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naturogia 1

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Conteudista: Prof.ª Esp. Priscilla Cardoso Jorge
Revisão Textual: Prof.ª Dra. Selma Aparecida Cesarin
 
Objetivo da Unidade:
Conhecer os aspectos históricos, conceituais e teórico-filosóficos da trajetória
do desenvolvimento da Naturologia no Brasil.
 Material Teórico
 Material Complementar
 Referências
Naturologia no Brasil e no Mundo
Introdução à Naturologia
Definição de Naturologia
Em seu sentido literal, Naturologia significa estudo da natureza, especialmente da natureza
humana, para atingir seus propósitos (PASSOS; RODRIGUES, 2017).
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 Material Teórico
- William Osler
Naturologia?! Natu o quê?!
“Tão importante quanto conhecer a doença que o homem tem, é conhecer o
homem que tem a doença.”
A definição do conceito Naturologia é muita profunda e complexa, pois a sua base como Ciência
envolve a interdisciplinaridade englobando várias filosofias (conhecimentos): a medicina
chinesa, ameríndia, ayurveda, antroposófica, recursos artísticos, educação em saúde. A
aplicação prática dos conhecimentos da Naturologia, por meio das práticas naturais e
integrativas, visa a promover saúde e estudar, resgatar os métodos naturais, antigos e
tradicionais de cuidados (PASCHUINO, 2014).
A Naturologia é um conhecimento de saúde pautado na pluralidade de racionalidades médicas
complexas e vitalistas que partem de uma visão multidimensional do processo vida-saúde-
doença e utiliza a relação de interagência e de práticas integrativas no cuidado e atenção à saúde
(SABBAG et al. 2017; MORAES; ANTÔNIO; RODRIGUES, 2018). 
Ela é fruto das interações, religações e diálogos interdisciplinares e transdisciplinares entre
Ciências da Natureza, Biológicas, Sociais, Humanas e Práticas advindas de Medicinas
tradicionais.
O Naturólogo é um profissional de Saúde com formação generalista, com visão integral,
sistêmica, ampla e multidimensional do processo vida-saúde-doença. 
A sua visão sistêmica, integral e transdisciplinar da saúde favorece o desenvolvimento do
autoconhecimento, do autocuidado e das interações da postura integrativa transversal entre o
Naturólogo e o interagente (indivíduo atendido).
A relação terapêutica em Naturologia é denominada interagência. A proposta de intervenção em
Naturologia propõe estudar e resgatar as práticas naturais, milenares e tradicionais de cuidado,
associadas aos novos avanços científicos, visando à promoção, à manutenção e à recuperação
da saúde. Apesar de propor uma reformulação de Ciência e da Saúde, trazendo uma abordagem
mais humanizada, isso não a descaracteriza como Ciência, pois seu principal objetivo é a
transdisciplinaridade e a compreensão do sujeito como um todo (PASCHUINO, 2014).
A Naturologia tem por princípio que cada um é responsável por sua saúde e utiliza a Educação em
Saúde como uma das formas de intervenção, favorecendo a autonomia do interagente. 
O indivíduo que busca pela Naturologia recebe o nome de interagente, visto que ele participa
ativamente de seu processo, o que o torna corresponsável em seu progresso terapêutico. A
relação terapêutica é denominada interagência, postura integrativa entre o profissional e o
indivíduo atendido (PASSOS; RODRIGUES, 2017). 
Nesse contexto, a Naturologia pauta-se na perspectiva vitalista. Essa abordagem entende que o
processo terapêutico se dá pela reorganização e pelo restabelecimento do equilíbrio vital do
organismo.  É um princípio que caracteriza outros sistemas terapêuticos como as Medicinas
Tradicionais Chinesa, Ayurveda, Ameríndia (medicina indígena), a Antroposofia e a
Homeopatia. E, por meio dessa visão, torna o entendimento do processo vida-saúde-doença
multidimensional para prevenção de doenças e promoção da saúde (MORAES, ANTÔNIO,
RODRIGUES, 2018). 
Importante! 
O profissional de Naturologia trabalha com a perspectiva de cuidado
humanizado, da escuta terapêutica, e preconiza a autonomia do
interagente. O papel desse profissional é atuar frente a obstáculos à
recuperação da saúde e a mudanças de hábitos de vida centrados na
pessoa e nas condições de vida em Sociedade. Para tanto, utiliza a
Educação em Saúde para estimular o entendimento da
corresponsabilidade da pessoa frente à sua saúde, à qualidade de vida e
ao bem-estar (SABBAG et al., 2017).
