Buscar

Dissertação_MICHELY ELIANE KIM

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO 
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA 
Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES FÍSICAS DE UM 
LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico, 
SUBMETIDO A DIFERENTES TEMPOS DE CULTIVO 
 
 
 
 
MICHELY ELIANE KIM DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
CUIABÁ - MT 
2007 
 
 
 
 
 
Livros Grátis 
 
http://www.livrosgratis.com.br 
 
Milhares de livros grátis para download. 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO 
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA 
Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES FÍSICAS DE UM 
LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico, 
SUBMETIDO A DIFERENTES TEMPOS DE CULTIVO 
 
 
MICHELY ELIANE KIM DE OLIVEIRA 
ENGENHEIRA AGRÔNOMA 
 
Orientador: Dr. JOÃO CARLOS DE SOUZA MAIA 
 
Dissertação apresentada à Faculdade de 
Agronomia e Medicina Veterinária da 
Universidade Federal de Mato Grosso, 
para obtenção do título de Mestre em 
Agricultura Tropical. 
 
CUIABÁ – MT 
2007 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
Catalogação na Publicação (CIP). Bibliotecária Valéria Oliveira dos Anjos 
- CRB1 1713 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Oliveira, Michely Eliane Kim de. 
O48a Avaliação das alterações físicas de um latosso vermelho-amarelo 
distrófico, submetido a diferentes tempos de cultivo / Michely Eliane 
Kim de Oliveira. – Cuiabá, 2007. 60 f. 
 
Dissertação (Mestre em Agricultura Tropical) – Universidade 
Federal de Mato Grosso, Faculdade de Agronomia e Medicina 
Veterinária, Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical, 
2007. 
 
“Orientador: Prof. Dr. João Carlos de Souza Maia”. 
 
1. Agricultura. 2. Cultura Agrícola. 3. Manejo de Solo. 4. Cultura. 5. 
Latossolo Vermelho-amarelo. I. Título. 
 
CDU 631.47:633.1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais, Myeong Bok Kim e Wilma 
Kleim Kim e ao meu companheiro e 
compreensivo esposo, Araken Lotufo 
Ferraz de Oliveira. 
DEDICO 
 
AGRADECIMENTOS 
 
À Deus , que me guia e auxilia nos momentos difíceis, me mostrando o 
caminho a ser trilhado; 
 
À Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT e Faculdade de Agronomia 
e Medicina Veterinária – FAMEV, pela oportunidade de qualificação. 
 
À Coordenação de Pós Graduação pelo apoio e colaboração sempre que 
solicitado. 
 
À CAPES, pela concessão da bolsa durante a realização deste trabalho. 
 
Ao professor João Carlos de Souza Maia pela orientação, atenção e 
estímulo. 
 
Aos professores Aloísio Bianchini , Emílio Carlos de Azevedo e José 
Fernando Scaramuzza pelo apoio, amizade e pelas inúmeras sugestões 
feitas durante o trabalho. 
 
À professora Oscarlina Lúcia dos Santos Weber pelo apoio e incentivo. 
 
Ao professor Joadil Gonçalves de Abreu pela cooperação nas análises 
estatísticas, sugestões e trocas de experiências. 
 
Aos bolsistas, Eduardo, João Vítor, Leonardo e Luis , pela amizade e 
solidariedade. 
 
A todos os mestrandos pelo companheirismo e amizade. 
 
A minha família , pelo apoio e compreensão. 
 
 
AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES FÍSICAS DE UM LATOSSOLO 
VERMELHO-AMARELO Distrófico, SUBMETIDO A DIFERENTES 
TEMPOS DE CULTIVO 
 
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo diagnosticar as alterações 
ocorridas nos principais atributos físicos de um LATOSSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico, sob cultivo mínimo em diferentes tempos, verificando 
os impactos do manejo sob o solo. O estudo foi realizado na Fazenda 
Mores, localizada no município de Campo Verde, Mato Grosso, Brasil, a uma 
altitude média de 736 m. Foram selecionadas três áreas, que ocupavam 
uma mesma situação topográfica com declividade aproximada de 1%, que 
constituíram os tratamentos: cerrado natural; cultivo mínimo por 4 anos com 
soja e eventualmente milho e cultivo mínimo por 14 anos com soja em 
sucessão com milho. Foram analisados os atributos físicos do solo: 
densidade, macroporosidade, microporosidade, porosidade total, 
estabilidade de agregados e grau de floculação de argila, em duas faixas de 
profundidade, de 50 a 100 mm e de 100 a 150 mm. Os resultados obtidos 
evidenciaram que o cultivo promoveu alterações nos atributos físicos do 
solo. A distribuição de poros (porcentagem de macroporos e de microporos), 
o índice de estabilidade de agregados e a porcentagem de macroagregados, 
indicam um processo de reestruturação do solo com o aumento do tempo de 
adoção do sistema de cultivo mínimo. Porém a densidade, o diâmetro médio 
ponderado, a porcentagem de agregados maiores que 2 mm e a porosidade 
total do solo apresentaram maiores alterações na ordem crescente do tempo 
de cultivo. 
 
Palavras-chave: manejo do solo, cultivo mínimo, atributos físicos do solo. 
 
 
 
 
 
 
 
EVALUATION OF PHYSICAL ALTERATIONS OF A DYSTROPHIC RED-
YELLOW LATOSOL UNDER DIFFERENT TILLAGE SYSTEMS 
 
ABSTRACT: The aim of this study was to diagnose the main alterations 
which occurred on the physical attributes of a dystrophic red-yellow latosol, 
under minimum tillage at different times, verifying the impact of the 
management on the soil. The study was carried out at Mores farm, located in 
the county of Campo Verde, Mato Grosso, Brazil, at an average altitude of 
736m. Three areas located at the same topographic position, with an 
approximately declivity of 1% were selected. The treatments were: 1) 
cerrado; 2) minimum tillage for 4 years with Soya and eventually corn and 3) 
minimum tillage for 14 years with Soya in succession with corn. The soil 
physical attributes (density, macroporosity, microporosity, total porosity, 
aggregate stability and degree of flocculation) were analyzed in two strips at 
depths of 50 to 100mm and 100 to 150 mm. The results showed that the 
tillage had caused changes in the soil physical attributes. The porous 
distribution (porous arrangement, percentage of macropores and 
micropores), aggregate stability index and the percentage of 
macroaggregates, indicate a process of restructuring of the soil with an 
increase in the adoption time of the minimum tillage system. However, larger 
changes in the increasing order of the tillage time were found in the soil bulk 
density, mean weight diameter, percentage of aggregates larger than 2 mm 
and the total soil porosity. 
 
Key-words: soil management, minimum tillage, physical soil characteristics.
 
LISTA DE FIGURAS 
página 
FIGURA 1 Localização da área experimental no município de 
Campo Verde, Mato Grosso.............................................. 
 
 
25 
FIGURA 2 Área experimental do Cerrado Tropical Subcaducifólio.... 
 
27 
FIGURA 3 Croqui da malha amostral de coleta dos atributos físicos 
do solo: densidade (Ds), macroporosidade (Ma), 
microporosidade (Mi), porosidade total (PT), matéria 
orgânica (MO) e grau de floculação de argila (GF), 
utilizado nas áreas com Cerrado Tropical, Cultivo 
Mínimo por 4 anos e Cultivo Mínimo por 14 anos............. 
 
 
 
 
 
 
29 
FIGURA 4 Aparelho de Yooder, utilizado na determinação da 
estabilidade de agregados via úmida................................ 
 
 
32 
FIGURA 5 Alterações na macroporosidade e microporosidade [%] 
para o cultivo mínimo por 4 anos e cultivo mínimo por 14 
anos, quando comparados ao cerrado (condição original 
do solo) nas camadas de 50 a 100 mm (a) e de 100 a 
150 mm (b)........................................................................ 
 
 
 
 
 
46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
página 
 
 TABELA 1 Análise textural das áreas experimentais nas profundidades 
de 0 a 100 mm e de 100 a 200 mm......................................... 
 
 
25 
TABELA 2 Valores de pH em água, fósforo (P) potássio (K), cálcio (Ca), 
magnésio (Mg), alumínio (Al), soma de bases (SB), 
capacidade de troca de cátions (CTC), e Saturaçãode 
bases (V), saturação por alumínio (m) e matéria orgânica 
(MO) das áreas que constituem os tratamentos, nas 
profundidades de 0 a 100 mm e de 100 a 200 mm................. 
 
 
 
 
 
 
26 
TABELA 3 Quadrados médios dos dados de porcentagem de 
agregados retidos nas peneiras de 2 mm (P1); 1 mm (P2); 
0,5 mm (P3); 0,25 mm (P4), < 0,125 mm (P5) e matéria 
orgânica (MO) em duas faixas de profundidade 50 a 100 
mm e de 100 a 150 mm em um LATOSSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico............................................................... 
 
 
 
 
 
 
35 
TABELA 4 Porcentagem média de agregados retidos nas peneiras de 2 
mm (P1); 1 mm (P2); 0,5 mm (P3); 0,25 mm (P4) e < 0,125 
mm (P5) e matéria orgânica (MO) em função de diferentes 
tratamentos em duas faixas de profundidade 50 a 100 mm e 
de 100 a 150 mm em um LATOSSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico............................................................... 
 
 
 
 
 
 
37 
TABELA 5 Quadrados médios dos dados densidade do solo (Ds), 
macroporosidade (Ma), microporosidade (Mi), porosidade 
total (PT), diâmetro médio ponderado (DMP), índice de 
estabilidade de agregados (IEA) e grau de floculação de 
argila (GF) em função de diferentes tratamentos em duas 
faixas de profundidade, de um LATOSSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico............................................................... 
 
 
 
 
 
 
 
39 
TABELA 6 Valores médios de densidade do solo (Ds), 
macroporosidade (Ma), microporosidade (Mi), porosidade 
total (PT), diâmetro médio ponderado (DMP), índice de 
estabilidade de agregados (IEA) e grau de floculação de 
argila (GF) em função de diferentes tratamentos em duas 
faixas de profundidade, em um LATOSSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico............................................................... 
 
 
 
 
 
 
41 
TABELA 7 Correlações de Pearson entre média de agregados retidos 
nas peneiras de 2 mm (P1); 1 mm (P2); 0,25 mm (P4) < 
0,125 mm (P5) e densidade do solo (Ds [kg.dm-3]); 
microporosidade (Mi [%]); porosidade total (Pt [%]); em um 
LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico................... 
 
