior quantidade possível de
detalhes.
Na maioria das vezes, interessa conhecer a evolução dos danos e como se comporta·
rão durante certo período de tempo. O método mais simples, deste controle, no casode
fissuras, consiste na colocação de selos de gesso em pontos significativos e selecionandoas
fissuras a serem observadas.
Após o levantamento preliminar para estudo da estrutura, segue a verificaçãodas
condições do concreto a aço, através de. ensaios destrutivos e não destrutivos, como segue:
Ensaios não destrutivos
a. Verificação da resistência à compressão, por meio de esclerômetros;
b. Verificação da homogeneidade do concreto, por meio de aparelhos ultra-sônicos,através da propagação da onda sônica no elemento estrutural. Convém notar que as
correlações entre os resultados sônicos e as características dos concretos permitem obteros
Módulos de Elasticidade dinâmico e estático (secante ou tangente), resistência à compressão,
resistência à tração.
O uso de equipamento ultra-sônico é de extrema utilidade na análise do concreto
permitindo a constatação de eventuais falhas internas de concretagem, bem como a deter·
minação de outros defeitos. Quando o concreto apresenta falhas de concretagem ou ma·
terial segregado há diminuição sensível na velocidade de propagação, chegando às vezesà
interrupção do recebimento do sinal sonoro, para falhas de grandes dimensões.
c. através dos métodos atômicos ou sejam, emissões do átomo ou do núcleo atômico
rádio-ativado podemos localizar facilmente as anomalias seguintes:
trincas internas;
concretagem interrompida, e mal reiniciada;
estricção ou ruptura dos fios de protensão.
Ensaios destrutivos
a. análise do concreto através de amostras retiradas da estrutura por meio de brocas
rotativas de diamante. Este ensaio permite verificar a qualidade do concreto.
b. determinação da resistência à compressão de amostras retiradas com brocas.
c. verificação das propriedades mecânicas do aço, quanto aos ensaios de traçãoe
dobramento em amostras extraídas da estrutura.
15.8. RECUPERAÇÃO
Determinada a causa da deterioração e comprovada a resistência da obra, deve·se
decidir:
ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I 417
tomar medidas para conservar a obra em seu estado atual, sem realizar reforço
estrutural;
reforçar a obra;
caso a deterioração seja de grande monta, refazer ou inclusive demolir parcial-
mente a obra. Esta decisão deverá ser tomada em função de fatores de segurança,
econorIÚa e estética.
No caso de reparação da estrutura, esta poderá ser realizada pelos processos a seguir
relacionados:
Concreto armado;
Resinas epoxídicas;
Colagem de armaduras com epoxi;
Concreto projetado;
Protensão;
Chapas e perfis metálicos
MÉTODOS DE REPARO
15.8.1. Método convencional (concreto armado). O reforço de elementos estruturais,
especialmente de vigas e pilares com concreto armado, é um sistema muito empregado
pelas vantagens que possui, especificamente econôrIÚco, frente aos outros tipos de refor-
ços, bem como sua rapidez de execução.
O inconveniente deste tipo de reforço é que a seção final dos elementos é superior
às' de projeto, o que, em alguns casos, pode ser desaconselhável ou antiestético.
15.8.1.1. Reforço em vigas. O reforço em vigas com deficiência de armadura pode ser
procedido segundo um dos critérios a seguir sugeridos:
Reforços de viga com armadura suplementar.
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(b)
(a) (b) (e)
418 I MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
I?) Concreto é removido por meio de ponteiro (a)
2?) Nova armadura é colocada (b)
3?) Superfície de concreto é limpa (b)
4?) Os moldes são ajustados (c)
5?) Moldes são retirados e a superfície pintada com adesivo (d)
6?) Forma é recolocada e procedida a concretagem (e)
Reforço por aumento de seção
a) Incorporação da laje com mesa da viga.
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b) Aumento da altura da viga
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Neste caso haverá sempre necessidade de ser feito enchimento dos vazios criados
pelo aumento de altura das vigas. Podem também ser colocadas lajotas conforme esquema
seguinte.
;....
c) Aumento da largura
ESTRlJl"l-"AS DE CONCRETO ARMADO J 419
15.8.1.2. Reforço em pilares. Quando são constatadas resistências do concreto inferiores
ao fck, o calculista deve ser consultado sobre a eventual necessidade de reforço. Os refor-
ços podem ser executados de várias maneiras. Abordaremos algumas:
Cimento com uso de epoxi
Os esquemas seguintes ilustram as etapas do serviço:
3~ ETAPA
5~ ETAPA
4~ ETAPA
LEGENDA
1~ Etapa
2~ Etapa
3~ Etapa
4~ Etapa
5~ Etapa
Apicoamento das superfícies e arredondameritos dos cantos.
Colocação da armadura de reforço.
Ajustagem dos moldes
Os moldes são retirados e a superfície do concreto é "pintada" com adesivo.
Os moldes são recolocados e é procedida a concretagem do 1~ Trecho.
Todas as etapas são repetidas para os trechos do pilar, e a última concretagem é pro-
cedida através de abertura na laje.
420 I MATERIAIS DE CONSTRUÇAO
Quando há possibilidade de ser procedida a concretagem da última fase do reforço
do pilar através de rasgo aberto na laje superior devem ser tomados os seguintes cuidados:
1. Deve ser colocado adesivo para concreto nas faces da viga.
2. O concreto deve ser colocado apenas a partir de uma face até que apareça na face
oposta.
3. O esquema seguinte ilustra o sistema de concretagem.
Este procedimento tem por finalidade impedir a formação de bolsas de ar sob a viga.
. -
.. ~~
.,
•/adesiVo
o concreto é "empurrado" de
um lado da viga para outro
lado por meio do vibrador
Quando não há possibilidade de ser aberta janela na laje, sobre o pilar que está sendo
reforçado, a última etapa do reparo é feita por encunhamento conforme croquis seguintes:
L.~__· '.
argamassa e brita __
de encunhamento
. ,
~::~~~~'.
'.' '. ~
adesivo
concreto já end urecido
15.8.2. Resinas Epoxídicas. As aplicações mais freqüentes de resinas epoxídicas em
construções de concreto armado, são as seguintes:
injeção de fissuras e trincas;
união de aço e concreto, em reforços;
união de concretos de distintas idades, em reforços;
adesão para unir argamassas ou concretos em reparos;
argamassas epoxídicas para preencher vazios ou reparos de falhas de concretagem;
revestimentos anticorrosivos e selantes, proteções etc.
ESlRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I 421
Injeção com epoxi
Injeções com epoxi constituem método eficiente para reparo de trincas.
Quando as trincas se encontram secas e limpas e o epoxi é convenientemente prepa-
rado e aplicado, a restauração garante perfeita integridade da peça estrutural.
Em obras de pequeno porte pode-se empregar qualquer equipamento que seja capaz
de injetar o material na trinca após terem sido os dois componentes, resina e catalisador
do epoxi, convenientemente misturados.
Em grandes obras é aconselhável o emprego de técnica de injeção, que inclui o
bombeamento independentemente de cada um dos componentes. A mistura dos compo-
nentes se faz, neste casQ, no bico de injeção. O epoxi empregado neste sistema deve ter
viscosidade inicial baixa e ter tempo de pega bem controlado.
Não tendo ocorrido escoamento do aço os reparos são procedidos pelo fechamento
das fissuras e eventualmente pelo reforço da viga.