Por essas razões, segundo Ceratti (2008), podemos considerar a Naturologia um sistema médico
ou terapêutico complexo, que pode ser categorizado em seis dimensões, como se observa na
Figura 1.
Figura 1 – Dimensões do Sistema Naturológico 
Fonte: Adaptada de CERATTI, 2008 | Getty Images
Precursores Históricos e Políticos da Naturologia
A valorização das práticas naturais de cuidado como recurso terapêutico foi reconhecida
inicialmente na Grécia antiga, quando se passou a considerar o curandeiro um profissional, e
não mais como sacerdote. 
A partir do século III a.C., Hipócrates, conhecido como o “Pai da Medicina”, promoveu a cisão
entre Natureza e Ciência. A noção hipocrática de saúde e doença ensinava que, para saber a
respeito do homem, também deveria conhecer tudo a respeito dos ciclos da Natureza, e era
vinculada à noção de totalidade ecológica e de interconexão entre homem e Ecologia
 (PASCHUINO, 2014).
Hipócrates colocou em prática seus métodos e se dedicou à observação do paciente: registrava
costumes, dieta, aparência, maneiras, idade, pensamentos e sonhos, propondo explicações para
as doenças com base numa doutrina de uniformidade da natureza e regularidade das causas
(PASCHUINO, 2014).
A base racional para o desenvolvimento da clínica médica estava formada, mas foi a partir de
René Descartes (1596-1650) que as atuais concepções do corpo humano presentes na
Biomedicina vieram à tona (PASCHUINO, 2014).
Entretanto, a Clínica Médica, carente de formação filosófica e humanística, precisou ser revista
e ampliada, reunindo as partes e o todo. Essas descobertas são vitais e imprescindíveis,
precisando ser reformulado o conceito de Saúde, que foi diretamente influenciado pelo modelo
cartesiano. 
O pensamento cartesiano fragmentou o ser, acreditando que a parte poderia ser separada do
todo, sendo que a parte é um elemento do todo, não podendo ser vista isoladamente.  Esse
fenômeno do materialismo descaracteriza e considera como supérfluo algo que antes era
natural, como tradição e cultura, que religavam o sujeito à Natureza (PASCHUINO, 2014).
Figura 2 – Charge: desumanização da medicina
Fonte: PASCHUINO, 2014, p. 25 | RYOTIRAS, 2010
Trocando Ideias... 
Na charge, observamos um sujeito que não vê sua necessidade básica de
atenção ser compreendida, ausência de escuta, o profissional não olha
o sujeito e muito menos o escuta. A fragmentação tanto do sujeito
quanto da saúde aconteceu em consequência dos avanços tecnológicos
Seguindo essa linha de raciocínio, é possível compreender que todos os aspectos biológicos,
psicológicos e sociais estão interagindo a todo momento no equilíbrio dinâmico da saúde do
sujeito, e nos faz pensar que muitas queixas e muitas doenças poderiam ser evitadas a partir
dessas habilidades que deveriam ser inerentes e essenciais (PASCHUINO, 2014).
e do saber especializado, e o nosso maior desafio é reintegrar todos
esses aspectos fragmentados (PASCHUINO, 2014).
Reflita 
Muitas queixas e doenças poderiam ser evitadas a partir do olhar
humanizado e escuta?
Leitura 
Benchmarks for Training in Traditional Complementary and Alternative
Medicine 
A Naturologia internacionalmente é denominada de Naturopatia ou
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
E no Brasil?
A partir dos anos 1960, alguns acontecimentos sociais, políticos e econômicos favoreceram o
fortalecimento das Terapias Naturais no Brasil. 
Como marco histórico da democratização da Saúde e de outras abordagens no Cuidado em
Saúde, no Brasil, aconteceu, em 1986, a 8ª Conferência Nacional de Saúde. 
Essa foi a primeira Conferência aberta à participação popular e da sociedade Civil, que introduziu
a discussão sobre a oferta de práticas integrativas nos Serviços de Saúde para
garantir acesso
democrático às escolhas terapêuticas dos usuários. 
Logo, pelo fortalecimento das PICS e sua implantação no Sistema Único de Saúde, foi possível
um debate para resgatar uma nova cultura de saúde, questionando o modelo hegemônico de
cuidado, o qual ainda hoje se mantém presente (MORAES; ANTÔNIO; RODRIGUES, 2018;
SABBAG et al. 2017).
