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Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 Sumário Apresentação.......................................................................................................................................3 Objetivo...............................................................................................................................................3 Fala e Escrita.......................................................................................................................................4 Continuum entre fala e escrita........................................................................................................11 Níveis de linguagem..........................................................................................................................17 REFERÊNCIAS...............................................................................................................................24 2 Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 Apresentação Nas aulas 1, 2 e 3 conversamos sobre os aspectos que merecem atenção especial no momento de produzir texto(s), seja(m) este(s) falado(s) e/ou escrito(s). Nesta aula, trataremos de alguns procedimentos que unidos aos aspectos já estudados podem orientar você, principalmente, no momento de redigir textos. Objetivo Abordar princípios e procedimentos básicos para a elaboração de texto(s), especialmente escrito(s). 3 Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 Fala e Escrita Objetivo: Caracterizar a fala e a escrita, buscando evidenciar a correlação existente entre essas duas modalidades da língua. Comecemos nossa conversa com a seguinte questão: CURIOSIDADE Produzimos textos falados e escritos do mesmo modo? Para aprofundarmos essa questão, vejamos um comentário, publicado na Revista Veja, que foi escrito por Jô Soares, apresentador e humorista. Imagem 01 - Comentário escrito por Jô Soares Fonte: https://pixabay.com No comentário do Jô Soares, observamos que ele faz uma brincadeira escrevendo as palavras do modo como ouvimos, ou seja, ele tenta reproduzir a fala na escrita. Isso nos faz perceber que há diferenças entre os atos de falar 4 http://localhost:8081/imagens/Figura01.png Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 e escrever. Respectivamente, um está associado aos fonemas (sons) e o outro aos grafemas (letras). Desse modo, em qualquer língua, as pessoas falam de um jeito e escrevem de outro, pois há recursos que utilizamos na fala e outros que usamos na escrita para representar o que desejamos expressar. Ao falar, fazemos uso de um vocabulário, mas também recorremos a gestos, à entonação de voz, à interação com o meio. Apresentamos reações diversas, expressando-nos principalmente com a face. Além disso, mantemos uma relação direta com o nosso interlocutor para reforçar um ponto de vista. Como o texto emerge na interação, não há preocupação em colocar acentos e vírgulas, porque a entonação transmite o significado que se pretende. Vejamos, por exemplo, a imagem a seguir que é representativa de uma situação comunicativa em que se usa a fala. Imagem 02 - Conversa entre falantes Fonte: https://www.vix.com Você consegue imaginar o que ela está falando e o que ele falou ou fez? As expressões e a gesticulação, certamente, fizeram você pensar em um assunto, no tom de voz, no vocabulário e no tipo de linguagem que ela está usando para ser entendida. Pelas expressões faciais e a gesticulação, a conversa está acontecendo em um clima de irritação. Imagine o que ela está dizendo...! 5 http://localhost:8081/imagens/Figura02.png Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 Já ao escrevermos, fazemos também uso de um vocabulário, mas temos uma preocupação maior, porque nosso interlocutor não está presente. Assim, é relevante lembrarmos que a comunicação transmitida deve ser o mais precisa possível para evitar interpretações inadequadas. Além disso, o texto escrito pode não se apagar e perdurar por tempo indeterminado. Um exemplo disso é a carta de Caminha sobre o “descobrimento” do Brasil. Apresentamos, a seguir, um trecho dela em duas transcrições. Imagem 03 - Transcrições da Carta de Pero Vaz de Caminha. Fonte: https://pixabay.com/pt - http://antt.dglab.gov.pt 6 http://localhost:8081/imagens/Figura03.jpg Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 Essa carta, cujo manuscrito tem o total de 27 páginas, foi escrita por Pero Vaz