 
 
 
48 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 10 
2. HIPÓTESES ............................................................................................ 12 
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................ 13 
4. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................... 24 
4.1. LOCALIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO ........................................ 24 
4.2. DESCRIÇÃO DOS TRATAMENTOS ............................................................ 27 
4.2.1. Cerrado Tropical .......................................................................... 27 
4.2.2. Cultivo Mínimo por 4 anos ........................................................... 28 
4.2.3. Cultivo Mínimo por 14 anos ......................................................... 28 
4.3. ÁREA EXPERIMENTAL ............................................................................ 29 
4.4. EQUIPAMENTOS .................................................................................... 30 
4.5. ATRIBUTOS DO SOLO ............................................................................ 31 
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 35 
6. CONCLUSÕES........................................................................................ 50 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 51 
 10 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A introdução de sistemas agrícolas em substituição às florestas 
causa desequilíbrio no ecossistema, modificando as propriedades do solo. A 
intensidade varia com as condições de clima, uso e manejos adotados e a 
natureza do solo (Godefroy e Jacquin, 1975). 
Os efeitos sobre os atributos físicos do solo variam conforme o tipo de 
preparo do solo adotado em cada sistema de manejo, sendo dependentes 
da intensidade de revolvimento, do trânsito de máquinas, do tipo de 
equipamento utilizado, do manejo dos resíduos vegetais e das condições de 
umidade solo no momento do preparo (Vieira e Muzilli, 1984). 
Os trabalhos de preparo do solo, principalmente os convencionais, 
provocam alterações nas propriedades físicas e destroem a estrutura natural 
do solo (Machado et al., 1981). 
Na tentativa de solucionar os problemas decorrentes do preparo 
convencional, surgiram os preparos conservacionistas, que proporcionam 
menor mobilização do solo e mantêm maior proteção da superfície com os 
resíduos culturais. O plantio direto e o cultivo mínimo são preparos 
conservacionistas que procuram minimizar a mobilização do solo. 
A maioria dos estudos sobre os efeitos dos sistemas de preparo do 
solo são realizados comparando extremos (plantio direto e cultivo 
 11 
convencional), porém formas intermediárias de preparo conservacionista tem 
efeitos intermediários (Kladivko, 2001). 
De acordo com Sanchez (1981), avaliações das modificações no 
solo decorrentes do cultivo deveriam ser feitas, submetendo um solo sob 
vegetação natural às explorações agrícolas desejadas e analisando suas 
propriedades periodicamente. No entanto, por diferentes razões, é difícil 
atender a essas condições experimentais. Alternativamente, estes estudos 
podem ser feitos utilizando solos cultivados e sob mata nativa, desde que 
mantidos os critérios genéticos e topográficos relacionados com a formação 
dos solos (Sanches et al., 1999; Borges et al., 1999). 
A compreensão e a quantificação do impacto do uso e manejo do 
solo nos seus atributos físicos são fundamentais no desenvolvimento de 
sistemas agrícolas sustentáveis (Dexter e Youngs, 1992). Desta forma, este 
trabalho teve por objetivo diagnosticar as alterações ocorridas nos principais 
atributos físicos em um LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico, 
sob diferentes tempos de cultivo mínimo de soja, verificando os impactos do 
manejo sob o solo, gerando conhecimentos que possam contribuir para 
práticas agrícolas mais adequadas. 
 12 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 HIPÓTESES 
• O manejo do solo provoca alterações em suas propriedades físicas; 
 
• O solo com maior tempo de cultivo apresenta alterações mais 
intensas na estrutura física. 
 
 13 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
O Cerrado do Brasil Central ocupa uma superfície de 2,037 milhões 
de km2 representando, aproximadamente, 23% do território brasileiro 
(Pivello, 2005). Essa área é composta por aproximadamente 15,2% de 
NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS, 15,1% de ARGISSOLOS e 46% de 
LATOSSOLOS (Lopes e Guilherme, 1994). 
Os LATOSSOLOS são solos em avançado estágio de intemperismo, 
muito evoluídos, profundos, bem drenados, típicos de regiões equatoriais e 
tropicais, possuem boas condições físicas em condições naturais que 
aliadas ao relevo plano ou suavemente ondulado são recomendados para 
plantio de diversas culturas, porém apresentam baixa capacidade de troca 
de cátions, inferior a 17 Cmolc/kg (EMBRAPA, 2005). Em geral, os solos sob 
cerrado se caracterizam pelos baixos teores de nutrientes e de água 
armazenada disponível às plantas (Lopes, 1983). 
Essa classe de solo mesmo com alto teor de argila (até 800 g.kg-1) 
possui grandes taxas de infiltração de água, porosidade e aeração, e 
pequena densidade do solo em seu estado natural, devido à sua agregação 
(Azevedo e Bonumá, 2004). 
Carvalho Junior et al. (1998) afirmam que o relevo pouco 
movimentado e outras características favoráveis dos solos de cerrado 
possibilitam o uso intensivo de máquinas e implementos, o que pode 
provocar modificações nas propriedades desses solos. 
 