Além disso, com a crescente percepção da reformulação dos Modelos de Atenção à Saúde, em
novembro de 1986, foi redigida, a partir da Primeira Conferência Internacional, a Carta de
Medicina Natural ou Medicina Naturopática. A formação foi
estruturada nos Estados Unidos, em 1902. Esse sistema de saúde é
praticado em todas as regiões do mundo, abrangendo mais de oitenta
países. A regulamentação estatutária da profissão existe em jurisdições
na América do Norte, Ásia, Europa e América Latina.
Ottawa, primeiro documento a favor da Promoção da Saúde fundamentado na integralidade. A
Naturologia é fruto dessa crise de paradigmas (MORAES; ANTÔNIO; RODRIGUES, 2018).
A reforma do Sistema de Saúde favoreceu as mudanças de concepção e de atuação profissional,
com foco na integralidade da assistência. O sujeito começou a ser visto como um todo, inserido
em uma realidade socioeconômica e cultural (PASCHUINO, 2014). 
Paralelo a isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS), junto com o Programa de Medicina
Tradicional, reconhece e incentiva, em diversas publicações, a prática da Medicina Tradicional,
Integrativa e Complementar (SABBAG et al., 2017). 
Em 2006, as Práticas Integrativas e Complementares (PICs) foram institucionalizadas no
Sistema Único de Saúde (SUS) pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
(PNPIC), por meio da Portaria GM/MS nº 971/2006 e, atualmente, orientada pelo Anexo XXV da
Portaria Consolidada n. 2, de 28 de setembro de 2017 (BRASIL, 2017). 
A PNPIC tem como objetivo: incorporar e implementar as PICs no SUS para fortalecer o cuidado
integral em Saúde, de forma multiprofissional e complementar à Biomedicina (BRASIL, 2006). 
As primeiras práticas a integrarem a PNPIC foram: Acupuntura, Homeopatia,
Fitoterapia, Antroposofia e Termalismo.
As PICs envolvem diferentes abordagens que buscam estimular os mecanismos naturais de
promoção da Saúde, prevenção de agravos e recuperação da Saúde com ênfase na escuta
acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o
Meio Ambiente e a Sociedade (SANTOS; TESSER, 2012; ANTONIO; TESSER; MORETTI-PIRES,
2014). 
Dessa forma, as práticas integrativas se apresentam como novas opções terapêuticas
inovadoras e humanizadas, que podem contribuir para a Saúde, o bem-estar, a promoção, o
cuidado e a reabilitação da Saúde das pessoas nos diferentes níveis de atenção à Saúde, além de
fortalecerem um campo nobre de interação entre saberes científicos dos profissionais de Saúde
e outros saberes circulantes na Sociedade. 
Enfim, o desenvolvimento das Terapias Naturais que eram conhecidas como Medicinas
Tradicionais vieram à tona em um movimento social, simultaneamente a favor da humanização
da Saúde, que culminou no surgimento da Naturologia.
Isso nos faz compreender que a Naturologia, esta Ciência em desenvolvimento, interage com a
evolução frenética da globalização, focada no desenvolvimento histórico de cada paciente, pois
somente assim é possível trabalhar a integralidade (PASCHUINO, 2014).
Surgimento da Naturologia do Brasil
A Naturologia no Brasil, assim como as práticas naturais de saúde no mundo, emerge como
resposta da crescente fragmentação do ser humano, que aconteceu em consequência dos
avanços tecnológicos e das especialidades nos campos da Saúde. A Ciência avançou muito em
termos tecnológicos, diagnósticos, medicamentos e procedimentos cirúrgicos, além de um
distanciamento entre paciente e profissional (PASCHUINO, 2014). 
A Naturologia surgiu, no Brasil, durante os anos 1990, com o objetivo de formar um profissional
com foco de manter e restabelecer a saúde integral do indivíduo, baseando-se nas áreas da
Saúde, da Arte e da Educação (MORAES; ANTÔNIO; RODRIGUES, 2018). 
A necessidade da criação de uma nova categoria profissional surge com a necessidade de
fundamentar e aprimorar o uso e o estudo dos tratamentos tradicionais, integrativos e
complementares que, até o momento, envolvia profissionais dispersos com formação livre em
resposta à crescente demanda e exigência do Mercado pela oferta de práticas integrativas e
complementares (SABBAG et al., 2017). 
A partir desse cenário, surge a ideia de criar um Curso de Nível Superior em Naturologia
(Bacharel) para formar profissionais qualificados para atuar com as práticas integrativas e
complementares em Saúde no Setor Público e Privado. 
Os idealizadores do primeiro Curso de Graduação de Naturologia compreenderam a necessidade
de mudança de paradigmas na Área da Saúde, e também perceberam a carência de estudos e
profissionais qualificados nessa Área. 