de Caminha, em Porto Seguro, entre os dias 26 de abril e 2 de maio de 1500. É um documento histórico e nos faz perceber uma das funções da escrita que é a de registrar. Notamos que esse documento não é somente um registro histórico, mas também um registro que nos permite observar a evolução de nossa língua. O português empregado por Caminha é distinto do atual. Isso se deve ao fato de o português do início do século XVI ser diferente do português que é falado hoje em dia. Alteraram-se os sons ou os significados de algumas palavras, outras caíram em desuso, novos termos apareceram. É, por exemplo, o caso de "achamento", termo usado no século XVI, substituído por "descobrimento" nos dias de hoje Nesse contexto, a escrita não constitui uma mera transcrição da fala, nem a fala é processada do mesmo modo que a escrita. A fala e a escrita são duas modalidades da língua, que utilizamos de acordo com a situação de comunicação em que estamos inseridos. E cada uma delas apresenta características próprias. Koch e Elias declaram que: "no texto escrito, a coprodução se resume à consideração daquele para quem se escreve, não havendo participação direta e ativa deste na elaboração linguística do texto, em função do distanciamento entre escritor e leitor. Nele, a dialogicidade constitui-se numa relação ideal, em que o escritor leva em conta a perspectiva do leitor, ou seja, dialoga com determinado (tipo de) leitor, cujas respostas e reações ele prevê. [...] O texto falado, por sua vez, emerge no próprio momento da interação. Como se costuma dizer, ele é o seu próprio rascunho. Por estarem os interlocutores copresentes, ocorre uma interlocução ativa, que implica um processo de coautoria, refletido na materialidade linguística por marcas da produção verbal conjunta. Por isso, a linguagem falada difere em muitos pontos da escrita: a) pelo próprio fato de ser falada; b) devido às 7 Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 contingências de sua formulação." (KOCH; ELIAS, 2009, p. 13-14) Para essas autoras, há claras diferenças entre fala e escrita, sendo a principal delas o momento da produção. Na escrita, isso acontece de forma distanciada. No exemplo de Caminha, o leitor que ele teve em mente foi o rei, tanto que inicia seu texto com a forma de tratamento “senhor”. Certamente, todas as demais escolhas para a elaboração de sua mensagem foram guiadas pelo objetivo de relatar fatos ao rei. Na fala, não se tem um interlocutor imaginário, ele está presente, e a interação se dá face a face. As pesquisadoras, ao relacionarem as diferenças entre fala e escrita, apresentam as características, que estão na imagem a seguir. Imagem 04 - Diferença entre fala e escrita Fonte: Extraída de Koch e Elias (2009, p. 16) 8 http://localhost:8081/imagens/Figura04.png Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 Considerando os aspectos relacionados na imagem e o seu uso diário da fala e da escrita, reflita. CURIOSIDADE Os dois atos acontecem da mesma forma? Você acha um mais simples e o outro mais complexo? Provavelmente, sua resposta deve ter sido de que a escrita é um processo bem mais complexo. Como nosso interlocutor não está presente, temos de estar atentos: • à ação deplanejamento (antes de escrever, é necessário estabelecer um roteiro prévio); • à predominância do modus sintático (o que requer certo domínio da gramática da língua); ao fato de ser elaborada (exige mais cuidado com a organização); • à densidade informacional (a inserção de informações exige uma análise, pois há digamos “uma medida certa”, para que o texto não se torne enfadonho com repetições ou não venha a ser comprometido pela falta de informações imprescindíveis); • à dominância de frases complexas (requer a habilidade de estruturar trechos compostos por frases articuladas sobretudo pela subordinação); • à maior densidade lexical (requer um vocabulário mais diversificado e o domínio desse vocabulário de modo a usá-lo em contextos adequados). Na fala, o processo comunicativo é simplificado, em virtude de ser possível complementar as informações, uma vez que a interação acontece diante do nosso interlocutor. 