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Gêneros literários Apresentação Você sabia que a divisão literária por gêneros teve origem na Grécia Antiga? É a partir da obra Poética, de Aristóteles, que a literatura começa a ser teorizada. Hoje, a classificação por gêneros literários não obedece, necessariamente, a forma clássica proposta pelos gregos. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender a reconhecer os gêneros literários clássicos e suas características, bem como conhecer os estudos dos gêneros literários na atualidade. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os gêneros literários e sua classificação clássica.• Diferenciar a literatura em prosa e em verso, verificando os cruzamentos do poético e da narrativa. • Comparar os gêneros literários hoje, em especial, a poesia, o romance e o ensaio. • Infográfico Segundo Anatol Rosenfeld (1985), os gêneros literários têm determinados traços estilísticos fundamentais. Eles servem para compreender a divisão estilística da literatura de maneira ampla e didática. Veja, neste Infográfico, um comparativo entre os gêneros literários clássicos. Conteúdo do livro A divisão literária por gêneros teve origem na Grécia Antiga, com Platão e Aristóteles. Chamada de clássica, promoveu a separação dos textos em três grupos. Posteriormente, devido às necessidades da sociedade, foram surgindo novos e diferentes gêneros na literatura, como romance, conto, poema em prosa e ensaio. No capítulo Gêneros literários, parte integrante da obra Textos fundamentais de poesia em língua portuguesa, você vai aprender um pouco mais sobre a divisão clássica, bem como a respeito das especificidades dos textos literários contemporâneos. Boa leitura. TEXTOS FUNDAMENTAIS DE POESIA EM LÍNGUA PORTUGUESA Debbie Mello Noble Gêneros literários Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer o que são os gêneros literários e a sua classificação clássica. � Diferenciar a literatura em prosa e em verso verificando os cruzamentos do poético e da narrativa. � Comparar os gêneros literários atuais, em especial a poesia, o romance e o ensaio. Introdução A divisão literária em distintos gêneros teve origem na Grécia Antiga com os filósofos Platão e Aristóteles, ao que ficou conhecida como divi- são clássica, sendo responsável por esquematizar a separação em três gêneros literários: épico, lírico e dramático. Posteriormente, devido às necessidades sociais, surgiram novos e diferentes gêneros da literatura, como o romance, o conto, o poema em prosa e o ensaio. Neste capítulo, discutiremos a noção de gêneros literários e a sua classificação segundo a divisão clássica já mencionada. Além disso, dife- renciaremos a literatura expressa em prosa da construída em forma de versos, verificando os cruzamentos do poético e do narrativo no que denominamos poema em prosa e prosa poética. Por fim, analisaremos algumas especificidades dos textos literários contemporâneos, com destaque para a poesia, o romance e o ensaio. Divisão clássica dos gêneros literários A divisão literária em distintos gêneros teve origem na Grécia Antiga com os notórios filósofos Platão e Aristóteles. Platão é o primeiro a abordar a questão da mimese, ou seja, da imitação nas obras poéticas, o que é posteriormente aprofundado pelo seu aluno Aristóteles na célebre Poética. Nessa obra, Aris- tóteles desenvolve um tratado sobre as formas de imitação da natureza e do mundo pelos poetas, demonstrando as características que os diferentes tipos de imitação assumem na poesia épica e na dramática. A lírica, especificamente, não é abordada, de forma que só se consolida como parte dos três gêneros durante o Renascimento, no qual há uma valorização desse tipo de poesia. No artigo de Gabriel Nocchi Macedo intitulado “Algumas notas sobre Aristóteles e a definição de poesia” é possível compreendermos melhor a obra de Aristóteles, um dos fun- dadores da filosofia ocidental, e qual é a natureza da poesia. Acesse o link abaixo ou o código ao lado para conferir o artigo. https://qrgo.page.link/RwB96 Rosenfeld (1985) reconstrói o texto de Aristóteles com vistas a visualizar os indícios da caracterização do que hoje conhecemos como gênero lírico. Ele percebe três maneiras de narrar em Poética: � a ligada ao épico, que conta com a ajuda de terceiros para narrar; � a dramática, na qual as próprias personagens estão em ação, sem a necessidade de narração; � uma terceira, na qual “se insinua a própria pessoa [do autor], sem que inter- venha outra personagem” (ROSENFELD, 1985, p. 16), relacionada à lírica. É importante ressaltarmos que a teoria clássica dos gêneros, herdada de Platão e Aristóteles, atualmente é muito utilizada como uma divisão didática, não como uma normatização única à qual a literatura supostamente se filiaria. Assim, os gêneros