A proposta da Naturologia é desenvolver um profissional com olhar diferenciado,
compreendendo o ser humano de forma integral, partindo de um olhar multidimensional,
considerando aspectos físicos, emocionais, mentais, ambientais e sociais (PASSOS;
RODRIGUES, 2017).
As primeiras Instituições que ofertaram a Naturologia na modalidade presencial foram:
1994
Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Doutor Bezerra de Menezes (Curitiba – PR):
desenvolveu o primeiro Curso Técnico de Naturologia Aplicada em Terapias Naturistas,
habilitando o profissional em Fitoterapia, Acupuntura e Naturopatia.
1998
Universidade do Sul de Santa Catarina (Florianópolis – SC): desenvolveu o primeiro
Bacharelado em Naturologia Aplicada do país, fundamentado na Filosofia energética e
englobando Disciplinas das Áreas Humanas, Biológicas e Saúde, e diferentes pilares, como as
filosofias tradicionais, chinesa, ayurvédica e xamânica (PASCHUINO, 2014), com 4 anos de
duração e presencial.
2002
Na cidade de São Paulo/SP – Universidade Anhembi Morumbi (UAM): deu início à primeira
turma de Bacharelado em Naturologia, que tem como proposta a formação de um
profissional multidisciplinar, capaz de atuar em programas de qualidade de vida, saúde
integral e pesquisa (MORAES, ANTÔNIO, RODRIGUES, 2018), com 4 anos de duração e
presencial.
2012
Universidade Federal do Paraná: manifesta interesse em abrir o Curso de Bacharel em
Naturologia.
2016
Universidade Federal do Rio de Janeiro: elabora o Projeto Pedagógico do Curso de Bacharel
em Naturologia.
2017
Universidade de Direito de Itu: encaminha para o Ministério da Educação uma proposta de
implantação do Curso de Naturologia.
2018
Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE – SC): inicia a construção de Projeto
Pedagógico para abertura do Curso de Naturologia, iniciando a primeira turma em 2019, com
4 anos de duração e presencial.
2020
Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH – MG): começou a ofertar o Curso de
Naturologia, com 4 anos de duração e presencial.
Com a formação de Naturólogos e o ingresso no Mercado de Trabalho, fundam-se as
associações ABRANA (Associação Brasileira de Naturologia), em 2004, e APANAT (Associação
Paulista de Naturologia), em 2007, com objetivo de divulgar, fortalecer e representar a classe,
como também dar suporte e apoio aos profissionais.
Em 2014, foi fundada a Sociedade Brasileira de Naturologia, visando a desenvolver o Ensino e a
Pesquisa. Entre as principais ações políticas e sociais realizadas pelos respectivos Órgãos
Representativos de Classe está a criação do Dia do Naturólogo, em São Paulo e em Florianópolis,
a conquista do CBO, a construção e a entrega do Projeto de Lei 3804/2012 na Câmara dos
Deputados em Brasília/DF, que visa a regulamentar a profissão (SABBAG et al., 2017).
A profissão conquistou sua inclusão na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) no início de
2015, com o número 2263-20, garantindo diversos benefícios aos profissionais (PASSOS;
RODRIGUES, 2017).
Em 2004, foi instituído,
por meio da Lei 14069/05, em São Paulo, o Dia do Naturólogo, a ser
celebrado anualmente em 23 de março. O município de Florianópolis também instituiu a Lei
nº1,015/2012, que o celebra nessa mesma data (SABBAG et al., 2017).
Você Sabia? 
Em 2022, foi criado o primeiro Curso de Naturologia semipresencial da
Instituição de Ensino Superior Cruzeiro do Sul, referência em todo o
Brasil, e que possui mais de 50 anos de atuação. O curso tem 3 anos de
duração e semipresencial com aulas ao vivo e síncronas.
Diante dessa necessidade mais humana e integrada da Saúde, tem crescido cada vez mais a
procura das Terapias Naturais e das práticas integrativas e complementares, favorecendo o
diálogo entre tradição e Ciência, entre o movimento multidisciplinar e o transdisciplinar
(PASCHUINO, 2014).