9 Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 CURIOSIDADE Mas será que em todos os momentos de uso, os atos de fala e de escrita situam-se em dois polos tão opostos ou dicotômicos? Durante muito tempo, os estudiosos acreditaram que fala e escrita eram duas atividades bem distintas. No entanto, não devem ser mais vistas de forma dicotômica e estanque. Hoje, com base em Marcuschi (2001), podemos afirmar que os diversos tipos de práticas sociais de produção textual, ou seja, de gêneros situam-se ao longo de um continuum tipológico, em cujas extremidades estariam, de um lado, a escrita formal e, de outro, a conversação espontânea, coloquial. Logo, fala e escrita não se opõem, mas se complementam. Nesse sentido, o texto oral ou o texto escrito tanto pode ser formal quanto informal. No próximo tópico, vamos aprofundar essa questão. Vamos lá! 10 Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 Continuum entre fala e escrita Objetivo: Apresentar o continuum entre fala e escrita, enfocando os traços que aproximam essas duas modalidades no ato produzir de textos. No final do Tópico 1, vimos que fala e escrita não estão nos limites de uma linha reta, ou seja, não são dicotômicas. Isso quer dizer que devem ser vistas como estágios discursivos, nos quais as diferenças e as semelhanças acontecem ao longo de um contínuo tipológico, como demonstra a imagem a seguir. Fonte: Marcuschi (2001, p. 41). Na imagem, observamos a fala e a escrita como domínios linguísticos. Os gêneros que estão mais próximos das extremidades são os mais típicos de cada um dos domínios; já os que se encontram ao meio, dentro da área com linhas tracejadas, são os “mistos”, assim considerados em função de dois parâmetros: meio de produção (sonoro ou gráfico) e concepção discursiva (oral ou escrita). Segundo Marcuschi, 11 http://localhost:8081/imagens/Figura05.png Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 "o contínuo dos gêneros textuais distingue e correlaciona os textos de cada modalidade (fala e escrita) quanto às estratégias de formulação que determinam o contínuo das características que produzem as variações das estruturas textuais-discursivas, seleções lexicais, estilo, grau de formalidade etc., que se dão ao longo de contínuos sobrepostos." Marcuschi (2001, p. 42) Podemos assim dizer que os gêneros situados nas extremidades, de um lado, centram-se no grau máximo de naturalidade e, de outro, no grau máximo de formalidade. Analisemos os exemplos a seguir. Texto I (falado) Texto II (escrito) No texto I, supomos uma conversa face a face entre dois amigos. Dessa forma, notamos um tom de informalidade constituído com base na escolha do vocabulário e de marcas próprias do texto falado como, por exemplo, os marcadores conversacionais (bem, né, puxa). No texto II, provavelmente, um 12 http://localhost:8081/imagens/Figura06.png http://localhost:8081/imagens/Figura07.png Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 trecho de um e-mail, o tom é de uma certa formalidade, com frase mais complexas. Mas, por se tratar de um e-mail, o texto poderia ter sido elaborado com características mais próximas da fala. Tudo depende das decisões que tomamos e das escolhas que fazemos, conforme: a situação comunicativa em que estamos inseridos; o nosso interlocutor e o(s) nosso(s) objetivo(s). FIQUE ATENTO Pelo que vimos, podemos afirmar que há, realmente, uma continuidade entre fala e escrita, pois há gêneros que ora assumem o tom da fala, ora o da escrita ou ainda podem ser construídos com a alternância das duas modalidades. Que tal você praticar agora? ATIVIDADE Suponhamos que você tenha de se ausentar do trabalho por alguns dias para resolver problemas pessoais e precise comunicar isso ao seu gestor imediato. Imagine-se fazendo essa comunicação pessoalmente e também por e- mail. Depois, compare suas produções e analise em qual delas você teve maior ou menor facilidade. Esse exercício, certamente, o ajudará na elaboração de textos para o seu dia a dia! Com base no seu exercício e no que vimos até aqui, entendemos a relação entre oralidade e escrita como um dos fatores que determinam o estilo do gênero e o seu grau de formalidade. Nesse sentido, há estratégias do texto falado que podem ser usadas em um texto escrito, assim como há estratégias do texto escrito que podem ser encontradas em um texto oral. Vejamos o exemplo do gênero e-mail. Esse é um gênero que substitui as antigas cartas, logo tem estrutura bem semelhante: vocativo, texto, despedida 13 Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 e assinatura. No âmbito institucional, esse gênero é bastante utilizado para agilizar o processo de comunicação. Nessa situação, assume uma linguagem mais formal como verificamos no Texto I. Texto I Fonte:http://www.ufrgs.br/textecc/porlexbras/oficinaescrita/escreveremail.php