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G R A D U A Ç Ã O ME. ANDRÉIA GONÇALVES DARICE Projeto Arquitetônico Híbrido GRADUAÇÃO Projeto Arquitetônico Me. Andréia Gonçalves Darice C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; DARICE, Andréia. Projeto Arquitetônico. Andréia Gonçalves Darice. Maringá-PR.: Unicesumar, 2020. 264 p. “Graduação - Híbridos”. 1. Projeto. 2. Arquitetura. 3. Planejamento. 4. EaD. ISBN 978-65-5615-140-3 CDD - 22 ed. 720 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação CEP 87050-900 - Maringá - Paraná unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: Coordenador de Conteúdo Fábio Augusto Gentilin. Designer Educacional Janaina de Souza Pontes. Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira e Erica Fernanda Ortega. Editoração André Morais de Freitas. Ilustração Welington Vainer Satin de Oliveira. Realidade Aumentada Matheus Alexander de Oliveira Guandalini, Maicon Douglas Curriel e Cesar Henrique Seidel. DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de Permanên- cia Leonardo Spaine; Diretoria de Design Educacional Débora Leite; Diretoria de Pós-Graduação EAD Bruno do Val Jorge; Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros; Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima; Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas; Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo; Supervisão de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel; Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Cripaldi; Fotos Shutterstock PALAVRA DO REITOR Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha- mos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualida- de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- -nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo- cional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revi- samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as ne- cessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! BOAS-VINDAS Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co- munidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu- nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ- mico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comu- nicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace- leraram a informação e a produção do conheci- mento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, prio- rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a so- ciedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe- lecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- nhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educa- cional, complementando sua formação profis- sional, desenvolvendo competências e habilida- des, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu- deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza- gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili- dade e segurança sua trajetória acadêmica. APRESENTAÇÃO Caro(a) aluno(a) e futuro(a) Engenheiro(a) Civil, este livro tem como obje- tivo orientar seus estudos e o desenvolvimento de projetos arquitetônicos. Contém temas que abordam desde a definição de projeto arquitetônico até suas etapas e aplicações, promovendo reflexões sobre o tema e a importância deste para a vida profissional. Cabe ressaltar que a atividade projetual é de grande responsabilidade; no caso do projeto arquitetônico, devemos lembrar que o profissional estará criando os espaços em que vão se desenvolver a maior parte das atividades da sociedade.As edificações são os espaços onde habitamos, trabalhamos, consumimos, realizamos atividades de lazer etc. Isto é, a arquitetura está em todos os lugares e atividades, daí vem a importância do projeto e a responsabilidade do projetista. Este livro busca evidenciar tais aspectos. A Unidade 1 tratará do entendimento da arquitetura e do projeto arqui- tetônico, apresentando conceitos que definem e introduzem a compreensão do tema. Nesta unidade, apresentam-se as principais tipologias de projeto arquitetônico, como a residencial e comercial, além de abordar o programa de necessidades, sua definição e importância no processo de projeto arqui- tetônico. A unidade se encerra discorrendo sobre o partido arquitetônico, um termo bastante utilizado no meio da arquitetura e fundamental no desenvolvimento de projetos. A Unidade 2 se dedica a apresentar os elementos que compõem a repre- sentação do projeto arquitetônico, desde os elementos gráficos, como plantas, cortes e detalhamentos, até os elementos textuais e representações volu- métricas digitais, como ferramentas de expressão das ideias do projetista. A Unidade 3 abordará as etapas do projeto arquitetônico, apresentando as fases em que é dividido um projeto, desde o início dos estudos, passan- do pelas etapas de desenvolvimento de projeto, etapas necessárias para aprovação do projeto arquitetônico pelos órgãos públicos, até a etapa de execução do projeto arquitetônico, expondo os requisitos necessários a cada etapa de projeto. A Unidade 4 abordará as condicionantes do projeto arquitetônico, discor- rendo sobre as condicionantes de implantação, topográficas, as ambientais e as condicionantes relacionadas às diretrizes urbanas, normas e legislações. A Unidade 5 tratará da circulação e acessibilidade nas edificações, abor- dando desde conceitos de acessibilidade, normativas e princípios que orien- tam a implantação de acessibilidade universal em projetos arquitetônicos, até a apresentação de parâmetros para o projeto de escadas e rampas. Na Unidade 6, será tratado o tema de coberturas dos edifícios. Apre- sentação dos principais tipos de coberturas e características construtivas, assim como os elementos que as compõem, seu dimensionamento e re- presentação gráfica. A Unidade 7 trata especificamente do projeto arquitetônico residen- cial, enfatizando suas características e peculiaridades. Apresenta requisi- tos necessários ao projeto residencial, além de recomendações quanto ao dimensionamento e organização dos espaços. Nesta unidade ainda são apresentados, como estudo de caso, projetos de arquitetura residencial. A Unidade 8, por sua vez, apresenta os requisitos e características do projeto de edifícios verticais, destacando as normas e recomendações para o dimensionamento e elaboração de escadas e elevadores em edifícios verticais, saídas de emergência e reservatórios de água, além de outras especificidades deste tipo de edificação. Por fim, a Unidade 9 fecha a discussão acerca do projeto arquitetônico, destacando estratégias para se projetar e realizar edificações mais ecoe- ficientes, abordando os conceitos de sustentabilidade e ecoeficiência e apresentando estratégias de projeto no que tange o melhor aproveitamento da iluminação e ventilação natural na edificação, economia de energia e redução do consumo e reaproveitamento de água. A unidade é finalizada com apresentação de edificações, como estudo de caso. Dessa forma, este livro busca contemplar os conteúdos necessários à formação de um profissional capacitado e atento às questões técnicas e criativas relacionadas à atividade de concepção de projetos arquitetônicos com qualidade estética e funcional, atendendo às demandas do mercado de trabalho e expectativas da sociedade, cumprindo, assim, seu papel social. CURRÍCULO DOS PROFESSORES Me. Andréia Gonçalves Darice Mestre em Engenharia Urbana pela Universidade Estadual de Maringá (2014), especialista em Conservação e Restauração do Patrimônio pela PUCPR (2016), graduada em Arquitetura e Urbanismo, pela Universidade Estadual de Maringá (2009). Atua desde 2013 na docência nos cursos de graduação e pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil e Design de Interiores, atuando nas áreas de Urbanismo, Projeto Arquitetônico e Paisagismo. Concomitante à docência, atua desde 2010 na concepção e execução de projetos de arqui- tetura e interiores. Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/1142136172729134 http://lattes.cnpq.br/1142136172729134 Entendendo o Projeto Arquitetônico 13 Elementos do Projeto Arquitetônico 33 Etapas do Projeto Arquitetônico 55 Condicionantes do Projeto Arquitetônico Circulação e Acessibilidade 79 103 Coberturas 129 Projeto Arquitetônico Residencial Projeto de Edifícios Verticais 197 Ecoeficiência nas Edificações 227 159 92 Coeficiente de aproveitamento 117 Elementos de uma escada 149 Desenho de um telhado 181 Ambientes Residenciais Utilize o aplicativo Unicesumar Experience para visualizar a Realidade Aumentada. PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Me. Andréia Gonçalves • Apresentar os principais conceitos da arquitetura. • Introduzir a compreensão de projeto arquitetônico. • Expor as principais tipologias de um projeto arquitetônico e suas características. • Apresentar o significado de programa de necessidades e sua importância no processo de projeto. • Compreender o significado do termo partido na produção de projeto. O que é Arquitetura? O Projeto Arquitetônico Programa de Necessidades Partido ArquitetônicoTipologias de Projeto Arquitetônico Entendendo o Projeto Arquitetônico O que é Arquitetura? Para entender o projeto arquitetônico, é preciso compreender o que é Arquitetura e como ela faz parte do nosso dia a dia. Para Roth (2017), a Arquitetura é a arte inevi- tável. Se pensarmos que estamos a todo momento em edifícios ou perto deles, entenderemos que a arquitetura nos toca constantemente, afeta nosso comportamento e condiciona nosso humor psico- lógico. Mais do que um mero abrigo ou proteção contra intempéries, a arquitetura é também re- gistro físico das atividades e aspirações humanas. Ainda segundo o autor (p. 45), “a arquitetura é a arte por meio da qual nos deslocamos, a arte que nos envolve”. Para Ching (2014, p. 2), “a arquitetura é uma disciplina muito complexa”. A maioria das pessoas passa toda a sua vida em contato constante com a arquitetura. Ela nos proporciona um lugar para morarmos, trabalharmos e nos divertirmos. Se- gundo o autor, “a arquitetura é tanto arte quanto ciência”, pois o projeto de arquitetura envolve tan- to aspectos estéticos e culturais quanto aspectos técnicos. Assim, segundo ele, a arquitetura “é uma disciplina artística que busca inventar por meio do projeto” (CHING, 2014, p. 2). 