Em Síntese 
Fundamentação legal da Naturologia:
Diretrizes Internacionais de Formação para Naturopatia/Naturologia pela
Organização Mundial da Saúde e pela Federação Naturopática Mundial;
Portaria nº 971 / GM / MS, de 03 de maio de 2006, institucionaliza, no SUS, a
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC);
Resolução CNE / CES nº 07, de 18 de dezembro de 2018, estabelece diretrizes para
extensão;
Projeto de Lei nº 3.804, de 2012, regulamentação da profissão de Naturólogo no
Congresso Nacional;
Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN em avaliação na Conselho Nacional de
Educação e Documento Referências em Naturologia sugeridos pela Associação
Brasileira de Naturologia – ABRANA e pela Sociedade Brasileira de Naturologia –
SBNAT;
Ocupação descrita na família de Nível Superior das Ciências da Saúde na
Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) – CBO 2263-20.
Construção do Símbolo da Naturologia
Em 2012, foi criado um Grupo de Trabalho (GT) para construir a identidade visual da
Naturologia, a fim de representá-la e identificá-la, facilitando seu reconhecimento.
O símbolo foi criado por alguns profissionais e estudantes. 
Em 2014, durante o VII Congresso Brasileiro de Naturologia, foram apresentadas três propostas,
e depois de realizar duas pesquisas públicas on-line de opinião sobre as três propostas, surgiu o
símbolo em outubro de 2015 no VIII Congresso Brasileiro de Naturologia, modelo proposto pelo
designer Rick Brunharo, levando em consideração diferentes ideias e sugestões (MORAES;
ANTÔNIO; RODRIGUES, 2018).
A sua forma circular representa a integralidade. No interior, há 6 círculos de cores diferentes
que, entrelaçados em intersecção, formam 6 figuras decodificadas como pétalas que unidas
formam uma flor. 
As pétalas representam os níveis de atuação, sob olhar multidimensional do ser humano:
Vermelho: físico;
Laranja: metabólico;
Amarelo: mental consciente;
Verde: emocional;
Azul: inconsciente;
Lilás: espiritual.
Figura 3 – Símbolo da Naturologia, p. 30
Fonte: abrana.org
Levando em consideração a Cromoterapia, terapia por meio das cores, podemos compreender
mais o símbolo construído. A Cromoterapia é a Ciência que utiliza as cores para alterar ou manter
as vibrações do corpo na frequência que resulta equilíbrio, saúde e bem-estar. 
Cada cor tem seu próprio comprimento de onda e sua frequência própria. 
A cor vermelha estimula, vitaliza e energiza o corpo físico. A cor laranja promove sensação de
bem-estar e satisfação, trazendo alegria e força de vontade. A cor amarela é excelente para o
cérebro, estimulante mental, cor do intelecto. A cor verde é calmante emocional, equilibra e
alivia tensões. A cor azul relaxa, acalma e trabalha a intuição. A cor lilás é inspiradora e espiritual.
Essa integração das cores é visível na identidade visual da Naturologia (AMBER, 1983).
Naturologia, Naturopatia e Tecnólogo em Terapias
Integrativas: Semelhanças e Diferenças
Os idealizadores do Curso do Bacharelado em Naturologia justificam a escolha do termo, em vez
de Naturopatia, em face do radical grego páthos, que remete aos significados “doença e
sofrimento”, enquanto logia e logos direcionam-se a “estudo e conhecimento” (MORAES;
ANTÔNIO; RODRIGUES, 2018).
É possível observar, na história, alguns países, como Estados Unidos, Canadá, Portugal e
Alemanha, que oferecem a formação profissional. Em Portugal, existe um Instituto de
Naturologia desde 1913, e na Alemanha, a profissão é reconhecida desde a Segunda Guerra
Mundial. Nesses países a terminologia utilizada é Naturopathic e não Naturology (PASCHUINO,
2014).
A Graduação de Naturologia tem uma carga horária ampla, superior a três mil horas, e o
conhecimento é orientado pelas Ciências Biológicas, Humanas, Sociais e de racionalidades
terapêuticas vitalistas, tais como Medicina Tradicional Chinesa, Medicina Tradicional
Ayurvédica e Medicina Antroposófica. 
Considerando que a Naturologia é uma profissão recente, existem poucos textos que discutem a
respeito da história, das bases filosóficas e das profissões similares no exterior (PASSOS;
RODRIGUES, 2017).
O campo das Terapias não Convencionais é conhecido por diversos nomes e, dentre os mais
comuns, estão: alternativo, integrativo e complementar. 
Cada denominação se adequa a uma utilização específica. O termo complementar é adotado
quando a prática é feita em conjunto com a Medicina Convencional. Quando usada de maneira a
substituir essa Medicina, aplica-se o termo alternativa, e quando diversos profissionais
trabalham em conjunto para estimular a saúde do indivíduo, é chamada de integrativa (PASSOS,
RODRIGUES, 2017).
