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Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
Sumário
Apresentação.......................................................................................................................................3
Objetivo...............................................................................................................................................3
Fala e Escrita.......................................................................................................................................4
Continuum entre fala e escrita........................................................................................................11
Níveis de linguagem..........................................................................................................................17
REFERÊNCIAS...............................................................................................................................24
2
Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
Apresentação
Nas aulas 1, 2 e 3 conversamos sobre os aspectos que merecem atenção
especial no momento de produzir texto(s), seja(m) este(s) falado(s) e/ou
escrito(s).
Nesta aula, trataremos de alguns procedimentos que unidos aos
aspectos já estudados podem orientar você, principalmente, no momento de
redigir textos.
Objetivo
 Abordar princípios e procedimentos básicos para a elaboração de
texto(s), especialmente escrito(s).
3
Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
Fala e Escrita
Objetivo: Caracterizar a fala e a escrita, buscando evidenciar a correlação
existente entre essas duas modalidades da língua.
Comecemos nossa conversa com a seguinte questão:
CURIOSIDADE
Produzimos textos falados e escritos do mesmo modo?
Para aprofundarmos essa questão, vejamos um comentário, publicado na
Revista Veja, que foi escrito por Jô Soares, apresentador e humorista.
Imagem 01 - Comentário escrito por Jô Soares
Fonte: https://pixabay.com
No comentário do Jô Soares, observamos que ele faz uma brincadeira
escrevendo as palavras do modo como ouvimos, ou seja, ele tenta reproduzir
a fala na escrita. Isso nos faz perceber que há diferenças entre os atos de falar
4
http://localhost:8081/imagens/Figura01.png
Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
e escrever. Respectivamente, um está associado aos fonemas (sons) e o outro
aos grafemas (letras). Desse modo, em qualquer língua, as pessoas falam de
um jeito e escrevem de outro, pois há recursos que utilizamos na fala e outros
que usamos na escrita para representar o que desejamos expressar.
Ao falar, fazemos uso de um vocabulário, mas também recorremos a
gestos, à entonação de voz, à interação com o meio. Apresentamos reações
diversas, expressando-nos principalmente com a face. Além disso, mantemos
uma relação direta com o nosso interlocutor para reforçar um ponto de vista.
Como o texto emerge na interação, não há preocupação em colocar acentos
e vírgulas, porque a entonação transmite o significado que se pretende.
Vejamos, por exemplo, a imagem a seguir que é representativa de uma
situação comunicativa em que se usa a fala.
Imagem 02 - Conversa entre falantes
Fonte: https://www.vix.com
Você consegue imaginar o que ela está falando e o que ele falou ou fez?
As expressões e a gesticulação, certamente, fizeram você pensar em um
assunto, no tom de voz, no vocabulário e no tipo de linguagem que ela está
usando para ser entendida. Pelas expressões faciais e a gesticulação, a
conversa está acontecendo em um clima de irritação. Imagine o que ela está
dizendo...!
5
http://localhost:8081/imagens/Figura02.png
Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
Já ao escrevermos, fazemos também uso de um vocabulário, mas temos
uma preocupação maior, porque nosso interlocutor não está presente. Assim,
é relevante lembrarmos que a comunicação transmitida deve ser o mais
precisa possível para evitar interpretações inadequadas. Além disso, o texto
escrito pode não se apagar e perdurar por tempo indeterminado. Um
exemplo disso é a carta de Caminha sobre o “descobrimento” do Brasil.
Apresentamos, a seguir, um trecho dela em duas transcrições.
Imagem 03 - Transcrições da Carta de Pero Vaz de Caminha.