 14 
 
A introdução de sistemas agrícolas em substituição às florestas causa 
um desequilíbrio no ecossistema, modificando as propriedades do solo, cuja 
intensidade varia com as condiçõesde clima, uso e manejos adotados e a 
natureza do solo (Godefroy e Jacquin, 1975). 
Alterações de propriedades físicas do solo podem manifestar-se de 
várias maneiras, influenciando o desenvolvimento das plantas. Assim, o solo 
submetido ao cultivo tende a perder a estrutura original, pelo fracionamento 
dos agregados em unidades menores, com conseqüente redução no volume 
de macroporos e aumentos no volume de microporos e na densidade do 
solo (Tisdall e Oades, 1980; Carpenedo e Mielniczuk, 1990). 
Estas alterações serão maiores quando houver maior intensidade 
do preparo e este, associado aos diferentes métodos, provocará 
modificações mais significativas nas características físicas do solo e na 
produção das culturas envolvidas (Griffith et al., 1973). 
Na tentativa de solucionar os problemas decorrentes do preparo 
convencional, surgiram os preparos conservacionistas, que proporcionam 
menor mobilização do solo e mantêm maior proteção da superfície com os 
resíduos culturais. O plantio direto e o cultivo mínimo são tipos de preparo 
conservacionista que procuram minimizar a mobilização do solo. 
Lucarelli (1997) enquadra os sistemas de preparo periódico de solo 
em dois grupos: O sistema convencional, que utiliza implementos como 
arado de discos, aiveca e grade pesada, seguido de gradagens leves, tem 
como principal característica um revolvimento de toda área a ser cultivada, 
onde o implemento atua com a incorporação total ou quase total do resíduo. 
E o sistema conservacionista tem como princípio o mínimo ou o não 
revolvimento do solo, utilizam-se máquinas ou implementos que quebram 
superficialmente a estrutura do solo, sem revolvê-lo intensamente, 
procurando não destruir os agregados e deixando maior quantidade de 
resíduos na superfície da área. 
De acordo com ASAE (1982) e Dallmeyer (1994), o preparo mínimo 
ou reduzido do solo pode ser definido como aquele que proporciona menor 
 15 
número de operações que o preparo convencional, resultando em menor 
incorporação de resíduos vegetais, menor inversão do solo, menor custo de 
preparo e redução das perdas de solo e água por erosão. 
A utilização de práticas conservacionistas de manejo do solo tem 
recebido grande ênfase atualmente, basicamente no que se refere à 
manutenção e à melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas 
dos solos cultivados e suas implicações no rendimento das culturas 
(Bragagnolo e Mielniczuk, 1990). 
A adoção de sistemas conservacionistas de manejo do solo, tem sido 
apresentada como uma opção para assegurar a sustentabilidade do uso 
agrícola dos LATOSSOLOS no Brasil. (Machado et al., 1981). 
Os impactos do uso e manejo nas propriedades físicas do solo têm 
sido quantificados, utilizando diferentes propriedades físicas relacionadas 
com a forma e com a estabilidade estrutural do solo, tais como: densidade 
do solo (De Maria et al., 1999; Stone e Silveira, 2001), porosidade do solo 
(Beutler et al., 2001; Oliveira et al., 2001) 
Segundo Grohman (1972), dentre as propriedades físicas do solo 
sujeitas às alterações pelo cultivo, a porosidade total, por estar relacionada 
com o volume e com a distribuição dos espaços porosos, merece especial 
atenção, visto que nesses espaços se processam os principais fenômenos 
que regulam o crescimento e a produção vegetal. 
A compressão dos solos agrícolas, decorrente das operações 
mecanizadas, pode alterar a distribuição e o tamanho dos poros e, 
conseqüentemente, a tensão com que a água é retida (Larson e Gupta, 
1980). 
A porosidade é a fração volumétrica do solo onde circula a solução e 
o ar, sendo, portanto o espaço em que ocorrem os processos dinâmicos do 
ar e solução de solo (Hillel, 1970). Sendo de grande importância nos 
processos físicos, químicos e biológicos, como infiltração, condutividade, 
drenagem, retenção de água, difusão de nutrientes, crescimento de 
microrganismos, raízes e pêlos absorventes (Bouma, 1991; Moreira e 
Siqueira, 2002). 
 16 
Ellies et al. (1997) destacam a importância da funcionalidade do 
sistema poroso do solo, englobando propriedades tais como: quantidade, 
tamanho, morfologia, continuidade e orientação dos poros. 
A porosidade total e a distribuição dos poros pelo tamanho, 
características físicas do solo indiretamente relacionadas à estrutura, podem 
ser avaliadas em termos de densidade e macroporosidade do solo. 
Segundo Douglas (1986) e Carter (1988), a macroporosidade revela-se 
como um índice bastante útil na avaliação das modificações estruturais do 
solo. 
Não existe consenso entre diversos autores sobre aos valores limites 
do diâmetro entre os atributos macroporosidade e microporosidade (Bouma, 
1991; Prevedello, 1996). Porém normalmente considera se o volume de 
poros maiores que 50 µm como macroporos e menores como sendo 
microporos (Oliveira, 1968; Tormena et al., 1998). 
Trouse JR (1965 apud Dias, 2001), afirma que o solo é inadequado 
para o cultivo quando o volume dos macroporos diminui a níveis abaixo de 
15% da porosidade total. Outros autores salientam que a maioria das 
plantas desenvolve satisfatoriamente seu sistema radicular quando a 
quantidade de macroporos está acima de 10% (Kiehl, 1979; Gupta e 
Allmaras, 1987). 
Aina (1979 apud Tasso Junior, 2003) verificou que o revolvimento do 
solo promove uma diminuição da porosidade de certos solos tropicais e que 
após dez anos de cultivo contínuo as áreas que sofreram preparo do solo 
apresentaram densidades altas. 
A estrutura original do solo pode sofrer modificação devido ao 
aumento ou diminuição da porosidade do solo. Essa modificação pode 
ocorrer devido aos processos pedogenéticos conhecida como adensamento 
(Moniz, 1981) em virtude da translocação das argilas da superfície do solo 
para as camadas subsuperficial, criando os horizontes B textural, como 
ocorre nos Argissolos (EMBRAPA, 2005). Sendo que aquelas modificações 
oriundas do manejo do solo geradas pela diminuição da macroporosidade 
 17 
devido principalmente ao uso de máquinas e implementos agrícolas são 
denominadas de compactação (Ehlers et al., 1983). 
Segundo Reichardt e Timm (2004), a porosidade do solo está 
diretamente dependente da densidade do solo. Essa também é afetada pelo 
nível de compactação do solo, pois quanto maior a densidade, menor será o 
volume do espaço poroso. 
A compactação pode ser avaliada através de vários atributos do solo, 
dentre todos, destaca-se a densidade do solo (Lanças et al., 1999). 
A densidade do solo é um atributo que é afetado pela estrutura do 
solo, grau de compactação, manejo e tipos de culturas (Américo, 1979). A 
maioria das culturas é seriamente afetada quando a densidade do solo 
ultrapassa 1,5 g cm-3, essencialmente por duas razões: primeiro, pela falta 
de oxigênio (O2) para a respiração das raízes, devido à baixa porosidade e 
má drenagem e, segundo, por impedimento mecânico para o crescimento 
das raízes, limitando-se a zona de absorção de água e nutrientes (Souza et 
al, 1997). 
Frazão (1981) constatou que o uso e manejo do solo têm grande 
influência na grandeza dos valores da densidade. Os solos superficiais sob 
mata e pastagens, de maneira geral, exibem baixos valores de densidade, 
ao passo que aqueles submetidos a cultivos contínuos mostram comumente 
densidades altas. 
A porosidade do solo pode ser de origem estrutural ou textural, e os 
poros resultam do arranjamento das partículas elementares do solo (Tamari, 
1994; Richard et al., 2001). O decréscimo dos poros de maior diâmetro pela 
compactação, ocorre às expensas da fragmentação dos agregados, por 
causa da ação dos equipamentos de preparo do solo ou pelo peso das 
máquinas que trafegam o solo ser superior à máxima resistência interna dos 
agregados, destruindo os espaços interagregados que são de maior 
diâmetro (Horn et al., 1995). 
Para Baver (1956), a variação da porosidade total depende do 
tamanho das partículas e do graude agregação, e a matéria orgânica tem 
 18 
papel importante, uma vez que favorece a formação de agregados grandes e 
estáveis, que conferem ao solo maior porosidade total. 
O estado de agregação do solo pode indicar mudanças ocorridas no 
solo em virtude do manejo utilizado, tanto com relação ao tamanho e 
estabilidade dos agregados, como também da concentração dos agregados 
em determinada classe de tamanho seja em LATOSSOLOS ou em solos 
menos intemperizados (Menossi, 2004). 
Agregados são componentes da estrutura do solo de grande 
importância na manutenção da porosidade e aeração do solo para que haja 
crescimento e desenvolvimento das plantas, aumento da atividade 
microbiológica do solo, melhor infiltração da água e diminuição dos 
processos erosivos do solo (Dexter, 1988). 
Agregados são aglomerados de partículas que variam desde o 
tamanho de argila (diâmetro igual ou menor que 0,002 mm) até partículas 
maiores que areia (com diâmetros maiores que 2 mm). Sendo que os 
macroagregados são aglomerados com diâmetro maior que 0,25 mm e os 
microagregados com diâmetro menor que 0,25 mm (Azevedo e Bonumá, 
2004). 
Por meio da ação cimentante de polissacarídeos, substâncias 
húmicas e oxi-hidróxidos mal cristalizados, os microagregados, juntamente 
com fragmentos de plantas em decomposição hifas de fungos, partículas de 
areia e a pressão de crescimento radicular, podem dar origem aos 
macroagregados (Haynes e Beare, 1997). 
Em solos cultivados com leguminosas, como a soja, o maior grau de 
estabilidade de agregados é semelhante a gramíneas, que possuem maior 
quantidade de raízes finas (Haynes e Beare, 1997). O conjunto dos 
agregados de diversos diâmetros define a estrutura do solo e a sua 
porosidade. 
O grau de estabilidade depende principalmente de fatores como o 
teor de matéria orgânica, óxidos de ferro e alumínio, (Goldberg et al., 1988; 
Haynes e Beare, 1997) e das raízes das plantas (Oades, 1978; Brady e Weil, 
1999). 
 19 
Os atributos químicos e físicos exercem influência sobre a agregação 
e a estabilidade estrutural do solo e a matéria orgânica é considerada por 
muitos pesquisadores como o principal agente de estabilização dos 
agregados do solo (Tisdall e Oades, 1982; Castro Filho et al., 1998). 
O contínuo fornecimento de material orgânico serve como fonte de 
energia para a atividade microbiana, e atua como agente de estabilização 
dos agregados (Campos et al., 1995). Além da matéria orgânica, as 
partículas de argila e a presença de óxidos de ferro e alumínio também 
influenciam na agregação (Baver et al. 1972). 
Quanto maior for o agregado, maior será o diâmetro médio 
geométrico e os espaços porosos entre eles, aumentando a infiltração da 
água e diminuindo a erosão (Angulo et al., 1984). Para Campos et al. (1995), 
o diâmetro médio geométrico dos agregados no sistema de plantio direto foi 
cerca de duas vezes maior que no sistema de plantio convencional. 
Carpenedo e Mielniczuk (1990), em estudos sobre a estabilidade 
estrutural dos agregados em condições de mata e campo nativo, verificaram 
que houve redução da agregação quando os solos foram submetidos à 
lavração e à gradagem para o cultivo de trigo e soja. 
A estrutura de solos agrícolas não compactados é caracterizada por 
um diâmetro médio de agregados que varia de 1 a 20-30 mm (Horn et al., 
1995), sendo geralmente encontrados valores de diâmetro médio geométrico 
inferiores a 4,0 mm em solos tropicais (da Ros et al., 1997; Beutler et al., 
2001; Corrêa, 2002). 
Duchaufour (1965), afirmou que a formação de "unidades de 
estrutura", é fornecida pela floculação dos colóides. Para Dexter (1988), o 
fator mais importante para a estabilidade da estrutura é ter a fração argila 
floculada, tendo observado que ocorre uma grande variabilidade espacial, ou 
heterogeneidade espacial, dos componentes ou atributos do solo que 
definem a estrutura. 
O grau de floculação e a argila dispersa, são influenciados pela 
mineralogia do solo, matéria orgânica, pH, teores e tipo de cátions trocáveis, 
pois os mesmos interferem na espessura da dupla camada difusa. A 
 20 
elevação do pH e do teor de matéria orgânica em alguns sistemas aumenta 
o potencial elétrico superficial e, conseqüentemente, a dispersão; entretanto, 
o tipo e a quantidade de cátions trocáveis, especialmente os polivalentes 
adicionados com o calcário, promovem a floculação (Mc Bride, 1989). 
A argila dispersa em água (ADA) é a fração da argila do solo que se 
dispersa espontaneamente em água e, portanto a que possui, 
potencialmente, maior mobilidade (Roth e Pavan, 1991). A desagregação e 
dispersão de argila é um processo que causa grande impacto ambiental, já 
que o rompimento de agregados pode liberar, além da ADA, nutrientes 
(Moura Filho e Buol, 1976). 
A dispersão de colóides está relacionada à interação das cargas 
elétricas em sua superfície em um meio polar. Estas cargas elétricas podem 
se originar pela substituição isomórfica ou pela dissociação de radicais nas 
arestas das estruturas dos minerais. Nas partículas orgânicas do solo, são 
principalmente os grupos (OH) e (COOH) que se dissociam. A carga 
eletrostática gerada por substituição isomórfica não é variável, enquanto as 
geradas por dissociação de radicais (OH) variam com as características 
químicas do solo, como o pH e a concentração eletrolítica da solução do 
solo (Yu, 1997; Theng 1980). 
Na maioria dos LATOSSOLOS, há um predomínio de cargas 
elétricas negativas variáveis, ainda que existam também cargas positivas. As 
cargas positivas se tornam maioria quando o pH do solo é ácido o suficiente 
para causar o acoplamento excessivo de íons H em alguns dos grupos 
funcionais de superfície (radicais OH). Portanto, a presença de cargas 
positivas depende tanto do pH do solo quanto da constante de dissociação 
(Kd) dos grupos funcionais de superfície. A presença de algumas cargas 
elétricas positivas é importante para promover a atração e o contato entre as 
partículas coloidais do solo, dificultando a dispersão (Azevedo e Bonumá, 
2004). 
O balanço eletrostático entre partículas é usado para explicar a 
floculação e a dispersão de colóides, na teoria proposta por Dejarguin, 
Landau, Verwey e Overbeek (teoria DLVO). Para contrabalançar o campo 
 21 
eletrostático ao redor dos argilominerais, uma nuvem de íons com carga 
oposta (contra-íons) concentra-se na solução próxima à superfície do 
colóide, enquanto os íons com carga de mesmo sinal (co-íons) são repelidos 
(Sumner, 1992). Portanto a extensão da dupla camada pode ser manipulada 
através da solução tanto pela concentração iônica quanto pela valência 
iônica. Porém, a valência tem um impacto maior do que a concentração. De 
acordo com a teoria DLVO, à medida que a concentração e valência dos 
contra-íons diminuem na solução do solo, a repulsão entre os colóides 
aumenta por causa da expansão da dupla camada. 
A dispersão ocorre devido à combinação de pequena concentração 
eletrolítica e/ou valência dos contra-íons, a energia de repulsão domina 
sobre a energia de atração. A Floculação, por outro lado, é causada por 
forças de atração de Van der Waals que surgem de variações nos campos 
eletromagnéticos dos átomos dos minerais. As forças de Van der Waals, são 
fracas e de curto alcance. Porém, a teoria DLVO propõe que uma resultante 
consideravelmente maior é obtida quando o número de pares atômicos é 
grande e está alinhado, como no caso das estruturas dos argilominerais A 
floculação ocorre quando há uma grande concentração eletrolítica e/ou alta 
valência de contra-íons, que resultam em dominância de forças de atração 
sobre forças de repulsão. Neste caso, a dupla camada e o mínimo primário 
são reduzidos, e as partículas podem se aproximar e flocular (Azevedo e 
Bonumá, 2004). 
Outra teoria, a de Langmuir, estabelece que, ao invés de forças de 
Van der Waals, há um rearranjo dos contra-íons na medida emque os 
campos eletrostáticos das partículas se sobrepõem, promovendo forças de 
atração entre as partículas suspensas. Tal hipótese parece se adequar 
melhor aos resultados experimentais (McBride, 1997). 
Do ponto de vista agronômico, o calcário aplicado nos 
LATOSSOLOS para aumentar as colheitas eleva o pH, o cálcio e o 
magnésio trocáveis. O aumento do pH resulta em um aumento nas cargas 
elétricas negativas em detrimento das positivas. Ainda, cátions bivalentes 
substituem o alumínio (trivalente), que é o principal contra-íon na dupla 
 22 
camada na maioria dos LATOSSOLOS em condições nativas. Porém, o 
efeito da valência do contra-íon na dispersão do solo é muito maior que o 
efeito da sua concentração. Como conseqüência, a substituição do Al+++ por 
Ca++ nos sítios de adsorção tende a aumentar a ADA. Além disso, o fosfato 
também é aplicado às lavouras e pode ser adsorvido especificamente na 
superfície da caulinita e dos óxidos de ferro e alumínio, resultando na 
inversão de cargas positivas para cargas negativas (Mesquita Filho e 
Torrent, 1993) dispersando a fração argila. 
Em solos cultivados, o manejo agrícola pode promover certa 
influência, pela introdução de certos componentes no sistema solo. É o caso, 
por exemplo, da aplicação de fertilizantes e corretivos químicos, como os 
calcários. Roth et al. (1991) verificaram alta correlação do alumínio e do 
cálcio com o índice de estabilidade de agregados: o Al+++ mostrou-se mais 
importante na faixa de pH ácido, e o Ca++, após a aplicação de calcário, para 
correção da acidez. 
Duchaufour (1968) ressaltou a ação dos cátions bivalentes Ca++ e 
Mg++ e dos trivalentes Al+++ e Fe+++, como ponte de ligação entre partículas 
de solo. A importância dos primeiros está mais restrita a solos com argilas 
2:1 (como nos vertissolos). O ferro é especialmente importante pela sua 
afinidade particular com certos componentes húmicos, formando complexos 
argilo-húmicos. O alumínio assume muita importância para os solos ácidos, 
com pH inferior a cinco, complementando a ação do ferro e provocando forte 
floculação nos agregados pouco humíferos. 
Por outro lado, a calagem e a adição de fósforo estimulam a 
atividade microbiana e de raízes e consequentemente a agregação, através 
de vários mecanismos como, por exemplo, a produção de exudatos. Este 
fator pode compensar ou superar os efeitos da dispersão química causada 
por estes insumos (Schulze e Stott, 1997). O interesse em determinar qual 
destes dois mecanismos opostos é dominante tem gerado informações 
sobre a quantidade de ADA liberada pelos LATOSSOLOS brasileiros em 
várias condições (Roth e Pavan, 1991; Fontes et al., 1995). 
 23 
Em relação à influência dos teores de sais na estabilidade dos 
agregados, têm-se duas situações opostas. Sumner (1995) mostrou que o 
aumento da quantidade de sais totais de um solo, medida pela concentração 
de cátions totais (CCT), aumenta a estabilidade dos agregados, na medida 
em que causa compressão na dupla camada difusa, facilitando a floculação. 
Por outro lado, se a contribuição de cátions como o sódio, potássio 
ou mesmo magnésio for percentualmente muito expressiva no solo ou na 
água de irrigação, tem-se a situação inversa. Com tendência à dispersão 
dos solos, devido ao aumento da dupla camada difusa provocada por esses 
cátions de grande raio hidratado e de elevada energia de hidratação, 
principalmente quando o teor total de cátions no solo for baixo (Emerson, 
1983; So e Aylmore, 1995). 
 