Realiza-se uma abertura superficial de seção em "V" ao longo de toda trinca. A
abertura em "V" deverá ter aproximadamente 10 mm de profundidade e 15 mm de cada
lado. Limpa-se toda a superfície, principalmente as bordas do "V", selando-se a continua-
ção da seção por meio de epoxi com agente tixotrópico.
A intervalos adequados e ao longo da trinca colocam-se tubos para a injeção em
furos com diâmetro de aproximadamente 12,7 mm e profundidade até 5 cm. As distân-
cias entre furos variam de 15 a 80 cm.
Entre 12 e 36 horas após a fixação dos tubos é feito teste com ar comprimido com
a finalidade de constatar a comunicação entre os fUros.
Na eventualidade de não haver perfeita comunicação entre os tubos, novos furos devem
ser abertos e o ciclo de operações reiniciado.
Uma vez comprovada a comunicação entre os furos procede-se a injeção por meio
de seringa especial, devendo-secomeçar pelos furos inferiores para os superiores.
A pressão varia de 60 a 140 libras/pI. 2
Após 48 horas os tubos são cortados junto à face do concreto e retirados por meio
de bronqueamento.
Finalmente o furo utilizado para injeção é também preenchido.
Os croquis seguintes ilustram o processo injeção.
Abertu ra de rasgo
cônico
Rasgo selado antes
do início da
injeção DETALHE - A
422 I MATERIAIS DE CONSTRUÇAO
15.8.3. Colagem de armadura com epoxi. Mediante a colagem com resina epoxídica, a
armadura suplementar do elemento estrutural defeituoso, em forma de bancas (chapas
de aço), coladas no fundo ou nas laterais dos mesmos (laje, vigas), evitando, portanto,
o aumento das dimensões finais do elemento estruturaL
Nas uniões, mediante colagem de dois materiais, a adesividade é a propriedade
fundamental, que depende da qualidade do adesivo a empregar, das condições das suo
perfI'cies dos materiais a unir e das propriedades destes materiais.
15.8.3.1. Reforço de vigas
- reforço frente a esforços de flexão;
- reforço frente a esforços de força cortante.
15.8.3.2. Reforço de lajes
- reforço frente a flexão, quer devido a momento negativo, quer positivo.
As resinas epoxi se aderem bem ao aço e/ou concreto, porém é necessário para se
conseguir uma união perfeita alguns cuidados na preparação das superfícies.
A limpeza pode ser feita com dissolventes facilmente evaporáveis, tais como: trido·
roetileno, tetrac1oreno de carbono, xilol etc., seguido de um tratamento abrasivo. Por
exemplo: jato de areia.
Com isto consegue-se eliminar todo óxido ou impureza da superfície e torná-Ia ruo
gosa. Especificamente para vigas, após minucioso estudo e exame da situação, determi·
na-se a causa do reforço exigido quer seja flexão, cortante ou torção.
Para éada caso calcula-se a chapa metálica necessária (dimensões e espessura), após
a su'perfície está completamente limpa, cola-se a chapa na posição exata (flexão = embaixo,
cortante = lateral e tração = superior).
Procede-se ao revestimento normal, devendo-se usar uma "pintura" com adesivoso·
bre a chapa para garantir aderência do revestimento.
Reforço de viga por meio de colagem de cantoneira ou chapas metálicas.
(a) (b) (c)
a) Superfície de concreto é apicoada e limpa
b) A superfície é "pintada" com adesivo
c) As cantoneiras ou chapas são coladas
ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I 423
15.8.4. Concreto Projetado. As aplicações mais freqüentes de concreto projetado em
construçOes de concreto armado, são as seguintes:
reparos de estruturas de edifícios;
reparos de estruturas em contato com água, tubulões, pontes, canais e túneis re-
vestidos, depósitos e estruturas marítimas portuários;
uniões entre cpncreto velho em recuperações de estruturas convencionais, sem
utilização de formas.
Chamado também de "gunite" o concreto projetado tem traço dosado a seco e é
lançado por bombas especiais de duas câmaras que garantem a projeção contínua. Impul-
sionada por ar comprimido, a mistura seca é transportada por mangotes de borracha
de I 1/2 a 2 pol. até o local de lançamento, no bico de lançamento (canhão). Outra bom-
ba injeta a água de forma a controlar o fator adequado de água-cimento geralmente entre
0,35 a 0,50 litro de água por quilo de cimento. Água em excesso provoca escorrimento
(sag) e a falta causa reflexão ou ricochete (rebound) com a conseqüente perda de mate-
rial. O controle é exercido pelo operador que maneja o canhão na extremidade da linha.
No revestimento de pequenas espessuras (até 3 cm) pode ser usada uma simples mis-
tura de cimento e areia. Em trabalhos normais de concretagem estrutural acrescenta-se
pedra de até 3/8 pol. Em trabalhos como isolamentos térmicos e acústicos, revestimentos
impermeáveis, refratários, anti-abrasivos e resistentes a ácidos utilizam-se agregados espe-
ciais. A concretagem por este processo é contínua e permite o lançamento a distâncias
de até 250 m na horizontal e até 150 m na vertical. O concreto projetado pode ser aplica-
do em pisos, superfícies inclinadas, paredes verticais ou até mesmo tetos (over-ead), onde
permanece sem escorrer devido ao baixo fator água-cimento e da velocidade e pressão
com que é lançado.
Para aplicação do concreto projetado, são neces'sários um compressor de ar com ca-
pacidade entre 325 e 450 pcm, equipamento de projeção de câmara dupla, bomha de
água de alta pressão, mangote de transporte de concreto, com canhão, mangotes de ar
comprimido e mangueiras de água. A equipe de execução é formada pelo operador da
máquina, um operador de canhão com dois ajudantes, serventes para medição, traço e ali-
mentação da máquina e pedreiros com ajudantes para sarratear as superfícies concretadas,
para um acabamento liso.
Além da facilidade de lançamento, o concreto projetado apresenta várias vantagens
especiais:
lançado sobre concreto, alvenaria. ferro, rocha. solo e revestimentos, sua aderência
é geralmente maior do que a própria resistência do material sobre o qual está
sendo assentado. No caso de estruturas metálicas, depois de removida a parte
oxidada por meio de ferramentas pneumáticas é feita a sua limpeza com jato
de areia de alto impacto, para remoção de toda a oxidação, a superfície se apre-
senta com grande aspereza que amplia ainda mais a aderência do concreto proje-
tado;
a pressão do jateamento torna o concreto extremamente denso e impermeável,
características 'que podem ser reforçadas com aditivos ou pelo enriquecimento
do traço;
424 I MATERIAIS DE CONSTRUÇAO
graças ao baixo fator água-cimento, o concreto projetado tem uma resistência
à compressão e à abrasão superior ao concreto normal, com o mesmo consumo
de cimento por m3 ;
sua resistência ao fogo é superior à do concreto normal, perdendo menos resis·
tência por ação do calor e por oferecer maior proteção à armação;
o concreto projetado elimina a necessidade de construção de andaimes e rampas,
devido à sua forma de transporte por ar comprimido através de mangotes.
Especificações dos serviços de recuperação estrutural
1. Corte do concreto afetado e esboroado, solto ou com manchas de óxido de
ferro (ferrugem), feito através de ferramentas pneumáticas, ou por ponteiros em
operação manual. Este serviço altamente especializado é acompanhado por um
encarregado que determina os pontos de corte.
2. Aplicação de ferramentas pneumáticas, para retirar o grosso da ferrugem por·
ventura existente nas ferragens antigas.