15UNIDADE 1 O arquiteto romano Marcos Vitrúvio escreveu, por volta de 25 a.C., que a arquitetura deve fornecer utilidade, firmeza e beleza. A utilidade significava o arranjo dos ambientes e dos espaços, sem criar dificuldades ao seu uso. A firmeza significava ter fundações sólidas e materiais construtivos escolhi- dos com propriedade. A firmeza é a parte mais aparente do edifício, que o faz “parar em pé”. Por sua vez, a beleza significava ter aparência agradável e de bom gosto, com partes em devida proporção, de acordo com os princípios de simetria. A tríade vitruviana, como foi chamado o conjunto desses três princípios, ainda permanece atualmente como a síntese primordial dos elementos da boa arquitetura (ROTH, 2017). Para Farelly (2014), a arquitetura é um tema complexo e fascinante. Os prédios estão ao nosso redor e compõem nosso mundo físico, assim sendo, fazer uma edificação exige vários níveis de pensamento e análise. “ A arquitetura define o mundo físico que nos cerca – por exemplo, um cômodo e os objetos que fazem parte dele. Ela pode ser uma casa, um arranha-céu, um conjunto de prédios [...] Seja qual for a escala da edificação,a arquitetura é desenvolvida aos poucos, do croqui do conceito ou do desenho técnico ao espaço ou prédio ocupado (FARELLY, 2014, p. 6-7). Por outro lado, a construção seria a concretização da arquitetura, que demonstra a sua dimensão física e sua materialidade. Nesse sentido, um edifício seria como uma máquina, em que uma série de partes e sistemas interdependentes trabalham de forma conjunta para que o todo seja eficaz e habitável. Assim, a edificação deve ser analisada tanto como uma estrutura macro, com cobertura, paredes e pisos, como também deve ser entendida como uma série de detalhes que demonstram como os componentes se encaixam e se complementam, contando com sistemas como as instalações de ventilação e refrigera- ção, as de calefação e iluminação, e proporcionar ambientes internos confortáveis (FARELLY, 2014). Uma definição bastante completa e clara do que é a arquitetura é a dada por Carlos Lemos (2003, p. 40-41), em seu livro “O que é Arquitetura”, em que ele afirma que a “arquitetura seria, então, toda e qualquer intervenção no meio ambiente criando novos espaços, quase sempre com determinada intenção plástica, para atender a necessidades imediatas ou a expectativas programadas”. Pode-se concluir, diante do que foi exposto, que a arquitetura é uma ciência bastante ampla e gene- ralista, que visa aliar conhecimentos artísticos e culturais, históricos e sociais, técnicos e ambientais, de modo a modificar o meio e criar espaços de qualidade e que atendam às necessidades da sociedade. 16 Entendendo o Projeto Arquitetônico O Projeto Arquitetônico O projeto arquitetônico, por sua vez, é a repre- sentação da arquitetura criada, idealizada para um determinado fim. Assim, cada projeto é um problema a ser resolvido. Para Montenegro (2016), o Projeto arquite- tônico é um plano, planejamento ou esquema, com finalidade definida, em que existe unidade formada por espaço, forma, volume, ritmo, cor e textura. Assim sendo, o autor afirma que o ato de projetar não é um processo racional, nem se- quencial, mas sim um processo intuitivo, livre, que não obedece a regras. Isso reforça a ideia de que a criatividade é fundamental no processo de projeto arquitetônico. Segundo Pahl et al. (2005), o engenheiro pro- jetista tem como missão encontrar soluções para problemas técnicos. Para isso, ele deve levar em consideração os conhecimentos de engenharia e condicionantes materiais, econômicas, tecno- lógicas, assim como restrições legais, ambientais e aquelas impostas pelo ser humano, tudo isso visando atender o objetivo prefixado. 17UNIDADE 1 O autor afirma, ainda, que as ideias, conhecimento e talento do engenheiro projetista irão determinar características técnicas, econômicas e ecológicas do produto desenvolvido. “ projetar é uma atividade intelectual, criativa, que requer uma base segura de conhecimentos nas áreas de matemática, física, química, mecânica, termodinâmica, mecânica dos fluidos, eletrotécnica, assim como de tecnologia de produção, ciência dos materiais e ciência do projeto, como também conhecimentos e experiências no campo a ser trabalhado. Concomitantemente, força de vontade, prazer em decidir, senso econômico, perseverança, otimismo e disposição em fazer parte de equipes são qualidades úteis, porém imprescindíveis para projetistas em postos de responsabilidade (PAHL et al., 2005, p. 1-2). Muitas vezes temos a tendência de confundir o projeto arquitetônico com o desenho arquitetônico, mas segundo Montenegro (2016), o desenho não é o mesmo que projeto, pois o processo de projeto ocorre na mente, na imaginação do projetista, enquanto o desenho é a sua representação, podendo ser técnica ou artística. O desenho é a forma de comunicar a ideia, tanto para os clientes como para os profissionais parceiros, executores e público em geral, enquanto o projeto é o processo de criar, idealizar o objeto, com base em critérios técnicos, ambientais, culturais, entre outros. Assim sendo, veremos, no decorrer deste livro, o processo de projeto e as condicionantes que interferem e determinam as decisões de projeto pelo projetista. 18 Entendendo o Projeto Arquitetônico As tipologias de projeto arquitetônico se tratam da classificação das edificações por tipos, de acor- do com o uso que elas devem abrigar. Algumas edificações são projetadas para atender a um tipo único de uso e algumas para usos multifuncionais. As tipologias de projeto são inúmeras e podem se modificar de acordo com a sociedade, seus costumes, aspectos culturais, econômicos, entre outros fatores. Abordaremos, nesta unidade, as principais tipologias arquitetônicas e suas características, sendo elas a residencial, comercial, hospitalar, es- colar, religiosa e cultural. Tipologias de Projeto Arquitetônico 19UNIDADE 1 • Arquitetura residencial: a mais conhecida por todos, pois estamos diariamente em contato com esse tipo de arquitetura. Ela tem a função primordial de nos fornecer abrigo, habitação. Uma edificação residencial (Figuras 1 e 2) pode ter dimensões bastante diferentes entre si, no entanto, devido ao uso exclusivamente residencial, o programa de necessidades será sempre, basicamente, o mesmo. Os ambientes e sua disposição em uma edificação residencial podem variar bastante de acordo com a cultura de cada lugar e os costumes dos moradores. Figura 1 - Exemplo de Edificação de tipologia residencial Figura 2 - Exemplo de Edificação de tipologia residencial As edificações para o uso residencial podem ser casas urbanas, ca- sas de campo ou veraneio, habitação de interesse social e também edifícios verticais (Figura 3), chamados de habitação multifamiliar, ou seja, onde habitam mais de uma família. Figura 3 - Exemplo de Edificação de tipologia residencial multifamiliar - edifício vertical 20 Entendendo o Projeto Arquitetônico As edificações residenciais também vão possuir características estéticas e plásticas distintas em cada região ou país, pois estes condicionantes são determinados, principalmente, por aspectos cul- turais e características ambientais de cada lugar. Assim, as soluções adotadas para o uso de deter- minado material, ou volumetria da edificação, depende dos costumes e padrões da região. • Arquitetura comercial ou corporativa: nes- sa tipologia se enquadram edificações que visam atender usos distintos dentro da te- mática comercial. Podem ser edifícios com lojas e espaços comerciais (Figura 4) que visam atender diferentes tipos de empre- sas e prestação de serviços ou edificações construídas para uma empresa específica ou um ramo de comércio específico. Des- tacam-se os edifícios verticais comerciais. • Arquitetura escolar: esta tipologia trata das edificações de uso escolar, públicas ou priva- das, do ensino infantil até as universidades. É uma tipologia com características e critérios bastante específicos e, juntamente com a re- sidência, o ambiente escolar é onde passamos boa parte do nosso tempo ao longo da vida. Enquadram-se os centros de educação infantil, escolas de ensino fundamental e médio, escolas de ensino técnico e profissionalizante, escola de idiomas, faculdades, centros universitários e universidades (Figura 6). Essa tipologia tem como característica que, normal- mente, não se tem um cliente específico, já que os espaços serão sublocados ou vendidos, mas sim uma tendência de mercado ou um perfil específico de em- preendedor que o projetista deve atender. Os shop- ping centers (Figura 5) são um exemplo deste tipo. Figura 4 - Edifícios corporativos na Marginal Pinheiros, São Paulo Figura 5 - Eastland shopping cen- tre, Melbourne, Australia Figura 6 - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, São Paulo Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. 