Fonte: https://pixabay.com/pt - http://antt.dglab.gov.pt
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http://localhost:8081/imagens/Figura03.jpg
Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
Essa carta, cujo manuscrito tem o total de 27 páginas, foi escrita por Pero
Vaz de Caminha, em Porto Seguro, entre os dias 26 de abril e 2 de maio de
1500. É um documento histórico e nos faz perceber uma das funções da
escrita que é a de registrar. Notamos que esse documento não é somente um
registro histórico, mas também um registro que nos permite observar a
evolução de nossa língua. O português empregado por Caminha é distinto do
atual. Isso se deve ao fato de o português do início do século XVI ser
diferente do português que é falado hoje em dia. Alteraram-se os sons ou os
significados de algumas palavras, outras caíram em desuso, novos termos
apareceram. É, por exemplo, o caso de "achamento", termo usado no século
XVI, substituído por "descobrimento" nos dias de hoje
Nesse contexto, a escrita não constitui uma mera transcrição da fala, nem
a fala é processada do mesmo modo que a escrita. A fala e a escrita são duas
modalidades da língua, que utilizamos de acordo com a situação de
comunicação em que estamos inseridos. E cada uma delas apresenta
características próprias.
Koch e Elias declaram que:
"no texto escrito, a coprodução se resume à consideração daquele para
quem se escreve, não havendo participação direta e ativa deste na
elaboração linguística do texto, em função do distanciamento entre escritor
e leitor. Nele, a dialogicidade constitui-se numa relação ideal, em que o
escritor leva em conta a perspectiva do leitor, ou seja, dialoga com
determinado (tipo de) leitor, cujas respostas e reações ele prevê.
[...]
O texto falado, por sua vez, emerge no próprio momento da interação.
Como se costuma dizer, ele é o seu próprio rascunho. Por estarem os
interlocutores copresentes, ocorre uma interlocução ativa, que implica um
processo de coautoria, refletido na materialidade linguística por marcas da
produção verbal conjunta. Por isso, a linguagem falada difere em muitos
pontos da escrita: a) pelo próprio fato de ser falada; b) devido às
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Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
contingências de sua formulação."
(KOCH; ELIAS, 2009, p. 13-14)
Para essas autoras, há claras diferenças entre fala e escrita, sendo a
principal delas o momento da produção. Na escrita, isso acontece de forma
distanciada. No exemplo de Caminha, o leitor que ele teve em mente foi o rei,
tanto que inicia seu texto com a forma de tratamento “senhor”. Certamente,
todas as demais escolhas para a elaboração de sua mensagem foram guiadas
pelo objetivo de relatar fatos ao rei. Na fala, não se tem um interlocutor
imaginário, ele está presente, e a interação se dá face a face.
As pesquisadoras, ao relacionarem as diferenças entre fala e escrita,
apresentam as características, que estão na imagem a seguir.
Imagem 04 - Diferença entre fala e escrita
Fonte: Extraída de Koch e Elias (2009, p. 16)
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http://localhost:8081/imagens/Figura04.png
Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
Considerando os aspectos relacionados na imagem e o seu uso diário da
fala e da escrita, reflita.
CURIOSIDADE
Os dois atos acontecem da mesma forma? Você acha um mais simples e
o outro mais complexo?
Provavelmente, sua resposta deve ter sido de que a escrita é um
processo bem mais complexo. Como nosso interlocutor não está presente,
temos de estar atentos:
• à ação deplanejamento (antes de escrever, é necessário estabelecer
um roteiro prévio);
• à predominância do modus sintático (o que requer certo domínio da
gramática da língua); ao fato de ser elaborada (exige mais cuidado com
a organização);
• à densidade informacional (a inserção de informações exige uma
análise, pois há digamos “uma medida certa”, para que o texto não se
torne enfadonho com repetições ou não venha a ser comprometido
pela falta de informações imprescindíveis);
• à dominância de frases complexas (requer a habilidade de estruturar
trechos compostos por frases articuladas sobretudo pela subordinação);
• à maior densidade lexical (requer um vocabulário mais diversificado e o
domínio desse vocabulário de modo a usá-lo em contextos adequados).
Na fala, o processo comunicativo é simplificado, em virtude de ser
possível complementar as informações, uma vez que a interação acontece
diante do nosso interlocutor.
