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SEMANA 01/30 
 
 
 
 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
SEMANA 01/30 
 
 
 
Sumário 
META 1 .............................................................................................................................................................. 8 
DIREITO PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS ............................................................................................... 8 
1. CONCEITO, CARACTERÍSTICAS, OBJETO, FUNÇÕES E DIVISÕES DO DIREITO PENAL ..................................... 9 
2. ENCICLOPÉDIA DAS CIÊNCIAS PENAIS ......................................................................................................... 15 
2.1 Direito Penal X Criminologia X Política Criminal ..................................................................................................... 16 
2.2 Seletividade - Criminalização Primária e Secundária (Zaffaroni) ............................................................................ 16 
3. DIREITO PENAL DO AUTOR E DIREITO PENAL DO FATO .............................................................................. 17 
4. GARANTISMO PENAL (FERRAJOLI) ............................................................................................................... 18 
4.1 Conceito ................................................................................................................................................................. 18 
4.2. Garantias primárias e secundárias ........................................................................................................................ 18 
4.3 Máximas do garantismo ......................................................................................................................................... 19 
5. DIREITO PENAL DO INIMIGO ....................................................................................................................... 20 
5.1 Velocidades do Direito Penal (Jesús-Maria Silva Sánchez) ..................................................................................... 21 
6. FONTES DO DIREITO PENAL ........................................................................................................................ 22 
7. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL ................................................................................................................... 27 
7.1 Princípios Relacionados com a Missão Fundamental do Direito Penal .................................................................. 28 
7.1.1 Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos ........................................................................................... 28 
7.1.2 Princípio da Intervenção Mínima ..................................................................................................................... 30 
7.1.3 Princípio da Insignificância ou da Bagatela ...................................................................................................... 33 
7.2 Princípios Relacionados com o Fato do Agente ..................................................................................................... 52 
7.2.1 Princípio da Ofensividade/Lesividade .............................................................................................................. 52 
7.2.2 Princípio da Alteridade .................................................................................................................................... 53 
7.2.3 Princípio da Exteriorização ou Materialização do Fato .................................................................................... 54 
7.2.4 Princípio Da Legalidade Estrita Ou Reserva Legal ............................................................................................ 54 
7.2.5 Princípio da Anterioridade ............................................................................................................................... 57 
7.2.6 Princípio da Vedação ao Bis In Idem ................................................................................................................ 58 
7.2.7 Princípio da Adequação Social ......................................................................................................................... 58 
7.3 Princípios Relacionados com o Agente do Fato ..................................................................................................... 60 
7.3.1 Princípio da Responsabilidade Pessoal / Da Pessoalidade / Da Intranscendência Da Pena ............................ 60 
7.3.2 Princípio da Responsabilidade Subjetiva ......................................................................................................... 60 
7.3.3 Princípio da Culpabilidade ............................................................................................................................... 61 
7.3.4 Princípio da Proporcionalidade ........................................................................................................................ 61 
7.3.5 Princípio da Limitação das Penas ou da Humanidade ..................................................................................... 62 
7.2.6 Princípio da Confiança ..................................................................................................................................... 63 
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................... 65 
META 2 ............................................................................................................................................................ 66 
DIREITO PROCESSUAL PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS ....................................................................... 66 
1. PROCESSO PENAL CONSTITUCIONAL........................................................................................................... 67 
2. PRETENSÃO PUNITIVA ................................................................................................................................. 69 
3. SISTEMAS DO PROCESSO PENAL ................................................................................................................. 70 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
SEMANA 01/30 
 
 
 
4. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO PENAL ................................................................................... 75 
4.1 Princípios Constitucionais Explícitos ....................................................................................................................... 75 
4.1.1 Princípio da Presunção da Inocência ............................................................................................................... 75 
4.1.2 Princípio da Igualdade Processual ou Paridade de Armas ............................................................................... 81 
4.1.3 Princípio da Ampla Defesa ............................................................................................................................... 81 
4.1.4 Princípio da Plenitude da Defesa ..................................................................................................................... 85 
4.1.5 Princípio do In Dubio Pro Reo .......................................................................................................................... 85 
4.1.6 Princípio do Contraditório ou Bilateralidade da Audiência ............................................................................. 87 
4.1.7 Princípio da Publicidade ................................................................................................................................... 88 
4.1.8 Princípio da Vedação das Provas Ilícitas .......................................................................................................... 90 
4.1.9 Princípio da Economia Processual, Celeridade Processual e Duração Razoável Do Processo ......................... 91 
4.1.10 Princípiodo Devido Processo Legal ............................................................................................................... 92 
4.1.11 Juiz Imparcial ou Natural ............................................................................................................................... 92 
4.2 Princípios Constitucionais Implícitos ...................................................................................................................... 94 
4.2.1 Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere (Princípio De Que Ninguém Está Obrigado A Produzir Prova Contra Si 
Mesmo) ..................................................................................................................................................................... 94 
4.2.2 Princípio da Iniciativa das Partes ................................................................................................................... 102 
4.2.3 Duplo Grau de Jurisdição ............................................................................................................................... 102 
4.2.4 Princípio da Oficialidade ................................................................................................................................ 102 
4.2.5 Princípio da Oficiosidade ............................................................................................................................... 103 
5. OUTROS PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL .............................................................................................. 103 
5.1 Princípio da Oralidade .......................................................................................................................................... 103 
5.2 Indivisibilidade da Ação Penal Privada ................................................................................................................. 103 
5.3 Comunhão da Prova ............................................................................................................................................. 103 
5.4 Impulso Oficial ...................................................................................................................................................... 104 
6. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL ............................................................................................................... 104 
6.1 Aplicação da Lei Processual no Tempo ................................................................................................................. 104 
6.2 Aplicação da Lei Processual no Espaço: ................................................................................................................ 106 
6.3 Aplicação da Lei Processual em Relação às Pessoas ............................................................................................ 107 
7. INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL ........................................................................................... 110 
8. FONTES ...................................................................................................................................................... 112 
8.1 Fonte Material, Substancial ou de Produção ....................................................................................................... 112 
8.2 Fonte Formal, Cognitiva ou de Cognição .............................................................................................................. 112 
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 114 
META 3 .......................................................................................................................................................... 115 
DIREITO CONSTITUTICIONAL: DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ...................................................... 115 
1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS .................................................................................................................. 116 
2. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .................................................................................................. 121 
2.1 Direitos x Garantias x Remédios Constitucionais ................................................................................................. 121 
2.2 Direitos Fundamentais x Direitos Humanos ......................................................................................................... 122 
2.3 Geração dos direitos fundamentais: .................................................................................................................... 124 
2.4 Características dos direitos fundamentais ........................................................................................................... 130 
2.5 Dimensão dos Direitos Fundamentais .................................................................................................................. 132 
2.5.1 Desdobramentos da dimensão objetiva dos Direitos Fundamentais ............................................................ 132 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
SEMANA 01/30 
 
 
 
2.6 Direitos individuais implícitos e explícitos ............................................................................................................ 134 
2.7 Destinatários ........................................................................................................................................................ 136 
2.8 Os Direitos Fundamentais na Constituição Federal de 1988 ................................................................................ 137 
2.8.1. Não taxatividade dos direitos fundamentais e tratados de direitos humanos ............................................. 138 
2.8.2. Hierarquia dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos ..................................................................... 139 
2.9 Alguns direitos individuais – rol do art. 5º da CF/88 ............................................................................................ 140 
3. DIREITOS SOCIAIS ...................................................................................................................................... 178 
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 188 
META 4 .......................................................................................................................................................... 189 
DIREITO ADMINISTRATIVO: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS ........................................................................ 189 
1. ORIGEM, NATUREZA JURÍDICA E OBJETO DO DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................ 190 
2. EVOLUÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................................... 190 
3. INFLUÊNCIAS DO DIREITO ESTRANGEIRO .................................................................................................. 191 
4. CRITÉRIOS DA ADMINISTRAÇÃO: ............................................................................................................... 192 
5. SENTIDOS DA ADMINISTRAÇÃO ................................................................................................................ 194 
5.1 Administração Pública Extroversa e Introversa .................................................................................................... 195 
5.2 Tendências atuais do Direito Administrativo ....................................................................................................... 195 
5.3 Transadministrativismo ........................................................................................................................................ 195 
6. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO.....................................................................................................196 
7. INTERPRETAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO ...................................................................................... 198 
8. SISTEMAS DE CONTROLE DA ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA ....................................................................... 199 
9. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO ........................................................................................................ 199 
9.1 Princípios x Regras ................................................................................................................................................ 200 
9.2 Princípios Explícitos do Direito Administrativo .................................................................................................... 201 
10. PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................................. 202 
10.1 Legalidade (Juridicidade) .................................................................................................................................... 202 
10.2 Princípio Da Impessoalidade .............................................................................................................................. 204 
10.3 Princípio da Moralidade ..................................................................................................................................... 205 
10.4 Princípio da Publicidade ..................................................................................................................................... 208 
10.5 Princípio da Eficiência ......................................................................................................................................... 210 
11. OUTROS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS ................................................................................................ 211 
11.1 Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade ................................................................................................ 211 
11.2 Princípio da Supremacia do Interesse Público Sobre o Privado (Princípio da Finalidade Pública) ..................... 212 
11.3 Princípio da Autotutela ou Sindicabilidade ........................................................................................................ 212 
11.4 Princípio Da Continuidade Do Serviço Público ................................................................................................... 216 
11.5 Princípio da Motivação ....................................................................................................................................... 221 
11.6 Princípio da Ampla Defesa e Contraditório ........................................................................................................ 222 
11.7 Princípio da Segurança Jurídica e Legítima Confiança ........................................................................................ 223 
11.8 Princípio da Intranscendência Subjetiva das Sanções ........................................................................................ 224 
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 228 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
SEMANA 01/30 
 
 
 
META 5 .......................................................................................................................................................... 229 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: LEI DE LAVAGEM DE CAPITAIS ...................................................................... 229 
1. CONTEXTO HISTÓRICO DA LEI nº 9.613/98 ............................................................................................... 229 
2. CONCEITO E EXPRESSÃO “LAVAGEM DE DINHEIRO” ................................................................................ 229 
3. GERAÇÕES DA LEI DE LAVAGEM E LEI Nº 12.883/2012 ............................................................................. 230 
4. BEM JURÍDICO TUTELADO ......................................................................................................................... 237 
5. FASES DA LAVAGEM .................................................................................................................................. 238 
6. ACESSORIEDADE DA LAVAGEM DE CAPITAIS ............................................................................................ 239 
7. DOS SUJEITOS DO DELITO .......................................................................................................................... 243 
7.1 Sujeito ativo .......................................................................................................................................................... 243 
7.2 Sujeito Passivo ...................................................................................................................................................... 245 
8. DOS CRIMES DE "LAVAGEM" OU OCULTAÇÃO DE BENS, DIREITOS E VALORES ....................................... 245 
9. ASPECTOS PROCESSUAIS DA LEI DE LAVAGEM DE CAPITAIS ..................................................................... 250 
9.1 Colaboração Premiada ......................................................................................................................................... 250 
9.2 Ação Controlada e Infiltração de Agentes ............................................................................................................ 252 
10. EFEITOS DA CONDENAÇÃO ...................................................................................................................... 257 
11. AFASTAMENTO DO SERVIDOR PÚBLICO COMO EFEITO AUTOMÁTICO DO INDICIAMENTO: ................. 258 
12. COMPETÊNCIA ......................................................................................................................................... 261 
13. NÃO APLICAÇÃO DO ART. 366, CPP NA LEI DE LAVAGEM DE CAPITAIS .................................................. 261 
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 272 
META 6 – REVISÃO SEMANAL ........................................................................................................................ 273 
Direito Penal: Noções Iniciais E Princípios .................................................................................................................. 273 
Direito Processual Penal: Noções Iniciais E Princípios ................................................................................................ 274 
Direito Constituticional: Direitos E Garantias Fundamentais ..................................................................................... 275 
Direito Administrativo: Noções Iniciais E Princípios ................................................................................................... 277 
Legislação Penal Especial: Lei De Lavagem De Capitais .............................................................................................. 279 
 
 
 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
SEMANA 01/30 
 
 
 
 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA SEMANA 01 
META DIA ASSUNTO 
1 SEG DIREITO PENAL: Noções Iniciais e Princípios 
2 TER DIREITO PROCESSUAL PENAL: Noções Iniciais e Princípios 
3 QUA DIREITO CONSTITUCIONAL: Direitos e Garantias Fundamentais 
4 QUI DIREITO ADMINISTRATIVO: Noções Iniciais e Princípios 
5 SEX LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: Lei de Lavagem de Capitais 
6 SÁB/DOM [REVISÃO SEMANAL] 
 
 
ATENÇÃO 
 
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Conte sempre conosco. 
 
Equipe DD 
 
 
Prezado(a) aluno(a), 
 
Caso possua alguma dúvida jurídica sobre o conteúdo disponibilizado no curso, pedimos que utilize a sua 
área do aluno. Há um campo específico para enviar dúvidas.PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
SEMANA 01/30 
 
8 
 
META 1 
 
DIREITO PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA 
CF/88 
⦁ Art. 5º, II 
⦁ Art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV, XLV e XLVII 
⦁ Art. 5º, XXXIX 
⦁ Art. 5º, §3º 
⦁ art. 7º, X 
⦁ Art. 22, I e §único 
⦁ art. 227, § 4º 
 
CP 
⦁ Art. 1º 
⦁ Art. 59 
⦁ Art. 71 
 
OUTROS DIPLOMAS LEGAIS 
⦁ Art. 8°, itens 2 e 5, CADH 
⦁ Art. 8º, item 4 do Pacto de São José da Costa Rica 
 
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER! 
 
⦁ Art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV, XLV e XLVII, CF/88 
⦁ Art. 5º, XXXIX, CF/88 
⦁ Art. 22, I e §único, CF/88 
⦁ Art. 1º, CP 
 
SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA 
Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública. 
 
 
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DELEGADO DE POLÍCIA 
 
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1. CONCEITO, CARACTERÍSTICAS, OBJETO, FUNÇÕES E DIVISÕES DO DIREITO PENAL 
 
A) CONCEITO 
Conjunto de normas que objetiva definir os crimes, proibindo ou impondo condutas, sob a ameaça 
de imposição de pena ou medida de segurança, e a criar normas de aplicação geral. 
Segundo Cleber Masson (2017, p. 3) é “o conjunto de princípios e regras destinados a combater o 
crime e a contravenção penal, mediante a imposição de sanção penal”. 
Importa salientar que “sanção penal” é gênero, do qual são espécies as penas e as medidas de 
segurança. 
 
#CAIEMPROVA: Diz-se que a pena é a 1ª via do direito penal, a medida de segurança é a 2ª e a reparação do 
dano é a 3ª. 
 
É um ramo do Direito Público, vez que suas normas são indisponíveis, impostas e dirigidas a todas as 
pessoas. 
Além disso, o Estado é o titular do direito de punir e por isso sempre figura como sujeito passivo das 
infrações penais, ainda que de forma mediata. 
Ainda sobre o conceito de direito penal: 
 
● Aspecto Formal: o direito penal é um conjunto de normas que qualifica certos comportamentos 
humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa as sanções as lhe serem aplicadas. 
● Aspecto Material: o Direito Penal se refere a comportamentos considerados altamente reprováveis 
ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria conservação e 
progresso da sociedade. 
● Aspecto Sociológico: o direito penal é mais um instrumento do controle social de comportamentos 
desviados, visando a assegurar a necessária disciplina social. Em suma, sob aspecto dinâmico, o 
Direito Penal é mais um instrumento de controle social visando assegurar a necessária disciplina para 
a harmônica convivência dos membros da sociedade (TJ/PR). 
 
Aprofundando o enfoque sociológico 
A manutenção da paz social demanda a existência de normas destinadas a estabelecer diretrizes 
(regras). 
Quando violadas as regras de conduta, surge para o Estado o dever de aplicar sanções civis ou penais 
(infrações). 
Nessa tarefa de controle social atuam vários ramos do Direito. 
Quando a conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece reação mais severa 
por parte do Estado, valendo-se do Direito Penal (soldado de reserva). 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
SEMANA 01/30 
 
10 
 
O que diferencia a norma penal das demais é a espécie de consequência jurídica (pena privativa de 
liberdade). 
 
B) CARACTERÍSTICAS 
De acordo com Cleber Masson (2017, p. 5), o Direito Penal é uma ciência cultural, normativa, 
valorativa, finalista, de natureza predominantemente sancionatória, e fragmentária. 
 
⦁ I – Ciência: suas regras estão contidas em normas e princípios que, por sua vez, formam a dogmática 
jurídico-penal; 
⦁ II – Cultural: o Direito Penal é uma ciência do “dever ser”, ao contrário das ciências naturais, que 
cultuam o “ser”; 
⦁ III – Normativa: o objeto principal é o estudo da lei penal (Direito positivo); 
⦁ IV – Valorativa: sua aplicação não está pautada em regras matemáticas de certo ou errado, mas sim 
em uma escala de valores que são sopesados a partir de critérios e princípios próprios do Direito 
Penal. Dessa forma, esse ramo do direito valoriza hierarquicamente as suas normas; 
⦁ V – Finalista: o objetivo do direito penal é a proteção de bens jurídicos fundamentais, o que torna a 
sua missão prática, e não simplesmente teórica; 
⦁ VI – Sancionatória: o Direito Penal é predominantemente sancionador porque não cria bens 
jurídicos, mas acrescenta proteção penal aos bens jurídicos disciplinados por outros ramos do 
Direito. No entanto, é possível que ele seja também constitutivo, quando protege interesses não 
regulados por outras áreas do Direito, como o uso indevido de drogas; 
⦁ VII – Fragmentária: o Direito Penal não tutela todos os valores ou interesses, mas somente os mais 
importantes para a manutenção e o desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade. 
 
C) OBJETO DE PROTEÇÃO DO DIREITO PENAL 
Bens Jurídicos penais 
 
“é a coisa, o valor, o atributo espiritual ou intelectual cujo usufruto e gozo são 
reconhecidos como significativamente relevantes. Primeiro, para o efetivo 
desenvolvimento pessoal de seu titular e, depois e em consequência, para todo o 
corpo social, de que é exemplo o meio ambiente ecologicamente equilibrado” 
(PACELLI, 2017, p. 61). 
 
O legislador seleciona os bens jurídicos a serem defendidos pelo Direito Penal. No entanto, NÃO se 
pode falar em discricionariedade ampla e irrestrita, pois os bens jurídicos mais importantes são tratados na 
Constituição. Logo, a Constituição possui a seguinte missão: 
⦁ Orienta o legislador, ao eleger valores considerados indispensáveis à manutenção da sociedade; 
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DELEGADO DE POLÍCIA 
 
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⦁ Impede que o legislador viole direitos fundamentais atribuídos a toda pessoa humana (Visão 
Garantista Do Direito Penal). 
 
Segundo Luiz Regis Prado, bem jurídico é um ENTE MATERIAL ou IMATERIAL haurido do contexto social, 
de titularidade individual ou metaindividual reputado como ESSENCIAL PARA A COEXISTÊNCIA E O 
DESENVOLVIMENTO DO HOMEM EM SOCIEDADE e, por isso, jurídico-penalmente protegido. 
 
D) FUNÇÕES DO DIREITO PENAL 
Na atualidade, a doutrina divide a missão do direito penal em duas, quais sejam: 
 
a) Missão mediatas: 
● Instrumento de Controle Social ou de preservação da paz pública (Papel intimidador); 
● Limitação ao poder de punir estatal ou Função de Garantia – garantia dos cidadãos contra o arbítrio 
estatal, vez que só podem ser punidos por atos previstos como infração penal e por pena também 
determinada em lei. 
☞ Para Franz Von Liszt “o Código Penal é a Magna Carta do delinquente”. 
 
Obs: Se, de um lado, o Estado controla o cidadão, impondo-lhe limites para a vida em sociedade, de outro 
lado, é necessário também limitar o seu próprio poder de controle, evitando a punição abusiva (evitando a 
hipertrofia da punição). 
 
b) Missão imediata: 
Aqui, é necessário lembrarmos do funcionalismo penal, que trará as duas correntes de mais destaque 
acerca do tema (anote esses nomes na testa): 
● Funcionalismo teleológico (moderado) – Claus Roxin (Predomina) 
⋅ A missão do Direito Penal é a proteção dos bens jurídicos mais relevantes; 
⋅ Se a proteção de determinado bem jurídico não é indispensável ao indivíduo e à manutenção 
da sociedade, não deve incidir o direito penal, mas outros ramos do direito; 
⋅ Para Roxin, o Direito Penal não veio para trazer valores éticos, morais; 
⋅ Ele entende que essa seria a função exclusiva; 
⋅ É chamado teleológico porque busca a finalidade do direito penal. 
● Funcionalismo sistêmico (radical) – Günter Jakobs 
⋅ A missão do Direito Penal é assegurar a vigência do sistema, protegendo o império da 
norma; 
⋅ Ele discorda de Roxin por entender que, quando o indivíduo é punido pela infração penal 
praticada, o bem jurídico já foi violado, ou seja, não está protegido, não sendo esta, portanto, 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
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a função do direito penal. Sua função seria demonstrar que a norma continua vigorando e 
deve ser obedecida; 
⋅ Assim, “o bem não deve ser representado como um objeto físico ou algo do gênero, e sim, 
como norma, como expectativa garantida”. (Direito Penal e Funcionalismo, 2005, p.33-34); 
⋅ E ainda, entende ele que quem deliberada e reiteradamente viola a lei penal, de forma grave 
e duradoura, deve ser tratado como “não-cidadão”, como inimigo da sociedade, por não 
cumprir sua função no corpo social, não fazendo jus às garantias previstas pela norma a qual 
tal sujeito infringe; 
⋅ Ao delinquente-cidadão, seria aplicado o direito penal do cidadão, ao passo que ao 
delinquente inimigo, seria aplicado o Direito Penal do Inimigo (tópico específico mais à 
frente). 
 
APROFUNDANDO: vamos a uma tabelinha com mais características das duas vertentes do 
funcionalismo para fixarmos as diferenças? 
 
FUNCIONALISMO PENAL 
 
FUNCIONALISMO 
TELEOLÓGICO 
(Características: Moderado, 
dualista, de política criminal 
ou racional teleológico) 
ROXIN 
 
● Finalidade do Direito Penal: proteção de bens 
jurídicos indispensáveis. Não veio para trazer 
valores éticos, morais; 
● Moderado: o direito penal tem limites impostos 
pelo próprio direito penal e demais ramos do 
direito; 
● Dualista: convive em harmonia com os demais 
ramos do Direito. Reconhece o sistema jurídico em 
geral; 
● De política criminal: aplica a lei de acordo com os 
anseios da sociedade. Se adapta à sociedade em que 
ele se insere; 
● Racional teleológico: movido pela razão e em busca 
de sua finalidade. 
 
FUNCIONALISMO SISTÊMICO 
(Características: 
Radical, monista e sistêmico) 
JAKOBS 
Direito Penal do Inimigo 
● Finalidade do Direito Penal: é a proteção das 
normas penais, assegurar o império da norma. É 
punir. Aplicar a lei; 
● A sociedade que deve se ajustar ao Direito Penal; 
● Para ele, o Direito Penal é: 
- Radical: só reconhece os limites impostos por ele 
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 mesmo; 
- Monista: é um sistema próprio de regras e de 
valores que independe dos demais; 
- Sistêmico: é autônomo (independe dos demais 
ramos), autorreferente (todas as referências e 
conceitos que precisa buscar do próprio direito 
penal) e se autoproduz; 
● Quem viola reiterada e deliberadamente a norma = 
não-cidadão / inimigo = não tem direitos. 
 
Outras funções do Direito Penal (Masson): 
● Função criadora ou modificadora de costumes. Disseminação ético-social de valores. Efeito 
“moralizador”. Visa garantir o mínimo ético que deve existir em toda coletividade: 
⋅ É uma função educativa, que visa estimular os cidadãos a se conscientizarem e protegerem 
bens que ainda não foram tidos pela sociedade como fundamentais (ex: crimes contra o meio 
ambiente). 
⋅ Esta função é bastante discutida, pelo fato de a doutrina divergir se o estado deveria ou não 
se utilizar do direito penal como meio de educação. Há quem entenda que tal objetivo deve 
ser alcançado pela interação social e não por coação. 
 
● Simbólica – não produz efeitos externos, mas somente na mente dos cidadãos e governantes, sendo 
uma função inerente a todas as leis, não apenas ao Direito Penal; 
⋅ Enquanto os governados pensam que a contenção da criminalidade e as medidas necessárias 
para tanto estão sob o controle das autoridades, os governantes ficam com a sensação de 
terem feito algo e adiam a efetiva resolução do problema, retirando, ao longo do tempo, a 
credibilidade do direito penal. 
⋅ Geralmente é manifestada pelo “direito penal do terror”, que se apresenta de duas formas: 
* Inflação legislativa (direito penal de emergência) – em que são criados tipos penais 
desnecessários para dar resposta a qualquer tipo de problema; 
* Hipertrofia do Direito Penal – aumentando desproporcional e injustificadamente as 
penas em casos pontuais, como se isso, por si só, fosse impedir a prática do crime. 
● Motivadora de comportamento conforme a norma – a ameaça de imposição de sanções motiva os 
indivíduos a se comportarem de acordo com a lei, para que não sofram suas penalidades; 
● Redução da violência estatal – pois, embora legítima e necessária, a pena não deixa de ser uma 
agressão ao indivíduo, devendo, portanto, restringir-se aos casos necessários e legais. 
● Promocional de transformação social – auxiliando em mudanças que garantirão a evolução da 
comunidade. 
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B) CLASSIFICAÇÕES DO DIREITO PENAL 
1. Direito Penal Fundamental (Primário): é o conjunto de normas e princípios do Direito Penal 
aplicáveis genericamente, inclusive às leis penais especiais. É composto pelas normas da Parte Geral 
do Código Penal e, excepcionalmente, algumas normas de amplo conteúdo previstas na Parte 
Especial, como os conceitos de domicílio (art. 150, §§4º e 5º) e funcionário público (art. 327); 
2. Direito Penal Complementar (Secundário): corresponde à legislação penal extravagante; 
 
3. Direito Penal Comum: é o conjunto de normas penais aplicável indistintamente a todas as pessoas, 
como o Código Penal; 
4. Direito Penal Especial: é o conjunto de normas penais aplicável apenas a pessoas determinadas que 
preencham certas condições legais. São exemplos o Código Penal Militar e o Decreto-lei nº 201/1967 
(crimes de responsabilidade dos prefeitos); 
 
5. Direito Penal Geral: é o conjunto de normas penais aplicáveis em todo o território nacional. Essas 
normas são produzidas privativamente pela União (art. 22, I, da CF); 
6. Direito Penal Local: é o conjunto de normas penais aplicáveis somente a determinada parte do 
território nacional. A existência dessas normas somente é possível se houver autorização da União 
por lei complementar para que os Estados legislem sobre questões específicas de Direito Penal (art. 
22, parágrafo único, da CF); 
 
7. Direito Penal Objetivo: é o conjunto de leis penais em vigor; 
8. Direito Penal Subjetivo: é o direito de punir (ius puniendi), que pertence exclusivamente ao Estado 
e nasce quando uma lei penal é violada; 
 
9. Direito Penal Substantivo: é o direito penal material, propriamente dito. É o que consta no Código 
Penal; 
10. Direito Penal Adjetivo: também chamado de “formal” (grave as nomenclaturas), é o direito 
processual penal. 
 
#SELIGA: Direito Penal de Intervenção 
Abordado por Hassemer. Segundo ele, o direito penal deve se preocupar apenas com os bens jurídicos 
individuais, tais como a vida, patrimônio, propriedade etc., bem como de infrações penais que causem perigo 
concreto. Por outro lado, se o intuito da previsão da infração é proteger apenas bem jurídico difuso, coletivo 
ou de natureza abstrata, não deveria ser considerada uma infração penal. Deveria ser regulada por um 
sistema jurídico diverso, com sanções mais brandas que as do direito penal, sem risco de privação da 
liberdade do infrator, mas aplicadas também por uma autoridade judiciária, de forma mais célere e ampla, 
 
 
 
 
 
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podendo ser até mais efetiva, para não tornar o direito penal inócuo e simbólico. Exemplo no BR: Lei 8429/92. 
Este seria o direito de intervenção. 
O direito de intervenção estaria acima do direito administrativo, mas abaixo do direito penal. 
Para o autor, de um lado, o Direito Penal, dada sua gravidade, não pode ser utilizado para a tutela de bens 
jurídicos difusos, coletivos, transindividuais etc. Por outro lado, sabe-se que as autoridades administrativas 
não possuem a independência necessária para a aplicação das penalidades. Por isso, propõe o Direito de 
Intervenção. 
Há críticas acerca de tal posicionamento na doutrina, pela dúvida de como seria a legitimidade e como atuaria 
o direito de intervenção, bem como se tais sanções seriam suficientes para tutelar bens importantes que se 
caracterizam como coletivos, difusosou de natureza abstrata. 
 
2. ENCICLOPÉDIA DAS CIÊNCIAS PENAIS 
 
O estudo do crime, do criminoso e da sanção penal é o objeto de várias ciências, tendo sido chamadas 
por José Cerezo Mir de “enciclopédia de ciências penais”. 
A doutrina não é uníssona acerca de quantas ou quais exatamente seriam elas, mas, para o nosso 
estudo, as mais importantes são a dogmática, a criminologia e a política criminal. 
 
I – DOGMÁTICA PENAL: tem por objetivo interpretar de forma sistemática o direito penal, entendendo o 
sentido das normas e aplicando-o de forma lógico-racional (não emocional). 
 
Obs.: Dogmática ≠ Dogmatismo: Dogmatismo é a aceitação cega de verdades tidas como absolutas e 
imutáveis (deve ser desprezado). Se opõe à ideia de ciência, que admite flexibilização, na qual estaria 
enquadrada a dogmática. 
 
II – CRIMINOLOGIA: A criminologia, de acordo com Luiz Flávio Gomes e Antônio Molina, é uma ciência 
empírica (estuda o que “é”, ao contrário do direito penal, que estuda o que “deve ser” – caracterizando-se 
como uma ciência valorativa e normativa) e interdisciplinar (observa diversos fatores: econômicos, políticos, 
sociais, religiosos etc.), a qual estuda o crime, a vítima, o criminoso e o controle social. Suas constatações se 
dão a partir da observação daquilo que acontece na realidade social, na experiência. 
 
 Ps.: Gravando as palavras-chave sobre as características da criminologia, que são diversas das do 
direito penal, vocês já matam várias questões! 
 
III – POLÍTICA CRIMINAL: trabalha com estratégias e mecanismos de controle social da criminalidade, para 
que os bens jurídicos relevantes sejam protegidos. Possui a característica de vanguarda, pois orienta a criação 
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e a reforma das leis, a partir de uma análise crítica acerca destas estarem ou não cumprindo os fins a que se 
propõem, considerando dados obtidos por outros ramos (como a criminologia). 
Funciona como “filtro” entre a letra fria da lei e a realidade social. Revela as leis que “pegam” e as que não. 
 
2.1 Direito Penal X Criminologia X Política Criminal 
 
O ponto mais cobrado desse tópico é, sem dúvidas, a diferença entre direito penal, criminologia e 
política criminal. 
 
DIREITO PENAL CRIMINOLOGIA POLÍTICA CRIMINAL 
Ciência normativa e valorativa, que 
analisa os fatos humanos 
indesejados e define quais devem 
ser tipificados como crime ou 
contravenção. 
Ciência empírica e 
interdisciplinar, que estuda o 
crime, o criminoso, a vítima e o 
controle social. 
Trabalha as estratégias e meios 
de controle social da 
criminalidade. 
Ocupa-se do crime enquanto 
norma. 
Ocupa-se do crime enquanto 
fato. 
Ocupa-se do crime enquanto 
valor. 
Ex: Define o crime de roubo. 
Ex: Quais fatores contribuem 
para o crime de roubo. 
Ex: Estuda como diminuir os 
casos de roubo. 
 
VAMOS LEMBRAR: 
Vitimologia: é o estudo da vítima em seus diversos planos. Inicialmente, a análise era quanto às formas de 
contribuição da vítima para a prática dos crimes. Modernamente, tal estudo preocupa-se também com a 
proteção destas no momento posterior à prática do crime, como por exemplo com a sua reinserção na 
sociedade. No direito brasileiro, temos o exemplo da composição dos danos civis (art. 74, parágrafo único, 
Lei 9.099/95) - TERCEIRAVIA 
Ademais, uma das circunstâncias judiciais que deve ser considerada na fixação da pena base é o 
comportamento da vítima (art. 59, CP). 
 
2.2 Seletividade - Criminalização Primária e Secundária (Zaffaroni) 
 
Sobre a seletividade, define Zaffaroni: 
 
“Ao menos em boa medida, o sistema penal seleciona pessoas ou ações, como 
também criminaliza certas pessoas segundo sua classe e posição social. [...] Há 
uma clara demonstração de que não somos todos igualmente ‘vulneráveis’ ao 
sistema penal, que costuma orientar-se por ‘estereótipos’ que recolhem os 
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caracteres dos setores marginalizados e humildes, que a criminalização gera 
fenômeno de rejeição do etiquetado como também daquele que se solidariza ou 
contata com ele, de forma que a segregação se mantém na sociedade livre. A 
posterior perseguição por parte das autoridades com rol de suspeitos 
permanentes, incrementa a estigmatização social do criminalizado (ZAFFARONI; 
PIERANGELI, 2011, p. 73).” (Guarda relação com o movimento do labeling approach 
/ teoria da reação social / da rotulação social / do etiquetamento social – tema que 
deve ser estudado de modo mais aprofundado na matéria de criminologia.) 
 
Nesse contexto, o processo de criminalização pode ser dividido em dois: 
a) Criminalização primária: É a elaboração e sanção das leis penais, introduzindo formalmente no 
ordenamento jurídico a tipificação de determinadas condutas. 
b) Criminalização secundária: É a ação punitiva que recai sobre pessoas concretas. Quando recai sobre 
o indivíduo a persecução penal após ser a ele atribuída a prática de um ato primariamente 
criminalizado. É praticada pela Polícia e Poder Judiciário. 
 
* ATENÇÃO: Além do momento da elaboração e aplicação da norma, a seletividade também vai se mostrar 
presente no momento da execução da pena. 
 
- SELIGA: Você sabe o que é Direito Penal Subterrâneo e Direito Penal Paralelo? Referem-se aos sistemas 
penais paralelos e subterrâneos. 
De acordo com Zaffaroni, “sistema penal é o conjunto das agências que operam a criminalização primária e 
a criminalização secundária ou que convergem na sua produção”. 
Direito Penal Paralelo: Como o sistema penal formal do Estado não obtêm êxito em grande parte da 
aplicação e exercício do poder punitivo, outras agências apropriam-se desse espaço e o exercem de modo 
paralelo ao estado (criando sistemas penais paralelos). Ex.:médico que aprisiona doentes mentais; 
institucionalização pelas autoridades assistenciais dos morados de rua etc.). 
Direito Penal Subterrâneo: ocorre quando as instituições oficiais atuam com poder punitivo ilegal, 
acarretando abuso de poder. Ex.: institucionalização de pena de morte (execução sem processo), 
desaparecimentos, torturas, extradições mediante sequestro, grupos especiais de inteligência que atuam 
fora da lei etc. 
 
3. DIREITO PENAL DO AUTOR E DIREITO PENAL DO FATO 
 
Direito Penal do Fato – Adotado pelo Ordenamento Penal Brasileiro – consiste que o direito penal 
deve punir condutas, ou seja, fatos, praticados pelos indivíduos que sejam lesivas a bens jurídicos de 
terceiros. Pune-se o fato. A base para esse princípio está no Estado de Direito. 
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Importante frisar que se considera circunstâncias relacionadas ao autor, especificamente quando da 
análise da pena. Ex: art. 59 do CP; Reincidência. 
Está atrelado ao Princípio da exteriorização ou materialização do fato, pelo qual o Estado só pode 
incriminar condutas humanas voluntárias (fatos). Assim, ninguém pode ser castigado por seus pensamentos, 
desejos ou meras cogitações ou estilo de vida. 
O princípio da exteriorização serviu para o legislador acabar com as infrações penais que 
desconsideravam esse mandamento. Ex: Mendicância (art. 60 L.C.P. – abolido), tal crime adotava o direito 
penal do autor. 
Por sua vez, o direito Penal do autor consiste na punição do indivíduo baseada em seus 
pensamentos, desejos e estilo de vida, condições pessoais, do modo de ser, grau de culpabilidade 
(reprovabilidade), antecedentes do autor, está interligado ao Direito Penal do Inimigo. Aqui teríamos uma 
inobservância do princípio da exteriorização do fato. 
 
Obs: Coculpabilidade e coculpabilidade às avessas (Zaffaroni) 
Coculpabilidade é corresponsabilidade do Estado no cometimento de determinados delitos, praticados por 
cidadãos que possuem menor âmbito de autodeterminação diante das circunstâncias do caso concreto, 
principalmente no que se refere a condiçõessociais e econômicas do agente, o que enseja menor reprovação 
social, segundo o princípio da coculpabilidade, o Estado-juiz haveria de considerar como atenuante as 
condições socioeconômicas do réu no momento na aplicação da pena. Veja que o artigo 66 do Código Penal 
autoriza ao Juiz esse postulado, através da, chamada pela doutrina, atenuante inominada. A outra face da 
teoria da coculpabilidade pode ser identificada como a coculpabilidade às avessas, por meio da qual defende-
se a possibilidade de reprovação penal mais severa no tocante aos crimes praticados por pessoas dotadas de 
elevado poder econômico, e que abusam desta vantagem para a execução de delitos, em regra 
prevalecendo-se das facilidades proporcionadas pelo livre trânsito nos centros de controle político e 
econômico. 
 
4. GARANTISMO PENAL (FERRAJOLI) 
 
4.1 Conceito 
 
Para Ferrajoli, “o garantismo é entendido no sentido do ESTADO CONSTITUCIONAL DE DIREITO, isto 
é, aquele conjunto de vínculos e de regras racionais impostos a todos os poderes na tutela dos direitos de 
todos, representa o único remédio para os poderes selvagens”. 
 
4.2. Garantias primárias e secundárias 
 
O autor distingue as garantias em duas grandes classes: as garantias primárias e as garantias 
secundárias: 
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● Garantias primárias – limites e vínculos normativos: Consistem nas proibições e obrigações, formais 
e substanciais, impostos na tutela dos direitos, ao exercício de qualquer poder; 
● Garantias secundárias – diversas formas de reparação: Subsequentes às violações das garantias 
primárias, diz respeito à anulabilidade dos atos inválidos e a responsabilidade pelos atos ilícitos. 
- Ex: a CF prevê como garantia primária que não haverá pena de banimento. O legislador não a 
observa e comina tal pena a determinado crime. Neste caso, será utilizado o controle de 
constitucionalidade, previsto na própria constituição como garantia secundária, julgando o ato nulo. 
 
* ATENÇÃO: Para o garantismo de Ferrajoli, o juiz não é um mero aplicador da lei, um mero executor da 
vontade do legislador ordinário. Ele é, antes de tudo, o guardião de direitos fundamentais. 
 
4.3 Máximas do garantismo 
 
☠ Questão cobrada na 2ª fase do concurso para o cargo de Delegado do Estado do 
Mato Grosso do Sul em 2017 
 
● Nulla poena sine crimine: somente será possível a aplicação de pena quando houver, efetivamente, a 
prática de determinada infração penal; 
● Nullum crimen sine lege: a infração penal deverá sempre estar expressamente prevista na lei penal; 
● Nulla lex (poenalis) sine necessitate: a lei penal somente poderá proibir ou impor determinados 
comportamentos, sob a ameaça de sanção, se houver absoluta necessidade de proteger determinados 
bens, tidos como fundamentais ao nosso convívio em sociedade, (direito penal mínimo); 
● Nulla necessitas sine injuria: as condutas tipificadas na lei penal devem, obrigatoriamente, ultrapassar 
a sua pessoa, isto é, não poderão se restringir à sua esfera pessoa, à sua intimidade, ou ao seu 
particular modo de ser, somente havendo possibilidade de proibição de comportamentos quando 
estes vierem a atingir bens de terceiros; 
● Nulla injuria sine actione: as condutas tipificadas só podem ser exteriorizadas mediante a ação do 
agente, ou omissão, quando previsto em lei; 
● Nulla actio sine culpa: somente as ações culpáveis podem ser reprovadas; 
● Nulla culpa sine judicio: é necessário adoção de um sistema nitidamente acusatório, com a presença 
de um juiz imparcial e competente para o julgamento da causa; 
● Nullum judicium sine accusatione: o juiz que julga não pode ser responsável pela acusação; 
● Nulla accusatio sine probatione: fica a cargo do acusador todo o ônus probatório, que não poderá ser 
transferido para o acusado da prática de determinada infração penal; 
● Nulla accusatio sine defensione: deve ser assegurada ao acusado a ampla defesa, com todos os 
recursos a ela inerentes. 
 
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#ATENÇÃO! Em que consiste o garantismo penal integral? 
O Direito penal deve se prestar a garantir não somente os direitos e garantias dos acusados, mas todos os 
direitos e deveres previstos na Constituição. Em que pese não se possa tolerar violações arbitrárias e 
desproporcionais aos direitos daquele sob o qual recai o jus puniendi estatal, não se pode também deixar de 
proteger outros bens que também são juridicamente relevantes para a sociedade. 
Tudo isso deve passar pelo crivo da proporcionalidade. 
Desse modo, o garantismo divide-se em: 
a) Garantismo negativo: visa limitar a função punitiva do Estado, que deve ser aplicada estritamente aos 
casos necessários e em medida adequada, consistindo na proibição de excesso. 
b) Garantismo positivo: busca evitar a impunidade e garantir que os bens jurídicos relevantes à sociedade 
sejam efetivamente protegidos, caracterizando-se pela proibição da proteção insuficiente. 
Quando apenas o garantismo negativo é observado, surge o chamado “garantismo hiperbólico monocular” 
(grave este nome). Hiperbólico: por ser aplicado de modo desproporcional e exagerado. Monocular: por 
enxergar apenas um lado, opondo-se ao garantismo integral. 
 
5. DIREITO PENAL DO INIMIGO 
 
a) Conceito: Aquele que viola o sistema deve ser considerado e tratado como inimigo. O delinquente, 
autor de determinados crimes, não é ou não deve ser considerado como cidadão, mas como um “cancro 
societário”, que deve ser extirpado (Munhoz Conde). 
Jakobs fomenta o Direito Penal do inimigo para o terrorista, traficante de drogas, de armas e de 
seres humanos e para os membros de organizações criminosas transnacionais (vide lei 12.850/2013). 
Destaque-se que nem todo criminoso é inimigo, apenas uma parcela reduzida de criminosos é que 
entra neste rol. 
 
b) Características do direito penal do inimigo: 
● Antecipação da punibilidade com a tipificação de atos preparatórios: O legislador é impaciente, não 
aguarda o início da execução para punir o agente); 
● É um direito penal prospectivo e não retrospectivo, na medida em que se pune o inimigo pelo que 
ele poderá fazer, em razão do perigo que representa; 
● O inimigo não é visto como um sujeito de direitos, pois perdeu seu status de cidadão; 
● Pune-se o inimigo pela sua periculosidade e não pela sua culpabilidade, como é no direito penal 
comum; 
● Criação de tipos de mera conduta; 
● Previsão de crimes de perigo abstrato: normalmente, pode haver crimes de perigo abstrato, mas 
sem abusos, flexibilização o princípio da lesividade; 
● As garantias processuais aplicadas ao inimigo são relativizadas ou até mesmo suprimidas. 
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● Flexibilização do Princípio da Legalidade: é a descrição vaga dos crimes e das penas. A descrição 
genérica de um crime permite a punição de mais condutas/comportamentos; 
● Inobservância dos Princípios da Ofensividade: relação com a criação de crimes de perigo abstrato) 
e da Exteriorização do Fato (relação com o direito penal do autor); 
● Preponderância do Direito Penal do autor: Flexibilização do princípio da exteriorização do fato; 
● Desproporcionalidade das penas; 
● Surgimento das chamadas “leis de luta ou de combate”: Exemplo - Lei 8.072/90 e Lei 12.850/2013. 
Alguns doutrinadores sustentam que tais leis têm predicados de direito penal do inimigo; 
● Endurecimento da Execução Penal: O regime disciplinar diferenciado é um resquício do direito penal 
do inimigo; 
 
*ATENÇÃO: O Direito Penal do inimigo também é conhecido como a “terceira velocidade do Direito Penal”. 
Isto porque se aplica a pena de prisão e também por ser extremamente célere, já que suprime direitos e 
garantias. 
 
5.1 Velocidades do Direito Penal (Jesús-Maria Silva Sánchez) 
 
Segundo, Cleber Masson (2017, p. 111) a teoria das velocidades do direito penal “partedo 
pressuposto de que o Direito Penal, no interior de sua unidade substancial, contém dois grandes blocos, 
distintos, de ilícitos: o primeiro das infrações penais às quais são cominadas penas de prisão (direito penal 
nuclear), e o segundo, daqueles que se vinculam aos gêneros diversos de sanções penais (direito penal 
periférico)”. 
 