21UNIDADE 1 Outro fator que torna o projeto deste tipo de edificação bastante complexo é que ela é espaço de pro- dução de conhecimento, em que o processo criativo deve ser explorado e a arquiteturapode e deve incentivar e fortalecer essas funções. Ela é, também, local de interação social, de trocas e promoção cultural. Assim sendo, o projetista deve estar atento às demandas dos espaços e sua simbologia, visando sempre a produção de espaços de qualidade e que atendam sua função primordial. • Arquitetura hospitalar ou de saúde: esta tipo- logia é composta por edificações voltadas ao atendimento dos usos da saúde. Composta princi- palmente por hospitais (Figura 7), mas também por todo estabeleci- mento de atendimento à saúde, como unidades básicas de saúde – os co- nhecidos postos de saú- de –, Unidades de Pron- to Atendimento, clínicas médicas e laboratórios. Figura 7 - Exemplo de edificação de tipologia hospitalar É uma tipologia de projeto arquitetônico complexo que envolve uma infinidade de condicionantes e de normativas e legislações que devem ser consideradas no projeto. Sem dúvida um grande desafio ao projetista. No Brasil e no mundo, existem especializações em arquitetura hospitalar, dada a sua complexidade. • Arquitetura cultural: este tipo de arquitetura abrange uma infinidade de subtipos, como exem- plo temos museus, bi- bliotecas, galerias de arte, ateliês, centros culturais (Figura 8), teatros, cine- mas, museus (Figura 9) entre outros, que tenham como função principal abrigar usos culturais. Figura 8 - Centro cultural Georges Pompidou - Paris, França 22 Entendendo o Projeto Arquitetônico Uma edificação de uso cultural pode ter um dos usos citados ou todos eles agrupados, o que de- finirá seu porte e complexida- de de projeto. Quanto maior o número de atividades culturais previstas, maior também será o programa de necessidades do edifício. Estes podem ser tanto de uso público quanto privado, com exploração comercial. • Arquitetura religiosa: a arquitetura religiosa é uma tipologia muito importante que teve muito destaque principalmente no período clássico, em que as catedrais e templos eram as principais edificações de destaque nas cidades. Esta tipologia é tomada por muita simbologia e pode va- riar bastante sua característica de acordo com a religião. Além das catedrais cristãs (Figura 10), outros edifícios se destacam, como os templos budistas e as mesquitas muçulmanas (Figura 11). O programa de necessidades e a disposição dos espaços também se alteram de acordo com a crença de cada religião. Figura 9 - Museu do amanhã - Rio de Janeiro Figura 10 - Catedral de Brasília, arquiteto Oscar Niemeyer Figura 11 - Mesquita em Abu Dhabi Esta tipologia de edificação é muito rica em detalhes arquitetônicos e formas, tendo, na maioria das vezes, a monumentalidade como principal característica. 23UNIDADE 1 Programa de Necessidades O programa de necessidades ou programa ar- quitetônico “é a relação de todos os cômodos, ambientes, ou elementos arquitetônicos previs- tos para o edifício” (NEVES, 2012, p. 30). Assim sendo, ele é construído juntamente com o clien- te, levando em consideração suas características, cultura, preferências, costumes e o modo de usar um espaço ou desempenhar determinada função. Assim, o programa traduz os espaços onde serão desenvolvidas as funções e atividade pre- vistas para a edificação (NEVES, 2012). Portanto, o programa se caracteriza em uma listagem ou quadro, com todos os ambientes/funções neces- sários na edificação. O programa de necessidades não visa apenas listar ambientes, mas funções necessárias ou exi- gidas para a tipologia arquitetônica. Neves (2012) cita o exemplo de uma residência, em que inúme- ras funções devem ser desenvolvidas: desde fazer as refeições, preparo e cozimento de alimentos, lavagem de utensílios e roupas, repouso, lazer e recreação, guarda de veículos e materiais domés- ticos, serviços domésticos, contemplação e lei- 24 Entendendo o Projeto Arquitetônico tura, entre outros. Assim, cada função pode ser representada no programa por um ambiente ou serem conjugadas várias funções em um mesmo ambiente. Isso ocorre, também, com as demais tipologias de projeto. Segundo Ching (2014), o programa de necessi- dades deve considerar as dimensões espaciais exi- gidas pelas atividades, ou seja, o tamanho de cada ambiente, assim como as relações de proximidade e adjacência entre as funções, as relações entre espaços servidos e de serviço e o zoneamento de usos públicos e privados, de acordo com cada ti- pologia arquitetônica (CHING, 2014). Vejamos, no Quadro 1, alguns exemplos de programa de necessidades, de acordo com a ti- pologia de projeto: Quadro 1 - Programa de necessidades: casa de veraneio x escola de 1º grau PROGRAMA DE NECESSIDADES Casa de veraneio Escola de 1° grau • Varanda • Sala de estar • Bar • Suíte do casal • Suíte dos filhos • Quarto de visitas • Banheiro social • Copa e cozinha • Área de serviço • Quarto e banheiro de empregada • Garagem • Entrada • Sala de espera • Secretaria • Diretoria • Sala de administração • Arquivo • Sala de professores • Sala de reuniões • Coordenação pedagógica • Pátio coberto • Cantina • Depósito • Sanitário de alunos • Sanitário de professores • Salas de aula • Entrada de funcionários • Vestiário de alunos • Sanitário e vestiário de funcionários • Auditório • Biblioteca • Quadra poliesportiva Fonte: adaptado de Neves (2012). Pode-se observar que o programa de necessidades é bastante distinto nos dois exemplos, pois se tra- tam de edificações que têm por objetivo atender funções diferentes. Assim, quanto maior o número de funções ou atividades a serem desenvolvidas na edificação, mais complexo será desenvolver o programa de necessidades. Uma orientação importante para a construção de um programa de necessidades, principalmente quando se trata de um tema arquitetônico novo para o projetista, é estudar projetos semelhantes, buscando entender melhor as funções do edifício, os ambientes necessários e suas relações espaciais. A essa pesquisa damos o nome de estudo correlato. 25UNIDADE 1 O programa é, então, uma forma de registrar, em forma de documento, as necessidades que a edificação tem de satisfazer. É um meio importante de transmitir informações entre os envolvidos no projeto, entre projetista e clientes, assessores, usuários etc. Constitui-se como a base do projeto arquitetônico, sendo uma fonte de inspiração para o projetista, principalmente se este programa contiver, além de anotações, esboços gráficos. O programa contribui também para se verificar a viabilidade do projeto e determinar o orçamento da construção (VOORDT, 2013). Segundo Voordt (2013, p. 77), “elaborar o programa de necessidades, projetar e construir são as três atividades principais envolvidas no processo construtivo”. Estudo correlato é a pesquisa realizada em arquitetura para estudo e análise de obras semelhantes (correlatas) ao tema que se deve projetar. Esta análise tem por objetivo dar referências ao projetista de como trabalhar com o tema. Neste estudo, são analisados aspectos funcionais, estéticos, espaciais, técnicos, tais como: local de inserção, soluções topográficas, programa de necessidades, composição estética, sistema construtivo, materiais utilizados, entre outros. 26 Entendendo o Projeto Arquitetônico Partido Arquitetônico Neste tópico, será abordado o termo partido ar- quitetônico, específico da área de arquitetura e projeto arquitetônico. Contudo, o que seria o par- tido arquitetônico? Para Neves (2012, p. 7), o partido é “a ideia preliminar do edifício projetado”. Definição se- melhante a dada por Oliveira (2015, p. 35) de que “o partido é, por hipótese, uma prefiguração do objeto, que o projetista elege como ponto de par- tida e fio condutor”. Outra definição para o partido arquitetônico é que ele seria o esboço conceitual, uma conse- quência formal derivada da escolha de uma série de condicionantes ou de determinantes que de- terminarão a concepção do projeto. São exemplos de condicionantes a localização; condições físicas e topográficas do sítio; clima, ventos, insolação, chuvas; atécnica construtiva; programa de ne- cessidades; legislação, normas e códigos de obra; recursos financeiros; financiamento; tempo de construção; tecnologia disponível etc. (LEMOS, 2003; MONTENEGRO, 2016). 