 24 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 MATERIAL E MÉTODOS 
 
4.1 Localização e descrição do experimento 
O presente estudo foi realizado na Fazenda Mores localizada no 
município de Campo Verde, Mato Grosso, Brasil, à margem direita da 
Rodovia BR 070 (km 392), a uma altitude média de 736 m, com localização 
definida pelas coordenadas 15o39’52”S e 55o10’00”W Gr 
O clima da região, segundo a classificação de Wilhelm Köppen é do 
tipo transição Cwa – Cwb (C - zona climática temperado chuvoso; w - 
temperado úmido com inverno seco; a - subtropical, e b - tropical) 
apresentando nítida estação seca no inverno e chuvosa no outono. A 
temperatura média anual é de 23,31oC, com máxima média anual de 
27,67oC e mínima média anual é de 18,10oC. A precipitação pluviométrica 
média anual é de 2007,1 mm (Oliveira et al., 2004). 
O experimento foi realizado em 2006, primeiramente foram 
selecionadas três áreas localizadas próximas uma das outras, em topografia 
com relevo plano, com declividade de aproximada de 1%, as quais 
constituíram os tratamentos: Cerrado Tropical, Cultivo Mínimo por 4 (quatro) 
anos e Cultivo Mínimo por 14 anos, conforme pode ser visto na figura 1. 
 25 
 
 
FIGURA 1. Localização da área Experimental no município de Campo 
Verde, Mato Grosso. 
 
Realizou-se o levantamento do histórico das áreas e a coleta de uma 
amostra composta em cada tratamento para a caracterização do solo. Com 
base nos resultados analíticos da área que representava as condições 
originais (Cerrado Tropical Subcaducifólio) e observações de campo, 
classificou-se o solo como LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico 
(EMBRAPA, 1999), com textura média e caráter álico (Tabelas 1 e 2), sendo 
que todas as áreas apresentaram a mesma cor e classe textural. 
 
TABELA 1. Análise textural das áreas experimentais nas profundidades de 0 
a 100 mm e de 100 a 200 mm. 
 
ANÁLISE TEXTURAL (g.Kg-1) 
TRATAMENTOS Profundidade de 0 a 0,20 m 
 Areia Silte Argila 
Cerrado tropical 659,0 91,5 249,5 
Cultivo mínimo por 4 anos 617,0 67,0 316,0 
Cultivo mínimo por 14 anos 677,5 66,5 256,0 
 Profundidade de 0,20 a 0,40 m 
Cerrado tropical 625,5 100,0 274,5 
Cultivo mínimo por 4 anos 559,0 91,5 349,5 
Cultivo mínimo por 14 anos 679,5 66,0 254,5 
Areia: 2 - 0,05 mm; Silte: 0,05 - 0,002 mm, Argila: <0,002 mm. 
 
 26 
A argila dispersa em água, para a análise textural (argila, silte e areia) 
com dispersão com NaOH 0,1 N, foi realizada pelo método do densímetro de 
Boyoucos (Tabela 1). 
 O pH em água foi determinado utilizando-se eletrodo de vidro em 
solução do solo, na proporção de 1:2,5. O cálcio (Ca), o magnésio (Mg) e o 
Alumínio (Al) foram extraídos com KCl 1N. O fósforo (P) e o potássio (K) 
foram extraídos com solução Mehlich 1 (HCl 0,05 N + H2SO4 0,025 N), sendo 
determinados de acordo com os procedimentos da EMBRAPA (1997). A 
matéria orgânica foi determinada por meio da oxidação com bicromato de 
potássio e determinação colorimétrica (Tabela 2). 
 
TABELA 2. Valores de pH em água, fósforo (P) potássio (K), cálcio (Ca), 
magnésio (Mg), alumínio (Al), soma de bases (SB), capacidade 
de troca de cátions (CTC), e Saturação de bases (V), 
saturação por alumínio (m) e matéria orgânica (MO) das áreas 
que constituem os tratamentos, nas profundidades de 0 a 100 
mm e de 100 a 200 mm. 
 
PROPRIEDADES 
QUÍMICAS 
TRATAMENTOS 
 Cerrado 
Tropical 
Cultivo Mínimo 
por 4 anos 
Cultivo Mínimo 
por 14 anos 
 Profundidade 0,0 a 100,0 mm 
pH água 4,7 5,6 5,1 
P 0,8 8,7 12,2 
K 
[mg.dm-3] 
36,8 38,4 45,6 
Ca 0,2 1,7 1,0 
Mg 0,1 1,1 0,3 
Al 0,6 0,2 0,4 
SB 0,4 2,9 1,4 
CTC 
[Cmolc.dm-3] 
7,1 7,6 6,4 
V 5,1 37,6 22,4 
m 
[%] 
63,4 8,1 22,8 
MO [g.Kg-1] 26,1 28,9 23,1 
 Profundidade 100,0 a 200,0 mm 
pH água 4,8 5,4 4,9 
P 0,4 2,9 4,7 
K 
[mg.dm-3] 
25,6 35,4 31,3 
Ca [Cmolc.dm
-3] 0,1 1,2 0,7 
 27 
PROPRIEDADES 
QUÍMICAS 
TRATAMENTOS 
 Cerrado 
Tropical 
Cultivo Mínimo 
por 4 anos 
Cultivo Mínimo 
por 14 anos 
 Profundidade 100,0 a 200,0 mm 
Mg 0,1 0,8 0,3 
Al 0,6 0,3 0,5 
SB 0,3 2,1 1,0 
CTC 
[Cmolc.dm
-3] 
5,9 6,8 5,7 
V 4,8 31,5 17,5 
m 
[%] 
67,8 12,8 33,5 
MO [g.Kg-1] 20,0 25,1 18,9 
 
 
4.2 Descrição dos Tratamentos 
4.2.1 Cerrado Tropical 
Área de Cerrado Tropical Subcaducifólio, mantido sob condições 
naturais, apresentando vegetação original da região (Figura 2). Com 
estrutura básica constituída de dois estratos: o superior formado por árvorespequeno a médio porte, medindo de 3 a 6 m de altura, com troncos e ramos 
tortuosos, de casca espessa e folhas duras e o inferior, composto por um 
tapete herbáceo graminoso. 
 
 
FIGURA 2. Área experimental do Cerrado Tropical Subcaducifólio. 
 28 
4.2.2 Cultivo Mínimo por 4 anos 
A área foi aberta no mês de agosto de 2002, com o cerrado sendo 
derrubado por meio de correntões, em seguida realizou-se o enleiramento 
dos restos vegetais utilizando-se ancinhos, com posterior queima do material 
acumulado. 
No mês de setembro do mesmo ano, foi realizado o preparo inicial 
do o solo, por meio de duas gradagens pesadas utilizando grade aradora, 
com profundidade de trabalho de 12 a 15 cm. A primeira seguida de catação 
de raízes e outra para incorporação de calcário dolomítico. 
Posteriormente, foram feitas duas gradagens leves por meio de 
grade niveladora, em profundidade de trabalho de 5 a 8 cm, sendo que na 
segunda foi realizada a incorporação de fósforo. 
Após o preparo, fez-se o cultivo da soja por dois anos consecutivos, 
utilizando gradagem leve para o preparo do solo. 
No ano de 2004, cultivou-se milho em solo não mobilizado. Em 2005 
foi realizada no preparo do solo a incorporação de calcário calcítico por meio 
de gradagem leve, com posterior cultivo de soja. 
Em 2006 cultivou-se milho, utilizando gradagem leve no preparo do 
solo antes da semeadura e após a colheita. 
4.2.3 Cultivo Mínimo por 14 anos 
A área foi aberta na década de 70, sendo explorada com pastagem 
por aproximadamente 20 anos. Após esse período a área passou a ser 
cultivada com sucessão de soja e milho por 14 anos consecutivos. 
O preparo inicial do solo para implantação das culturas anuais foi 
realizado de forma convencional, com da queima da pastagem, três 
gradagens pesadas utilizando grade aradora, com profundidade de trabalho 
de 12 a 15 cm e duas gradagens leves por meio de grade niveladora, com 
profundidade de trabalho de 5 a 8 cm. 
Durante 11 anos o preparo do solo foi realizado por meio de grade 
niveladora, sendo que nos últimos três anos o cultivo foi feito em solo não 
mobilizado. 
 29 
 
4.3 Área experimental 
A área experimental para cada tratamento foi de 500 m², totalizando 
1500 m². A avaliação do solo foi realizada em cada área, em 10 células 
amostrais de 1 m de raio e distantes 10 m uma da outra. Os atributos foram 
avaliados em duas faixas de profundidade (50 a 100 mm e 100 a 150 mm) 
(Figura 3). 
No interior de cada célula foram coletadas três amostras 
indeformadas para determinação da densidade, macroporosidade, 
microporosidade, porosidade total e outras três amostras deformadas para a 
determinação da estabilidade dos agregados, matéria orgânica e grau de 
floculação de argila. 
 