● Primeira velocidade: Direito Penal “da prisão”, aplicando-se penas privativas de liberdade como 
resposta aos crimes praticados, com a rígida observância das garantias constitucionais e processuais. 
Aplicada a delitos graves. 
● Segunda velocidade: Direito penal reparador. São aplicadas aqui penas alternativas à prisão, como 
restritivas de direitos ou pecuniárias, de forma mais rápida, sendo admissível, para tanto, uma 
flexibilização proporcional dos princípios e regras processuais. Aplicável a delitos de menor 
gravidade. 
☠ Foi tema da prova discursiva do concurso de Delegado do Espírito Santo em 2019! 
● Terceira velocidade: Novamente temos aqui a prisão por excelência. Contudo, difere-se da primeira 
por permitir a flexibilização e até a supressão de determinadas garantias. Aplicada aos delitos de 
maior gravidade. 
Remete ao direto penal do inimigo, já explicado acima. 
Também poderiam constituir exemplos a Lei de Crimes Hediondos e a Lei de Organizações Criminosas 
na legislação pátria. 
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● Quarta velocidade: Neopunitivismo. Ligada ao direito internacional. É o processamento e 
julgamento pelo TPI de chefes de Estado que violarem tratados e convenções internacionais de tutela 
de Direitos Humanos e praticarem crimes de lesa-humanidade, de modo que, por esta razão, se 
tornarão réus perante o referido tribunal e terão, dentro do contexto, suas garantias penais e 
processuais penais diminuídas. 
● Quinta velocidade: hodiernamente, já se fala em Direito Penal de 5ª (quinta) velocidade, que trata 
de uma sociedade com maior assiduidade do controle policial, o Estado com a presença maciça de 
policiais na rua, no cenário onde o Direito Penal tem o escopo de responsabilizar os autores, diante 
da agressividade presente em nossa sociedade de relações complexas e, muitas vezes, 
(in)compreensíveis. #PERTINÊNCIATEMÁTICA 
 
6. FONTES DO DIREITO PENAL 
 
☠ Foi tema de prova oral do concurso de Delegado de Polícia de Minas Gerais em 
2018 
 
São as formas pelas quais o direito penal é criado e, posteriormente, manifestado. 
 
a) Fonte Material: Diz respeito à criação do Direito Penal. Via de regra, é a União, art.22, I, da CF/88, pois 
“compete privativamente à União legislar sobre direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, 
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho”. 
 
*Atenção: O artigo 22, parágrafo único, CF/88, prevê que “Lei Complementar poderá autorizar os Estados a 
legislar sobre questões específicas relacionadas neste artigo”, o que permite entender que abarca, inclusive, 
o Direito Penal. Então podemos ter uma lei complementar autorizando o estado a legislar sobre questões 
específicas de direito penal. É chamada DELEGAÇÃO EM PRETO – pois essa lei complementar não pode 
delegar genericamente. Têm que ser pontos específicos/questões específicas. 
 
 Obs.: Medida provisória pode versar sobre direito penal? 
 R.: A EC 32/01 inseriu dispositivo expresso na CF/88 vedando a edição de medida provisória versando 
sobre direito penal. Até 2001 não existia regra expressa na CF/88 vedando a edição de medida provisória 
sobre matéria penal. Tanto que o próprio STF, antes dessa EC 32, apreciou o RE 254.818/PR – 2000, 
especificando que MP não poderia versar sobre direito penal, exceto se favorável ao réu. 
 
 Esse julgado (2000), anterior à EC 32/2001, que estabeleceu ser possível a edição de medida 
provisória quando favorável ao réu, subsistiria após a EC 32/01, considerando que, com essa EC, passou-se a 
vedar, de forma abstrata, a edição de medida provisória sobre matéria penal? 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
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 R.: A doutrina e a jurisprudência são pacíficas no sentido de que é possível a edição de medida 
provisória versando sobre direito penal quando favorável ao réu, de modo que o entendimento exarado no 
bojo do RE 254.818 subsistiria após a edição da EC 32/01. 
 
Segundo explica o autor Cleber Masson, "É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria 
relativa a Direito Penal (CF, art. 62, § 1.º, I, alínea b), seja ela prejudicial ou mesmo favorável ao réu. Nada 
obstante, o Supremo Tribunal Federal historicamente firmou jurisprudência no sentido de que as medidas 
provisórias podem ser utilizadas na esfera penal, desde que benéficas ao agente". (MASSON, Cleber. 
Direito Penal. Parte Geral. Volume 1. 13ª edição. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2019, p. 97). 
STF no RE 254818/PR: 
I. Medida provisória: sua inadmissibilidade em matéria penal - extraída pela doutrina consensual - 
da interpretação sistemática da Constituição -, não compreende a de normas penais benéficas, assim, as 
que abolirem crimes ou lhes restringem o alcance, extingam ou abrandem penas ou ampliam os casos de 
isenção de pena ou de extinção de punibilidade. II. Medida provisória: conversão em lei após sucessivas 
reedições, com cláusula de "convalidação" dos efeitos produzidos anteriormente: alcance por esta de 
normas não reproduzidas a partir de uma das sucessivas reedições. III. MPr 1571-6/97, art. 7º, § 7º, 
reiterado na reedição subsequente (MPr 1571-7, art. 7º, § 6º), mas não reproduzido a partir da reedição 
seguinte (MPr 1571-8 /97): sua aplicação aos fatos ocorridos na vigência das edições que o continham, por 
força da cláusula de "convalidação" inserida na lei de conversão, com eficácia de decreto-legislativo.(STF - 
RE: 254818 PR, Relator: SEPÚLVEDA PERTENCE, Data de Julgamento: 08/11/2000, Tribunal Pleno, Data de 
Publicação: DJ 19-12-2002 PP-00081 EMENT VOL-02096-07 PP-01480 RTJ VOL-00184-01 PP-00301). 
 
b) Fonte Formal: Diz respeito à aplicação do Direito Penal. Esse ponto varia um pouco de doutrinador para 
doutrinador. 
 
DOUTRINA CLÁSSICA DOUTRINA MODERNA 
Imediata: 
● Lei (Desdobramento do princípio da 
reserva legal, que prevê a criação de 
crime e cominação de penas como 
um monopólio da lei. Aqui, estamos 
falando em lei ordinária). 
Imediata: 
● Lei 
● Constituição Federal 
● Tratados Internacionais de Direitos Humanos 
● Jurisprudência 
● Princípios 
● Atos administrativos (complementos de normas 
penais em branco). 
 
*Porém, até mesmo aqui, a única fonte formal que pode 
criar tipos penais e culminar penas é a lei (reserva legal). 
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O restante é fonte não-incriminadora. 
Mediatas: 
● Costumes 
● Princípios gerais do Direito 
● *Alguns colocam atos 
administrativos. 
Mediatas: 
● Doutrina 
 Fonte informal: 
● Costumes 
 
i. Lei - É o único instrumento normativo capaz de criar infração penal e cominar sanção penal (única 
fonte formal imediata incriminadora). 
 
ii. Constituição Federal – Não cria infração penal e não comina sanção penal (nem pena, nem medida 
de segurança). 
 
☞ Pergunta (fase oral MP/SP) – Se a lei pode criar crimes e cominar penas, por que a CF, que é uma norma 
superior à lei, não pode fazer isso (afinal, quem pode o mais pode o menos)? Em razão de seu processo 
moroso de alteração. Ademais, a CF não pode criar crime e nem alterar pena, pois o seu processo de 
alteração é super rígido e incompatível com as necessidades do direito penal. 
 
☞ CUIDADO! A Constituição Federal, porém, fixa alguns patamares abaixo dos quais a intervenção penal 
não se pode reduzir. São os chamados “mandados constitucionais de criminalização” (patamares 
mínimos). Exemplos de mandados constitucionais de criminalização: 
 
Art.5º, XLI, CF – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos eliberdades fundamentais. 
Art. 5º, XLII, CF – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, 
sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. (Observe que o constituinte disse que 
quem vai criar o crime de racismo é a lei, mas quando esse crime for criado, a lei 
deve puni-lo com, no mínimo, reclusão, qualquer que seja a pena). 
Art.5º, XLIII, CF – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou 
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o 
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os 
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
 
☞ Pergunta de Concurso: Existe mandado constitucional de criminalização implícito ou tácito? 
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 R: De acordo com a maioria, existem mandados constitucionais de criminalização implícitos, com a 
finalidade de evitar a intervenção insuficiente do Estado (imperativo de tutela). No mais, sustenta a maioria 
que sim, decorrente do nosso sistema jurídico de proteção dos direitos humanos. Por exemplo, a nossa 
Constituição, ao garantir o direito à vida, está, implicitamente, determinando a criminalização do homicídio 
(se todos têm direito à vida, não se pode permitir que o homicídio não seja crime). 
 
iii. Tratados Internacionais de Direitos Humanos (TIDH) 
 Como é sabido, os TIDH entram no ordenamento interno podendo ostentar 02 status: 
⦁ Se recepcionados com quórum de emenda constitucional, têm status de emenda; 
⦁ Se o TIDH for recepcionado com quórum comum, terá status infraconstitucional, porém supralegal. 
 
ATENÇÃO: Os tratados internacionais podem ser classificados como fonte do direito penal apenas quando 
incorporados ao direito interno. Se versar sobre direitos humanos e for aprovado seguindo o rito de 
emendas constitucionais, terá força normativa de emendas constitucionais (art. 5º, §3°, CF). Caso não siga 
tal rito, terá força de norma supralegal. 
 
iv. Jurisprudência 
 Não cria crime; não comina pena. Mas, na prática, às vezes, a jurisprudência cria o direito penal. 
Ademais, revela Direito Penal podendo inclusive ter caráter vinculante. Um exemplo disso é o caso do crime 
continuado, em que a jurisprudência define o que são condições de tempo e lugar para fim de definição da 
continuidade delitiva. A condição de tempo é de 30 dias de intervalo entre as infrações; a condição de lugar 
também é definida pela jurisprudência. 
 
Art. 71, CP – Quando o agente, mediante mais de uma ação e omissão, pratica 2 ou 
mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de 
execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como 
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou 
a mais grave, se diversas, aumentada em qualquer caso, de 1/6 a 2/3. 
 
Obs: Súmulas vinculantes – Elas também são fontes do direito penal. 
 
a. Princípios - Não criam crime nem cominam pena. Mas vários são os julgados absolvendo ou 
reduzindo pena com base em princípios. Ex: Princípio da Insignificância – causa de atipicidade 
material. 
 
 Iremos aprofundar o estudo sobre os princípios mais adiante. 
 
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b. Atos administrativos - Fonte formal imediata quando complementam norma penal em branco. Ex: 
Lei de drogas é complementada por uma Portaria da ANVISA. 
 
c. Doutrina: Para alguns autores, a doutrina não é fonte do direito penal por não ter força cogente, ou 
seja, não ser revestida de obrigatoriedade. 
 
d. Costumes 
● Costume é a repetição de um comportamento (elemento objetivo) em face da crença na sua 
obrigatoriedade (elemento subjetivo). 
≠ de hábito, que consiste na mera repetição de comportamento (elemento objetivo), mas sem 
a crença na sua obrigatoriedade. 
● Costume não cria crime, não comina pena, só a Lei pode criar crimes e cominar penas, em razão do 
princípio da legalidade (veda-se o costume incriminador). 
 
Princípio da Legalidade x Costumes: 
A lex scripta, uma das funções de garantia do princípio da legalidade – como veremos adiante - proíbe que 
se utilize dos costumes como fonte incriminadora do direito penal (impossibilidade de utilizar costumes 
para incriminar condutas ou cominar penas). Portanto, os costumes não têm o condão de criminalizar 
condutas e nem cominar penas. 
Qual a função dos costumes no direito penal? 
De acordo com Nilo Batista e Zaffaroni, os costumes têm uma função integrativa ou integradora. Isso quer 
dizer que os costumes desempenham a função de integrar a atribuição de sentidos de determinadas 
expressões do tipo penal, em especial os elementos normativos do tipo. Trata-se de uma função 
interpretativa/hermenêutica. Por exemplo: Art. 233, CPP – crime de ato obsceno. Quem vai determinar o 
sentido de ato obsceno? Vai ser determinado pelo sentido compartilhado pela sociedade, de forma reiterada. 
É um conceito normativo porque exige um juízo de valor, e esse juízo de valor é um juízo temperado e 
contextualizado de acordo com a prática social da comunidade. Portanto, a função integrativa dos costumes 
atua de forma muito mais efetiva nos elementos normativos do tipo (que exigem valoração). 
 
● Espécies de costumes: 
i. Costume secundum legem (costume interpretativo): possui a função de auxiliar o intérprete 
a entender o conteúdo da lei. Por exemplo, ato obsceno (art. 233 do CP). Vai depender do 
ambiente em que o ato foi praticado e dos costumes locais para que ele seja assim 
considerado ou não. 
ii. Costume contra legem (costume negativo): é chamado de DESUETUDO. É aquele que 
contraria uma lei, mas não a revoga.Ex.: Venda de CDs piratas. 
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iii. Costume praeter legem (costume integrativo): é aquele usado para suprir as lacunas da lei. 
É válido, mas só pode ser usado no campo das normas penais não incriminadoras e apenas 
para favorecer o agente. Ex.: a circuncisão em meninos de determinadas religiões não é 
considerada crime. 
 
#SELIGA: Existe costume abolicionista? 
▪ 1ª Corrente: Admite-se o costume abolicionista, aplicado nos casos em que a infração penal não mais 
contraria o interesse social. Defende a função derrogatória dos costumes. Ex. Para esta corrente, o 
jogo do bicho não é mais contravenção penal. 
▪ 2ª Corrente: Diz que não existe costume abolicionista. Quando o fato já não é mais indesejado pela 
sociedade, o juiz não deve aplicar a lei. Ex: Para esta corrente, o jogo do bicho permanece 
formalmente típico, porém não aplicável, sem eficácia social (não tem tipicidade material). 
▪ 3ª Corrente (PREVALECE): Entende que não existe costume abolicionista. Enquanto não revogada 
por outra lei, a norma tem plena eficácia. É a que prevalece e está de acordo com a lei de introdução 
às normas do direito brasileiro. Ex: Jogo do bicho continua tipificado como contravenção penal, 
sendo aplicável no caso concreto. 
 
* ATENÇÃO: Para aqueles que não adotam a tese do costume abolicionista, é possível o uso do costume 
segundo a lei (costume interpretativo), que vai servir para aclarar o significado de uma palavra, de um texto. 
 
7. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 
 
 Princípios são os valores fundamentais que inspiram a criação e a manutenção do sistema jurídico. 
No caso dos princípios penais, eles vão orientar a atuação do legislador na elaboração da legislação penal e 
do operador do direito em sua aplicação. 
 De acordo com o Professor Delegado Marcus Montez, esses princípios têm a chamada “força 
normativa, força de impor ao legislador, intérprete, partes, particular. Nesse sentido, princípio não é apenas 
aquele “princípio geral de direito”, pelo contrário, ele tem força cogente e impositiva”. 
 A função dos princípios é limitar o poder de punir do Estado. Isso porque, o Estado, por natureza, éarbitrário, pois invade a esfera de liberdade do indivíduo. Então o Direito Penal é visto como instrumento de 
contenção do Estado, que vai tolher o Estado ao máximo visando garantir a liberdade do sujeito, garantias 
mínimas para que se possa desenvolver direitos de 1ª geração. 
 Por fim, vale relembrar que a maioria dos princípios está constitucionalizada, seja implícita ou 
explicitamente, de modo que é possível utilizar tais princípios para efetuar controle de constitucionalidade. 
💣 Além das questões de concursos que tratam diretamente dos princípios, o simples fato de entender 
os valores que eles trazem nos orientam muito no raciocínio necessário para a solução de muitas outras, por 
isso é um tema que não pode ser negligenciado, ok? 
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7.1 Princípios Relacionados com a Missão Fundamental do Direito Penal 
 
7.1.1 Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos 
 
 O Direito Penal deve servir apenas e tão somente para proteger bens jurídicos relevantes (Roxin). 
Ademais, nenhuma criminalização é legítima se não busca evitar a lesão ou o perigo de lesão a um bem 
juridicamente determinado. Impede que o Estado utilize o Direito Penal para a proteção de bens ilegítimos. 
 Assim, não pode incriminar pensamentos ou intenções, questões morais, éticas, ideológicas, 
religiosas ou finalidades políticas. Para a teoria constitucional do Direito Penal, aliás, a referida eleição de 
bens jurídicos deve refletir os valores constitucionais, a exemplo do homicídio, que tutela o direito 
fundamental à vida. 
 Dessa forma, o princípio da proteção aos bens jurídicos defende que o direito penal deve servir 
apenas para proteger bens jurídicos relevantes, bens jurídicos indispensáveis ao convívio em sociedade. 
 Mas o que é bem jurídico? 
 R.: Trata-se de um tema extremamente controvertido, de modo que vamos tentar simplificá-lo para 
melhor compreensão. 
 Para Luiz Regis Prado, bem jurídico é um ente material ou imaterial, haurido do contexto social, de 
titularidade individual ou metaindividual, reputado como essencial para a coexistência e o desenvolvimento 
do homem em sociedade. 
 Por sua vez, Luis Greco e Roxin se filiam ao mesmo conceito, mas usam expressões diferentes. 
● Roxin – bem jurídico será a relação real da pessoa com um valor concreto, reconhecido pela 
comunidade. 
● Luis Greco – bem jurídico são dados fundamentais para a realização pessoal dos indivíduos ou para 
a subsistência do sistema social nos limites da ordem constitucional 
Nesse sentido, para conceituar bem jurídico, é imprescindível levar 2 pontos em consideração: 
1) Fundamento do bem jurídico: o conceito de bem jurídico tem que ter como ponto central, 
como fundamento, a importância do bem àquela pessoa. Tem que ser um bem de 
importância vital, fundamental, de modo que a existência dessa pessoa ou seu bem-estar 
estejam ameaçados com a criminalização daquela conduta. 
2) Titularidade do bem jurídico: É importante saber quem é o titular desse bem jurídico. Para 
quem o BJ tem essa importância fundamental? 
 
* ATENÇÃO: A espiritualização dos bens jurídicos no Direito Penal (Roxin) revela uma evolução quanto à 
proteção dos bens jurídicos dentro do Direito Penal. Em um momento inicial, apenas os crimes de dano 
contra bens jurídicos individuais possuíam relevância no âmbito penal. Modernamente, o Direito Penal 
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antecipou a tutela, assumindo um papel preventivo, passando a punir os crimes de perigo contra bens 
supraindividuais (como por exemplo, a tipificação de crimes ambientais). 
- Parcela da doutrina critica essa expansão da tutela penal na proteção de bens jurídicos de caráter difuso ou 
coletivo. Argumenta-se que tais bens são formulados de modo vago e impreciso, bem como, que não seria 
esse o papel do direito penal, que deve ser utilizado apenas como última ratio, havendo outras searas que 
poderiam solucionar tais questões, em razão dos princípios que estudaremos a seguir. 
 
 Confira a dica do professor Marcelo Veiga: 
 
https://youtu.be/zE14JCcjH6g 
 
 
Atenção! temática “bem jurídico” tem sido a “modinha” dos certames e, por isso, deve o candidato 
estar atento as nuances. 
 
De acordo com os autores João Paulo Martinelli e Leonardo Schmitt de Bem, na obra "Direito Penal 
- Lições Fundamentais", da Editora D'Plácido, na página 171, “A noção de ‘bem jurídico aparente’ identifica-
se com as hipóteses nas quais, por meio do uso reificante da linguagem e da adoção de uma perspectiva 
distanciada, acaba-se por ocultar a ausência de um efetivo bem jurídico tutelado pela norma.” 
Explicam ainda os autores: 
"... protege-se um somatório de integridades físicas individuais (...) no que tange à incolumidade 
pública como um bem jurídico coletivo apenas na aparência significa dizer que a proteção desses bens 
jurídicos não poderá ser realizada independentemente dos particulares, mas deverá ser instrumental ou 
dirigir-se à realização dos interesses individuais de todos os membros sociais. Por outro lado, o meio 
ambiente, a administração estatal da Justiça, a ordem econômica e a autenticidades das moedas são 
considerados verdadeiros bens jurídicos coletivos, pois não podem ser fracionados em bens individuais 
somados. Em síntese, é impossível, por exemplo, conceber o meio ambiente como a soma de vários bens 
jurídicos individuais." 
 
https://youtu.be/zE14JCcjH6g
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7.1.2 Princípio da Intervenção Mínima 
 
a) Origem histórica: Declaração dos direitos do homem e do cidadão (1789) 
 No art. 8º desse diploma, temos a imposição de que o direito penal deve estabelecer penas estrita e 
evidentemente necessárias. Isso, de certa forma, traz a ideia originária do princípio da intervenção mínima: 
pois o Direito Penal só deve intervir quando for estrita e evidentemente necessária 
 
b) Introdução 
 O direito penal só deve ser aplicado quando a criminalização de um fato é estritamente necessária à 
proteção de determinado bem ou interesse, não sendo suficientemente tutelado por outras searas do 
direito. O direito penal é o último grau de proteção jurídica. 
 Em outras palavras: O direito penal em um Estado Democrático de Direito atua como ultima 
ratio/ultima razão/ultima saída. Isso porque o direito penal só deve atuar quando os outros ramos do direito 
já tenham fracassado na tentativa de solucionar aquele conflito. Não pode ser usado como prima ratio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como na figura, nem tudo o que é ilícito caracteriza um ilícito penal, mas apenas uma pequena 
parcela. Porém, todo ilícito penal será também ilícito perante as demais searas do direito. 
Ex.: se um funcionário público pratica crime, isso sempre configurará também uma infração 
administrativa. Porém, a recíproca não é verdadeira. Nem toda infração administrativa encontrará uma 
correspondente tipificação penal. 
Obs.: Trata-se de um princípio um implícito na CF/88, que pode ser retirado, principalmente, do 
princípio da dignidade da pessoa humana. (art. 1º, III, CF/88) 
 
c) Destinatários de finalidade: dois são os destinatários do referido princípio: 
● Legislador (no plano abstrato); 
● Aplicador do direito (no plano concreto). 
 
ILÍCITOS EM GERAL 
 
ILÍCITOS 
PENAIS 
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 Nessa linha, temos que a intervenção mínima deve ser observada tanto pelo legislador, no momento 
de selecionar as condutas que passaram a ser tuteladas pelo Direito Penal, como também, deve ser 
observado pelo aplicador do direito no caso em concreto. 
 
d) Finalidade do princípio da intervenção mínima: trata-se de um reforço ao princípio da reserva legal, 
posto que não é suficiente que tenha lei prevendo aquela conduta como criminosa, é necessário 
aindaque a intervenção penal cominada pela lei seja efetivamente necessária. 
 
Rogério Sanches argumenta que “o princípio da intervenção mínima tem duas faces: orienta quando e onde 
o direito penal deve intervir (neocriminalização); por outro lado, também orienta quando e onde o direito 
penal deve deixar de intervir (abolitio criminis)”. A abolitio criminis é fenômeno verificado sempre que o 
legislador, atento às mutações sociais (e ao princípio da intervenção mínima), resolve não mais incriminar 
determinada conduta, retirando do ordenamento jurídico-penal a infração que a previa, julgando que o 
Direito Penal não mais se faz necessário à proteção de determinado bem jurídico. 
 
Do princípio da intervenção mínima decorrem dois outros princípios: 
 
7.1.2.1 Fragmentariedade 
 
 O direito penal é fragmentário pois é visto como um sistema descontínuo de ilicitudes. Ou seja: o 
direito penal não pode e nem tem como criminalizar todas a condutas existentes, mesmo que sejam ilícitos 
do direito (não só ilícitos penais, mas ilícitos civis também) 
 Nesse contexto, a fragmentariedade prevê que somente devem ser tutelados pelo direito penal os 
casos de relevante lesão ou perigo de lesão aos bens jurídicos fundamentais para a manutenção e o progresso 
do ser humano e da sociedade. 
 
O princípio da fragmentariedade deve ser utilizado no plano ABSTRATO, para o fim de permitir a 
criação de tipos penais somente quando os demais ramos do Direito tiverem falhado na tarefa de proteção 
de um bem jurídico. Refere-se, assim, à atividade legislativa. 
 
Já caiu em prova essa passagem do Ferrajolli: 
“A intervenção mínima tem como ponto de partida a característica da fragmentariedade do direito penal. 
Este [fragmentariedade] se apresenta por meio de pequenos flashs, que são pontos de luz na escuridão do 
universo. Trata-se de um gigantesco oceano de irrelevância, ponteado por ilhas de tipicidade, enquanto o 
crime é um náufrago à deriva, procurando uma porção de terra na qual se possa achegar” 
 
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#SELIGA: Em que consiste a fragmentariedade às avessas? Ocorre nas situações em que o direito penal 
perde o interesse em uma determinada conduta, inicialmente tida por criminosa, por entendê-la 
desnecessária, com a evolução da sociedade e modificação de seus valores, ocorrendo a abolitio criminis, 
sem prejuízo de sua tutela pelos demais ramos do direito. É um juízo negativo, o crime existia e deixa de 
existir. 
Ex.: Adultério, que era crime tipificado no art. 240 do CP e deixou de ser em 2005, quando a Lei nº 11.106 
revogou o tipo penal. 
 
7.1.2.2 Subsidiariedade 
 
 A subsidiariedade é corolário da intervenção mínima e está ligada à autonomia do Direito Penal. 
Somente após se constatar que outros meios de solução social dos conflitos não são aptos a dirimi-los, é que 
serão utilizados modelos coercitivos de que dispõe o Direito Penal. 
 Assim, a intervenção penal fica condicionada ao fracasso dos demais ramos do direito, funcionando 
como um soldado de reserva. 
 Direciona-se ao aplicador do direito, no plano concreto, devendo ser aplicado apenas quando todos 
os demais ramos se revelarem impotentes. O crime já existe, mas precisamos saber se a aplicação da lei penal 
é necessária no caso concreto. 
Nas palavras do professor Cleber Masson: 
 
A atuação do Direito Penal é cabível unicamente quando os outros ramos do Direito 
e os demais meios estatais de controle social tiverem se revelado impotentes para 
o controle da ordem pública. Projeta-se no plano concreto – em sua atuação prática 
o Direito Penal somente se legitima quando os demais meios disponíveis já tiverem 
sido empregados, sem sucesso, para proteção do bem jurídico. Guarda relação com 
a tarefa de aplicação da lei penal. 
 
Conceitos atrelados à subsidiariedade: 
⦁ Roxin – direito penal seria o remédio sancionador extremo. Ou seja: o direito penal só deve atuar 
após os outros ramos do direito. Quando os demais ramos atuam e não resolvem o conflito, seria 
legítimo ao Direito Penal atuar sobre a característica da subsidiariedade, uma das faces da 
intervenção mínima. 
⦁ Muñoz Conde – direito penal é aplicável unicamente quando fracassam as demais barreiras 
protetoras do bem jurídico pré-dispostas por outros ramos do direito. 
 
 
 
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STJ (HC 197.601/RJ) O Direito Penal deve ser encarado de acordo com a principiologia constitucional. Dentre 
os princípios constitucionais implícitos figura o da subsidiariedade, por meio do qual a intervenção penal 
somente é admissível quando os demais ramos do direito não conseguem bem equacionar os conflitos 
sociais. 
 
Aprofundando para uma discursiva... 
Conflito aparente de normas: Segundo Rogério Greco, o conflito aparente de normas penais é aquele 
que ocorre quando duas normas aparentam incidir sobre o mesmo fato. Ele é dito aparente, pois na verdade 
não existe conflito algum – efetivamente, não existe um conflito ao se aplicar a norma ao caso concreto. 
Existem princípios, capazes de solucionar os conflitos aparentes de normas penais: 
a) Subsidiariedade - Temos uma norma subsidiária e uma norma primária, e só se aplica a norma 
subsidiária caso a norma primária não possa ser aplicada, ou seja, uma norma menos grave 
(subsidiária), que descreve um crime autônomo, e uma norma mais grave (primária), que descreve 
uma segunda conduta e que prevalecerá sobre aquela. 
b) Especialidade - Estaremos diante de dois tipos penais, um específico e um genérico, ambos 
aparentemente adequados para o caso concreto. Entretanto, pela regra da especialidade, 
prevalecerá o tipo penal específico! 
c) Consunção - O princípio da consunção está diretamente relacionado com a absorção de um delito 
por outro. Ou seja, existe uma relação de fins e meios (um delito é o meio para que se chegue ao 
outro) ou mesmo de necessidade (um crime é uma fase para o outro, sendo necessária sua execução 
para que se pratique o segundo tipo penal). 
d) Alternatividade - Temos o chamado princípio da alternatividade, que, por sua vez, é bastante 
simples. Aqui temos um tipo penal chamado de misto alternativo (cuja conduta possui várias formas, 
ou seja, vários verbos). Nesses casos, mesmo que o agente pratique vários dos núcleos em um 
mesmo contexto, responderá por apenas um crime! 
 
7.1.3 Princípio da Insignificância ou da Bagatela 
 
☠ Caiu na prova de Delegado de Polícia do Mato Grosso do Sul em 2017 
 
a) Introdução, Origem e Conceito 
 
Inicialmente, cumpre destacarmos que o referido princípio não encontra previsão na legislação, mas 
pacificamente admitido pela Jurisprudência do STF e do STJ. 
Surge no Direito Romano. “De minimus nun curat praetor”. Os juízes e os tribunais não cuidam do 
que é mínimo, insignificante. Porém no direito romano só era utilizado no tocante ao direito privado. No 
direito penal é incorporado apenas na década de 1970, através dos estudos de Claus Roxin. Segundo Cleber 
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Masson (Direito Penal Esquematizado) “Em outras palavras, o Direito Penal não deve se ocupar de assuntos 
irrelevantes, incapazes de lesar o bem jurídico legalmente tutelado. Na década de 70 do século passado, foi 
incorporado ao Direito Penal pelos estudos de Claus Roxin”. 
Ressalta-se que o princípio da Insignificância decorre da fragmentariedade, de modo que o Direito 
Penal só vai intervir nos casos de relevante lesão, quando for indispensável para a proteção de determinado 
bem jurídico, e quando não houver como proteger o bem jurídico como os outros ramos do direito. 
 Nesse sentido, o princípio da insignificância traduz a ideia de que não há crime quando a conduta 
praticada pelo agente é insignificante, não é capaz de ofender ou colocar em perigo o bem jurídico tutelado 
pela norma penal.b) Finalidade 
 O STF expressamente reconhece como finalidade desse princípio a “interpretação restritiva da lei 
penal” (olha que termo bonito para aparecer na sua prova), ou seja, o princípio da insignificância deve 
diminuir a intervenção penal, no sentido de ignorar as condutas irrisórias que não se revelam capazes de 
ofender o bem jurídico tutelado pelo tipo penal. 
 
c) Natureza Jurídica: Causa de Exclusão da tipicidade (atipicidade) material. Ou seja: torna o fato atípico 
por ausência de tipicidade material. 
 
TRADUZINDO: 
TIPICIDADE PENAL = tipicidade formal + tipicidade material. 
Tipicidade formal: juízo de adequação do fato à norma (analisa se o fato praticado na vida real, se amolda, 
se encaixa ao modelo de crime descrito na lei penal). 
Ex.: Sujeito subtrai um iogurte de um hipermercado. Como subtraiu coisa alheia móvel, o fato se adequa ao 
tipo penal de furto. 
Tipicidade material: é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido. 
No exemplo acima, em que pese tenha havido a tipicidade formal, o ato praticado não foi capaz de causar 
lesão relevante ao bem protegido, vez que o valor de um iogurte não faria a menor diferença no patrimônio 
de um hipermercado, não havendo, portanto, tipicidade material. 
 
Mas atenção: NÃO É SÓ O VALOR que deve ser analisado para que seja reconhecida a insignificância 
da conduta! Existem outros requisitos que devem ser observados, conforme jurisprudência consolidada da 
Suprema Corte. 
Ademais, valor insignificante e pequeno valor não são sinônimos. Por vezes, em casos de furto, por 
exemplo, a questão apresenta um bem de um valor baixo, mas não irrisório/insignificante, que servirá apenas 
para caracterizar a causa de diminuição de pena do furto privilegiado, mas não excluirá a tipicidade material, 
seja pelo fato de o valor ser pequeno, mas não irrisório, seja por não preencher algum outro requisito. Então 
fique de olho! 
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Sobre os valores, não há nenhuma tese fixa sobre. É necessário analisar o contexto. Porém, 
analisando as decisões proferidas, o STF tem aceitado como insignificantes normalmente valores que que 
giram em torno de 10% do salário-mínimo, com variações para mais e para menos (é só uma ideia). Já como 
pequeno valor, para o privilégio, admite-se o valor de até 1 salário-mínimo integral (raciocínio aplicável aos 
demais delitos que admitem o privilégio). 
 
ATENÇÃO: Esse tema foi objeto de cobrança na prova de Delegado do Paraná recentemente. 
 
2021 – NC UFPR – PC-PR – Delegado de Polícia 
Se uma conduta não representa uma ofensa relevante ao bem jurídico contemplado no tipo penal, entende-
se que ela é materialmente atípica em razão do princípio da insignificância. Um exemplo de situação que 
poderia ser abrangida pelo princípio seria a subtração de um pacote de batatas de um supermercado. São 
requisitos estabelecidos pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal para a incidência do princípio da 
insignificância, EXCETO: 
a) mínima ofensividade da conduta do agente. 
b) nenhuma periculosidade social da ação. 
c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. 
d) inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
e) ausência de interesse da vítima na persecução penal. 
Gabarito: Letra E 
 
 Confira a dica do professor Marcelo Veiga: 
 
https://youtu.be/PIsJOsWA84c 
 
 
Vejamos algumas casuísticas importantes em relação ao princípio da insignificância: 
 
a) PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA x AGENTE REINCIDENTE 
https://youtu.be/PIsJOsWA84c
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 Em regra, o STF e o STJ afastam a aplicação do princípio da insignificância aos acusados reincidentes 
ou de habitualidade delitiva comprovada. Vale ressaltar, no entanto, que a reincidência não impede, por si 
só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto 
(STF. Plenário. HC 123108/MG, HC 123533/SP e HC 123734/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 
3/8/2015; STJ. 5ª Turma EDcl-AgRg-AREsp 1.631.639- SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 19/05/2020) 
 
Obs.: Ao criminoso habitual, tanto o STF como o STJ, costumam negar a aplicação 
 
Informativo 575, STJ. A reiteração criminosa inviabiliza a aplicação do princípio da 
insignificância nos crimes de descaminho, ressalvada a possibilidade de, no caso 
concreto, as instâncias ordinárias verificarem que a medida é socialmente 
recomendável. Assim, pode-se afirmar que: Em regra, não se aplica o princípio da 
insignificância para o agente que praticou descaminho se ficar demonstrada a sua 
reiteração criminosa (criminoso habitual). Exceção: o julgador poderá aplicar o 
referido princípio se, analisando as peculiaridades do caso concreto, entender 
que a medida é socialmente recomendável. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.217.514-RS, Rel. 
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 9/12/2015 (Info 575). 
 
 Assim, de acordo com o caso concreto, é possível sim aplicar a insignificância mesmo para réus 
reincidentes. Veja recentes julgados em que os Tribunais Superiores aplicaram o princípio da insignificância 
mesmo havendo a reincidência e maus antecedentes: 
 
(info 722 STJ) Admite-se reconhecer a não punibilidade de um furto de coisa com 
valor insignificante, ainda que presentes antecedentes penais do agente, se não 
denotarem estes tratar-se de alguém que se dedica, com habitualidade, a cometer 
crimes patrimoniais. AgRg no REsp 1.986.729-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 
Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 28/06/2022, DJe 30/06/2022. 
 
Em regra, a habitualidade delitiva específica (ou seja, o fato de o réu já responder 
a outra ação penal pelo mesmo delito) é um parâmetro (critério) que afasta o 
princípio da insignificância mesmo em se tratando de bem de reduzido valor. 
Excepcionalmente, no entanto, as peculiaridades do caso concreto podem justificar 
o afastamento dessa regra e a aplicação do princípio, com base na ideia da 
proporcionalidade. É o caso, por exemplo, do furto de um galo, quatro galinhas 
caipiras, uma galinha garnizé e três quilos de feijão, bens avaliados em pouco mais 
de cem reais. O valor dos bens é inexpressivo e não houve emprego de violência. 
Enfim, é caso de mínima ofensividade, ausência de periculosidade social, reduzido 
grau de reprovabilidade e inexpressividade da lesão jurídica. Mesmo que conste em 
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desfavor do réu outra ação penal instaurada por igual conduta, ainda em trâmite, 
a hipótese é de típico crime famélico. A excepcionalidade também se justifica por 
se tratar de hipossuficiente. Não é razoável que o Direito Penal e todo o aparelho 
do Estado-polícia e do Estado-juiz movimente-se no sentido de atribuir relevância 
a estas situações. STF. 2ª Turma. HC 141440 AgR/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado 
em 14/8/2018 (Info 911). 
 
É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas 
em R$ 29,15, mesmo que a subtração tenha ocorrido durante o período de repouso 
noturno e mesmo que o agente seja reincidente. Vale ressaltar que os produtos 
haviam sido furtados de um estabelecimento comercial e que logo após o agente 
foi preso, ainda na porta do estabelecimento. Objetos furtados: R$ 4,15 em 
moedas, uma garrafa de Coca-Cola, duas garrafas de cerveja e uma garrafa de pinga 
marca 51, tudo avaliado em R$ 29,15. STF. 2ª Turma. HC 181389 AgR/SP, Rel. Min. 
Gilmar Mendes, julgado em 14/4/2020 (Info 973). 
 
É possível aplicar o princípio da insignificância para furto de bem avaliado em R$ 
20,00 mesmo que o agente tenha antecedentes criminais por crimes patrimoniais 
 
É possível a aplicação do princípio da insignificância para o agente que praticou o 
furto de um carrinho de mão avaliado em R$ 20,00 (3% do salário-mínimo), mesmo 
ele possuindo antecedentescriminais por crimes patrimoniais. STF. 1ª Turma. RHC 
174784/MS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, 
julgado em 11/2/2020 (Info 966). 
 
Pergunta: e ao multirreincidente, é possível aplicação do princípio da insignificância? 
Atenção ao informativo 746 (29/08/2022): 
 
A multirreincidência específica somada ao fato de o acusado estar em prisão 
domiciliar durante as reiterações criminosas são circunstâncias que inviabilizam 
a aplicação do princípio da insignificância. REsp 1.957.218-M, G Rel. Min. Olindo 
Menezes. Sexta Turma, por maioria, julgado em 23/08/2022.É certo que há 
precedentes do Supremo Tribunal Federal em que se afasta a tipicidade material 
da conduta criminosa quando o furto é praticado para subtrair objeto de valor 
irrelevante, ainda que o paciente seja reincidente na prática delitiva. Entretanto, a 
Corte também tem precedentes que apontam a relevância da análise da 
reincidência delitiva para afastar a tipicidade da conduta, conforme se verifica no 
julgamento do Habeas Corpus 123.108/MG, da Relatoria do Ministro Roberto 
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/31c23973a376c90940f5f5ff2118b5d2?categoria=11&subcategoria=95
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/31c23973a376c90940f5f5ff2118b5d2?categoria=11&subcategoria=95
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Barroso, no qual, o Plenário do STF decidiu, por maioria de votos, que a "aplicação 
do princípio da insignificância envolve um juízo amplo (conglobante), que vai 
além da simples aferição do resultado material da conduta, abrangendo também 
a reincidência ou contumácia do agente, elementos que, embora não 
determinantes, devem ser considerados". Após a análise dos precedentes desta 
Corte Superior e do STF, é razoável concluir que a reincidência não impede, por si 
só, que se reconheça a insignificância penal da conduta à luz dos elementos do caso 
concreto, mas pode ser um dos elementos que justificam a tipicidade material da 
conduta. 
 
Em regra, NÃO. Mas há julgado do STJ permitindo excepcionalmente (19/05/22): 
 
1. A multirreincidência específica, via de regra, afasta a aplicação do princípio 
da insignificância no crime de furto. Entretanto, em casos excepcionais, nos quais 
é reduzidíssimo o grau de reprovabilidade da conduta, tem esta Corte Superior 
admitido a incidência do referido princípio, ainda que existentes outras 
condenações. 
2. O furto simples, em um supermercado, de quatro barras de chocolate, avaliadas 
em R$26,92 – quantia que corresponde a 2,77% do salário-mínimo vigente à época 
-, restituídas à Vítima, traz excepcionalidade que autoriza o reconhecimento da 
atipicidade material da conduta.3. Agravo regimental da Defesa provido para, 
conhecendo do agravo, negar provimento ao recurso especial do Ministério 
Público. (AgRg no AREsp 1899839/MG, Rel. Ministro OLINDO MENEZES 
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), Rel. p/ Acórdão Ministra 
LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 19/04/2022, DJe 19/05/2022) 
 
Obs.: É muito importante que você saiba as justificativas dos tribunais sobre a aplicação ou não do princípio 
da insignificância, pois além de sempre cair em provas objetivas, são imprescindíveis para você responder 
uma questão subjetiva e oral. Vamos rumo á aprovação! 
 
É possível a aplicação ao réu reincidente quando o crime anterior tutelava bem jurídico distinto patrimônio, 
é o que o STF chamou de TEORIA DA REITERAÇÃO NÃO CUMULATIVA DE CONDUTAS DE GÊNEROS 
DISTINTOS (*termo de prova). 
 
 Entendendo a fonte da expressão acima que foi utilizada no seguinte julgado do STF: 
 
TURMA HABEAS CORPUS 114.723, MINAS GERAIS 
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI 
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FURTO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INCIDÊNCIA. VALOR DOS BENS 
SUBTRAÍDOS. INEXPRESSIVIDADE DA LESÃO. CONTUMÁCIA DE INFRAÇÕES 
PENAIS CUJO BEM JURÍDICO TUTELADO NÃO É O PATRIMÔNIO. 
DESCONSIDERAÇÃO. ORDEM CONCEDIDA. 1. Segundo a jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal, para se caracterizar hipótese de aplicação do denominado 
“princípio da insignificância” e, assim, afastar a recriminação penal, é indispensável 
que a conduta do agente seja marcada por ofensividade mínima ao bem jurídico 
tutelado, reduzido grau de reprovabilidade, inexpressividade da lesão e nenhuma 
periculosidade social. 2. Nesse sentido, a aferição da insignificância como requisito 
negativo da tipicidade envolve um juízo de tipicidade conglobante, muito mais 
abrangente que a simples expressão do resultado da conduta. Importa investigar o 
desvalor da ação criminosa em seu sentido amplo, de modo a impedir que, a 
pretexto da insignificância apenas do resultado material, acabe desvirtuado o 
objetivo a que visou o legislador quando formulou a tipificação legal. Assim, há de 
se considerar que “a insignificância só pode surgir à luz da finalidade geral que dá 
sentido à ordem normativa” (Zaffaroni), levando em conta também que o próprio 
legislador já considerou hipóteses de irrelevância penal, por ele erigidas, não para 
excluir a tipicidade, mas para mitigar a pena ou a persecução penal. 3. Trata-se de 
furto de um engradado que continha vinte e três garrafas vazias de cerveja e seis 
cascos de refrigerante, também vazios, bens que foram avaliados em R$ 16,00 e 
restituídos à vítima. Consideradas tais circunstâncias, é inegável a presença dos 
vetores que autorizam a incidência do princípio da insignificância. 4. À luz da teoria 
da reiteração não cumulativa de condutas de gêneros distintos, a contumácia de 
infrações penais que não têm o patrimônio como bem jurídico tutelado pela 
norma penal não pode ser valorada, porque ausente a séria lesão à propriedade 
alheia (socialmente considerada), como fator impeditivo do princípio da 
insignificância. 5. Ordem concedida para restabelecer a sentença de primeiro grau, 
na parte em que reconheceu a aplicação do princípio da insignificância e absolveu 
o paciente pelo delito de furto. 
 
 Ressalta-se ainda que, em 2018 e 2019, os Tribunais Superiores tinham encontrado uma espécie de 
“meio termo” entre a aplicação do princípio da insignificância e a reincidência do agente. 
 Isso porque, no caso concreto, o juiz via que, pelo critério objetivo, o réu faria jus à insignificância, 
mas que os critérios subjetivos não estariam preenchidos, em razão da reincidência. Então, considerando a 
proporcionalidade, o STF criou um “meio termo”: ao invés de absolver por atipicidade material da conduta, 
aplicou outros institutos mais benéficos, como a substituição da pena privativa de liberdade por pena 
restritiva de direitos. Vejamos os julgados em que os Tribunais Superiores aplicaram esse entendimento: 
 
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Possibilidade de aplicar o regime inicial aberto ao condenado por furto, mesmo 
ele sendo reincidente, desde que seja insignificante o bem subtraído. A 
reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância 
penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto. No entanto, com base no 
caso concreto, o juiz pode entender que a absolvição com base nesse princípio é 
penal ou socialmente indesejável. Nesta hipótese, o magistrado condena o réu, mas 
utiliza a circunstância de o bem furtado ser insignificante para fins de fixar o regime 
inicial aberto. Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas utiliza a insignificância 
para criar uma exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com base 
no princípio da proporcionalidade STF. 1ª Turma. HC 135164/MT, Rel. Min. Marco 
Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 23/4/2019 (Info 938). 
 