27UNIDADE 1 Desta forma, pode-se entender que partido é a ideia primária de organização de um projeto de arquitetura (CHING, 2014). Uma vez que projetar é idealizar algo a ser feito, no caso da arquitetura, é idealizar o edifício a ser construído (NEVES, 2012). Para que você compreenda melhor o termo, vamos explorar o texto de Neves (2012, p. 15), em que o autor defende que “ Idealizar um projeto requer, pelo menos, dois procedimentos: um em que o projetista toma a reso- lução de escolha dentre inúmeras alternativas, de uma ideia que deverá servir de base ao projeto do edifício do tema proposto; e outro em que a ideia escolhida é desenvolvida para resultar no projeto. É do primeiro procedimento, o da escolha da ideia, que resulta o partido, a concepção inicial do projeto do edifício, a feitura do seu esboço. Segundo o autor, é justamente no processo de escolha da ideia que servirá de base para o desenvol- vimento do projeto que resulta o partido arquitetônico do projeto arquitetônico. Outro aspecto a se destacar é que o partido seria uma criação autoral e inventiva, ou seja, é particular de cada projetista e deriva de um processo criativo e inventivo dele. Montenegro (2007) tem uma definição semelhante para o partido: segundo ele, é a etapa de projeto onde as primeiras ideias afloram e são esboçadas pelo projetista, já que, como vimos, o projeto surge na mente e o desenho é a forma de transpor esse projeto para o papel. Assim, pode-se entender o partido como a ideia inicial do projeto, determinada por condicionantes do projeto que conduz o desenvolvimento do edifício. Outro termo muito utilizado no processo de criação e desenvolvimento de projeto, neste caso, não só nas áreas de arquitetura e engenharia civil, mas também em áreas de design, moda e publicidade, é o conceito. Segundo Ching (2014, p. 220), “o conceito é uma ideia ou uma imagem mental capaz de gerar e guiar o desenvolvimento de um projeto”. 28 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. Baseado nos conceitos trabalhados nesta unidade e com as referências da sua casa, monte um programa de necessidades para uma residência. 2. A imagem a seguir ilustra o Centro Internacional de Negócios de Moscou, um complexo de edifícios comerciais na Rússia. O complexo se enquadra em qual tipologia arquitetônica? a) Residencial. b) Corporativa. c) Cultural. d) Religiosa. e) Residencial multifamiliar 3. Diferencie projeto arquitetônico de desenho arquitetônico. 29 Introdução à Arquitetura Autor: Francis Ching Editora: Bookman Sinopse: esta é uma das obras de introdução à arquitetura mais completas. Apresenta de forma extremamente gráfica os principais aspectos da arquitetu- ra, incluindo arquitetura de interiores e urbanismo. É um verdadeiro guia para aqueles que estão iniciando a carreira ou para os apaixonados por desenho e projeto de arquitetura. LIVRO Teoria e prática do partido arquitetônico O texto aborda a questão da adoção do partido no projeto arquitetônico, dis- cutindo, por meio da citação de diversos autores, definições e explicações para o tema. WEB https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2834 30 CHING, F. D. K. Introdução à arquitetura. Tradução Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2014. FARELLY, L. Fundamentos de arquitetura. Tradução Alexandre Salvaterra. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. LEMOS, C. O que é arquitetura. São Paulo: Brasiliense, 2003. MONTENEGRO, G. A. Desenho de projetos. 1. ed. São Paulo: Blucher, 2007. MONTENEGRO, G. A. O traço dá ideia: bases para o projeto de arquitetura. São Paulo: Blucher, 2016. NEVES, L. P. Adoção do partido na arquitetura. 3. ed. Salvador: EDUFBA, 2012. OLIVEIRA, R. C. de. Construção, composição, proposição: o projeto como campo de investigação epistemológica. In: CANEZ, A. P.; SILVA, C. A. (org). Composição, partido e programa: uma revisão crítica de conceitos em mutação. Porto Alegre: Editora UniRitter, 2015. PAHL, G.; BEITZ, W.; FELDHUSEN, J.; GROTE, K-H. Projeto na engenharia: fundamentos do desenvolvi- mento eficaz de produtos, métodos e aplicações. Tradução Hans Andreas Werner; revisão Nazem Nascimento. São Paulo: Blucher, 2005. ROTH, L. M. Entender a arquitetura: seus elementos, história e significado. Tradução Joana Canêdo. São Paulo: Gustavo Gili, 2017. VOORDT, T. J. M. van der. Arquitetura sob o olhar do usuário. Tradução Maria Beatriz de Medina. São Paulo: Oficina de Textos, 2013. 31 1. Como foi dito no decorrer da unidade, o programa de necessidades pode variar bastante de acordo com o perfil dos clientes e suas preferências, mas, de modo geral, o programa de necessidades de uma residência possui elementos semelhantes. Exemplo: 3 quartos, sendo 1 suíte Banheiro social Sala Cozinha Área de serviço/lavanderia Garagem Churrasqueira/área de lazer 2. B. Como pudemos ver ao longo desta unidade, os edifícios que abrigam funções comerciais se enquadram na tipologia comercial ou corporativa. 3. Enquanto o projeto é o processo de criar, idealizar algo, que nasce na mente do projetista, sendo um processo intuitivo e criativo, um processo autoral, o desenho arquitetônico é a forma de representar o projeto idealizado pelo projetista. 32 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Reconhecer os elementos que compõem a representação do projeto arquitetônico. • Apresentar os elementos gráficos de projeto que com- põem os planos horizontais. • Apresentar os elementos gráficos de projeto que com- põem os planos verticais. • Expor os elementos gráficos complementares do projeto arquitetônico. • Apresentar os elementos textuais como legendas e tabe- las, que compõem o projeto arquitetônico. Os Elementos Gráficos do Projeto Planos Horizontais Perspectivas e Modelos Físicos Elementos TextuaisPlanos Verticais Me. Andréia Gonçalves Elementos do Projeto Arquitetônico Os Elementos Gráficos do Projeto Esta unidade abordará a representação gráfica do projeto Arquitetônico. Como abordado na Uni- dade 1, desenho arquitetônico e projeto arquite- tônico são coisas distintas, enquanto o desenho é a representação da ideia que está na mente do projetista, tornando visível o que foi imaginado, permitindo a comunicação das ideias do proje- to e o registro da evolução do processo criativo (MONTENEGRO, 2007), o projeto é o objeto que foi idealizado pelo projetista, sendo representado graficamente pelo desenho. Enquanto o projeto é um documento demonstrativo do algo idealizado, documento explicativo do edifício projetado, o desenho é a linguagem própria para explicar o projeto arquitetônico (NEVES, 2012). O desenho é uma ferramenta fundamental para comunicar as ideias de projeto, é por meio dele que os projetistas – arquitetos, engenheiros, designers – transmitem suas ideias para o papel, para que possam ser vistas e discutidas com ou- tros profissionais e clientes e para que possam ser executadas. Farelly (2014) lembra que a arquite- tura é uma linguagem visual, e os arquitetos se comunicam por meio de desenhos, maquetes e dos espaços e lugares que constroem. 35UNIDADE 2 Os desenhos de projeto podem ser esboços, croquis, desenho técnico feito por instrumento, desenhos auxiliados pelo computa- dor, podendo ser em 2 ou 3 dimensões. Os desenhos finais de projeto devem seguir normas, permitindo que ele seja compreendido em qualquer país. No Brasil, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) é a responsável por ela- borar e atualizar as normas de desenho e representação de projetos. Segundo a NBR 13532 (ABNT, 1995), as informações técnicas que são produzidas durante as etapas de elaboração do projeto de arquitetura devem ser apresentadas em documentos técnicos, podendo ser de tipos distintos como: desenhos, textos, planilhas e tabelas, fluxogramase cronogramas, fotografias, maquetes, entre outros. Os desenhos se dividem em representações dos planos ho- rizontais e verticais da edificação, além de representações em três dimensões. Nos tópicos seguintes, conheceremos melhor cada tipo de desenho e quais suas funções na representação do projeto. Croqui é o nome dado a desenhos de estudos, feitos a mão livre, portanto sem escala precisa, porém estes mantêm as proporções do objeto. São muito comuns na etapa de desenvolvimento inicial do pro- jeto, como no estudo de possibilidades e para definir o partido arquitetônico. 36 Elementos do Projeto Arquitetônico Os elementos do plano horizontal são caracteri- zados pelas plantas: planta de situação, planta de locação, planta de cobertura, planta baixa, planta layout, entre outras (MONTENEGRO, 2017). A planta de situação compreende o partido arquitetônico em seus múltiplos aspectos, con- tendo informações de acordo com o tipo, porte e função da edificação (NBR 6492) (ABNT, 1994). A normativa citada reforça que, para a aprovação em órgãos oficiais, a planta deve conter as infor- mações completas do terreno. Planos Horizontais 37UNIDADE 2 Figura 1 - Planta de situação Fonte: Montenegro (2017, p. 53). NORTE QUADRA G QUADRA F Q UA D RA CQUADRA B Q U A D RA H RU A D O M A N D AC A RU Q U A D RA E IGREJA BECO DO PIRULITO 1 10 9 8 7 6 5 432 20 ,0 0 10,00 RU A D O C AL U N G A RUA DE HORTAS Sentido da descida Contorno da parede Ela tem a função de não mos- trar apenas a edificação ou o terreno, mas tudo que está em seu entorno imediato e que seja relevante para o entendimento e execução do projeto. A Planta de cobertura tem por objetivo mostrar a cobertura (telhado) da edificação, enquan- to a planta de locação objetiva mostrar a construção dentro do terreno. As plantas de locação e cobertura podem ser represen- tadas em um desenho único (MONTENEGRO, 2017), neste caso, ela é mais comumente co- nhecida como Implantação. A implantação ou planta de locação não mostra apenas o terreno, mas elementos como árvores, construções existentes, postes, calçada, pontos de refe- rência e construções vizinhas, além das informações necessá- rias dos projetos complementa- res, como o movimento de terra, arruamento, redes hidráulica, elétrica e de drenagem, entre outros. A planta de locação, como o próprio nome destaca, permite a locação da constru- ção no terreno (ABNT 1994; MONTENEGRO, 2017). Figura 2 - Planta de Cobertura Fonte: Montenegro (2017, p. 49). 