3. Recomposição da seção original de ferro da armação, por aplicação de ferragem
adicional soldada.
4. Aplicação de concreto projetado a fim de reconstituir a seção original e recom·
por todas as zonas em que foi perdida a aderência entre o concreto e o ferro.
S. Aplicação de jato de areia de alta densidade sobre os pontos a serem recuperados.
6. Camada de revestimento executada por pedreiros a fim de dar acabamento a suo
perfície tratada, caso seja necessário.
15.8.5. Protensão. Uma das principais vantagens apresentadas pela protensão como
reforço em elementos estruturais é que permite atuar sobre elementos deformados e subo
metidos a cargas de serviços, sem que os mesmos tenham que ser aliviados. Com a pro·
tensão conseguimos realizar um "transporte" dos esforços do elemento em questão, aos
cabos de protensão, de tal forma que os esforços indesejáveis sejam canalizados para re·
giões da estrutura mais adequada e com resistência capaz de absorvê-los.
As possibilidades de utilização deste processo são como reforços a flexão, cortante
ou a torção.
É comum o reforço de vigas mediante a utilização de tirantes, formados por barras
de aço com roscas nas extremidades, fixadas nas laterais da viga, e postas em tensão por
meio de porcas, que transmitem a tensão à ancoragens adequadas nas extremidades da
viga.
O mesmo procedimento pode ser utilizado em lajes nervuradas, obtendo-se bom de·
sempenho de reforço.
A alternativa de utilizar a prot~nsão como reparo, deverá ser perfeitamente estuda·
da técnica ~ esteticamente, de modo a se obter o desempenho almejado e que ocupem o
mínimo espaçode maneira a não criar problemas estéticos, e que todo o conjunto possa
ser facilmente dissimulado, ou com recobrimento de argamassa ou simplesmente com ele·
mentos de gesso, forro falso etc.
ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I 425
TIRANTE
TIRANTE
15.8.6. Perfis Metálicos. Atualmente, em vários países, principalmente a Espanha, reali-
zam com freqüência reforços de pilares e vigas, através de estruturas em perfis metálicos
soldados entre si, envolvendo o elemento estrutural comprometido, parcial ou totalmen-
te.
É um trabalho simples e rápido, dependendo apenas da boa ligação entre perfis e o
elemento estrutural de concreto.
Quando for necessário proceder reforço de pilares de um determinado andar, é
aconselhável executar a transferência para os andares imediatamente superior e inferior,
neste caso, usam-se cantoneiras nos quatro cantos do pilar, e ligações paralelas são solda-
das entre as cantoneiras.
Quando necessário, usam-se ainda uma peça de transmissão de cargas, entre as
vigas e os pilares reforçados.
Em vigas, os perfis podem ser colados com epoxi, e soldados aos estribos ou fixa-
dos por parafusos de alta resistência.
O desenho a seguir foi extraído do livro do Prof. Canovas, melhor exemplifica o
reforço.
426 I MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Na França foram desenvolvidas experiências e em seguida em nosso laboratório,
acompanhadas por engenheiro estrutural do Escritório Técnico Luiz A. Pitta, em refor.
ços de vigas por chapas planas ou em L.--,-J coladas com epoxi. Os resultados experimen-
tais permitiram a utilização do processo em várias obras que necessitavam de reforços;
a) em reforços cortantes, quando as chapas são colocadas nas faces lateriais das vigas,
como na obra do Mercado Morita na Av. Morumbi com Marginal do Pinheiros em SP.
ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I 427
(l)
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b) em reforços para tração, quando são coladas várias chapas, uma sobre as outras,
até obter a área necessária solicitada pelo calculista.
As chapas devem ser finas, com 3 mm ou menos de espessura, e superfícies devi,
damente tratadas por escovação mecânica, até o branco metálico esquematicamente
conforme croquis abaixo.
-'1;
corte
Para melhorar a aderêcia entre as chapas, cantoneiras ~ o concreto, pode-se aque-
cer as ligações, de maneira que ao se resfriar, por retração das peças metálicas, haverá
uma ligeira compressão da estrutura e aumento da aderência.
Também são utilizados, em lugar de aquecimento, colas epoxídicas.
Para os que se interessarem pelo assunto, citamos alguns trabalhos mais especializa-
dos que são, entre outros:
1952 - Lossier. A Patologia do Concreto Armado. - Paris, Dunod.
1955 - Lossier. Pathologie et Therapeutique de Beton Arme. Dunot.
1956 - Rolt Hammond - Acidentes da Engenharia Estrutural- Londres, Odhams Press.
1961 - Szechy. Falhas de Fundação - Londres, Concrete Publications.
1961 - Chapion. Acidentes e Reparos em Estruturas de Concreto. Nova York, lohn Wiley.
1962 - Thomas McKaig. Falhas de Construção. - Nova York, McGraw-Hill Books.
1963 - Gunter Mall. Deterioração das Construções, Causas, Efeitos e Prevenção. -
Alemanha, Bauerlag Wiesbaden.
1965 - loisel, A. Fisuras Y Gretas en Morteras y Hormigones - Espana, Editores Técnicos
Associados.
428 J MATERIAIS DE CONSTRUÇAO
1965 - Mastrodicasa, S. Dissesti atatici delle strutture editizie, Diagnosi e Consolidamento.
- Ubrico Hoeli.
1968 - Woods. Durability of concrete construction.
1977 - Canovas, M. Fernandez. - Patologia y Terapéutica del.HormigónIArmado,
- Dossat, 1986,
1985 - Bauer, L. A. Falcão e Bauer, R. 1. - Ensaios não Destrutivos.
1976 - Bauer, L. A. Falcão; Noronha, M. A. - Reparo de Estruturas de Concreto. Caracas
- Venezuela - XVII Jornadas de Engenharia Estrutural.
,
CAPITULO 16
16.1. RESUMO
PATOLOGIA EM
ALVENARIA
ESTRUTURAL DE
BLOCOS
VAZADOS DE
CONCRETO
Prof. Eng. ROBERTO JOSÉ FALCÃO BAUER
Diretor da L.A. Falcão Bauer - Centro Tecnológico do Con-
trole da Qualidade. Professor na disciplina de Materiais de
Construção Civil no Curso de Engenharia Civil da UNIT AU.
Este trabalho procura analisar as eventuais anomalias que possam vir a ocorrer em alvena-
rias estruturais de blocos vazados de concreto, relacionando-as a uma ou mais características de
qualidade eventualmente não atendidas; as causas que as geraram geralmente decorrem de defici-
ências de projeto, da especificação de material, da execução, da utilização ou da manutenção.
16.2. INTRODUÇÃO
16.2.1. Principais características As facilidades construtivas proporcionadas pelo empre-
go de um único elemento são diversas, podendo-se relacionar como principais vantagens:
técnicas de execução simplificadas;
menor diversidade de materiais empregados;
redução do número de especializações da mão-de-obra empregada;
redução de interferências no cronograma executivo, entre os subsistemas (estrutura e
alvenaria são executadas conjuntamente).
16.2.2. Técnica Executiva Visando atingir o desempenho técnico de edificações, em alve-
naria armada, de blocos vazados de concreto, deverão ser tomados cuidados especiais nas fases
de concepção, projeto e execução.
16.2.2.1. Concepção e projeto
conceituação dos projetos arquitetônico e estrutural;
conhecimentos técnicos adquiridos com base em experiência nacional, visando a ade-
quação e concepção dos projetos de fundação e estrutural;
normalização técnica existente quanto à especificação dos materiais constituintes e pro-
cedimentos de execução.