Texto II Fonte: https://rioandlearn.com/pt-br/como-escrever-um-e-mail-em-portugues/ 14 http://localhost:8081/imagens/Figura08.png http://localhost:8081/imagens/Figura09.png Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 No Texto II, a mensagem é caracterizada pela informalidade. Isso acontece por se tratar de uma situação comunicativa entre amigos. Se tivéssemos de inserir esse gênero no contínuo proposto por Marcuschi (2001), sua localização seria no quadrante superior intermediário, pois vimos que pode apresentar não só traços típicos da escrita (Texto I), mas também da fala (Texto II). Koch destaca que: "[...] existem textos escritos que se situam, no contínuo, mais próximos da fala conversacional (bilhete, carta familiar, textos de humor), ao passo que existem textos falados que mais se aproximam do polo da escrita formal (conferências, entrevistas profissionais para altos cargos administrativos, dentre outros), existindo, ainda, tipos mistos, além de muitos outros intermediários." (KOCH,1997, p. 32) Portanto, não devemos pensar que quaisquer distinções – linguísticas ou situacionais – da oralidade ou da escrita se concretizem em todos os gêneros orais ou escritos. IMPORTANTE No contínuo tipológico, há gêneros textuais muito similares que pertencem às esferas oral e escrita – como, por exemplo, conferência, exposição acadêmica etc. Em meio a esses, há outros mais distintos – como, por exemplo, chat, mensenger, bilhete etc. Isso ocorre porque não há homogeneidade na relação entre oralidade e escrita. Dessa forma, o conceito de contínuo tipológico fundamenta o ponto de vista de que “há mais semelhanças entre as modalidades discursivas da língua do que diferenças entre elas” (MARCUSCHI, 2001). Ao mesmo tempo, a noção de contínuo torna contraditório o argumento da dicotomia (vista no Tópico 1) 15 Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 entreas modalidades discursivas, porque, a partir desse conceito, acredita-se que as duas modalidades (fala e escrita) constituem um mesmo princípio linguístico e que, sobretudo por esses pretextos, não são estanques, embora se caracterizem por processos e meios de produção distintos. É exatamente por essa razão que, de acordo com o ponto de vista de contínuo, os gêneros textuais podem ser uma ferramenta à disposição de qualquer usuário de uma língua, sendo por ele escolhidos, da forma que mais lhe agradar, a fim de que, no ato de comunicação, possa expressar-se e interagir. Assim, as especificidades da fala e da escrita em que transcorrem as interações dão origem aos níveis de linguagem, que variam conforme “o arranjo que se dá a sintaxe, ao vocabulário e à pronúncia” (KÖCHE; BOFF; PAVANI, 2009, p. 10). No próximo tópico, trataremos dos níveis de linguagem, pois, à medida que os conhecemos e dominamos, mais facilidades temos de nos comunicar e de usar a língua, adequadamente, transitando pelo contínuo tipológico em nossas produções. Vamos lá 16 Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 Níveis de linguagem Objetivo: Apresentar os níveis de linguagem e os caracterizar. Vanoye (1998) ressalta que para efetivarmos a nossa comunicação, precisamos ter um “código comum”, ou seja, falarmos “a mesma língua”, o português. Ele nos propõe a reflexão de algumas questões. CURIOSIDADE Trata-se de uma língua portuguesa ou de várias línguas portuguesas? O português da Bahia é igual ao do Rio Grande do Sul? Não está cada um deles sujeito a influências diferentes (linguísticas, climáticas e ambientais)? O português de um médico é igual ao de seu cliente? Os ambientes social e cultural determinam a língua? Ao respondermos a essas questões, constatamos que há diferentes níveis de linguagem. Assim sendo, há variação de vocabulário, de recursos gramaticais e linguísticos e de pronúncia de acordo com os níveis. Para Vanoye (1998), "no interior da língua falada existe uma língua comum, conjunto de palavras, expressões e construções mais usuais, língua tida geralmente como simples, mas correta." (VANOYE, 1998, p. 23) A partir desse nível, observam-se, do ponto de vista da elaboração, a linguagem cuidada e a oratória. Além destas, as linguagens familiar e informal ou popular, conforme ilustra a imagem a seguir. 