 
 
FIGURA 3. Croqui da malha amostral de coleta dos atributos físicos do solo: 
densidade (Ds), macroporosidade (Ma), microporosidade (Mi), 
porosidade total (PT), matéria orgânica (MO) e grau de 
floculação de argila (GF), utilizado nas áreas com Cerrado 
Tropical, Cultivo Mínimo por 4 anos e Cultivo Mínimo por 14 
anos. 
 
 30 
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três 
tratamentos e 10 repetições. Cada repetição foi resultante da média das três 
amostras coletadas em cada célula amostral para cada atributo. 
 
4.4 Equipamentos 
As amostras coletadas foram analisadas no Laboratório de Solos da 
Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de 
Mato Grosso (FAMEV/UFMT), onde foram determinados os atributos físicos 
do solo em cada tratamento. 
A matéria orgânica foi determinada em um Laboratório particular de 
análise de solo (Agroanálise, Cuiabá-MT). 
Para a retirada das amostras deformadas, utilizou-se o trado holandês 
e para a retirada de amostras indeformadas foi utilizado o amostrador de 
koppec. 
Para determinação da macroporosidade e microporosidade do solo foi 
utilizada a mesa de tensão, com altura da coluna de água para exercer a 
sucção de 0,6 m. 
Para secagem das amostras indeformadas para determinação da 
densidade, macroporosidade, microporosidade, porosidade total, bem como 
as amostras utilizadas para determinação da percentagem de agregados e 
grau de floculação de argila, foi utilizada uma estufa de esterilização e 
secagem de bancada. 
Na determinação da densidade, macroporosidade, microporosidade e 
porosidade total e estabilidade de agregados foi usada uma balança 
eletrônica com capacidade para 0,2 kg e resolução de duas casas decimais. 
Para a determinação do grau de floculação utilizou-se uma balança 
eletrônica com capacidade para 0,1 kg e resolução de quatro casas 
decimais, a fim de se reduzir os erros nas pesagens. 
Na determinação da porcentagem de agregados foi utilizado o 
aparelho de Yooder. 
 
 31 
4.5 Atributos do Solo 
Foram avaliados os seguintes atributos do solo: densidade, 
macroporosidade, microporosidade e porosidade total, estabilidade dos 
agregados, grau de floculação de argila e matéria orgânica. 
A determinação da matéria orgânica foi feita pelo método de Walkley-
Black modificado, segundo EMBRAPA (1999). 
A amostra para determinação da densidade do solo foi coletada em 
anéis de Kopeck com volume aproximado de 100 cm3. A determinação da 
densidade foi efetuada seguindo orientação da EMBRAPA (1997). 
As determinações da macroporosidade, microporosidade e 
porosidade total do solo foram realizadas de acordo com a metodologia 
descrita por Kiehl (1979). 
A estabilidade de agregados foi determinada pelo método de via 
úmida segundo a metodologia de Yoder (1939). Primeiramente cada 
amostra de solo foi separadamente seca ao ar e peneirada utilizando 
peneira de 4 mm. Depois foram pesadas três subamostras de 50 g de 
agregados, sendo que uma delas foi levada para estufa a temperatura de 
105oC por 24 horas, esfriada em dessecador e pesada. Com esses dados a 
umidade do solo foi calculada, e posteriormente descontada das demais 
subamostras para aquisição do peso seco dos agregados. 
As outras subamostras foram colocadas separadamente na parte 
superior de dois conjuntos de peneiras de malhas de 2 mm; 1 mm; 0,5 mm; 
0,25 mm e 0,125 mm no aparelho oscilador vertical Yooder, graduado para 
uma amplitude de 40 mm de altura e uma freqüência de 32 oscilações por 
minuto. 
O aparelho possuía um eixo ligado a uma haste vertical que 
sustentava os jogos de peneiras que foram colocados no interior de 
recipientes com água (Figura 4). 
 
 32 
 
 
FIGURA 4. Aparelho de Yooder, utilizado na determinação da estabilidade 
de agregados via úmida. 
 
Após ser ligado, o aparelho mergulhou e subiu os conjuntos de 
peneiras por 4 minutos consecutivos, de forma que a peneira mais próxima à 
superfície da água não foi completamente submersa. 
 A fração de solo retida em cada peneira foi transferida para vasilhas 
de alumínio, e foram secadas por 24 horas em estufa a 105°C, esfriadas e 
pesadas. 
A determinação da percentagem de agregados foi realizada utilizando 
o peso dos agregados retidos em cada peneira, dividido pelo peso do solo 
da primeira amostra (seca em estufa), conforme a Eq. (1) preconizada pela 
EMBRAPA (1999): 
[ ]1........................................................................................100x
Ps
Pi
A = 
Onde: 
Ai – Agregados da peneira “i” [%]; 
Pi – Massa de solo seco retido na peneira “i” [g] e; 
Ps – Massa de solo seco da amostra [g]. 
 
 33 
Para obter o diâmetro médio ponderado e o índice de estabilidade dos 
agregados, foram utilizadas respectivamente as Eq. (2) e Eq. (3), segundo 
Castro Filho et al. (1998): 
[ ]2......................................................................................).(
1
∑
−
=
n
i
wixiDMP 
Onde: 
DMP - Diâmetro médio ponderado [mm]; 
xi - Diâmetro médio das classes [mm] e; 
wi - Proporção de cada classe em relação ao total. 
 
[ ]3..............................................................10025,0x
areiaMS
areiawpMS
IEA
−
−−= 
 
Onde: 
IEA - Índice de estabilidade de agregados [%]; 
MS - Massa seca da amostra [g] e; 
wp0,25 - Massa dos agregados da classe < 0,25 mm [g]. 
 
Foi realizada a análise da textura do solo das áreas estudadas, pelo 
método da pipeta seguindo metodologia descrita por EMBRAPA (1997), com 
o objetivo de determinar a porcentagem de argila total. Também foi 
determinada a porcentagem de argila dispersa em água (argila natural), 
seguindo a mesma metodologia citada anteriormente, porém sem 
acrescentar o dispersante. 
Estes dados possibilitaram o cálculo do Grau de Floculação pela Eq. 
(4): 
[ ]4.............................................100x
TotalArgila
NaturalArgilaTotalArgila
GF
−= 
 
 
 
 
 
 34 
4.6 Análise Estatística 
Os dados coletados foram analisados pelo Software SAEG, conforme 
recomendação de Ribeiro Junior (2001), por meio de análise de variância e 
teste de médias (Scott-Knott) em nível de 5% de probabilidade, conforme 
metodologia descrita por Banzato e Kronka (1992). 
O teste de Scott-Knott foi utilizado por ser o mais poderoso e controlar 
adequadamente as taxas de erro do tipo 1 (que consiste em Rejeitar H0 
quando ela é verdadeira) (Ferreira et al., 1999). 
Também foi realizada a análise de correlação de Pearson entre os 
atributos em nível de 1 e 5% de probabilidade, sendo consideradas apenas 
as correlações com valores modulares superiores a (r> 0,80), escolha 
baseada na metodologia de Hopkins (2000), onde (r de 0,8 a 0,9) são 
consideradas muito altas e valores (r>0,9) são quase perfeitos. 
 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
A Tabela 3 apresenta o resumo da análise de variância da 
porcentagem de agregados retidos nas peneiras de 2 mm; 1 mm; 0,5 mm; 
0,25 mm e < 0,125 mm e matéria orgânica (MO). Os resultados não foram 
significativos somente para a peneira de 1 mm. Os coeficientes de variação 
(CVs) obtidos apresentaram valores baixos a médios de acordo com a 
classificação de Warrick e Nielsen (1980), que consideram baixos CVs 
inferiores a 12%, médios quando estão entre 12% e 62% e altos quando 
superiores a 62%. 
 
TABELA 3. Quadrados médios dos dados de porcentagem de agregados 
retidos nas peneiras de 2 mm (P1); 1 mm (P2); 0,5 mm (P3); 
0,25 mm (P4), < 0,125 mm (P5) e matéria orgânica (MO) em 
duas faixas de profundidade 50 a 100 mm e de 100 a 150 mm 
em um LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico. 
 