épico, lírico e dramático são três categorias amplas, nas quais se encaixam inúmeros textos literários que seguem seus “traços estilísticos fundamentais” (ROSENFELD, 1985, p. 21). Portanto, a divisão com base nesses três gêneros apresenta as suas formas puras, contudo, como bem alerta Rosenfeld, esses traços não são iguais a critérios de valor, não possuem a função de julgar se determinada obra é mais ou menos pura de acordo com eles. Gêneros literários2 A seguir, especificaremos os traços fundamentais de cada um dos três gêneros literários e as distinções entre eles com base na divisão clássica. Épico O gênero épico abarca os poemas narrativos extensos, cuja principal caracte- rística é a presença de um herói responsável por feitos extraordinários sobre os quais versará a obra literária. Nesse sentido, a epopeia seria uma das artes da imitação que, juntamente com a tragédia, representa assuntos sérios e imita os homens melhores do que de fato o são. Para diferenciar a epopeia da tragédia, Aristóteles traça algumas diferenças entre essas formas literárias, dentre a quais está a dimensão do poema épico, que não teria a sua duração limitada como a tragédia. Abaurre e Pontara (2005) apresentam um excelente quadro-resumo da estrutura dos poemas épicos: � Proposição — o poeta define o tema e o herói do seu poema. � Invocação — o poeta pede à musa que lhe inspire para que desenvolva com maestria o tema do seu poema. � Narração — o poeta narra as aventuras do seu herói. � Conclusão — o poeta encerra a sua narrativa após relatar os feitos gloriosos que marcaram a trajetória do seu herói. Para Rosenfeld (1985), o poema épico retrata um mundo imaginário de modo objetivo. Ele não se preocupa em expressar as emoções do poeta, mas narra os estados de alma das personagens que compõem os seus poemas. Ao mesmo tempo em que narra o destino das personagens, o narrador está sempre presente por meio da sua narrativa, concedendo a palavra aos personagens por meio da sua própria voz. Assim, há certa distância entre o narrador e o mundo por ele narrado. Outra característica importante do poema épico é o enaltecimento de um herói. O conflito histórico é apenas pano de fundo para o desenvolvimento do herói, que enfrenta perigos e jornadas extraordinárias. No entanto, o foco dos poemas épicos não é o herói enquanto expressão da sua própria personalidade 3Gêneros literários ou individualidade, mas sim da sua identidade pátria. Vejamos um exemplo de poema épico clássico (HOMERO, 1997): Musa, reconta-me os feitos do herói astucioso que muito peregrinou, dês que esfez as muralhas sagradas de Tróia; muitas cidades dos homens viajou, conheceu seus costumes, como no mar padeceu sofrimentos inúmeros na alma, para que a vida salvasse e a de seus companheiros a volta. Notemos que, em fins do século XVI, a epopeia como gênero puro declina em detrimento de novas formas de narrativas derivadas dos próprios poemas épicos, todavia que passam a ser escritas em prosa. Surgem, assim, os gêneros narrativos modernos, comoo romance, o conto e as novelas, que veremos de forma mais detalhada posteriormente. Lírico O surgimento da lírica fundamenta-se na tradição oral dos poemas cantados, geralmente acompanhados por um instrumento denominado lira, que motiva a denominação desse gênero (ABAURRE; PONTARA, 2005). Após a invenção da imprensa, no século XV, é que ocorre a separação entre a música e a escrita da poesia, visto que há uma inversão da prevalência da cultura oral pela cultura escrita. Segundo Abaurre e Pontara (2005), é somente a partir do Renascimento italiano que a poesia de característica subjetiva ganha reconhecimento seme- lhante aos gêneros épico e dramático. De acordo com Abaurre e Pontara (2005), as estruturas mais conhecidas da lírica são as seguintes: � Elegia — poema surgido na Grécia Antiga que trata de acontecimentos tristes, mui- tas vezes enfocando a morte de um ente querido ou de uma personalidade pública. � Écloga — poema pastoril que retrata a vida bucólica dos pastores em um am- biente campestre. � Ode — poema que exalta valores nobres, caracterizando-se pelo tom de louvor. � Soneto — é a mais conhecida das formas líricas e possui 14 versos, que se orga- nizam em duas estrofes de quatro versos (quartetos) cada e duas estrofes de três versos (tercetos) cada. Gêneros literários4 O gênero lírico, conforme Rosenfeld (1985), pode ser definido como o mais subjetivo dos três, pois a sua principal característica é justamente a presença de uma voz central que traduz no poema a expressão de um estado da alma, as suas emoções e também as suas reflexões sobre o ser humano e o mundo. Nesse sentido, a poesia lírica tem como ponto de partida a manifestação verbal das emoções e dos sentimentos do eu lírico. A partir desse objetivo, o mundo, a natureza e