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Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
CURIOSIDADE
Mas será que em todos os momentos de uso, os atos de fala e de
escrita situam-se em dois polos tão opostos ou dicotômicos?
Durante muito tempo, os estudiosos acreditaram que fala e escrita eram
duas atividades bem distintas. No entanto, não devem ser mais vistas de
forma dicotômica e estanque.
Hoje, com base em Marcuschi (2001), podemos afirmar que os diversos
tipos de práticas sociais de produção textual, ou seja, de gêneros situam-se
ao longo de um continuum tipológico, em cujas extremidades estariam, de
um lado, a escrita formal e, de outro, a conversação espontânea, coloquial.
Logo, fala e escrita não se opõem, mas se complementam.
Nesse sentido, o texto oral ou o texto escrito tanto pode ser formal
quanto informal. No próximo tópico, vamos aprofundar essa questão.
Vamos lá!
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Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
Continuum entre fala e escrita
Objetivo: Apresentar o continuum entre fala e escrita, enfocando os
traços que aproximam essas duas modalidades no ato produzir de textos.
No final do Tópico 1, vimos que fala e escrita não estão nos limites de
uma linha reta, ou seja, não são dicotômicas. Isso quer dizer que devem ser
vistas como estágios discursivos, nos quais as diferenças e as semelhanças
acontecem ao longo de um contínuo tipológico, como demonstra a imagem
a seguir.
Fonte: Marcuschi (2001, p. 41).
Na imagem, observamos a fala e a escrita como domínios linguísticos. Os
gêneros que estão mais próximos das extremidades são os mais típicos de
cada um dos domínios; já os que se encontram ao meio, dentro da área com
linhas tracejadas, são os “mistos”, assim considerados em função de dois
parâmetros: meio de produção (sonoro ou gráfico) e concepção discursiva
(oral ou escrita). Segundo Marcuschi,
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Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
"o contínuo dos gêneros textuais distingue e correlaciona os textos de
cada modalidade (fala e escrita) quanto às estratégias de formulação que
determinam o contínuo das características que produzem as variações das
estruturas textuais-discursivas, seleções lexicais, estilo, grau de formalidade
etc., que se dão ao longo de contínuos sobrepostos."
Marcuschi (2001, p. 42)
Podemos assim dizer que os gêneros situados nas extremidades, de um
lado, centram-se no grau máximo de naturalidade e, de outro, no grau
máximo de formalidade.
Analisemos os exemplos a seguir.
Texto I (falado)
Texto II (escrito)
No texto I, supomos uma conversa face a face entre dois amigos. Dessa
forma, notamos um tom de informalidade constituído com base na escolha
do vocabulário e de marcas próprias do texto falado como, por exemplo, os
marcadores conversacionais (bem, né, puxa). No texto II, provavelmente, um
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http://localhost:8081/imagens/Figura06.png
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Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
trecho de um e-mail, o tom é de uma certa formalidade, com frase mais
complexas. Mas, por se tratar de um e-mail, o texto poderia ter sido
elaborado com características mais próximas da fala. Tudo depende das
decisões que tomamos e das escolhas que fazemos, conforme: a situação
comunicativa em que estamos inseridos; o nosso interlocutor e o(s) nosso(s)
objetivo(s).
FIQUE ATENTO
Pelo que vimos, podemos afirmar que há, realmente, uma continuidade
entre fala e escrita, pois há gêneros que ora assumem o tom da fala, ora o da
escrita ou ainda podem ser construídos com a alternância das duas
modalidades. Que tal você praticar agora?
ATIVIDADE
Suponhamos que você tenha de se ausentar do trabalho por alguns dias
para resolver problemas pessoais e precise comunicar isso ao seu gestor
imediato.
Imagine-se fazendo essa comunicação pessoalmente e também por e-
mail. Depois, compare suas produções e analise em qual delas você teve
maior ou menor facilidade. Esse exercício, certamente, o ajudará na
elaboração de textos para o seu dia a dia!