430 I MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
16.2.2.2. Execução
- controle de qualidade efetivo, seja dos materiais, com relação ao recebimento e esto-
cagem, seja da execução.
16.3. ANOMALIAS
Com base no diagrama idealizado pelo professor Ishikawa (diagrama causa e efeito), ava-
liamos as eventuais anomalias que possam ocorrer relacionando-as a uma ou mais característi-
cas da qualidade não atendidas, que são os fatores que as geraram.
Se lembrarmos dos 5 Ms da qualidade; veremos que há facilidade de estimular a econo-
mia, diminuir o desperdício e as anomalias, melhorando sensivelmente a qualidade e, conse-
qüentemente, a imagem do sistema construtivo.
Material
Metodologia
Máquina
Mão-de-obra
Meio ambiente
MÁQUINA I I MÃO-DE-OBRA I I MEIO AMBIENTE I
QUALIDADE
Material
a. Critérios de qualificação técnica dos fabricantes de blocos estruturais.
b. Qualificação técnica dos fabricantes.
c. Especificação técnica.
Mediante Normas Técnicas e Caderno de Encargos (acordo prévio) .
• Blocos vazados de concreto (NBR 6136)
resistência à compressão;
- umidade;
- absorção de água;
- dimensional.
• Argamassas e grautes (NBR 8798)
- dosagens;
- retenção de água (argamassas);
resistência à compressão.
da.
PATOLOGIA EM ALVENARIA ESTRUTURAL DE BLOCOS VAZADOS DE CONCRETO /431
• Aço (NBR 7480)
• Cimento
• Cal hidratada (NBR 7175)
• Agregados (NBR 7211)
• Água
• Aditivos (NBR 11768)
d. Pedido de compra.
Deverá conter as especificações técnicas previamente acordadas entre as partes.
e. Controle de recebimento e estocagem
Metodologia
É necessário introduzir o uso de Normas Técnicas aplicáveis na aquisição e no emprego
de materiais, na contratação de serviços e na construção em geral.
O artigo 39, item VIII do Código de Defesa do Consumidor, diz, resumindo, "que é ve-
dado ao fornecedor de produtos ou serviços colocar no mercado de consumo qualquer produto
ou serviço em desacordo com as Normas da ABNT ou de outra entidade credenciada pelo
CONMETRO".
a. Projetos
Projeto arquitetõnico contendo detalhes construtivos com relação a medidas específicas
quanto às condições de habitabilidade (térmica, acústica e de umidade).
Projeto estrutural com base em teorias atuais, fundamentadas em base experimental sóli-
b. Normas Técnicas e Cadernos de Encargos, contendo inclusive procedimentos de exe-
cução.
c. Procedimentos de recebimento de materiais e serviços.
d. Procedimentos com relação ao recebimento de outras atividades que possam intervir
na execução dos trabalhos e no desempenho como um todo (interfaces:lajes, contrapiso, insta-
lações em geral etc.).
e. Manual do Proprietário
Deverão constar os procedimentos relativos ao uso adequado e eventuais restrições, cui-
dados na manutenção e limpeza, e quanto à pintura, seja interna ou externa, especificar os pro-
dutos recomedáveis, bem como sua periodicidade.
Máquinas
É indispensável colocar, imediatamente, máquinas (ferramentas) simples à disposição dos
operários.
Por quanto tempo ainda nossos pedreiros continuarão a assentar blocos, fazendo 25 mo-
vimentos por peça, quando Taylor e Fayol já nos ensinaram que é possível fazê-Io com oito
movimentos? Será que a caixa de argamassa não poderia estar à altura de 0,80 m, ergometrica-
mente colocada, diminuindo a energia gasta em movimentos inúteis e cansativos?
A máquina humana deve ser cada vez mais inteligentemente utilizada.
O emprego de pequenas e eficientes ferramentas irá melhorar a qualidade e a produtivi-
dade.
432/ MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Os equipamentos utilizados nos processos construtivos, nas verificações de serviços e nos
ensaios deverão estar em conformidade com os procedimentos e devidamente calibrados.
Mão-de-obra
"A qualidade começa pela educação e acaba na educação. Uma empresa que progride em
qualidade é empresa que aprende, que aprende a aprender" - Professor Ishikawa.
Educação é informação, treinamento, autovalorização, participação, delegação de respon-
sabilidades.
Meio ambiente
É necessário entendermos, claramente, que o lixo das cidades não pode ser constituído
de entulho de obras. Melhor dizendo: desperdício, que cria, junto com o lixo domiciliar, escon-
derijo, alimentação, ambiente propício para a criação de roedores, insetos e de agentes trans-
missores de doenças infeto-contagiosas.
Os principais fatores de desperdício podem ser resumidos em:
perda de material e retrabalho, por falta de qualidade dos materiais, qualificação da
mão-de-obra com alta rotatividade e falta de projeto específico;
perda de cerca de 20% de material utilizado no nivelamento de paredes fora de prumo
ou em revestimento de paredes que apresentam variações de espessura;
armazenamento inadequado de materiais no canteiro de obras.
Devemos nas fases de projeto e execução atentar para preservarmos e meio ambiente,
sem comprometimento da qualidade de vida do cidadão e do mundo.
16.3.1. Principais Anomalias As anomalias mais comuns que podem ocorrer em alvenari-
as estruturais, de blocos vazados de concreto, são as relacionadas a seguir:
fissuras;
eflorescências;
infiltrações de água.
16.3.1.1. Fissuras. As fissuras ocupam o primeiro lugar na sintomatologia em alvenarias estru-
turais de blocos vazados de concreto.
As causas da fissuração nem sempre são de fácil determinação, entretanto, o conheci-
mento das mesmas é de vital importância para a definição do tratamento adequado para a recu-
peração.
A configuração da fissura, abertura, espaçamento e, se possível, a época em que a mesma
ocorreu (após anos, semanas ou mesmo algumas horas da execução) podem servir como ele-
mentos para diagnosticar a causa ou causas que as produziram.
Considerando-se as diferentes propriedades mecânicas e elásticas dos constituintes da
ai venaria e em função das solicitações atuantes, as fissuras poderão ocorrer nas juntas de assen-
tamento (argamassa de assentamento - vertical e horizontal) ou secionar os componentes da
alvenaria (blocos vazados de concreto).
Relacionamos a seguir outros fatores que podem influenciar o comportamento das alve-
narIas.
bloco vazado: dimensões, aspecto com relação à porosidade e ao acabamento superfi-
cial.
PATOLOGIA EM ALVENARIA ESTRUTURAL DE BLOCOS VAZADOS DE CONCRETO /433
Tabela 16.1
Configuração Típica Causa Provável
Deformação da argamassa de assentamento em paredes submetidas
a uma carga vertical uniformemente distribuída.
Movimentação higroscópica da alvenaria, principalmente no
Fissura
encontro de alvenarias (cantos) e em alvenarias extensas.
Vertical Retração por secagem da alvenaria, principalmente em pontos deconcentração de tensões ou seção enfraquecida.
Expansão da argamassa de assentamento (interação sulfato-cimento,
hidratação retardada da cal).
Alvenaria submetida à flexocompressão devida a deformações
excessivas da laje.
Movimentação térmica da laje de cobertura (deficiência de
isolamento térmico), com a ocorrência de fissuras no topo daparede decorrente da dilatação da laje de cobertura.
Fissura
Expansão da argamassa de assentamento (interação sulfato-cimento,
Horizontal
hidratação retardada da cal).
