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Principais Afecções Clínicas do Sistema Digestório de Bovinos Introdução Os 3 primeiros compartimentos são dilatações do esôfago. Rúmen (pança): tem a função de absorção dos ácidos graxos voláteis, fermentados através dos carboidratos pelos microrganismos presentes (aspecto de toalha felpuda). · Por conta dos ácidos graxos absorvidos, o ruminante faz gliconeogênese. Retículo (barrete / favos de mel): possui mucosa sobressalente e ajuda a reter corpos estranhos em caso de ingestão acidental do animal. Omaso (folhoso): Faz a absorção de líquidos (na necropsia é uma parte mais seca). Abomaso (coagulador): Importante para o bezerro, pois ele forma o coágulo lácteo para que as proteínas do leite sejam absorvidas. · O processo de ruminar é feito a partir de uma movimentação primária de mescla. O retículo que dá o sinal para que a contração aconteça de forma vigorosa a ruminação. · Goteira esofágica: O leite ingerido passa do esôfago para o abomaso (enzima digestivas que coagulam o leito, com pH baixo). Deve-se simular a angulação na mamadeira igual da posição natural de mama, inclusive ajuda a diminuir a secreção de cortisol. A sucção e fluxo lento também interfere na formação da goteira esofágica, deve ser feita a simulação da altura do úbere e da temperatura adequada do leite 40°C. · Quando dar alimento sólido? Depende do sistema de produção, no extensivo deve sempre estar disponível. E no sistema intensivo, com 10 a 15 dias deixar disponível ração/feno (só concentrado). Mudança de alimentação nunca deve ser brusca/rápida, sem previa adaptação da microbiota. · A ingestão de alimento sólido promove o desenvolvimento muscular e papilar do rúmen. · Com 2 meses o bezerro tem mais de 50% do desenvolvimento do rúmen se tiver contato com alimento sólido. Funções da ruminação: · Trituração; · Salivação – manter o pH ruminal dentro da normalidade; · Digestão. Cavidade oral Estomatite Inflamação na mucosa oral, em menor ou maior grau e extensão. Apresentação: dificilmente é por uma causa primária. Mais frequente em animais jovens ou velhos debilitados. · Formas: 1. Primária ou idiopática (não infecciosa); 2. Secundária específica (infecciosa / parasitária); 3. Aguda ou crônica; 4. Localizada (palatite, queilite, glossite, gengivites) ou generalizada. 5. Lesão: catarral, vesicular, ulcerosa, gangrenosa. Inspeção da boca: difícil, precisa-se de um abre boca adequado Etiologia Fatores predisponentes: Idade e dentição (troca de dentes, quebra de resistência), hipossecreção salivar, fraqueza e desnutrição. Fatores desencadeantes: gerais/locais: · Gerais: · Intoxicação: Endógena (uremia – leptospirose > principal impacto é abortamento, mas também causa estomatite). Exógena: Intoxicações por mercúrio, iodo (sucção da cura do umbigo), chumbo, derivados do alcatrão, tinta, fungos e plantas. · Carências de vitaminas A e C. · Locais: · Traumas: administração de medicamentos. · Lesão por corpo estranho: capim seco e afiado. · Má oclusão dentária. · Arestas afiadas / espinhos de plantas (em equinos ocorre mais). Comum traumatismo por sonda e abridor de boca > microrganismos na cavidade oral e podem levar à infecção (outras estruturas). Todo animal com dor, aumenta os sinais vitais: aumento da FC, FR, diminuição da motilidade. Cada animal tem seu limiar de dor, alguns podem rolar de dor para uma mesma lesão, outros nem tanto. · Agentes térmicos: Alimentos muito quentes ou gelados. Sem muita relevância para o Mato Grosso do Sul, porém no Sul tem geadas e pode congelar a água. · Agente químicos: Drogas irritantes em altas concentrações, repelentes lambidos pelos animais (mercúrio, fenóis), alimentos fermentados, substâncias irritantes administradas erroneamente (ácidos). Não é recomendado utilizar medicamento via oral em ruminantes, por conta da ruminação e dos microrganismos presentes no rúmen que podem comprometer a concentração plasmática do medicamento. Fatores determinantes: · Virais: · Febre aftosa (Picornavírus). · Febre catarral maligna. (Herpesvírus) – digestória, respiratória e nervosa. · Ectima contagioso (ovinos e caprinos) (Poxvírus). Surtos: Animais perdem peso > granulomas e lesões ulcerativas nas comissuras labiais. É auto limitante (2 a 3 semanas). Lesões também na pele, glândula mamária e região ventral (nodulares, papilares, vesiculares e granulomatosas). Patogenia Fatores físicos - Mastigação e fluxo salivar alterados. Fatores químicos - Alcalinidade da saliva. Fatores biológicos - mucina, glicoproteína de alta tensão superficial do muco salivar. Fatores histológicos - descamação do epitélio da mucosa bucal (geralmente associada à febre aftosa). Sinais Clínicos Confundem-se com as lesões. · Anorexia total ou parcial; · Salivação profusa com ou sem pus; · Ulceração/hiperemia local; · Necrose/odor fétido; · Fragmento de tecido epitelial; · Aumento de volume linfonodos regionais ou locais. Diagnóstico/Prognóstico Diagnóstico: - Examinar sempre a cavidade oral com cuidado. - Se necessário > exame complementar para diagnóstico etiológico. Prognóstico - Geralmente favorável, à exceção da Febre Catarral Maligna e Peste Bovina (fatais). - Reservado para Fusobacterium necrophorum. Tratamento Preventivo e curativo. Colutório > líquido medicinal para mucosas da boca e da garganta. Antissépticos, antibióticos, antifúngicos. Tratamento para actinomicose: iodeto de K ou Na dose: 10mg/kg, PO/10 a 30 dias.
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