Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Processual Civil I Universidade do Sul de Santa Catarina Disciplina na modalidade a distância Direito Processual Civil I Direito Processual Civil I Disciplina na modalidade a distância Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2010 Créditos Universidade do Sul de Santa Catarina – Campus UnisulVirtual – Educação Superior a Distância Reitor Unisul Ailton Nazareno Soares Vice-Reitor Sebastião Salésio Heerdt Chefe de Gabinete da Reitoria Willian Máximo Pró-Reitora Acadêmica Miriam de Fátima Bora Rosa Pró-Reitor de Administração Fabian Martins de Castro Pró-Reitor de Ensino Mauri Luiz Heerdt Campus Universitário de Tubarão Diretora Milene Pacheco Kindermann Campus Universitário da Grande Florianópolis Diretor Hércules Nunes de Araújo Campus Universitário UnisulVirtual Diretora Jucimara Roesler Equipe UnisulVirtual Diretora Adjunta Patrícia Alberton Secretaria Executiva e Cerimonial Jackson Schuelter Wiggers (Coord.) Bruno Lucion Roso Marcelo Fraiberg Machado Tenille Catarina Assessoria de Assuntos Internacionais Murilo Matos Mendonça Assessoria DAD - Disciplinas a Distância Patrícia da Silva Meneghel (Coord.) Carlos Alberto Areias Franciele Arruda Rampelotti Luiz Fernando Meneghel Assessoria de Inovação e Qualidade da EaD Dênia Falcão de Bittencourt (Coord.) Rafael Bavaresco Bongiolo Assessoria de Relação com Poder Público e Forças Armadas Adenir Siqueira Viana Assessoria de Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.) Felipe Jacson de Freitas Jefferson Amorin Oliveira José Olímpio Schmidt Marcelo Neri da Silva Phelipe Luiz Winter da Silva Priscila da Silva Rodrigo Battistotti Pimpão Coordenação dos Cursos Auxiliares das coordenações Fabiana Lange Patricio Maria de Fátima Martins Tânia Regina Goularte Waltemann Coordenadores Graduação Adriana Santos Rammê Adriano Sérgio da Cunha Aloísio José Rodrigues Ana Luisa Mülbert Ana Paula R. Pacheco Bernardino José da Silva Carmen Maria C. Pandini Catia Melissa S. Rodrigues Charles Cesconetto Diva Marília Flemming Eduardo Aquino Hübler Eliza B. D. Locks Fabiano Ceretta Horácio Dutra Mello Itamar Pedro Bevilaqua Jairo Afonso Henkes Janaína Baeta Neves Jardel Mendes Vieira Joel Irineu Lohn Jorge Alexandre N. Cardoso José Carlos N. Oliveira José Gabriel da Silva José Humberto D. Toledo Joseane Borges de Miranda Luciana Manfroi Marciel Evangelista Catâneo Maria Cristina Veit Maria da Graça Poyer Mauro Faccioni Filho Moacir Fogaça Myriam Riguetto Nélio Herzmann Onei Tadeu Dutra Raulino Jacó Brüning Rogério Santos da Costa Rosa Beatriz M. Pinheiro Tatiana Lee Marques Thiago Coelho Soares Valnei Campos Denardin Roberto Iunskovski Rose Clér Beche Rodrigo Nunes Lunardelli Coordenadores Pós-Graduação Aloisio Rodrigues Anelise Leal Vieira Cubas Bernardino José da Silva Carmen Maria Cipriani Pandini Daniela Ernani Monteiro Will Giovani de Paula Karla Leonora Nunes Luiz Otávio Botelho Lento Thiago Coelho Soares Vera Regina N. Schuhmacher Gerência Administração Acadêmica Angelita Marçal Flores (Gerente) Fernanda Farias Financeiro Acadêmico Marlene Schauffer Rafael Back Vilmar Isaurino Vidal Gestão Documental Lamuniê Souza (Coord.) Clair Maria Cardoso Janaina Stuart da Costa Josiane Leal Marília Locks Fernandes Ricardo Mello Platt Secretaria de Ensino a Distância Karine Augusta Zanoni (Secretária de Ensino) Giane dos Passos (Secretária Acadêmica) Alessandro Alves da Silva Andréa Luci Mandira Cristina Mara Shauffert Djeime Sammer Bortolotti Douglas Silveira Fabiano Silva Michels Felipe Wronski Henrique Janaina Conceição Jean Martins Luana Borges da Silva Luana Tarsila Hellmann Maria José Rossetti Miguel Rodrigues da Silveira Junior Monique Tayse da Silva Patricia A. Pereira de Carvalho Patricia Nunes Martins Paulo Lisboa Cordeiro Rafaela Fusieger Rosângela Mara Siegel Silvana Henrique Silva Vanilda Liordina Heerdt Gerência Administrativa e Financeira Renato André Luz (Gerente) Naiara Jeremias da Rocha Valmir Venício Inácio Gerência de