STF reconheceu que o valor econômico do bemfurtado era muito pequeno, mas, 
como o réu era reincidente, em vez de absolvê-lo aplicando o princípio da 
insignificância, o Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a pena 
restritiva de direitos 
Em regra, o reconhecimento do princípio da insignificância gera a absolvição do réu 
pela atipicidade material. Em outras palavras, o agente não responde por nada. Em 
um caso concreto, contudo, o STF reconheceu a insignificância do bem subtraído, 
mas, como o réu era reincidente em crime patrimonial, em vez de absolvê-lo, o 
Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a substituição da pena 
privativa de liberdade por restritiva de direitos. Em razão da reincidência, o STF 
entendeu que não era o caso de absolver o condenado, mas, em compensação, 
determinou que a pena privativa de liberdade fosse substituída por restritiva de 
direitos. STF. 1ª Turma. HC 137217/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. 
Alexandre de Moraes, julgado em 28/8/2018 (Info 913). 
 
DISCURSIVA - Justificativas 
A favor da aplicação da insignificância ao reincidente: se a natureza jurídica é de causa de exclusão de 
tipicidade, deve ser analisado o FATO e não os atributos do agente, sob pena de se utilizar o direito penal do 
autor. O fato não poderia ser típico para uma pessoa e atípico para outra. Ou é típico ou não é. O momento 
de analisar as condições pessoais do agente é apenas em eventual e futura fixação de pena. 
Contra a aplicação da insignificância ao reincidente: Se o agente é infrator contumaz, com personalidade 
voltada a práticas delitivas, fazer uso da insignificância seria incentivá-lo ao contínuo descumprimento da 
norma, fazendo do crime um meio de vida. O valor de um bem, isoladamente, até poderia ser insignificante, 
mas o “todo” não seria e isso caracterizaria reprovabilidade e ofensividade. O intuito do princípio não é 
legitimar esse tipo de conduta, mas afastar do campo de incidência do direito penal, desvios mínimos e 
isolados. 
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/8a36dfc67ebfbbea9bd01cd8a4c8ad32?categoria=11&subcategoria=95
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/8a36dfc67ebfbbea9bd01cd8a4c8ad32?categoria=11&subcategoria=95
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/631e9c01c190fc1515b9fe3865abbb15?categoria=11&subcategoria=95
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/631e9c01c190fc1515b9fe3865abbb15?categoria=11&subcategoria=95
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/631e9c01c190fc1515b9fe3865abbb15?categoria=11&subcategoria=95
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b) INSIGNIFICÂNCIA x FURTO QUALIFICADO 
 
STF/STJ: Via de regra, entendem não ser possível a aplicação do princípio da insignificância no furto 
qualificado, pois falta o requisito do reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. No entanto, 
recentemente, o Plenário do STF analisou a questão e entendeu que não há como fixar tese sobre isso, que 
também deve ser analisado caso a caso. (STF-HC 123108/MG). 
Ressalta-se que, em um julgado recente, o STJ entendeu pela aplicação do referido princípio, à luz da 
análise do caso concreto. Veja: 
 
Em regra, não se aplica o princípio da insignificância ao furto qualificado, salvo 
quando presentes circunstâncias excepcionais que recomendam a medida. A 
despeito da presença de qualificadora no crime de furto possa, à primeira vista, 
impedir o reconhecimento da atipicidade material da conduta, a análise conjunta 
das circunstâncias pode demonstrar a ausência de lesividade do fato imputado, 
recomendando a aplicação do princípio da insignificância. STJ. 5ª Turma. HC 
553872-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/02/2020 (Info 
665). 
 
CASO CONCRETO JULGADO PELO STJ 
(Situação hipotética) - Adriana e Janaína, em concurso de pessoas, subtraíram dois 
pacotes de linguiça, um litro de vinho, uma lata de refrigerante e quatro salgados 
de um supermercado. Os bens subtraídos foram avaliados em R$ 69,23. As duas 
foram presas no estacionamento do supermercado e não houve prejuízo para o 
estabelecimento. 
Como regra, a aplicação do princípio da insignificância tem sido rechaçada nas 
hipóteses de furto qualificado, tendo em vista que tal circunstância denota, em 
tese, maior ofensividade e reprovabilidade da conduta. Deve-se, todavia, 
considerar as circunstâncias peculiares de cada caso concreto, de maneira a 
verificar se, diante do quadro completo do delito, a conduta do agente representa 
maior reprovabilidade a desautorizar a aplicação do princípio da insignificância. 
No caso concreto, a 5ª Turma do STJ aplicou o princípio da insignificância e absolveu 
as acusadas. Afirmou-se que “muito embora a presença da qualificadora possa, à 
primeira vista, impedir o reconhecimento da atipicidade material da conduta, a 
análise conjunta das circunstâncias demonstra a ausência de lesividade do fato 
imputado, recomendando a aplicação do princípio da insignificância.” 
 
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/ab4c389364232588a6680ad92ec170c7?categoria=11&subcategoria=95&ano=2020
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/ab4c389364232588a6680ad92ec170c7?categoria=11&subcategoria=95&ano=2020
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/ab4c389364232588a6680ad92ec170c7?categoria=11&subcategoria=95&ano=2020
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(Sim, amigo concurseiro, nem o STF se entende! Você não está sozinho nessa! Mas a você, cabe entender a 
situação e analisar a melhor alternativa, a forma como cada uma está descrita, na hora de marcar. Se for 
prova discursiva ou oral, exponha ambos posicionamentos.) 
 
c) INSIGNIFICÂNCIA x BENS JURÍDICOS DIFUSOS/COLETIVOS 
Em regra, se o bem jurídico é difuso ou coletivo, os tribunais superiores vêm entendendo pela NÃO 
APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA, pois se estaria atingindo a coletividade e, portanto, não 
caberia a insignificância da lesão. 
Além disso, normalmente os crimes contra bens jurídicos difusos/coletivos são crimes de perigo 
abstrato, motivo pelo qual, de “perigo presumido” pelo legislador. 
 
▪ Tráfico de drogas – não aplicação do princípio, por se tratar de crime de perigo abstrato (perigo 
presumido, de acordo com a jurisprudência do STJ), sendo irrelevante a quantidade de droga 
apreendida. HC 318926, STJ – 2015 
▪ A apreensão de munições em quantidade não considerada insignificante, aliada a condenação 
concomitante pelo delito de tráfico de entorpecentes, impõe o afastamento da aplicação do princípio 
da insignificância. REsp 1.978.284-GO, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Quinta Turma, por 
unanimidade, julgado em 14/06/2022, DJe 17/06/2022. 
 
QUESTÃODEPROVA: Delta ES-2019: Foi considerada correta a seguinte afirmativa: “ainda que com pouca 
quantidade de droga o princípio da insignificância não incide no crime de tráfico de drogas, não sendo 
fundamento para recomendação de arquivamento do inquérito policial por atipicidade”. 
 
▪ Porte de drogas para consumo pessoal – tema controvertido. 
· Amplamente majoritário + jurisprudência do STJ – impossibilidade da insignificância em razão de se 
tratar de crime de perigo abstrato. STJ, 6ª T, RHC 35920-DF (INFO 541) 
· STF tem um precedente isolado admitindo a aplicação da insignificância (o que não indica posição 
consolidada do STF). (STF, 1ª T, HC 110475/2012) 
 
▪ Crime de moeda falsa: Inaplicabilidade do princípio, AINDA QUE SEJA 1 ÚNICA NOTA DE PEQUENO 
VALOR, uma vez que se trata de crime contra a fé pública, havendo o interesse do Estado e da 
coletividade em não ter a fé pública abalada por aquela falsificação. Considerando que se trata de 
um bem jurídico coletivo difuso “fé pública”,não se leva em consideração somente o aspecto 
material/patrimonial do bem falsificado, mas sim um bem coletivo. Essa argumentação se aplica aos 
outros crimes contra a fé pública. 
 
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▪ Crimes ambientais: Em regra, nos crimes com bem jurídico difuso/coletivo, não se aplica o princípio 
da insignificância, pois a lesividade/exposição a perigo transcende o aspecto individual. No entanto, 
nos crimes ambientais, essa regra é invertida, uma vez que os tribunais superiores adotam como 
regra a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância em crimes ambientais, devendo 
ser analisadas as circunstâncias específicas no caso concreto para verificar a atipicidade da conduta 
em exame/verificar se aquela conduta não gerou efetivamente um perigo ao meio ambiente. (Info 
816). 
 
É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais, 
devendo ser analisadas as circunstâncias específicas do caso concreto para se 
verificar a atipicidade da conduta em exame. STJ. 5° Turma. AgRg no AREsp 
654.321/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/06/2015. 
 É possível aplicar o princípio da insignificância para crimes ambientais. STF. 2ª 
Turma. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (Info 816). 
 
· Exceção à regra específica dos crimes ambientais: pela jurisprudência amplamente 
dominante, não se pode aplicar o princípio da insignificância ao crime de pesca ilegal. – STF, 
1ª TURMA, HC 122560/SC (2018) – Info 901 
 
O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c 
parágrafo único, II, da Lei 9.605/98: Art. 34. Pescar em período no qual a pesca 
seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente: Pena - detenção 
de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo 
único. Incorre nas mesmas penas quem: II - pesca quantidades superiores às 
permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos 
não permitidos; Caso concreto: realização de pesca de 7kg de camarão em período 
de defeso com o uso de método não permitido. STF. 1ª Turma. HC 122560/SC, Rel. 
Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901). 
 Outro caso concreto: realização de pesca com rede de oitocentos metros e 
apreensão de oito quilos de pescados. STF. 2ª Turma. HC-AgR 163.907-RJ. Relª Min. 
Cármen Lúcia, julgado em 17/03/2020. 
 
Obs.: apesar de a redação utilizada no informativo original ter sido bem 
incisiva (“O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, 
caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98”), existem julgados tanto do STF 
como do STJ aplicando, excepcionalmente, o princípio da insignificância para 
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44 
 
o delito de pesca ilegal. Deve-se ficar atenta(o) para como isso será cobrado 
no enunciado da prova. 
Fonte: dizer o Direito 
 
Veja as hipóteses em que a própria jurisprudência flexibiliza a exceção da pesca ilegal, como, por 
exemplo: 
 
● O STJ (Info 602 – 6ª Turma. RESP 1409051 – 2017) afirmou, de forma excepcional, pela aplicação do 
princípio da insignificância no caso de pesca ilegal, na hipótese em que o indivíduo pescou 1 único 
peixe e devolveu esse peixe vivo ao rio, não havendo um prejuízo efetivo ao meio ambiente. 
● Se a pessoa é flagrada sem nenhum peixe efetivamente pescado, mas portando consigo 
equipamentos de pesca, em um local onde essa atividade é proibida. Nessa hipótese 
pontual/casuística, temos discussão nos tribunais superiores, pois há 2 julgados da mesma turma em 
sentidos opostos: 
· SIM (possibilidade de aplicação da insignificância) - STF (info 816) – STF, 2ª Turma, inq. 
3788/DF (2016) 
· NÃO – STF (info 845 – 2016) – não pode aplicar 
 
Embora sejam julgados anteriores ao informativo 901, pode ser interessante abordar em uma prova 
discursiva/oral. 
 
d) INSIGNIFICÂNCIA x CRIMES TRIBUTÁRIOS E DESCAMINHO 
 
Em regra, o princípio da insignificância se aplica aos crimes tributários federais e de descaminho 
[também é um crime tributário] quando o crédito tributário não ultrapassar o limite de 20.000 reais, a teor 
do disposto no art. 20 da Lei 10.522/02 com as atualizações efetivadas pelas portarias nº 75 e 130 do 
Ministério da Fazenda. 
 
Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho 
quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 
(vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as 
atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da 
Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado 
em 28/02/2018 (recurso repetitivo). 
 
Observações importantes: 
 
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1) O valor máximo para aplicar o princípio da insignificância é de 20 mil reais (e agora, tanto para o 
STF como para o STJ). 
Explicação para adotar o valor de 20 mil reais: (Fonte: Dizer o Direito) 
⋅ Esse valor foi fixado pela jurisprudência tendo como base a Portaria MF nº 75, de 29/03/2012, na 
qual o Ministro da Fazenda determinou, em seu art. 1º, inciso II, “o não ajuizamento de execuções 
fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 
20.000,00 (vinte mil reais).” 
⋅ Em outros termos, essa Portaria determina que, até o valor de 20 mil reais, os débitos inscritos como 
Dívida Ativa da União não serão executados. 
⋅ Com base nisso, a jurisprudência construiu o seguinte raciocínio: ora, não há sentido lógico permitir 
que alguém seja processado criminalmente pela falta de recolhimento de um tributo que nem sequer 
será cobrado no âmbito administrativo-tributário. Se a própria “vítima” não irá cobrar o valor, não 
faz sentido aplicar o direito penal contra o autor desse fato. 
⋅ Vale lembrar que o direito penal é a última ratio. Se a Administração Pública entende que, em razão 
do valor, não vale a pena movimentar a máquina judiciária para cobrar a quantia, com maior razão 
também não se deve iniciar uma ação penal para punir o agente. 
 
2) O valor de 20 mil reais para aplicação do princípio da insignificância será somente aos crimes 
tributários FEDERAIS!!! Não se aplica o parâmetro dos tributos federais aos crimes tributários estaduais, 
devendo ser observada a lei estadual vigente em razão da autonomia do ente federativo!!! 
 
Não pode ser aplicado para fins de incidência do princípio da insignificância nos 
crimes tributários estaduais o parâmetro de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), 
estabelecido no art. 20 da Lei 10.522/2002, devendo ser observada a lei estadual 
vigente em razão da autonomia do ente federativo. STJ. 5ª Turma. AgRg-HC 
549.428-PA. Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/05/2020. 
 
Obs.: nada impede que o ente estadual adote o valor de 20 mil reais, o que a decisão quis dizer é que não se 
aplica esse parâmetro automaticamente, devendo o próprio Estado em razão da sua autonomia decidir o 
valor a ser observado (ex: 20, 10 ou 5 mil reais). 
 
3) Não se aplica o princípio da insignificância ao crime de contrabando!!! (Somente se aplica ao crime 
de descaminho!!!) 
 Não se aplica porque o objeto sobre o qual recai a conduta proibida no crime de contrabando é 
“mercadoria proibida”, e não a mera sonegação. Assim, o bem jurídico tutelado não é apenas a questão 
financeira do ente estatal, mas também a saúde pública/incolumidade pública, uma vez que o estado, por 
motivos de saúde pública/incolumidade pública, proíbe a importação ou exportação de determinada 
mercadoria. (Crime pluriofensivo): 
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Em regra, é inaplicável o princípio da insignificância ao crime de contrabando, uma 
vez que o bem juridicamente tutelado vai além do mero valor pecuniáriodo 
imposto elidido, alcançando também o interesse estatal de impedir a entrada e a 
comercialização de produtos proibidos em território nacional. Trata-se, assim, de 
um delito pluriofensivo. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1744739/RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 
02/10/2018 
 
 Exceção: No STJ, temos um precedente ISOLADO em sentido contrário, admitindo a aplicação do 
princípio da insignificância ao crime de contrabando de pequena quantidade de medicamento destinada a 
uso próprio. Trata-se de um caso extremamente específico em que o STJ reconheceu a mínima ofensividade 
da conduta do agente, ausência periculosidade da ação, reduzido grau de reprovabilidade do 
comportamento e inexpressividade da lesão jurídica provocada, autorizando excepcionalmente a aplicação 
do princípio da insignificância: 
 
A importação de pequena quantidade de medicamento destinada a uso próprio 
denota a mínima ofensividade da conduta do agente, a ausência de periculosidade 
social da ação, o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e a 
inexpressividade da lesão jurídica provocada, tudo a autorizar a excepcional 
aplicação do princípio da insignificância STJ. 5ª Turma. EDcl no AgRg no REsp 
1708371/PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 24/04/2018. 
 
INSIGNIFICÂNCIA x CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
● STF - Antes não admitia, mas possui decisões recentes admitindo, como por exemplo, em caso de 
peculato. 
● STJ – Possui entendimento sumulado negando a aplicação (súmula 599). 
Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração 
pública. 
 
Porém, STF e STJ admitem nos crimes contra a Administração Pública praticados por particulares, a 
exemplo do descaminho, que, apesar de ser um crime tributário, topograficamente, estão inseridos no título 
dos Crimes contra a Administração Pública, então cuidado em prova! 
 ATENÇÃO: 
Informativo 742 (01/08/2022) - Admite-se, excepcionalmente, a aplicação do princípio da insignificância a 
crime praticado em prejuízo da administração pública quando for ínfima a lesão ao bem jurídico tutelado. 
RHC 153.480-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 24/05/2022, DJe 
31/05/2022. Logo, em determinadas hipóteses, nas quais for ínfima a lesão ao bem jurídico tutelado - como 
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na espécie -, admite-se afastar a aplicação do entendimento sedimentado na Súmula n. 599/STJ, pois "a 
subsidiariedade do direito penal não permite tornar o processo criminal instrumento de repressão moral, 
de condutas típicas que não produzam efetivo dano". 
 
HC 642.831 - Segundo a 5ª turma do STJ, o alto grau de reprovabilidade da conduta do cidadão que oferece 
dinheiro ao agente de trânsito para evitar o exame do bafômetro é suficiente para impedir a aplicação do 
princípio da insignificância e a consequente absolvição por atipicidade da conduta. Ressalta-se uma 
peculiaridade do caso em tela: Depois da tentativa de suborno, o exame de alcoolemia deu resultado 
negativo. No entanto, tal circunstância também não foi suficiente para aplicar o princípio da insignificância 
ao caso. 
 
#QUESTÃODEPROVA: Na prova de Delta ES – 2019, foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: 
“Segundo o STJ, nenhum dos crimes contra a administração pública admite a incidência do princípio da 
insignificância”. A questão foi objeto de vários recursos e a banca não anulou justamente por ter utilizado a 
palavra “nenhum” e ser aplicável ao descaminho. Além disso, tinha outra que era “mais certa” que essa. É 
como já havíamos falado. Tem que pensar na mais certa! Fique de olho nas palavras-chave ou se a banca 
pediu o entendimento sumulado. 
 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA – ENTENDIMENTOS JURISPRUDENCIAIS: 
1. STF/STJ: para aplicação do princípio da insignificância, considera-se a capacidade econômica da vítima 
(STJ-Resp. 1.224.795). 
2. STF/STJ: admitem a aplicação a atos infracionais. 
3. STF: O princípio da insignificância pode ser reconhecido mesmo após o trânsito em julgado da 
sentença condenatória (STF-HC 95570). 
4. “Flanelinha” e exercício da profissão sem registro competente: STF admite a aplicação (Info. 699). 
5. STF/STJ NÃO admitem o princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública, mais precisamente, 
nos crimes de moeda falsa (STF-HC105.829). 
6. STF/STJ: Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em situação de violência 
doméstica (STJ-HC 33195/MS; STF-RHC 133043/MT). 
7. STF/STJ: Ao Tráfico internacional de armas e munições não se aplica o princípio da insignificância (STF-
HC 97777), de igual modo é inaplicável aos crimes de posse e porte de arma de fogo (STJ-HC 
338153/RS). Obs.: É atípica a conduta daquele que porta, na forma de pingente, munição 
desacompanhada de arma. (STF - HC 133984/MG) 
8. Crimes contra a vida, lesões corporais, crimes praticados com violência ou grave ameaça à pessoa, 
crimes sexuais, tráfico de drogas – nenhum admite. 
9. Porte de drogas para uso (art. 28 da LD) – Majoritariamente, o STF e o STJ não aplicam a 
insignificância, nem mesmo em se tratando de quantidades ínfimas, pelo fato de ser crime de perigo 
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presumido e o bem tutelado ser a saúde pública. No entanto, há um antigo julgado isolado do STF 
permitindo a aplicação. 
10. Violação de direito autoral – não se aplica. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1380149/RS 
11. Apropriação indébita previdenciária: 
ANTES: havia divergência entre o STJ e o STJ. 
AGORA: tanto o STF como o STJ afirmam que é inaplicável o princípio da insignificância ao crime de 
apropriação indébita previdenciária. 
Não se aplica o princípio da insignificância para o crime de apropriação indébita previdenciária. Não é 
possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes de apropriação indébita previdenciária e de 
sonegação de contribuição previdenciária, independentemente do valor do ilícito, pois esses tipos penais 
protegem a própria subsistência da Previdência Social, de modo que é elevado o grau de reprovabilidade 
da conduta do agente que atenta contra este bem jurídico supraindividual. O bem jurídico tutelado pelo 
delito de apropriação indébita previdenciária é a subsistência financeira da Previdência Social. Logo, não 
há como afirmar-se que a reprovabilidade da conduta atribuída ao paciente é de grau reduzido, 
considerando que esta conduta causa prejuízo à arrecadação já deficitária da Previdência Social, 
configurando nítida lesão a bem jurídico supraindividual. O reconhecimento da atipicidade material nesses 
casos implicaria ignorar esse preocupante quadro. STF. 1ª Turma. HC 102550, Rel. Min. Luiz Fux, julgado 
em 20/09/2011. STF. 2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2016. STJ. 
3ª Seção. AgRg na RvCr 4.881/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/05/2019 
12. Crimes ambientais: 
STJ: É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais, devendo ser analisadas as 
circunstâncias específicas do caso concreto para se verificar a atipicidade da conduta em exame (STJ AgRg 
no AREsp 654.321/SC). 
STF: Já negou em situação de pesca ilegal, a um indivíduo flagrado junto a outras três pessoas, POR TRÊS 
VEZES CONSECUTIVAS, em embarcação motorizada, praticando pesca em local proibido e com redes de 
arrasto de fundo (HC 137652). 
- Já negou em caso de realização de pesca de 7kg de camarão em período de defeso com o uso de método 
não permitido (HC 122560/SC). 
- A partir do caso acima, publicou a seguinte redação no Info 891: O princípio da bagatela não se aplica ao 
crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98 (pesca ilegal). 
- No entanto, existem julgados tanto do STF como do STJ aplicando, excepcionalmente, o princípio da 
insignificância para este delito. Atente-seao comando da questão! 
13. É possível aplicar o princípio da insignificância para a conduta de manter rádio clandestina? 
• No STJ: é pacífico que NÃO. 
Súmula 606-STJ: não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de 
sinal de internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no artigo 183 da lei 
9.472/97. 
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• No STF: o tema ainda é controverso. 
-1ª Turma do STF: é inaplicável o princípio da insignificância no crime de transmissão clandestina de 
sinal de internet, por configurar o delito previsto no art. 183 da Lei nº 9.472/97, que é crime formal, e, 
como tal, prescinde de comprovação de prejuízo para sua consumação.STF. 1ª Turma. HC 124795 AgR, 
Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 23/08/2019. 
 
-2ª Turma do STF:O princípio da insignificância também se aplica ao fornecimento clandestino de 
internet tipificado no art. 183 da Lei nº 9.472/97 desde que (i) a conduta seja minimamente ofensiva 
do agente, (ii) não haja risco social da ação, (iii) seja reduzido grau de reprovabilidade do 
comportamento e (iv) inexpressiva a lesão jurídica. A expressividade da lesão jurídica deve ser 
verificada in concreto à luz do alcance do alcance dos aparelhos consignado em laudo da autoridade 
regulatória.Ausente laudo que ateste a expressividade concreta da lesão e havendo indícios de sua 
inexpressividade, deve incidir o princípio da insignificância, a autorizar a concessão da ordem. 
STF. 2ª Turma. HC 161483 AgR, Rel. Edson Fachin, julgado em 07/12/2020. STF. 2ª Turma. HC 165577 
AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, Rel. p/ Acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 08/09/2021. 
14. STJ – Info 672/2020: Não se admite a incidência do princípio da insignificância na prática de 
estelionato qualificado por médico que, no desempenho de cargo público, registra o ponto e se retira 
do hospital. 
Cinge-se a controvérsia a saber acerca da possibilidade do trancamento de ação penal pelo 
reconhecimento de crime bagatelar no caso de médico que, no desempenho de seu cargo público, teria 
registrado seu ponto e se retirado do local, sem cumprir sua carga horária. A jurisprudência desta Corte 
Superior de Justiça não tem admitido, nos casos de prática de estelionato qualificado, a incidência do 
princípio da insignificância, inspirado na fragmentariedade do Direito Penal, em razão do prejuízo aos 
cofres públicos, por identificar maior reprovabilidade da conduta delitiva. Destarte, incabível o pedido de 
trancamento da ação penal, sob o fundamento de inexistência de prejuízo expressivo para a vítima, 
porquanto, em se tratando de hospital universitário, os pagamentos aos médicos são provenientes de 
verbas federais. AgRg no HC 548.869-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, 
julgado em 12/05/2020, DJe 25/05/2020 
 
#ATENÇÃO: Delegado pode aplicar o princípio da insignificância? 
Para o STJ NÃO! Apenas o juiz pode. HC 154.949/MG. Assim, a autoridade policial estaria obrigada a 
efetuar a prisão em flagrante, submetendo a questão à análise de autoridade judiciária. 
No entanto, parte da doutrina, a exemplo de Cleber Masson, posiciona-se contra tal entendimento, 
pelo fato de tratar a insignificância de afastamento da tipicidade do fato. E ora, se o fato não é típico para 
o juiz, também não será para delegado! 
Para esta segunda corrente, principalmente na análise da legalidade da prisão em flagrante, o 
delegado não só poderia, como DEVERIA analisar a presença dos elementos que traduzem a insignificância, 
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=HC548869
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vez que não seria razoável ratificar a prisão de quem subtraiu um pão de queijo de uma padaria, por exemplo, 
sob pena de inobservância de vários princípios, como lesividade, proporcionalidade, subsidiariedade, 
intervenção mínima. 
No estado de São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, no Seminário Integrado de Polícia Judiciária, 
foram aprovadas súmulas que orientam a atuação dos delegados nesse sentido. O estado do Paraná, embora 
não possuam súmulas, utilizam as do Rio de Janeiro, de modo que os delegados de polícia lá aplicam o 
princípio da insignificância! 
A solução para que você, caro aluno, resolva a questão, é analisar a forma como isso está sendo 
questionado. Se a pergunta for sobre o STJ, delegado não pode. Se a questão afirmar de forma mais próxima 
ao entendimento doutrinário, for de um estado como o de São Paulo que já se posicionou sobre o tema ou 
for silente sobre a fonte e essa opção “parecer a mais certa”, tome partido da carreira e marque a que 
permite a análise pelo delegado. 
Para finalizar o estudo deste princípio, precisamos ainda fazer uma última diferenciação: BAGATELA 
PRÓPRIA X BAGATELA IMPRÓPRIA1, o que faremos com a ajuda do Dizer o Direito. 
 
INFRAÇÃO BAGATELAR PRÓPRIA 
= PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
INFRAÇÃO BAGATELAR IMPRÓPRIA 
= PRINCÍPIO DA IRRELEVÂNCIA PENAL DO FATO 
A situação já nasce atípica. 
O fato é atípico por atipicidade material. 
 
A situação nasce penalmente relevante. O fato é 
típico do ponto vista formal e material. 
 Em virtude de circunstâncias envolvendo o fato e o 
seu autor, consta-se que a pena se tornou 
desnecessária. 
O agente não deveria nem mesmo ser processado 
já que o fato é atípico. 
 
O agente tem que ser processado (a ação penal 
deve ser iniciada) e somente após a análise das 
peculiaridades do caso concreto, o juiz poderia 
reconhecer a desnecessidade da pena. 
 
 
Não tem previsão legal no direito brasileiro. 
 
Está previsto no art. 59 do CP, conforme a doutrina. 
 
Enquanto para a infração bagatelar própria já nasce irrelevante por se tratar de conduta 
materialmente atípica, “a infração bagatelar imprópria é aquela que nasce relevante para o Direito penal, 
mas depois se verifica que a aplicação de qualquer pena no caso concreto apresenta-se totalmente 
 
1 Fonte: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/01/ebook-princc3adpio-da-insignificc3a2ncia-vf.pdf 
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desnecessária” (GOMES, Luiz Flávio; Antonio Garcia-Pablos de Molina. Direito Penal Vol. 2, São Paulo: RT, 
2009, p.305)”. 
Em outras palavras, o fato é típico, tanto do ponto de vista formal como material. No entanto, em 
um momento posterior à sua prática, percebe-se que não é necessária a aplicação da pena. Logo, a 
reprimenda não deve ser imposta, deve ser relevada (assemelhando-se ao perdão judicial. 
Porém, ao contrário do instituto mencionado, as situações em que a bagatela imprópria é aplicável 
não estão expressamente previstas. 
Segundo LFG, este instituto possui fundamento legal no direito brasileiro (porém, de forma implícita 
e “genérica” – termos nossos). Trata-se do art. 59 do CP que prevê que o juiz deverá aplicar a pena “conforme 
seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”. 
Dessa forma, se a pena não for mais necessária, ela não deverá ser imposta (princípio da 
desnecessidade da pena conjugado com o princípio da irrelevância penal do fato). 
A bagatela imprópria foi acolhida pela 5ª Turma do STJ, confirmando decisão da 1ª e 2ª instâncias 
judiciais no AgRg no AREsp 1423492 / RN (decisão publicada 29/05/2019) 
 
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. POSSE ILEGAL 
DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. CRIME SEM 
VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA. DELITO COMETIDO HÁ MAIS DE 12 ANOS. 
INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA BAGATELA IMPRÓPRIA. REQUISITOS PREENCHIDOS. 
DESNECESSIDADE DA PENA. REEXAME DO CONJUNTO PROBATÓRIO. APLICAÇÃO 
DA SÚMULA N. 7 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ. AGRAVO REGIMENTAL 
DESPROVIDO. 1. Entendo as instâncias ordinárias ser desnecessária a puniçãodo 
acusado, porque presentes os requisitos para a aplicação do princípio da bagatela 
imprópria, para se concluir de forma diversa, seria imprescindível o reexame do 
conjunto probatório dos autos, o que não é viável em recurso especial. Incidente a 
Súmula n. 7/STJ. 2. Agravo regimental desprovido. 
 
SIMPLIFICANDO: 
- Princípio da insignificância ou da bagatela própria – O fato já nasce atípico, por atipicidade material. 
- Natureza jurídica bagatela própria: Causa Supralegal de extinção de tipicidade material, devendo ser 
analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima. 
 
- Princípio da insignificância imprópria: pressupõe uma análise do que ocorreu após a prática do crime até 
o momento do julgamento. Exemplo: o réu se casou, teve filhos, tem uma empresa com mais de 50 
funcionários. Nesses casos o juiz reconhece a existência do crime, mas conclui que a pena não é necessária. 
Aqui não há causa supralegal de exclusão de tipicidade, há causa supralegal de extinção de punibilidade. O 
Estado reconhece o crime, mas conclui pela desnecessidade da punição, ela não é mais vantajosa para a 
sociedade. 
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A análise da pertinência da bagatela imprópria há de ser realizada, obrigatoriamente, na situação fática, 
jamais no plano abstrato. Atente-se também para a necessidade de se observar que a bagatela imprópria 
tem como pressuposto inafastável a não incidência do princípio da insignificância (próprio). Afinal, se o fato 
não era merecedor da tutela penal em decorrência da sua atipicidade, descabe enveredar pela discussão 
acerca da necessidade ou não da pena. 
- Natureza jurídica bagatela imprópria: Causa supralegal de extinção de punibilidade. O estado reconhece o 
crime, mas conclui pela desnecessidade da pena, a punição não é vantajosa para a sociedade. 
 
CAIU NA PROVA PC-MS – 2021 – Delegado de Polícia! Apesar de serem conceituadas de maneira diferente, 
a bagatela própria e a imprópria, sob o ponto de vista pragmático, geram a mesma consequência, que é a 
exclusão da tipicidade material. (Item incorreto) Como mencionado acima, bagatela própria é causa de 
exclusão de tipicidade material e bagatela imprópria causa da exclusão da punibilidade. 
 
7.2 Princípios Relacionados com o Fato do Agente 
 
7.2.1 Princípio da Ofensividade/Lesividade 
 
 Não pode haver crime sem que haja conteúdo ofensivo a bens jurídicos. A doutrina mais 
especializada aponta uma fundamentação implícita ao princípio da lesividade na ideia de dignidade da 
pessoa humana, no sentido de que não se pode instrumentalizar ou objetificar o homem. Então, quando o 
Estado criminaliza condutas sem que haja ofensa ou ao menos perigo de ofensa a um bem jurídico tutelado, 
está colocando o homem (que está recebendo aquela reprimenda) como instrumento para a consecução de 
outra finalidade que não a proteção do próprio homem (ex.: um controle social que não é legítimo). 
 Nesse contexto, para que ocorra o delito, é imprescindível a efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem 
jurídico tutelado. 
 
Crime de dano: exige efetiva lesão ao bem jurídico. (Ex.: homicídio, exige a lesão morte). 
Crime de perigo: contenta-se com o risco de lesão ao bem jurídico. (Ex. abandono de incapaz/omissão de 
socorro). 
a. crime de perigo concreto - o risco de lesão deve ser demonstrado. 
b. perigo abstrato: o risco de lesão é absolutamente presumido por lei. 
Temos doutrina entendendo que o crime de perigo abstrato é inconstitucional, pois o perigo não pode ser 
presumido, mas comprovado. Presumir-se prévia e abstratamente o perigo, significa, em última análise, que 
o perigo não existe. Para os adeptos dessa corrente, os crimes de perigo abstrato violariam o princípio da 
lesividade. Essa tese, no entanto, hoje não prevalece no STF. No HC 104.410, o Supremo decidiu que a 
criação de crimes de perigo abstrato não representa, por si só, comportamento inconstitucional, mas 
proteção eficiente do Estado. 
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Ex.: Embriaguez ao volante – STF decidiu que o ébrio não precisa dirigir de forma anormal para configurar o 
crime – bastando estar embriagado (crime de perigo abstrato). 
Ex.: Arma desmuniciada – STF – jurisprudência atual – crime de perigo abstrato – demanda efetiva proteção 
do Estado. 
 
Nesse sentido, considerando que o princípio da ofensividade exige que, do fato praticado, ocorra 
lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, é certo concluir que o direito penal não deve se ocupar de 
questões éticas, morais, religiosas, políticas, filosóficas. Assim, em razão do princípio da lesividade, PROÍBE-
SE: 
⋅ A criminalização de pensamentos e cogitações (direito à perversão) 
⋅ A criminalização de condutas que não tenham caráter transcendental (vedação à autolesão) 
⋅ A criminalização de meros estados existenciais (criminalização da pessoa pelo que ela é – ex: 
revogação da contravenção de mendicância). 
 
Aprofundando para prova discursiva... 
 
O princípio da lesividade está diretamente ligado à ideia de bem jurídico, com a chamada: teoria do bem 
jurídico. Na vertente do funcionalismo teleológico e racional (Roxin), a teoria do BJ ganha um destaque muito 
grande em toda a sistemática penal como uma forma de limitar o poder de punir do estado, como uma forma 
de limitar a incidência de tipos penais 
São de 4 ordens/ funções e garantias do princípio da lesividade 
1) Proibição de incriminar uma atitude interna – motivo pelo qual não se pune a cogitação (fase interna do 
inter criminis) 
2) Proibição de incriminar condutas que não excedam o âmbito do autor – motivo pelo qual não se pune a 
autolesão. 
3) Proibição de incriminar simples estados ou condições existenciais - tendo em vista que nosso ordenamento 
Jurídico adota o direito penal do fato – e não direito penal do autor. 
4) Proibição de incriminar condutas desviadas que não afetam qualquer bem jurídico - motivo pelo qual não 
se pune o crime impossível e, em regra, os atos preparatórios. 
 
7.2.2 Princípio da Alteridade 
 
Subprincípio do princípio da lesividade. Dispõe que a conduta deve necessariamente atingir, ou 
ameaçar atingir, bem jurídico de terceiro para ser criminalizada. Deve transcender a esfera do próprio 
agente. Por isso, o direito penal não pune a autolesão. 
Ex.: o artigo 28 da Lei 11.343/06 NÃO tipifica o USO de drogas porque apenas afetaria o usuário. 
Tipifica o porte ou similares (guardar, ter em depósito, transportar etc.). 
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7.2.3 Princípio da Exteriorização ou Materialização do Fato 
 
O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias, fatos, atos lesivos. Ninguém pode ser 
castigado por seus pensamentos, desejos ou meras cogitações ou estilo de vida. Esse princípio busca impedir 
o direito penal do autor. Decorrência do princípio da lesividade. 
 
7.2.4 Princípio Da Legalidade Estrita Ou Reserva Legal 
 
Encontra previsão no art. 5º, XXXIX da CFRB/88 e no art. 1º do CP: “Não há crime sem lei anterior 
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. Assim, a lei em sentido estrito tem o monopólio na 
criação de crimes e cominação de penas – que só serão aplicados a condutas posteriores à sua vigência, não 
podendo haver criação de crimes e penas por costumes ou analogias, tampouco tipificação de condutas 
genéricas. 
Ademais, a lei precisa ser anterior, escrita, estrita, certa (taxativa) e necessária. 
A legalidade subdivide-se em: 
 
o Legalidade formal: corresponde à obediência aos trâmites procedimentais previstos pela CF para 
que determinado diploma legal possa vir a fazer parte do ordenamento jurídico. 
o Legalidade material: pressupõe não apenas a observância das formas e procedimentos impostos 
pela CF, mas também, e principalmente, o seu conteúdo, respeitando-se as suasproibições e 
imposições para a garantia dos direitos fundamentais por ela previstos. 
 
A doutrina trabalha com uma dupla face do princípio da legalidade. Ora legitimando o Estado, ora 
limitando esse poder de punir. Veja: 
 
1) Funções constitutivas - em que eu garanto ao Estado a possibilidade de criminalizar condutas e 
cominar penas. Aqui estou trabalhando com o plano da legalidade no sentido de legitimar o Estado 
a exercer seu direito de punir através da criminalização de conduta e cominação de penas. 
 Quando falamos em legalidade na função constitutiva, estou abrangendo a legalidade não só na pena 
cominada, mas na pena aplicada e pena executada também. 
● Princípio da legalidade direcionado ao legislador – ao cominar as penas 
● Princípio da legalidade direcionado ao aplicador do direito – quando o juiz veda que se aplique um 
regime de cumprimento de pena mais severo do que o previsto pelo legislador, por exemplo. 
● Princípio da legalidade direcionado à Administração Penitenciária - Os órgãos não podem executar 
pena diversa daquela prevista em lei e aplicada pelo juiz. 
 
Enunciado da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ 
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Enunciado 13: O princípio da legalidade impõe que se observe, quando da soma 
das penas, o cálculo diferenciado para fins de progressão de regime. 
 
2) Funções de garantia (face de garantia) – busca limitar o poder de punir do estado trazendo garantias 
mínimas ao cidadão perante o estado. Exclui penas ilegais, por exemplo. Nesse ponto, o princípio da 
legalidade se desdobra em 4 máximas: 
I. Lex scripta: A lex scripta proíbe que se utilize dos costumes como fonte incriminadora do direito 
penal 
II. Lex stricta: proibição do emprego da analogia in malan partem 
III. Lex Praevia: Representa o princípio da anterioridade penal: veda a criminalização ex post facto 
IV. Lex certa (aspecto material do princípio da legalidade): A lex certa materializa a proibição de o 
legislado formular tipos penais genéricos, vazios, vagos etc. (Princípio da taxatividade) 
 
Confira a dica do professor Marcelo Veiga sobre princípio da legalidade: 
 
https://youtu.be/NGC5PQ7VMOA 
 
 
Caiu em prova! - Dentre as proibições derivadas do princípio da legalidade, a fórmula lex scripta representa 
a proibição do costume como fundamento de criminalização ou de punição de condutas, e a fórmula lex certa 
representa a proibição de indeterminação, de forma a excluir a indefinição e a obscuridade de leis penais – 
ASSERTIVA CORRETA! 
 
CESPE/2019: A norma penal deve ser instituída por lei em sentido estrito, razão por que é proibida, em 
caráter absoluto, a analogia no direito penal, seja para criar tipo penal incriminador, seja para fundamentar 
ou alterar a pena. Item Errado. 
 
Fundamentos do princípio da legalidade: 
o Político: vinculação do executivo e do judiciário às leis, o que impede o exercício do poder punitivo 
com base no livre arbítrio. 
https://youtu.be/NGC5PQ7VMOA
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o Democrático: o parlamento, escolhido pelo povo, que é responsável pela criação dos tipos 
definidores dos crimes. 
o Jurídico: a lei deve ser prévia e clara, pois produz efeito intimidativo. 
Segundo Masson, o princípio da reserva legal possui dois fundamentos, quais sejam: 
- Fundamento jurídico: é a taxatividade, certeza ou determinação, pois implica, por parte do legislador, a 
determinação precisa, ainda que mínima, do conteúdo do tipo penal e da sanção penal a ser aplicada, bem 
como da parte do juiz, na máxima vinculação ao mandamento legal. Como desdobramento lógico da 
taxatividade, o Direito Penal não tolera a analogia in malam partem. 
- Fundamento político: é a proteção do ser humano em face do arbítrio do Estado no exercício do seu poder 
punitivo. Enquadra-se, destarte, entre os direitos fundamentais de 1° geração (ou dimensão). (MASSON, 
2017, p. 25). 
* ATENÇÃO: Medida provisória não pode criar crimes nem penas, mas STF admite para favorecer o réu (RE 
254818/PR). 
 
* ATENÇÃO²: os princípios da reserva legal (estrita legalidade) e o da legalidade são considerados como 
sinônimos por parte da doutrina, enquanto outra corrente defende que se diferenciam nos seguintes 
aspectos: 
 
RESERVA LEGAL (estrita legalidade) LEGALIDADE 
Art. 5°, XXXIX, CF, “não há crime sem lei 
anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal”. 
 
Exige lei em sentido estrito (no caso do 
direito penal, lei ordinária) - a lei deve ser 
criada de acordo com o processo legislativo 
previsto na CF e deve tratar de matéria 
constitucionalmente reservada à lei 
Art. 5, II, CF, “ninguém será obrigado a fazer 
ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei”. 
 
Exige lei em sentido amplo (abrange qualquer 
espécie normativa, ou seja, lei delegada, 
medida provisória, decreto, etc.). 
 
7.2.4.1 Mandados de Criminalização e Reserva Legal 
 
Em que pese a criação de crimes e cominação de penas seja exclusiva da lei em sentido estrito, a 
Constituição Federal estabelece mandados explícitos e implícitos de criminalização, ou seja, situações em 
que é obrigatória a intervenção do legislador penal. 
Conforme já afirmado pelo STF, “A Constituição de 1988 contém significativo elenco de normas que, 
em princípio, não outorgam direitos, mas que, antes, determinam a criminalização de condutas (CF, art. 5º, 
XLI, XLII, XLIII, XLIV; art. 7º, X; art. 227, § 4º)” (HC 102.087/MG). 
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Podem ser de duas espécies: 
 
MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO EXPRESSOS MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO 
IMPLÍCITOS/TÁCITOS 
A ordem está explícita no texto constitucional. A ordem está implícita no texto constitucional. É 
retirada da do “espírito” do texto da CF, de sua 
interpretação sistemática. 
Ex.: Art. 5º, XLII: “a prática do racismo constitui 
crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena 
de reclusão, nos termos da lei”. 
Ex: combate à corrupção no poder público. 
Embora a CF não tenha determinado 
expressamente a criminalização dessa conduta, 
isso pode ser extraído dos valores que ela traz, 
como por exemplo, do artigo 1º (por ser República, 
que significa “coisa pública”) e do art. 37, dos 
princípios da Adm. Pública (LIMPE). 
 
Tema recente: Até 2016, o crime de terrorismo ainda não tinha sido concretizado na legislação brasileira. 
Pela Lei 13.260/16, houve o cumprimento desse mandado de criminalização. 
 
#VAICAIR: O que seria mandado de criminalização por omissão? Consiste na hipótese do art. 5º, XLIII da CF, 
que determina que a omissão, nos casos de crimes hediondos e equiparados, deve ser punida. 
 
A título de conhecimento, há ainda os “mandados internacionais de criminalização”, que também podem 
ser expressos, quando essa “ordem” está presente em tratados de direitos humanos ratificados pelo Brasil, 
e implícitos, quando advém de uma decisão/sentença de tribunal internacional. 
 
7.2.5 Princípio da Anterioridade 
 
 Exteriorizado nos mesmos dispositivos que podemos extrair o princípio da reserva legal. 
De acordo com o princípio da anterioridade, a lei penal apenas se aplica a fatos praticados após a sua 
entrada em vigor. 
 Daí, por consequência lógica, deriva a sua irretroatividade, não se aplicando a fatos pretéritos, nem 
mesmo os praticados durante a vacatio legis, SALVO se benéfica ao acusado. 
 Nesse sentido, temos o art. 5º XL da CF, dispondo que “a lei penal não retroagirá, salvo para 
beneficiar o réu”. 
 
 
 
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7.2.6 Princípio da Vedação ao Bis In Idem 
 
 Tem previsão no art. 8º, 4 do Pacto de São José da Costa Rica, incorporado ao nosso ordenamento 
jurídico pelo Dec. 678/1992. 
Proíbe que o agente seja punido duas vezes pelo mesmo fato, inclusive sopesando a mesmasituação 
ou circunstância para agravar a pena em mais de um momento da dosimetria. Como exemplo, temos a 
Súmula 241 do STJ que proíbe o uso de uma única reincidência como circunstância judicial desfavorável e 
como agravante, pois haveria violação a este princípio. 
 