38 Elementos do Projeto Arquitetônico Figura 3 - Planta de Locação ou Implantação Fonte: Montenegro (2017, p. 50). 20 ,0 0 12,00 2,00 NORTE MEIO FIO RUA CALÇADA 5, 00 A Planta baixa se trata da plan- ta de edificação, sendo carac- terizada pela vista superior de um plano secante horizontal, localizado a 1,50 m do piso de referência. De acordo com o que estabelece a NBR 6492 (ABNT, 1994), esta altura pode variar, visando todos os elementos ne- cessários ao entendimento do projeto. De acordo com a quan- tidade de pavimentos da edifi- cação, as plantas da edificação podem ser do térreo, subsolo, pavimento-tipo, sótão, cobertu- ra, entre outros (ABNT, 1994). 39UNIDADE 2 Figura 5 - Exemplo de planta baixa Por meio da planta baixa, pode-se compreender como a edificação funciona, o programa de necessi- dades, dimensões dos ambientes, conexão entre os espaços, localização das aberturas, revestimentos de piso e, até mesmo, o layout interno. Ele é um dos principais desenhos na apresentação de projeto, sendo também o mais comum. Outras plantas podem ser construídas de acordo com a necessidade do projeto, como planta espe- cífica do layout interno, plantas de gesso/forro, plantas de iluminação e também as plantas dos projetos complementares, como instalações hidráulicas e elétricas. Figura 4 - Exemplo de planta baixa residencial 40 Elementos do Projeto Arquitetônico Os planos verticais do projeto arquitetônico são compostos pelos cortes, fachadas e elevações. Os cortes são planos secantes verticais que dividem a edificação em duas partes. Os cortes podem ser no sentido longitudinal ou transversal da edificação, devendo ser posicionados no dese- nho de modo que mostrem o maior número de informações e detalhes construtivos do edifício. Os cortes ainda podem ser deslocados, visando mostrar algum detalhe construtivo importante (ABNT, 1994). Segundo Montenegro (2017), os cortes devem mostrar detalhes da edificação, como altura das portas e das janelas, altura do forro ou do pé-di- reito dos ambientes, inclinação da cobertura, en- tre outros detalhes. Recomenda-se que os cortes passem por escadas e banheiros, demonstrando altura e detalhes dos degraus, detalhes da altura dos revestimentos do banheiro, etc. Planos Verticais 41UNIDADE 2 Figura 6 - Exemplo de corte de edifício vertical Figura 7 - Exemplo de corte em edificação residencial 42 Elementos do Projeto Arquitetônico Figura 8 - Exemplo de cortes em diferentes posições da edificação Os cortes não são elementos apenas da etapa de projeto final, ao contrário, estes desenhos aparecem normalmente desde a etapa de estudo, pois auxiliam ao projetista entender e analisar as soluções de sistema construtivo, adaptação à topografia do lote, definir altura de pé-direito e alturas totais da edificação, entre outros. Outro elemento do plano vertical do projeto são as fachadas. Estas se caracterizam como a represen- tação gráfica de planos externos da edificação (ABNT, 1994). As fachadas são os desenhos responsáveis por mostrar como a edificação ficará quando finalizada, demonstrando materiais de acabamento, cores e detalhes plásticos da edificação. Figura 9 - Exemplo de fachadas frontal e lateral Elas são representadas no proje- to final, tanto por desenhos téc- nicos, como por desenhos mais humanizados, coloridos, visan- do, por exemplo, a apresentação do projeto para o cliente ou em- preendedor, pois, com a huma- nização, o desenho se aproxima mais da realidade e ajuda na sua interpretação por leigos. 43UNIDADE 2 Figura 10 - Exemplo de fachada humanizada As elevações são parecidas com as fachadas, mas são chamadas assim porque se tratam da represen- tação gráfica de planos internos do edifício ou de elementos específicos. Elas são muito utilizadas no projeto de interiores. As elevações, assim como as fachadas, apresentam informações de materiais de acabamento, cores e detalhes do edifício. Figura 11 - Exemplo de fachada e elevação humanizadas 44 Elementos do Projeto Arquitetônico Perspectivas e Modelos Físicos Estes elementos são compostos por desenhos em 3 dimensões, como as perspectivas feitas à mão livre ou com auxílio de instrumento, ou pelos ele- mentos construídos com auxílio do computador, as chamadas maquetes eletrônicas. Os modelos físicos são as chamadas maquetes, construídas por diversos materiais e em diversas escalas para representar a edificação, o terreno ou algum de- talhe construtivo específico. 45UNIDADE 2 Figura 12 - Exemplo de perspectiva Estes elementos são importantes, pois dão tridimensionalidade ao projeto, o que permite mais fácil compreensão de sua volumetria; para o cliente, sem dúvida é um ótimo recurso, para que as ideias do projetista sejam compreendidas. Figura 13 - Exemplo de maquete física São ferramentas importantes tanto para demons- trar o projeto finalizado como para o estudo de formas e volumes do próprio projetista durante o processo de projeto. Figura 14 - Exemplo de maquete física de estudo As perspectivas ou maquetes podem mostrar o edi- fício como um todo ou partes mais relevantes. São usadas também de forma explodida para mostrar detalhes internos e detalhes do sistema construtivo. 46 Elementos do Projeto Arquitetônico Figura 15 - Exemplos de maquetes eletrônicas explodidas mostrando o interior da edificação Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor deQR Code. 47UNIDADE 2 Os elementos textuais são todos os elementos de texto, tabelas, planilhas, dados que visam comple- mentar as informações de projeto que não apare- cem em sua totalidade no desenho arquitetônico. Segundo a NBR 6492 (ABNT, 1994), os ele- mentos textuais são o programa de necessidades, o memorial justificativo do projeto, discrimina- ção técnica, especificações, listas de materiais e orçamento. Podem ser inseridos como elementos textuais complementares os estudos de viabilida- de técnica do projeto. O programa de necessidades, como já foi tra- tado na unidade anterior, é um documento pre- liminar do projeto que contém o levantamento das informações necessárias para a elaboração do projeto, no que se refere aos ambientes e funções, assim como as necessidades do contratante que a edificação deve atender. Ele pode ser expresso por meio de uma listagem ou planilhas que incluam o pré-dimensionamento de áreas de cada ambiente/ função (ABNT, 1994; ABNT, 2017). Elementos Textuais 48 Elementos do Projeto Arquitetônico O memorial justificativo se trata de um texto em que se evidencia o atendimento às condições estabelecidas no programa de necessidades. Ele também é responsável por apresentar o partido ar- quitetônico adotado pelo projetista (ABNT, 1994; ABNT, 2017), assim como as principais estratégias e soluções adotadas, principalmente as que se referem às questões plásticas e volumétricas. A discriminação técnica é um documento que tem por objetivo descrever, de forma completa e precisa, os materiais de construção utilizados, indicando onde estes materiais serão aplicados e quais as técnicas necessárias para sua execução (ABNT, 1994). Por outro lado, as especificações são recomendações anexadas ao projeto destinada a fixar caracte- rísticas e requisitos exigíveis para matérias-primas, produtos semifabricados, elementos de construção, materiais ou produtos industriais semiacabados que serão utilizados na execução do projeto, visando garantir a qualidade dos serviços (ABNT, 1994). A lista de materiais trata-se de um levantamento quantitativo de todos os materiais que foram especificados no projeto, devendo conter todas as informações necessárias para a sua aquisição. O orçamento, por sua vez, é um documento que demonstra a avaliação de custos, tais como serviços, materiais, mão de obra e taxas relacionadas à execução do projeto proposto. O estudo de viabilidade técnica de arquitetura é um documento que visa identificar a viabilidade de se desenvolver e executar determinado projeto que se planeja. Além de possuir elementos como desenhos (esquemas gráficos, diagramas e histogramas), o estudo de viabilidade também se apresenta em forma de texto, em forma de relatórios técnicos (ABNT, 2017). 49 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. Descreva quais as diferenças entre a Implantação e a Planta de Cobertura. 2. Os cortes são planos secantes verticais que dividem a edificação em duas partes. Eles devem mostrar o maior número de informações e detalhes construtivos do edifício. Quais os elementos e informações que um corte deve mostrar? Cite ao menos 3 elementos. 3. A planta baixa de uma edificação é um dos principais desenhos na apresentação de projeto, sendo também o mais comum, pois nela encontramos diversas informações importantes do projeto. Cite 4 informações demonstradas na planta baixa. 