Outra nomenclatura utilizada com frequência é Terapias Naturais, pois a maioria delas tem sua
origem na Natureza, tais como a utilização de água, de argila e de plantas medicinais, por
exemplo. 
No Brasil, devido ao termo Medicina referir-se à classe médica, optou-se pelo termo Práticas,
pois diversas ocupações utilizam essas práticas (PASSOS, RODRIGUES, 2017).
No Bacharelado de Naturologia, as práticas e filosofias são discutidas e aplicadas visando a
desenvolver o perfil naturológico para atuar em uma Equipe Interdisciplinar. 
Sendo assim, o Curso pode favorecer as visões interdisciplinar e integral sobre a complexidade
humana, ampliando a visão humanística sobre a concepção do processo saúde-doença
proveniente das transformações científicas e tecnológicas necessárias para o desenvolvimento
sustentável da sociedade. 
Além disso, essa abordagem interdisciplinar/transdisciplinar possibilita que o profissional se
capacite por meio das Terapias Naturais, Integrativas e Complementares, promovendo a
autonomia, o autoconhecimento e a autoestima dos sujeitos que buscam o atendimento em
saúde (PASCHUINO, 2014).
A Naturopatia tem sua origem apoiada na sabedoria de cura de diversas culturas, tais como
indiana, chinesa, grega e egípcia, entre outras, e agrega diversas técnicas, filosofias, Ciências e
princípios particularmente relacionados ao vitalismo. 
Atualmente, a Naturopatia é praticada por diversos países, dentre os quais, Estados Unidos,
Canadá, Alemanha e Brasil e é designada por uma variedade de nomenclaturas: Medicina
Naturopática, Medicina Natural, Naturoterapia e, no Brasil, Naturologia (MORAES; ANTÔNIO;
RODRIGUES, 2018).
O termo Naturopatia significa doença natural, todavia, esse termo traz confusão ao
entendimento. 
Ela é entendida como a arte, a filosofia e a Ciência que diagnostica, trata e previne doenças por
meio das terapias naturais. 
Vis medicatrix naturae, o poder de cura da natureza, é fundamental para a filosofia naturopata,
que também tem visão integral. 
A prática é embasada em seis princípios fundamentais: não fazer mal, identificar e tratar as
causas fundamentais da doença, ensinar os princípios de uma vida saudável e uma Medicina
promocionista, tratar a pessoa como um todo, por meio de um tratamento individualizado, dar
ênfase à prevenção de agravos e doenças e a promoção da saúde, e dar suporte ao poder de cura
do Organismo. 
A formação do naturopata tem aproximadamente 4.500 horas somadas a mais 1.500 horas de
Estágio Supervisionado  (PASSOS; RODRIGUES; 2017).
Reflita 
Afinal, Naturologia e Naturopatia são coisas distintas ou similares?
Parece que aquilo que as distancia parcialmente como praxis – devido às peculiaridades de cada
local – as aproxima como logos – filosofia, abordagem e visão de Saúde. 
Elas têm sido compreendidas com um sistema completo de cuidado, configurando-se como
uma possível Racionalidade Médica. 
A expressão Racionalidade Médica pode ser definida como um sistema médico complexo,
erigido racional e empiricamente, pautado em um conjunto estruturado e coerente de cinco
dimensões ideal-típicas estruturais, interligadas entre si: uma morfologia humana (anatomia),
uma dinâmica vital (fisiologia), um sistema de diagnóstico, um sistema terapêutico, todas elas
embasadas em uma cosmologia implícita, explícita ou parcialmente explícita (LUZ, 1995).
A Naturologia enquanto nova Racionalidade em Saúde, pode ser vista como fruto da cultura
atual, composta, transdisciplinar, centrada na relação da interagência (MORAES; ANTÔNIO;
RODRIGUES, 2018).
A visão transdisciplinar proposta pela Naturologia é um desafio a ser percorrido,
principalmente, em relação à comunidade científica e das outras profissões. Por meio dela, é
possível a interação em Equipes Interdisciplinares, ampliando suas Áreas de conhecimento
(PASCHUINO, 2014).
A Tabela a seguir visa a facilitar a compreensão das semelhanças e das diferenças entre a
Naturopatia no mundo e a Naturologia no Brasil.
Tabela 1 – Semelhanças e Diferenças entre a Naturopatia e a Naturologia
Naturopatia Naturologia
Atenção primária em saúde. Atenção primária em saúde.. 
Naturopatia Naturologia
Tem por objetivo estimular o
poder de cura da natureza – vis
medicatrix naturae – por meio
da educação, propostas de
mudanças no estilo de vida e
pelo uso das práticas não
convencionais em saúde.