as outras personagens que porventura apareçam nesse tipo de poema são evocados apenas para ressaltar os sentimentos do eu lírico. A esse respeito, Rosenfeld (1985, p. 23) afirma que “a bem-amada, recordada pelo eu lírico, não se constituirá em personagem nítida de quem se narrem as ações e enredos; será apenas nomeada para que se manifeste a saudade, a alegria ou a dor da voz central”. Em relação às características formais da lírica, Rosenfeld aponta a curta extensão como um traço fundamental estilístico. Uma vez que não narra acontecimentos, mas sim emoções, a poesia lírica não é extensa como o poema épico, senão efêmera, como a metamorfose dos sentimentos e das sensações humanas. É justamente na diferença de objeto narrado que reside a importância da lírica, pois somente a epopeia não era capaz de expressar as emoções e os sentimentos dos poetas. Assim, a lírica nasce para atender a esse anseio, de modo a fazer com que seja construída, no poema, a voz subjetiva do poeta, isto é, o eu-lírico. Outros dois traços estilísticos apontados pelo autor são o ritmo e a musica- lidade das palavras e consequentemente dos versos. Esses traços se destacam de tal maneira que, por vezes, são priorizados em detrimento do sentido, de modo que o poeta se atém antes à sonoridade do poema que ao seu conteúdo. De acordo com Abaurre e Pontara (2005, p. 42), o ritmo se define como “um movimento regular, repetitivo” que se marca na poesia pela alternância entre pausas e acentos (sílabas tônicas e átonas). Quando o esquema rítmico possui o mesmo número de sílabas, os versos são considerados regulares; quando possui números diferentes, são irregulares. Outro fator importante, embora não seja obrigatório, para a construção da musicalidade é a rima, que pode ser definida como “a coincidência ou a 5Gêneros literários semelhança de sons a partir da última vogal tônica dos versos” (ABAURRE; PONTARA, 2005, p. 43). Ademais, na poesia lírica, ao contrário do que ocorre no poema épico, as ações não são situadas nem no tempo, nem no espaço. Prepondera a voz do presente, indicando uma ausência de distância que o passado traria. Assim, há a impressão de que a poesia trata sempre de um momento eterno. Rosenfeld (1985, p. 23-24) apresenta um exemplo importante para a com- preensão da temporalidade do gênero lírico: Apavorado acordo, em treva O tempo verbal, que não remete necessariamente ao passado, pode represen- tar tanto uma situação presente quanto uma recordação que permanece, que não se restringe ao passado. Do contrário, a construção seria acordei. É essa construção que causa a impressão de um momento eterno, que tanto pode falar do hoje quanto de outro momento que ainda se faz presente; portanto, um momento eterno. Dramático Ao propor os seus estudos sobre esse gênero, Aristóteles inspirou-se no drama grego da época para estabelecer alguns princípios do que seria o texto dra- mático por excelência. Nesse sentido, a tragédia estaria mais detalhadamente proposta por Aristóteles que a comédia. Aristóteles propõe a tragédia como sendo a imitação de homens, represen- tando-os melhores do que de fato o são, por meio de personagens em ação. Para ele, a ação deveria se passar de forma concentrada em um espaço-tempo máximo de 24 horas, isto é, deveriam retratar episódios breves. Esses episó- dios retratariam o desenrolar de uma história já iniciada, enfocando o clímax e o desenlace dos conflitos apresentados. Segundo Aristóteles (2003, p. 8): A tragédia é a imitação de uma ação importante e completa, de certa exten- são; deve ser composta num estilo tornado agradável pelo emprego separado de cada uma de suas formas; na tragédia, a ação é apresentada, não com a ajuda de uma narrativa, mas por atores. Suscitando a compaixão e o terror, a tragédia tem por efeito obter a purgação dessas emoções. Uma das principais diferenças do texto dramático em relação aos gêneros épico e lírico é a forma como é narrado, ou melhor, como não é narrado, já que o narrador é dispensável nesse formato literário. Isso porque os aconteci- mentos se dão por meio das falas e das ações das personagens (ROSENFELD, Gêneros literários6 1985). Para melhor ilustrarmos a questão, observemos o trecho a seguir, extraído da peça Édipo Rei, do dramaturgo ateniense Sófocles ([406 a.C.], documento on-line): Sacerdote Realmente, tu falas no momento oportuno, pois acabo de ouvir que Creonte está de volta. Édipo Ó rei Apolo! Tomara que ele nos traga um oráculo tão propício, quanto alegre se mostra sua fisionomia. Entra Creonte Creonte Uma resposta favorável, pois acredito que mesmo as coisas desagradáveis, se delas nos resulta algum bem, tomam-se uma felicidade. Édipo Mas, afinal, em que consiste essa resposta? O que acabas de dizer não nos causa confiança, nem apreensão. Creonte (indicando o povo