Camada de 50 a 100 mm 
Fonte de variação GL P1 [%] 
 P2 
[%] 
P3 
[%] 
P4 
[%] 
P5 
[%] 
MO 
[g.kg-1] 
Tratamento 2 304,9** 24,6 206,4** 337,9** 404,0** 90,6* 
Resíduo 27 2,0 8,1 5,7 8,3 5,2 11,5 
CV [%] 15, 5 31, 4 13 6, 5 11, 7 12,9 
Camada de 100 a 150 mm 
Fonte de variação GL P1 [%] P2 [%] 
P3 
[%] 
P4 
[%] 
P5 
[%] 
MO 
[g.kg-1] 
Tratamento 2 156,8** 2,2 195,3** 183,7** 285,7** 244,4** 
Resíduo 27 2,1 1,0 4,2 1,6 4,4 13,7 
CV [%] 16,9 11,2 10,8 2,8 10,9 16,3 
** Significativo em nível de 1% de probabilidade, pelo teste F. 
 36 
Observa-se na Tabela 4 que o cerrado registrou valores maiores de 
agregados retidos na peneira de 2 mm (15,0 e 12,1%) do que e o cultivo 
mínimo por 4 anos (8,3 e 9,3%) e do cultivo mínimo por 14 anos, que 
apresentou as menores percentagens (4,1 e 4,3%), nas faixas de 
profundidade de 50 a 100 mm e de 100 a 150 mm respectivamente. 
Como cerrado representa a condição original de agregação do solo, 
pode-se verificar que os efeitos dos sistemas de cultivo manifestaram-se 
intensamente sobre os agregados de maior diâmetro (2 mm), reduzindo-os 
significativamente com o tempo de cultivo. Resultados similares foram 
encontrados por Corrêa (2002), onde o sistema de preparo do solo por 
grades (aradora e leve) e o monocultivo da soja causaram maior 
fracionamento dos agregados do solo. 
Porém é importante se considerar o fato de que a área do cultivo 
mínimo por 14 anos já vinha sendo explorada com pastagem (durante 20 
anos, conforme o hitórico) antes da implantação das culturas anuais. Desta 
forma, a área já estava em processo de degradação, pois Longo et al. 
(1999), em trabalhos realizados em áreas de LATOSSOLO VERMELHO-
AMARELO verificaram a redução na estabilidade de agregados a partir do 
primeiro ano de instalação da pastagem, portanto a condição inicial deste 
solo era menos favorável do que no cultivo mínimo por 4 anos, o que pode 
justificar a menor porcentagem de agregados retidos na peneira de 2 mm 
apresentada pelo mesmo. 
Considerando a classificação de tamanho de agregados apresentada 
por Tisdall e Oades (1982), que define macroagregado como aquele com 
diâmetro igual ou superior a 0,25 mm e microagregado aquele com diâmetro 
inferior a 0,25 mm. Pode-se verificar que o cultivo mínimo por 4 anos 
apresentou valores de macroagregados de (73,3 e 75,1 %) e o cultivo 
mínimo por 14 anos (85,1 e 85,8 %), nas faixas de profundidade de 50 a 100 
mm e de 100 a 150 mm respectivamente. 
Também se observa que o cerrado apresentou teores de matéria 
orgânica de (26,3 e 20,3 g.kg-1), o cultivo mínimo por 4 anos de (29,3 e 28,5 
 37 
g.kg-1) e cultivo mínimo por 14 anos de (23,3 e 19,6 g.kg-1), nas faixas de 
profundidade de 50 a 100 mm e de 100 a 150 mm respectivamente. 
 
TABELA 4. Porcentagem média de agregados retidos nas peneiras de 2 mm 
(P1); 1 mm (P2); 0,5 mm (P3); 0,25 mm (P4) e < 0,125 mm (P5) 
e matéria orgânica (MO) em função de diferentes tratamentos 
em duas faixas de profundidade 50 a 100 mm e de 100 a 150 
mm em um LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico. 
 
Camada de 50 a 100 mm 
 Agregados retidos por peneira MO 
Tratamento P1 [%] P2 [%] P3 [%] P4 [%] P5 [%] [g.kg-1] 
Cerrado 15,0 Aa 10,9 A 18,5 Ba 38,8 Ca 16,8 Ba 26,3 Aa 
Cultivo Mínimo 
por 4 anos 
8,3 Ba 8,5 A 13,8 Ca 42,7 Aa 26,7 Aa 29,3 Aa 
Cultivo Mínimo 
por 14 anos 
4,1 Ca 7,9 A 22,9 Aa 50,2 Aa 14,9 Ba 23,3 Ba 
Camada de 100 a 150 mm 
 Agregados retidos por peneira MO 
Tratamento P1 [%] P2 [%] P3 [%] P4 [%] P5 [%] [g.kg-1] 
Cerrado 12,11 Aa 8,5 A 18,0 Ba 42,4 Ba 19,1 Ba 20,3 Bb 
Cultivo Mínimo 
por 4 anos 
9,32 Ba 9,3 A 15,1 Ca 41,5 Ba 24,9 Aa 28,5 Aa 
Cultivo Mínimo 
por 14 anos 
4,3 Ca 8,5 A 23,8 Aa 49,3 Ab 14,2 Ca 19,6 Bb 
Médias seguidas de mesma letra maiúscula na vertical não diferem entre si 
dentro de cada profundidade pelo teste Scott-Knott (P<0,05) 
 
Desta forma, verifica-se que o solo cultivado por mais tempo 
apresentou maior quantidade de macroagregados quando comparado ao 
solo cultivado por menos tempo, apesar da menor concentração de matéria 
orgânica. O que pode ser justificado pela análise do histórico das áreas, 
pois se percebe que a intensidade do manejo nos últimos anos para o cultivo 
mínimo por 14 anos foi menor do que no cultivo mínimo por quatro anos. 
Esse resultado pode indicar um processo de recuperação da estrutura 
do solo ao longo do tempo de adoção do cultivo mínimo, pois Maia (1999) e 
Wohlenberg et al. (2004) observaram que a estabilidade de agregados não 
 38 
depende apenas da concentração de material orgânico, sendo reduzida com 
o aumento da intensidade de mobilização. 
Ao se comparar o cultivo mínimo por 4 anos e o cerrado, percebe-se 
redução da porcentagem de agregados retidos nas peneiras de 2 a 0,5 mm 
e aumento nas peneiras de 0,25 e <0,125 mm de (13,8%) nas duas 
camadas estudadas, demonstrando que as modificações da classe de 
agregados de maior diâmetro contribuíram para o surgimento de maiores 
porcentuais nas classes de menor tamanho (Tabela 4). Estes dados 
concordam com Palmeira et al. (1999) que observaram o mesmo 
comportamento em áreas onde houve intensificação no uso do solo. 
A Tabela 5 apresenta os resultados da análise de variância obtidos 
para os atributos físicos: densidade do solo (Ds), microporosidade (Mi), 
porosidade total (Pt), diâmetro médio ponderado (DMP) e índice de 
estabilidade de agregados (IEA) e matéria orgânica. Os coeficientes de 
variação (CVs) obtidospara estes atributos foram baixos de acordo com a 
classificação de Warrick e Nielsen (1980). Para a macroporosidade (Ma), e a 
matéria orgânica (MO) os coeficientes de variação encontraram-se no limite 
da classificação entre baixa e média. 
Esses resultados mostram que a dispersão de valores em torno da 
média foi relativamente baixa, o que indica boa qualidade do conjunto dos 
dados para a análise estatística. 
Os valores dos coeficientes de variação foram em geral, maiores na 
camada de 50 a 100 mm, resultados concordantes com Cavalcante (1999), 
Souza et al. (2001) e Iaia (2006). Isso ocorreu porque a camada superficial 
é a mais influenciada pelo manejo do solo e pelos efeitos da biosfera, 
propiciando maior heterogeneidade e consequentemente maior variabilidade 
dos atributos físicos. 
 39 
 
 
 
 40 
A Tabela 6 registra os valores médios dos atributos físicos analisados 
em função de diferentes tratamentos nas duas faixas de profundidade 
estudadas. Pelo alto potencial de discriminação entre as áreas cultivadas e a 
de cerrado, verifica-se que os atributos densidade, porosidade total, 
diâmetro médio ponderado, índice de estabilidade de agregados e grau de 
floculação, foram bons indicadores das alterações ocorridas no solo em 
função do manejo, pois diferenciaram todos os tratamentos entre si nas duas 
profundidades. 
Analisando os dados referentes ao diâmetro médio ponderado (DMP), 
verifica-se que o cerrado apresentou as maiores médias (0,47 e 0,41 mm) 
seguido do cultivo mínimo por 4 anos (0,35 e 0,37 mm) e do o cultivo mínimo 
por 14 anos, que apresentou as menores médias (0,31 e 0,32 mm) nas 
camadas de 50 a 100 mm e de 100 a 150 mm respectivamente. 
Percebe-se a redução do DMP em função do manejo do solo e do 
tempo de cultivo, tendência semelhante à apresentada pelos agregados 
retidos na peneira de 2 mm, isso se justifica pelo fato destes valores serem 
utilizados no cálculo do DMP. 
 41 
 