7.2.7 Princípio da Adequação Social 
 
 Idealizado por Hans Welzel, este princípio traz a ideia de que as condutas tidas por socialmente 
adequadas não poderiam constituir delitos, pois o tipo penal implica em uma seleção de comportamentos 
reprováveis cuja sociedade realiza um desvalor da ação e do resultado. Dessa forma, não caberia a 
criminalização de comportamentos nos quais não há esse desvalor. 
Comporta duas vertentes, reduzindo a abrangência do tipo penal. 
1. Se o fato está de acordo com a norma, mas não está de acordo com o interesse social, a conduta 
deverá ser tida como atípica. 
2. Também deve ser direcionado ao legislador. Isso porque, se a conduta está de acordo com a 
sociedade, o legislador não pode criminalizar esta conduta, orientando o parlamentar a como 
proceder na definição dos bens jurídicos a ser tutelados. 
 
Há 3 correntes sobre a natureza jurídica do princípio da adequação social: 
 
1. Excludente da tipicidade (doutrina majoritária): A adequação social exclui a tipicidade material 
da conduta, não seria crime uma vez que a conduta não é socialmente reprovável/é socialmente 
adequada. De acordo com Toledo, "a adequação social exclui desde logo a conduta em exame 
do âmbito de incidência do tipo, situando-a entre os comportamentos normalmente permitidos, 
isto é, materialmente atípicos". O autor cita o exemplo de lesões corporais causadas por um 
pontapé em partidas de futebol. 
 
Caiu em prova Delegado MG 2021!! O princípio da adequação social funciona como causa supralegal de 
exclusão da tipicidade, não podendo ser considerado criminoso o comportamento humano socialmente 
aceito e adequado, que, embora tipificado em lei, não afronte o sentimento social de justiça. (item correto). 
 
2. Excludente da ilicitude - Há doutrinadores minoritários dizendo que seria uma excludente da 
ilicitude (no plano da ilicitude material). O problema é que hoje não se divide mais ilicitude 
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material e ilicitude formal. Então a tipicidade material da conduta acaba antecipando algumas 
análises que seriam feitas na ilicitude 
 
3. Regra geral de hermenêutica/princípio geral de interpretação: A jurisprudência caminha de 
forma tranquila e dominante no sentido de que a adequação social deve sofrer uma aplicação 
restritiva no direito penal, comportando 2 vertentes: 
● 1ª vertente – voltada ao legislador (função seletiva) – vertente meramente 
orientadora, pois busca orientar o legislador para que esse não selecione condutas 
socialmente adequadas para serem criminalizadas. 
● 2ª vertente – voltada ao intérprete (função interpretativa limitadora) – traduz uma 
regra geral de hermenêutica/ princípio geral de interpretação. Assim, em havendo várias 
interpretações possíveis, pela adequação social, exclui a incidência do tipo penal das 
hipóteses que são socialmente adequadas. 
 
APROFUNDANDO PARA PROVA DISCURSIVA: 
Crítica da doutrina: Essa aplicação restritiva (solução dada pela jurisprudência) acaba esvaziando a própria 
força normativa dos princípios em geral e, sobretudo, do princípio da adequação social. E uma vez esvaziando 
a força normativa do princípio da adequação social, deixa-se de utilizar um princípio (mesmo implícito na 
CF/88) como parâmetro para controle de constitucionalidade. 
 
Há forte crítica na doutrina acerca deste princípio, pelo fato de adotar um critério impreciso, 
inseguro e relativo. 
 
Importante saber que, segundo o STJ, o princípio da adequação social não afasta a 
tipicidade da conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas, como se verifica do 
enunciado da Súmula 502 do STJ: Súmula 502 - "Presentes a materialidade e a 
autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no art. 184, § 2°, do CP, a 
conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas". 
 
CESPE/2018 - A fim de garantir o sustento de sua família, Pedro adquiriu 500 CDs e DVDs piratas para 
posteriormente revendê-los. Certo dia, enquanto expunha os produtos para venda em determinada praça 
pública de uma cidade brasileira, Pedro foi surpreendido por policiais, que apreenderam a mercadoria e o 
conduziram coercitivamente até a delegacia. Com referência a essa situação hipotética, julgue o item 
subsequente. O princípio da adequação social se aplica à conduta de Pedro, de modo que se revoga o tipo 
penal incriminador em razão de se tratar de comportamento socialmente aceito. (Item incorreto) 
 
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7.3 Princípios Relacionados com o Agente do Fato 
 
7.3.1 Princípio da Responsabilidade Pessoal / Da Pessoalidade / Da Intranscendência Da Pena 
 
De acordo com esse princípio, a responsabilidade penal é sempre uma responsabilidade pessoal, que 
não pode ultrapassar a pessoa do autor do crime, motivo pelo qual se proíbe o castigo penal pelo fato de 
outrem. Somente o condenado é que terá de se submeter à sanção que lhe foi aplicada pelo Estado. 
No entanto, os efeitos secundários extrapenais da sentença penal condenatória (obrigação de 
reparar o dano e decretação de perdimento de bens), podem se estender aos sucessores até o limite da 
herança. 
 
Art. 5º, XLV da CF – “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a 
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos 
da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do 
patrimônio transferido”. 
 
Desse princípio decorre: 
● OBRIGATORIEDADE DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA ACUSAÇÃO: É proibida a denúncia genérica, vaga ou 
evasiva, embora nos Crimes Societários, os Tribunais flexibilizam essa obrigatoriedade; 
● OBRIGATORIEDADE DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA. 
 
7.3.2 Princípio da Responsabilidade Subjetiva 
 
Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, o agente somente pode ser 
responsabilizado se o fato tiver sido querido, assumido ou previsto. Não há responsabilidade penal sem dolo 
ou culpa. 
 
Questão: Polícia Civil do DF – Concurso Delegado Civil 2ª Fase – temos doutrina anunciado dois CASOS de 
responsabilidade penal objetiva (autorizados por lei): 
 
● 1ª Embriaguez voluntária - Crítica: A teoria da actio libera in causa que permite a punição do agente 
completamente embriagado, não sendo a embriaguez acidental, exige não somente uma análise 
pretérita da imputabilidade, mas também da consciência e vontade do agente. Exige 
responsabilidade subjetiva. 
● 2ª Rixa qualificada. *qualificado pela lesão grave e morte. Independentemente de quem tenha 
causado a lesão ou morte, todos responderão pela rixa qualificada. Crítica: só responde pelo 
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resultado agravador, isto é, o crime de lesão, quem atuou com dolo, evitando-se responsabilidade 
penal objetiva. 
 
7.3.3 Princípio da Culpabilidade 
 
Só pode o Estado impor sanção penal ao agente imputável (penalmente capaz), com potencial 
consciência da ilicitude (possibilidade de conhecer o caráter ilícito do comportamento), quando dele exigível 
conduta diversa (podendo agir de outra forma). 
Confira a dica do professor Marcelo Veiga: 
 
https://youtu.be/0RP8wpUwu2M 
 
 
7.3.4 Princípio da Proporcionalidade 
Exige que se faça um juízo de ponderação sobre a relação existente entre o bem que é lesionado ou 
posto em perigo (gravidade do fato) e o bem de que alguém pode ser privado (gravidade da pena). Toda vez 
que, nessa relação, houver um desequilíbrio acentuado, haverá desproporção. Ou seja, a pena deve ser 
proporcional à gravidade do fato. 
O presente princípio apresenta uma dupla face, pois de um lado proíbe o excesso(garantismo 
negativo), enquanto de outro lado não admite a proteção insuficiente (garantismo positivo) – já estudamos 
também no tópico do garantismo. 
 
STJ (AI no HC 239.363/PR): A intervenção estatal por meio do Direito Penal deve 
ser sempre guiada pelo princípio da proporcionalidade, incumbindo também ao 
legislador o dever de observar esse princípio como proibição de excesso e como 
proibição de proteção insuficiente. 
 
 Ressalta-se que o princípio da proporcionalidade incide no plano legislativo, judicial e no da execução 
da pena. Segundo tal princípio, a sanção penal deve ser vantajosa para o corpo social, e trazer mais vantagens 
https://youtu.be/0RP8wpUwu2M
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do que desvantagens (proporcionalidade em sentido estrito); além disso, deve ser adequada e necessária à 
finalidade do direito penal 
 
Já caiu em prova: Delegado de Polícia Civil do Mato Grosso do Sul (2017) - Com relação aos princípios de 
Direito Penal e à interpretação da lei penal, assinale a alternativa correta. 
a) A interpretação autêntica contextual visa a dirimir a incerteza ou obscuridade da lei anterior. 
b) Não se aplica o princípio da individualização da pena na fase da execução penal. 
c) A interpretação quanto ao resultado busca o significado legal de acordo com o progresso da ciência. 
d) O princípio da proporcionalidade tem apenas o judiciário como destinatário cujas penas impostas ao autor 
do delito devem ser proporcionais à concreta gravidade. 
e) A interpretação teleológica busca alcançar a finalidade da lei, aquilo que ela se destina a regular. 
Gab. E. No tocante a assertiva D, o equívoco da questão consiste em afirmar que tem como destinatário 
apenas o judiciário. Em verdade, o princípio da proporcionalidade tem como destinatário o legislativo, 
judiciário e o juízo da execução da pena 
 
7.3.5 Princípio da Limitação das Penas ou da Humanidade 
 
Princípio da humanidade ou princípio da humanidade das penas, nada mais é do que o princípio da 
dignidade da pessoa humana no Direito Constitucional. Este princípio é transportado para o Direito Penal, e 
ganha uma nomenclatura diferente: humanidade. 
Assim, a CF prevê, em seu art. 5º, XLVII, que não haverá penas de morte (salvo em caso de guerra 
declarada), de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento ou cruéis. 
 
A Constituição da República proíbe as penas de morte (salvo em caso de guerra declarada) e as 
consideradas cruéis (art. 5º, inc. XLVII, alíneas ‘a’ e ‘e’, respectivamente), além de assegurar às pessoas 
presas o respeito à integridade física e moral (art. 5º, inc. XLIX). Tais preceitos constitucionais expressam 
o princípio penal da HUMANIDADE 
Segundo o autor Bitencourt (2018), “o princípio de humanidade do Direito Penal é o maior entrave 
para a adoção da pena capital e da prisão perpétua. Esse princípio sustenta que o poder punitivo estatal 
não pode aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição físico-
psíquica dos condenados”. 
 
Caiu na Prova Delegado RR 2022 - (aplicação 25/09/22) O princípio da dignidade da pessoa humana, no 
âmbito penal, implica vedação de tratamento degradante e cruel, servindo de fundamento, na jurisprudência 
dos tribunais superiores, à concessão de prisão domiciliar a preso em estado terminal. (item correto) 
 
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7.2.6 Princípio da Confiança 
 
O princípio da confiança, abordado por parte da doutrina, surgiu na Espanha, com aplicação inicial 
aos crimes de trânsito. Segundo este princípio, quem atua observando as regras de trânsito, possui o direito 
acreditar que as demais pessoas irão agir também de acordo com as normas. Assim, quando aquele que 
continua avançando no sinal verde e acaba colidindo com outro veículo que avançou no sinal vermelho, agiu 
amparado pelo princípio da confiança, não tendo culpa, já que dirigia na expectativa de que os demais 
respeitariam as regras de sinalização. 
Atualmente é aplicado no Brasil para os crimes em geral. 
 
Princípio da fraternidade 
 
O princípio da fraternidade é uma categoria jurídica e não pertence apenas às religiões ou a moral. 
sua redescoberta apresenta-se como um fator de fundamental importância, tendo em vista a complexidade 
dos problemas sociais, jurídicos e estruturais ainda hoje enfrentados pelas democracias. a fraternidade não 
exclui o direito e vice-versa, mesmo porque a fraternidade enquanto valor vem sendo proclamada por 
diversas constituições modernas, ao lado de outros historicamente consagrados como a Liberdade e a 
igualdade. o princípio da fraternidade é um macroprincípio dos direitos humanos e passa a ter uma nova 
leitura prática, diante do constitucionalismo fraternal prometido na Constituição federal de 88. o princípio 
da fraternidade é possível de ser concretizado também no âmbito penal, através da chamada justiça 
Restaurativa, do respeito aos direitos humanos e da humanização da aplicação do próprio direito penal e do 
correspondente processo penal. 
 
Com base nesse princípio, o STJ já determinou a progressão de pena (STJ HC 562.452) julgado em 
23/04/2020. 
Recentemente, o princípio da Fraternidade foi usado como fundamentação para decidir pelo 
cômputo da pena de maneira mais benéfica ao condenado que é mantido preso em local degradante. O 
ministro João Otávio de Noronha observou que o voto “consagra um princípio já agasalhado na Constituição 
Federal [o Princípio da Fraternidade], em que os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem 
outros decorrentes do regime e princípios por ela adotados ou dos tratados internacionais em que a 
República Federativa do Brasil seja parte”, afirmou. 
Pelo princípio da fraternidade, foi considerado computar pena em dobro para os presos que estão 
em situação degradante. em maio de 2021, o ministro Reynaldo Soares da Fonseca do STJ concedeu habeas 
corpus para que fosse contado em dobro todo o período em que um homem esteve preso no Instituto Penal 
Plácido de Sá Carvalho, no Complexo Penitenciário de Bangu, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. 
“Não se mostra possível que a determinação de cômputo em dobro tenha seus efeitos modulados 
como se o recorrente tivesse cumprido parte da pena em condições aceitáveis até a notificação e a partir de 
então tal estado de fato tivesse se modificado. Em realidade, o substrato fático que deu origem ao 
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reconhecimento da situação degradante já perdurara anteriormente, até para que pudesse ser objeto de 
reconhecimento, devendo, por tal razão, incidir sobre todo o período de cumprimento da pena. STJ. 5ª 
Turma. AgRg no RHC 136.961/RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, julgado em 15/06/2021. 
Esse cômputo da pena em dobro se aplica para todo e qualquer crime? NÃO. O cômputo em dobro 
foi vedado para os seguintes crimes: a) crimes contra a vida; b) crimes contra a integridade física; c) crimes 
sexuais. “O Estado deverá arbitrar os meios para que, no prazo de seis meses a contar da presente decisão, 
se compute em dobro cada dia de privação de liberdade cumprido no IPPSC, para todas as pessoas ali 
alojadas, que não sejam acusadas de crimes contra a vida ou a integridade física, ou de crimes sexuais, ou 
não tenham sido por eles condenadas, nos termos dos Considerandos 115 a 130 da presente resolução”. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 136961-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 15/06/2021, DJe 
21/06/2021 (Info 701) 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
 
- Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson; 
- Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo; 
- Aulas do módulo do professor Delegado de Polícia Marcus Montez 
- Dizer o Direito (https://www.dizerodireito.com.br/);https://www.dizerodireito.com.br/
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META 2 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
Olá pessoal. Antes de começarmos o estudo do nosso material, é importante lembrar que vários 
dispositivos da L.13964/19 estão com a eficácia suspensa. Decidimos deixar os apontamentos no material 
para o caso de o STF julgar o mérito da ADI 6298. 
 
Medidas cautelares concedidas para suspender sine die a eficácia: 
 
(a) Da implantação do juiz das garantias e seus consectários (art. 3º-A, art. 3º-B, art. 3º-C, art. 3º-D, art. 
3ª-E, art. 3º-F, do Código de Processo Penal); 
 
(b) Da alteração do juiz sentenciante que conheceu de prova declarada inadmissível (art. 157, §5º, do 
Código de Processo Penal); 
 
(c) Da alteração do procedimento de arquivamento do inquérito policial (art. 28, caput, Código de 
Processo Penal); 
 
(d) Da liberalização da prisão pela não realização da audiência de custodia o prazo de 24 horas (art. 310, 
§4°, do Código de Processo Penal). 
 
 
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA 
CF/88 
⦁ Art. 5º, XL 
⦁ Art. 5º, LIII, LV, LVI e LVII 
⦁ Art. 5º, LX e LXIII 
⦁ Art. 5º, XXXVIII, “a” 
⦁ Art. 5°, XXXVII 
⦁ Art. 53 
⦁ Art. 93, IX 
⦁ Art. 129, I 
 
CPP 
⦁ Art. 1º e 2º 
⦁ Art. 3º, 3ª-A e 3º-B 
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⦁ Art. 185, §2º 
⦁ Art. 212 e 217 
⦁ Art. 260 e 261 
⦁ Art. 283 
⦁ Art. 792 
 
Outros Diplomas Legais 
⦁ Art. 8°, itens 2 e 5, CADH 
⦁ Art. 347, CP 
⦁ Art. 305, CTB 
 
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER! 
 
⦁ Art. 5º, LIII, LV, LVI e LVII, CF/88 
⦁ Art. 5º, LX e LXIII, CF/88 
⦁ Art. 93, IX, CF/88 
⦁ Art. 1º e 2º, CPP 
⦁ Art. 3º, 3ª-A e 3º-B, CPP 
 
1. PROCESSO PENAL CONSTITUCIONAL 
 
O Processo Penal Brasileiro deve observância às normas previstas na Carta Magna. Devem as normas 
processuais serem interpretadas a partir de uma filtragem constitucional. Interessante apontar a reflexão 
de Daniel Sarmento e Claudio Pereira de Souza Neto sobre a constitucionalização do Direito: 
 
A constitucionalização do Direito envolve dois fenômenos distintos, que podemos 
chamar de ‘constitucionalização inclusão’ e de ‘constitucionalização releitura’. [...] 
A constitucionalização releitura liga-se a impregnação de todo o ordenamento 
pelos valores constitucionais. Trata-se de uma consequência de propensão dos 
princípios constitucionais de projetarem uma eficácia irradiante, passando a 
nortear a interpretação da totalidade da ordem jurídica. Assim, os preceitos legais, 
os conceitos e institutos dos mais variados ramos do ordenamento, submetem-se 
a uma filtragem constitucional: passam a ser lidos a partir da ótica constitucional, 
o que muitas vezes impõe significativas mudanças na sua compreensão e aplicação 
concretas. (SOUZA NETO, Cláudio Pereira; SARMENTO, Daniel. Direito 
Constitucional: Teoria, História e Métodos de Trabalho. Belo Horizonte: Fórum, 
2017. p. 44) 
 
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Nesse sentido, é possível falar em algumas características decorrentes da constitucionalização: 
● O juiz não pode requisitar provas, depois da manifestação pelo arquivamento feita pelo MP (STF); 
● O juiz não pode substituir o MP em sua função probatória, em que pese, certa liberdade de produção 
conferida ao juiz pelo CPP; 
● O interrogatório do réu deve perder a sua característica de prova, passando a ser exclusivamente 
meio de defesa. 
 
Se a perspectiva teórica do Código de Processo Penal era nitidamente autoritária, prevalecendo 
sempre a preocupação com a segurança pública, como se o Direito Penal constituísse verdadeira política 
pública, a Constituição da República de 1988 caminhou em direção diametralmente oposta. 
Enquanto a legislação codificada pautava-se pelo princípio da culpabilidade e da periculosidade do 
agente, o texto constitucional instituiu um sistema de amplas garantias individuais, a começar pela afirmação 
da situação jurídica de quem ainda não tiver reconhecida a sua responsabilidade penal por sentença 
condenatória passada em julgado: 
 
“ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória” (art. 5º, LVII, CF). 
 
Nesse sentido, a constituição deve passar a ser a pré-compreensão valorativa do intérprete o dever 
ser normativo do mundo real, que é o ser. Nesta direção é o que o professor Rubens Casara propõe a 
interpretação prospectiva do processo penal, ou seja, toda a interpretação deve ter por objetivo a 
construção do projeto constitucional, deve buscar a radical e incansavelmente, a realização de valores 
consagrados na constituição. 
Como decorrência da interpretação prospectiva do processo penal, há uma preocupação com a 
tutela de direitos fundamentais, o que dá espaço ao garantismo penal. Ressalta-se que Ferrajoli é o ícone 
do garantismo. Princípios do sistema garantista: 
● Jurisdicionalidade (nulla poena, nulla culpa sine iudicio): representa a exclusividade do poder 
jurisdicional, direito ao juiz natural, independência da magistratura e exclusiva submissão à lei. 
● Inderrogabilidade do juízo: no sentido de infungibilidade e indeclinabilidade da jurisdição. 
● Separação das atividades de julgar e acusar (nullum iudicium sine accusatione); 
● Presunção de inocência; 
● Contraditório (nulla probatio sine defensione): é um método de confrontação da prova e 
comprovação da verdade entre acusação e defesa. 
 
 
 
 
 
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2. PRETENSÃO PUNITIVA 
 
● Conceito: 
 
No momento em que alguém pratica a conduta delituosa prevista no tipo penal, este direito de punir desce 
do plano abstrato e se transforma no jus puniendi in concreto. O Estado, que até então tinha um poder 
abstrato, genérico e impessoal, passa a ter a pretensão concreta de punir o suposto autor do fato delituoso. 
 
- Surge então a pretensão punitiva: que é o poder do Estado de exigir de quem comete um delito a 
submissão á sanção penal, tornando efetivo o ius puniendi. 
 
Segundo Gustavo Badaró consiste no poder do Estado de exigir, de quem comete um delito, a 
submissão à sanção penal. Através da pretensão punitiva, o Estado procura tornar efetivo o direito de punir 
(ius puniendi), exigindo do autor do crime, que está obrigado a sujeitar-se à sanção penal, o cumprimento 
dessa obrigação, que consiste em sofrer as consequências do crime e se concretiza no dever de abster-se de 
qualquer resistência contra os órgãos estatais aos quais cumpre executar a pena. Porém, tal pretensão não 
poderá ser voluntariamente resolvida sem um processo, não podendo nem o Estado impor a sanção penal, 
nem o infrator submeter-se à pena. 
Assim sendo, tal pretensão já nasce insatisfeita. É necessário um processo. 
Ex.: art. 121, CP → pena de 6 a 20 anos (direito de punir em abstrato). 
A partir do momento que alguém pratica o delito, o direito de punir deixa o plano abstrato e entra 
no plano concreto, de modo que surge para o Estado o direito de punir o indivíduo. Nasce a pretensão 
punitiva. 
Infrações penais de menor potencial ofensivo: o fato de ser admitida transação penal, com a imediata 
aplicação de penas restritivas de direito ou multas não quer dizer uma imposição direta da pena. Trata-se de 
uma forma distinta da tradicional para a resolução da causa, sendo admitida a solução consensual com 
supervisão jurisdicional – privilegiando a vontade das partes. 
 
● Função do Processo Penal: É o instrumento que se vale o Estado para a imposição de sanção penal 
ao possível autor do fato delituoso. 
- Finalidades do Processo Penal: 
⋅ Pacificação social obtida com a soluçãodo conflito; 
⋅ Viabilizar a aplicação do direito penal; 
⋅ Garantir ao acusado, presumidamente inocente, meios de defesa diante de uma acusação. 
 
 
 
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3. SISTEMAS DO PROCESSO PENAL 
 
“A estrutura do processo penal variou ao longo dos séculos, conforme o predomínio 
da ideologia punitiva ou libertária. Goldschmidt afirma que a estrutura do processo 
penal de um país funciona como um termômetro dos elementos democráticos ou 
autoritários de sua Constituição” (LOPES, 2018, p. 27). 
 
De modo geral, a doutrina costuma separar o sistema processual inquisitório do acusatório pela 
titularidade atribuída ao órgão da acusação: inquisitorial seria o sistema em que as funções de acusação e de 
julgamento estariam reunidas em uma só pessoa (ou órgão), enquanto o acusatório seria aquele em que tais 
papéis estariam reservados a pessoas (ou órgãos) distintos. 
 
a) SISTEMA INQUISITÓRIO: 
 As funções de acusar e julgar estão concentradas em um mesmo sujeito processual. 
 Nesse sistema há a perda da imparcialidade do magistrado, o qual, simultaneamente exerce todas 
as funções (acusa, defende e julga). Além disso, verifica-se o risco de eventual abuso de poder (crítica). 
 Além disso, no sistema inquisitório a gestão da prova cabe ao juiz, podendo fazê-lo tanto na fase 
inquisitorial quanto na fase do processo. Nesse sentido, verifica-se a inexistência do contraditório. 
 São características, ainda, o caráter escrito e sigiloso da instrução processual. 
 
Características: 
i. As funções de acusar, defender e julgar se encontram concentradas em uma única pessoa, o 
chamado de juiz inquisidor; 
ii. Não há que se falar em contraditório, o qual nem sequer seria concebível em virtude da falta de 
contraposição entre acusação e defesa; 
iii. O juiz inquisidor é dotado de ampla iniciativa probatória, de modo que possui liberdade para 
determinar, de ofício, a colheita de provas, seja no curso das investigações, seja no curso do processo 
penal, independentemente de sua proposição pela acusação ou pela defesa, de modo que a gestão 
das provas compete ao juiz que, a partir da prova do fato e tomando como parâmetro a lei, podia 
chegar à conclusão que desejasse; 
iv. Vigora o princípio da verdade real/material e, em decorrência dele, o acusado não era considerado 
sujeito de direito, sendo tratado, em verdade, como mero objeto do processo, daí por que se 
admitia, inclusive, a tortura como meio de se obter a verdade absoluta. 
 
Sobre o princípio da verdade real, confira a dica do Professor Tiago Dantas: 
 
https://youtu.be/OPy2Vj63srs 
https://youtu.be/OPy2Vj63srs
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Na atualidade, a concentração de poderes nas mãos do juiz e a iniciativa probatória dela decorrente 
é incompatível com a garantia da imparcialidade (CADH, art. 8º §1º) e com o princípio do devido processo 
legal. 
Com a reforma (Lei 13.964/19), ao menos em tese, o juiz não possuirá mais a iniciativa probatória 
que antes era prevista no CPP (art. 3º-A do CPP). 
 
b) SISTEMA ACUSATÓRIO: 
 As funções serão exercidas por partes distintas. As funções de acusar, defender e julgar são 
atribuídas a pessoas diversas. No referido sistema haverá respeito ao contraditório. 
 O acusado deixa de ser considerado mero objeto e passa a configurar como sujeito de direitos. 
 A gestão da prova cabe as partes e, em um sistema acusatório puro, o juiz não poderia produzir 
prova de ofício. Porém, parte da doutrina aduz que o juiz pode produzir prova de ofício, restrito a fase 
processual e de forma residual, não sendo permitida a produção, contudo, na fase investigatória. 
 São características, ainda, a prevalência do caráter público e oral da instrução processual. 
 
Características: 
i. Caracteriza-se pela presença de partes distintas, contrapondo-se acusação e defesa em igualdade de 
condições e ambas se sobrepondo um juiz, de maneira equidistante e imparcial. Aqui, há uma 
separação das funções de acusar, defender e julgar. O processo caracteriza-se, assim, como legítimo 
actum trium personarum. 
ii. A gestão da prova recai precipuamente sobre as partes. Na fase investigatória, o juiz só deve intervir 
quando provocado. 
iii. Oralidade, publicidade, aplicação do princípio da presunção de inocência, atividade probatória 
pertence ás partes, separação rígida entre juiz e acusação, paridade entre acusação e defesa. 
 
Antes do advento da Lei 13.964/19, havia divergência na doutrina: 
● Geraldo Prado - afirma que, em um sistema acusatório puro, o juiz não pode produzir provas de ofício 
de maneira nenhuma, independentemente de ser na fase investigatória ou na fase processual. 
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● Eugênio Paccelli, Gustavo Badaró (posição majoritária e Jurisprudência) - juiz pode produzir prova de 
ofício, mas apenas na fase processual e desde que de forma residual. 
 
Em outras palavras: O magistrado não será o protagonista na produção de provas, sua atuação deve 
ter caráter complementar e subsidiário. Nesse sentido, o art. 212 do CPP: 
 
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, 
não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação 
com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. Parágrafo único. 
Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição. 
 
No entanto, o Pacote Anticrime retirou do juiz a iniciativa probatória (Art.3º-A do CPP), entregando 
ao juiz de garantias a competência para decidir sobre a produção de provas cautelares durante a 
investigação. 
 
CPP. Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do 
juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de 
acusação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) 
Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da 
investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha 
sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe 
especialmente: 
[...] 
VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas 
urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em 
audiência pública e oral; 
 
Assim sendo, a doutrina vem advogando no sentido de que, com o advento do Pacote Anticrime, o 
juiz não poderá mais agir de ofício em nenhuma das fases, seja na fase investigatória ou na processual, de 
modo que inúmeros artigos do CPP estariam tacitamente revogados. Entretanto, é importante aguardar a 
posição da jurisprudência sobre o tema. 
 
iv. O princípio da verdade real é substituído pelo princípio da busca da verdade, devendo a prova ser 
produzida com fiel observância ao contraditório e a ampla defesa; 
v. A separação das funções e a iniciativa probatória residual à fase judicial preserva a equidistância que 
o magistrado deve tomar quanto ao interesse das partes, sendo compatível com a garantia da 
imparcialidade e com o princípio do devido processo legal; 
vi. O sistema acusatório é o adotado pela Constituição Federal e pelo CPP: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art20
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CF - Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
 
A função de acusar nas ações penais públicas é do Ministério Público, materializando assim o sistema 
acusatório, haja vista que a própria CF outorgou a titularidade da persecução penal ao referido órgão, por 
excelência. 
 
SISTEMA INQUISITÓRIO SISTEMA ACUSATÓRIO 
Não há separação das funções deacusar, defender e 
julgar, que estão concentradas em uma única pessoa, 
que assume as vestes de um juiz inquisidor. 
Separação das funções de acusar, defender e julgar. Por 
consequência, caracteriza-se pela presença de partes 
distintas (actum trium personarum), contrapondo-se 
acusação e defesa em igualdade de condições, 
sobrepondo-se a ambas um juiz, de maneira 
equidistante e imparcial. 
 
Como se admite o princípio da verdade real, o 
acusado não é sujeito de direitos, sendo tratado 
como mero objeto do processo, daí por que se admite 
inclusive a tortura como meio de se obter a verdade 
absoluta. 
 
O princípio da verdade real é substituído pelo princípio 
da busca da verdade, devendo a prova ser produzida 
com fiel observância ao contraditório e à ampla defesa. 
 
O juiz inquisidor é dotado de ampla iniciativa 
acusatória e probatória, tendo liberdade para 
determinar de ofício a colheita de elementos 
informativos e de provas, seja no curso das 
investigações, seja no curso da instrução processual. 
 
A gestão da prova recai precipuamente sobre as partes. 
Na fase investigatória, o juiz só deve intervir quando 
provocado, e desde que haja necessidade de intervenção 
judicial. 
Durante a instrução processual, prevalece o 
entendimento de que o juiz tem certa iniciativa 
probatória, podendo determinar a produção de 
provas de ofício, desde que o faça de maneira 
subsidiária. 
 
A separação das funções e a iniciativa probatória residual 
restrita à fase judicial preserva a equidistância que o juiz 
deve tomar quanto ao interesse das partes, sendo 
compatível com a CF/88. 
 
 
 
 
 
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CAIU EM PROVA (Delegado de PCMG 2021): Em relação às características do sistema acusatório, analise as 
afirmativas: 
I. Gestão da prova na mão das partes e não do juiz, clara distinção entre as atividades de acusar e julgar, juiz 
como terceiro imparcial e publicidade dos atos processuais. 
II. Ausência de uma tarifa probatória, igualdade de oportunidades às partes no processo e procedimento é, 
em regra, oral. 
III. O processo é um fim em si mesmo e o acusado é tratado como mero objeto, imparcialidade do juiz e 
prevalência da confissão do réu como meio de prova. 
IV. Celeridade do processo e busca da verdade real, o que faculta ao juiz determinar de ofício a produção de 
prova. 
 
Itens considerados corretos: I e II. 
 
c) SISTEMA MISTO, ACUSATÓRIO FORMAL OU FRANCÊS: 
É uma fusão dos dois modelos anteriores 
Para este sistema, há duas fases distintas: uma primeira fase inquisitorial, destinada a investigação 
preliminar e, em seguida, teria uma segunda fase, que se aproxima mais ao sistema acusatório. 
● Investigação preliminar: polícia judiciária; 
● Instrução preparatória: juiz de instrução; 
● Julgamento: apenas nesta última fase há contraditório e ampla defesa. 
 
Segundo Renato Brasileiro, é chamado de sistema misto porquanto o processo se desdobra em duas 
fases distintas: a primeira fase é tipicamente inquisitorial, com instrução escrita e secreta, sem acusação e, 
por isso, sem contraditório. Nesta, objetiva-se apurar a materialidade e a autoria do fato delituoso. Na 
segunda fase, de caráter acusatório, o órgão acusador apresenta a acusação, o réu se defende e o juiz julga, 
vigorando, em regra, a publicidade e a oralidade. 
 
DICA DD: Quando o CPP entrou em vigor, havia o entendimento de que ele era misto, sendo o inquérito 
policial a primeira fase. Porém, com o advento da CF/88 e do Pacote Anticrime deixou de maneira expressa 
o sistema acusatório, além da separação das funções de acusar, defender e julgar, assegurando o 
contraditório e a ampla defesa, e o princípio da presunção de não culpabilidade, trata-se de um sistema 
acusatório. 
 
 
 
 
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4. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO PENAL 
 
4.1 Princípios Constitucionais Explícitos 
 
4.1.1 Princípio da Presunção da Inocência 
 
a) Previsão legal: art. 5°, LVII, CF/88 e art. 8°, §2°, CADH. 
 
Art. 5°, LVII, CF/88 – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado 
de sentença penal condenatória → presunção de não culpabilidade. 
 
Art. 8°, §2°, CADH – Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma 
sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa → presunção 
de inocência. 
 
Observações: 
● CADH possui status normativo supralegal, ou seja, está abaixo da CF, mas acima da legislação 
infraconstitucional; 
● Sempre que se faz uma leitura da legislação infraconstitucional, deve-se sujeitá-la tanto ao controle 
de constitucionalidade como ao controle de convencionalidade; 
● Ao contrário da CF/88, a Convenção Americana fala em presunção de inocência, e o faz de maneira 
muito semelhante aos outros tratados internacionais de direitos humanos. 
 
Há quem utilize como sinônimos as expressões: presunção de inocência, presunção de não culpabilidade e 
estado de inocência. 
 
b) Conceito: 
 Segundo Renato Brasileiro, o princípio da presunção de inocência: “consiste no direito de não ser 
declarado culpado, senão após o transito em julgado de sentença penal condenatória - ou, na visão do STF 
(HC 126.292, ADC 44 e 43 e ARE 964.246 RG/SP): “após a prolação de acordão condenatório por Tribunal de 
Segunda instância” -, ao término do devido processo legal, em que o acusado tenha se utilizado de todos os 
meios de prova pertinentes para a sua defesa (ampla defesa) e para a destruição da credibilidade das provas 
apresentadas pela acusação (contraditório)”. 
 Segue explicando o doutrinador: “No ordenamento pátrio, até a entrada em vigor da CF 88, esse 
princípio somente existia de forma implícita, como decorrência da cláusula do devido processo legal. Com a 
CF 88, o princípio da presunção de não culpabilidade passou a constar expressamente do inciso LVII do art. 
5º” (LIMA, 2017, p. 43). 
 
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c) Dimensões: 
 O princípio da presunção de inocência (ou presunção de não culpabilidade) compreende duas regras 
fundamentais: 
 
1. Dimensão Interna ao processo: O princípio da presunção de inocência se manifestando dentro do 
processo. 
I- Regra probatória (in dubio pro reo): A parte acusadora tem o ônus de demonstrar a 
culpabilidade do acusado além de qualquer dúvida razoável, logo, não é o acusado que deve 
comprovar sua inocência; 
II- Regra de tratamento: o Poder Público está impedido de agir e de se comportar em relação 
ao acusado como se ele já houvesse sido condenado. 
 
2. Dimensão externa ao processo: O princípio da presunção de inocência se manifestando fora do 
processo. 
Essa dimensão é especialmente destacada no tratamento dado pela imprensa. O princípio 
da presunção de inocência e as garantias constitucionais da imagem, dignidade e privacidade 
demandam uma proteção contra a publicidade abusiva e a estigmatização do acusado, 
funcionando como limites democráticos à abusiva exploração midiática em torno do fato 
criminoso e do próprio processo judicial. 
 
Caso J. vs. Peru 
 
Esse caso foi decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Nesse caso, a Corte 
responsabilizou o Peru por violação ao estado de inocência, previsto no art. 8.2 da CADH. 
 A Sra. J. foi presa durante o cumprimento de medida de busca e apreensão residencial. Foi 
processada por terrorismo e associação ao terrorismo, em virtude de suposta vinculação com o grupo 
armado Sendero Luminoso. Foi absolvida em junho de 1993. Logo após ser solta, deixou o território peruano. 
Em dezembro do mesmo ano, a Corte Suprema Peruana cassou a sentença absolutória, determinou um novo 
julgado e decretou sua prisão. 
Para a CIDH, os distintos pronunciamentos públicos das autoridades estatais, sobre a culpabilidade 
de J. violaram o estado de inocência, princípio determinanteque o Estado não condene, nem mesmo 
informalmente, emitindo juízo perante a sociedade e contribuindo para formar a opinião pública, enquanto 
não existir decisão judicial condenatória. 
Para a Corte, a apresentação da imagem da acusada para a imprensa, escrita e televisiva, ocorreu 
quando ela estava sob absoluto controle do Estado, além de as entrevistas posteriores também terem sido 
levadas a cabo sob conhecimento e controle do Estado, por meio de seus funcionários. A Corte acentuou não 
impedir o estado de inocência que as autoridades mantenham a sociedade informada sobre investigações 
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criminais, mas requer que isso seja feito com a discrição e a contextualização necessárias, de tal modo a 
garantir o estado de inocência. 
Assim, fazer declarações públicas, sem os devidos cuidados, sobre processos penais, gera na 
sociedade a crença sobre a culpabilidade do acusado. 
 
Consequências de tais regras: 
● Ônus da prova: em regra da acusação. 
● Prisões cautelares: a privação cautelar da liberdade de locomoção somete se justifica em hipóteses 
estritas, ou seja, a regra é que o acusado permaneça em liberdade durante o processo, enquanto 
que a imposição de medidas cautelares pessoais é a exceção. 
 
d) Limite temporal 
Até quando o sujeito é presumidamente inocente? 
Em 2016, no bojo do HC 126.292, o Plenário do STF entendeu que, a partir do momento que um 
acórdão condenatório fosse proferido por um Tribunal de 2ª Instância, a pena já poderia ser executada, 
mesmo na pendência de REsp ou RE. Essa prisão a que o indivíduo estaria sendo submetido seria uma prisão 
penal, e não prisão cautelar. 
Ou seja, o STF passou a defender que a execução provisória da pena após a confirmação da sentença 
em segundo grau não ofende o princípio constitucional da presunção de inocência. Isso porque a 
manutenção da sentença condenatória pela segunda instância encerra a análise de fatos e provas que 
assentaram a culpa do condenado, o que autoriza o início da execução da pena, até mesmo porque os 
recursos extraordinários ao STF e ao STJ comportam exclusivamente discussão acerca de matéria de direito. 
A decisão do STF acima foi muito criticada pela doutrina, tendo em vista que a CF é clara ao prever 
“ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado (...)”, não havendo margens para outra 
interpretação. 
Em 2019 houve overruling e o STF decidiu que o cumprimento da pena somente pode ter início com 
o esgotamento de todos os recursos. Portanto, atualmente, é proibida a execução provisória da pena. 
No dia 07/11/2019, o STF, ao julgar as ADCs 43, 44 e 54 (Rel. Min. Marco Aurélio), retornou para a 
sua posição antiga e afirmou que o cumprimento da pena somente pode ter início com o esgotamento de 
todos os recursos. Assim, é proibida a execução provisória da pena. 
Vale ressaltar que é possível que o réu seja preso antes do trânsito em julgado (antes do esgotamento 
de todos os recursos), no entanto, para isso, é necessário que seja proferida uma decisão judicial 
individualmente fundamentada, na qual o magistrado demonstre que estão presentes os requisitos para a 
prisão preventiva previstos no art. 312 e art. 313 do CPP. 
Dessa forma, o réu até pode ficar preso antes do trânsito em julgado, mas cautelarmente 
(preventivamente), e não como execução provisória da pena. 
 
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Ao julgar as ações declaratórias de constitucionalidade 43, 44 e 54, em 7/11/2019, 
o Plenário do STF firmou o entendimento de que não cabe a execução provisória 
da pena. A 1ª Turma do STF aplicou esse entendimento em um caso concreto no 
qual o réu estava preso unicamente pelo fato de o Tribunal de Justiça ter 
confirmado a sua condenação em 1ª instância, não tendo havido, contudo, ainda, 
o trânsito em julgado. Logo, o STF, afastando a possibilidade de execução provisória 
da pena, concedeu a liberdade ao condenado até que haja o esgotamento de todos 
os recursos. STF. 1ª Turma. HC 169727/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 
26/11/2019 (Info 961). 
 
A nova decisão do STF é vinculante? SIM. A decisão do STF foi proferida em ADC, que declarou a 
constitucionalidade do art. 283 do CPP. 
 
Para o STF, é possível o início do cumprimento da pena caso somente reste o julgamento de recurso sem 
efeito suspensivo (ex: só falta julgar Resp ou RE)? É possível a execução provisória da pena? 
 
 
1ª PERÍODO 
ATÉ FEV/2009: 
SIM 
É POSSÍVEL A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA 
 
Até fevereiro de 2009, o STF entendia que era possível 
a execução provisória da pena. 
Assim, se o réu estivesse condenado e interpusesse 
recurso especial ou recurso extraordinário, teria que 
iniciar o cumprimento provisório da pena enquanto 
aguardava o julgamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
2ª PERÍODO 
DE FEV/2009 A FEV/2016: 
NÃO 
NÃO É POSSÍVEL A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA 
PENA 
 
No dia 05/02/2009, o STF, ao julgar o HC 84078 
(Rel. Min. Eros Grau), mudou de posição e passou a 
entender que não era possível a execução provisória da 
pena. 
Obs: o condenado poderia até aguardar o julgamento 
do REsp ou do RE preso, mas desde que estivessem 
previstos os pressupostos necessários para a prisão 
preventiva (art. 312 do CPP). 
Dessa forma, ele poderia ficar preso, mas 
cautelarmente (preventivamente), e não como 
execução provisória da pena. 
Principais argumentos: 
• A prisão antes do trânsito em julgado da condenação 
somente pode ser decretada a título cautelar. 
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• A execução da sentença após o julgamento do recurso 
de apelação significa restrição do direito de defesa. 
• A antecipação da execução penal é incompatível com 
o texto da Constituição. 
Esse entendimento durou até fevereiro de 2016. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3º PERÍODO: 
DE FEV/2016 A NOV/2019: 
SIM 
É POSSÍVEL A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA 
 
 
No dia 17/02/2016, o STF, ao julgar o HC 126292 (Rel. 
Min. Teori Zavascki), retornou para a sua primeira 
posição e voltou a dizer que era possível a execução 
provisória da pena. 
Principais argumentos: 
• É possível o início da execução da pena condenatória 
após a prolação de acórdão condenatório em 2º grau e 
isso não ofende o princípio constitucional da presunção 
da inocência. 
• O recurso especial e o recurso extraordinário não 
possuem efeito suspensivo (art. 637 do CPP). Isso 
significa que, mesmo a parte tendo interposto algum 
desses recursos, a decisão recorrida continua 
produzindo efeitos. Logo, é possível a execução 
provisória da decisão recorrida enquanto se aguarda o 
julgamento do recurso. 
• Até que seja prolatada a sentença penal, confirmada 
em 2º grau, deve-se presumir a inocência do réu. Mas, 
após esse momento, exaure-se o princípio da não 
culpabilidade, até porque os recursos cabíveis da 
decisão de segundo grau ao STJ ou STF não se prestam 
a discutir fatos e provas, mas apenas matéria de direito. 
• É possível o estabelecimento de determinados limites 
ao princípio da presunção de não culpabilidade. Assim, 
a presunção da inocência não impede que, mesmo 
antes do trânsito em julgado, o acórdão condenatório 
produza efeitos contra o acusado. 
• A execução da pena na pendência de recursos de 
natureza extraordinária não compromete o núcleo 
essencial do pressuposto da não culpabilidade, desde 
que o acusado tenha sido tratado como inocente no 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
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curso de todo o processo ordinário criminal, 
observados os direitos e as garantias a ele inerentes, 
bem como respeitadas as regras probatórias e o 
modelo acusatório atual. 
• É necessário equilibrar o princípio da presunção de 
inocência com a efetividade da função jurisdicional 
penal. Neste equilíbrio, deve-se atender não apenas os 
interessesdos acusados, como também da sociedade, 
diante da realidade do intrincado e complexo sistema 
de justiça criminal brasileiro. 
• “Em país nenhum do mundo, depois de observado o 
duplo grau de jurisdição, a execução de uma 
condenação fica suspensa aguardando referendo da 
Suprema Corte”. 
 