ajoelhado) Se queres ouvir-me na presença destes homens, eu falarei; mas estou pronto a entrar no palácio, se assim preferires. Édipo Fala perante todos eles; o seu sofrimento me causa maior desgosto do que se fosse meu, somente. Contemporaneamente, a teoria teatral estabelece alguns pressupostos diferentes para o texto dramático. Segundo Magaldi (1991), até o início do século XX, aproximadamente, o texto teatral era considerado parte essencial do drama, consagrando-se soberano frente à encenação. Não se concebia teatro sem obra dramática. A partir do século XX, há um declínio do chamado textocentrismo, pois o espetáculo teatral passa a ser possível e reconhecido ainda que sem texto. Ganha espaço, então, a arte da encenação, colocando encenador e autor (dramaturgo) lado a lado. Apesar de o vocábulo drama remeter à maioria das pessoas atualmente as ideias de sofrimento e dor, trata-se apenas de um dos seus muitos sentidos possíveis. No que concerne ao gênero literário, essa palavra não está ligada necessariamente à tragédia; pelo contrário, ela também engloba a comédia e diz respeito às peças teatrais em geral. 7Gêneros literários Portanto, reconhecemos que cada dramaturgo da nossa época adota um estilo diferente, assim como cada encenador, diretor ou ator podem adaptar esses estilos ao seu, conferindo um caráter maisamplo e um repertório múltiplo ao teatro. Vejamos o seguinte excerto do texto teatral O Auto da Compadecida, do escritor contemporâneo Ariano Suassuna (2014): Chicó e João Grilo estão na frente da igreja de padre João, querem convencê-lo a benzer o cachorro de sua patroa, a mulher do padeiro. Chicó Padre João! João Grilo Padre João! Padre João! Padre (aparecendo na frente da igreja) Que há? Que gritaria é essa? Chicó Mandaram avisar para o senhor não sair, porque vem uma pessoa aqui trazer um cachorro para o senhor benzer. Padre Para eu benzer? Chicó Sim Padre (com desprezo) Um cachorro? Chicó Sim Padre Que maluquice! Que besteira! João Grilo Cansei de dizer a ele que o senhor não benzia. Padre Não benzo de jeito nenhum. Chicó Mas padre, não vejo nada de mal em se benzer o bicho. João Grilo No dia em que chegou o motor novo do major Antônio Morais o senhor não benzeu? Padre Motor é diferente, é uma coisa que todo mundo benze. Cachorro é que eu nunca ouvi falar. João Grilo É, Chicó, o padre tem razão. Uma coisa é benzer o motor do major Antônio Morais e outra benzer o cachorro do major Antônio Morais. Padre Como? João Grilo Eu disse que uma coisa era o motor e outra o cachorro do major Antônio Morais. Padre E o dono do cachorro de quem vocês estão falando é Antônio Morais? João Grilo É. Eu não queria vir, com medo de que o senhor se zangasse. Padre (desfazendo-se em sorrisos) Zangar nada, João! Falei por falar, mas também vocês não tinham dito de quem era o cachorro! João Grilo Quer dizer que benze, não é? Padre Não vejo mal nenhum em se abençoar as criaturas de Deus. João Grilo Então fica tudo na paz do Senhor, com cachorro benzido e todo mundo fica satisfeito. Gêneros literários8 Padre Digam ao major que venha. Eu estou esperando (Entra na igreja). No exemplo, é possível visualizarmos partes do texto destacadas. Essas partes correspondem às indicações cênicas dadas pelo autor da peça para os atores e diretores que porventura a encenarão. Esses trechos são denominados rubricas, que se somam aos diálogos para completar o texto dramático e podem servir como indicação cênica quando as peças são encenadas ou como complemento do texto quando lidas. Para Magaldi (1991), é necessário compreendermos o teatro como uma tríade que não funciona sem os seus três elementos: ator, texto e público. Ao assumir esses elementos como essenciais, podemos pressupor a existência de outros, como o gesto, a interpretação, o cenário, o espaço cênico, o figurino e a iluminação, por exemplo. Cruzamentos do poético e do narrativo Você sabia que um poema não precisa necessariamente ser escrito em versos? Segundo Souza (2007), desde a Poética fica claro que o texto escrito em verso “não é um indício exterior e óbvio que distingue um texto de poesia em relação a um de medicina ou física”. Com isso, inferimos que a poesia enquanto objeto da poética não é facilmente distinguível das outras formas literárias, de forma que o verso não é um traço que distingue o poético do narrativo. Anteriormente, estudamos que o poema épico narra os feitos de um herói. Na forma clássica, observada por Aristóteles nos poemas de Homero, por exemplo, a epopeia narrava por meio de versos, contudo o próprio Aristóteles alertava que os gêneros poéticos poderiam usar a linguagem em verso ou em prosa, já que outras características eram consideradas como essenciais à poética: a mimeses, a verossimilhança, a catarse, entre outras. Segundo Souza (2007), até o século