Tem por objetivo favorecer a
autorregulação do organismo,
por meio da educação, propostas
de mudanças no estilo de vida e
pelo uso das práticas não
convencionais em saúde.
Estimula a Promoção de
Saúde, a autonomia e o
autocuidado Abordagem
vitalista.
Estimula a Promoção de Saúde, a
autonomia e o autocuidado
Abordagem vitalista.
Não se diferencia pelas
práticas ou recursos que
utiliza mas pelo raciocínio que
as envolve. 
Não se diferencia pelas práticas
ou recursos que utiliza mas pelo
raciocínio que as envolve. 
Processo saúde-doença. Processo saúde-doença. 
Propõem-se a integrar os
conhecimentos das ciências
modernas aos das medicinas
tradicionais e das práticas
integrativas e
complementares. 
Propõem-se a integrar os
conhecimentos das ciências
modernas aos das medicinas
tradicionais e das práticas
integrativas e complementares. 
Abordagem individualizada. Abordagem individualizada. 
Naturopatia Naturologia
Valoriza a relação terapêutica. 
Valoriza a relação terapêutica, a
qual nomeia por interagência. 
Reconhece a importância da
medicina convencional e não
pretende substituí-la, mas
trabalhar de forma integral. 
Reconhece a importância da
medicina convencional e não
pretende substituí-la, mas
trabalhar de forma integral. 
Visão integral do ser. Visão integral do ser. 
Busca compreender as causas
fundamentais das questões
relacionadas aos
desequilíbrios no processo
saúde-doença. 
Busca compreender as causas
fundamentais das questões
relacionadas aos desequilíbrios
no processo saúde-doença. 
Possui princípios organizados. 
Não possui princípios
organizados. 
Graduação em ensino superior
com duração de 4 anos (mais
de 4.500 horas). 
Graduação em ensino superior
com duração de 4 anos (mais de
3.000 horas). 
Naturopatia Naturologia
Possui na grade de disciplinas:
anatomia, fisiologia,
patologia, farmacologia,
primeiros socorros,
herbologia, hidroterapia,
iridologia, terapia floral,
aromaterapia, manipulações
naturopáticas, medicina
tradicional chinesa,
homeopatia, entre outras.
Realizam pequenas cirurgias.
Possui na grade de disciplinas:
anatomia, fisiologia,
patologia, farmacologia,
fitoterapia, terapia floral,
massoterapia,
iridologia, aromaterapia,
recursos hídricos, medicina
tradicional chinesa, medicina
tradicional ayurvédica, entre
outras.
Não podem realizar nenhum tipo
de cirurgia. 
Pode-se fazer residência em
Naturopatia. 
Não há residência em
Naturopatia. 
Mais de 10 instituições.
Possui o Conselho de Medicina
Naturopatica. 
Duas instituições.
Não possui o Conselho de
Medicina Profissional. 
Legalização varia de acordo
com cada estado. 
Não é regulamentada. 
Naturopatia Naturologia
Realização de convenções
anuais. 
Realização de congressos anuais. 
Possui publicação própria
(Journal of Naturopathic). 
Possui publicação própria
(Cadernos de Naturologia e
Terapias Complementares). 
Profissionais precisam
realizar um exame (NPLEX)
para atuar. 
Não ha exames específicos para a
atuação profissional. 
Não foram encontradas
abordagens diretamente
relacionadas a
sustentabilidade/ecologia. 
Trabalha associada a questões de
sustentabilidade/ecologia. 
Fonte: Adaptada de PASSOS; RODRIGUES, 2018, p. 118
Clique no botão para conferir o conteúdo.
Leitura 
Naturologia no Brasil e a Naturopatia no Mundo: uma Breve
Abordagem entre Semelhanças e Diferenças
ACESSE
Pode-se afirmar que Naturologia e Naturopatia aproximam-se mais do que se distanciam, visto
que seus objetivos parecem voltados para pensar a Saúde em termos de sua promoção e
recuperação pautados nas Teorias Vitalistas. Por conseguinte, pode-se inferir que ambas têm a
mesma raiz, visto que se aproximam como filosofia e concepções de saúde, porém distanciam-
se como alcance de atuação e prática de intervenção (CERATTI; HELLMANN; LUZ, 2017).