Com base no seu exercício e no que vimos até aqui, entendemos a
relação entre oralidade e escrita como um dos fatores que determinam o
estilo do gênero e o seu grau de formalidade. Nesse sentido, há estratégias
do texto falado que podem ser usadas em um texto escrito, assim como há
estratégias do texto escrito que podem ser encontradas em um texto oral.
Vejamos o exemplo do gênero e-mail. Esse é um gênero que substitui as
antigas cartas, logo tem estrutura bem semelhante: vocativo, texto, despedida
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Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
e assinatura. No âmbito institucional, esse gênero é bastante utilizado para
agilizar o processo de comunicação. Nessa situação, assume uma linguagem
mais formal como verificamos no Texto I.
Texto I
Fonte:http://www.ufrgs.br/textecc/porlexbras/oficinaescrita/escreveremail.php
Texto II
Fonte: https://rioandlearn.com/pt-br/como-escrever-um-e-mail-em-portugues/
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Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
No Texto II, a mensagem é caracterizada pela informalidade. Isso
acontece por se tratar de uma situação comunicativa entre amigos. Se
tivéssemos de inserir esse gênero no contínuo proposto por Marcuschi
(2001), sua localização seria no quadrante superior intermediário, pois vimos
que pode apresentar não só traços típicos da escrita (Texto I), mas também da
fala (Texto II).
Koch destaca que:
"[...] existem textos escritos que se situam, no contínuo, mais próximos
da fala conversacional (bilhete, carta familiar, textos de humor), ao passo
que existem textos falados que mais se aproximam do polo da escrita
formal (conferências, entrevistas profissionais para altos cargos
administrativos, dentre outros), existindo, ainda, tipos mistos, além de
muitos outros intermediários."
(KOCH,1997, p. 32)
Portanto, não devemos pensar que quaisquer distinções – linguísticas ou
situacionais – da oralidade ou da escrita se concretizem em todos os gêneros
orais ou escritos.
IMPORTANTE
No contínuo tipológico, há gêneros textuais muito similares que
pertencem às esferas oral e escrita – como, por exemplo, conferência,
exposição acadêmica etc. Em meio a esses, há outros mais distintos – como,
por exemplo, chat, mensenger, bilhete etc. Isso ocorre porque não há
homogeneidade na relação entre oralidade e escrita.
Dessa forma, o conceito de contínuo tipológico fundamenta o ponto de
vista de que “há mais semelhanças entre as modalidades discursivas da língua
do que diferenças entre elas” (MARCUSCHI, 2001). Ao mesmo tempo, a noção
de contínuo torna contraditório o argumento da dicotomia (vista no Tópico 1)
15
Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
entreas modalidades discursivas, porque, a partir desse conceito, acredita-se
que as duas modalidades (fala e escrita) constituem um mesmo princípio
linguístico e que, sobretudo por esses pretextos, não são estanques, embora
se caracterizem por processos e meios de produção distintos.
É exatamente por essa razão que, de acordo com o ponto de vista de
contínuo, os gêneros textuais podem ser uma ferramenta à disposição de
qualquer usuário de uma língua, sendo por ele escolhidos, da forma que mais
lhe agradar, a fim de que, no ato de comunicação, possa expressar-se e
interagir.
Assim, as especificidades da fala e da escrita em que transcorrem as
interações dão origem aos níveis de linguagem, que variam conforme “o
arranjo que se dá a sintaxe, ao vocabulário e à pronúncia” (KÖCHE; BOFF;
PAVANI, 2009, p. 10).
No próximo tópico, trataremos dos níveis de linguagem, pois, à medida
que os conhecemos e dominamos, mais facilidades temos de nos comunicar
e de usar a língua, adequadamente, transitando pelo contínuo tipológico em
nossas produções.
Vamos lá
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Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
Níveis de linguagem
Objetivo: Apresentar os níveis de linguagem e os caracterizar.
Vanoye (1998) ressalta que para efetivarmos a nossa comunicação,
precisamos ter um “código comum”, ou seja, falarmos “a mesma língua”, o
português. Ele nos propõe a reflexão de algumas questões.