 
 
 
4º PERÍODO: 
 
ENTENDIMENTO ATUAL: 
NÃO 
NÃO É POSSÍVEL A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA 
PENA 
 
No dia 07/11/2019, o STF, ao julgar as ADCs 43, 44 e 54 
(Rel. Min. Marco Aurélio), retornou para a sua segunda 
posição e afirmou que o cumprimento da pena somente 
pode ter início com o esgotamento de todos os 
recursos. 
Assim, é proibida a execução provisória da pena. 
Vale ressaltar que é possível que o réu seja preso antes 
do trânsito em julgado (antes do esgotamento de todos 
os recursos), no entanto, para isso, é necessário que 
seja proferida uma decisão judicial individualmente 
fundamentada na qual o magistrado demonstre que 
estão presentes os requisitos para a prisão preventiva 
previstos no art. 312 do CPP. 
Dessa forma, o réu até pode ficar preso antes do 
trânsito em julgado, mas cautelarmente 
(preventivamente), e não como execução provisória da 
pena. 
Principais argumentos: 
• O art. 283 do CPP, com redação dada pela Lei nº 
12.403/2011, prevê que “ninguém poderá ser preso 
senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada da autoridade judiciária competente, 
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em decorrência de sentença condenatória transitada 
em julgado ou, no curso da investigação ou do 
processo, em virtude de prisão temporária ou prisão 
preventiva.”. Esse artigo é plenamente compatível com 
a Constituição em vigor. 
• O inciso LVII do art. 5º da CF/88, segundo o qual 
“ninguém será considerado culpado até o trânsito em 
julgado de sentença penal condenatória”, não deixa 
margem a dúvidas ou a controvérsias de interpretação. 
• É infundada a interpretação de que a defesa do 
princípio da presunção de inocência pode obstruir as 
atividades investigatórias e persecutórias do Estado. A 
repressão a crimes não pode desrespeitar e transgredir 
a ordem jurídica e os direitos e garantias fundamentais 
dos investigados. 
• A Constituição não pode se submeter à vontade dos 
poderes constituídos nem o Poder Judiciário embasar 
suas decisões no clamor público. 
 
Tabela via @dizerodireito para facilitar a compreensão sobre evolução jurisprudencial deste tema. 
 
4.1.2 Princípio da Igualdade Processual ou Paridade de Armas 
 
 As partes devem ter em juízo as mesmas oportunidades de atuação no processo e devem ser tratadas 
de forma igualitária, na medida da sua igualdade. Segundo Norberto Avena (2017, p. 53): “As partes, em 
juízo, devem contar com as mesmas oportunidades e ser tratadas de forma igualitária. Tal princípio constitui 
desdobramento da garantia constitucional assegurada no art. 5.º, caput, da Constituição Federal, ao dispor 
que todas as pessoas serão iguais perante a lei em direitos e obrigações. Não obstante o sistema 
constitucional vigente seja proibitivo de discriminações, em determinadas hipóteses é flexibilizado o 
princípio da igualdade”. 
 
4.1.3 Princípio da Ampla Defesa 
 
Segundo Renato Brasileiro (2017, p. 54), a ampla defesa pode ser vista como um direito sob a ótica 
de que privilegia o interesse do acusado, todavia, sob o enfoque publicístico, no qual prepondera o interesse 
geral de um processo justo, é vista como garantia. 
 
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Art. 5º, LV, da CF: “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios 
e recursos a ela inerentes”. 
 
 “O direito de defesa está ligado diretamente ao princípio do contraditório. A defesa 
garante o contraditório e por ele se manifesta” (LIMA, 2017, p. 54). 
 
A ampla defesa divide-se em autodefesa e defesa técnica: 
 
● AUTODEFESA: é aquela exercida pelo próprio acusado, em momentos cruciais do processo. 
Compreende: 
1. Direito de audiência; 
2. Direito de presença; 
3. Capacidade postulatória autônoma. 
 
1. Direito de audiência: É o direito de ser ouvido no processo. Ou seja: é o momento que o acusado 
tem para apresentar a sua versão dos fatos e tentar formar a convicção do magistrado quanto a sua 
inocência. 
 
Obs.: Quando estudarmos o interrogatório judicial, veremos que, hoje, na visão da doutrina, o interrogatório 
judicial tem natureza jurídica de meio de defesa. Isso porque, no interrogatório, ele tem o direito de ficar em 
silêncio. 
 
2. Direito de presença: Direito de estar presente/acompanhar os atos processuais. 
 E se o acusado estiver preso em outra unidade da federação. Ainda assim ele tem assegurado o 
direito de presença? R.: SIM! O direito de presença é universal. O direito não deixa de valer só porque o 
acusado está preso em outro lugar. 
 Atualmente, o art. 185, §2°, CPP, permite a realização de audiência mediante videoconferência. 
Assim, a videoconferência preserva o direito de presença, ao mesmo tempo que evita o deslocamento do 
preso. 
 Ressalta-se que, embora a doutrina garantista entenda que a inobservância desse direito deveria 
acarretar nulidade absoluta, a jurisprudência vem entendendo que se trata de nulidade relativa, devendo-se 
comprovar o prejuízo. 
 
A alegação de necessidade da presença do réu em audiências deprecadas, estando 
ele preso, configura nulidade relativa, devendo-se comprovar a oportuna 
requisição e também a presença de efetivo prejuízo à defesa. O pedido, no caso, foi 
indeferido motivadamente pelo juiz de primeiro grau, diante das peculiaridades do 
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caso concreto, em especial diante da periculosidade do réu, e da ausência de 
efetivo prejuízo. Ordem denegada. (STF, 1ª Turma, HC 100.382/PR, Rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, j. 08/06/2010, Dje 164 02/09/2010). 
 
Obs.: O direito de presença tem natureza relativa. Ou seja, há situações em que o direito de presença pode 
causar constrangimento à vítima ou às testemunhas. Nesse caso, se não for possível realizar a audiência 
mediante videoconferência, o acusado será retirado da audiência. Se for essa a decisão do magistrado, deve 
haver fundamentação, e essa fundamentação deve constar da ata da audiência para evitar futura nulidade. 
 
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, 
ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique 
a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na 
impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na 
inquirição, com a presença do seu defensor. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 
2008). 
 
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo 
deverá constar do termo, assim como os motivos que a determinaram. (Incluído 
pela Lei nº 11.690, de 2008). 
 
Revela-se lícita a retirada dos acusados da sala de audiências, se as testemunhas 
de acusação demonstram temor e receio em depor na presença dos réus. Se o 
patrono do paciente não apresentou nenhuma irresignação quanto aos termos da 
assentada, havendo assinado e concordado com seu conteúdo, resulta preclusa a 
arguição de qualquer vício a macular o ato de ouvida das testemunhas de acusação. 
Ordem denegada”. (STF, 1ª Turma, HC 86.572/PE, Rel. Min. Carlos Britto, j. 
06/12/2005, DJ 30/03/2008) 
 
3. Capacidade postulatória autônoma do acusado: Devido à importância da liberdade de locomoção, 
o ordenamento jurídico confere ao acusado uma capacidade postulatória autônoma para praticar 
certos atos processuais, ainda que ele não seja profissional da advocacia. Ou seja: mesmo que o 
acusado não seja advogado, ele pode praticar alguns atos processuais. 
Ex.: o acusado pode interporrecursos; provocar incidentes da execução (livramento condicional, 
progressão de regime, etc.); impetrar habeas corpus. 
 
● DEFESA TÉCNICA: Direito de ser representado por advogado. 
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A defesa técnica é indisponível e irrenunciável. Mesmo que o acusado, desprovido de capacidade 
postulatória, queira ser processado sem defesa técnica, e ainda que seja revel, deve o juiz providenciar a 
nomeação de defensor. 
 
Art. 261 do CPP: Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado 
ou julgado sem defensor. 
 
Súmula 523, STF: no processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, 
mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. 
 
Súmula 707, STF: constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para 
oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a 
suprindo a nomeação do defensor dativo. 
 
Súmula 708, STF: é nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos 
autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para 
constituir outro. 
 
STF: A ausência de defensor, devidamente intimado, à sessão de julgamento não 
implica, por si só, nulidade processual. STF. 1ª Turma. HC 165534/RJ, rel. orig. Min. 
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 3/9/2019 (Info 950). 
 
Aspectos da ampla defesa: 
● Positivo: representa a efetiva utilização dos instrumentos, dos meios e modos de produção, 
esclarecimento ou confrontação de elementos de prova relacionados à materialidade da infração 
criminal e à autoria; 
● Negativo: impede a produção de elementos probatórios de elevado risco ou com potencialidade 
danosa à defesa do réu. 
 
Consequências da ampla defesa: 
● Apenas o réu tem direito à revisão criminal, nunca a sociedade; 
● O juiz deve sempre fiscalizar a eficiência da defesa do réu. 
 
Há possibilidade de o acusado exercer sua própria defesa técnica? R.: Desde que o acusado seja 
profissional da advocacia, ou seja, desde que esteja regularmente inscrito nos quadros da OAB. 
 
Nas ações penais originárias, a defesa preliminar (L. 8.038/90, art. 4º), é atividade 
privativa dos advogados. Os membros do Ministério Público estão impedidos de 
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exercer advocacia, mesmo em causa própria. São atividades incompatíveis (L. 
8.906/94, art. 28). Nulidade decretada. (STF, 2ª Turma, HC 76.671/RJ, Rel. Min. 
Nelson Jobim, j. 09/06/1998, DJ 10/08/2000). 
 
É possível o patrocínio da defesa técnica de dois ou mais acusados pelo mesmo defensor. Em outras 
palavras: Um único advogado pode defender 2 ou mais acusados? R.: SIM! Mas desde que não haja 
colidência de teses pessoais. Ex.: A e B estão sendo acusados do mesmo crime. Um único advogado pode 
defendê-los, mas desde que as teses de defesa sejam semelhantes. Se A ou B negarem ser autor do delito, 
há colidência de interesses pessoais. Obs.: Cabe ao juiz e ao MP fiscalizarem isso. 
 
Hipótese em que o paciente e seu filho foram acusados de tráfico de drogas, sendo 
que o filho imputava a responsabilidade penal a seu pai e ambos foram 
patrocinados pelo mesmo advogado. O defensor apresentou alegações finais 
defendendo apenas o filho e acusando o pai. Havendo teses defensivas 
conflitantes, fica clara a impossibilidade de que pai e filho fossem patrocinados pelo 
mesmo advogado. É evidente, assim, o conflito de interesses e a colidência de 
defesa, que provocou prejuízo ao paciente, haja vista a condenação à reprimenda 
de 12 (doze) anos de reclusão”. (STJ, 6ª Turma, HC 86.392/PA, Rel. Min. Maria 
Thereza de Assis Moura, j. 25/05/2010) 
 
4.1.4 Princípio da Plenitude da Defesa 
 
Aplicado especificamente ao Tribunal do Júri. 
● A atenção do juiz com a efetividade da defesa do réu deve ser ainda maior; 
● É possível apresentar nova tese na tréplica; 
● Ampliação do tempo de defesa nos debates sem que igual direito seja concedido ao MP. 
 
4.1.5 Princípio do In Dubio Pro Reo 
 
Envolve regra de tratamento que milita em favor do acusado. O juiz só pode proferir decreto 
condenatório se não existirem dúvidas acerca da autoria e materialidade do delito, sendo indispensável um 
juízo de certeza para a condenação. 
Se houver dúvida na interpretação de determinado artigo de lei processual penal, deve ser 
privilegiada a interpretação que beneficie o réu. 
 
STJ: O princípio NÃO tem aplicação nas fases de oferecimento da denúncia e na 
prolação de decisão de pronúncia do Tribunal do Júri, em que, como regra, 
prevalece o princípio do in dubio pro societate. 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
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STF: Recentemente, proferiu julgado crítico ao princípio do in dubio pro societate 
na decisão da fase de pronúncia. 
Penal e Processual Penal. 2. Júri. 3. Pronúncia e standard probatório: a decisão de 
pronúncia requer uma preponderância de provas, produzidas em juízo, que 
sustentem a tese acusatória, nos termos do art. 414, CPP. 4. Inadmissibilidade in 
dubio pro societate: além de não possuir amparo normativo, tal preceito ocasiona 
equívocos e desfoca o critério sobre o standard probatório necessário para a 
pronúncia. 5. Valoração racional da prova: embora inexistam critérios de valoração 
rigidamente definidos na lei, o juízo sobre fatos deve ser orientado por critérios de 
lógica e racionalidade, pois a valoração racional da prova é imposta pelo direito à 
prova (art. 5º, LV, CF) e pelo dever de motivação das decisões judiciais (art. 93, IX, 
CF). 6. Critérios de valoração utilizados no caso concreto: em lugar de testemunhas 
presenciais que foram ouvidas em juízo, deu-se maior valor a relato obtido somente 
na fase preliminar e a testemunha não presencial, que, não submetidos ao 
contraditório em juízo, não podem ser considerados elementos com força 
probatória suficiente para atestar a preponderância de provas incriminatórias. 7. 
Dúvida e impronúncia: diante de um estado de dúvida, em que há uma 
preponderância de provas no sentido da não participação dos acusados nas 
agressões e alguns elementos incriminatórios de menor força probatória, impõe-se 
a impronúncia dos imputados, o que não impede a reabertura do processo em caso 
de provas novas (art. 414, parágrafo único, CPP). Primazia da presunção de 
inocência (art. 5º, LVII, CF e art. 8.2, CADH). 8. Função da pronúncia: a primeira fase 
do procedimento do Júri consolida um filtro processual, que busca impedir o envio 
de casos sem um lastro probatório mínimo da acusação, de modo a se limitar o 
poder punitivo estatal em respeito aos direitos fundamentais. 9. Inexistência de 
violação à soberania dos veredictos: ainda que a Carta Magna preveja a existência 
do Tribunal do Júri e busque assegurar a efetividade de suas decisões, por exemplo 
ao limitar a sua possibilidade de alteração em recurso, a lógica do sistema bifásico 
é inerente à estruturação de um procedimento de júri compatível com o respeito 
aos direitos fundamentais e a um processo penal adequado às premissas do Estado 
democrático de Direito. 10. Negativa de seguimento ao Agravo em Recurso 
Extraordinário. Habeas corpus concedido de ofício para restabelecer a decisão de 
impronúncia proferida pelo juízo de primeiro grau, nos termos do voto do relator. 
(ARE 1067392, Relator(a): GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 
26/03/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-167 DIVULG 01-07-2020 PUBLIC 02-07-
2020) 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
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4.1.6 Princípio do Contraditório ou Bilateralidade da Audiência 
 
É o direito de ser intimado e se manifestar sobre fatos e provas. 
 
Art. 5º, LV, da CF: “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios 
e recursos a ela inerentes”. 
 
Elementos: 
● Direitoà informação – parte adversa deve estar ciente da existência da demanda ou dos argumentos 
da parte contrária. 
● Direito de participação – possibilidade de a parte oferecer reação, manifestação ou contrariedade á 
pretensão da parte contrária. 
● Direito e obrigatoriedade de assistência técnica de um defensor 
 
Nesse sentido, a parte tem direito à informação (por isso a grande importância dos atos de 
comunicação, citação, intimação e notificação) e o direito à participação (a parte precisa ter o direito de 
contrariar). Portanto, o contraditório seria a necessária informação às partes e a possível reação a atos 
desfavoráveis. 
 
Espécies: 
● Contraditório para a prova (contraditório real): É o contraditório realizado na formação do elemento 
de prova, sendo indispensável que sua produção ocorra na presença do órgão julgador e das partes. 
⋅ Ex.: Prova testemunhal. A prova testemunhal é produzida em contraditório real, pois ambas 
as partes estarão presente para acompanhar a produção da prova, podendo questionar as 
testemunhas, não apenas quanto a sua credibilidade, mas também quanto aos fatos. 
● Contraditório sobre a prova (contraditório diferido/postergado): É a atuação do contraditório após 
a formação da prova. 
⋅ Ex.: Interceptação telefônica. É claro que o acusado e seu advogado jamais podem tomar 
ciência antecipada quanto a uma interceptação telefônica em curso. Nesse caso, o 
contraditório será conferido quando concluída a interceptação. Portanto, concluída a 
interceptação, a mídia será juntada aos autos, assim como eventual relatório e laudo de 
gravação. É nesse momento que a defesa poderá exercer o contraditório. 
 
Observação: 
Se o promotor oferece uma denúncia e essa denúncia é rejeitada pelo juiz, é quase que intuitivo que a 
acusação irá recorrer (RESE no âmbito do CPP e apelação no âmbito dos juizados especiais). 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
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O acusado precisa ser intimado quanto a esse recurso? R.: SIM! Na condição de acusado, ele tem o interesse 
de que a decisão de rejeição de denuncia seja mantida pelo tribunal. Por isso dele deve ser intimado para 
que constitua um defensor para apresentar contrarrazões. 
 
Nesse sentido, entendimento sumulado do STF. 
SÚMULA 707 do STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões 
ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo. 
 
4.1.7 Princípio da Publicidade 
 
 Trata-se de um princípio claramente ligado ao caráter democrático do processo penal. Isso porque, 
a partir do momento que se assegura o princípio da publicidade, a ideia é de que a publicidade vai 
proporcionar o controle da sociedade sobre a atividade jurisdicional. 
 Alguns doutrinadores dizem que o princípio da publicidade funciona como uma garantia de segundo 
grau ou garantia de garantia (Ferrajoli). Garantia de segundo grau porque, na verdade, a publicidade 
proporciona o controle sobre outras garantias. Assim, a partir do momento em que se dá publicidade ao 
processo, poderemos analisar se as outras garantias também foram respeitadas (ex.: juiz natural, 
contraditório, ampla defesa, etc.). 
 
● Previsão legal: art. 93, IX, CF/88, art. 5°, LX, CF/88, art. 8°, 5, CADH, art. 792, CPP. 
 
Art. 93, IX, da CF - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão 
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei 
limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, 
ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do 
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; 
 
Art. 5º, LX, da CF - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais 
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; 
 
A requerimento do MP, o juiz deferiu que fossem oficiadas as companhias aéreas, 
telefônicas e instituições bancárias para requisição de informações sobre viagens 
feitas pelo réu e sobre os locais onde foram utilizados os seus cartões de crédito e 
telefones celulares. O magistrado autorizou tais medidas sem qualquer 
fundamentação. O STJ reconheceu que a decisão foi nula por ausência de 
motivação. Embora não sejam absolutas as restrições de acesso à privacidade e 
aos dados pessoais do cidadão, é imprescindível que qualquer decisão judicial 
explicite os seus motivos (art. 93, IX, da CF). As diligências invasivas de acesso a 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
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dados (bancários, telefônicos e de empresa de transporte aéreo), para serem 
deferidas, precisam ser motivadas com a menção à necessidade e 
proporcionalidade das diligências. STJ. 6ª Turma. REsp 1133877-PR, Rel. Min. Nefi 
Cordeiro, julgado em 19/8/2014 (Info 545). 
 
● Regra: Publicidade ampla, permitindo a todos o acesso ao processo e não apenas às partes e aos 
procuradores. 
 Dessa publicidade ampla se extrai 3 direitos: 
1) Direito de assistência à realização dos atos processuais: o público, as partes e os advogados 
podem acompanhar os atos processuais; 
2) Direito de narração dos atos processuais: da mesma forma que pode assistir, pode descrever 
os atos processuais; 
3) Consulta dos autos: qualquer pessoa pode acessar os autos. 
 
● Exceção: Publicidade restrita, com fundamento na própria CF/88 que prevê, em algumas situações, 
a possibilidade de restrição da publicidade. Será uma publicidade restrita apenas às partes e a seus 
advogados ou, apenas, a seus advogados. Pois, vez ou outra, o direito à intimidade deve prevalecer 
sobre o direito à informação. 
 
Art. 8º, item 5, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos – “O processo 
penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os interesses da 
justiça”; 
 
Art. 792 do CPP - As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, 
públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos 
escrivães, do secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora 
certos, ou previamente designados. 
 
§1° Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar 
escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o 
tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do 
Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando 
o número de pessoas que possam estar presentes. 
§2o As audiências, as sessões e os atos processuais, em caso de necessidade, 
poderão realizar-se na residência do juiz, ou em outra casa por ele especialmente 
designada. (regra caiu em desuso). 
 
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Art. 234-B do CP - Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título 
[crimes sexuais] correrão em segredo de justiça. 
 
No caso de processo penal que tramita sob segredo de justiça em razão da 
qualidade da vítima (criança ou adolescente), o nome completo do acusado e a 
tipificação legal do delito podem constar entre os dados básicos do processo 
disponibilizados para consulta livre no sítio eletrônico do Tribunal, ainda que os 
crimes apurados se relacionem com pornografia infantil. Muito embora o delito de 
divulgação de pornografia infantil possa causar repulsa à sociedade, não constitui 
violação ao direito de intimidade do réu a indicação, no site da Justiça, do nome de 
acusado maior de idade e da tipificação do delito pelo qual responde em ação 
penal, ainda que o processo tramite sob segredo de justiça. STJ. 5ª Turma. RMS 
49920-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 2/8/2016 (Info 587). 
 
ATENÇÃO: Na visão dos Tribunais Superiores o segredo de justiça está dentro da cláusula de reserva de 
jurisdição (STF: MS 27.483/DF). Ou seja, quando o segredo de justiça for decretado pelo juiz, somente opróprio juiz ou uma autoridade jurisdicional superior poderá remover esse segredo de justiça. 
 
Ex.: CPI dos grampos. A CPI quis ter acesso a todos os processos que tinham interceptação telefônica. O STF 
não deixou, pois, se há interceptação telefônica, é uma hipótese de publicidade restrita, então somente uma 
autoridade jurisdicional pode remover o segredo de justiça. 
 
STF - MS 27.483/DF: “Comissão Parlamentar de Inquérito não tem poder jurídico 
de, mediante requisição, a operadoras de telefonia, de cópias de decisão nem de 
mandado judicial de interceptação telefônica, quebrar sigilo imposto a processo 
sujeito a segredo de justiça. Este é oponível a Comissão Parlamentar de Inquérito, 
representando expressiva limitação aos seus poderes constitucionais”. (STF, 
Tribunal Pleno, MS 27.483/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, DJe 192 09/10/2008). 
 
4.1.8 Princípio da Vedação das Provas Ilícitas 
 
É vedado o uso de provas ilícitas no processo. 
 
Art. 5º, LVI, da CF: São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios 
ilícitos. 
 
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O reconhecimento da prova ilícita ou da prova ilegítima que enseja a nulidade absoluta tem como 
consequência imediata o desentranhamento dos autos e sua inutilização, para que não se possa influenciar 
indevidamente o convencimento do magistrado. 
 
Cuidado! O que deve ser desentranhado dos autos é a PROVA, e não os autos processuais que fazem 
menção à prova ilícita. Assim já decidiu o STF: 
 
As peças processuais que fazem referência à prova declarada ilícita não devem 
ser desentranhadas do processo. Se determinada prova é considerada ilícita, ela 
deverá ser desentranhada do processo. Por outro lado, as peças do processo que 
fazem referência a essa prova (exs: denúncia, pronúncia etc.) não devem ser 
desentranhadas e substituídas. A denúncia, a sentença de pronúncia e as demais 
peças judiciais não são "provas" do crime e, por essa razão, estão fora da regra que 
determina a exclusão das provas obtidas por meios ilícitos prevista art. 157 do CPP. 
Assim, a legislação, ao tratar das provas ilícitas e derivadas, não determina a 
exclusão de "peças processuais" que a elas façam referência. STF. 2ª Turma. RHC 
137368/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 29/11/2016 (Info 849). 
 
Contudo, a prova ilícita NÃO será inutilizada quando: 
1) Pertencer licitamente a alguém; 
2) Prova ilícita consistir no próprio corpo de delito em relação àquele que praticou um crime para obtê-
la. 
 
Obs.: O STF começou a admitir, excepcionalmente, a utilização da prova ilícita em benefício do réu inocente 
que produziu prova para a sua absolvição. 
 
 Iremos aprofundar o tema quando tratarmos de Teoria Geral das Provas. 
 
4.1.9 Princípio da Economia Processual, Celeridade Processual e Duração Razoável Do Processo 
 
Trata-se do princípio que ensejou a edição da EC 45/04, responsável por introduzir a razoável 
duração do processo enquanto direito fundamental no art. 5, LXXVII, CF. 
Assim, a duração razoável do processo corresponde à busca pelo equilíbrio: o processo não pode ser 
moroso ao ponto de ensejar a impunidade, mas também não tão célere de modo a inobservar as garantias 
do acusado. 
Apresenta algumas consequências: 
● As prisões cautelares devem persistir por tempo razoável, enquanto presentes as necessidades; 
● Possibilidade de utilizar a carta precatória itinerante; 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/91665c93b72f55b2e4f1048fc8289d04?categoria=12&subcategoria=130
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/91665c93b72f55b2e4f1048fc8289d04?categoria=12&subcategoria=130
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● A suspensão do processo, havendo questão prejudicial, só deve ser feita quando há caso de difícil 
solução. 
 
Veja a dica do professor Tiago Dantas: 
 
https://youtu.be/W1KoG7UnrJw 
 
 
4.1.10 Princípio do Devido Processo Legal 
 
 É um princípio expressamente previsto na Constituição Federal. 
 
Art. 5, LIV, da CF - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido 
processo legal. 
 
“O devido processo legal é o estabelecido em lei, devendo traduzir-se em sinônimo 
de garantia, atendendo assim aos ditames constitucionais. Com isto, consagra-se a 
necessidade do processo tipificado, sem a supressão e/ou desvirtuamento de atos 
essenciais” (TÁVORA, 2017, p. 68). 
 
Subdividido em: 
● Aspecto material ou substancial: Ninguém será processado, senão por crime previsto em lei; 
● Aspecto processual ou procedimental: Atrelado à possibilidade de produzir provas. 
 
4.1.11 Juiz Imparcial ou Natural 
 
a) Previsão constitucional: art. 5°, XXXVII e LIII, CF/88 
 
Art. 5º, XXXVII, da CF: não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
https://youtu.be/W1KoG7UnrJw
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Art. 5º, LIII, da CF: ninguém será processado nem sentenciado senão pela 
autoridade competente; 
 
b) Conceito 
 
Consiste no direito que cada cidadão possui de conhecer antecipadamente a autoridade jurisdicional 
que o processará e o julgará. A ideia do juiz natural está relacionada com a imparcialidade. Isso porque, a 
partir do momento em que a competência é estabelecida de maneira prévia e abstrata, de certa forma é 
possível proteger a imparcialidade daquele magistrado. 
 
c) Regras de Proteção que derivam do Juiz Natural 
 
Do princípio do juiz natural derivam 3 regras fundamentais: 
● Só podem exercer jurisdição os órgãos instituídos pela Constituição; 
● Ninguém pode ser julgado por órgão instituído após o fato; 
● Entre os juízes pré-constituídos vigoram regras de competência que excluem qualquer tipo de 
discricionariedade. 
 
Obs.1: Convocação de juízes de 1º grau para substituir desembargadores não viola o princípio do juiz 
natural. 
Não ofende o princípio do juiz natural à convocação de juízes de primeiro grau 
para, nos casos de afastamento eventual do desembargador titular, compor o 
órgão julgador do respectivo Tribunal, desde que observadas as diretrizes legais 
federais ou estaduais, conforme o caso. Precedentes do STF e do STJ. Na hipótese 
em tela, o Tribunal de Justiça paulista procedeu a convocações de juízes de primeiro 
grau para formação de Câmaras Julgadoras, valendo-se de um sistema de 
voluntariado, sem a observância da regra legal instituída (Lei Complementar n.º 
646/90 do Estado de São Paulo), qual seja, a de realização de concurso de remoção, 
tornando nula a atuação do magistrado de primeiro grau convocado nessas 
circunstâncias. Ordem concedida para anular o julgamento do recurso de apelação, 
determinando a sua renovação por Turma Julgadora, com a observância da lei de 
regência. (STJ, 5ª Turma, HC 111.919/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 18/11/2008, Dje 
02/02/2009). 
 
Obs.2: Julgamento por turma (ou câmara) composta, em sua maioria, por juízes convocados não viola o 
princípio do juiz natural. 
Esta Corte já firmou entendimento no sentido da constitucionalidade da Lei 
Complementar 646/1990, do Estado de São Paulo, que disciplinou a convocação de 
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juízes de primeiro grau para substituição de desembargadores do TJ/SP. Da mesma 
forma, não viola o postulado constitucional do juiz natural o julgamento de 
apelação por órgão composto majoritariamente por juízes convocados na forma 
de edital publicado na imprensa oficial. Colegiados constituídos por magistrados 
togados, que os integram mediante inscrição voluntária e a quem a distribuição de 
processos é feita aleatoriamente. Julgamentos realizados com estrita observância 
do princípio da publicidade, bem como do direito ao devido processo legal, à ampla 
defesa e ao contraditório. Ordem denegada. (STF, Pleno, HC 96.821/SP, Rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, j. 08/04/2010).É pacífico o entendimento deste Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal 
Federal no sentido de ser perfeitamente possível a convocação de juízes de 
primeiro grau para substituírem desembargadores nos Tribunais, quando, em 
conformidade com a legislação de regência, não há qualquer ofensa à Constituição 
Federal. O caso em apreço não se amolda à hipótese acima, tendo em vista tratar-
se de ação penal originária, porquanto, em última análise, refere-se às 
prerrogativas dos membros do Ministério Público que, por expressa previsão 
constitucional (art. 96, inciso III), possuem foro privilegiado por prerrogativa de 
função. Prevendo o Regimento Interno do Tribunal de Justiça Estadual, vigente à 
época do julgamento do paciente, de que era necessária a presença de pelo menos 
dois terços de seus membros na sessão de julgamento, viola o princípio do juiz 
natural quando o referido quórum é completado com juízes de primeiro grau 
convocados. (STJ, 6ª Turma, HC 88.739/BA, Rel. Min. Haroldo Rodrigues, j. 
15/06/2010). 
 
 O tema será aprofundado quando falarmos de Competência, tendo em vista que são assuntos 
diretamente ligados entre si. 
 
4.2 Princípios Constitucionais Implícitos 
 
4.2.1 Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere (Princípio De Que Ninguém Está Obrigado A Produzir Prova 
Contra Si Mesmo) 
 
a) Conceito 
 
A garantia da não autoincriminação consiste no direito de não produzir prova contra si próprio, essa 
garantia vem sendo muito cobrada em prova no termo em latim “nemo tenetur se detegere” que está 
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positivado no artigo 8º, g, do Pacto de São José da Costa Rica, garantindo à pessoa o “direito de não ser 
obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada”. 
 
b) Previsão Normativa: 
 
Na CF/88 (art. 5º, LXIII), através da menção ao direito ao silêncio, que é um dos desdobramentos do 
princípio do nemo tenetur se detegere. 
 
Art.5º, LXIII, CF - O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de 
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; 
 
Na CADH (art.8º, item 2, alínea “g”): 
 
Artigo 8º, item 2, CADH – (...) durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena 
igualdade, às seguintes garantias mínimas:(...) g) direito de não ser obrigado a 
depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada; e 
 
c) Titularidade 
 
A CF faz referência ao preso, mas como se trata de um direito fundamental, a interpretação deve ser 
feita de maneira extensiva. Desta forma, o titular é o indivíduo suspeito, investigado, indiciado pela 
autoridade policial bem como o acusado pelo MP, pouco importa se está preso ou solto. 
● Abrange o suspeito, investigado, indiciado ou o acusado. 
● A testemunha tem a obrigação de dizer a verdade, sob pena de responder pelo crime de falso 
testemunho. Entretanto, se das perguntas a ela formuladas puder resultar uma autoincriminação, 
também poderá invocar este princípio (Info 754 STF). 
● O imputado deve ser advertido acerca do direito de não produzir prova contra si mesmo, sob pena 
de ilicitude das provas obtidas. 
 
Art. 5º, LXIII, da CF - O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de 
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado. 
 
d) Desdobramentos do Princípio da Não Autoincriminação 
 
1) Direito ao silêncio 
 
Consiste no direito de não responder às perguntas formuladas pela autoridade, funcionando como 
espécie de manifestação passiva de defesa. É uma forma de se exercer a autodefesa. 
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2) Inexigibilidade de dizer a verdade ou direito de mentir 
 
Cuidado! Mentiras defensivas são toleradas pelo ordenamento jurídico, porém mentiras agressivas, 
incriminadoras de 3º NÃO estão sob o manto do direito de defesa. 
 
3) Direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo 
 
Consiste no direito de não adotar comportamentos ativos que colaborem com a atividade 
persecutória do Estado. 
Por comportamento ativo, entende-se um “fazer” por parte do acusado, a exemplo do fornecimento 
do padrão vocal para realização de exame de espectrograma; fornecimento de material escrito para exame 
grafotécnico; exame de bafômetro. 
Nesse sentido a jurisprudência: 
 
(...) O privilégio contra a autoincriminação, garantia constitucional, permite ao 
paciente o exercício do direito de silêncio, não estando, por essa razão, obrigado a 
fornecer os padrões vocais necessários a subsidiar prova pericial que entende lhe 
ser desfavorável. Ordem deferida, em parte, apenas para, confirmando a medida 
liminar, assegurar ao paciente o exercício do direito de silêncio, do qual deverá ser 
formalmente advertido e documentado pela autoridade designada para a 
realização da perícia. (STF, 2ª Turma, HC 83.096/RJ, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 
12/12/2003 p. 89). 
 
Acerca da recusa ao teste do bafômetro, nas palavras de Renato Brasileiro de Lima: 
 
O fato de o art. 277, § 3º, do CTB, prever a aplicação de penalidades e medidas 
administrativas ao condutor que não se sujeitar a qualquer dos procedimentos 
previstos no caput do referido artigo é perfeitamente constitucional. Ao contrário 
do que ocorre no âmbito criminal, em que, por força do princípio da presunção de 
inocência, não se admite eventual inversão do ônus da prova em virtude de recusa 
do acusado em se submeter a uma prova invasiva, no âmbito administrativo, o 
agente também não é obrigado a produzir prova contra si mesmo, porém, como 
não se aplica a regra probatória que deriva do princípio da presunção de inocência, 
a controvérsia pode ser resolvida com base na regra do ônus da prova, sendo que 
a recusa do agente em se submeter ao exame pode ser interpretada em seu 
prejuízo, no contexto do conjunto probatório, com a consequente imposição das 
penalidades e das medidas administrativas previstas no art. 165 do CTB. (LIMA, 
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Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 81-
82). 
 
Atualmente, há teste de bafômetro ativo (não é obrigado a realizar, pois pode acarretar 
autoincriminação) e teste de bafômetro passivo, em que é colocado um objeto próximo ao agente, capaz de 
captar, por meio da respiração, o teor alcoólico. Este último, por não demandar qualquer comportamento 
do agente, pode ser realizado, mesmo contra sua vontade. 
Tratando-se de comportamentos passivos, em que o agente se sujeita a prova, não há proteção do 
referido princípio, a exemplo do reconhecimento de pessoas e coisas. 
 
O STF entendeu que o direito a não autoincriminação não assegura ao acusado o direito de ocultar ou falsear 
a sua identidade (1ªT, RE n2 561.704, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 64 02/04/2009). 
 
No mesmo sentido, o STJ, possui entendimento sumulado. SUM 522: A conduta de atribuir-se falsa 
identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa. 
 
4) Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva 
 
É preciso realizar uma distinção entre a prova invasiva e a prova não invasiva, visto que apenas aquela 
encontra proteção no princípio ora analisado. 
● Prova invasiva - Implica na penetração do organismo humano e na extração de uma parte dele. Como 
exemplo, podemos citar: coleta de sangue, soprar bafômetro. 
● Prova não invasiva - É aquela em que não há penetração no organismo humano. Admite-se a coleta, 
mas não deve ser retirada do corpo. Por exemplo, o fio de cabelo coletado de um pente. O mesmo 
vale para a coleta de lixo, de placenta descartada (caso Glória Trevi). 
 
 Caso Glória Trevi: o STF entendeu pela a legalidade da determinação de coleta da placenta no 
procedimento médico do parto da cantora chilena G. T., a fim de que fosse possível, posteriormente,a 
realização do exame de DNA, de modo a dirimir a dúvida quanto a quem era o pai da criança. Nessa situação, 
a intervenção médica era necessária e não houve a coleta à força da placenta, uma vez que esta é expelida 
do corpo humano como consequência natural do processo de parto. 
 
(...) Coleta de material biológico da placenta, com propósito de se fazer exame de 
DNA, para averiguação de paternidade do nascituro, embora a oposição da 
extraditanda. (....) Mantida a determinação ao Diretor do Hospital Regional da Asa 
Norte, quanto à realização da coleta da placenta do filho da extraditanda. (...) Bens 
jurídicos constitucionais como “moralidade administrativa”, “persecução penal 
pública” e “segurança pública” que se acrescem, - como bens da comunidade, na 
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expressão de Canotilho, - ao direito fundamental à honra (CF, art. 5°, X), bem assim 
direito à honra e à imagem de policiais federais acusados de estupro da 
extraditanda, nas dependências da Polícia Federal, e direito à imagem da própria 
instituição, em confronto com o alegado direito da reclamante à intimidade e a 
preservar a identidade do pai de seu filho. (...) Mérito do pedido do Ministério 
Público Federal julgado, desde logo, e deferido, em parte, para autorizar a 
realização do exame de DNA do filho da reclamante, com a utilização da placenta 
recolhida, sendo, entretanto, indeferida a súplica de entrega à Polícia Federal do 
“prontuário médico” da reclamante. (STF, Tribunal Pleno, Rcl-QO 2.040/DF, Rel. 
Min. Néri da Silveira, DJ 27/06/2003 p. 31). 
 
Ressalta-se que o raio-x, segundo o STJ (HC 149.146/SP), é considerado prova não invasiva. Logo, 
poderá ser realizado mesmo contra a vontade do indivíduo. 
Nesse sentido, Renato Brasileiro explica que no caso das chamadas “mulas”, que transportam drogas 
no organismo humano, não é possível obrigar a pessoa a realizar uma cirurgia para retirada ou que ela 
consuma algum tipo de remédio para expelir o conteúdo da droga. É possível, no entanto, a realização de um 
raio-x, que é modalidade de prova não invasiva. 
 
(...) A Constituição Federal, na esteira da Convenção Americana de Direitos 
Humanos e do Pacto de São José da Costa Rica, consagrou, em seu art. 5º, inciso 
LXIII, o princípio de que ninguém pode ser compelido a produzir prova contra si. 
Não há, nos autos, qualquer comprovação de que tenha havido abuso por parte 
dos policiais na obtenção da prova que ora se impugna. Ao contrário, verifica-se 
que os pacientes assumiram a ingestão da droga, narrando, inclusive, detalhes da 
ação que culminaria no tráfico internacional da cocaína apreendida para a Angola, 
o que denota cooperação com a atividade policial, refutando qualquer alegação de 
coação na colheita da prova. Ademais, é sabido que a ingestão de cápsulas de 
cocaína causa risco de morte, motivo pelo qual a constatação do transporte da 
droga no organismo humano, com o posterior procedimento apto a expeli-la, 
traduz em verdadeira intervenção estatal em favor da integridade física e, mais 
ainda, da vida, bens jurídicos estes largamente tutelados pelo ordenamento. 
Mesmo não fossem realizadas as radiografias abdominais, o próprio organismo, se 
o pior não ocorresse, expeliria naturalmente as cápsulas ingeridas, de forma a 
permitir a comprovação da ocorrência do crime de tráfico de entorpecentes. (...) 
Ordem denegada. (STJ, 6ª Turma, HC 149.146/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado 
em 05/04/2011). 
 
ATENÇÃO! Nemo tenetur se detegere e a prática de outros ilícitos. 
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O princípio nemo tenetur se detegere não tem natureza absoluta, podendo constituir conduta 
criminosa, determinados comportamentos empregados a pretexto de estarem amparados pelo referido 
princípio. Assim, apesar de ninguém ser obrigado a produzir provas contra si mesmo, nenhum direito pode 
ser usado como escudo protetor para a realização de atividades ilícitas. Nesse sentido, vejamos alguns 
exemplos. 
 
Ex1.: Crime de Fraude Processual (art. 347, CP). 
 
Fraude processual Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil 
ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a 
erro o juiz ou o perito: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. 
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, 
ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. 
 
Foi o que aconteceu no caso do Casal Nardoni, acusado e condenado por fraude processual. A defesa, 
no caso deste crime específico (alteração da cena do crime), alegou o princípio do nemo tenetur se detegere, 
afirmando que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Entretanto, tal princípio não dá 
direito à pessoa de cometer outras infrações para se eximir da anterior. 
 
O Superior Tribunal de Justiça assim se pronunciou no habeas corpus impetrado em 
favor de A. N. e A. C. J, denunciados pelo homicídio triplamente qualificado de 
Isabela Nardoni, e também por fraude processual, em decorrência da alteração do 
local do crime: (...) O direito à não auto-incriminação não abrange a possibilidade 
de os acusados alterarem a cena do crime, inovando o estado de lugar, de coisa ou 
de pessoa, para, criando artificiosamente outra realidade, levar peritos ou o próprio 
Juiz a erro de avaliação relevante (...). (STJ, 5 Turma, HC 137.206/SP, Rel. Min. 
Napoleão Nunes Maia Filho, j. 01/12/2009, DJe 01/02/2010). 
 
Ex2.: Fuga do local de ocorrência de trânsito (art. 305 do CTB). 
 
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à 
responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída: Penas - detenção, de 
seis meses a um ano, ou multa. 
 
No caso de crimes de trânsito, o afastamento do condutor do local do acidente enseja algumas 
divergências. Alguns doutrinadores consideram que tal crime seria inconstitucional. Entretanto, no fim de 
2018, o STF considerou este crime constitucional, afirmando que o condutor tem o dever de permanecer no 
local, mas não é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Vejamos: 
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(...) “A regra que prevê o crime do art. 305 do CTB é constitucional posto não 
infirmar o princípio da não incriminação, garantido o direito ao silêncio e as 
hipóteses de exclusão de tipicidade e de antijuridicidade”. À semelhança do que já 
fora decidido pelo Supremo no julgamento do RE 640.139, quando se afirmou que 
o princípio constitucional da autoincriminação não alcança aquele que atribui falsa 
identidade perante autoridade policial com o intuito de ocultar maus antecedentes, 
prevaleceu o entendimento de que não há direitos absolutos e que, no sistema de 
ponderação de valores, há de ser admitida certa mitigação, até mesmo do princípio 
da não autoincriminação. Na visão da Corte, a exigência de permanência no local 
do acidente e de identificação perante a autoridade de trânsito não obriga o 
condutor a assumir expressamente sua responsabilidade civil ou penal e tampouco 
enseja que seja aplicada contra ele qualquer penalidade caso assim não o proceda. 
Na verdade, a depender do caso concreto, a sua permanência no local pode até 
constituir um meio de autodefesa, na medida em que terá a oportunidade de 
esclarecer, de imediato, eventuais circunstâncias do acidente que lhe sejam 
favoráveis. (STF, Pleno, RE 971.959/RS, Rel. Min. Luiz Fux, j. 14/11/2018). 
 
 Iremos aprofundar um pouco mais o tema na aula de Teoria Geral da Prova. 
 
Obs1.: O Aviso de Miranda é uma construção do direito norte-americano, segundo o qual, o policial, no 
momento da prisão, deve relatar para o preso os seus direitos, sob pena de invalidação do que por ele for 
dito. Conforme leciona Renato Brasileiro (2017, p. 71), os “Miranda Warnings” têm origem nojulgamento 
Miranda V. Arizona, em que a Suprema Corte americana firmou o entendimento de que nenhuma validade 
pode ser conferida às declarações feitas pela pessoa à polícia, a não ser que antes tenha sido claramente 
informada de: 
I- Que tem o direito de não responder; 
II- Que tudo o que disser pode vir a ser utilizado contra ela; 
III- Que tem o direito à assistência de defensor escolhido ou nomeado. 
 
Obs2.: O art. 2º, §6º, da Lei nº 7.960/89 (prisão temporária) prevê que, efetuada a prisão, a autoridade 
policial informará o preso dos direitos previstos no art. 5º da Constituição Federal, por meio de uma nota de 
ciência. 
 
Entendimentos do STF: 
1. O acusado não está obrigado a fornecer padrões vocais necessários a subsidiar prova pericial de 
verificação de interlocutor (HC 83.096/RJ). 
2. O acusado não está obrigado a fornecer material para exame grafotécnico (HC 77135/SP). 
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3. Configura constrangimento ilegal a decretação de prisão preventiva de indiciados diante da recusa 
destes em participarem de reconstituição do crime (HC 99.245/RJ). 
 
Vamos aprofundar o assunto: 
Há na jurisprudência diversas manifestações acerca do dever de advertência. Como exemplo, os 
casos em policiais gravaram conversa informal com o preso, sem que lhe fosse avisado acerca do seu direito 
ao silêncio. 
 
(...) Gravação clandestina de “conversa informal” do indiciado com policiais. 
Ilicitude decorrente - quando não da evidência de estar o suspeito, na ocasião, 
ilegalmente preso ou da falta de prova idônea do seu assentimento à gravação 
ambiental - de constituir, dita “conversa informal”, modalidade de “interrogatório” 
sub-reptício, o qual - além de realizar-se sem as formalidades legais do 
interrogatório no inquérito policial (CPP, art. 6º, V) -, se faz sem que o indiciado seja 
advertido do seu direito ao silêncio. O privilégio contra a autoincriminação - nemo 
tenetur se detegere -, erigido em garantia fundamental pela Constituição - além da 
inconstitucionalidade superveniente da parte final do art. 186 CPP. - Importou 
compelir o inquiridor, na polícia ou em juízo, ao dever de advertir o interrogado do 
seu direito ao silêncio: a falta da advertência - e da sua documentação formal - faz 
ilícita a prova que, contra si mesmo, forneça o indiciado ou acusado no 
interrogatório formal e, com mais razão, em “conversa informal” gravada, 
clandestinamente ou não. (...). (STF, 1ª Turma, HC 80.949/RJ, Rel. Min. Sepúlveda 
Pertence, DJ 14/12/2001). 
 