Ensino, Pesquisa e Extensão Moacir Heerdt (Gerente) Aracelli Araldi Elaboração de Projeto e Reconhecimento de Curso Diane Dal Mago Vanderlei Brasil Extensão Maria Cristina Veit (Coord.) Pesquisa Daniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC) Mauro Faccioni Filho (Coord. Nuvem) Pós-Graduação Clarissa Carneiro Mussi (Coord.) Biblioteca Soraya Arruda Waltrick (Coord.) Paula Sanhudo da Silva Renan Felipe Cascaes Rodrigo Martins da Silva Capacitação e Assessoria ao Docente Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Adriana Silveira Alexandre Wagner da Rocha Cláudia Behr Valente Elaine Cristiane Surian Juliana Cardoso Esmeraldino Simone Perroni da Silva Zigunovas Monitoria e Suporte Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Anderson da Silveira Angélica Cristina Gollo Bruno Augusto Zunino Claudia Noemi Nascimento Débora Cristina Silveira Ednéia Araujo Alberto Francine Cardoso da Silva Karla F. Wisniewski Desengrini Maria Eugênia Ferreira Celeghin Maria Lina Moratelli Prado Mayara de Oliveira Bastos Patrícia de Souza Amorim Poliana Morgana Simão Priscila Machado Gerência de Desenho e Desenvolvimento de Materiais Didáticos Márcia Loch (Gerente) Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Bruna de Souza Rachadel Letícia Regiane Da Silva Tobal Avaliação da aprendizagem Lis Airê Fogolari (coord.) Gabriella Araújo Souza Esteves Desenho Educacional Carmen Maria Cipriani Pandini (Coord. Pós) Carolina Hoeller da S. Boeing (Coord. Ext/DAD) Silvana Souza da Cruz (Coord. Grad.) Ana Cláudia Taú Carmelita Schulze Cristina Klipp de Oliveira Eloisa Machado Seemann Flávia Lumi Matuzawa Geovania Japiassu Martins Jaqueline Cardozo Polla Lygia Pereira Luiz Henrique Milani Queriquelli Marina Cabeda Egger Moellwald Marina Melhado Gomes da Silva Melina de la Barrera Ayres Michele Antunes Correa Nágila Cristina Hinckel Pâmella Rocha Flores da Silva Rafael Araújo Saldanha Roberta de Fátima Martins Sabrina Paula Soares Scaranto Viviane Bastos Gerência de Logística Jeferson Cassiano A. da Costa (Gerente) Andrei Rodrigues Logística de Encontros Presenciais Graciele Marinês Lindenmayr (Coord.) Ana Paula de Andrade Cristilaine Santana Medeiros Daiana Cristina Bortolotti Edesio Medeiros Martins Filho Fabiana Pereira Fernando Oliveira Santos Fernando Steimbach Marcelo Jair Ramos Logística de Materiais Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.) Abraão do Nascimento Germano Fylippy Margino dos Santos Guilherme Lentz Pablo Farela da Silveira Rubens Amorim Gerência de Marketing Fabiano Ceretta (Gerente) Alex Fabiano Wehrle Márcia Luz de Oliveira Sheyla Fabiana Batista Guerrer Victor Henrique M. Ferreira (África) Relacionamento com o Mercado Eliza Bianchini Dallanhol Locks Walter Félix Cardoso Júnior Gerência de Produção Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente) Francini Ferreira Dias Design Visual Pedro Paulo Alves Teixeira (Coord.) Adriana Ferreira dos Santos Alex Sandro Xavier Alice Demaria Silva Anne Cristyne Pereira Diogo Rafael da Silva Edison Rodrigo Valim Frederico Trilha Higor Ghisi Luciano Jordana Paula Schulka Nelson Rosa Patrícia Fragnani de Morais Multimídia Sérgio Giron (Coord.) Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro Dandara Lemos Reynaldo Fernando Gustav Soares Lima Sérgio Freitas Flores Portal Rafael Pessi (Coord.) Luiz Felipe Buchmann Figueiredo Comunicação Marcelo Barcelos Andreia Drewes Carla Fabiana Feltrin Raimundo Produção Industrial Francisco Asp (Coord.) Ana Paula Pereira Marcelo Bittencourt Gerência Serviço de Atenção Integral ao Acadêmico James Marcel Silva Ribeiro (Gerente) Atendimento Maria Isabel Aragon (Coord.) Andiara Clara Ferreira André Luiz Portes Bruno Ataide Martins Holdrin Milet Brandao Jenniffer Camargo Maurício dos Santos Augusto Maycon de Sousa Candido Sabrina Mari Kawano Gonçalves Vanessa Trindade Orivaldo Carli da Silva Junior Estágio Jonatas Collaço de Souza (Coord.) Juliana Cardoso da Silva Micheli Maria Lino de Medeiros Priscilla Geovana Pagani