CURIOSIDADE
Trata-se de uma língua portuguesa ou de várias línguas portuguesas?
O português da Bahia é igual ao do Rio Grande do Sul?
Não está cada um deles sujeito a influências diferentes (linguísticas,
climáticas e ambientais)?
O português de um médico é igual ao de seu cliente?
Os ambientes social e cultural determinam a língua?
Ao respondermos a essas questões, constatamos que há diferentes níveis
de linguagem. Assim sendo, há variação de vocabulário, de recursos
gramaticais e linguísticos e de pronúncia de acordo com os níveis.
Para Vanoye (1998),
"no interior da língua falada existe uma língua comum, conjunto de
palavras, expressões e construções mais usuais, língua tida geralmente
como simples, mas correta."
(VANOYE, 1998, p. 23)
A partir desse nível, observam-se, do ponto de vista da elaboração, a
linguagem cuidada e a oratória. Além destas, as linguagens familiar e informal
ou popular, conforme ilustra a imagem a seguir.
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Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
Fonte: Vanoye (1998, p. 24)
A diferença entre os níveis de linguagem fundamenta-se em critérios
distintos. Segundo Vanoye (1998), as linguagens popular e a cuidada
baseiam-se num critério sociocultural.
Já as linguagens informal e a oratória tem por base uma diferença de
situação comunicativa. Logo, não empregamos a mesma linguagem ao fazer
um discurso e ao conversar com os amigos em um bar.
Vejamos, por meio de exemplos, o detalhamento de cada um dos níveis.
Linguagem oratória
É caracterizada pelo cultivo de efeitos sintáticos, rítmicos e sonoros,
usando imagens.
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Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
EXEMPLO
Linguagem cuidada
A linguagem cuidada apresenta um vocabulário mais preciso, mais raro e
uma sintaxe mais elaborada do que a da linguagem comum.
EXEMPLO
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Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
Linguagem Familiar
A linguagem familiar corresponde a um nível menos formal, mais
cotidiano da língua. O vocabulário é utilizado com relativa obediência às
normas gramaticais, como podemos notar a seguir.
Linguagem Popular
A linguagem popular apresenta desvios da linguagem padrão, ou da
norma culta. É caracterizada pelo excesso de gírias, onomatopeias, clichês
e/ou formas deturpadas.
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Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
EXEMPLO
Fonte: ASSARÉ, Patativa do. Digo e não peço segredo. São Paulo: Escrituras, 2001, p. 77.
Nesse texto, verificamos formas deturpadas como, por exemplo: dotôra
(doutora), caboco (caboclo), cantadô (cantador), trôxe (trouxe), papé (papel).
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Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
EXEMPLO
Já nesse texto, notamos uma linguagem caracterizada pelo excesso de
gírias.
Como pudemos observar nos níveis de linguagem familiar e popular há
recorrência a expressões bem pitorescas. Muitas delas são construções tidas
como “graves inadequações” nas situações em que os textos devem ser
produzidos com maior grau de formalidade.
Desse modo, para produzirmos bons textos temos de percorrer um
contínuo que vai da fala para a escrita e vice-versa, da linguagem popular à
linguagem culta ou cuidada. Nas palavras de Vanoye:
"O essencial é ter-se consciência desses níveis de linguagem na medida
em que determinam o bom funcionamento da comunicação. Tentar adaptar
a própria linguagem à do interlocutor já é efetuar um ato de comunicação.
É difícil imaginar como um professor daria suas aulas, se não empregasse
uma linguagem acessível às crianças; entretanto, a preocupação de levar os
alunos à utilização da linguagem comum obriga o mestre a recorrer a uma
linguagem um pouco mais trabalhada que a de seus ouvintes, tanto no
vocabulário como na sintaxe. A comunicação envolve, neste caso, uma
reelaboração."