Expansão da alvenaria por movimentação higroscópica, em geral
nas regiões sujeitas à ação constante de umidade, principalmentena base das paredes.
Retração por secagem da laje de concreto armado, que gera fissuras
nas alvenarias principalmente nas externas enfraquecidas porvãos (janelas).
Recalques diferenciais, decorrentes por falhas de projeto,
rebaixamento do lençol freático, heterogeneidade do solo,influência de fundações vizinhas.
Atuação de cargas concentradas diretamente sobre a alvenaria,
devido à inexistência de coxins ou outros dispositivos para
Fissura
distribuição das cargas.
Inclinada
Alvenarias com inexistência ou deficiência de verga e contraverga,
nos vãos de portas e janelas.
Carregamentos desbalanceados, principalmente em sapatas corridas,
ou vigas baldrames excessivamente flexíveis.
Movimentação térmica de platibanda, ocorrendo fissuras horizontais
e inclinadas nas extremidades de alvenaria.
Fissura
Movimentação térmica, gerando fissuras no encontro dos elementos
na Laje Mista de Forro
cerâmicos com as vigotas pré-moldadas.
da Cobertura
434/ MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
argamassa de assentamento: consumo de aglomerantes, retenção de água e retração.
alvenarias: geometria do edifício, esbeltez, eventual presença de armaduras, existên-
cia de paredes de contraventamento.
fundações: recalques diferenciais.
movimentações: higroscópicas e térmicas.
As prováveis causas geradoras de fissuração estão relacionadas na Tabela 16.1.
16.3.1.2. Eflorescências. A eflorescência é decorrente de depósitos salinos, principalmente de sais
de metais alcalinos (sódio e potássio) e alcalino-terrosos (cálcio e magnésio) na superfície de al-
venarias, provenientes da migração de sais solúveis nos materiais e componentes da alvenaria.
As eflorescências podem alterar a aparência da superfície sobre a qual se depositam e.
em determinados casos, seus sais constituintes podem ser agressivos, causando desagregação
profunda, como no caso dos compostos expansivos.
Na Tabela 16.2 estão indicados os sais mais comuns em eflorescências, fontes prováveis
do seu aparecimento e a sua solubilidade em água.
A eflorescência é causada por três fatores de igual importância: o teor de sais solúveis
existentes nos materiais ou componentes, a presença de água e a pressão hidrostática necessá-
rias para que a solução migre para a superfície. As três condições devem existir concomitante-
mente, pois caso uma delas seja eliminada não ocorrerá o fenômeno.
Os sais solúveis podem ser provenientes de materiais e componentes das alvenarias e
revestimentos. Os sais solúveis do cimento agem como fonte de eflorescência. Cimentos que
contenham elevado teor de álcalis (NazO e KzO) na sua hidratação podem transformar-se em
carbonato de sódio e potássio, muito solúveis em água.
A água de amassamento e os agregados também podem contribuir para a ocorrência das
eflorescências. Caso a água ou a areia utilizada seja proveniente de regiões próximas ao mar,
pode conter c1oretos e sulfatos de metais alcalino-terrosos em sua composição.
Blocos vazados de concreto podem, eventualmente, ser a causa de eflorescências, caso
os materiais constituintes contenham sais solúveis, provenientes às vezes do próprio aglomerante
(cimento Portland), dos agregados conforme seu processo de fabricação ou até de aditivos à
base de c1oretos.
No caso dos tijolos e materiais cerâmicos, as possíveis fontes de sais são as matérias-pri-
mas cerâmicas, a água usada na fabricação e a reação de componentesda massa com óxidode
enxofre do combustível, durante a secagem e o início da queima.
Caso a queima dos produtos cerâmicos seja realizada em temperatura adequada, os sulfa-
tos são eliminados. Os sulfatos alcalinos e de magnésio são eliminados a temperaturas acimade
950°C, e os de cálcio à temperatura de 1050°C.
Outra situação possível é a reação entre o cimento da argamassa que contém hidróxidos
alcalinos e os tijolos (sulfato de cálcio), resultando em sulfatos de sódio e de potássio.
Existem outros fatores que contribuem para a formação de eflorescências na medida em
que fornecem sais solúveis. Nitratos de sódio, potássio e amônio, muito solúveis em água, po-
dem ser encontrados em solos adubados ou contaminados industrialmente.
Devem ser redobrados os cuidados em edificações situadas em terrenos ácidos, já quea
acidez aumenta a solubilização dos sais alcalinos.
O anidrido sulfuroso, gás residual da queima de combustíveis, em contato com a chuva
pode se transformar em ácido sulfúrico, o qual reage com os compostos do tijolo e da argamas-
sa para formar sais solúveis.
O segundo fator necessário para que ocorra eflorescências corresponde à presença de água.
A água em geral é proveniente da umidade do solo; da chuva, acumulada antes da coberturada
obra ou infiltrada através das alvenarias, aberturas ou fissuras; de vazamentos de tubulaçõesde
água, esgoto, águas pluviais; da água utilizada na limpeza e de uso constante em determinados locais.
PATOLOGIA EM ALVENARIA ESTRUTURAL DE BLOCOS VAZADOS DE CONCRETO /435
Tabela 16.2 Natureza Química das Eflorescências
Composição Química Fonte ProvávelSolubilidade em Água
Carbonatação da callixiviada
Carbonato de Cálcio
da argamassa ou concreto ePouco solúvel
de argamassa de cal não- carbonatada.
Carbonatação da cal lixiviada
Carbonato de Magnésio
de argamassa de cal não-Pouco solúvel
carbonatada.
Carbonatação dos hidróxidos
Carbonato de Potássio
alcalinos de cimentos comMuito solúvel
elevado teor de álcalis.
Carbonatação dos hidróxidos
Carbonato de Sódio
alcalinos de cimentos comMuito solúvel
elevado teor de álcalis.
Hidróxido de Cálcio
Cal liberada na hidratação doSolúvel
cimento.
Sulfato de Cálcio
Hidratação do sulfato de cálcioParcialmente solúvel
Desidratado
do tijolo.
Sulfato de Magnésio
Tijolo, água de amassamento.Solúvel
Sulfato de Cálcio
Tijolo, água de amassamento.Parcialmente solúvel
Reação tijolo-cimento,
Sulfato de Potássio
agregados, água deMuito solúvel
amassamento.
Reação tijolo-cimento,
Sulfato de Sódio
agregados, água deMuito solúvel
amassamento.
Água de amassamento, limpeza
Cloreto de Cálcio
com ácido muriático.Muito solúvel
Cloreto de Magnésio
Água de amassamento.Muito solúvel
Nitrato de Potássio
Solo adubado ou contaminado.Muito solúvel
Nitrato de Sódio
Solo adubado ou contaminado.Muito solúvel
Nitrato de Amônia
Solo adubado ou contaminado.Muito solúvel
Cloreto de Alumínio
Limpeza com ácido muriático.Solúvel
Cloreto de Ferro
Limpeza com ácido muriático.Solúvel
436/ MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
o terceiro e último fator que deve coexistir com os outros, para a ocorrência das eflores-
cências, corresponde à pressão hidrostática devida à migração da solução para a superfície.
O transporte de água através dos materiais e a conseqüente cristalização dos sais solúveis na
superfície ocorrem por capilaridade, infiltràção em trincas e fissuras, percolação sob o efeito da gravida-
de, percolação sob pressão por vazamentos de tubulações de água ou de vapor, pela condensação de
vapor de água dentro de paredes ou pelo efeito combinado de duas ou mais dessas causas.