50 Desenho Arquitetônico Autor: Gildo Montenegro Editora: Blucher Sinopse: este é um livro de consulta para desenhistas, técnicos de edificações, arquitetos e engenheiros. Ele mostra o uso dos instrumentos de desenho, con- venções gráficas, normas técnicas, detalhes construtivos e vocabulário técnico, além de apresentar as medidas dos equipamentos usuais de uma habitação. É fartamente ilustrado e demonstra que um livro técnico não tem que ser chato: nele cabe também o humor, se o leitor tiver isto e imaginação. Comentário: o livro aborda o passo a passo do desenho arquitetônico, assim como os elementos gráficos que compõem um projeto arquitetônico, elementos construtivos e principais elementos construtivos de uma edificação. LIVRO 51 ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6492:1994. Representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro, 1994. ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13532:1995. Elaboração de projetos de edificações – Arquitetura. Rio de Janeiro, 1995. ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16636-1:2017. Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos – Parte 1: Diretrizes e terminologia. Rio de Janeiro, 2017. FARELLY, L. Fundamentos de arquitetura. Tradução: Alexandre Salvaterra. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. MONTENEGRO, G. A. Desenho de projetos. 1. ed. São Paulo: Blucher, 2007. MONTENEGRO, G. A. Desenho arquitetônico. 5. ed. rev. ampl. São Paulo: Edgard Blucher, 2017. NEVES, L. P. Adoção do partido na arquitetura. 3. ed. Salvador: EDUFBA, 2012. 52 1. A implantação de uma edificação é um desenho que deve mostrar todo o terreno e a localização da edificação dentro dele. Aparecem nela elementos presentes no terreno, tais como árvores, construções existentes, postes, calçada etc., enquanto a Planta de Cobertura tem como objetivo demonstrar como será a cobertura da edificação, número de águas, inclinação, tipo de telha e outros detalhes necessários à compreensão do projeto. 2. Os cortes devem demonstrar detalhes como: • Altura das portas e das janelas. • Altura do forro ou do pé-direito dos ambientes. • Inclinação da cobertura. • Altura e detalhes dos degraus em escadas. • Altura dos revestimentos do banheiro. 3. A Planta baixa deve demonstrar informações como: • O atendimento ao programa de necessidades. • Dimensões dos ambientes. • Conexão entre os espaços. • Localização das aberturas. • Tipos de revestimentos de piso. • Layout interno (mobiliário). 53 54 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Compreender em quais etapas é dividido um projeto e qual a importância de cada etapa no processo de projeto. • Apresentar as etapas que compõem o início do estudo e desenvolvimento do projeto. • Apresentar as etapas que se consolidam como desenvol- vimento de projeto, suas características e especificidades. • Conhecer as etapas necessárias para que um projeto ar- quitetônico seja aprovado e liberado pelos órgãos públicos. • Expor os requisitos necessários à etapa de execução de um projeto arquitetônico. As Etapas de um Projeto Arquitetônico Etapas do Pré-Projeto Etapas para Aprovação Legal do Projeto Etapa de Execução e Posteriores Etapas de Desenvolvimento Me. Andréia Gonçalves Darice Etapas do Projeto Arquitetônico As Etapas de um Projeto Arquitetônico Esta unidade abordará as etapas do projeto ar- quitetônico, destacando o processo de projeto e as fases pelas quais ele passa até se tornar uma obra edificada. 57UNIDADE 3 De acordo com Montenegro (2007), um pro- jeto arquitetônico passa por diversas etapas, que são definidas por ele como: primeiramente o de- sejo do cliente ou do próprio arquiteto (projetista) em realizar o projeto; a partir daí vem a etapa de coleta de dados, definição do programa de neces- sidades e dos usos, assim como o levantamento de dados de projetos anteriores, que possam ser úteis ao projeto em questão. A partir de então, as primeiras ideias são esboçadas pelo projetista e os esboços são refinados para se chegar em um projeto definido, em que um esboço é escolhido e aperfeiçoado. A próxima etapa, segundo o autor, seria os primeiros traços do anteprojeto, seguidos de correções, chegando ao projeto definitivo. Com o projeto definitivo em mãos, vem o processo de especificações e acabamentos. A etapa seguinte é a aprovação do projeto pelo cliente e pelos órgãos públicos, permitindo, assim, a etapa de execução. Muitos poderiam pensar que se findam nesse mo- mento as etapas do projeto, mas, de acordo com Montenegro(2007), deve-se considerar, ainda, uma etapa, a de exame do projeto construído vi- sando identificar erros e acertos. “ O projeto arquitetônico é parte central do projeto completo de edificação, conjunto de projetos das diversas especialidades neces- sárias para a execução de uma edificação. Estes projetos são desenvolvidos por meio de uma abordagem evolutiva, caracterizada por etapas e fases, e também consideran- do-se tempos simultâneos para atividades complementares de diversas especialidades que têm que ser coordenadas e integradas (ABNT, 2017b, p. 5). Segundo Montenegro (2016), o processo de pro- jeto passa por etapas de formulação de alterna- tivas possíveis, e a representação técnica é parte do processo. De acordo com Neves (2012), projetar um edifício é um ato de criação, sendo fruto da ima- ginação criadora, da sensibilidade do projetista, sua intuição e percepção. Assim, segundo o au- tor, o ato de projetar se divide em três principais etapas: a primeira se trata da coleta e análise das informações básicas; a segunda se caracteriza pela adoção do partido arquitetônico, transpondo para o papel a formulação conceitual do projeto; e a ter- ceira é a da solução final, o projeto arquitetônico, produzindo o projeto executivo (NEVES, 2012). Por outro lado, para Lawson (2005 apud KO- WALTOWSKI et al., 2011), a sequência essencial no processo de projeto é a análise, a síntese e a avaliação (Figura 1). Essa sequência de processo de projeto contém as etapas de projeto. Figura 1 - Ciclo de uma sequência de decisões de projeto proposto por Lawson Fonte: Lawson (2005 apud KOWALTOWSKI et al., 2011, p. 88). Se analisarmos o modelo de processo de projeto proposto por Markus (1971 apud KOWALTO- WSKI et al., 2011), veremos que cada etapa do processo de projeto é composta por uma sequên- cia de análise, síntese e avaliação, para se chegar na melhor alternativa (Figura 2). Análise SínteseAvaliação 58 Etapas do Projeto Arquitetônico Figura 2 - Modelo de processo de projeto e sequência de decisões proposto por Markus Fonte: Markus (1971 apud KOWALTOWSKI et al., 2011, p. 86). Saída Esboço Desenvolvimento DetalhamentoDecisão Análise Síntese Avaliação Análise Síntese Avaliação Análise Síntese Avaliação Entrada Decisão Decisão Na visão de Farrelly (2014), independentemente da complexida- de, o projeto tem uma linha do tempo que demonstra cinco etapas fundamentais do projeto e sua execução, sendo elas o conceito, a análise do terreno, o desenvolvimento do projeto, o detalhamento e a construção e resultado. Além dos vários autores que abordam as etapas de projeto arquite- tônico, a ABNT, por meio da NBR 16636-2 (2017b, p. 8-9), de maneira mais pragmática, estabelece duas fases principais para o desenvolvi- mento do projeto de arquitetura, sendo elas a fase de preparação e a fase de elaboração e desenvolvimento de projetos técnicos. Cada fase é subdividida em uma série de etapas de projeto. A primeira fase se divide nas etapas de: 59UNIDADE 3 • Levantamento de informações preliminares. • Programa geral de necessidades. • Estudo de viabilidade do empreendimento. • Levantamento das informações técnicas específicas, as quais, segundo a NBR, devem ser levantadas junto ao empreendedor ou contratadas no projeto. Por sua vez, a segunda fase, a de elaboração e desenvolvimento dos projetos, divide-se nas seguintes etapas: • Levantamento de dados para arquitetura, em que se levantam informações técnicas específicas. • Programa de necessidades para arquitetura. • Estudo de viabilidade de arquitetura. • Estudo preliminar arquitetônico. • Anteprojeto arquitetônico. • Projeto para licenciamentos. • Estudo preliminar dos projetos complementares. • Anteprojetos complementares. • Projeto executivo arquitetônico. • Projetos executivos complementares. • Projeto completo de edificação. • Documentação conforme construído, o chamado “as built”. O infográfico a seguir ilustra as duas fases e suas respectivas etapas. Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. 60 Etapas do Projeto Arquitetônico FASES DOS PROJETOS ARQUITETÔNICOS E COMPLEMENTARES DA EDIFICAÇÃO FASE 1 ATIVIDADES PREPARATÓRIAS FASE 2 ETAPAS DE ELABORAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS TÉCNICOS Estudo preliminar arquitetônico (EP-ARQ) Estudo de viabilidade de arquitetura (EV-ARQ) Anteprojeto arquitetônico (AP-ARQ) Projeto para licenciamento (PL) Levantamento de informações preliminares (LV-PRE) Programa geral de necessidades (PGN) Estudo de viabilidade do empreendimento (EVE) Levantamentos de informações técnicas específicas (LVIT-ARQ) Estudo preliminar dos projetos complementares (EP-COMP) Projetos executivos completos de edi�cações (PECE) OBRA Anteprojetos complementares (AP-COMP) Projetos executivos arquitetônicos (PE-ARQ) Projetos executivos complementares (PE-ARQ) Pr oc es so s de co m pa ti bi liz aç ão DUCUMENTAÇÃO CONFORME COSTRUÍDO (AS BUILT) Figura 3 - Fases dos projetos arquitetônicos Fonte: adaptada de ABNT (2017b). Nos próximos tópicos, serão abordadas as etapas de projeto e suas especificidades. 