Ilicitude de gravação ambiental sem o conhecimento do preso. 
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. INVESTIGAÇÃO 
POLICIAL. EXERCÍCIO DO DIREITO DE PERMANECER CALADO MANIFESTADO 
EXPRESSAMENTE PELO INDICIADO (ART. 5º, LXIII, DA CF). GRAVAÇÃO DE CONVERSA 
INFORMAL REALIZADA PELOS POLICIAIS QUE EFETUARAM A PRISÃO EM 
FLAGRANTE. ELEMENTO DE INFORMAÇÃO CONSIDERADO ILÍCITO. VULNERAÇÃO 
DE DIREITO CONSTITUCIONALMENTE ASSEGURADO. INAPLICABILIDADE DO 
ENTENDIMENTO NO SENTIDO DA LICITUDE DA PROVA COLETADA QUANDO UM 
DOS INTERLOCUTORES TEM CIÊNCIA DA GRAVAÇÃO DO DIÁLOGO. SITUAÇÃO 
DIVERSA. 
DIREITO À NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO QUE DEVE PREVALECER SOBRE O DEVER-
PODER DO ESTADO DE REALIZAR A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL. (HC 244.977/SC, Rel. 
Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 25/09/2012, DJe 
09/10/2012) 
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Em relação à imprensa, podemos citar duas correntes: 
▪ 1ªC: Há doutrinadores que afirmam que este dever de advertência vale para todos, inclusive 
para os particulares, seria a aplicação da eficácia horizontal dos direitos fundamentais. 
Portanto, a imprensa teria a obrigação de advertir o agente acerca do seu direito de 
permanecer calado. 
▪ 2ºC: STF, no entanto, não adota tal posicionamento. Assim, o dever de advertência vale 
apenas para o Estado. Nesse sentido: 
 
(...) Alegação de ilicitude da prova, consistente em entrevista concedida pelo 
paciente ao jornal “A Tribuna”, na qual narra o modus operandi de dois homicídios 
perpetrados no Estado do Espírito Santo, na medida em que não teria sido 
advertido do direito de permanecer calado. Entrevista concedida de forma 
espontânea. Constrangimento ilegal não caracterizado. Ordem denegada. (STF, 2ª 
Turma, HC 99.558/ES, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 14/12/2010). 
 
4.2.2 Princípio da Iniciativa das Partes 
 
É vedada a propositura de ação penal pelo magistrado, reservando-se essa iniciativa apenas à parte. 
Em conformidade com o sistema acusatório, o juiz não pode iniciar um processo penal sem provocação 
anterior (nemo judex actore ou ne procedat judex ex officio). 
Entretanto, a doutrina aponta duas exceções ao princípio da iniciativa das partes. O juiz pode agir de 
ofício: 
a) Quando a situação disser respeito ao direito de liberdade do agente, o que se verifica na expedição 
de habeas corpus de ofício (art. 654, § 2º, CPP); e 
b) Quando se tratar do início da execução penal (art. 195, Lei 7.210/84). 
 
4.2.3 Duplo Grau de Jurisdição 
 
NÃO é princípio constitucional expresso, embora exista doutrina que defenda ser decorrência da 
ampla defesa. 
Além disso, decorre de direitos previstos em tratados de direitos humanos, como o já mencionado 
Pacto de São José da Costa Rica que, em seu art. 8.2, h, dispõe que: “(...) durante o processo, toda pessoa 
tem, em plena igualdade, o direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior.” 
 
4.2.4 Princípio da Oficialidade 
 
 A atividade de persecução criminal deve ocorrer por órgão oficial. Aplicável à ação penal pública. 
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4.2.5 Princípio da Oficiosidade 
 
As autoridades incumbidas da persecução penal devem agir de ofício, ou seja, independentemente 
de provocação, salvo exceções. Ex.: crimes de ação penal condicionada ou de ação penal de iniciativa privada. 
 
 Será aprofundado no tema Ação Penal. 
 
Cuidado! NÃO confunda os princípios da oficialidade e oficiosidade, visto que apesar da denominação 
similar, possuem conceituações distintas conforme apontado acima. 
 
5. OUTROS PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL 
 
5.1 Princípio da Oralidade 
 
A prova oral prevalece sobre a escrita. Desse princípio decorre: 
 
● Princípio da Concentração: Toda a colheita de prova e julgamento devem ocorrer em uma única 
audiência. 
● Princípio da Imediaticidade: O magistrado deve ter contato direto com a prova produzida. 
● Princípio da Identidade Física do Juiz: O juiz que instrui o processo deve julgá-lo. 
 
5.2 Indivisibilidade da Ação Penal Privada 
 
NÃO pode o ofendido escolher contra qual agente ofertará a ação penal privada. 
 
ATENÇÃO: Para o STF, a ação penal pública é divisível, pois o MP pode, até sentença final, incluir novos 
agentes por aditamento à denúncia ou oferecer nova ação penal, caso já prolatada sentença no feito. 
Todavia, para doutrina majoritária, prevalece a indivisibilidade. 
 
 Será aprofundado no tema Ação Penal. 
 
5.3 Comunhão da Prova 
 
Uma vez produzida, a prova não pertence mais a parte que a produziu, mas ao processo. Nesse 
sentido, o magistrado pode valer-se de uma prova produzida pela parte para proferir decisão em seu 
desfavor, de acordo com o seu livre convencimento motivado. 
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5.4 Impulso Oficial 
 
Atrelado aos princípios da obrigatoriedade e indeclinabilidade da ação penal. 
Uma vez iniciado, o processo tem curso por impulso oficial, ou seja, o juiz, de ofício, dará andamento 
ao processo até o seu fim, objetivando a prolação de uma decisão final. Assim, não é possível a paralisação 
do procedimento pela inércia ou omissão das partes, caminhando-se para a resolução do litígio de forma 
definitiva, enquanto objetivo do processo. 
 
6. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL6.1 Aplicação da Lei Processual no Tempo 
 
 É o estudo do direito intertemporal, ou seja, o direito que regula a sucessão de leis no tempo. 
 
a) Normas de Direito Penal: 
Princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa, do qual deriva o princípio da ultratividade da 
lei penal mais benéfica. A lei nova só vai valer para os crimes praticados a partir daquele momento. 
 
Art. 5, XL, da CF – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
 
b) Normas de Direito Processual Penal 
 
Existem duas espécies de normas de Direito Processual Penal. 
● Norma genuinamente processual; 
● Norma processual material, mista ou híbrida. 
Dependendo da espécie de norma processual penal os critérios de aplicação serão diferentes. 
 
1) Norma genuinamente processual - São aquelas que cuidam de procedimentos, atos processuais, 
técnicas do processo. Ou seja, não dizem respeito a pretensão punitiva. Nesse caso, o critério a ser 
aplicado é o previsto no art. 2°, CPP (princípio da aplicação imediata). 
 
Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos 
atos realizados sob a vigência da lei anterior. 
 
Pelo princípio do efeito imediato, a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da 
validade dos atos praticados sob a vigência da lei anterior. Como consequência, a lei processual penal será 
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aplicada de imediato, seja benéfica ou maléfica (não se aplica o princípio da retroatividade da lei benéfica, 
como ocorre no Direito Penal). 
Portanto, do princípio da aplicação imediata derivam 2 regras fundamentais: 
1ª - A lei genuinamente processual tem aplicação imediata; 
2ª - A vigência dessa nova lei não invalida os atos processuais anteriores. Se o ato processual 
já foi praticado e foi em consonância com a lei processual vigente, significa que o ato é válido, 
não devendo ser anulado só porque houve a superveniência de uma nova lei. 
Assim, o ordenamento jurídico brasileiro adota o sistema do isolamento dos atos do processo 
(tempus regit actum), segundo o qual a lei será aplicada unicamente em relação ao ato processual e, uma 
vez praticado este, a nova lei processual já poderá ter incidência sobre os atos futuros. 
 
2) Norma processual material (mista ou híbrida) - São aquelas que possuem caráter dúplice, de direito 
penal e de processo penal. 
Norma processual material (mista) = norma de direito penal + norma de direito processual penal. 
● Normas Penais - São aquelas que cuidam do crime, da pena, da medida de segurança, dos efeitos da 
condenação e do direito de punir do Estado. Ex.: causas extintivas da punibilidade. 
● Normas Processuais Penais - São aquelas que versam sobre o processo desde o seu início até o final 
da execução ou extinção da punibilidade. 
Assim, se um dispositivo legal, embora inserido em lei processual, versa sobre regra penal, de direito 
material, a ele serão aplicáveis os princípios que regem a lei penal, de ultratividade e retroatividade da lei 
mais benigna. 
Conclusão: Quando se tratar de norma processual mista, o critério a ser aplicado é o critério do 
direito penal, ou seja, irretroatividade da lei mais grave e ultratividade da lei mais benigna. 
● Se o aspecto penal for benéfico: prevalece o aspecto penal, e a lei retroage por completo; 
● Se o aspecto penal for maléfico: a lei NÃO retroage. 
 
ATENÇÃO! Normas heterotópicas são aquelas em que, apesar de seu conteúdo conferir-lhe uma 
determinada natureza, encontra-se prevista em diploma de natureza distinta. Ou seja, é uma norma penal 
colocada no CPP, ou então norma processual penal colocada no CP. 
 
Nas palavras de Noberto Avena: Há determinadas regras que, não obstante previstas em diplomas 
processuais penais, possuem conteúdo material, devendo, pois, retroagir para beneficiar o acusado. Outras, 
no entanto, inseridas em leis materiais, são dotadas de conteúdo processual, a elas sendo aplicável o critério 
da aplicação imediata (tempus regit actum). É aí que surge o fenômeno denominado de heterotopia, ou seja, 
situação em que, apesar de o conteúdo da norma conferir-lhe uma determinada natureza, ela se encontra 
prevista em diploma de natureza distinta. Tais normas não se confundem com as normas processuais 
materiais. Enquanto a heterotópica possui uma determinada natureza (material ou processual), em que pese 
estar incorporada à diploma de caráter distinto, a norma processual mista ou híbrida apresenta dupla 
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natureza, vale dizer, material em uma determinada parte e processual em outra. Ex.: o direito ao silêncio do 
acusado em interrogatório apesar de estar previsto no Código de Processo Penal possui conteúdo material. 
 
6.2 Aplicação da Lei Processual no Espaço: 
 
“Ao contrário do que ocorre no Direito Penal, onde se trava longa e complexa 
discussão sobre a extraterritorialidade da lei penal, no processo penal a situação é 
mais simples. Aqui vige o princípio da territorialidade. As normas processuais 
penais brasileiras só se aplicam no território nacional, não tendo qualquer 
possibilidade de eficácia extraterritorial” (LOPES, 2018. p. 72). 
 
Pelo art. 1º, CPP, há o princípio da territorialidade absoluta, decorrência da soberania, razão pela 
qual o CPP vale em todo território nacional, SALVO nas hipóteses excludentes da jurisdição criminal brasileira, 
casos em que o CPP possui aplicação subsidiária. 
 
Art. 1º - O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este 
Código, ressalvados: 
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de 
Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do 
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade; 
III - os processos da competência da Justiça Militar; 
IV - os processos da competência do tribunal especial; 
V - os processos por crimes de imprensa. 
Parágrafo único - Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos 
nºs. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo 
diverso. 
 
APROFUNDANDO PARA PROVAS DISCURSIVAS / ORAIS: 
 
Parte da doutrina sustenta a relativização da lex fori (aplicação da lei local) em matéria processual penal, 
permitindo a aplicação da lei pátria fora do território nacional, nas hipóteses de: 
1) Terra de ninguém (território nullius); 
2) Estado onde será praticado o ato processual autorizar a aplicação de lei diversa (território estrangeiro); 
3) Em casos de guerra (território ocupado). 
 
 
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6.3 Aplicação da Lei Processual em Relação às Pessoas 
 
Conforme art. 1º, do CPP, é possível que sejam instituídas imunidades da lei processual penal, seja 
em virtude de tratados internacionais (imunidade diplomáticas e de chefes de governos estrangeiros) ou por 
regras constitucionais (imunidades e regras de competência). 
 
I. Imunidades Diplomáticas: Objetivam garantir o livre exercício dos representantes diplomáticos, e são 
atribuídas em função do cargo, e não da pessoa. O Tratado de Viena assegura a imunidade de jurisdição penal 
do diplomata e seus familiares, para que se sujeitem à jurisdição do Estado que representa. 
 
Abrangência: 
● Chefes de governo ou Estado estrangeiro, sua família e membros de sua comitiva; 
● Embaixador e família: Imunidade absoluta; 
● Funcionários das organizações internacionais (ONU) quando em serviço; 
● Agentes consulares, apenas quanto aos crimes relacionados com a sua função (Cuidado!). 
 
ATENÇÃO: 
1. A imunidade não subtrai o diplomata da investigação, mas do processo e julgamento em território 
brasileiro. 
2. As embaixadas NÃO são extensão do território que representam, mas são invioláveis. 
3.É possível ao país renunciar à imunidade do agente diplomático, mas o agente não pode renunciar 
por iniciativa pessoal, já que a imunidade se fundamenta no interesse da função. 
 
II. Imunidades Parlamentares: É uma prerrogativa para o desempenho das funções de deputados e 
senadores de legislar e fiscalizar o Poder Executivo. Podem ser absolutas ou relativas. 
 
● Imunidade absoluta (material, substancial, real, inviolabilidade ou indenidade): Prevê o art. 53, da 
CF/88, que deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas 
opiniões, palavras e votos. 
1. Para STF, a imunidade é causa de atipicidade. 
2. A abrangência dessa imunidade deve ser analisada: 
∘ Se ofensa proferida nas dependências da casa legislativa, o nexo funcional é 
presumido, há imunidade2; 
 
2 Sobre a presunção da imunidade por palavras e expressões proferidas dentro da Casa Parlamentar, o STF, no Inq 
3932/DF e Pet 5243/DF, de Relatoria do Min. Luiz Fux, julgado em 21/06/2016 (INF 831), recebeu denúncia contra o 
Dep. Jair Bolsonaro, pela incitação ao crime, ao pronunciar, em acalorada discussão no plenário, que a também Dep. 
Federal Maria do Rosário “não merecia ser estuprada”. Para melhor compreensão de interessante julgado, sugerimos a 
leitura: 
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∘ Se a ofensa é proferida fora das dependências da casa legislativa, o nexo funcional NÃO 
é presumido, deve ter relação com o exercício do mandato e o ofendido deve 
comprovar a inexistência de nexo com o mandato. 
 
● Imunidade relativa (formal): É possível subdividi-la: 
(1) Para a prisão: Relacionada à prisão dos parlamentares e ao processo. Os parlamentares passam a ter 
imunidade formal para a prisão a partir do momento em que são diplomados pela Justiça Eleitoral 
(antes da posse), configurando o termo inicial para a atribuição de imunidade formal para a prisão. 
∘ Os parlamentares só poderão ser cautelarmente presos nas hipóteses de flagrante de crime 
inafiançável (“estado de relativa incoercibilidade pessoal dos congressistas” – Celso de Melo) 
→ Nesse caso, os autos deverão ser encaminhados a Casa Parlamentar respectiva, no prazo 
de 24h para que, pelo voto (aberto) da maioria absoluta de seus membros, resolva sobre a 
prisão. 
∘ Nota-se que a aprovação pela Casa é condição necessária para a manutenção da prisão em 
flagrante delito de crime inafiançável. Logo, há duas hipóteses: 
1) Se a Casa decidir pela não manutenção do cárcere, a prisão deverá ser 
imediatamente relaxada; 
2) Se a Casa mantiver a prisão em flagrante, os autos deverão ser encaminhados, no 
prazo de 24h, ao STF. 
 
(2) Para o processo: Oferecida denúncia, o Ministro do STF poderá recebê-la sem prévia licença da Casa 
Parlamentar. Após o recebimento da denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido 
após a diplomação, o STF dará ciência a Casa respectiva que, por iniciativa de partido político nela 
representado e pelo voto da maioria absoluta de seus membros, decidirá sustar o andamento da 
ação. 
O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de 45 dias do seu 
recebimento pela mesa diretora, e a sustação do processo suspende a prescrição enquanto durar o 
mandato. 
Obs.: NÃO há mais imunidade formal para crimes praticados ANTES DA DIPLOMAÇÃO. 
 
● Prerrogativa de foro: Desde a expedição de diploma, deputados e senadores serão julgados pelo STF 
pela prática de qualquer tipo de crime. Casos: 
i. Infração cometida durante o exercício da função parlamentar: A competência será do STF, 
sendo desnecessário pedir autorização a Casa respectiva, bastando dar ciência ao Legislativo, 
que poderá sustar o andamento da ação. 
 
 
 http://www.dizerodireito.com.br/2016/07/entenda-decisao-do-stf-que-recebeu.html 
http://www.dizerodireito.com.br/2016/07/entenda-decisao-do-stf-que-recebeu.html
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Se os fatos criminosos que teriam sido supostamente cometidos pelo Deputado 
Federal não se relacionam ao exercício do mandato, a competência para julgá-los 
não é do STF, mas sim do juízo de 1ª instância. Isso porque o foro por prerrogativa 
de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e 
relacionados às funções desempenhadas (STF AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto 
Barroso, julgado em 03/05/2018). STF. 1ª Turma. Inq 4619 AgR-segundo/DF, Rel. 
Min. Luiz Fux, julgado em 19/2/2019 (Info 931). 
 
ii. Infração cometida antes ou após o encerramento do mandato: NÃO há foro por prerrogativa 
de função. 
 As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função 
devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados 
durante o exercício do cargo e em razão dele. 
 Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado 
Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o 
cargo de parlamentar federal. 
 Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não 
apresentar relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. 
Foi fixada, portanto, a seguinte tese: 
 
O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante 
o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário. AP 
937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018. 
 
ATENÇÃO! No caso de Natan Donadon, entendeu-se que a renúncia ao cargo, para que haja prescrição, seria 
fraude processual inaceitável, frustrando a atuação jurisdicional do Estado, razão pela qual NÃO haveria a 
problema em ser julgado pelo STF. A prorrogação do foro, nesse contexto, visa evitar a denominada Ciranda 
de Processos. 
 
 O assunto será aprofundado quando estudarmos competência. 
 
ESQUEMA SOBRE IMUNIDADES: 
 
PARLAMENTAR IMUNIDADE JULGAMENTO 
Deputados Federais e 
Senadores 
Imunidade absoluta e 
relativa. 
Julgados pelo STF, inclusive 
nos crimes dolosos contra a 
vida. 
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Deputados estaduais Imunidade absoluta e 
relativa. 
Julgados pelo TJ, inclusive nos 
crimes dolosos contra a vida. 
 
Atenção!!! Não existe foro de prerrogativa para vereadores e vice-prefeitos: 
 
A CF/88 não previu foro por prerrogativa de função aos Vereadores e aos Vice-
prefeitos.O foro por prerrogativa de função foi previsto apenas para os prefeitos 
(art. 29, X, da CF/88). Diante disso, é inconstitucional norma de Constituição 
Estadual que crie foro por prerrogativa de função para Vereadores ou Vice-
Prefeitos. A CF/88, apenas excepcionalmente, conferiu prerrogativa de foro para 
as autoridades federais, estaduais e municipais. Assim, não se pode permitir que 
os Estados possam, livremente, criar novas hipóteses de foro por prerrogativa de 
função. STF. Plenário. ADI 558/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 22/04/2021. 
 
7. INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL 
 
● Previsão legal: art. 3°, CPP 
 
Art. 3° do CPP - A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação 
analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. 
 
● Considerações importantes sobre o art. 3°, CPP 
 
(1) O que é interpretar? 
R.: É buscar o sentido da lei, é descobrir o seu significado. Não interessa a vontade do legislador, mas 
sim o sentido da lei. 
 
(2) Interpretação quanto ao resultado 
Quanto ao resultado, podemos trabalhar com ao menos 4 (quatro) espécies de interpretação: 
a) Declaratória - O intérprete não amplia e nem restringe o significado da lei, ou seja, o significado da 
lei corresponde à sua literalidade. 
b) Restritiva - Conclui-se que a lei disse mais do que pretendia dizer, por isso ela deve sofrer uma 
restrição na hora de suainterpretação. 
c) Extensiva - A lei disse menos do que pretendia dizer, por isso ela deve ser interpretada 
extensivamente para abranger outras situações (art. 3, CPP). 
 
Art. 3o - A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação 
analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. 
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 Ex.: hipóteses de cabimento do RESE do art. 581, CPP. Essas hipóteses, hoje, estão desatualizadas. 
Então as hipóteses de cabimento do RESE devem ser interpretadas de maneira extensiva para abranger 
outras situações. 
 
d) Progressiva - Busca adaptar o texto da lei à realidade social vigente naquele determinado momento. 
O art. 68, CPP prevê que o MP pode promover a ação civil ex delito em favor de vítima pobre. Quando 
a CF/88 entrou em vigor, houve quem dissesse que esse artigo era inconstitucional, pois o MP não poderia 
pleitear interesses individuais disponíveis. 
 O STF disse que esse artigo estaria sujeito a uma inconstitucionalidade progressiva. Logo, enquanto 
não houver defensoria pública em todos os estados, o artigo continua válido. 
 
(3) Analogia 
A analogia está no art. 3°, CPP na expressão: “aplicação analógica”. Assim, no âmbito processual 
penal a analogia é admitida. Então, quando se trata de uma norma genuinamente processual penal, a 
analogia pode ser usada, independentemente de ser em bonam partem ou em malam partem (≠ direito 
penal, em que só é admitida a analogia in bonam partem). 
 
Obs.: Analogia ≠ Interpretação Extensiva. 
● Analogia - É um método de integração (busca suprir lacunas); 
● Interpretação extensiva - É um método de interpretação. 
Na analogia, há uma lacuna na norma. Por isso, busca-se suprir tal lacuna valendo-se de um 
dispositivo pensado para um caso semelhante. Enquanto na interpretação extensiva existe norma legal, que, 
no entanto, será interpretada de norma extensiva. 
 
(4) Aplicação supletiva e subsidiária do novo CPC ao processo penal. 
O CPC 2015 pode ser aplicado no Processo Penal? R.: SIM. 
O art. 15 do CPC diz que, na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou 
administrativas, aplica-se o CPC. Porém, o CPC não fez menção à possibilidade de utilizá-lo no processo penal. 
Entretanto, o art. 15 pode ser objeto de interpretação extensiva, para que possamos entender que 
o NCPC pode ser aplicado supletiva e subsidiariamente aos processos criminais. 
 
Art. 15, CPC - Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas 
ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e 
subsidiariamente. 
 
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Obs.: Só pode aplicar o CPC no processo Penal quando houver lacuna. Pois é diante da omissão que se pode 
valer da analogia com o CPC. Assim, se houver disposição legal expressa no CPP, não é possível aplicar o 
CPC! 
 
CAIU EM PROVA: 
(Delegado de PCRJ 2022): Após o advento do neoconstitucionalismo e como seu consequente reflexo, os 
princípios adquiriram força normativa no ordenamento jurídico brasileiro, e a eficácia objetiva dos direitos 
fundamentais deu novos contornos ao direito processual penal. A respeito desse assunto, assinale a opção 
correta à luz do Código de Processo Penal. 
 
No que diz respeito à interpretação extensiva, admitida no Código de Processo Penal, existe uma norma que 
regula o caso concreto, porém sua eficácia é limitada a outra hipótese, razão por que é necessário ampliar 
seu alcance, e sua aplicação não viola o princípio constitucional do devido processo legal (item considerado 
correto). 
 
8. FONTES 
 
 As fontes correspondem à origem do direito processual penal, que se divide em espécies. 
 
8.1 Fonte Material, Substancial ou de Produção 
 
As fontes materiais dizem respeito ao órgão responsável pela criação de normas jurídicas sobre 
determinada matéria. Conforme estabelecido no art. 22, I, CF compete privativamente à União legislar sobre 
Processo Penal. Contudo, nos termos do art. 22, §único, CF, lei complementar federal pode autorizar Estados 
e o Distrito Federal a legislar sobre questões específicas. 
A União, os Estados e o Distrito Federal possuem competência concorrente para legislar sobre 
procedimentos em matéria processual, conforme preconiza o art. 24, XI, CF. 
 
8.2 Fonte Formal, Cognitiva ou de Cognição 
 
As fontes formais dizem respeito ao instrumento de exteriorização da regulamentação de 
determinada matéria. Nesse sentido, no âmbito do processo penal, podem ser: 
● Imediata ou Direta: Constituição Federal, leis infraconstitucionais e os tratados, convenções e regras 
de direito internacional. 
● Mediata ou Indireta: analogia, costumes e princípios gerais de direitos (art. 3, CPP). 
 
 
 
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Autonomia do Direito Processual Penal 
ATENÇÃO: Tema cobrado na Prova Oral da PCMG 2021. 
O primeiro passo para compreender a autonomia científica do direito processual penal é deixar de 
denominá-lo, irregularmente, como direito adjetivo ou direito secundário, dentre outros nomes, buscando 
apontar como o direito substantivo ou direito principal o corpo de normas, que dele necessita para fazer 
valer a lei: o direito penal, no tocante ao processo penal; o direito civil, no tocante ao processo civil. Não há 
nenhum direito adjetivo, termo de nítido conteúdo voltado a inferiorizá-lo. O processo penal é tão 
substantivo quanto o direito penal, porém atua sob outros princípios e busca diversos objetivos. (NUCCI, 
2020, p. 89). 
 
CAIU EM PROVA: 
(Delegado de PCBA 2022): As fontes formais imediatas ou diretas do Direito Processual Penal são as espécies 
normativas: lei ordinária; lei complementar e emenda à Constituição. Aqui também se inserem os tratados e 
as convenções de que o Brasil é signatário (item considerado correto). 
 
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QUESTÕES PROPOSTAS 
 
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META 3 
 
DIREITO CONSTITUTICIONAL: DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
 
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA 
CF/88 
⦁ Art. 1º, III 
⦁ Art. 3º 
⦁ Art. 4º, 5º, 6º e 7º 
⦁ Art. 8º a 11º 
 
OUTROS DIPLOMAS LEGAIS 
⦁ Lei nº 9.296/96 (Lei de interceptação telefônica) 
⦁ Lei nº 9.455/97 (Lei de tortura) 
⦁ Lei nº 7.716/90 (Lei de racismo) 
⦁ Lei nº 12.037/2009 (Lei de Identificação criminal) 
⦁ Lei nº 12.016/2009 (Lei do mandado de segurança) 
⦁ Lei nº 13.300/2016 (Lei do mandado de injunção) 
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER! 
PRINCIPAIS INCISOS DO ART. 5º, CF/88: 
⦁ Inc. I, II, IV 
⦁ Inc. III e XLII (leitura conjunta com a Lei nº 7.716/90) 
⦁ Inc. VIII (leitura conjunta com o art. 15, IV, CF/88) 
⦁ Inc. XI (leitura conjunta com os arts. 3-B, XI; 240, §1º e 243 do CPP) 
⦁ Inc. XII (leitura conjunta com a Lei nº 9.296/96) 
⦁ Inc. XVI a XXI (muito cobrados em prova objetiva!) 
⦁ Inc. XXXIII a XXXV 
⦁ Inc. XXXVII (leitura conjunta com o inc. LIII – princípio do juiz natural) 
⦁ Inc. XXXIX e XL (leitura conjunta com o art. 1º e 2º do CP) 
⦁ Inc. XLIII a LV (leitura obrigatória!) 
⦁ Inc. LVI (leitura conjunta com o art. 157, CPP) 
⦁ Inc. LVII e LX 
⦁ Inc. LVIII (leitura conjunta com o art. 3º, 4º e 5º da Lei nº 12.037/2009) 
⦁ Inc. LXI a LXVII (leitura conjunta com os art. 301 a 310, CPP) 
⦁ Inc. LXVIII 
⦁ Inc. LXIX e LXX (leitura conjunta com a Lei nº 12.016/2009) 
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⦁ Inc. LXXI (leitura conjunta com a Lei nº 13.300/2016) 
⦁ Inc. LXXII a LXXVIII 
⦁ §§1º e 3º 
 
SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA 
Súmula 444-STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso paraagravar a pena-
base. 
Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da imagem 
de pessoa com fins econômicos ou comerciais. 
Súmula 2-STJ: Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra "a") se não houve recusa de informações 
por parte da autoridade administrativa. 
Súmula vinculante 1-STF: Ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfeito a decisão que, sem 
ponderar as circunstâncias do caso concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo constante do 
termo de adesão instituído pela Lei Complementar nº 110/2001. 
Súmula 654-STF: A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da Constituição da 
República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado. 
Súmula 280-STJ: O art. 35 do Decreto-Lei n° 7.661, de 1945, que estabelece a prisão administrativa, foi 
revogado pelos incisos LXI e LXVII do art. 5° da Constituição Federal de 1988. 
Súmula vinculante 25-STF: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do 
depósito. 
Súmula 419-STJ: Descabe a prisão civil do depositário infiel. 
 
1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
 
São decididos antes da elaboração do texto, no momento de construção das normas. Têm natureza 
de vetores interpretativos que imprimem coesão, harmonia e unidade ao sistema. Subdividem-se em: 
a) princípios constitucionais sensíveis: aqueles expressos na Constituição, também denominados 
princípios apontados/enumerados; 
b) estabelecidos/organizatórios: limitam, vedam ou proíbem que o Poder Constituinte decorrente 
atue de forma indiscriminada e podem ser extraídos a partir da interpretação do conjunto de normas 
centrais, dispersas no texto constitucional; 
c) extensíveis: de acordo com Bulos, são aqueles que integram a estrutura da federação brasileira, 
relacionando-se, por exemplo, com a forma de investidura dos cargos eletivos, o processo legislativo, 
orçamentos e preceitos ligados à Administração Pública. 
 
 
 
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O que é o preâmbulo e qual a sua natureza jurídica? 
O preâmbulo é a parte precedente da CF. Segundo o STF, é mero vetor interpretativo do que se acha 
inscrito no texto constitucional. Não possui força normativa, logo, não pode ser parâmetro nem objeto de 
controle de constitucionalidade. 
 
“Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de Deus: não se trata de 
norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa.” (ADI 2.076, Rel. 
Min. Carlos Velloso, julgamento em 15-8-2002, Plenário, DJ de 8-8-2003.) 
 
* ATENÇÃO – PRINCÍPIOS QUE REGEM AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS (ART. 4º): 
 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais 
pelos seguintes princípios: 
I – independência nacional; 
II – prevalência dos direitos humanos; 
III – autodeterminação dos povos; 
IV – não-intervenção; 
V – igualdade entre os Estados; 
VI – defesa da paz; 
VII – solução pacífica dos conflitos; 
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X – concessão de asilo político. 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, 
política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma 
comunidade latino-americana de nações. 
 
OUTROS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
 
Os Princípios Constitucionais estão presentes não só no art. 5º, mas em diversos dispositivos, a 
exemplo dos princípios tributários, previstos no art. 150, e dos princípios expressos da Administração Pública 
(art. 37, caput). Assim, atentem-se brevemente aos princípios da dignidade da pessoa humana, legalidade e 
isonomia, sem prejuízo dos demais que se inserem na Carta Magna – e serão tratados nas matérias 
específicas: 
 
1) Dignidade da pessoa humana: Define Luís Roberto Barroso que o “princípio da dignidade humana 
expressa um conjunto de valores civilizatórios que se pode considerar incorporado ao 
patrimônio da humanidade. Dele se extrai o sentido mais nuclear dos direitos fundamentais, 
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para tutela do mínimo existencial e da personalidade humana, tanto na dimensão física como na 
moral”. Pode-se acrescentar também que a dignidade humana possui um enfoque moral, consistente 
na máxima de Kant segundo a qual o homem é um fim em si mesmo, e um enfoque material, relativo 
à manutenção do mínimo existencial. Decorre do aludido princípio, por exemplo, a 
impenhorabilidade do bem de família e a união estável entre pessoas do mesmo sexo. É considerado 
um “super-princípio”. 
 
Fique atento à jurisprudência (tema cobrado na prova de Delegado de Polícia do Paraná – 2021): 
+ 
2) Legalidade: o princípio da legalidade significa que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
algo que não esteja previamente estabelecido na própria CF/88 e nas normas jurídicas dela 
derivadas. O princípio da legalidade, desta forma, se converte em princípio da constitucionalidade 
(Canotilho), subordinando toda atividade estatal e privada à força da Constituição. No direito 
brasileiro encontra-se previsto nos arts. 5º, II; 37; e 84, IV, da CF/88. 
 
3) Legalidade x Reserva Legal: o princípio da reserva legal é um desdobramento da legalidade, que 
impõe e vincula a regulação de determinadas matérias constantes na constituição à fonte formal do 
tipo lei. 
 
II. Acepções do princípio da legalidade: 
 
4) Para particulares: somente a lei pode criar obrigações, de forma que a inexistência de lei proibitiva 
de determinada conduta implica ser ela permitida. Vigora a autonomia da vontade. 
5) Para a Administração Pública: O Estado se sujeita às leis, e deve atuar em conformidade à previsão 
legal. O administrador público só poderá agir dentro daquilo que é previsto e autorizado por lei. Sob 
esta acepção, o princípio da legalidade vem sofrendo uma releitura pela doutrina moderna, que 
defende a necessidade de conformação da atividade do administrador ao Direito (e não apenas à 
lei). Assim, fala-se atualmente em princípio da juridicidade (o assunto é aprofundado em Direito 
Administrativo). 
 
Atenção: de acordo com a doutrina, trata-se de princípio não absoluto, que pode sofrer algumas 
restrições/mitigações, a exemplo das medidas provisórias, estado de defesa e estado de sítio. 
 
c) Isonomia: Segundo bem definiu Rui Barbosa, “a regra da igualdade não consiste senão em quinhoar 
desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à 
desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade (...). Tratar com desigualdade a iguais, ou a 
desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real”. 
 
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O princípio da igualdade compreende a igualdade formal e igualdade material, a 
primeira abrange a igualdade na lei, isto é, que nas normas jurídicas não pode 
haver distinções que não sejam autorizadas pela Constituição e que tem por 
destinatário o legislador e a igualdade perante a lei tem como destinatário os 
aplicadores da lei, segundo o qual deve se aplicar igualmente a lei, ainda que crie 
uma desigualdade. (JUNIOR, 2020, p.p. 620/621) 
 
Logo, é possível extrair: 
● Isonomia formal: igualdade perante a lei; 
● Isonomia material: tratar os desiguais na medida de sua desigualdade. 
 
STF – São inconstitucionais as normas que proíbem homossexuais de doar sangue. 
Viola o direito à igualdade e não discriminação proibir que homossexuais doem 
sangue. Com esse entendimento, o Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou 
a inconstitucionalidade de normas com esse teor. (ADI. 5.543/2020) 
 
STF - A lei que veda o exercício da atividade de advocacia por aqueles que 
desempenham,direta ou indiretamente, atividade policial, não afronta o princípio 
da isonomia. STF. Plenário. (ADI 3541/2014) 
 
É possível estabelecer critérios diferenciadores para admissão de candidato em concursos públicos? 
 
A jurisprudência vem admitindo algumas hipóteses de discriminação, podendo ocorrer em relação à idade, 
sexo, altura, etc., desde que sejam observados dois requisitos: 
1) Previsão legal anterior definindo os critérios de admissão para o cargo; e 
2) Razoabilidade da exigência, decorrente da natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. 
 
É constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata que esteja grávida à época de sua 
realização, independentemente da previsão expressa em edital do concurso público. STF. Plenário. RE 
1058333/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/11/2018 (repercussão geral). 
 
 
Sob o pretexto da observância do princípio constitucional da isonomia, é possível ao Poder 
Judiciário estender benefício fiscal a contribuinte não alcançado pela norma concessiva? 
Não. Porque sob o pretexto de concretizar a isonomia tributária, não pode o judiciário estender 
benefício fiscal sem que haja previsão legal específica. Caso pudesse, o judiciário está se imiscuindo em 
função típica do legislativo, isto é, estaria o judiciário atuando como legislador positivo. 
 
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Ações Afirmativas 
A Carta Magna busca a igualdade material. Para aplicação do princípio da isonomia, são necessárias as ações 
afirmativas, também denominadas discriminações positivas, cuja finalidade é proteger certos grupos sociais 
que demandam tratamento diverso. Tais ações consideram a realidade histórica de marginalização ou 
hipossuficiência e, assim, funcionam como medidas de compensação com o fim de concretizar uma 
igualdade de oportunidades. A exemplo, podemos citar: mercado de trabalho da mulher, cotas de vagas sem 
serviços públicos, cotas em universidades (PROUNI), cotas para afrodescendentes, Lei Maria da Penha. 
 
Atenção ao julgado: Info. 1069 do STF – RESERVA DE VAGAS PARA IRMÃOS 
É constitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, que determina a reserva de 
vagas, no mesmo estabelecimento de ensino, para irmãos que frequentem a 
mesma etapa ou ciclo escolar, pois disciplina medida que visa consolidar políticas 
públicas de acesso ao sistema educacional e do maior convívio familiar possível. 
STF. Plenário. ADI 7149/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/9/2022 
(Info 1069). 
 
Atenção ao julgado: Info. 994 do STF - PRINCÍPIO DA IGUALDADE E PENSÃO POR 
MORTE 
É inconstitucional lei que preveja requisitos diferentes entre homens e mulheres 
para que recebam pensão por morte. É inconstitucional, por transgressão ao 
princípio da isonomia entre homens e mulheres (art. 5º, I, da CF/88), a exigência de 
requisitos legais diferenciados para efeito de outorga de pensão por morte de ex-
servidores públicos em relação a seus respectivos cônjuges ou 
companheiros/companheiras (art. 201, V, da CF/88). STF. Plenário. RE 659424/RS, 
Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 9/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 457) 
(Info 994). 
 
Atenção ao julgado: Info. 973 do STF - PRINCÍPIO DA IGUALDADE E SISTEMA DE 
COTAS 
É inconstitucional lei distrital que preveja percentual de vagas nas universidades 
públicas reservadas para alunos que estudaram nas escolas públicas do Distrito 
Federal, excluindo, portanto, alunos de escolas públicas de outros Estados da 
Federação. 
Veja que o STF não proibiu o sistema de cotas para alunos de escolas públicas, mas 
sim para alunos somente do DF (determinada localidade) violando a isonomia. No 
mesmo sentido: STF. Plenário. ADI 4868, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
27/03/2020. 
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/3b220b436e5f3d917a1e649a0dc0281c?categoria=1&subcategoria=1
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Atenção ao julgado: Info 985 do STF – ISONOMIA E BENEFÍCIO DO BOLSA FAMÍLIA 
O Bolsa Família é um programa de transferência direta de renda, voltado a famílias 
de todo o País, de modo a fazer frente a situação de pobreza e vulnerabilidade; 
logo, não se pode fazer restrição em relação à região ou ao Estado do beneficiário. 
Os Estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande 
do Norte ajuizaram ação cível originária, em face da União, com pedido de tutela 
provisória, questionando a redução de recursos do Programa Bolsa Família 
destinados à Região Nordeste. O Min. Marco Aurélio (relator) deferiu medida 
cautelar determinando que: a) a União disponibilize dados que justifiquem a 
concentração de cortes de benefícios do Programa Bolsa Família na Região 
Nordeste, bem assim dispense aos inscritos nos Estados autores tratamento 
isonômico em relação aos beneficiários dos demais entes da Federação. b) não haja 
cortes no Programa enquanto perdurar o estado de calamidade pública; c) a 
liberação de recursos para novas inscrições seja uniforme considerados os Estados 
da Federação. O Plenário do STF referendou a medida cautelar concedida. STF. 
Plenário. ACO 3359 Ref-MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/8/2020 (Info 
985). 
 
2. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS3 
 
2.1 Direitos x Garantias x Remédios Constitucionais 
 
● Direitos: são normas de conteúdo declaratório da existência de um interesse, de uma vantagem. Ex: 
direito à vida, à propriedade; 
● Garantias: normas de conteúdo assecuratório, que servem para assegurar o direito declarado. As 
garantias são estabelecidas pelo texto constitucional como instrumento de proteção dos direitos 
fundamentais e writs constitucionais. São também chamadas de instrumentos de tutela das 
liberdades e ações constitucionais. 
 
DIREITOS FUNDAMENTAIS GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
NORMAS QUE PROTEGEM os bens jurídicos 
fundamentais de uma sociedade 
INSTRUMENTOS que buscam proteger os 
direitos fundamentais 
 
3 Para aprofundamento no assunto, consultar: 
http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portaltvjustica/portaltvjusticanoticia/anexo/joao_trindadade__teoria_geral_d
os_direitos_fundamentais.pdf 
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d064bf1ad039ff366564f352226e7640?categoria=1&subcategoria=13&ano=2020
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d064bf1ad039ff366564f352226e7640?categoria=1&subcategoria=13&ano=2020
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d064bf1ad039ff366564f352226e7640?categoria=1&subcategoria=13&ano=2020
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Tem valor intrínseco, nele mesmo Tem valor instrumental 
 
● Remédios Constitucionais: embora todo remédio constitucional seja uma garantia, nem toda 
garantia é um remédio constitucional, porque este é um instrumento processual que tem por 
objetivo assegurar o exercício de um direito. Ex: Habeas Corpus, Mandado de Segurança. 
 
ATENÇÃO: alguns dispositivos constitucionais contêm direitos e garantias no mesmo enunciado. O art. 5º, X, 
estabelece a inviolabilidade do direito à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, assegurando, 
em seguida, o direito à indenização em caso de dano material ou moral provocado pela sua violação. 
 
Súmula 647-STJ: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e 
materiais decorrentes de atos de perseguição política com violação de direitos 
fundamentais ocorridos durante o regime militar. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 
10/03/2021. 
 
2.2 Direitos Fundamentais x Direitos Humanos 
 
Embora materialmente ambos objetivem a proteção e a promoção da dignidade da pessoa humana, 
não se confundem. Assim, convém destacar que a doutrina estabelece duas distinções entre os direitos 
humanose os direitos fundamentais. A primeira delas relaciona-se ao locus de previsão, de modo que os 
direitos humanos – intrinsecamente ligados ao Direito Internacional Público – estão previstos em normas 
internacionais. Os direitos fundamentais, por sua vez, estão reconhecidos e positivados pelo Direito interno 
de um Estado determinado. 
A segunda distinção apontada se relaciona com a exigibilidade. Assim, os direitos humanos nem 
sempre seriam exigíveis internamente enquanto os direitos fundamentais, uma vez positivados no 
ordenamento interno (matriz constitucional) podem ser cobrados judicialmente. 
● Direitos Humanos: são direitos reconhecidos no âmbito internacional; nem sempre exigíveis 
internamente. 
● Direitos fundamentais: são direitos reconhecidos no plano interno de um determinado Estado. 
Preferencialmente, positivados na CF; passíveis de cobrança judicial. 
 
 DIREITOS FUNDAMENTAIS DIREITOS HUMANOS 
FORMAL 
FUNDAMENTO DE 
VALIDADE/JURÍDICO 
Encontram previsão formal 
nas constituições 
 
Encontram fundamento 
nos Tratados 
Internacionais; 
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Exemplo: Declaração 
Universal dos Direitos 
Humanos da ONU 
 
MATERIAL 
LIGADA AO CONTEÚDO 
FINALIDADE DE CADA UM DOS 
INSTITUTOS 
Estabelecem o conjunto de 
bens jurídicos básicos, 
essenciais de uma 
sociedade, não se limitando 
à proteção da pessoa física 
 
Buscam a proteção da 
pessoa humana 
(exclusivamente). 
Não há que se falar em 
direito 
 
 
Como se classificam as normas constitucionais de direitos fundamentais quanto à eficácia e aplicabilidade? 
Pela classificação de José Afonso da Silva e considerando não haver direito fundamental absoluto, as 
normas podem possuir eficácia plena, podendo apresentar, conforme a hipótese, eficácia contida (ou 
restringível) ou limitada. Nesse sentido, a doutrina majoritária defende que a maioria das normas seriam de 
eficácia contida, enquanto que a maior parte daquelas que reconhecem os direitos sociais seriam de eficácia 
limitada. 
 
O que significa os efeitos negativo e positivo das normas constitucionais de direitos fundamentais? 
O efeito positivo diz respeito ao fato de que, pelo simples fato de surgir uma nova Constituição, ela 
revoga tudo do ordenamento anterior que for contrário a ela. As normas constitucionais têm, assim, efeitos 
positivos, no sentido de proativo, pois revogam (não recepcionam) tudo do ordenamento anterior que for 
contrário a elas. Já o efeito negativo, por sua vez, tem o sentido de vedar/negar ao legislador ordinário a 
possibilidade de produzir normas infraconstitucionais contrárias a ela (norma constitucional); e, acaso o 
poder legiferante fizer, o judiciário, entendendo que houve contrariedade, extirpa a norma do ordenamento 
jurídico por intermédio do controle de constitucionalidade. 
A Carta Magna de 1988 é um marco na história constitucional brasileira, pois a sua abertura aos 
direitos foi baseada também nos tratados internacionais celebrados pelo Brasil. Dessa forma, ela introduziu 
o mais extenso rol de direitos de diversas espécies, incluindo direitos civis, políticos, econômicos, sociais e 
culturais, além de prever várias garantias constitucionais. 
Ademais, o art. 5°, §2°, da CRFB/88 prevê o princípio da não exaustividade dos direitos 
fundamentais, ou seja, que o rol desses direitos não é taxativo, ao afirmar que os direitos e garantias 
expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes: i) do regime e dos princípios por ela adotados 
e ii) dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
 
Caiu em prova (CESPE, PCRJ) e foi considerada CORRETA a seguinte afirmativa: A fundamentalidade material 
dos direitos fundamentais decorre da circunstância de serem os direitos fundamentais elemento constitutivo 
da Constituição material, contendo decisões fundamentais sobre a estrutura básica do Estado e da sociedade. 
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A fundamentalidade material dos direitos fundamentais decorre da abertura da Constituição a 
outros direitos fundamentais não expressamente constitucionalizados. O aspecto material dos 
direitos fundamentais nasce da essência do seu conteúdo substancial normativo. CANOTILHO, José Joaquim 
Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição . 4º ed. Coimbra: Almedina. 
 