Quanto à remoção das eflorescências sobre a superfície da alvenaria, esta só poderá ser
realizada após a eliminação da causa da infiltração de água (umidade) e secagem do revesti-
mento, sendo então procedida escovação da superfície e, se necessário, reparo de eventual re-
gião com pulverulência.
16.3.1.3. Infiltrações de água. Entre as manifestações mais comuns referentes aos problemas de
umidade em edificaçães encontram-se manchas de umidade, corrosão, bolor, fungos, algas, liquens,
eflorescências, descolamentos de revestimentos, friabilidade da argamassa por dissolução de com-
postos com propriedades cimentíceas, fissuras e mudança de coloração dos revestimentos.
Há uma série de mecanismos que podem gerar umidade nos materiais de construção, sendo
os mais importantes os relacionados a seguir:
- absorção capilar de água;
- absorção de água de infiltração ou de fluxo superficial de água;
- absorção higroscópica de água;
- absorção de água por condensação capilar;
- absorção de água por condensação.
Nos fenômenos de absorção capilar e por infiltração ou fluxo superficial de água, a umi-
dade chega aos materiais de construção na forma líquida, nos demais casos a umidade é absor-
vida na fase gasosa.
Neste livro iremos abordar a ação da água na forma líquida.
A infiltração de água pode ser agravada pela ação combinada do vento (pressão), dadire-
ção e da intensidade tanto da chuva como do vento, além das condições de exposição da alve-
naria. Eventuais anomalias, principalmente fissuração da parede, irão contribuir sobremaneira
na gravidade das manifestações patológicas decorrentes.
Infiltração pelos componentes da alvenaria
Na fase de projeto é necessário analisar os seguintes itens, visando a minimizar os efeitos
advindos da penetração de umidade:
- orientação das fachadas em relação aos ventos predominantes;
detalhes arquitetônicos e técnicos das fachadas e muros, tais como frisos, pingadeiras,
rufos e contra-rufos, beirais, platibandas, tipo de cobertura e respectivos detalhes, juntas
de movimentação ou de controle em paredes e muros externos e respectivos materiais
de selagem das mesmas;
- intensidade e duração das precipitações na região da edificação;
- conhecimento das propriedades dos materiais constituintes das alvenarias, quanto a
higroscopicidade, poros idade e absorção de água.
Infiltração pelas juntas de assentamento
A infiltração de água pelas juntas de assentamento pode acontecer por descontinuidades
na argamassa de assentamento, na interface argamassa - bloco vazado de concreto e pela pró-
pria argamassa de assentamento. As diversas causas geradoras constam da Tabela 16.3.
PATOLOGIA EM ALVENARIA ESTRUTURAL DE BLOCOS VAZADOS DE CONCRETO /437
Tabela 16.3
Anomalias Causas Geradoras
Fissuras verticais contínuas na argamassa de
assentamento.
Fissuras horizontais e verticais (tipo escada).
As principais causas geradoras foram analisadas
no item 16.3.1.1.Fissuras horizontais. Fissuras na própria argamassa de
Retração hidráulica da argamassa - argamassa
assentamento.
excessivamente rígida - baixa retenção de
água da argamassa.
Deficiência de execução (espessura elevada da
Fissuras na interface argamassa de
argamassa> 1,0 cm - blocos excessivamente
assentamento - bloco vazado de concreto.
seco ou com contaminação), - argamassa com
baixa retenção de água.
Argamassa preparada com excesso de água de
Infiltração pela argamassa.
amassamento (elevada porosidade e
permeabilidade à água).
Em alvenarias aparentes deverão ser tomados cuidados especiais com relação ao frisamento
das juntas, garantindo maior adensamento da argamassa e menor contato da lâmina de água nas
juntas.
Infiltrações relacionadas a outros fatores
Na fase de projeto devem ser adotados determinados cuidados de modo a minimizar as
infiltrações de água.
As chuvas, sob pressão do vento ou não, provocam a formação de lâminas de água que
irão escorrer sobre as fachadas. Portanto, para garantir a estanqueidade e minimizar a
deteriorização do revestimento, deverão ser adotados alguns detalhes construtivos, como
pingadeiras, molduras, cimalhas, peitoris e frisos, visando a dissipar concentrações de água.
A geometria das fachadas deverá ser estudada de modo a evitar que o fluxo de água se
dirija para pontos vulneráveis, como juntas e caixilhos, permitindo que o próprio fluxo de água
faça a limpeza do paramento impedindo a deposição de fuligem e empoçamentode água. As
prumadas externas de águas pluviais, em tubo de PVC, galvanizado ou zinco, em geral são fi-
xadas da alvenaria. Caso a superfície da parede apresente irregularidades, o que é normal, a
prumada e a alvenaria se tocarão em certos locais e a sujeira, como pó e folhas, se acumulará
formando deposições que retêm na alvenaria a umidade proveniente da chuva.
Pode ser que não ocorram infiltrações, se a alvenaria estiver em uma fachada ensolarada.
Porém, não é possível descobrir a tempo as infiltrações, e podem surgir problemas sérios antes
que se perceba a causa.
A utilização de espaçadores entre o parafuso de fixação e a prumada evitará possíveis
pontos de contato e, portanto, o acúmulo de sujeira e umidade.
Deve-se evitar que os parafusos de fixação sejam introduzidos diretamente nas argamas-
sas de assentamento dos blocos, a fim de impedir que ocorram preferenciais de penetração de
umidade.
438/ MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
É fundamental que se façam verificações periódicas do estado da tubulação, quantoa
eventuais entupimentos, perfurações, corrosão e estado da pintura, se for o caso.
A elaboração de projeto de isolação térmica e impermeabilização das lajes é essencial
para que se obtenha desempenho satisfatório das alvenarias, evitando dessa maneira a ocorrên-
cia de trincas em alvenarias e de infiltrações de água pelas fissuras do revestimento, ou por
deficiência da impermeabilização.
É conveniente que sejam evitados detalhes que favoreçam o acúmulo de água. Assim,
não devem ser utilizadas seções em "U" desprovidas de pontos de drenagem em sistemas de
captação de água pluvial de coberturas.
As superfícies horizontais devem ter inclinação de pelo menos I %. Este caimento será
previsto de modo que a água verta para o exterior da obra. Além disso, deverão ser tomados
cuidados especiais de manutenção, a fim de que os pontos de drenagem não fiquem obstruídos
e permitam que a água de telhados e balcões verta distante da obra.
Os ralos e respectivos condutos de captação de água devem ser dimensionados correta-
mente, evitando vazamentos e encharcamentos de platibandas.
Os caixilhos podem constituir um ponto vulnerável às infiltrações de água, na medidaem
que apresentem problemas de estanqueidade.
As janelas devem ser submetidas a ensaio, a fim de se detectar eventuais pontos suscep-
tíveis a infiltrações de água para que sejam procedidas as devidas correções no projeto, de modo
que se obtenha perfeita vedação, e se evite, dessa forma, a penetração de água, que poderá gerar
quadros patológicos.
Os ensaios de desempenho quanto à estanqueidade ao ar e à água e quanto à resistênciaà
carga de vento são realizados conforme metodologia específica, segundo a NBR 7202 - De-
sempenho da Janela de Alumínio em Edificações de Uso Residencial e Comercial.