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A formação como Terapeuta está associada a um Curso de formação livre, no qual as bases
filosóficas e anatômicas/fisiológicas não são abordadas profundamente. O foco está nas aulas
práticas, em adquirir habilidade de como utilizar as Terapias. Não é possível dizer que um
profissional que tenha feito uma formação em Cursos livres, Naturopatia ou Técnica, seja um
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Proximidades e Distanciamentos entre as Formações de Naturologia
no Brasil e Naturopatia nos Estados Unidos da América e Canadá 
Naturólogo. A formação é diferenciada tanto em relação à carga horária quanto ao currículo
acadêmico e ao enfoque na atuação interdisciplinar e na pesquisa científica (PASCHUINO, 2014).
A Naturologia não é uma técnica em si, uma prática específica, vez que dispõe de várias
modalidades terapêuticas, o olhar que dirige as técnicas que define esse profissional, ou seja, a
abordagem ampliada em Saúde (MORAES, ANTÔNIO, RODRIGUES, 2018).
Na contemporaneidade, as Terapias Complementares vêm conquistando espaço, fundamentado
na insatisfação e no alto custo da Medicina Alopática. 
Além de proporcionar saúde e qualidade de vida, essas práticas são reconhecidas pelo baixo
custo e pela acessibilidade, pois essa valorização se deve ao reconhecimento internacional no
campo da Saúde Pública no Brasil, que está sendo incentivada pela atual Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares. 
O Ministério da Saúde implementou a PNPIC em 2006, no Sistema Único de Saúde (SUS), em
busca da integralidade nos atendimentos, na escuta, no cuidado, no acolhimento e no olhar o
sujeito em sua totalidade e particularidade (PASCHUINO, 2014).
A questão não é modificar o conhecimento em Saúde e propor as terapias naturais como algo
absoluto, mas sim, favorecer o diálogo entre as visões, e complementar a prática clínica. 
Observando a contribuição positiva das Terapias Naturais, nota-se que o surgimento da
Naturologia se tornou necessário tendo em vista a comprovação científica, a abordagem integral
e a humanização da saúde (PASCHUINO, 2014).
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
  Vídeos  
O Que é Naturologia?
2 / 3
 Material Complementar
O Que é Naturologia? | Naturóloga Carina Ceratti | River Sense
O que é Naturologia
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Afinal, Naturologia
e Naturopatia são Coisas Distintas ou
Similares?
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A Naturologia no Brasil: Avanços e Desafios
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Entrevista com o Naturólogo Caio Fábio S. Portella no Programa A…
ACESSE
AMBER, R. Cromoterapia: a cura através das cores. São Paulo: Cultrix, 1983.
ANTONIO, G. D.; TESSER, C. D.; MORETTI-PIRES, R. O. Fitoterapia na atenção primária à saúde.
Rev. Saúde Pública, v. 48, n. 3, p. 541-553, 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no
SUS – PNPIC-SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 702, de 21 de março de 2018. Altera a Portaria de
Consolidação nº 2/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para incluir novas práticas na Política
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares – PNPIC. Brasília: MS, 2018. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2018/prt0702_22_03_2018.html>. Acesso
em: 02/03/2022. 
CERATTI, C., HELLMANN, F., LUZ, M. Proximidades e distanciamentos entre as formações de
Naturologia no Brasil e Naturopatia nos Estados Unidos da América e Canadá. Palhoça: Unisul,
v. 6. n. 10, 2017. 
LUZ, M. T.; BARROS, N. F. Racionalidades médicas e práticas integrativas em saúde: estudos
teórico e empíricos. Rio de Janeiro: UERJ/MS/LAPPIS, 2012.
MORAES, N. L.; ANTONIO, R. L.; RODRIGUES, D. M. O. Referências em Naturologia: um sistema
terapêutico de cuidado em saúde. Palhoça: Unisul, 2018, 327p.
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 Referências
PASCHUINO, M. Naturologia: reflexões sobre saúde, terapias naturais e pessoas. Barueri: Século,
2014. 
PASSOS, M.; RODRIGUES, D. M. O. Naturologia no Brasil e a Naturopatia no mundo: uma breve
abordagem entre semelhanças e diferenças. Palhoça: Unisul, 2017. v. 6, n.10.
SABBAG, S. H. F. et al. Origem e desenvolvimento da Naturologia no Brasil: aspectos conceituais,
históricos e políticos. Palhoça: Unisul, 2017. v. 6. n. 11.
SANTOS, M. C.; TESSER, C. D. Um método para a implantação e promoção de acesso às Práticas
Integrativa e Complementares na Atenção Primária à Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de
Janeiro, v. 17, n. 11, 2012. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/csc/a/LVNxyWmP5Kp7qcqhDV5w75g/?lang=pt>. Acesso em:
02/03/2022.

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