XVIII, empregava-se o termo poesia para designar as composições em verso e variados termos para as produções em forma de prosa, como epopeia, sermão, novela, etc. A partir do século XIX, o vocábulo literatura passa a ser utilizado com o sentido de “conjunto da produção escrita, objeto dos estudos literários”, abarcando tanto os textos produzidos em verso quantos os escritos em prosa. Dessa época em diante, poesia passa a designar tanto o gênero particular da literatura, que se carac- terizava pelo emprego do verso, quanto as composições em prosa, desde que possuíssem certos valores artísticos, como a musicalidade ou “o predomínio 9Gêneros literários dos elementos intuitivo-sentimentais sobre os lógico-discursivos” (SOUZA, 2007, p. 49). Poema em prosa Não é possível apontarmos com exatidão um marco que date o surgimento do poema em prosa. No entanto, muitos teóricos afirmam que é no seio do Romantismo que essa forma literária encontra abertura para desenvolver-se, posto que o poema em prosa está ligado à necessidade de libertação das formas impostas pelo movimento literário anterior, o Classicismo. Charles Baudelaire, autor de Flores do Mal, é um dos primeiros — e talvez um dos mais conhecidos — a associar prosa e verso na sua obra Pequenos poemas em prosa, publicada postumamente. Em 1861, Charles Baudelaire enviou uma carta ao editor e amigo Arsène Houssaye com a proposta de publicar uma série de escritos cujo título seria La Lueur et la fumée / poème, en prose, já adiantando o seu desejo de escrever “um poema em prosa”. Vejamos um trecho dessa carta, que foi publicada juntamente com algumas edições de Pequenos poemas em prosa (Baudelaire, 1995): Meu caro amigo, estou-lhe enviando um pequeno trabalho que não se poderia dizer, sem injustiça, que não tenha pé nem cabeça, pois, ao contrário, tudo o que ele tem é, ao mesmo tempo, cabeça e pé, alternada e reciprocamente. Considere, eu lhe peço, que admiráveis comodidades essa combinação nos oferece a todos, a você, a mim e ao leitor. Nós podemos interromper onde quisermos, eu os meus devaneios, você o manuscrito e o leitor sua leitura; porque eu não impeço a vontade contestadora de cada um no curso interminável de uma intriga superfina. [...] Qual de nós que, em seus dias de ambição, não sonhou o milagre de uma prosa poética, musical, sem ritmo e sem rimas, tão macia e maleável para se adaptar aos movimentos líricos da alma, às ondulações do de- vaneio, aos sobressaltos da consciência. É, sobretudo, da frequentação das enormes cidades e do crescimento de suas inumeráveis relações que nasce esse ideal obsessivo. Gêneros literários10 O poema em prosa, conforme Bernard (apud ÁLVARES, 1995), apesar da sua denominação, não se constitui como um gênero híbrido ou que esteja a meio caminho da prosa ou do verso. Dessa forma, Álvares aponta que, no momento do seu surgimento, no século XVIII, o poema em prosa não possuía um lugar no cânone, principalmente porque carregava no seu nome a própria contradição de dois termos que aparentemente eram opostos e inconciliáveis. Justamente pelo caráter de contradição presente na sua forma é que o poema em prosa seria a forma ideal para retratar algumas temáticas que precisavam exprimir essa dualidade (TODOROV apud ÁLVARES, 1995). Assim, os poemas em prosa de Baudelaire representaram uma prosa com musicalidade, ainda que sem rima ou ritmo, trazendo a ideia da poeticidade por meio do trabalho simbólico das palavras (ÁLVARES, 1995). Eis um exemplo de poema em prosa, retirado do livro de Charles Baudelaire Pequenos poemas em prosa (BAUDELAIRE, 1995, p. 41): Multidão, solidão: termos iguais e conversíveis para o poeta ativo e fe- cundo. Quem não sabe povoar a própria solidão também não sabe estar só entre a gente atarefada. O poeta goza desse incomparável privilégio de poder, quando lhe agrada, ser ele mesmo e um outro. Como essas almas errantes que buscam um corpo, ele entra, se quiser, na personagem de alguém. Coronel (2007) analisa de forma comparativa a poesia em prosa de Charles Baudelaire com a de Fernando Pessoa, observando que ambos identificam-se com um espírito do Modernismo relacionado à desordem da forma e dos conteúdos abordados. A respeito do trecho que selecionamos do poema de Charles Bau- delaire, a autora percebe os sinais de uma sensibilidade notadamente moderna em relação às grandes aglomerações humanas da cidade. Além disso, a autora afirma que a poesia de Baudelaire não concentra-se na exploraçãodo eu pessoal do artista, que seria um traço central da lírica moderna, “passando a constituir um jogo polifônico de vozes, como se a subjetividade pura não mais pudesse representar a sensibilidade de uma época marcada pela presença das grandes massas urbanas no cenários das ruas modernas” (CORONEL, 2007, p. 6). No entendimento de Álvares, é isto o que poema em prosa faz ainda hoje: desafiar a normatividade do universo literário. Dessa forma, o poema em prosa não é uma forma que se propõe a adentrar o cânone, pois possui o caráter de desafiar os limites do que já é realizado, sem estabelecer novas regras ou formatos essenciais. 