O ensaio visa a simular condições de exposição a chuvas com vento, e ao vento simples-
mente, com a aplicação de pressões equivalentes a velocidades de vento determinadas seguin-
do as isopletas de vento, específica para cada região.
16.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A normalização exerce papel preponderante no desempenho de países altamente indus-
trializados, como Alemanha e Japão. Essas nações, que após a II Guerra Mundial construíram,
partindo do nada, todo seu parque industrial e são hoje grandes potências industriais, utilizando
a tecnologia como força motriz e tendo como lastro as Normas Técnicas como forma de garan-
tir os graus de capacidade e qualidade requeridos.
Portanto, devemos incentivar o processo de normalização do setor, visando a fornecer
subsídios técnicos aos projetistas, engenheiros, arquitetos, construtores e usuários, de modoa
obter melhorias de qualidade e, conseqüentemente, redução de anomalias.
O desenvolvimento e o poder de um país estão condicionados ao uso adequado da tecno-
logia.
Se não houver educação, não há acesso à tecnologia; sem a tecnologia, não se consolida,
não se legitima, nem se perpetua o poder de uma Nação.
PATOLOGIA EM ALVENARIA ESTRUTURAL DE BLOCOS VAZADOS DE CONCRETO /439
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ABCI - Associação Brasileira da Construção Industrializada. Manual Técnico da Alvenaria. Pro-
jeto Editores Associados, 1990. Patologia, Ércio Thomaz, págs. 97, 117.
2. CINCOTTO, Maria Alba. Patologia das Argamassas de Revestimento: Análise e Recomendações.
São Paulo, IPT, 1983 (série Monográfica 8).
3. FALCÃO BAUER, Luiz Alfredo. Controle Total da Qualidade ou Falência da Indústria da Cons-
trução Civil. São Paulo, 1990.
4. FALCÃO BAUER, Luiz Alfredo. Materiais de Construção, Rio de Janeiro, LTC Editora, 5.a edi-
ção. V. 2, capítulo 30, pág. 929,1994.
5. FALCÃO BAUER, Luiz Alfredo. Relatórios técnicos sobre Anomalias em Alvenaria Armada.
6. HEVEG, Klaus. Engenharia e Poder Nacional. In: 38.a Reunião do Ibracon, Ribeirão Preto. Anais,
1996.
7. HlRSCHFELD, Henrique. A Construção Civil e a Qualidade. Editora Atlas, 1996.
8. SABBA TINI, Fernando Henrique. O Processo Construtivo de Edifícios da Alvenaria Estrutural
Sílico-Calcária. Dissertação para título de Mestre em Engenharia - USP, 1984.
9. SOUZA, Roberto de. Sistema de Gestão da Qualidade para Empresas Construtoras. SEBRAE/
SINDUSCON, São Paulo, 1994.
10. THOMAS, Ércio. Trincas em Edifícios - Causa, Prevenção e Recuperação. IPTIEPUSPIPINI, l.a
edição, 1990.
,
CAPITULO 17
17.1. INTRODUÇÃO
-
MANIFESTAÇOES,
PATOLOGICAS EM
PISOS E
REVESTIMENTOS
o escopo deste capítulo é a apresentação da análise das
principais causas de manifestações patológicas em pisos
de argamassa de alta resistência e revestimentos de alto
desempenho.
Roberto José Falcão Bauer
Professor da UNITAU
Diretor Técnico do Grupo Falcão Bauer.
Este trabalho procura analisar as principais causas de falhas em pisos de argamassa de alta
resistência à base de cimento, e em pisos em revestimento de alto desempenho (RAD) à base de
resina epoxídica.
A análise baseou-se na sintomatologia aparente e verificações comprobatórias para diag-
nóstico das causas, que poderão ser atribuídas a deficiências de projeto, especificação dos mate-
riais, execução, utilização, conservação ou, ainda, a fenômenos que, na maioria dos casos, são
imprevisíveis.
O objeto do presente trabalho consiste em, além da análise das principais causas responsá-
veis pelas deficiências do piso, apresentar uma proposta de critério para investigação e análise.
17.2. CONSIDERAÇÕES GERAIS
17.2.1. Piso de Argamassa de Alta Resistência
17.2.1.1. Sistemas de Aplicação
Para uma melhor compreensão das deficiências que poderão ocorrer em um piso de alta
resistência, esquematizamos a seguir as diversas camadas constituintes de um piso de alta resis-
tência, conforme o processo executivo.
a. Sistema de Aplicação - Úmido sobre Seco
Fig.17.1.
o . o "<:> • o 0° 0° C> o
,,0 o •• o o o -<> o
o o . o o' o
o <:> a <:>. 00 O oQ o:
000• O O "o. <:> • : ~
<:> O ". O O O
Contrapiso de Correção 2
Ponte de Aderência 3
Base de Concreto Armado 4
Sub-base 5
442/ MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Argamassa de Alta Resistência 1. A argamassa constituída por mistura homogênea de cimento,
agregados naturais, artificiais ou sintéticos de alta resistência mecânica e, eventualmente aditivos,
capaz de conferir ao piso a necessária resistência ao desgaste e demais solicitações mecânicas.
Contrapiso de Correção 2. Camada de argamassa de cimento e areia destinada a regularizar
imperfeições de nivelamento da base de concreto. Tem por finalidade amortecer as tensõesin-
ternas existentes entre a base de concreto e o piso de alta resistência, de forma a reduzir,princi-
palmente, os efeitos de retração.
Ponte de Aderência 3. Argamassa comum de cimento e areia, preparada na proporção emvolu-
me, de 01 (cimento):Ol(areia), com consistência plástica, sendo facultado o uso de adesivos.
Aplicada em fina camada, tem como objetivo garantir uma perfeita aderência entre a basede
concreto, desde que devidamente preparada e curada, e as demais camadas de argamassaa se-
rem lançadas (1 e 2).
Base de Concreto Armado 4. A base de concreto armado, ou laje,deverá ser projetada deacordo
com as solicitações a que estará submetido o piso quando em uso, quer seja por cargas estáticas,
dinâmicas ou concentradas.
Sub-base 5. A sub-base deverá ser projetada levando-se em consideração as característicasdo
carregamento, tipo e características físicas do solo, e nível do lençol freático, objetivandoa um
comportamento satisfatório e uniforme frente às solicitações advindas do uso do piso de alta
resistência.
b. Sistema de Aplicação - Úmido sobre Úmido
Base de Concreto Armado 2
Sub-base 3
Fig.17.2.
17.2.1.2. Juntas
São separações regulares, predeterminadas, dividindo o piso em placas.
Geralmente são os pontos fracos do piso; portanto, faz-se necessário executá-Iascompre-
caução e precisão, tanto no projeto, como na execução.
Podem ser classificadas conforme a posição (transversais e longitudinais) e a função(de
retração, de dilatação, de dessolidarização e de movimentação).
Delimitam as dimensões das placas de piso, possibilitando um perfeito nivelamentodo
mesmo.
As juntas transversais de retração serão executadas, quer entre concretagens Uuntaseca),
quer posteriormente, por operação de corte, assim que a argamassa tenha resistência talquenão
provoque o esborcinamento das bordas das juntas, procurando-se observar um prazo de oitoa
doze horas do preparo do concreto.
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM PISOS E REVESTIMENTOS /443
É obrigatória a execução de juntas sobre as eventuais juntas da base de concreto; a não
observação ocasionará fissuras no piso de alta resistência acima das juntas da base de concreto.
a. Sistema de Aplicação - Úmido sobre Seco
Q:J • o o • O O ~. Q:J ~ O • O
00 00 .0'00 '00 .