Prouni Tatiane Crestani Trentin(Coord.) Gisele Terezinha Cardoso Ferreira Scheila Cristina Martins Taize Muller Avenida dos Lagos, 41 – Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: cursovirtual@unisul.br | Site: www.unisul.br/unisulvirtual Carina Milioli Corrêa Palhoça UnisulVirtual 2010 Design instrucional Marina Cabeda Egger Moellwald Direito Processual Civil I Livro didático Edição – Livro Didático Professor Conteudista Carina Milioli Corrêa Design Instrucional Marina Cabeda Egger Moellwald Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Anne Cristyne Pereira Revisão B2B Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Copyright © UnisulVirtual 2010 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. 341.46 C84 Corrêa, Carina Milioli Direito processual civil I : livro didático / Carina Milioli Corrêa ; design instrucional Marina Cabeda Egger Moellwald. – Palhoça : UnisulVirtual, 2010. 201 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. 1. Direito civil. 2. Processo civil. I. Moellwald, Marina Cabeda Egger. II. Título. Sumário Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 Palavras da professora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 UNIDADE 1 - Apontamentos basilares ligados ao atual panorama processual civil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 UNIDADE 2 - Dos requisitos indispensáveis à formação do processo . . . . 79 UNIDADE 3 - Da formação da demanda, das modalidades de chamamento do réu e seus efeitos e das providências preliminares . . . . 139 Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193 Sobre a professora conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197 Respostas e comentários das atividades de autoavaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199 Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201 7 Apresentação Este livro didático corresponde à disciplina de Direito Processual Civil I. O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância, proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a um aprendizado contextualizado e eficaz. Lembre-se que sua caminhada, nesta disciplina, será acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual, por isso a “distância” fica caracterizada somente na modalidade de ensino que você optou para a sua formação, pois na relação de aprendizagem, professores e instituição estarão sempre conectados com você. Então, sempre que sentir necessidade, entre em contato; você tem à disposição diversas ferramentas e canais de acesso, tais como: telefone, e-mail e o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade). Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe atender, pois a sua aprendizagem é o nosso principal objetivo. Bom estudo e sucesso! Equipe UnisulVirtual. Palavras da professora Caro estudante, Seja bem-vindo à disciplina de Direito Processual I. O objetivo principal desta disciplina é descrever, de forma clara e concisa, os principais instrumentos processuais pertinentes ao curso de Direito Processual Civil I. O presente trabalho objetiva demonstrar a materialização prática dos institutos processuais e sua efetiva concretização quanto à aplicabilidade das normas materiais. Atualmente, diante das inúmeras alterações legislativas acrescidas ao ramo processual civil, o legislador buscou como foco principal proporcionar ao cidadão de direito, uma justiça mais célere e justa e, por consequência, atrelada a um modelo processual menos intrincado e moroso. Esta obra irá lhe proporcionar uma visão completa e sistematizada em ordem crescente dos tópicos basilares do processo, com escopo de torná-lo apto a dirimir possíveis dificuldades no campo Processual Civil I. As ideias enumeradas nas unidades relacionadas ao presente livro foram elaboradas com o objetivo de realizar uma análise dos conflitos que fazem parte do cotidiano das relações humanas, por sua vez, aplicando-se de forma didática os procedimentos processuais civilistas adequados em cada unidade desta