11Gêneros literários Prosa poética Alguns autores entendem que há uma diferenciação possível entre o poema em prosa e a prosa poética. Para Paixão (2013), é a primeira palavra de cada um dos termos que os diferencia. A prosa poética, nesse sentido, teria a sua ênfase centrada na prosa, sendo o que a define enquanto forma de escrita, porém, ela apresenta recursos estilísticos advindos da poesia. Dessa maneira, a prosa poética lança um “olhar lírico sobre a realidade”, mas as frases e os parágrafos propõem uma “dinâmica extensiva para o texto e as imagens evocadas” (PAIXÃO, 2013, p. 152). Para o autor, dois exemplos nesse sentido são essenciais: Finnegans wake, de James Joyce, e Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa. Que o que gasta, vai gastando o diabo de dentro da gente, aos pouquinhos, é o razoável sofrer. E a alegria de amor — compadre meu Quelemém diz. Família. Deveras? É, e não é. O senhor ache e não ache. Tudo é e não é... Quase todo mais grave criminoso feroz, sempre é muito bom marido, bom filho, bom pai, e é bom amigo-de-seus-amigos! Sei desses. Só que tem os depois — e Deus, junto. Vi muitas nuvens (ROSA, 2001, p. 27). Segundo Paixão (2013), textos como esse, de João Guimarães Rosa, apre- sentam um “deslocamento inesperado em relação aos modelos habituais”, pois o autor desenvolve na prosa um texto dotado de carga poética. Em outras pala- vras, o autor alcança certo “estado de poesia” sem abdicar do plano narrativo e da extensão da sua obra. Para o autor, então, a prosa poética se distingue do poema em prosa, pois esse último desentranha-se da ideia de poema, não segue os seus formatos, mas mantém a concisão, ao contrário da prosa poética. Por meio do link a seguir, você pode verificar o ensaio de Cláudio Portella, Pequeno tratado da prosa poética, que contém diversos exemplos desse formato de texto. https://goo.gl/rRCJmZ Gêneros literários12 Gêneros literários atuais: poesia, romance e ensaio Como já aprendemos, a classificação em gêneros literários corresponde aos modelos clássicos da realidade grega antiga. Por esse motivo, no mundo contemporâneo, existem outras divisões possíveis para os textos literários. Martins afirma que um determinado tipo de sociedade (a grega) gerou a poesia épica, enquanto outro tipo de sociedade (o mundo contemporâneo) gerou o romance. Portanto, o autor expõe, com Lukács (2000), que um gênero literário não é “meramente o resultado da inventividade de autores ou de uma evolução isolada da forma, e sim um produto, um resultado de formas sociais de produção e de consumo de em um dado momento histórico” (MARTINS, 2012, p. 248). No mundo contemporâneo, convivem e imbricam-se as formas narrativas, líricas e dramáticas, dando origem a gêneros como o conto, o romance, o ensaio e diversos outros que deles derivam. Diante desse breve panorama, passaremos à análise de alguns dos principais gêneros que circulam nos nossos dias. Lírica moderna Na obra Estrutura da lírica moderna, Friedrich aponta os caminhos que a lírica percorre ao longo dos séculos XIX e XX. Para o autor, a lírica moderna atende a um objetivo comum às artes em geral: a dissonância, que seria a junção entre a incompreensibilidade e o fascínio, gerando uma tensão no leitor. Ele aponta que essa tensão se evidencia na lírica moderna tanto na forma quanto no conteúdo. Na forma, há uma convivência de traços “de origem arcaica, mítica e oculta com uma aguda intelectualidade” (FRIEDRICH, 1978, p. 16), ao passo em que se misturam a simplicidade da forma escrita e a complexidade dos seus conteúdos. Outro ponto importante suscitado por Friedrich é a expressão do eu do poeta, que até meados do século XIX era essencial na poesia e passa a não ser mais um traço fundamental. O poeta participa dos seus poemas enquanto artista, frequentemente refletindo sobre o próprio poema. A língua, na lírica moderna, é tomada como um experimento no qual o vocabulário e a sintaxe assumem novas significações e formas. As figuras de linguagem, como a comparação e a metáfora, “são aplicadas de uma nova maneira, que evita o termo de comparação natural e força uma união irreal daquilo que real e logicamente é inconciliável” (FRIEDRICH, 1978, p. 18). Esteticamente, o conceito de belo é repensado e discutido, o que se reflete no grotesco. 