61UNIDADE 3 Etapas do Pré-Projeto Neste tópico, serão abordadas as etapas e proces- sos de projeto que fazem parte do pré-projeto ou etapa inicial de preparação para o desenvolvi- mento dos projetos técnicos, atividades estas que serão base para a formulação das ideias de projeto e seu desenvolvimento, culminando na etapa de execução da obra. Fazem parte desta etapa as atividades de desen- volvimento de pesquisas sobre o terreno em que a edificação será implantada, organogramas, orça- mentos, levantamento de regulamentos oficiais e estimativas de custos do projeto. Estas pesquisas terão como resultado a criação de relatórios téc- nicos, esboços preliminares, diagramas, plantas, cortes, perspectivas, fotografias e até maquetes (ABNT, 2017b; MONTENEGRO, 2016). Segundo a NBR 16636-2 (ABNT, 2017b), nesta etapa, deve-se levantar as informações a respeito da legislação (municipais, estaduais ou federais) que incida sobre o lote onde a edificação será construída, assim como as características do ter- reno, como a topografia, orientação solar, ventos predominantes, edificações existentes, caracterís- ticas do entorno, entre outros. Estas informações serão fundamentais ao projetista para desenvolver 62 Etapas do Projeto Arquitetônico as ideias de projeto. Segundo Farrelly (2014), entender o terreno, seu entorno imediato e o contexto urbano maior permite que o projeto tenha uma conexão mais adequada com ele. De acordo com a NBR 16636-2 (ABNT, 2017b), as etapas ini- ciais incluem, também, a formulação do programa de necessida- des, devendo apresentar as informações necessárias à concepção arquitetônica da edificação, como: os ambientes previstos, caracte- rísticas, exigências, número, idade e permanência dos usuários em cada ambiente; características funcionais ou das atividades a serem desempenhadas em cada ambiente; características, dimensões e serviços dos equipamentos e mobiliário; exigências ambientais, níveis de desempenho; e instalações especiais (elétricas, mecânicas, hidráulicas e sanitárias). O programa de necessidades pode ser expresso, segundo a NBR VARANDA SALA DE ESTAR BAR SALA DE JANTAR SANITÁRIO SOCIAL SUÍTE SOCIAL SUÍTE DOS FILHOS QUARTO DE HÓSPEDES COPA - COZINHA ÁREA DE SERVIÇO GARAGEM QUARTO DE EMPREGADA SANITÁRIO DE EMPREGADA TIPOS DE LIGAÇÕES ELEMENTOS DO PROGRAMA — 1º GRAU (LIGAÇÃO DIRETA) — 2º GRAU (LIGAÇÃO INDIRETA) — 3º OU + GRAUS (LIGAÇÃO REMOTA) 16636-2 (ABNT, 2017b), por meio de organograma funcio- nal e esquemas básicos, memo- rial com as recomendações ge- rais, assim como planilhas que descrevam os ambientes e suas relações com usuários, ativida- des, exigências, suas dimensões e quantidades. A Figura 4 ilustra um orga- nograma funcional, descreven- do um programa de necessi- dades do projeto, assim como a relação de ligaçãoentre os ambientes/espaços. Figura 4 - Exemplo de organograma funcional Fonte: Neves (2012, p. 52). Outra etapa desta fase é o es- tudo de viabilidade, importan- te para identificar se é viável ou não o desenvolvimento do projeto arquitetônico e sua exe- cução. Segundo a NBR 16636- 2, o estudo de viabilidade deve considerar os estudos anterio- res, assim como dados de outras áreas técnicas relacionadas ao projeto, visando estabelecer so- luções alternativas e as conclu- sões e recomendações. O estudo de viabilidade pode ser expresso por meio de esquemas gráficos, diagramas e histogramas ou re- latórios (ABNT, 2017b). Essas são as etapas iniciais do projeto; na sequência, ve- remos as etapas de desenvolvi- mento do projeto arquitetônico. 63UNIDADE 3 Nas etapas de desenvolvimento, trataremos das atividades de estudo preliminar e anteprojeto que, segundo Montenegro (2016), escolha do modelo, definição dos sistemas básicos do edifício, os ma- teriais e o dimensionamento. Os primeiros traços dão ideia de onde ficará cada espaço, as ligações entre eles, definição de acessos, assim como o aproveitamento da ventila- ção natural e da insolação. Esses traços iniciais se tratam de uma síntese que servirá de base para o projeto (MONTENEGRO, 2016). A figura ilustra os primeiros traços de desenvolvimento da ideia de zoneamento de funções de uma residência. Etapas de Desenvolvimento 64 Etapas do Projeto Arquitetônico Figura 5 - Estudo de uma residência: zoneamento de funções Fonte: Montenegro (2016, p. 87). À medida que a ideia de projeto é desenvolvida, é necessário fazer considerações e tomar decisões que envolvem os usos dos espaços, os materiais, estratégias de conforto ambiental, entre outros. Essas decisões precisam reforçar o conceito inicial em vez de negá-lo, ou seja, “é essencial que o conceito principal seja preservado durante o projeto – e que o processo de tomada de decisões não comprome- ta a integridade da ideia” (FAR- RELLY, 2014, p. 176). O estudo preliminar é defi- nido pela NBR 16636-2 (ABNT, 2017b, p. 8) como a etapa de projeto em que as informações técnicas são apresentadas de forma sucinta, porém suficien- te para a caracterização geral da concepção adotada. Isso inclui a definição inicial das “funções, dos usos, das formas, das di- mensões, das localizações dos ambientes da edificação”. Nesta etapa, também se faz a caracte- rização dos elementos constru- tivos e tecnologias construtivas recomendadas. O estudo preli- minar traz soluções alternativas, suas vantagens e desvantagens, visando facilitar as escolhas se- guintes. A Figura 6 ilustra o es- tudo preliminar de uma fachada residencial. Figura 6 - Estudo preliminar: concepção da fachada de edificação residencial Fonte: Montenegro (2016, p. 89). 65UNIDADE 3 De acordo com a ABNT (2017a, p. 7), o estudo preliminar arquitetônico é a “etapa destinada ao di- mensionamento preliminar dos conceitos do projeto arquitetônico da edificação e anexos necessários à compreensão da configuração da edificação, podendo incluir alternativas de projetos”. O estudo preliminar é composto por plantas, cortes, elevações, detalhes construtivos, memorial justificativo, perspectivas, maquetes, fotografias e até recursos audiovisuais (ABNT, 2017b), que de- monstrem a ideia geral do projeto. O estudo preliminar deve ser aprovado pelo cliente para que, a partir de então, siga para a próxima etapa de projeto. A Figura 7 ilustra a planta baixa de uma residência em nível de estudo preliminar. Esta representação gráfica pode ser levada ao cliente para sua apreciação e aprovação. Figura 7 - Estudo preliminar: planta baixa de edificação residencial Fonte: Montenegro (2016, p. 93). A etapa seguinte ao estudo preliminar é o anteprojeto, etapa em que a ideia principal é aprimorada. É a etapa “destinada à concepção e à representação das informações técnicas provisórias de detalhamento do projeto arquitetônico da edificação, instalações e componentes” (ABNT, 2017a, p. 2). Para ser desenvolvido, o anteprojeto deve levar em consideração o estudo preliminar, devendo apresentar as informações técnicas relativas à edificação, seus elementos e componentes construtivos relevantes. O anteprojeto deve apresentar, basicamente, os mesmos desenhos do estudo preliminar, no entanto, eles detêm maior detalhamento e maiores especificações, dentre eles está o “memorial descritivo dos elementos da edificação, dos componentes construtivos e dos materiais de construção” (ABNT, 2017b, p. 9). 66 Etapas do Projeto Arquitetônico A B Figura 8 - Planta baixa de uma residência – Anteprojeto Fonte: Montenegro (2016, p. 83). O Anteprojeto é o aprimoramento da ideia desenvolvida nas etapas anteriores; trata-se da configuração final da solução arquitetônica adotada para a obra e, assim como o estudo preliminar, deve receber a aprovação do cliente. A partir de então, o projeto passa a ser preparado para aprovação em órgãos específicos e para execução da obra. 67UNIDADE 3 Esta etapa pode ser simples e rápida ou bastante complexa, de acordo com a tipologia da edifica- ção e a quantidade de órgãos e requisitos técnicos que o projeto deva atender para ser aprovado por todos os órgãos. Nesta etapa, obtém-se o projeto de aprovação ou de licenciamento, pois permite que o projeto arquitetônico tenha aprovação além do cliente. O projeto legal ou projeto para licenciamento, como é chamado, trata-se do projeto arquitetô- nico preparado para aprovação nos órgãos com- petentes, como as prefeituras, concessionárias de serviços públicos, corpo de bombeiros, vigilân- cia sanitária, órgãos ambientais, conselhos dos patrimônios artísticos e históricos, entre outros, que seja necessário de acordo com a tipologia e dimensão do projeto. Etapas para Aprovação Legal do Projeto 68 Etapas do Projeto Arquitetônico Assim, o projeto para aprovação é a configuração técnico-ju- rídica da solução arquitetônica e deve ser produzido seguindo as normas técnicas de apresentação e representação gráfica exigidas pelos órgãos avaliadores. Vale lembrar que, de acordo com a localização do projeto/obra, os critérios podem mudar. Os órgãos municipais e estaduais podem ter critérios diferentes de região para região, assim, cabe ao projetista responsável estar atento aos critérios de cada região ou município onde irá atuar. Um exemplo disso são as leis de uso e ocupação do solo que possuem características particulares em cada município. Para se produzir este tipo de projeto, deve-se levar em consi- deração o anteprojeto de arquitetura e de outras áreas técnicas, a legislação vigente e normas técnicas específicas, produzindo, assim, informações necessárias e suficientes ao atendimento dos requisitos legais para os procedimentos de análise e de aprovação do projeto para a sua construção (ABNT, 2017b). O projeto para licenciamento é composto por desenhos, textos e memoriais requeridos em leis, devendo atender aos requisitos estabelecidos pelos órgãos onde o projeto será submetido para análise e aprovação (ABNT, 2017b). Caso o projeto não necessite da aprovação por nenhum órgão, esta etapa pode ser dispensada. 