disciplina. Finalmente, foi usado no presente trabalho um linguajar claro e acessível com o intuito de proporcionar aos acadêmicos e aos profissionais do Direito um estudo dinâmico dos conteúdos processuais aqui ministrados. Desejamos a você um ótimo desempenho! Carina Milioli Corrêa Plano de estudo O plano de estudos visa a orientá-lo no desenvolvimento da disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto, a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação. São elementos desse processo: � o livro didático; � o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA); � as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de autoavaliação); � o Sistema Tutorial. Ementa Processo e Procedimento. Atos, termos, prazos processuais. Preclusão. Competência. Pressupostos processuais. Ministério Público. Partes e procuradores. Intervenção de terceiros. Nulidades Processuais. Formação da Demanda. Citação. Resposta do réu. Providências Preliminares. Revelia. Ação Declaratória Incidental. 12 Universidade do Sul de Santa Catarina Objetivos � Introduzir ao estudo do Direito Processual Civil, pela análise do processo e do procedimento, com abordagem dos atos, prazos, termos, sujeitos e nulidades processuais, desde a propositura da demanda até a resposta do réu. � Fornecer instrumentos necessários ao aluno, com o escopo de torná-lo apto a enfrentar e dirimir as dificuldades que possa apresentar no campo processual civil. � Proporcionar uma visão geral em continuidade da disciplina de Teoria Geral do Processo, abordando com maior profundidade a fase postulatória. Carga Horária A carga horária total da disciplina é de 60 horas. Conteúdo programático/objetivos Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de cada etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à sua formação. Unidades de estudo: 3 Unidade 1 - Apontamentos basilares ligados ao atual panorama processual civil A presente unidade inicia com o estudo das noções introdutórias sobre o processo e as suas espécies de procedimentos, conceitos e seus afins. Também será realizada uma análise e classificação 13 Direito Processual Civil I dos atos, prazos processuais e da preclusão. Finalmente, será abordado o instituto da competência. Unidade 2 - Dos requisitos indispensáveis à formação do processo Estaunidade possui como objetivo classificar e analisar os pressupostos inerentes ao processo, os quais são requisitos indispensáveis à sua formação. Em seguida, será realizado um estudo sobre as atribuições inerentes ao órgão do Ministério Público, das partes e dos Procuradores. Finalmente será efetivada uma abordagem sobre as regras incidentes na intervenção de terceiros e no tocante às nulidades no âmbito processual civil. Unidade 3 - Da formação da demanda; das modalidades de chamamento de réu e seus efeitos e das providências preliminares Esta unidade finaliza o presente estudo com o aprendizado no tocante à formação da demanda e às formas de citação previstas pelo Comando Processual Civil. Seguem-se as formas de respostas e de defesa, que poderão ser apresentadas pelo réu em juízo, providências preliminares e as consequências diante da incidência do instituto da revelia. Concluiremos o presente com o estudo das normas atreladas à Ação declaratória incidental. Agenda de atividades/ Cronograma � Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura, da realização de análises e sínteses do conteúdo e da interação com os seus colegas e tutor. � Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço a seguir as datas com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA. 14 Universidade do Sul de Santa Catarina � Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da disciplina. Atividades obrigatórias Demais atividades (registro pessoal) 1UNIDADE 1Apontamentos basilares ligados ao atual panorama processual civil Objetivos de aprendizagem � Entender o funcionamento dos institutos basilares que norteiam o Processo Civil Brasileiro. � Compreender, de maneira geral, a