13Gêneros literários Em resumo, o que se dá na lírica moderna é um conjunto de inovações relativas à poesia clássica que predominava até então. Ela expressa as transfor- mações sociais que provocam conflitos no sujeito moderno, por vezes chocando o leitor, levando-o a refletir e questionar as tradições. Exemplo disso são os poemas em prosa que lemos anteriormente. Além de Baudelaire e Pessoa, no Brasil os poemas de Carlos Drummond de Andrade são bons exemplos das inovações relativas à lírica moderna. Veja, por exemplo, o poema Mãos dadas (ANDRADE, 2000, p. 118): Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista pela janela, não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes. a vida presente. Pereira (2012) ensina que esse poema é um ótimo exemplo da disputa entre a tradição e a inovação presente na lírica do século XX. O eu lírico se debate na tensão entre o “mundo caduco”, ao qual não quer ser associado, e o mundo futuro, mas explicita a sua filiação ao “tempo presente”. Além disso, o poema questiona os temas sentimentais ao expressar que não dirá “suspiros ao anoitecer”, em uma tensão entre negar a tradição lírica de fundo subjetivo ao mesmo tempo em que alude a ela, como nos trechos finais: “não distribuirei cartas de suicidas”, “nem serei raptado por serafins”. Romance O romance surge da necessidade do mundo moderno de traduzir a sociedade por meio de uma forma literária que correspondesse ao momento histórico. Gêneros literários14 Lukács (2000, p. 59) traça um comparativo entre a epopeia e o romance: “O romance é a epopeia de uma era para a qual a totalidade extensiva da vida não é mais dada de modo evidente, para a qual a imanência do sentido à vida tornou-se problemática, mas que ainda assim tem por intenção a totalidade”. Apesar de ter surgido séculos antes, apenas em meados do século XIX o romance se consolida como um gênero literário, resguardando a epopeia ao passado. Tal fato está diretamente relacionado às Revoluções Francesa e Industrial e ao consequente surgimento de novas classes sociais, como a burguesia. Essa reconfiguração social levou, naturalmente, ao surgimento de novas demandas, sobretudo culturais. Nesse contexto, as longas narrativas, como as epopeias, estavam ligadas ao clássico, que não representava a classe burguesa emergente. Assim, surgem os folhetins, que eram novelas publicadas diariamente nos jornais. Como expressão desse período histórico, o romance apresenta um indiví- duo que, segundo Martins (2012), busca a sua essência, porém converge parao encontro das estruturas sociais, pois não há tempo para a subjetividade. Assim, “[...] o romance completa o homem que é alheio a esse mundo alheio à subjetividade. O romance é a forma que representa uma realidade interior não encontrada nas estruturas sociais que nos regem e que nos sufocam” (MARTINS, 2012, p. 252). Nesse sentido, o romance é um gênero de reflexão, que proporciona ao homem desvendar-se. Estruturalmente, o romance também atenderia a esses anseios do mundo contemporâneo. Por esse motivo, o limite do romance deve ser o limite da vida do herói, pois a sua trajetória tem a função de enfocar uma parcela do mundo. Dessa maneira, podemos distinguir duas características essenciais do romance em contraponto à epopeia: o herói, que agora é um homem comum, dividido e que poderia representar qualquer um de nós; e o tempo, que não mais retrata necessariamente o passado, mas se direciona para o futuro, ado- tando certo caráter de imprevisibilidade que não se configurava na epopeia (MELLO; OLIVEIRA, 2013). Nesse sentido, também o espaço adquire outra importância: conquanto na epopeia a ação se dava em um espaço restrito, no romance o espaço extrapola a questão dimensional. Se essas são características ligadas ao momento fundador do romance ou, ainda, a uma análise relativa ao século XIX e ao início do século XX, o romance contemporâneo transformou-se e desprendeu-se de tais pressupos- tos. As noções de tempo, espaço e a própria estrutura da narrativa têm sido constantemente reinventadas pelos autores. Virginia Woolf e James Joyce são dois autores bastante apontados como precursores de uma nova forma de 15Gêneros literários narrativa. Uma dessas inovações é o uso do fluxo de consciência, que, no Brasil, tem em Clarice Lispector uma forte representante. Fluxo de consciência é uma técnica narrativa utilizada para expressar por meio do monólogo interior os vários estados de espírito e as emoções da personagem. O narrador apresenta pensamentos sem se preocupar em articular logicamente as ideias, misturando uma série de impressões da personagem para recriar no texto o funcionamento da mente humana (ABAURRE; PONTARA, 2005). Como vimos, também a prosa poética é uma forma de inovação no ro- mance. João Guimarães Rosa, juntamente com Clarice Lispector e outros escritores, representam a narrativa contemporânea com a desconstrução do convencionalismo até então vigente e um caráter de experimentação que segue até os dias atuais. Ensaio Na teoria literária