17 Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 Fonte: Vanoye (1998, p. 24) A diferença entre os níveis de linguagem fundamenta-se em critérios distintos. Segundo Vanoye (1998), as linguagens popular e a cuidada baseiam-se num critério sociocultural. Já as linguagens informal e a oratória tem por base uma diferença de situação comunicativa. Logo, não empregamos a mesma linguagem ao fazer um discurso e ao conversar com os amigos em um bar. Vejamos, por meio de exemplos, o detalhamento de cada um dos níveis. Linguagem oratória É caracterizada pelo cultivo de efeitos sintáticos, rítmicos e sonoros, usando imagens. 18 http://localhost:8081/imagens/Figura10.png Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 EXEMPLO Linguagem cuidada A linguagem cuidada apresenta um vocabulário mais preciso, mais raro e uma sintaxe mais elaborada do que a da linguagem comum. EXEMPLO 19 http://localhost:8081/imagens/Figura11.png http://localhost:8081/imagens/Figura12.png Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 Linguagem Familiar A linguagem familiar corresponde a um nível menos formal, mais cotidiano da língua. O vocabulário é utilizado com relativa obediência às normas gramaticais, como podemos notar a seguir. Linguagem Popular A linguagem popular apresenta desvios da linguagem padrão, ou da norma culta. É caracterizada pelo excesso de gírias, onomatopeias, clichês e/ou formas deturpadas. 20 http://localhost:8081/imagens/Figura13.png Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 EXEMPLO Fonte: ASSARÉ, Patativa do. Digo e não peço segredo. São Paulo: Escrituras, 2001, p. 77. Nesse texto, verificamos formas deturpadas como, por exemplo: dotôra (doutora), caboco (caboclo), cantadô (cantador), trôxe (trouxe), papé (papel). 21 http://localhost:8081/imagens/Figura14.png Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 EXEMPLO Já nesse texto, notamos uma linguagem caracterizada pelo excesso de gírias. Como pudemos observar nos níveis de linguagem familiar e popular há recorrência a expressões bem pitorescas. Muitas delas são construções tidas como “graves inadequações” nas situações em que os textos devem ser produzidos com maior grau de formalidade. Desse modo, para produzirmos bons textos temos de percorrer um contínuo que vai da fala para a escrita e vice-versa, da linguagem popular à linguagem culta ou cuidada. Nas palavras de Vanoye: "O essencial é ter-se consciência desses níveis de linguagem na medida em que determinam o bom funcionamento da comunicação. Tentar adaptar a própria linguagem à do interlocutor já é efetuar um ato de comunicação. É difícil imaginar como um professor daria suas aulas, se não empregasse uma linguagem acessível às crianças; entretanto, a preocupação de levar os alunos à utilização da linguagem comum obriga o mestre a recorrer a uma linguagem um pouco mais trabalhada que a de seus ouvintes, tanto no vocabulário como na sintaxe. A comunicação envolve, neste caso, uma reelaboração." Amyr Klink 22 http://localhost:8081/imagens/Figura15.png Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 ATIVIDADE Tente se imaginar no seu dia a dia de trabalho. Pense como você organiza sua comunicação oral e escrita. Você tem feito reelaboração de seus textos? Isso quer dizer: você adapta seu vocabulário e sua linguagem, conforme seu interlocutor e modalidade falada e/ou escrita? Se ainda não faz isso, tente fazer a partir de agora! Na próxima aula, conversaremos sobre a constituição do tecido do texto, isto é, sobre os fatores de textualidade, aspectos fundamentais para tornar nossa comunicação clara e precisa. Vamos lá! 23 Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02 REFERÊNCIAS ANDRADE, M. M.; HENRIQUES, A. Língua Portuguesa: noções para cursos superiores. São Paulo: Atlas, 1992. ANTUNES, I. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola editorial, 2005. ______. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola editorial, 2009. BAKTHIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997. COSTA VAL, M. da G. Redação e Textualidade. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. 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Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Org.). Gêneros textuais e ensino. 3. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. p. 19-36. ______.Produção Textual, análise de gênero e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. OLIVEIRA, N de S. Redação e Textualidade um Foco no Vestibular 2011 para a UFPB. 35f. Monografia (Licenciatura em Letras) Curso de Ciências Humanas Artes e Letras, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2011. 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