prática processual. Seções de estudo Seção 1 Processo, Procedimento e Ação Seção 2 Atos, Prazos processuais e Preclusão Seção 3 Da incompetência 16 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Na presente unidade, serão analisados os fundamentos atrelados ao Ramo Processual Civil, iniciando com a temática que envolve o desenvolvimento do Processo de cognição. Serão apurados, neste contexto, os temas ligados à atividade jurisdicional contenciosa, voluntária e o atual modelo de composição de litígios, denominado âmbito arbitral. Nesta sequencia, serão vislumbrados tópicos sobre procedimento, condições da ação e suas implicações no âmbito processual civil. Em segundo plano, mas não menos importante, você estudará os atos processuais, seus respectivos prazos e suas consequências atreladas ao instituto da preclusão, diante do descumprimento das exigências legais. Finalmente, iremos explorar o Instituo da Competência, dando prioridade à incidência nos tópicos que envolvem a competência internacional e interna, sua divisão ao nível constitucional e infraconstitucional dos respectivos órgãos jurisdicionais. Seção 1 – Processo, Procedimento e Ação O Direito Processual Civil é o ramo da ciência jurídica pública que regulamenta a jurisdição civil, a ação e o processo. Neste contexto, em uma análise mais conservadora, Santos (2007, p. 13), entende que o ramo do Direito Processual Civil é “um sistema de princípios e normas legais regulamentadoras do exercício da função jurisdicional”. Na visão de Vicente Greco Filho (2007, p. 68), o Direito Processual Civil consiste “no conjunto sistematizado de normas e princípios que regula a 17 Direito Processual Civil I Unidade 1 atividade da jurisdição, o exercício da ação e o processo, em face de uma pretensão civil”. Tendo em vista uma conceituação mais flexível e moderna, Casio Scarpinella Bueno (2007, p. 09), ensina que: O Direito Processual Civil, desta sorte, é a disciplina que se dedica a estudar, analisar, a sistematizar a atuação do próprio Estado, do Estado que, por razões perdidas no tempo, mas ainda válidas até hoje por força das opções políticas feitas pela Constituição Federal de 5 de outubro de 1988, tem o dever de prestar a tutela estatal de direitos naqueles casos em que os destinatários das normas, desde o plano material, não as acatam devidamente, mas as cumprem e, conseqüentemente, frustram legítimas expectativas das outras pessoas. A imposição do cumprimento destas normas materiais é que, em última análise, justifica a atuação do Estado em termos do Direito Processual Civil. Nesse sentido, resta claro que a ciência processual civil não se esgota em si mesma, não podendo ser analisada de forma unitária, pois a mesma engloba um largo conjunto de normas, valores sociais e políticos, remetendo-nos ao estudo de seus elementos fundamentais, os quais justificam a atuação do poder estatal na resolução dos conflitos de interesses e, por conseguinte, na busca da pacificação social. Diante do que foi dito, para que se possa obter uma conceituação de processo, faz-se necessário observar os demais elementos basilares que compõem a estruturação do Direito Processual. Assim, os elementos sustentadores para formação da tríade processual civil dividem-se em: � jurisdição; � ação; e, � processo. O processo diz respeito à relação jurídica processual formada pelos seguintes sujeitos: Juiz (representante da jurisdição), autor e réu. 18 Universidade do Sul de Santa Catarina O processo materializa-se da seguinte forma: Figura 1.1 – Materialização do processo. Fonte: SANTOS, 2007, p. 105. Sopesando o referido trinômio acima esboçado, Moacyr Amaral dos Santos (2007, p. 155), didaticamente ensina que “[...] ação, jurisdição, processo, eis o trinômio que enfeixa o fenômeno da resolução dos conflitos de interesses; a ação provoca a jurisdição, que se exerce através de um complexo de atos, que é o processo”. Primeiramente, conceitua-se jurisdição como uma das funções basilares do Estado democrático