69UNIDADE 3 A etapa de execução e posteriores é composta pela elaboração do projeto arquitetônico executivo, projeto completo da edificação e também pelo projeto as built. O projeto executivo se trata da etapa “ destinada à concepção e à representação fi- nal das informações técnicas dos projetos arquitetônicos e de seus elementos, insta- lações e componentes, completas, definiti- vas, necessárias e suficientes à execução dos serviços e de obras correspondentes (ABNT, 2017a, p. 12). Etapa de Execução e Posteriores 70 Etapas do Projeto Arquitetônico Assim, o Projeto da Execução é composto por um conjunto de documentos técnicos: textos, memoriais, peças gráficas e especificações – necessárias ao processo de licitação ou à execução da obra, ou seja, é a etapa de detalhamento da solução de projeto adotadae aprovada pelo cliente e órgãos técnicos competentes, permitindo informações suficientes para a execução da obra. Dessa forma, para que o projeto executivo seja elaborado, deve levar em consideração o anteprojeto aprovado pelo cliente. Segundo Farrelly (2014), nesta etapa são feitos os desenhos que permitem que a obra seja construída. A quantidade de desenhos e sua escala irá depender da complexidade do projeto, pois elementos espe- ciais necessitam de mais detalhes, enquanto outros, mais padronizados, exigem menos detalhamentos. No desenvolvimento do projeto executivo, o projetista deve considerar, além do anteprojeto de arquitetura, os anteprojetos produzidos por outras atividades técnicas (ABNT, 2017b). A parte gráfica do projeto executivo é composta por plantas, sendo elas: de implantação geral, plan- tas e detalhes da cobertura, cortes longitudinais e transversais, elevações frontais, laterais e posterior; detalhes de ambientes especiais, como banheiros, cozinhas e lavatórios que contenham as especificações técnicas de seus componentes e quantificação; detalhes de elementos e componentes (ABNT, 2017b). Por outro lado, a parte textual é composta pelo memorial descritivo dos elementos e componentes arquitetônicos da edificação, memorial descritivo que aborde as instalações prediais, os componentes construtivos e materiais, o quantitativo dos componentes construtivos e dos materiais de construção e orçamento. Podem ainda apresentar, de forma opcional e complementar ao entendimento do projeto, elementos como as perspectivas, maquetes físicas ou eletrônicas, fotografias e montagens, além de recursos audiovisuais (ABNT, 2017b). Tão importante quanto o projeto executivo arquitetônico é o projeto completo. Esta etapa é destinada à conclusão da “compatibilização dos projetos executivos, e ao detalhamento das definições construtivas que envolve o conjunto de desenhos, memoriais, memórias de cálculo e demais informações técnicas das especialidades” (ABNT, 2017a, p. 12). Estas informações devem ser compatibilizadas e aprovadas pelo cliente de modo que possam servir à completa execução da edificação projetada. O projeto completo não contempla apenas o projeto executivo arquitetônico, mas também os projetos complementares da edificação: instalações elétricas, hidrossanitárias, estrutural, prevenção de incêndio, entre outros. Após a execução das obras, caso haja alterações no projeto que tenham ocorrido durante a exe- cução, o projeto executivo completo deve receber a atualização. A essa nova documentação se dá o nome de projeto conforme construído (as built). A NBR 16636-2 (ABNT, 2017b) ressalta que essas alterações devem ocorrer com anuência dos autores, construtores e cliente. Essa documentação se torna importante para as ações de uso, manutenção e operação da edificação, devendo ser arquivada pelos responsáveis pela edificação. 71UNIDADE 3 Assim, encerramos esta unidade que tratou das etapas de projeto. Na próxima unidade, abordaremos as principais condicionantes que determinam o projeto arquitetônico. O termo “as built” vem do inglês e sua tradução ao pé da letra significa “como construído”, ou seja, tem como objetivo registrar exatamente como a edificação foi construída, caso tenham ocorrido mudanças no projeto durante a obra. O projeto “as built” evita que, futuramente, durante o uso da edificação ou manutenção, problemas surjam por haver incompatibilidade entre o projeto e a edifi- cação. Um exemplo bem simples seria o morador desejar furar uma parede para instalar um móvel e precisar saber se nesta posição passa alguma tubulação hidráulica, para tanto ele poderá consultar o projeto, porém, se ocorreram modificações na posição da tubulação e isso não foi informado no projeto “as built”, poderá ser gerado um grande inconveniente. 72 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. Desenvolva um organograma das etapas de projeto arquitetônico. 2. Desenvolva um organograma funcional, parte da etapa de pré-projeto, com base no seguinte programa de necessidades: Escritório, recepção, sanitário público, sanitário privativo e hall de entrada. 3. Edifícios residenciais multifamiliares são desafiadores não apenas no processo de projeto, mas também no processo de pós-ocupação e administração, haja visto que, nestas edificações, ao longo de sua vida útil, habitaram diversas fa- mílias, com diferentes valores e expectativas e que adaptarão suas unidades de acordo com seu modo de vida. Há também um desafio para síndicos e adminis- tradoras, que devem gerir e garantir a manutenção adequada às estruturas e sistemas do edifício. Neste cenário, qual a relevância do projeto as built no uso e manutenção do edifício? 73 O traço dá ideia: bases para o projeto arquitetônico Autor: Gildo Montenegro Editora: Blucher Sinopse: este livro estuda aspectos práticos do ambiente construído ou a se construir, sem deixar de lado os sonhos e a criatividade do projetista. Esta obra pode orientar tanto o profissional calejado como o estudante e o estagiário, incentivando-os a valorizarem o esboço visto como ponto de partida para o projeto – não somente aqui, mas também nos escritórios modernos –, antes de ele seguir para a representação digital. A obra começa com o ABC do dese- nho à mão livre, aponta alternativas concretas de adaptação da construção ao ambiente e discute o papel do arquiteto na sociedade atual e naquela com que todos sonhamos. Há, ainda, um capítulo em que se exemplifica a concepção inicial de vários projetos, desde seus primeiros rascunhos e ideias até suas fases finais de desenvolvimento. LIVRO 74 ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16636-1:2017. Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos - Parte 1: Diretrizes e terminologia. Rio de Janeiro, 2017a. ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16636-2:2017. Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos - Parte 2: Projeto arquitetônico. Rio de Janeiro, 2017b. FARRELLY, L. Fundamentos de arquitetura. Tradução de Alexandre Salvaterra. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. KOWALTOWSKI, D. C. C. K.; MOREIRA, D. de C.; PETRECHE, J. R. D.; FABRICIO, M. M. (orgs.). O processo de Projeto em Arquitetura. São Paulo: Oficina de Textos, 2011. MONTENEGRO, G. A. Desenho de projetos. 1. ed. São Paulo: Blucher, 2007. MONTENEGRO, G. A. O traço dá ideia: bases para o projeto de arquitetura. São Paulo: Blucher, 2016. NEVES, L. P. Adoção do partido na arquitetura. 3. ed. Salvador: EDUFBA, 2012. 75 1. Organograma com as etapas de projeto arquitetônico: Etapas de preparação Etapas de desenvolvimento Estudo preliminar Anteprojeto Projeto para aprovação Projeto Executivo Projeto Completo Projeto “as built” Levantamento de informações Programa de necessidades Estudo de viabilidade Execução da obra Hall de entrada RecepçãoSanitário público Escritório Sanitário privativo 2. Organograma com o programa de necessidades: 3. O projeto “as built” tem por finalidade registrar as mudanças ocorridas no projeto durante a obra, assim ele evita que, futuramente, durante o uso da edificação ou manutenção, problemas surjam por haver in- compatibilidade entre o projeto e a edificação. No caso de edifícios residenciais multifamiliares, onde são muito comuns reformas internas nas unidades habitacionais ao longo do tempo, o projeto as built permite que essas reformas sejam adequadamente planejadas e compatíveis com os sistemas do edifício, evitando, por exemplo, perfuração de tubulação hidráulica ou de gás, assim como retirada de elementos estruturais do edifício. No que tange à administração e manutenção do edifício, o projeto as built pode garantir que problemas nos sistemas do edifício e sua manutenção sejam identificados de forma mais rápida e precisa, uma vez que ele registra exatamente como o edifício se consolidou após a construção, registrando
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