2.3 Geração dos direitos fundamentais: 
 
 As dimensões ou gerações dos direitos humanos são cobrados com frequência nos Concursos 
Públicos. O tema foi apresentado pela primeira vez por Karel Vasak, em sua forma clássica chamada de 
Gerações dos Direitos Humanos, desdobrando-se em 1ª, 2ª e 3ª gerações. Em provas objetivas, a tendência 
é que se cobre essas gerações, tendo em vista que não há controvérsias relevantes sobre elas. 
Trata-se de classificação dos direitos fundamentais que tem como critério o contexto histórico em 
que surgiram, a ordem cronológica de reconhecimento e afirmação dos direitos fundamentais. 
 
DICA DD: Classificar os direitos em gerações sugere a ideia de superação, de que as 
gerações mais novas suplantam as anteriores. Assim, e visando afastar essa 
concepção substitutiva de uma geração sobre a outra bem como a impressão de 
que existe uma relação de antiguidade ou posteridade dos direitos, a doutrina 
moderna entende que o mais adequado é falar em dimensões, uma vez que 
inexiste cronologia nesses direitos. 
 
Direitos fundamentais são indivisíveis. Possuem relação entrei si de fortalecimento mútuo e não de 
exclusão mútua. O surgimento de uma nova geração de direitos tem o viés de fortalecer a geração já 
existente. Ex.: direito à educação fortalece o direito de liberdade de expressão. 
 Explica Dirley da Cunha: 
 
“Falar em “gerações” ou “dimensões” de direitos corresponde a uma sucessão 
temporal de afirmação e acumulação de novos direitos fundamentais. Isso leva, por 
conseguinte, a uma consequência fundamental: a irreversibilidade ou 
irrevogabilidade dos direitos reconhecidos, aliada ao fenômeno da sua 
complementariedade. O progressivo reconhecimento de novos direitos 
fundamentais consiste num processo cumulativo, de complementariedade, onde 
não há alternância, substituição ou supressão temporal de direitos anteriormente 
reconhecidos”. 
 
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Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: Na evolução das conhecidas dimensões 
dos direitos fundamentais, há, sucessivamente, substituição de direitos na medida do atingimento de novos 
estágios. 
 
1) DIREITOS DE PRIMEIRA GERAÇÃO OU PRIMEIRA DIMENSÃO (individuais ou negativos): 
 Surgem no contexto histórico das revoluções liberais, burguesas, diante do nascimento do 
constitucionalismo liberal – Séc. XIX. Grandes Marcos dos direitos de 1ª dimensão: 
· Inglaterra – 1.215 – Magna Carta 
· EUA – 1.776 – Declaração de Independência Americana 
· EUA – 1.787 – Constituição Americana 
· França – 1.789 – Revolução Francesa 
· França – 1.791 – Constituição Francesa 
 
 Estão relacionados à luta pela liberdade e segurança diante do Estado. Trata-se de impor ao Estado 
obrigações de não-fazer e se relacionam às pessoas, individualmente. Ex: propriedade, igualdade formal 
(perante a lei), liberdade de crença, de manifestação de pensamento, direito à vida etc. 
 Obs.1: são chamados também de direitos negativos ou direitos de defesa. 
 Obs.2: o fundamento dos direitos de 1ª geração/dimensão é a IGUALDADE FORMAL. 
 
2) DIREITOS DE SEGUNDA GERAÇÃO OU SEGUNDA DIMENSÃO (sociais, econômicos e culturais ou 
direitos positivos): 
 Surgem no final do século XIX e início do século XX, diante do fenômeno do constitucionalismo social 
(ligado ao movimento do socialismo). Grandes Marcos: 
· Constituição Mexicana de 1917 
· Constituição Alemã de Weimar de 1919 
· Rússia – 1.917/18 – Declaraçãodo Povo Oprimido e Trabalhador – Revolução Russa 
· Constituição Brasileira de 1934. 
 
 São os direitos de grupos sociais menos favorecidos, e que impõem ao Estado uma obrigação de 
fazer, de prestar (por isso são chamados de direitos prestacionais). Buscam viabilizar, através do Estado, a 
satisfação das necessidades básicas dos indivíduos como forma de lhes proporcionar uma vida digna. Ex: 
saúde, educação, moradia, segurança pública. 
 Os direitos sociais elencados no art. 6º da CF/88 são exemplos clássicos de direitos de 2ª 
geração/dimensão: 
 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a 
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à 
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maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta 
Constituição. 
 
DICA DD: O direito a transporte foi incluído no rol pela EC. 90/2015. 
 
Observação: A teoria da reserva do possível é uma limitação fática e jurídica oponível à realização dos direitos 
fundamentais, sobretudo os de cunho prestacional. Como é cediço, o Estado não possui recursos materiais 
ilimitados, o que leva os administradores a realizarem escolhas trágicas, alocando esses recursos em ações 
prioritárias. O limite da reserva do possível é o mínimo existencial, núcleo da dignidade da pessoa humana. 
Nesse contexto, a reserva do possível deve ser analisada sob três aspectos: 
 
I - Disponibilidade fática dos recursos para efetivação dos direitos fundamentais. 
II - Disponibilidade jurídica dos recursos, mediante autorização orçamentária. 
III - Razoabilidade e proporcionalidade da prestação, levando-se em consideração a universalização da 
demanda, não apenas o indivíduo. Nesse sentido, não se pode exigir judicialmente do Estado uma prestação 
que não possa ser concedida a todos os indivíduos que se encontrem em situação idêntica, sob pena de 
violação do princípio da isonomia. 
 
Obs.1: o fundamento dos direitos de 2ª dimensão é a IGUALDADE MATERIAL. 
 
Obs.2: o efeito bipolar dos direitos de 2ª dimensão e princípio da vedação ao retrocesso: 
Os direitos de 2ª dimensão (direitos sociais) não possuem apenas um viés positivo, mas também um 
viés negativo. 
 
● Viés negativo – Fruto da vedação ao retrocesso (efeito cliquet) → Uma vez implementado o direito 
de 2ª dimensão por medida estatal, o próprio Estado passa a ter o dever de se abster de retornar ao 
status quo de quando o direito ainda não tinha efetividade. O indivíduo também tem o direito de 
exigir um não fazer estatal com o intuito de preservar o direito fundamental já efetivado. Em outras 
palavras: não pode promover um retrocesso social, revogar ou enfraquecer normas que já 
alcançaram o grau de densidade normativo adequado. Ex.: 13º salário. 
● Viés positivo – Aqui a ideia não é só manter o status quo, mas também implementar/desenvolver 
novos direitos sociais. E, enquanto não for implementado, o indivíduo possui o direito de exigir um 
atuar do Estado com o intuito de realizá-lo (ideia de direitos prestacionais). 
 
3) DIREITOS DE TERCEIRA GERAÇÃO OU TERCEIRA DIMENSÃO (difusos e coletivos): 
 
 Surgem na 2º metade do séc. XX, no pós 2ª Guerra, ligados aos movimentos de melhoria da qualidade 
de vida dos cidadãos. São direitos transindividuais, isto é, direitos que são de várias pessoas, mas não 
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pertencem a ninguém isoladamente. Transcendem o indivíduo isoladamente considerado. Possuem caráter 
indivisível e são titularizados por toda a coletividade. Ex.: direito ao meio ambiente. 
 São também conhecidos como: 
● DIREITOS DE FRATERNIDADE 
● Direitos metaindividuais (estão além do indivíduo) 
● Direitos supraindividuais (estão acima do indivíduo isoladamente considerado). 
 
Dirley da Cunha - destinam-se à proteção, não do homem em sua individualidade, 
mas do homem em coletividade social, sendo, portanto, de titularidade coletiva ou 
difusa. 
 
Vamos esquematizar? 
 Direitos de 1ª 
GERAÇÃO/DIMENSÃO 
Direitos de 2ª 
GERAÇÃO/DIMENSÃO 
Direitos de 3ª 
GERAÇÃO/DIMENSÃO 
 
CONTEXTO 
HISTÓRICO 
Surgem com revoluções 
liberais, burguesas, diante do 
nascimento do 
constitucionalismo liberal. – 
Séc. XIX. 
Surgem no final do século XIX e 
início do século XX, diante do 
fenômeno do 
constitucionalismo social. 
 
2ªmetade do séc. XX, no pós 2ª 
Guerra, ligados aos 
movimentos de melhoria da 
qualidade de vida dos cidadãos 
MARCOS Inglaterra – 1.215 – Magna 
Carta 
EUA – 1.776 – Declaração de 
Independência Americana 
EUA – 1.787 – Constituição 
Americana 
França – 1.789 – Revolução 
Francesa 
França – 1.791 – Constituição 
Francesa 
Constituição Mexicana de 1917 
Constituição Alemã de Weimar 
de 1919 
Rússia – 1.917/18 – Declaração 
do Povo Oprimido e 
Trabalhador – Revolução Russa 
Constituição Brasileira de 
1934. 
 
SINÔNIMOS direitos negativos, direitos de 
abstenção. 
direitos sociais, econômicos e 
culturais 
direitos positivos, direitos 
prestacionais 
difusos e coletivos 
direitos metaindividuais 
direitos supraindividuais 
 
FUNDAMENTO Igualdade FORMAL Igualdade MATERIAL FRATERNIDADE 
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CONCEITO Buscam limitar o poder estatal, 
impondo ao Estado obrigações 
de não-fazer e se relacionam às 
pessoas, individualmente. 
 
São direitos que impõem ao 
Estado uma obrigação de fazer, 
de prestar. 
Buscam viabilizar, através do 
Estado, a satisfação das 
necessidades básicas dos 
indivíduos como forma de lhes 
proporcionar uma vida digna. 
São direitos transindividuais, 
isto é, titularizados por toda a 
coletividade, não pertencendo 
a uma pessoa isoladamente. 
 
Possuem caráter indivisível. 
 
EXEMPLOS Propriedade, igualdade formal 
(perante a lei), liberdade de 
crença, de manifestação de 
pensamento, direito à vida 
Saúde, educação, moradia, 
segurança pública. 
Direito ao meio ambiente 
 
NOVAS GERAÇÕES/DIMENSÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS: 
 
4) DIREITOS DE QUARTA GERAÇÃO OU QUARTA DIMENSÃO 
 
 Há autores que se referem a essa categoria, mas ainda não há consenso na doutrina sobre qual o 
conteúdo desse tipo de direitos. 
 Segundo o autor Paulo Bonavides os direitos de quarta dimensão seriam fruto do processo de 
globalização dos direitos fundamentais, no sentido de uma universalização desses direitos no plano 
institucional, o que corresponde à última fase da institucionalização do Estado Social, de forma a sacramentar 
a evolução democrática e social alcançada até então4. 
 
● Direito à democracia participativa – A democracia participativa ou semidireta é uma democracia 
indireta, mas que conta com instrumentos de participação direta do povo no processo político. Esses 
mecanismos de participação direta integrariam o rol dos direitos de quarta dimensão: 
· Plebiscito 
· Referendo 
· Iniciativa popular de lei 
· Ação popular, etc. 
 
 
4 O Estado Social ou Estado do Bem-estar Social (Welfare State) surgiu como forma de reação à crise do Estado liberal, 
notadamente em razão das desigualdades sociais vivenciadas à época. Os direitos sociais e econômicos passam a ser 
contemplados de modo mais amplo, como corolários da igualdade material, sendo, posteriormente classificados como 
direitos fundamentais de segunda geração. 
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● Direito à informação - consequência do próprio regime democrático, conjugado com a forma 
republicana de governo. Garante o direito à transparência e, consequentemente, o direito à 
informação (exemplo: lei de acesso à informação; art. 5º, XXXIII, CF/88) 
 
● Direitos ligados às questões de bioética. 
 
● Direitos ao pluralismo (art. 1º, CF/88) 
 
5) DIREITOS DE QUINTA GERAÇÃO OU DIMENSÃO: direito à paz. 
 
Quadro sinóptico – SegundoPaulo Bonavides: 
 (Mazzuoli, 2018) 
Obs.: Crítica doutrinária às “novas dimensões” de direitos fundamentais 
Parcela da doutrina critica a classificação de outras dimensões de direito, pois seriam direitos já 
existentes aplicados, hoje, a um novo contexto social, diante da evolução da sociedade. 
 
Ingo Salert – “trazer novas dimensões é dar destaque ao direito, não trata o direito 
como um mero desdobramento de um outro direito que já está nas 3 dimensões 
anteriores, de modo a facilitar a sua efetivação e proteção. Ex.: questões de bioética 
trabalham com direitos básicos como direito à integridade, ao próprio corpo e 
dignidade.” 
 
 
 
 
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2.4 Características dos direitos fundamentais 
 
● Historicidade: o que se entende por direitos fundamentais varia de acordo com o momento histórico, 
não são conceitos herméticos e fechados, variando no tempo e no espaço. Emergem progressivamente 
das lutas que o homem trava por sua própria emancipação. 
● Inalienabilidade: são direitos sem conteúdo econômico patrimonial, não podem ser comercializados ou 
permutados. 
● Imprescritibilidade: são sempre exigíveis, ainda que não exercidos. 
● Irrenunciabilidade: o indivíduo pode não exercer os seus direitos, mas não pode renunciá-los, de modo 
geral. OBS: O STF admite, excepcionalmente, a renúncia temporária aos direitos que não ferem o núcleo 
da dignidade da pessoa humana, como no caso de participação em reality show. 
● Relatividade: não são direitos absolutos. Se houver um choque entre os direitos fundamentais, serão 
resolvidos por um juízo de ponderação ou pela aplicação do princípio da proporcionalidade. 
 
Caiu em prova (CESPE, PCRJ) e foi considerada CORRETA a seguinte afirmativa: O método de solução de 
conflitos entre direitos fundamentais constitucionalmente previstos, em caso de colisão, é a ponderação 
de interesses; o legislador, contudo, por força do princípio democrático, pode resolver conflitos por meio 
da lei, efetuando a ponderação em abstrato. 
 
Apesar da limitabilidade inerente à natureza dos direitos humanos, a doutrina contemporânea sustenta 
que existem 2 exceções a essa regra, as quais seriam direitos considerados absolutos: a vedação à 
tortura (art. 5° da DUDH) e a vedação à escravidão (art. 4° da DUDH). 
 De acordo com o Professor Bruno Pinheiro, parte da doutrina aponta que existem Direitos 
Fundamentais Absolutos: 
a) Direito a Não Tortura (apontado por Norberto Bobbio) 
b) Direito a Não Escravidão 
c) Direito a Não Extradição do Brasileiro Nato (art. 5º, LI, CF/88) → apontado por Carlos Ayres Britto; 
 
TEORIA DA RESTRIÇÃO DAS RESTRIÇÕES (= LIMITAÇÃO DAS LIMITAÇÕES) 
- É teoria alemã, adotada no Brasil pelo STF; 
- Uma das características dos direitos fundamentais é que eles são relativos, ou seja, podem sofrer limitações. 
Porém, essas restrições devem ser feitas com critérios e de forma excepcional a não esvaziar o seu núcleo 
essencial. Conclusão: Pode haver restrições aos direitos fundamentais, mas essas restrições devem ser 
limitadas, não atingindo seu núcleo essencial. 
- Só podem ser impostas restrições se obedecerem aos seguintes requisitos: 
Requisito formal: os direitos fundamentais só podem ser restringidos em caráter geral por meio de normas 
elaboradas por órgãos dotados de atribuição legiferante conferido pela CF/88. A restrição deve estar 
expressa ou implicitamente autorizada. 
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Requisitos materiais: para a restrição ser válida, deve observar aos seguintes princípios: 
- Não retroatividade; 
- Proporcionalidade; 
- Generalidade e abstração; 
- Proteção do núcleo essencial. 
 
DICA DD: Os direitos fundamentais podem ser restringidos por atos normativos infraconstitucionais, desde 
que seja respeitado o seu núcleo essencial. 
Acerca do núcleo essencial Inclusive já caiu em prova que que a construção do “conteúdo essencial” é uma 
emanação da teoria externa dos direitos fundamentais, isto é A teoria externa dos direitos fundamentais é 
aquela segundo a qual o conteúdo essencial dos direitos fundamentais não se esgota em si, espraiando-se, 
de maneira irradiante, para todo o ordenamento jurídico. 
 
● Personalidade: não se transmitem. 
● Concorrência e cumulatividade: são direitos que podem ser exercidos ao mesmo tempo. 
● Universalidade: são universais, destinando-se a todos os seres humanos, indiscriminadamente. 
Independentemente, de as nações serem signatárias da declaração universal dos direitos humanos, 
devem ser reconhecidos em todo o planeta, independentemente, da cultura, política e sociedade. 
 
De acordo com o Professor Bruno Pinheiro, é a característica da Universalidade 
que fundamenta a interpretação extensiva do art. 5º, caput da CF/88, permitindo a 
aplicação dos direitos fundamentais aos apátridas, e aos estrangeiros não 
residentes no país. 
 
“Todo e qualquer ser humano é sujeito ativo desses direitos, podendo pleiteá-los 
em qualquer foro nacional ou internacional (parágrafo 5° da Declaração e Programa 
de Ação de Viena de 1993);” 
● Proibição de retrocesso: não se pode retroceder nos avanços históricos conquistados. Os direitos 
fundamentais são o resultado de um processo evolutivo, marcado por lutas e conquistas em prol da 
afirmação de posições jurídicas concretizadoras da dignidade da pessoa humana e, por isso, uma vez 
reconhecidos, não podem ser suprimidos, abolidos ou enfraquecidos. Destaque-se que há várias 
manifestações no STF sobre esse princípio, especialmente do Min. Celso de Mello, para quem “o 
princípio da proibição do retrocesso impede, em tema de direitos fundamentais de caráter social, que 
sejam desconstituídas as conquistas já alcançadas pelo cidadão ou pela formação social em que ele 
vive.” (STF, ARE n.º 639.337 AgR/SP, 2.ª Turma, Rel. Min. Celso de Mello, j. 23.08.2011, DJe 15.09.2011.). 
 
 
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2.5 Dimensão dos Direitos Fundamentais 
 
a) Dimensão subjetiva: os direitos fundamentais conferem aos seus titulares o poder de exigir algo, seja 
ação ou omissão. 
Ex.: omissão - respeitar a autonomia da vontade, sem interferir na religião, política, etc. 
Ex.: ação - exigir do Estado uma atuação comissiva, exigir ações para garantir educação, saúde, etc. 
 
b) Dimensão objetiva: os direitos fundamentais encarnam valores que permeiam toda a ordem jurídica, 
condicionam e inspiram a interpretação e aplicação de outras normas (EFICÁCIA IRRADIANTE) e criam 
dever geral de proteção sobre os bens salvaguardados. Assim, a dimensão objetiva dos direitos 
fundamentais consiste em atribuir a estes importância máxima dentro do ordenamento jurídico: eles 
são a base, o eixo axiológico de todo o ordenamento jurídico. 
 
2.5.1 Desdobramentos da dimensão objetiva dos Direitos Fundamentais 
 
A dimensão objetiva atribui força aos direitos fundamentais, que passam a ser a diretriz para a 
aplicação e interpretação das normas: 
 
1) Eficácia interpretativa dos direitos fundamentais 
Com a dimensão objetiva, os direitos fundamentais ganham um reforço na sua juridicidade, 
ganhando força no ordenamento jurídico e, além disso, se tornam normas de eficácia irradiante, que, tendo 
como base o princípio da dignidade da pessoa humana, se espalham para todo o ordenamento jurídico, 
vinculando os 3 Poderes do Estado, seja para o Legislativo ao elaborar a lei, seja para a Administração 
Pública ao “governar”, seja para o Judiciário ao resolver eventuais conflitos. 
Valores morais incorporados nos princípios constitucionais que devem irradiar por todo o 
ordenamento jurídico. 
Gera o dever do intérprete de promover a filtragem constitucional 
 
2) Eficácia horizontal dos direitos fundamentais: 
Com a evolução da teoria dos direitos fundamentais, atualmente é reconhecida a incidência também 
na relaçãoentre particulares, em igualdade de armas. Logo, pode se definir a incidência e necessidade de 
observância de todos os direitos fundamentais nas relações privadas (PARTICULAR X PARTICULAR). O STF já 
reconheceu a aludida eficácia. 
Em outras palavras: a eficácia horizontal dos direitos fundamentais consiste na possibilidade de 
aplicação dos direitos fundamentais nas relações jurídicas estritamente privadas. 
Em relação à eficácia horizontal dos direitos fundamentais, pode-se destacar 2 teorias: 
 
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1) Eficácia indireta ou mediata: os direitos fundamentais são aplicados de maneira reflexa, tanto em 
uma dimensão proibitiva e voltada para o legislador, que não poderá editar lei que viole direitos 
fundamentais, como, ainda, positiva, voltada para que o legislador implemente os direitos 
fundamentais, ponderando quais devem aplicar-se às relações privadas; 
2) Eficácia direta ou imediata: alguns direitos fundamentais podem ser aplicados às relações privadas 
sem que haja a necessidade de “intermediação legislativa” para a sua concretização. 
 
Precedentes em que o STF reconheceu a eficácia horizontal dos direitos fundamentais: 
 
· RE 160.222 – Entendeu que constitui constrangimento ilegal a revista íntima em mulheres em fábrica 
de lingerie. 
· RE 175.161 – Contrato de consórcio que prevê devolução nominal de valor já pago em caso de 
desistência viola o devido processo legal substantivo - proporcionalidade e razoabilidade. 
· RE 158.215 – Violação ao princípio do devido processo legal na hipótese de exclusão de associado de 
cooperativa sem direito à defesa. 
· RE 639.138 – É inconstitucional, por violação ao princípio da isonomia (art. 5º, I, da Constituição da 
República), cláusula de contrato de previdência complementar que, ao prever regras distintas entre 
homens e mulheres para cálculo e concessão de complementação de aposentadoria, estabelece 
valor inferior do benefício para as mulheres, tendo em conta o seu menor tempo de contribuição. 
· ADI 2572 – Constitucionalidade da reserva de vagas para pessoas obesas – O STF entendeu que não 
há inconstitucionalidade material, tendo em vista que se trata de política inclusiva que não afronta 
a liberdade de iniciativa, principalmente se considerada a eficácia horizontal dos direitos 
fundamentais. 
 
A eficácia dos direitos fundamentais pode também pode ser: 
 
● Vertical: aplica-se à tradicional ideia de limitação de poder do Estado e respeito aos direitos dos 
indivíduos, conferindo direitos básicos e garantias aos indivíduos. Há um poder superior (Estado), em 
face do indivíduo, em posições diferentes (ESTADO X PARTICULAR); 
 
TEORIA DOS QUATRO STATUS DE JELLINECK 
São as possíveis relações do indivíduo com o Estado: 
● Passivo: o indivíduo encontra-se em posição de subordinação com relação aos poderes públicos; 
● Ativo: é o poder do indivíduo de interferir na formação da vontade do Estado, sobretudo através do 
voto; 
● Negativo: o indivíduo pode agir livre da atuação do Estado, podendo autodeterminar-se sem 
ingerência estatal (abstenção estatal); 
● Positivo: é a possibilidade de o indivíduo exigir atuações positivas do Estado em seu favor. 
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● Diagonal: teoria desenvolvida por Sérgio Gamonal, e consiste na incidência e observância dos 
direitos fundamentais nas relações privadas marcadas por desigualdade de forças, ante a 
vulnerabilidade de uma das partes. Na hipótese, embora as partes teoricamente estejam em posição 
equivalente (PARTICULAR X PARTICULAR), na prática há império do poder econômico, por exemplo, 
nas relações envolvendo crianças, pessoas com deficiência, trabalhadores, consumidores etc. O TST 
já adotou a eficácia diagonal em alguns julgados, inclusive. 
 
EFICÁCIA VERTICAL EFICÁCIA HORIZONTAL EFICÁCIA DIAGONAL 
A aplicação dos direitos 
fundamentais às relações entre 
Estado e particulares, a relação de 
subordinação que o particular tem 
com o Estado. 
A aplicação dos direitos 
fundamentais às 
relações entre os 
próprios particulares. 
Há hipossuficiência de uma 
das partes. É uma relação 
entre particulares onde não há 
uma igualdade fática. 
 
2.6 Direitos individuais implícitos e explícitos 
 
Os direitos individuais podem ser explícitos ou implícitos. 
 
● Explícitos: são aqueles previstos expressamente no texto da Constituição Federal. Como exemplo, 
os contidos no art. 5° da CF/88 e seus incisos, em especial os previstos no caput do mencionado 
artigo, como a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. 
 
● Implícitos: o reconhecimento decorre de interpretação do texto da Lei das Leis. Isto se evidencia pela 
leitura do art. 5º, § 2º, da CF/88, que reconhece a existência de outros direitos individuais 
"decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais de que a 
República Federativa do Brasil seja parte". 
 
● Eventual novo direito individual criado por meio de emenda constitucional é considerado cláusula 
pétrea? 
NÃO. Segundo Gilmar Mendes, devemos ter em mente que as cláusulas pétreas “se fundamentam 
na superioridade do poder constituinte originário sobre o de reforma”, de maneira que somente o primeiro 
pode criar obstáculos à atuação do segundo. Não faz sentido, do ponto de vista lógico, permitir que o poder 
reformador crie limites invencíveis a si mesmo. 
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Assim, conclui Gilmar Mendes que “não é cabível que o poder de reforma crie cláusulas pétreas. 
Apenas o poder constituinte originário pode fazê-lo”. Caso EC crie um novo direito fundamental, este não 
será cláusula pétrea. 
É preciso distinguir, contudo, a situação em que uma EC apenas especifica, detalha ou incrementa 
um direito fundamental já criado, sem inovar no rol de direitos. Nesse caso, ainda que introduzida por EC, a 
novidade é considerada cláusula pétrea. Para Gilmar Mendes “é o que se deu, por exemplo, com o direito à 
prestação jurisdicional célere somado ao rol do art. 5º da Constituição pela EC 45/04. Esse direito já existia, 
como elemento necessário do direito de acesso à justiça – que há de ser ágil para ser efetiva – e do princípio 
do devido processo legal, ambos assentados pelo constituinte originário”. 
 
Classificação dos direitos fundamentais explícitos: 
● Direitos individuais e coletivos: direitos ligados ao conceito de pessoa humana e sua própria 
personalidade, com, por exemplo, vida, dignidade da pessoa humana, honra, liberdade, etc. Estão 
espalhados pela CF/88, mas uma grande parte concentra no art. 5º; 
 
● Direitos sociais: caracterizam-se como verdadeiras liberdades positivas, de observância obrigatória 
em um Estado Social de Direito, tendo por finalidade a melhoria das condições de vida aos 
hipossuficientes; 
 (Será especificado melhor no próximo tópico) 
 
● Direitos de nacionalidade: nacionalidade é o vínculo jurídico-político que visa ligar um indivíduo a 
certo e determinado Estado fazendo deste indivíduo um componente do povo, da dimensão pessoal 
deste Estado, capacitando-o a exigir sua proteção e sujeitando-o ao cumprimento de deveres 
impostos; 
 
● Direitos políticos: conjunto de regras que disciplina as formas de atuação da soberania popular. São 
direitos públicos subjetivos que permitem ao indivíduo o exercício concreto da liberdade de 
participação nos negócios políticos do Estado; 
 
● Direitos relacionados à existência, organização e participação em partidos políticos: a Constituição 
Federal regulamentou os partidos políticos como instrumentos necessários e importantes para 
preservação do Estado Democrático de Direito, assegurando-lhes autonomia e plena liberdade de 
atuação, para concretizar o sistema representativo. 
 
CAIU NA PROVA DELEGADO – PCGO (2022):- Os nascidos no estrangeiro são considerados brasileiros natos, desde que o pai brasileiro ou a mãe brasileira 
esteja a serviço da República Federativa do Brasil. 
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- Aos partidos políticos é garantido o acesso, de forma gratuita, ao rádio e à televisão, na forma da lei, desde 
que atenda a condições estabelecidas na constituição, sendo uma delas a de que tenham eleito em seus 
quadros pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades da 
Federação. 
 
- Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá direito a uma renda básica familiar, garantida 
pelo poder público em programa permanente de transferência de renda, na forma da lei. 
 
 - Os partidos políticos, que adquirem personalidade jurídica na forma da lei civil, devem registrar seus 
respectivos estatutos perante o Tribunal Superior Eleitoral. 
 
(Todos os itens corretos) 
 
2.7 Destinatários 
 
Os destinatários das normas dos direitos individuais, que são os direitos fundamentais, são os seres 
humanos, os indivíduos. Isso porque os direitos fundamentais surgiram com o intuito de proteção do 
indivíduo em face das arbitrariedades do Estado. 
Segundo dispõe o art. 5º, caput, da CF/88, os destinatários dos direitos fundamentais elencados na 
Carta Maior são: os brasileiros e os estrangeiros residentes no Brasil. 
 
CF/88 Art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
 
● E os estrangeiros não residentes no Brasil que apenas se encontram em trânsito no solo nacional? 
 R.: Para a doutrina, os estrangeiros não residentes no Brasil também são destinatários de direitos 
fundamentais! Veja: 
 
Dirley da Cunha - “O artigo 5º, caput deve ser interpretado a partir da unidade da 
Constituição, para se entender que todas as pessoas, físicas ou jurídicas, nacionais 
ou estrangeiras, com residência ou não no Brasil, são destinatárias dos direitos e 
garantias fundamentais previstas na CF, salvo quando a própria Carta Maior excluir 
algumas delas”. 
 
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Professor Bruno Pinheiro - A característica da universalidade dos direitos 
fundamentais fundamenta a interpretação extensiva do art. 5º, caput, da CF/88, 
permitindo a aplicação dos direitos fundamentais aos apátridas, aos estrangeiros 
não residentes no país. 
 
Há, portanto, direitos que se asseguram a todos, independentemente da nacionalidade do 
indivíduo, porquanto são considerados emanações necessárias do princípio da dignidade da pessoa 
humana. Alguns direitos, porém, são dirigidos ao indivíduo enquanto cidadão, tendo em conta a situação 
peculiar que o liga ao País. Assim, os direitos políticos pressupõem exatamente a nacionalidade brasileira. 
Direitos sociais, como o direito ao trabalho, tendem a ser também não inclusivos dos estrangeiros sem 
residência no País (MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. 
Curso de Direito Constitucional, 5ª ed., pg.350-351. São Paulo: Saraiva, 2010). 
 
Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte afirmativa: Os direitos previstos no art. 5º da Carta 
Federal também têm sido deferidos pelo Supremo Tribunal Federal mesmo aos estrangeiros não residentes. 
 
● Pessoas jurídicas são titulares de direitos fundamentais? 
 R.: Para a maioria da doutrina e o STF, SIM! Pessoa Jurídica de Direito Privado e Pessoa Jurídica de 
Direito Público podem ser titulares, bastando analisar casuisticamente quais direitos fundamentais se 
compatibilizam com a condição de pessoa jurídica. 
 
 Atenção (1): existem direitos fundamentais catalogados na CF que são concebidos especificamente 
para as pessoas jurídicas. – art. 5º, XIX, XXI, etc. 
 
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas 
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito 
em julgado; 
 XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm 
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; 
 
 Atenção (2): pessoas jurídicas de direito público, apesar de integrarem o Estado (polo passivo dos 
direitos fundamentais), gozam de direitos fundamentais, desde que compatíveis com a sua condição. 
 
2.8 Os Direitos Fundamentais na Constituição Federal de 1988 
 
 A CF de 88 estabeleceu um rol compromissório de direitos fundamentais que condensa diversas 
ideologias consagradas em direitos de 1º, 2ª e 3ª dimensões. 
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 Nos aproximamos do denominado liberalismo igualitário, que busca se equilibrar entre a proteção 
das liberdades civis e a redução das desigualdades sociais. 
 
 Obs.1: princípio da indivisibilidade - os direitos das diferentes gerações não se excluem, na verdade, 
se interpenetram, sofrendo influência mútua. Ou seja, uma geração fortalece o advento da outra. Isto porque 
compõem um conjunto único de direitos que se relacionam entre si de forma harmônica. De acordo com 
este princípio, todos os direitos humanos devem contar com a mesma proteção jurídica. 
 Obs.2: não há hierarquia entre os direitos fundamentais, pois a Constituição brasileira não permite 
hierarquização prévia e abstrata entre os direitos fundamentais. 
 
Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte afirmativa. Há hierarquia entre os direitos 
fundamentais, estando o grau de importância definido a partir da posição topográfica do direito na 
Constituição Federal. 
 
2.8.1. Não taxatividade dos direitos fundamentais e tratados de direitos humanos 
 
O ordenamento jurídico brasileiro adotou um sistema aberto de direitos fundamentais, não se 
podendo considerar taxativo o rol do seu artigo 5º. 
 
Art. 5º, § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem 
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
 
Ingo Sarlet faz a seguinte divisão: 
a) Direitos formalmente constitucionais → os incluídos pelo Poder Constituinte originário no catálogo 
de direitos fundamentais (estão presentes no art. 5º ou no título II da CF/88) 
b) Direitos materialmente constitucionais → direitos que não se encontram no rol formal da CF/88, 
mas possuem status de fundamentais haja vista seu conteúdo jusfundamental (não importando o 
local de positivação). A baliza para saber qual conteúdo confere à norma status de direito 
fundamental é a dignidade da pessoa humana. A fundamentalidade material dos direitos 
fundamentais decorre da abertura da Constituição a outros direitos fundamentais não 
expressamente constitucionalizados. O aspecto material dos direitos fundamentais nasce da 
essência do seu conteúdo substancial normativo. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito 
constitucional e teoria da constituição . 4º ed. Coimbra: Almedina. 
 
 Conforme ensina André de Carvalho Ramos, a abertura dos direitos humanos pode se dar de 
forma nacional ou internacional. A abertura internacional ocorre quando são editados novos tratados ou 
mesmo com os avanços na proteção internacional dos direitos humanos. Por sua vez, a abertura nacional 
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ocorre através da inclusão de novos direitos fundamentais em nosso ordenamento e também com a 
interpretação evolutiva e ampliativa dos tribunais nacionais. 
 A cláusula materialmente aberta prevista no §2º do art. 5º da CF/88 decorre do reconhecimento da 
dignidade da pessoa humana como fundamento do Estado (art. 1º, III). A consequência disso é que o rol de 
direitosfundamentais é meramente exemplificativo. 
 
2.8.2. Hierarquia dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos 
 
 O art. 5º, §3º da CF/88 foi introduzido pela EC 45/2004 (conhecida como reforma do Poder 
Judiciário). 
 Esse dispositivo prevê que os tratados internacionais sobre direitos humanos que observarem o 
procedimento de incorporação análogo ao das Emendas Constitucionais terão paridade normativa, isto é: 
terão status normativo de emendas constitucionais. 
 Que procedimento de incorporação é esse? 
● Aprovação em cada Casa do Congresso Nacional; 
● Em 2 turnos de votação; 
● Com pelo menos 3/5 dos votos dos respectivos membros. 
 
● E os tratados internacionais de direitos humanos que não observarem o procedimento especial do 
art. 5º, §3º da CF, não sendo aprovados pelo quórum constitucional? 
 R.: Segundo a doutrina majoritária e o Supremo Tribunal Federal, os Tratados Internacionais de 
Direitos Humanos internalizados sem a observância do procedimento estabelecido no art. 5, §3º, da CF/88 
terão hierarquia normativa supralegal: acima das leis e abaixo da Constituição. 
 Esse status normativo de supralegalidade tem o efeito de bloquear a legislação infraconstitucional 
que com eles seja incompatível, análise de compatibilidade que é chamado de controle de convencionalidade 
pela doutrina especializada. 
 O controle de convencionalidade pode ocorrer de forma concentrada ou difusa. O controle 
concentrado se restringe ao STF e somente os tratados internacionais de direitos humanos incorporados nos 
moldes do art. 5º, § 3º, CF/88 funcionam como paradigma. Acrescente-se que Valério Mazzuoli sustenta a 
utilização analógica das ações do controle concentrado em tais situações, de modo que é possível a 
propositura de ação direta de “inconvencionalidade” ou ação declaratória de “convencionalidade”. O 
controle difuso, por sua vez, pode (em verdade, deve) ser realizado por qualquer juiz ou tribunal e tem como 
paradigma tanto os tratados de direitos humanos equivalentes às ECs quanto os demais tratados 
internacionais de direitos humanos que sejam ratificados pelo Brasil. 
 
 Por fim, os Tratados Internacionais que não versam sobre direitos humanos terão hierarquia 
infraconstitucional, com status normativo equivalente à lei ordinária. 
 
PREPARAÇÃO EXTENSIVA 
 
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RESUMINDO: 
Tratado internacional SOBRE DIREITOS 
HUMANOS, aprovado pelo mesmo rito da 
Emenda Constitucional (art. 5º, §3º) 
 
 
 
Status normativo de emenda constitucional. 
Tratado internacional SOBRE DIREITOS 
HUMANOS, aprovado com quórum 
diverso das emendas constitucionais 
 
 
Status normativo de supralegalidade: superior 
às leis e inferior à Constituição. 
Tratados Internacionais QUE NÃO 
VERSAM SOBRE DIREITOS HUMANOS 
Independente do procedimento e quórum de 
votação, terão status normativo de leis 
ordinária. 
 
Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte afirmativa: Os tratados e convenções internacionais 
sobre direitos humanos aprovados no Congresso Nacional serão equivalentes a Lei Complementar. 
 
2.9 Alguns direitos individuais – rol do art. 5º da CF/88 
 
A. DIREITO À VIDA: 
 
CF, Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
 
Está relacionado à existência física de um ser humano. O art. 5º, caput, da CF assegura a 
inviolabilidade do direito à vida em relação ao Estado e em relação aos demais indivíduos. 
Inviolabilidade difere de irrenunciabilidade: a inviolabilidade diz respeito à proteção de um direito 
em face de outras pessoas, enquanto que a irrenunciabilidade diz respeito à proteção de um direito em face 
do próprio titular. 
O direito à vida compreende o direito ao mínimo necessário a uma existência digna, que abrange: 
 
1. Direito à integridade física: direito à saúde, vedação de pena de morte, proibição do aborto, 
etc; 
2. Direito a condições materiais e espirituais mínimas necessárias a uma existência digna. 
 
● Dupla acepção do direito à vida (NOVELINO, 2017, p. 325): 
 
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1. Acepção positiva: está associada ao direito à existência digna, que assegura o acesso a bens 
e utilidades indispensáveis para isso. Ela não se limita ao mínimo existencial, pois garante 
também pretensões de caráter material e jurídico, de modo que os poderes públicos devem 
adotar medidas positivas de proteção da vida, de amparo material e de emissão de normas 
protetivas; 
 
2. Acepção negativa: é o direito assegurado a todo e qualquer ser humano de permanecer vivo. 
É um direito de defesa e um pressuposto elementar para o exercício de todos os demais 
direitos. Uma decorrência dessa acepção é a proibição da pena de morte (art. 5º, XLVII, “a”, 
da CF). 
 
Atenção! Não existe direito fundamental absoluto, todos são relativos, de modo que nenhum direito 
fundamental está hierarquicamente em superioridade em relação a outro. Ora, se não existe direito 
fundamental absoluto e se todos eles são relativos, não se pode admitir que o direito à vida esteja 
hierarquicamente superior a qualquer outro, pelo simples fato de ser direito à vida. 
 
A ponderação de direitos depende de uma análise no caso concreto (nunca em abstrato) que deve 
sempre levar em consideração o princípio pro homine (pro persona), em que o intérprete prefira a 
interpretação dos direitos humanos que seja mais favorável à pessoa e a máxima efetividade, de modo que 
se alcance o maior proveito possível para o titular, com o menor sacrifício aos titulares dos demais direitos. 
Contudo, considerando-se que são inevitáveis algumas colisões de direitos fundamentais, é possível 
que estes sofram limitações diante de outros que sejam igualmente relevantes. Assim, de forma excepcional, 
pode haver a restrição ou mesmo a derrogação de alguns direitos. Exemplo de que o direito à vida não é um 
direito absoluto: existência da pena de morte no ordenamento jurídico brasileiro. 
 
JURISPRUDÊNCIA SOBRE DIREITO À VIDA: 
 
1) ADI 3510 – Pesquisa em Células Tronco Embrionárias 
O art. 5º da Lei de Biossegurança autoriza a utilização do material biológico para fins de pesquisa, 
terapia, etc., desde que sejam embriões inviáveis, ou, ainda que embriões viáveis, com mais de três anos de 
armazenamento. 
 
Art. 5o É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco 
embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e 
não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições: 
I - sejam embriões inviáveis; ou 
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II - sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta 
Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 
3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento. 
§ 1o Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores. 
§ 2o Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia 
com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à 
apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa. 
§ 3o É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo e 
sua prática implica o crime tipificado no art. 15 da Lei no 9.434, de 4 de fevereiro 
de 1997. 
 
O art.5º foi impugnado na sua constitucionalidade porque se chegou a cogitar eventual violação da 
dignidade da pessoa humana, por considerar que o ser humano estaria sendo tratado como coisa. 
Decisão do STF: o STF concluiu, por votação bastante apertada, que as pesquisas com célula-tronco 
embrionária, nos termos da lei, não violam o direito à vida.A constatação de que a vida começa com a 
existência do cérebro (segundo o STF e sem apresentar qualquer análise axiológica ou filosófica) estaria 
estabelecida, também, no art. 3.º da Lei de Transplantes, que prevê a possibilidade de retirada de tecidos, 
órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento depois da morte desde que se 
constate a morte encefálica. 
Conclusão: O art. 5° da Lei nº 11.105/2005 (Lei de Biossegurança) é plenamente constitucional, não 
havendo qualquer violação ao direito à vida. Isso porque o art. 5° toma os cuidados necessários, usa 
efetivamente as pesquisas científicas para fins terapêuticos, etc., sem trazer nenhum efeito deletério ou 
coisificante para a pessoa que forneceu o material biológico. 
 
2) ADPF 54 – Aborto de Feto Anencéfalo 
Desconsiderando os aspectos moral, ético ou religioso, tecnicamente, em relação à interrupção da 
gravidez de feto anencéfalo, desde que se comprove, por laudos médicos, com 100% de certeza, que o feto 
não tem cérebro e não há perspectiva de sobrevida. 
Nessa linha de desenvolvimento, o STF, para seguir a lógica do julgamento anterior (célula-tronco), 
teria de autorizar a possibilidade de antecipação terapêutica do parto. A imposição estatal da manutenção 
de gravidez cujo resultado final será irremediavelmente a morte do feto vai de encontro aos princípios 
basilares do sistema constitucional, mais precisamente à dignidade da pessoa humana, à liberdade, à 
autodeterminação, à saúde, ao direito de privacidade, ao reconhecimento pleno dos direitos sexuais e 
reprodutivos de milhares de mulheres. 
O STF, então, julgou procedente o pedido formulado para declarar a inconstitucionalidade de 
interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta tipificada nos arts. 124, 
126 e 128, I e II, todos do Código Penal. 
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Em outras palavras: o STF excluiu qualquer interpretação no sentido de que a interrupção da 
gestação de feto anencéfalo pudesse ser catalogada como aborto. Justamente por isso fala-se que não se 
trata de aborto, mas sim de uma interrupção da gestação em razão da inexistência de uma vida possível. 
A discussão aqui não é sobre a descriminalização do aborto, mas sim sobre um mínimo existencial 
(acepção positiva do direito à vida), que envolve a autodeterminação da mulher em face de uma eventual 
tortura. 
 
3) HC 124.306 - Interrupção voluntária da gestação no primeiro trimestre 
O STF conferiu interpretação conforme à Constituição aos arts. 124 a 126 do Código Penal para excluir 
do seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre. Os 
Ministros entenderam que a criminalização, nessa hipótese, viola diversos direitos fundamentais da mulher, 
bem como o princípio da proporcionalidade, nos temos do voto do Min. Barroso (HC 124.306, j. 29.11.2016, 
DJE de 17.03.2017). 
 