contemporânea, o ensaio adquire um estatuto curioso e não evidente, uma vez que esse gênero já foi demasiadamente debatido entre os teóricos, chegando-se até mesmo ao ponto de considerar que já se havia dito tudo a seu respeito. Posto isso, seria consenso que o ensaio possui lugar entre o literário e o estritamente teórico. Adotaremos essa concepção como ponto de partida para que você entenda o que vem a seguir. Nesse entremeio entre literatura e teoria, poderíamos compreender o ensaio como um “irmão” da literatura, ao mesmo tempo em que se distancia das formas artísticas por abordar conceitos e possuir uma certa “pretensão à verdade desprovida de aparência estética”, conforme afirma Adorno (2003, p. 18). Carvalho (2012), por sua vez, defende que o ensaio é um tipo de texto que parte da experiência pessoal para gerar um pensamento conceitual. Assim, o autor afirma que no ensaio há um exercício de liberdade e espaço para a criação, convertendo o gênero em algo pouco científico, diferindo, portanto, da monografia ou do artigo científico, por exemplo. Apesar de situar-se próximo ao artístico, parece sempre tangenciá-lo. Ainda segundo o autor, o ensaio é “o texto teórico que pode ser lido como literatura”, res- Gêneros literários16 saltando ainda que neste gênero a forma é tão importante quanto o conteúdo (CARVALHO, 2012, p. 196). Em O ensaio como forma, Adorno escreve um ensaio sobre o próprio ensaio. Obser- vemos que no trecho destacado, a seguir, ele cita o autor Max Bense. Vejamos como a linguagem é construída por ambos de forma literária e também argumentativa: O ensaio deve permitir que a totalidade resplandeça, em um traço par- ticular, escolhido ou encontrado, sem que a presença dessa totalidade tenha de ser afirmada. [...] ‘Escreve ensaisticamente quem compõe experimentando; quem vira e revira o objeto, quem o questiona e o apalpa, quem o prova e o submete à reflexão; quem o ataca de diversos lados e reúne no olhar de seu espírito aquilo que vê, pondo em palavras o que o objeto permite vislumbrar sob as condições geradas pelo ato de escrever (ADORNO, 2003, p. 36). Assim, o ensaio apresenta um ponto de vista, que corresponde à perspec- tiva do autor, sobre determinado assunto, procurando debatê-lo com vistas a defender uma hipótese ou uma tese sobre o assunto. No entanto, ao contrário de um artigo científico, nele não se exige a adequação a aspectos formais. Logo, o ensaio é o discorrer livre e fundamentado de um autor sobre algum assunto. Em função dessa liberdade, ele encontra-se entre os gêneros chamados literários e não entre os gêneros científicos. ABAURRE, M. L.; PONTARA, M. Literatura Brasileira: tempos, leitores e leituras. São Paulo: Moderna, 2005. ADORNO, T. W. O ensaio como forma. In: ADORNO, T. W. Notas de literatura. São Paulo: Editora 34, 2003. ÁLVARES, L. B. P. Poema em prosa e romantismo: caminhos iniciáticos. Biblioteca Digital — FLUP. 1995. Disponível em: <http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/5741. pdf>. Acesso em: 19 jun. 2018. 17Gêneros literários ANDRADE, C. D. Mãos dadas. In: ANDRADE, C. D. Antologia poética. 46. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000. ARISTÓTELES. Poética. 7. ed. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2003. BAUDELAIRE, C. O Spleen de Paris: pequenos poemas em prosa. Rio de Janeiro: Imago, 1995. 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Nesse sentido, a rubrica é importante elemento, auxiliando a compreensão da leitura e atuação. Nesta Dica do Professor, você vai conhecer as rubricas e ver o exemplo de seu papel em peça teatral. Aponte a câmera para o códigoe acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Na prática A principal característica do gênero lírico é a subjetividade: o eu-lírico expressa suas emoções e sentimentos por meio da poesia. Uma das principais formas de poesia lírica é o soneto. Na Prática, veja análise das características desse gênero e da poesia lírica em um soneto de Florbela Espanca. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Rei Édipo, de Sófocles Leia a peça que foi apontada como exemplo perfeito do gênero dramático. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Literatura fundamental 75: O jogo da amarelinha (Julio Cortázar) – Parte 1 Assista a uma entrevista com o prof. Davi Arrigucci Jr. sobre o livro O jogo da amarelinha (Rayuela, no original), de Julio Cortázar. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Relações de alteridade em contos de Rubem Fonseca Leia a análise de contos presente no artigo "Relações de alteridade em contos de Rubem Fonseca", a fim de saber mais sobre outra forma de narrativa muito explorada na literatura contemporânea: o conto. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
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