• 0=:>. CJ • o O=:> •
Morrote
Argamassa de Alta Resistência
Argamassa de Correção
Base de Concreto Armado
Fig.17.3. O croqui acima ilustra ajunta, no sistema úmido sobre seco.
b. Sistema de Aplicação - Úmido sobre Úmido
Argamassa de Alta Resistência
Base de Concreto Armado
Fig.17.4. O croqui acima ilustra ajunta, no sistema úmido sobre úmido.
17.2.2. Piso em Revestimento de Alto Desempenho - RAD
17.2.2.1. Sistema de Aplicação
Para uma melhor compreensão das deficiências que poderão ocorrer em um piso com RAD,
esquematizamos a seguir as possíveis camadas constituintes do piso.
Fig.17.5.
RAD 1
Base de Concreto Armado 2
Sub-base 3
Subleito 4
444/ MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Revestimento de Alto Desempenho (RAD) 1. Revestimentos de superfície, constituídos porpro-
duto composto basicamente de aglutinantes à base de resinas epoxídicas, com ou sem solventes,
endurecedores e agregados minerais, podendo, dependendo da classe, conter também pigmentos
e cargas minerais. A função dos RAD's é a de proteger substratos de concreto, resultando emum
acabamento final resistente aos ataques químicos e às solicitações físicas.
Os revestimentos de alto desempenho podem ser classificados em 05 tipos, conformeta-
bela que se segue.
Tabela 17.1
Espessura do
filme secoTipo
Classe Descrição(mm)
01
Espatu1ado3,00 a 10,00
02
Monolítico Autonivelante1,50 a 6,00
03
Camadas múltiplas1,50 a 4,00
Baixa espessura
0,10 a 0,18
4
Pintura
Alta espessura
> 0,18 a 1,00
Espatu1ado
3,00 a 10,00
5
Decorativo
Autonive1anteMonolítico
1,50 a 4,00
Camadas múltiplas
1,50 a 4,00
RAD
Primer
(é usual haver)
Fig. 17.6. O croqui acima mostra as camadas do RAD.
Base de Concreto Armado 2. A base de concreto armado, ou laje, deverá ser projetada de
acordo com as solicitações a que estará submetido o piso quando em uso, quer seja porcar-
gas estáticas, dinâmicas ou concentradas.
Sub-base 3. Conforme a especificação do projeto, a sub-base poderá ser realizada medianteà
utilização de solo adequado, lastro de pedra britada ou de concreto magro.
A sub-base faz-se necessária sob certas condições críticas, tais como suporte heterogêneo
ou inconstante, presença de subleito com finos plásticos, ou de solos muito suscetíveis
volumetricamente.
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM PISOS E REVESTIMENTOS /445
Subleito 4. O subleito deverá ser adequadamente preparado, de maneira que o piso apresente
desempenho satisfatório.
Solos inadequados, apresentando alta expansibilidade ou índice de suporte Califórnia igual
ou inferior a 2%, blocos de pedra, raízes, pedaços de madeira ou quaisquer outros materiais or-
gânicos, devem ser removidos e substituídos.
17.2.2.2. Juntas
São separações regulares, predeterminadas, dividindo o piso em placas.
Geralmente representam os pontos fracos do piso; portanto, faz-se necessário executá-Ias
com precauções e precisão, tanto no projeto, como na execução.
Podem ser classificadas conforme a posição (transversais e longitudinais).
Delimitam as dimensões da base do piso, possibilitando um perfeito nivelamento do mes-
mo.
As juntas transversais de retração serão executadas, quer entre concretagens (junta seca),
quer posteriormente, por operação de corte, assim que o concreto tenha resistência tal que não
provoque o esborcinamento das bordas das juntas, procurando-se observar um prazo de oito a
doze horas do preparo do concreto.
É obrigatória a execução de juntas no RAD sobre as eventuais juntas da base de concreto
que apresentem movimentação (trabalho); a não observação ocasionará fissuras no RAD acima
das mesmas.
Apresentamos algumas sugestões de detalhes executivos para diversos tipos de juntas.
08S.: Medidas em mm
RAD
80
~I;f :1:°o:~
<O ~~
""O
~ <O
:::l
<O
(f)
<O°0::<O
<O
(f)
Q)
~o o".o:oo~:
a;,::
o..
<O
(f)
W
Argamassa Epóxi
Primer
~:::
<O
*
<O
<O .- Concreto~::
<O
0,,:::<O
<O
<O
. el
• EsPUmat·flle~~Vexpandido~ oupollele
Fig. 17.7. Junta de dilatação típica para solicitação mecânica média.
446/ MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
08S.: Medidas em mm
Porca e Arruela
Primer
Argamassa Epóxi
PrimerRAD
-+-
---
rI
'Ü
'Ü 'Ü'Ü
'Ü
'Ü
'Ü
'Ü
'Ü
'Ü
'Ü
W I
'Ü
'Ü
'Ü I'Ü
Concreto ---.
'Ü
<Do
<O'Ü
'Ü
<D
50
Mastique
, Mata-junta
•
Argamassa Epóxi
parafuso sem cabeça
'Ü ou chumbador
•• Furo
Ancoragem com epóxi
ou poliéster
50
Fig. 17.8. Junta de dilatação típica para solicitação mecânica elevada.
08S.: Medidas em mm
o
-o
~
:::l
U)
U)
(\)a.
U)
W
Fig. 17.9. Junta típica de trabalho.
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM PISOS E REVESTIMENTOS /447
oss.: Medidas em mm
Primer
~ Fissura Induzida
Concreto
~:
.;.:
<O
6~:
<O ~:
<O
.."J':G
~:<O
<O
~:$:
~:
~:<O<O
~:
~: <O
RAD
<1l
:s
(f)
(f)
Q)
Cl.
(f)
W
Fig. 17.10. Junta de execução típica da laje sem movimento.
17.3. SINTOMATOLOGIA
Em face de um efeito anormal, os pisos reagem com diferentes sinais e manifestações,
que nos permitem conhecer a anomalia e, conseqüentemente, diagnosticar as prováveis causas
que a motivaram.
17.3.1. Piso de Argamassa de Alta Resistência
As anomalias, nos pisos de alta resistência, manifestam-se por sintomatologias variadas,
entre as quais, citamos:
• fissuras;
• placas trincadas;
• desnível entre placas;
• deficiência de selagem das juntas;
• bombeamento;
• placas bailarinas;
• esborcinamento de juntas;
• esmagamento;
• desgaste;
• desagregação;
• descolamento;
• empenamento da placa;
• manchas.
A fim de facilitar o estudo das possíveis causas geradoras de patologias em piso de alta
resistência, podemos dividi-Ias em 4 grupos, a saber:
• falhas de projeto;
• falhas de execução;
• utilização de materiais inadequados;
• utilização e manutenção inadequada do piso.
448/ MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Grupo I - Projeto
Relacionamos, a seguir, as principais causas decorrentes de falha de projeto:
• Inexistência de projeto da base de concreto;
• Especificação de argamassa de alta resistência incompatível com as solicitações a que o piso
estará submetido (tipo e natureza dos agregados);
• Especificação da espessura da argamassa de alta resistência incompatível com o uso;
• Placas com modulação retangular, favorecendo o surgimento de tensões internas;
• Discordância das juntas da argamassa de alta resistência com as existentes na base de concreto;
• Falta de estudo prévio e detalhamento do posicionamento de dutos e tubulações embutidos

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