 
 42 
Os valores inferiores aos demais tratamentos de DMP para o cultivo 
mínimo por 14 anos apresentados na tabela 6, foram coerentes com os 
teores de matéria orgânica (23,25 e 19,63 g.kg-1) (Tabela 4), para as 
camadas de 50 a 100 mm e de 100 a 150 mm respectivamente, pois a 
matéria orgânica é considerada o mais importante agente agregador e 
estabilizante nos solos. 
Porém analisando os valores de DMP apresentados pelo cultivo 
mínimo por 4 anos na tabela 6. Observa-se que o mesmo apresentou DMP 
inferior ao cerrado em ambas as faixas de profundidade, apesar do conteúdo 
de matéria orgânica de (29,3 g.kg-1) ser similar ao apresentado pelo cerrado 
(26,3 g.kg-1) na camada de 50 a 100 mm e superior (28,5 g.kg-1) ao 
apresentado pelo cerrado (20,3 g.kg-1) na camada de 100 a 150 mm (Tabela 
4). 
Desta forma, percebe-se que o total de matéria orgânica 
usualmente mensurado provavelmente não seja a melhor medida para 
prognosticar a estabilidade de agregados, isto porque esta relação 
possivelmente não é linear, sendo dependente de interações entre matéria 
orgânica e outras propriedades do solo. Além do mais, o efeito da matéria 
orgânica pode variar em função de seus diferentes tipos, bem como do 
tempo de decomposição. 
Os dados de DMP e IEA apresentados na tabela 6, demonstraram 
maior estabilidade dos agregados na vegetação nativa, o que se deve entre 
outros fatores, ao contínuo fornecimento de material orgânico, que serve 
como fonte de energia para a atividade microbiana que atua como agente de 
estabilização dos agregados e a não mobilização do solo, que permite a 
manutenção dos agregados. 
O cultivo do solo ocasionou a perda da estabilidade dos agregados, 
isto pode ser comprovado pela redução do índice de estabilidade de 
agregados (IEA) dos solos cultivados em relação à vegetação nativa, que 
registrou os maiores valores (48,32 e 43,23%), nas faixas de profundidade 
de 50 a 100 mm e de 100 a 150 mm respectivamente. 
 43 
O IEA apresentou tendência diferente do DMP, não sendo 
decrescente com o aumento do tempo de cultivo, pois o cultivo mínimo por 
14 anos apresentou valores maiores (39,33 e 37,25%) do que o cultivo 
mínimo por 4 anos (35,07 e 37,25%) nas faixas de profundidade de 50 a 100 
mm e de 100 a 150 mm respectivamente. 
Segundo Wendling (2005) o DMP é mais sensível do que IEA, para 
diferenciar os usos e manejos do solo. Isto porque o IEA é calculado 
baseado na classe de agregados <0,25 mm, englobando a classe de 
agregados < 0,125 mm, que não é determinada por pesagem, mas por 
diferença, contabilizando também toda a argila dispersa durante o processo 
de agitação da amostra para o tamisamento, que não se caracteriza como 
agregados. 
Porém ao se analisar a equação do IEA (Eq. 3), percebe-se que o 
mesmo baseia se na proporção de agregados maiores que 0,25 mm, sendo 
que os menores e iguais são subtraídos no cálculo, contudo os mesmos são 
contabilizados no cálculo do DMP (Eq. 2), sendo assim possivelmente o IEA 
seja mais rigoroso do que o DMP na avaliação do estado de agregação do 
solo. 
Desta forma os resultados do IEA apresentados pelos tratamentos, 
juntamente com a análise do histórico das áreas cultivadas, corroboram para 
a possibilidade de um processo de recuperação da estrutura do solo em 
função do tempo de adoção do cultivo mínimo. Pois o preparo inicial para 
implantação do cultivo anual foi bastante intensivo em ambas as áreas, 
sendo bastante reduzido ao longo dos anos, isso poderia permitir uma 
reestruturação do solo no cultivo mínimo por 14 anos, pela redução da 
mobilização do solo, que determina um ambiente mais favorável à atividade 
biológica. 
Para o atributo densidade, verifica-se que o cerrado apresentou 
valores de (1,18 e 1,24 kg.dm-3), o cultivo mínimo por 4 anos de (1,33 e 1,35 
kg.dm-3) e o cultivo mínimo por 14 anos de (1,46 e 1,51 kg.dm-3), nas 
camadas de 50 a 100 mm e de 100 a 150 mm respectivamente. 
Considerando o cerrado como condição de referência do solo, observa-se 
 44 
que houve alterações na densidade, sendo crescente com manejo do solo e 
o tempo de cultivo. 
Ao se comparar a densidade do solo entre as faixas de profundidade 
estudadas, observa-se que para o cerrado e o cultivo mínimo por 14 anos os 
valores foram significativamente superiores na camada superficial do solo 
(Tabela 6). Esses resultados se devem provavelmente a menor 
concentração de matéria orgânica apresentada pelos mesmos nesta camada 
(Tabela 4), pois conforme observações de Ferreira e Dias Júnior (1996), a 
matéria orgânica possui menor densidade do que a parte mineral do solo. 
Os maiores valores de densidade nos solos cultivados quando 
comparados com o cerrado evidenciam um processo de compactação do 
solo. Esses resultados estão de acordo com os obtidos por Spera et al. 
(2004) e Anjos et al. (1994), que obtiveram menores valores de densidade 
do solo nas áreas que representavam a condição estrutural original do solo 
quando comparadas a áreas cultivadas, e se devem provavelmente ao 
manejo que modificou a estrutura do solo. Porém se faz necessário um 
estudo mais aprofundado nas áreas, para verificar se esse aumento estaria 
prejudicando o crescimento radicular das plantas, pois não existe um valor 
crítico único para este atributo. 
Para o atributo macroporosidade do solo observa-se que o cerrado 
registrou valores de (24,85 e 23,63%), o cultivo mínimo por 4 anos de (11,91 
e 14,44%) e o cultivo mínimo por 14 anos de (15,47 e 13,99%) nas camadas 
de 50 a 100 mm e de 100 a 150 mm respectivamente. 
Os maiores valores apresentados pelo cerrado se devem 
provavelmente ao aporte contínuo de matéria orgânica; a não mobilização 
do solo; a menor amplitude térmica e da umidade pela presença contínua da 
vegetação que favorece a atividade biológica que melhora da estrutura do 
solo. 
Na camada de 50 a 100 mm, cultivo mínimo por 14 anos apresentou 
maior macroporosidade (15,47%) quando comparado ao cultivomínimo por 
4 anos que apresentou valor crítico (11,91%), pois quando a 
macroporosidade do solo é reduzida a valores inferiores a 15% o 
 45 
crescimento das raízes passa a ser prejudicado (Meredith e Patrick Jr., 
1961; Cintra et al., 1983). 
Os resultados demonstram que as maiores alterações não ocorreram 
na área com o maior tempo de cultivo, isso se deve provavelmente a 
abertura da área e ao preparo inicial intenso realizado mais recentemente no 
cultivo mínimo por 4 anos (conforme o histórico). Pois a mobilização do solo 
modifica o tamanho dos agregados aumentando a proporção de poros 
pequenos em relação aos grandes. 
Na camada de 100 a 150 mm, não foi observada diferença 
significativa entre a macroporosidade dos solos cultivados, provavelmente 
devido ao manejo periódico do solo adotado (gradagem leve), onde essa 
camada não é mobilizada. 
Para a microporosidade do solo, no cerrado registraram-se valores de 
(24,88 e 23,83%), para o cultivo mínimo por 4 anos valores de (31,97 e 
27,80%) e no cultivo mínimo por 14 anos valores de (25,33 e 24,23%), nas 
camadas de 50 a 100 mm e de 100 a 150 mm respectivamente. 
Considerando o cerrado como condição original do solo e, portanto 
apresentando a distribuição de referência dos poros, pode-se verificar na 
figura 5, que na camada de 50 a 100 mm, houve redução significativa de 
52,07% na macroporosidade, e aumento significativo na microporosidade de 
28,50% para o cultivo mínimo por 4 anos. Para o cultivo mínimo por 14 anos 
a redução da macroporosidade foi de 37,75%, significativamente menor do 
que a redução observada no cultivo mínimo por 4 anos, assim como o 
aumento na microporosidade que foi de apenas 1,81%. 
Observa-se na figura 5, para a camada de 100 a 150 mm, que no 
cultivo mínimo por 4 anos houve redução significativa de 38,89% na 
macroporosidade e aumento significativo de 16,66% na microporosidade. 
No solo cultivado por 14 anos a redução da macroporosidade foi de 40,80%, 
não significativa quando comparado a redução apresentada pelo cultivo 
mínimo por 4 anos, e o aumento na microporosidade foi de somente 1,68%, 
significativamente inferior ao aumento apresentado pelo cultivo mínimo por 4 
anos. 
 46 
0 20 40 60 80 100 120 140
CM14 camada de 100 a 150mm
CM 4 camada de 100 a 150 mm
CM 14 camada de 50 a 100 mm
CM 4 camada de 50 a 100 mm
Cerrado*
Macroporosidade Microporosidade
 
* Distribuição de referência dos poros, para ambas as profundidades. 
FIGURA 5. Alterações na macroporosidade e microporosidade [%] para o 
cultivo mínimo por 4 anos (CM 4) e cultivo mínimo por 14 anos 
(CM 14), quando comparados ao cerrado (detentor da 
distribuição original de poros) nas camadas de 50 a 100 mm e 
de 100 a 150 mm. 
 
A análise dos resultados apresentados acima, reforça a proposição 
de reestruturação do solo com o do tempo de adoção do sistema de cultivo 
mínimo, evidenciada pela redução da microporosidade e aumento da 
macroporosidade do cultivo mínimo por 14 anos em comparação ao cultivo 
mínimo por 4 anos nas duas camadas estudadas. 
Também se observa que a variação dos valores de 
macroporosidade nos solos cultivados foi maior do que nos valores de 
microporosidade. Esses resultados se devem ao fato dos macroporos 
serem altamente afetados pelo manejo do solo (Silva e Mielniczuk, 1998). 
Verificam-se diferenças significativas entre os tratamentos para o 
atributo porosidade total, com o cerrado registrando valores de (49,73 e 
47,45%), o cultivo mínimo por 4 anos de (43,88 e 42,24%) e o cultivo mínimo 
por 14 anos de (40,80 e 38,21%) nas camadas de 50 a 100 mm e de 100 a 
150 mm respectivamente. 
Observa-se que apesar da drástica redução nos valores de 
macroporosidade na camada de 50 a 100 mm, o cultivo mínimo por 4 anos 
apresentou maior porosidade total do que o solo cultivado por 14 anos. O 
 47 
que pode ser justificado pelo maior aumento da microporosidade 
apresentada no cultivo mínimo por 4 anos e pela condição inicial 
desfavorável da área sob cultivo mínimo por 14 anos, que já era explorada 
com pastagem por 20 anos, antes da implantação das culturas anuais, 
fazendo com que a porosidade inicial deste solo fosse menor. 
Os valores de microporosidade para o cultivo mínimo por 4 anos 
(Tabela 6) se justificam pela maior concentração de agregados retidos na 
peneira < 0,125mm, quando comparado ao cultivo mínimo por 14 anos, 
conforme dados contidos na tabela 4. 
Os maiores valores de porosidade total no cerrado se justificam pelo 
não revolvimento e pelo deposito aos resíduos orgânicos na superfície do 
solo. Esses resultados concordam com trabalho feito por Spera et al. (2004) 
onde áreas de vegetação natural apresentaram maiores valores de 
porosidade quando comparados a outros tipos sistemas de cultivo. 
A porosidade total foi maior na camada superficial em relação à 
camada mais profunda, em todos os tratamentos. Para o cerrado esse 
resultado é decorrente da maior concentração de raízes e matéria orgânica 
nesta camada, que conferem ao solo melhor agregação e estruturação. Nos 
solos mobilizados essa diferença pode ser resultante do manejo superficial 
do solo que gera pressões mecânicas dos implementos sobre a camada 
mais profunda. Resultados semelhantes foram encontrados por Cassol 
(1995), quando trabalhava com avaliação de manejos conservacionistas do 
solo. 
Verifica-se que o cerrado apresentou valores de grau de floculação de 
(74,97 e 70,36%), o cultivo mínimo por 4 anos de (73,22 e 71,57%) e o 
cultivo mínimo por 14 anos de (52,44 e 51,71%), nas camadas de 50 a 100 
mm e de 100 a 150 mm, respectivamente (Tabela 6). 
Os valores superiores de grau de floculação verificados na tabela 6 
para o cerrado e cultivo mínimo por 4 anos, quando comparados aos 
apresentados pelo cultivo mínimo por 14 anos, possivelmente de devem a 
maior concentração de matéria orgânica apresentada pelos primeiros 
 48 
(Tabela 4). Pois a matéria orgânica um poderoso agente de floculação e 
estabilização dos agregados do solo. 
O grau de floculação apresentado pelo cerrado também se deve a 
alta concentração de íons Al+ (inferida pela ausência de calagem), que é 
considerado um dos responsáveis pela floculação das partículas do solo. 
Porém esses resultados não explicam a maior concentração de 
macroagregados observados no cultivo mínimo por 14 anos quando 
comparado ao cultivo mínimo por 4 anos (Tabela 4), já que o grau de 
floculação das partículas de argila é o primeiro estágio na construção de um 
macroagregado estável em água (Tisdall & Oades, 1982). 
Desta forma, esperava-se que o cultivo mínimo por 4 anos 
apresentasse menor grau de floculação do que o cultivo mínimo por 14 anos, 
o que não ocorreu. Isso se deve ao fato da floculação e da dispersão do solo 
serem influenciadas por muitos outros fatores, tais como a interações 
eletrostáticas, a mineralogia do solo, o pH e os teores e tipo de cátions 
trocáveis (Tisdall & Oades, 1982). 
O grau de floculação apresentado pelo cultivo mínimo por 4 anos na 
camada de 100 a 150 mm (Tabela 6), (superior aos demais tratamentos), se 
deve provavelmente ao maior teor de matéria orgânica. Além de outros 
fatores biológicos como, por exemplo, a maior atividade bacteriana, 
decorrente da menor acidez do solo (pela calagem mais recentemente 
realizada no preparo inicial do solo). 
Verifica-se correlação alta e positiva entre a porosidade total e 
porcentagem de agregados retidos na peneira de 2 mm (+0,95) e alta e 
negativa com porcentagem de agregados retidos na peneira de 0,25 mm (- 
0,83), essas correlações já eram esperadas, pois os agregados são 
componentes da estrutura do solo de grande importância na manutenção da 
porosidade (Tabela 7). 
 49 
TABELA 7. Correlações de Pearson entre média de agregados retidos nas 
peneiras de 2 mm (P1); 1 mm (P2); 0,25 mm (P4) e < 0,125 
mm (P5) e densidade do solo (Ds [kg.dm-3]); microporosidade 
(Mi [%]);porosidade total (Pt [%]); Diâmetro Médio Ponderado 
(DMP [mm]) e índice de estabilidade de agregados (IEA [%]), 
em um LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico. 
 