4) Distanásia, eutanásia, suicídio assistido e ortotanásia 
Distanásia: também chamada de obstinação terapêutica ou medical futility, trata-se de conduta onde 
não se prolonga a vida propriamente dita, mas o processo de morrer. No Brasil, a exposição de motivos da 
Resolução nº 1.805/2006 do Conselho Federal de Medicina permite ao médico limitar ou suspender 
procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e 
incurável, respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal. De acordo com Jean Robert Debray, 
são procedimentos terapêuticos cujos efeitos são mais nocivos do que o próprio mal a ser curado e acabam 
por negar a dignidade da vida humana. 
Eutanásia: conhecida como “morte serena”, “morte doce” ou “boa morte”, tem o fim de abreviar a 
vida do doente terminal. É uma ação médica intencional com exclusiva finalidade benevolente de pessoa que 
se encontre em situação irreversível e incurável, padecendo de intensos sofrimentos físicos e psíquicos. De 
acordo com Lenza: 
 
“Atualmente, não tendo ainda o STF apreciado a matéria, a eutanásia enseja a 
prática do crime previsto no art. 121, § 1.º, CP, qual seja, homicídio privilegiado, já 
que praticado por motivo de relevante valor moral e, por esse motivo, a prescrição 
normativa da causa de diminuição de pena. Alguns autores o denominam 
‘homicídio por piedade’.” 
 
Acrescente-se que a eutanásia ativa não se confunde com a eutanásia passiva. Esta última consiste 
na omissão de um tratamento que poderia garantir a continuidade da vida ao passo que a primeira é a ação 
deliberada de matar (seja ministrando medicamento ou suprimindo tratamento já iniciado). 
Suicídio assistido: em algumas situações, a pessoa doente em estágio terminal quer pôr fim ao seu 
sofrimento, contudo, em virtude das suas debilidades, não tem condições de o fazer sem auxílio. 
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Ortotanásia: é uma prática sensível ao processo de humanização da morte, consistindo em uma 
aceitação desta, permitindo que ela siga seu curso. Visa aliviar as dores sem incorrer em prolongamentos 
abusivos que imponham sofrimentos adicionais. Para a doutrina, seria uma forma de eutanásia ativa indireta 
em que os mecanismos de sustentação artificial da vida são retirados ou de eutanásia passiva, onde não se 
inicia uma ação médica. De acordo com Ingo Sarlet: “A ideia de bom senso, prudência e razoabilidade deve 
ser considerada, deixando claro não haver, ao menos explicitamente, qualquer vedação constitucional ao 
dito ‘direito de morrer com dignidade’ (...).” 
 
B. DIREITO À IGUALDADE: 
 
Está previsto no art. 5º, caput e inciso I, da CF/88: 
 
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...). 
 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição; 
 
a) Concepções da igualdade: 
● Concepção formal: é a igualdade perante a lei e perante o Estado. Por essa concepção, a igualdade 
impede que os indivíduos sejam tratados pelos poderes públicos de maneira diversa. Trata-se de 
uma concepção estática e negativa, insuficiente para solucionar as desigualdades sociais; 
● Concepção material: representa o tratamento igual dos iguais e o tratamento desigual daqueles em 
situações desiguais. Por essa concepção, a igualdade deve adotar critérios distintivos justos e 
razoáveis, de modo que os poderes públicos devem adotar medidas concretas para reduzir ou 
compensar desigualdades. 
 
IGUALDADE FORMAL IGUALDADE MATERIAL 
É a igualdade perante a lei e perante o 
Estado, impedindo que os indivíduos sejam 
tratados pelos poderes públicos de maneira 
diversa 
É o tratamento igual dos iguais e o 
tratamento desigual aos desiguais na medida 
em que se desigualam. 
 
Deve adotar critérios distintivos justos e 
razoáveis, de modo que os poderes públicos 
devem adotar medidas concretas para 
reduzir ou compensar desigualdades 
 
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 Confira a dica da Professora Thaianne: 
 
https://youtu.be/f6uK8WsoSnM 
 
 
b) Dimensões da igualdade (NOVELINO, 2017, p. 340): 
 
● Dimensão objetiva: é a igualdade compreendida como princípio material estruturante do Estado 
brasileiro que impõe o tratamento igual para os iguais e desigual para os desiguais, bem como ações 
voltadas à redução das desigualdades sociais e regionais; 
● Dimensão subjetiva: confere a indivíduos e grupos posições jurídicas de caráter negativo (proteção 
contra diferenciações ou igualizações arbitrárias) e de caráter positivo (direito a exigir determinadas 
prestações materiais e jurídicas destinadas à redução de desigualdades). 
 
Certo é que, no atual Estado Democrático de Direito, deve-se buscar, nãosomente a igualdade formal 
(consagrada no liberalismo clássico), mas, principalmente, a igualdade material. Isso porque, no Estado social 
ativo, efetivador dos direitos humanos, imagina-se uma igualdade mais real perante os bens da vida, diversa 
daquela apenas formalizada em face da lei. 
Vejamos alguns exemplos de ações afirmativas reconhecidas pelo STF: 
 
◘ Cotas raciais: 
 O STF, na ADPF 186, considerou constitucional a política de cotas étnico-raciais para seleção de 
estudantes da Universidade de Brasília (UnB). Além disso, o STF declarou o reconhecimento da 
proclamação na Constituição da igualdade material, sendo que, para assegurá-la, “o Estado poderia lançar 
mão de políticas de cunho universalista — a abranger número indeterminado de indivíduos — mediante 
ações de natureza estrutural; ou de ações afirmativas — a atingir grupos sociais determinados — por meio 
da atribuição de certas vantagens, por tempo limitado, para permitir a suplantação de desigualdades 
ocasionadas por situações históricas particulares. 
 Ainda, o STF declarou que “é constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos 
públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública direta 
https://youtu.be/f6uK8WsoSnM
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e indireta. É legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios subsidiários de heteroidentificação, 
desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa”. STF. 
Plenário. ADC 41/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/6/2017 (Info 868). 
 
◘ PROUNI – Programa Universidade para Todos: 
 O STF julgou constitucional o PROUNI, como importante fator de inserção social e cumprimento do 
art. 205 da CF/88, que estatui ser a educação direito de todos e dever do Estado e da família. Ainda, o 
programa encontra-se em sintonia com diversos dispositivos da Constituição que estabelecem a redução de 
desigualdades sociais. 
 
◘ Lei Maria da Penha: 
 O STF julgou procedente a ADC 19, para declarar a constitucionalidade dos arts. 1.º, 33 e 41 da Lei n. 
11.340/2006 (Lei Maria da Penha), tendo por fundamento o princípio da igualdade, bem como o combate ao 
desprezo às famílias, sendo considerada a mulher a sua célula básica. 
 Na mesma assentada, por maioria e nos termos do voto do Relator, o STF julgou procedente a ADI 
4.424, para, dando interpretação conforme os arts. 12, I, e 16, ambos da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da 
Penha), declarar a natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão, pouco importando a 
extensão desta, praticado contra a mulher no ambiente doméstico. 
 
C. DIREITO À DIGNIDADE HUMANA: 
É um valor, um princípio, servindo como parâmetro para a definição dos direitos formal e 
materialmente fundamentais. 
 
ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL5 
 - Inspiração: Corte Constitucional Colombiana. 
 - Definição: Quadro insuportável de violação massiva de direitos fundamentais, agravado pela inércia 
continuada das autoridades. 
 - Pressupostos: 
● Violação generalizada e sistemática de direitos fundamentais; 
● Inércia ou incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em modificar a 
conjuntura; 
● Situação que exige a atuação de uma pluralidade de autoridades públicas. 
Caiu em prova (CESPE, PCRJ) e foi considerada CORRETA a seguinte afirmativa: A respeito da figura 
denominada Estado de coisas inconstitucional, é correto afirmar que: encontra fundamento nos casos de 
inadimplemento reiterado de direitos fundamentais pelos poderes do Estado, sem que haja possibilidade 
 
5 Para aprofundamento do julgado: http://www.dizerodireito.com.br/2015/09/entenda-decisao-do-stf-sobre-
o-sistema.html 
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de remédio para vias tradicionais, ocasião em que o tribunal assume o papel de coordenador de políticas 
públicas por meio da denominada tutela estruturante. 
 
Análise pelo STF em ADPF (PSOL X União e Estados) – Concessão parcial de liminar para: 
● Obrigar a União a liberar o saldo acumulado no FUNPEN; 
● Implementação pelos juízes e Tribunais da audiência de custódia, no máximo em 90 (noventa) dias; 
● 
● Responsabilidade dos três poderes e de todos os entes Federativos. 
● No julgado, entendeu-se que incumbiria ao STF retirar os demais poderes da inércia, coordenando ações 
para resolver os problemas e monitorar resultados. Porém, NÃO cabe ao Judiciário definir o conteúdo 
dessas políticas públicas (ex: medidas judiciais para abater o tempo de prisão). 
 
IMPORTANTE: Transexuais e travestis com identificação com gênero feminino poderão optar por cumprir 
pena em presídio feminino ou masculino. 
 
Em 19.03.2021, o ministro Luís Roberto Barroso ajustou os termos de medida cautelar deferida em junho de 
2019, na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 527, de modo a determinar que 
presas transexuais e travestis com identidade de gênero feminino podem optar por cumprir penas em 
estabelecimento prisional feminino ou masculino. Nesse último caso, elas devem ser mantidas em área 
reservada, como garantia de segurança. 
De acordo com Barroso, e mencionando os Princípios de Yogyakarta (número 9), no Brasil, o direito das 
transexuais femininas e travestis ao cumprimento de pena em condições compatíveis com a sua identidade 
de gênero decorre, em especial, dos princípios constitucionais do direito à dignidade humana, à 
autonomia, à liberdade, à igualdade, à saúde, e da vedação à tortura e ao tratamento degradante e 
desumano. Decorre também da jurisprudência consolidada no STF no sentido de reconhecer o direito desses 
grupos a viver de acordo com a sua identidade de gênero e a obter tratamento social compatível com ela. 
Fonte: Site do STF 
 
D. DIREITO À SAÚDE 
 A saúde é direito de todos e dever do Estado (art. 196 da CF/88), sendo assegurada por meio de 
políticas sociais e econômicas que busquem: 
● A redução do risco de doença e de outros agravos; e 
● O acesso universal e igualitário às ações e serviços voltados à sua promoção, proteção e 
recuperação. 
 
 Quando se fala na dimensão objetiva do direito à saúde, isso significa que, independentemente de 
um caso concreto, existe um dever jurídico geral do Poder Público de concretizar medidas para garantir as 
políticas públicas de saúde. 
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 De acordo com Lenza, assim como os demais direitos sociais, tal direito possui duas vertentes. Uma 
positiva, onde se fomenta um Estado prestacionista para implementar o direito social; e outra negativa, onde 
o Estado ou particular devem se abster da prática de atos que sejam prejudiciais a terceiros. 
 Cuidar da saúde da população é uma competência COMUM que deve ser exercida por todos os entes 
federados. 
 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios: 
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas 
portadoras de deficiência; 
 
 Quando se fala em “cuidar da saúde” isso abrange, obviamente, adotar medidas para salvar vidas e 
garantir a higidez física das pessoas ameaçadas ou acometidas pelo novo coronavírus (Covid-19). Vale 
relembrar que, no plano administrativo, esse dever é materializado por meio do Sistema Único de Saúde – 
SUS, previsto no art. 198, da CF/88: 
 
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e 
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as 
seguintes diretrizes: 
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem 
prejuízo dos serviços assistenciais; 
III - participação da comunidade. 
 
 O SUS é compatível com o federalismo cooperativo, adotado pelo Brasil, segundoo qual existe um 
entrelaçamento de competências e atribuições dos diferentes níveis governamentais. Veja a explicação do 
Professor Márcio Cavalcante: 
 A União tem o papel de coordenar as atividades do setor: A União exerce aquilo que a doutrina 
denomina de “competência de cooperação” e que consiste na obrigação constitucional de “planejar e 
promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações” 
(art. 21, XVIII, CF/88). Assim, compete à União assumir a coordenação das atividades do setor, incumbindo-
lhe, em especial, “executar ações de vigilância epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como 
na ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do controle da direção estadual do SUS ou 
que representem risco de disseminação nacional”, conforme estabelece o disposto no art. 16, III, “a”, e 
parágrafo único, da Lei nº 8.080/90 (Lei Orgânica da Saúde). 
 União é responsável pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI): Dentro desse papel de 
coordenar as atividades, a União tem a competência de elaborar, por intermédio do Ministério da Saúde, o 
Programa Nacional de Imunizações (art. 3º da Lei nº 6.259/75). O Ministério da Saúde coordenará e apoiará, 
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técnica, material e financeiramente, a execução do programa, em âmbito nacional e regional (art. 4º, caput). 
As Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, por sua vez, irão executar as ações do programa nos seus 
respectivos territórios. Vale ressaltar que o Governo Federal divulgou, em 16/12/2020, o Plano Nacional de 
Imunizações contra a covid-19. 
 Estados-membros, DF e Municípios também podem atuar para suprir lacunas ou omissões: Não 
obstante constitua incumbência do Ministério da Saúde coordenar o PNI, tal atribuição não exclui a 
competência dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios de também atuarem porque se trata, 
conforme já explicado, de competência comum (art. 23, II, da CF/88). O ideal é que todas as vacinas seguras 
e eficazes sejam incluídas no PNI e que a União coordene nacionalmente o programa, de maneira a imunizar 
uniforme e tempestivamente toda a população. No entanto, o STF entende que é possível a atuação conjunta 
das autoridades estaduais e locais para o enfrentamento da covid, especialmente para suprir lacunas ou 
omissões do governo federal. 
 Nesse sentido, considerando a imensa relevância sobre o tema, é importantíssimo ficar atento às 
jurisprudências pertinentes: 
◘ São atípicas as condutas de submeter-se à vacinação contra covid-19 em local diverso do 
agendado e/ou com aplicação de imunizante diverso do reservado e/ou de submeter-se à 
vacinação sem a realização de agendamento. 
 
(Caso Wesley Safadão) 
No caso, o Tribunal de origem considerou que as condutas de submeter-se à 
vacinação contra covid-19 em local diverso do agendado, com aplicação de 
imunizante diverso do reservado e sem a realização de agendamento subsumir-se-
iam, em tese, aos tipos penais previstos nos arts. 312 (peculato) e 317, § 2º 
(corrupção passiva), do Código Penal. 
Essas condutas não se amoldam aos tipos em questão, em especial porque 
ausentes os elementos objetivos (verbos nucleares) contidos no art. 312 do Código 
Penal. Não houve apropriação, tampouco desvio de doses de vacina contra a covid-
19, já que destinadas à população em geral, grupo em que se enquadram os 
pacientes, uma vez que tinham o direito de ser vacinados (embora em local ou 
momento diverso). A saúde é um direito de todos, direito social que é assegurado 
pelo art. 6º da Carta Constitucional. 
De igual forma, é atípica a conduta de corrupção passiva na forma do § 2º 
(modalidade privilegiada) do art. 317 do Código Penal, porquanto, na modalidade 
privilegiada do tipo em questão, criminaliza-se, de maneira mais branda, a conduta 
do agente que pratica ato de ofício, com violação de dever funcional a pedido de 
alguém que exerce algum tipo de influência sobre sua atuação, sem solicitação ou 
recebimento de vantagem ilícita. 
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STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 160.947-CE, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado 
em 27/09/2022 (Info 752) 
 
◘ Em ação que pretende o fornecimento de medicamento registrado na ANVISA, ainda que não 
incorporado em atos normativos do SUS, é prescindível a inclusão da União no polo passivo da 
demanda. 
 
O Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o Tema 793 da Repercussão Geral, fixou 
tese no sentido de que "os entes da federação, em decorrência da competência 
comum, são solidariamente responsáveis nas demandas prestacionais na área da 
saúde, e diante dos critérios constitucionais de descentralização e hierarquização, 
compete à autoridade judicial direcionar o cumprimento conforme as regras de 
repartição de competências e determinar o ressarcimento a quem suportou o ônus 
financeiro" (STF, EDcl no RE 855.178/SE, Rel. p/ acórdão Ministro Edson Fachin, 
Pleno, DJe 16/04/2020). 
STJ. RMS 68.602-GO, Rel. Min. Assusete Magalhães, Segunda Turma, por 
unanimidade, julgado em 26/04/2022, DJe 29/04/2022.(Info 734) 
 
◘ Não se pode utilizar verbas do Fundeb para combater à pandemia da Covid-19. 
Ainda que se reconheça a gravidade da pandemia da Covid-19 e os seus impactos 
na economia e nas finanças públicas, nada justifica o emprego de verba 
constitucionalmente vinculada à manutenção e desenvolvimento do ensino básico 
para fins diversos da que ela se destina. 
STF. Plenário. ADI 6490/PI, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 18/2/2022 (Info 
1044). 
 
◘ Estados, Distrito Federal e Municípios podem importar vacinas? 
 
Nas exatas palavras do STF: os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no caso 
de descumprimento do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra 
a Covid-19 ou na hipótese de cobertura imunológica intempestiva e insuficiente, 
poderão dispensar às respectivas populações: a) vacinas das quais disponham, 
previamente aprovadas pela Anvisa; e b) no caso não expedição da autorização 
competente, no prazo de 72 horas, vacinas registradas por pelo menos uma das 
autoridades sanitárias estrangeiras e liberadas para distribuição comercial nos 
respectivos países, bem como quaisquer outras que vierem a ser aprovadas, em 
caráter emergencial. STF. Plenário. ADPF 770 MC-Ref/DF e ACO 3451 MC-Ref/MA, 
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 24/2/2021 (Info 1006). 
https://processo.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=%28%28ROMS.clas.+ou+RMS.clap.%29+e+%40num%3D%2268602%22%29+ou+%28%28ROMS+ou+RMS%29+adj+%2268602%22%29.suce.
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◘ STF estendeu a vigência das medidas de combate à covid-19 elencadas na Lei nº 13.979/2020 e que 
estavam previstas para terminar em 31/12/2020 
 
A prudência — amparada nos princípios da prevenção e da precaução — aconselha 
que continuem em vigor as medidas excepcionais previstas nos arts. 3º ao 3º-J da 
Lei nº 13.979/2020, dada a continuidade da situação de emergência na área da 
saúde pública. STF. Plenário. ADI 6625 MC-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
julgado em 6/3/2021 (Info 1008). 
 
◘ Poder Público pode determinar a vacinação compulsória contra a Covid-19 (o que é diferente de 
vacinação forçada) 
 
A tese fixada foi a seguinte: (A) A vacinação compulsória não significa vacinação 
forçada, por exigir sempre o consentimento do usuário, podendo, contudo, ser 
implementada por meio de medidas indiretas, as quais compreendem, dentre 
outras, a restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de 
determinados lugares, desde que previstas em lei, ou dela decorrentes, e (i) tenham 
como base evidências científicas e análises estratégicas pertinentes, (ii) venham 
acompanhadas de ampla informação sobre a eficácia, segurança e contraindicações 
dos imunizantes, (iii)respeitem a dignidade humana e os direitos fundamentais das 
pessoas; (iv) atendam aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade, e (v) 
sejam as vacinas distribuídas universal e gratuitamente; e (B) tais medidas, com as 
limitações acima expostas, podem ser implementadas tanto pela União como pelos 
Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as respectivas esferas de 
competência. STF. Plenário. ADI 6586, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 
17/12/2020. 
 
◘ É ilegítima a recusa dos pais à vacinação compulsória de filho menor por motivo de convicção filosófica 
 
É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, 
registrada em órgão de vigilância sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa 
Nacional de Imunizações ou (ii) tenha sua aplicação obrigatória determinada em lei 
ou (iii) seja objeto de determinação da União, estado, Distrito Federal ou município, 
com base em consenso médico-científico. Em tais casos, não se caracteriza violação 
à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou responsáveis, nem 
tampouco ao poder familiar. STF. Plenário. ARE 1267879/SP, Rel. Min. Roberto 
Barroso, julgado em 16 e 17/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 1103) (Info 1003). 
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◘ União não pode requisitar seringas e agulhas que já foram contratadas pelo Estado-membro para o 
plano estadual de imunização e que ainda estão na indústria, apesar de já terem sido empenhados 
 
É incabível a requisição administrativa, pela União, de bens insumos contratados 
por unidade federativa e destinados à execução do plano local de imunização, cujos 
pagamentos já foram empenhados. A requisição administrativa não pode se voltar 
contra bem ou serviço de outro ente federativo. Isso para que não haja indevida 
interferência na autonomia de um sobre outro. STF. Plenário. ACO 3463 MC-Ref/SP, 
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 8/3/2021 (Info 1008). 
 
◘ STF determinou que governo deveria detalhar a ordem de preferência na vacinação dentro dos grupos 
prioritários (quem deveria ser vacinado primeiro dentro do grupo prioritário) 
 
A pretensão de que sejam editados e publicados critérios e subcritérios de 
vacinação por classes e subclasses no Plano de Vacinação, assim como a ordem de 
preferência dentro de cada classe e subclasse, encontra arrimo: • nos princípios da 
publicidade e da eficiência que regem a Administração Pública (art. 37, da CF/88); 
• no direito à informação que assiste aos cidadãos em geral (art. 5º, XXXIII, e art. 
37, § 2º, II); • na obrigação da União de “planejar e promover a defesa permanente 
contra as calamidades públicas” (art. 21, XVII); • no dever incontornável cometido 
ao Estado de assegurar a inviolabilidade do direito à vida (art. 5º, caput), traduzida 
por uma “existência digna” (art. 170); e • no direito à saúde (art. 6º e art. 196). STF. 
Plenário. ADPF 754 TPI-segunda-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado 
em 27/2/2021 (Info 1007). 
 
◘ É dever do Poder Público elaborar e implementar plano para o enfrentamento da pandemia COVID-
19 nas comunidades quilombolas 
 
O STF determinou que a União elaborasse plano de combate à Covid-19 para 
população quilombola, com a participação de representantes da Coordenação 
Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – Conaq. 
Além disso, o STF deferiu pedido para suspender os processos judiciais, 
notadamente ações possessórias, reivindicatórias de propriedade, imissões na 
posse, anulatórias de processos administrativos de titulação, bem como os recursos 
vinculados a essas ações, sem prejuízo dos direitos territoriais das comunidades 
quilombolas até o término da pandemia. STF. Plenário. ADPF 742/DF, Rel. Min. 
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0da54aa0b1ee702d0c45af548b1a54c7?categoria=1&subcategoria=1&assunto=14
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0da54aa0b1ee702d0c45af548b1a54c7?categoria=1&subcategoria=1&assunto=14
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Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 24/2/2021 (Info 
1006). 
 
◘ STF determina que governo federal adote medidas para conter o avanço da Covid-19 entre indígenas 
 
O Min. Roberto Barroso (relator) deferiu parcialmente a medida cautelar para que 
a União implemente, em resumo, as seguintes providências: Quanto aos povos 
indígenas em isolamento ou povos indígenas de recente contato: 1. Criação de 
barreiras sanitárias, que impeçam o ingresso de terceiros em seus territórios; 2. 
Criação de Sala de Situação, para gestão de ações de combate à pandemia quanto 
aos Povos Indígenas em Isolamento e de Contato Recente. Quanto aos povos 
indígenas em geral: 1. Inclusão de medida emergencial de contenção e isolamento 
dos invasores em relação às comunidades indígenas ou providência alternativa, 
apta a evitar o contato. 2. Imediata extensão dos serviços do Subsistema Indígena 
de Saúde. 3. Elaboração e monitoramento de um Plano de Enfrentamento da 
COVID-19 para os Povos Indígenas Brasileiros pela União. O Plenário do STF 
referendou a medida cautelar concedida. STF. Plenário. ADPF 709 Ref-MC/DF, Rel. 
Min. Roberto Barroso, julgado em 3 e 5/8/2020 (Info 985). 
 
E. DIREITO À INTEGRIDADE 
 
A Carta Magna proíbe a prática lesões, psíquica e moral (provocação de dor interna e sofrimento). 
Ademais, veda a prática da tortura, bem como qualquer tipo de comercialização de órgãos, tecidos e 
substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento (art. 199, §4º). 
 
F. PROIBIÇÃO DA TORTURA 
Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante 
(art. 5º, III, da CF/88). 
 
● Não esquecer que parcela da doutrina defende que o direito de não ser torturado (inciso III do art. 5º 
da CF/88) é um exemplo de direito fundamental absoluto, sendo uma exceção à característica da 
relatividade dos direitos fundamentais. 
 
● Uso de algemas e a Súmula Vinculante 11: “o uso legítimo de algemas não é arbitrário, sendo de 
natureza excepcional, a ser adotado nos casos e com as finalidades de impedir, prevenir ou dificultar a 
fuga ou reação indevida do preso, desde que haja fundada suspeita ou justificado receio de que tanto 
venha a ocorrer, e para evitar agressão do preso contra os próprios policiais, contra terceiros ou contra 
si mesmo. O emprego dessa medida tem como balizamento jurídico necessário os princípios da 
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proporcionalidade e da razoabilidade” (HC 89.429, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 22.08.2006, DJ de 
02.02.2007). 
 
Súmula Vinculante nº 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de 
fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte 
do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de 
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade 
da prisão ou do ato processo a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil 
do Estado. 
 
G. DIREITO À PRIVACIDADE – DIMENSÕES 
 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação; 
 
● Intimidade: é o direito de estar só (right to be alone) e o direito de ser deixado em paz; 
● Vida privada: é o direito do indivíduo de ser do modo que quiser, sem a intervenção de outrem. 
● Honra: ligada à honra objetiva (visão da sociedade) e honra subjetiva (visão da própria pessoa). 
● Imagem: é a representação da pessoa, por meio de desenhos, fotografias. 
 
É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim 
entendido como o poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação 
de fatos ou dados verídicose licitamente obtidos e publicados em meios de 
comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no 
exercício da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a 
caso, a partir dos parâmetros constitucionais – especialmente os relativos à 
proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade em geral – e as 
expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível. 
STF. Plenário. RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 
(Repercussão Geral – Tema 786) (Info 1005). 
 
O direito à retratação e ao esclarecimento da verdade possui previsão na 
Constituição da República e na Lei Civil, não tendo sido afastado pelo Supremo 
Tribunal Federal no julgamento da ADPF 130/DF. O princípio da reparação integral 
(arts. 927 e 944 do CC) possibilita o pagamento da indenização em pecúnia e in 
natura, a fim de se dar efetividade ao instituto da responsabilidade civil. Dessa 
forma, é possível que o magistrado condene o autor da ofensa a divulgar a sentença 
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condenatória nos mesmos veículos de comunicação em que foi cometida a ofensa 
à honra, desde que fundamentada em dispositivos legais diversos da Lei de 
Imprensa. STJ. 3ª Turma. REsp 1771866-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 
julgado em 12/02/2019 (Info 642). 
Fonte: Dizer o Direito 
 
É legítimo, desde que observados alguns parâmetros, o compartilhamento de 
dados pessoais entre órgãos e entidades da Administração Pública federal, sem 
qualquer prejuízo da irrestrita observância dos princípios gerais e mecanismos de 
proteção elencados na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei nº 
13.709/2018) e dos direitos constitucionais à privacidade e proteção de dados. 
STF. Plenário. ADI 6649/DF e ADPF 695/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 
15/9/2022 (Info 1068). 
 
 
● Privacidade e sigilo bancário e fiscal: o STF admite a quebra do sigilo pelo Judiciário ou por CPI (federal 
ou estadual, mas não municipal), mas resiste a que o MP possa requisitá-la diretamente, por falta de 
autorização legal específica, salvo a hipótese de existir procedimento administrativo investigando 
utilização indevida de patrimônio público. 
 
LC 105/2001 E QUEBRA DE SIGILO PELA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA6 
- A Lei Complementar n.º 105/2001 atribui a agentes tributários, no exercício do poder de fiscalização, o 
poder de requisitar informações referentes a operação e serviços das instituições financeiras, 
independente de autorização judicial. Inicialmente, nos autos do RE 389808, o STF entendeu NÃO ser 
possível o afastamento do sigilo. 
 
- O STF entendeu possível o repasse das informações dos bancos para o Fisco, pelos seguintes argumentos, 
pois as informações são remetidas ao Fisco em caráter sigiloso e permanecem de forma sigilosa na 
Administração Tributária, inacessível a terceiros, não pode ser considerado violação do sigilo. 
 
É constitucional a requisição, sem prévia autorização judicial, de dados bancários 
e fiscais considerados imprescindíveis pelo Corregedor Nacional de Justiça para 
apurar infração de sujeito determinado, desde que em processo regularmente 
instaurado mediante decisão fundamentada e baseada em indícios concretos da 
 
6 Para aprofundamento, sugerimos leitura do julgado comentado pelo Dizer o Direito: 
http://www.dizerodireito.com.br/2016/02/a-receita-pode-requisitar-das.html 
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prática do ato. STF. Plenário. ADI 4709/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 
27/5/2022 (Info 1056). 
 
Dados obtidos com a quebra de sigilo bancário não podem ser divulgados 
abertamente em site oficial. 
Os dados obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal devem 
ser mantidos sob reserva. 
Assim, a página do Senado Federal na internet não pode divulgar os dados obtidos 
por meio da quebra de sigilo determinada por comissão parlamentar de inquérito 
(CPI). STF. Plenário. MS 25940, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/4/2018 (Info 
899). 
Fonte: Dizer o direito. 
 
● Privacidade, produção de relatórios de inteligência e vinculação ao interesse público – ADPF 
722/DF: 
 
Os órgãos do Sistema Brasileiro de Inteligência, conquanto necessários para a 
segurança pública, segurança nacional e garantia de cumprimento eficiente dos 
deveres do Estado, devem operar com estrita vinculação ao interesse público, 
observância aos valores democráticos e respeito aos direitos e garantias 
fundamentais. Nesse contexto, caracterizam desvio de finalidade e abuso de poder 
a colheita, a produção e o compartilhamento de dados, informações e 
conhecimentos específicos para satisfazer interesse privado de órgão ou de agente 
público (1). Na hipótese, a utilização da máquina estatal para a colheita de 
informações de servidores com postura política contrária ao governo caracteriza 
desvio de finalidade e afronta aos direitos fundamentais da livre manifestação do 
pensamento, da privacidade, reunião e associação, aos quais deve ser conferida 
máxima efetividade, pois essenciais ao regime democrático. Ademais, os órgãos de 
inteligência de qualquer nível hierárquico de qualquer dos Poderes do Estado, 
embora sujeitos ao controle externo realizado pelo Poder Legislativo (2), 
submetem-se também ao crivo do Poder Judiciário, em respeito ao princípio da 
inafastabilidade da jurisdição (3). Com base nesses entendimentos, o Plenário, por 
maioria, julgou procedente o pedido para confirmar a medida cautelar e declarar 
inconstitucionais atos do Ministério da Justiça e Segurança Pública de produção ou 
compartilhamento de informações sobre a vida pessoal, as escolhas pessoais e 
políticas, e as práticas cívicas de cidadãos, servidores públicos federais, estaduais e 
municipais identificados como integrantes de movimento político, professores 
universitários e quaisquer outros que, atuando nos limites da legalidade, exerçam 
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seus direitos de livremente expressar-se, reunir-se e associar-se. STF, ADPF 722, 
Plenário, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento 13.5.2022. 
 
H. INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO: 
 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para 
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial 
 
● A casa é asilo inviolável. Qual é o conceito de casa? 
 R.: Segundo o STF e doutrina, casa abrange não só o domicílio como também todo lugar privativo, 
ocupado por alguém, com direito próprio e de maneira exclusiva, mesmo sem caráter definitivo ou habitual. 
 
STF - “Para os fins da proteção jurídica a que se refere o art. 5.º, XI, da Constituição 
da República, o conceito normativo de ‘casa’ revela-se abrangente e, por estender-
se a qualquer aposento de habitação coletiva, desde que ocupado (CP, art. 150, § 
4.º, II), compreende, observada essa específica limitação espacial, os quartos de 
hotel (...)” (RHC 90.376) 
A abrangência do conceito alcança: 
▪ O escritório de trabalho 
▪ O estabelecimento industrial 
▪ Clube recreativo 
▪ Quarto de hotel 
 
É lícita a entrada de policiais, sem autorização judicial e sem o consentimento do 
hóspede, em quarto de hotel, desde que presentes fundadas razões da ocorrência 
de flagrante delito. 
O STJ afirmou que, embora o quarto de hotel regularmente ocupado seja, 
juridicamente, qualificado como “casa” para fins de tutela constitucional da 
inviolabilidade domiciliar (art. 5º, XI), a exigência, em termos de standard 
probatório, para que policiais ingressem em um quarto de hotel sem mandado 
judicial não pode ser igual às fundadas razões exigidas para o ingresso em uma 
residência propriamente dita, a não ser que se trate (o quarto de hotel) de um local 
de moradia permanentedo suspeito. STJ. 6ª Turma. HC 659.527-SP, Rel. Min. 
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 19/10/2021 (Info 715). 
 
▪ Quarto de motel 
▪ Automóveis quando usados para fins de moradia 
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▪ Barcos quando usados para fins de moradia. 
 
Atenção: 
O STJ possui jurisprudência recentíssima entendendo que a habitação em prédio 
abandonado de escola municipal pode caracterizar o conceito de domicílio em que 
incide a proteção disposta no art. 5º, inciso XI da Constituição Federal (AgRg no HC 
712.529-SE). 
 
STJ: A abordagem policial em estabelecimento comercial, ainda que a diligência 
tenha ocorrido quando não havia mais clientes, é hipótese de local aberto ao 
público, que não recebe a proteção constitucional da inviolabilidade do domicílio. 
Consoante decidido no RE 603.616/RO, pelo Supremo Tribunal Federal, "a entrada 
forçada em domicílio sem mandado judicial é lícita, mesmo em período noturno, 
quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que 
indiquem que, dentro da casa, ocorre situação de flagrante delito, sob pena de 
responsabilidade disciplinar, civil, e penal do agente ou da autoridade e de nulidade 
dos atos praticados". Todavia, no caso, verifica-se que os policiais afirmaram que 
"havia uma investigação em andamento relativa a um roubo de carga, tendo sido 
veiculada denúncia anônima dando conta de que parte do carregamento subtraído 
estava nas dependências da borracharia pertencente ao réu, diante do que 
procederam à diligência local".Desse modo, como se trata de estabelecimento 
comercial - em funcionamento e aberto ao público - não pode receber a proteção 
que a Constituição Federal confere à casa. Assim, não há violação à garantia 
constitucional da inviolabilidade do domicílio, a caracterizar a ocorrência de 
constrangimento ilegal (HC 754.789-RS, Rel. Ministro Olindo Menezes 
(Desembargador convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma, por unanimidade, 
julgado em 6/12/2022). 
 
▪ Bens públicos de uso especial não abertos ao público como gabinetes de prefeitos, gabinete do 
delegado de polícia 
 
Inf. 549 do STJ (2014):Afirmou que o gabinete do delegado de polícia encontra-se 
inserido no conceito de “casa” previsto no inciso III do §4º do art. 150 do CP. Logo, 
invasão ao seu gabinete constitui crime de violação de domicílio. 
 
 CP, Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a 
vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas 
dependências: 
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§ 4º - A expressão "casa" compreende: 
I - qualquer compartimento habitado; 
II - aposento ocupado de habitação coletiva; 
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou 
atividade 
 
* ATENÇÃO - Exceções ao direito à inviolabilidade do domicílio: 
(1) Em caso de flagrante delito, a qualquer momento; 
(2) Em caso de desastre ou para prestar socorro; 
(3) Através de autorização judicial, durante o dia. 
 
Fique atento à jurisprudência: 
 
O ingresso regular da polícia no domicílio, sem autorização judicial, em caso de 
flagrante delito, para que seja válido, necessita que haja fundadas razões (justa 
causa) que sinalizem a ocorrência de crime no interior da residência. A mera 
intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente, embora pudesse 
autorizar abordagem policial, em via pública, para averiguação, não configura, por 
si só, justa causa a autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o seu consentimento 
e sem determinação judicial. STJ. 6ª Turma. REsp 1574681-RS, Rel. Min. Rogério 
Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (Info 606). 
Fonte: Dizer o Direito 
 
C) Direito às Liberdades 
 
Abrange as liberdades física, de pensamento, de locomoção. 
 
I. LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO – Art. 5º, IV e V 
 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização 
por dano material, moral ou à imagem; 
 
 A Constituição assegurou a liberdade de manifestação do pensamento, vedando o anonimato. Se 
durante a manifestação do pensamento se cause dano material, moral ou à imagem, assegura-se o direito 
de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização. 
 Conforma salienta Pedro Lenza, o inciso IV estabelece uma espécie de “cláusula geral” que, em 
conjunto com outros dispositivos, asseguram a liberdade de expressão nas suas diversas manifestações: 
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a) liberdade de manifestação do pensamento (incluindo a liberdade de opinião); 
b) liberdade de expressão artística; 
c) liberdade de ensino e pesquisa; 
d) liberdade de comunicação e de informação (liberdade de “imprensa”); 
e) liberdade de expressão religiosa. 
 
● Marcha da Maconha (ADPF 187) – as marchas da maconha vinham sendo reprimidas pela polícia, sob a 
ótica de que elas geravam apologia ao crime, vez que o uso de maconha é criminalizado. Este 
entendimento viola a liberdade de expressão, porque não se confunde a apologia a droga e o seu uso 
com a defesa da descriminalização ou ainda da inconstitucionalidade da criminalização. Em um Estado 
Democrático de Direito se entender que o povo não possa se manifestar pela descriminalização de 
uma conduta, evidentemente é se viver em um Estado que não pode ser chamado de Democrático de 
Direito. Em um regime que presa pela liberdade de expressão tem que dar a opção da população se 
manifestar pela descriminalização de determinada conduta. 
 
● Delação anônima (Inq. 1957) – o STF já decidiu não ser possível a utilização da denúncia anônima, pura 
e simples, para a instauração de procedimento investigatório, por violar a vedação ao anonimato, 
prevista no art. 5.º, IV. Nada impede, contudo, que o Poder Público provocado por delação anônima 
adote medidas informais destinadas a apurar, previamente, em averiguação sumária, com prudência e 
discrição, a possível ocorrência de eventual situação de ilicitude penal, desde que o faça com o objetivo 
de conferir a verossimilhança dos fatos nela denunciados, em ordem a promover, então, em caso 
positivo, a formal instauração da persecutio criminis, mantendo-se, assim, completa desvinculação desse 
procedimento estatal em relação às peças apócrifas”. 
 
● Tatuagem e o concurso público – “as pigmentações de caráter permanente inseridas voluntariamente 
em partes dos corpos dos cidadãos configuram instrumentos de exteriorização da liberdade de 
manifestação do pensamento e de expressão, valores amplamente tutelados pelo ordenamento jurídico 
brasileiro (CRFB/88, art. 5.°, IV e IX)”. Assim, “o Estado não pode desempenhar o papel de adversário da 
liberdade de expressão, incumbindo-lhe, ao revés, assegurar que minorias possam se manifestar 
livremente” 
 
Tema 838 da repercussão geral, fixou as seguintes teses: “(i) os requisitos do edital 
para o ingresso em cargo, emprego ou função pública devem ter por fundamento 
lei em sentido formal e material; (ii) os editais de concurso público não podem 
estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais em 
razão de conteúdo que viole valores constitucionais” (RE 898.450, Plenário, Rel. 
Min. Luiz Fux, j. 17.08.2016, DJE de 31.05.2017). 
 
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● Liberdade de expressão e imunidade parlamentar – Já estudamos que os direitos fundamentais não 
possuem caráter absoluto. Em julgado recentíssimo, a Segunda Turma do STF reafirmou esse 
entendimento ao entender que a liberdade de expressão não alcança a prática de discursos dolosos, 
com intuito manifestamente difamatório ou injurioso: 
 
A liberdade de expressão não alcança a prática de discursos dolosos, com intuito 
manifestamente difamatório, de juízosdepreciativos de mero valor, de injúrias 
em razão da forma ou de críticas aviltantes. É possível vislumbrar restrições à livre 
manifestação de ideias, inclusive mediante a aplicação da lei penal, em atos, 
discursos ou ações que envolvam, por exemplo, a pedofilia, nos casos de discursos 
que incitem a violência ou quando se tratar de discurso com intuito 
manifestamente difamatório. A garantia da imunidade parlamentar não alcança 
os atos praticados sem claro nexo de vinculação recíproca entre o discurso e o 
desempenho das funções parlamentares. Isso porque as garantias dos membros 
do Parlamento são vislumbradas sob uma perspectiva funcional, ou seja, de 
proteção apenas das funções consideradas essenciais aos integrantes do Poder 
Legislativo, independentemente de onde elas sejam exercidas. No caso, os 
discursos proferidos pelo querelado teriam sido proferidos com nítido caráter 
injurioso e difamatório, de forma manifestamente dolosa, sem qualquer hipótese 
de prévia provocação ou retorsão imediata capaz de excluir a tipificação, em tese, 
dos atos descritos nas queixas-crimes. Com base nesses entendimentos, a Segunda 
Turma, por maioria, ao dar provimento a agravos regimentais, recebeu queixas-
crimes pelos delitos dos arts. 139 e 140 do Código Penal. Pet 8242 AgR/DF, Pet 8259 
AgR/DF, Pet 8262 AgR/DF, Pet 8263 AgR/DF, Pet 8267 AgR/DF e Pet 8366 AgR/DF, 
relator Min. Celso de Mello, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgamento 
em 3.5.2022. 
 
● A liberdade de expressão existe para a manifestação de opiniões contrárias, jocosas, 
satíricas e até mesmo errôneas, mas não para opiniões criminosas, discurso de ódio ou 
atentados contra o Estado Democrático de Direito e a democracia. STF. AP 1044/DF, relator 
Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 20.4.2022 (Info 1051). 
 
II. LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA, CRENÇA E CULTO – ART 5º, VI a VIII) 
 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre 
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de 
culto e a suas liturgias; 
 
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5719092
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5727683
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5727683
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5727770
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5727772
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5730939
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5765224
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5719092
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5719092
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VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas 
entidades civis e militares de internação coletiva; 
 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de 
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal 
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
 
 Assegura-se a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, sendo garantido o livre 
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. 
 
▪ Liberdade de crença: é a liberdade de pensamento de foro íntimo em questões de natureza 
religiosa, incluindo o direito de professar ou não uma religião, de acreditar ou não na existência 
de um, em nenhum ou em vários deuses (art. 5º, VI); e 
▪ Liberdade de consciência em sentido estrito: é a liberdade de pensamento de foro íntimo em 
questões não religiosas. 
 
Obs.: o art. 5º, VII, da CF/88 também assegura, nos termos da lei, a prestação de assistência 
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva. 
 
É constitucional a instituição, por lei municipal, de feriado local para a 
comemoração do Dia da Consciência Negra, a ser celebrado em 20 de novembro, 
em especial porque a data representa um símbolo de resistência cultural e 
configura ação afirmativa contra o preconceito racial. ADPF 634/SP, relatora 
Ministra Cármen Lúcia, julgamento finalizado em 30.11.2022 
 
 
É inconstitucional norma que proíbe proselitismo em rádios comunitárias 
É inconstitucional o § 1º do art. 4º da Lei nº 9.612/98. Esse dispositivo proíbe, no 
âmbito da programação das emissoras de radiodifusão comunitária, a prática de 
proselitismo, ou seja, a transmissão de conteúdo tendente a converter pessoas a 
uma doutrina, sistema, religião, seita ou ideologia. 
O STF entendeu que essa proibição afronta os arts. 5º, IV, VI e IX, e 220, da 
Constituição Federal. A liberdade de pensamento inclui o discurso persuasivo, o uso 
de argumentos críticos, o consenso e o debate público informado e pressupõe a 
livre troca de ideias e não apenas a divulgação de informações. 
STF. Plenário. ADI 2566/DF, rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. 
Edson Fachin, julgado em 16/5/2018 (Info 902). 
 
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A incitação de ódio público feita por líder religioso contra outras religiões pode 
configurar o crime de racismo 
A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus 
seguidores não está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade 
de expressão. 
STF. 2ª Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, 
julgado em 6/3/2018 (Info 893). 
 
É inconstitucional lei estadual que obriga que as escolas e bibliotecas públicas 
tenham um exemplar da Bíblia. No Amazonas, foi editada lei estadual obrigando 
as escolas e bibliotecas públicas a terem pelo menos uma Bíblia disponível para 
consulta. Esta lei é inconstitucional. Isso porque o art. 19, I, da CF/88 prevê a 
laicidade estatal. STF. Plenário. ADI 5258/AM, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 
12/4/2021. (Info 1012) 
DICA DD: Não confundir- o STF entendeu que a CF/88 não proíbe que sejam 
oferecidas aulas de uma religião específica, que ensine os dogmas ou valores 
daquela religião. Não há qualquer problema nisso, desde que se garanta 
oportunidade a todas as doutrinas religiosas. STF. Plenário. ADI 4439/DF, rel. orig. 
Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 
27/9/2017 (Info 879). 
 
É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade 
religiosa, permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz 
africana. RE 494601/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson 
Fachin, julgado em 28/3/2019. (Info 935) 
 
III. LIBERDADE DE ATIVIDADE INTELECTUAL, ARTÍSTICA, CIENTÍFICA OU DE COMUNICAÇÃO – ART. 5º, IX, 
CF/88 
 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, 
independentemente de censura ou licença; 
 
 É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, 
independentemente de censura ou licença. 
 Veda-se a censura de natureza política, ideológica e artística (art. 220, § 2.º), porém, apesar da 
liberdade de expressão acima garantida, lei federal deverá regular as diversões e os espetáculos públicos, 
cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais 
e horários em que sua apresentação se mostre inadequada. 
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Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, 
sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, 
observado o disposto nesta Constituição. 
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística. 
§ 3º Compete à lei federal: 
I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar 
sobre a natureza deles,

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