Amyr Klink
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Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
ATIVIDADE
Tente se imaginar no seu dia a dia de trabalho. Pense como você
organiza sua comunicação oral e escrita. Você tem feito reelaboração de
seus textos? Isso quer dizer: você adapta seu vocabulário e sua linguagem,
conforme seu interlocutor e modalidade falada e/ou escrita? Se ainda não
faz isso, tente fazer a partir de agora!
Na próxima aula, conversaremos sobre a constituição do tecido do texto,
isto é, sobre os fatores de textualidade, aspectos fundamentais para tornar
nossa comunicação clara e precisa.
Vamos lá!
23
Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
REFERÊNCIAS
ANDRADE, M. M.; HENRIQUES, A. Língua Portuguesa: noções para
cursos superiores. São Paulo: Atlas, 1992.
ANTUNES, I. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo:
Parábola editorial, 2005.
______. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola
editorial, 2009.
BAKTHIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes,
1997.
COSTA VAL, M. da G. Redação e Textualidade. 2. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1999.
FIORIN, J. L.; PLATÃO, F. S. Lições de texto: leitura e redação. 4. ed. São
Paulo: Ática, 1999.
______. Para entender o texto: leitura e redação. 17. ed. São Paulo: Ática,
2007.
GARCEZ, L. H. do C. Técnica de redação: o que é preciso saber para bem
escrever. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
GERALDI, J. W. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
JAKOBSON, R. Ensaios de Linguística Geral. Porto Alegre: Ariel, 1984.
KOCH, I. G. V.; CAVALCANTI, M. M.; BENTES, A. C. Intertextualidade:
diálogos possíveis. São Paulo: Cortez, 2007.
______.; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção
textual. São Paulo: Contexto, 2009.
KÖCHE. V. S.; BOFF, O. M. B.; PAVANI, C. F. Prática Textual: atividades de
leitura e escrita. Petrópolis: Vozes, 2009.
LIMA, Rocha. Gramatica normativa da língua portuguesa. 49. ed. Rio
de Janeiro: Jose Olympio, 2011.
24
Língua Portuguesa: Textos e a Construção da Textualidade – Módulo 02
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In:
DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Org.). Gêneros textuais e
ensino. 3. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. p. 19-36.
______.Produção Textual, análise de gênero e compreensão. São Paulo:
Parábola Editorial, 2008.
OLIVEIRA, N de S. Redação e Textualidade um Foco no Vestibular
2011 para a UFPB. 35f. Monografia (Licenciatura em Letras) Curso de
Ciências Humanas Artes e Letras, Universidade Federal da Paraíba, João
Pessoa, 2011.
SITES CONSULTADOS
https://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil13.php
https://www.todamateria.com.br/funcoes-da-linguagem/
https://www.todamateria.com.br/tipos-de-textos/
http://solinguagem.blogspot.com/2016/06/exercicios-funcoes-da-
linguagem.html
http://atividadesdeportugueseliteratura.blogspot.com/2016/08/
exercicios-sobre-funcoes-da-linguagem.html
https://www.todamateria.com.br/texto-de-campanha-comunitaria/
http://blogdaprofessoralou.blogspot.com/2012/07/semana-niveis-de-
linguagem.html
https://sites.google.com/site/portuguesredacaoegramatica/4-
desenvolvimento_do_paragrafo
25
https://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil13.php
https://sites.google.com/site/portuguesredacaoegramatica/4-desenvolvimento_do_paragrafo
https://sites.google.com/site/portuguesredacaoegramatica/4-desenvolvimento_do_paragrafo
http://blogdaprofessoralou.blogspot.com/2012/07/semana-niveis-de-linguagem.html
http://blogdaprofessoralou.blogspot.com/2012/07/semana-niveis-de-linguagem.html
https://www.todamateria.com.br/texto-de-campanha-comunitaria/
http://atividadesdeportugueseliteratura.blogspot.com/2016/08/exercicios-sobre-funcoes-da-linguagem.html
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	Apresentação
	Objetivo
	Fala e Escrita
	Continuum entre fala e escrita
	Níveis de linguagem
	REFERÊNCIAS

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