Interações Correlação (r>l0,80l) 
P1 X Pt 0,95** 
P4 x Pt -0,83* 
P5 X Mi 0,86* 
DS x Pt -0,98** 
 **, * Significativo ao nível de 1 e 5% de probabilidade, respectivamente, pelo teste t. 
 
A correlação alta e positiva de (+0,86) entre a microporosidade e a 
porcentagem de agregados retidos na < 0,125 mm verificada na tabela 7, 
ajuda a explicar a distribuição de poros encontrada no cultivo mínimo por 4 
anos (Tabela 6). Pois a quebra dos agregados leva ao preenchimento dos 
vazios, o que causa redução da macroporosidade e aumento da 
microporosidade. 
A correlação alta e negativa de (-0,98) apresentada entre porosidade 
total e a densidade do solo (Tabela 7), se deve à aproximação das partículas 
com o incremento da pressão mecânica exercida sobre o solo, reduzindo a 
proporção dos poros, principalmente dos de maior diâmetro, com ligeiro 
incremento dos de menor diâmetro. Esse comportamento era esperado, pois 
a porosidade é inversamente dependente da densidade do solo. 
 
 50 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 CONCLUSÕES 
 
• Os resultados dos atributos analisados permitiram identificar 
mudanças significativas nas propriedades físicas dos solos 
submetidos ao cultivo quando comparados à condição original 
(cerrado). 
 
• A distribuição de poros (porcentagem de macroporos e de 
microporos), o índice de estabilidade de agregados e a porcentagem 
de macroagregados, evidenciaram um processo de reestruturação do 
solo com a ampliação do tempo de adoção do sistema de cultivo 
mínimo. 
 
• Os atributos: densidade, porosidade total, diâmetro médio ponderado 
e porcentagem de agregados retidos na peneira de 2 mm, 
apresentaram maiores alterações na ordem crescente do tempo de 
cultivo. 
 51 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
AMÉRICO, J.L. Características Físicas e fator de erobilidade de q uatro 
solos representativos do município de São Mamede Pa raíba-Areia. 
1979. 89p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Federal da 
Paraíba UFPB, Areia/PB, 1979. 
 
ANGULO, R.J.; ROLOFF, G.; SOUZA, M.L.P. Correlação entre diferentes 
formas de determinação e representação da estabilidade e resistência dos 
agregados do solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo , Campinas, v.8, 
p. 7-12, 1984. 
 
ANJOS, J. T.; UBERTI, A. A. A.; VIZZOTO, V. J.; LEITE, G. B.; KRIEGRER, 
M. Propriedades físicas do solo sob diferentes sistemas e usos de manejo. 
Revista Brasileira de Ciência do Solo , Campinas, v. 18, p. 139- 145, 1994. 
 
ASAE - AMERICAN SOCIETY OF AGRICULTURAL ENGINEERS. 
Standards -Terminology and definitions for soil til lage and soil-tool 
relationships – ASAE EP291.1 . 40.ed. St. Joseph, p. 229-241,1982. 
 
AZEVEDO, C. A.; BONUMÁ, A. S. Partículas coloidais, dispersão e 
agregação em LATOSSOLOS. Ciência Rural , Santa Maria, v. 34, n. 2, p. 
609-617, 2004. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/cr/v34n2/a46v34n2.pdf>. Acesso em: 04/09/2004. 
 
 
BANZATO, D. A; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: 
FUNEP, p. 247, 1992. 
 
BAVER, L. D.; GARDNER, W. H.; GARDNER, W. R. Soil physics . 4. ed. 
New York: John Wiley, p. 529, 1972. 
 
BAVER, L. Soil physics . New York: John Wiley, p. 489, 1956. 
 
 52 
BEUTLER, A.N.; SILVA, M.L.N.; CURI, N.; FERREIRA, M.M.; CRUZ, J.C. & 
PEREIRA FILHO, I.A. Resistência à penetração e permeabilidade de 
Latossolo Vermelho distrófico típico sob sistemas de manejo na região dos 
cerrados. Revista Brasileira de Ciência do Solo , Viçosa, v. 25, p. 167-177, 
2001. 
 
BORGES, E.N.; LOMBARDI NETO, F.; CORRÊA, G.F. et al. Alterações 
físicas introduzidas por diferentes níveis de compactação em LATOSSOLO 
VERMELHO-ESCURO textura média. Pesquisa Agropecuária Brasileira , 
v. 34, p. 1663-1667, 1999. 
 
BOUMA, J. Influence of soil macroporosity on environmental quality. 
Advances in Agronomy , San Diego, v. 46, p. 2-36, 1991. 
 
BRADY, N. C.; WEIL, R.R. The nature and properties of soils . Upper 
Saddle River: Prentice Hall, p.881, 1999. 
 
BRAGAGNOLO, N.; MIELNICZUK, J. Cobertura do solo por palha de trigo e 
seu relacionamento com a temperatura e umidade do solo. Revista 
Brasileira de Ciência do Solo , Viçosa, v. 14, p. 369-374, 1990. 
 
CAMPOS, B. C.; REINERT, D. J.; NICOLODI, R.; RUEDELL, J.; PETRERE, 
C. Estabilidade estrutural de um LATOSSOLO Vermelho-Escuro distrófico 
após sete anos de rotação de culturas e sistemas de manejo de solo. 
Revista Brasileira de Ciência do Solo , Campinas, v.19, n.1, p.121-126, 
jan./abr. 1995. 
 
CARPENEDO, V.; MIELNICZUK, J. Estado de agregação e qualidade de 
agregados de LATOSSOLOS Roxos, submetidos a diferentes sistemas de 
manejo. Revista Brasileira de Ciência do Solo , Campinas, v. 14, n.1, p. 
99-105, jan./abr. 1990. 
 
CARTER, M.R. Relative measures of soil bulk density to characterize 
compaction in tillage studies of fine sandy loam. Can. J. Soil Sci. , v. 70, p. 
425-33, 1988. 
 
CARVALHO JÚNIOR, I. A., FONTES, L. E. F., COSTA, L. M. Modificações 
causadas pelo uso e formação de camadas compactadas e, ou, adensadas 
em um LATOSSOLO Vermelho-Escuro textura média, na região do Cerrado. 
Revista Brasileira de Ciência do Solo , Viçosa, v.22, p.505-514, 1998. 
 
CASSOL, L. C. Características físicas e químicas do solo e rendim ento 
de culturas após a reaplicação de calcário, com e s em incorporação, 
em sistemas de preparo . 97f. (Dissertação de Mestrado) - Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre-RS, 1995. 
 
 
 53 
CASTRO FILHO, C.; MUZILLI, O. e PODANOSCHI, A.L. Estabilidade dos 
agregados e sua relação com o teor de carbono orgânico num LATOSSOLO 
Roxo distrófico, em função de sistemas de plantio, rotações de culturas e 
métodos de preparo das amostras. Revista Brasileira de Ciência do Solo , 
Viçosa,v. 22, p.527-538, 1998. 
 
CAVALCANTE, E. G. S. Variabilidade espacial de atributos físicos e 
químicos de um LATOSSOLO Vermelho-escuro sob difere ntes 
condições de uso e manejo, em Selvíria (MS) . 199 f. (Dissertação de 
Mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira-SP, 1999. 
 
CINTRA, F.L.D.; MIELNICZUK, J.; SCOPEL, I. Caracterização do 
impedimento mecânico em um LATOSSOLO Roxo do Rio Grande do Sul. 
Revista Brasileira de Ciência do Solo , Campinas, v.7, p.323-327, 1983. 
 
CORRÊA, J. C. Efeitos de sistemas de cultivo na estabilidade de agregados 
de um LATOSSOLO Vermelho-amarelo em Querência - MT. Pesquisa 
Agropecuária Brasileira , Brasília. v. 37, n. 2, p. 203-209, fev. 2002. 
 
DA ROS, C.O.; SECCO, D.; FIORIN, J.E.; PETRERE, C.; CADORE, M.A.; 
PASA, L. Manejo do solo a partir de campo nativo: efeito sobre a forma e 
estabilidade da estrutura ao final de cinco anos. Revista Brasileira de 
Ciência do Solo , Campinas, v.21, n.2, p.241-247, 1997. 
 
DALLMEYER, A. Avaliação energética e desempenho operacional de 
equipamentos de preparo do solo. Botucatu-SP, Faculdade de Ciências 
Agronômicas do Campus de Botucatu, UNESP, 1994. (Tese de Doutorado). 
 
DE MARIA, I.C.; CASTRO, O.M. & SOUZA DIAS, H. Atributos físicos do solo 
e crescimento radicular de soja em Latossolo Roxo sob diferentes métodos 
de preparo do solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo , Viçosa, v. 23, p. 
703-709, 1999. 
 
DEXTER, A.R. & YOUNGS, I.M. Soil physic toward 2000. Soil and tillage 
research , v. 24, p.101-106, 1992. 
 
DEXTER, A. R. Advances in characterization of soil structure. Soil Tillage 
and Research , v. 11, p. 199-238, 1988. 
 
DIAS, F. L. F. Sistemas de preparo de solo em área de colheita 
mecanizada de cana crua . 2001. 83 f. Tese (Doutorado em Agronomia) – 
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual 
Paulista, Jaboticabal-SP, 2001. 
 
DOUGLAS, J. T.; JARVIS, M. G.; HOWSE, K. R.; GOSS, M. J. Structure of a 
silty soil in relation to management. The Journal Of Soil Science , Oxford, 
v.37, p.137–151. 1986. 
 
 54 
DUCHAUFOUR, P. L'Évolution

Continue navegando