de direito, visando a obter a resolução pacífica dos litígios. Em outras palavras é o poder- dever do Estado-juiz, na aplicação imparcial do Direito a um caso concreto, com o escopo de buscar uma solução pacífica aos conflitos de interesses, visando à restauração da ordem jurídica e social. Luiz Guilherme Marinoni (2006, p. 37) traduz a seguinte ideia de jurisdição: Se a jurisdição é a manifestação do poder do Estado, é evidente que ela terá diferentes objetivos, conforme seja o tipo de Estado e sua finalidade. A jurisdição, em outras palavras terá fins sociais, políticos e propriamente jurídicos, conforme a essência do Estado cujo poder deva manifestar. Se o Estado brasileiro será obrigado, segundo a própria Constituição Federal, a construir uma sociedade livre, justa e solidária, a erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, e ainda a promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, credo e cor, idade e quaisquer outras formas de descriminação (art. 3º da CF), os fins da jurisdição devem refletir essas idéias. Assim, a jurisdição, ao aplicar uma norma ou fazê- Do latim juris, “direito”, e dictio, “dizer”. 19 Direito Processual Civil I Unidade 1 la produzir seus efeitos concretos, afirma a vontade espelhada na norma de direito material, a qual deve traduzir – já que deve estar de acordo com os fins do Estado – as normas constitucionais que revelam suas preocupações básicas. Sopesando os argumentos acima tratados, conclui-se que a tutela jurisdicional é a porta de entrada para que o jurisdicionado, de forma pacífica, possa dirimir seus conflitos diante da resistência enfrentada na composição extrajudicial do litígio. Sendo assim, é dever do Estado dirimir de forma justa e legal os conflitos existentes na sociedade, e, por sua vez, compelir a parte sucumbente ao devido cumprimento da decisão judicial emanada, sob pena de coerção do Estado noslimites da legalidade. Por outro lado, a jurisdição, além de prestar auxílio no tocante à solução dos conflitos relacionados às demandas judiciais contenciosas, também exerce sua contribuição meramente administrativa, ou seja, voluntária. Tais préstimos estão dispostos no artigo 1º do Código de Processo Civil, in verbis: “A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo território nacional, conforme as disposições que este Código estabelece.” Na visão simples e apurada do termo “jurisdição contenciosa”, Santos (2008,) explica que a ideia de conflitos de interesses exterioriza a contenda, contestação e o litígio, de onde se extrai a denominação jurisdição contenciosa, a verdadeira jurisdição, a qual possui como função preliminar a composição de conflitos de interesses. Por outro lado, entende-se por jurisdição voluntária aqueles pleitos desprovidos de litígio, ou seja, não existem partes, mas, sim, interessados na homologação judicial do acordo de vontades submetido à apreciação do Poder Judiciário. Dessa forma, na jurisdição voluntária, ou melhor dizendo, na atividade administrativa promovida pelo Judiciário, o juiz não promove um julgamento propriamente dito, análise do mérito da questão, ou seja, simplesmente homologa aquilo que foi acordado pelos interessados, disponibilizando-lhes uma resposta de interesse comum. 20 Universidade do Sul de Santa Catarina Cita-se como exemplos de jurisdição voluntária, a separação consensual, a ação de retificação de registro civil, a aprovação de estatuto de fundação etc. Ainda, sobre o tema, Moacyr Amaral dos Santos (2007, p. 79), discorre que: Por outras palavras, pode-se conceituar jurisdição voluntária como administração de interesses privados pelos órgãos jurisdicionais. Assim não são conflitos de interesses, mas interesses não em conflito que constituem objeto da jurisdição voluntária. Essa jurisdição não versa sobre conflitos, muito menos sobre litígios. Como na jurisdição voluntária não se resolve conflitos, mas apenas interesses, não se pode falar em partes, no sentido que esta palavra é tomada na jurisdição contenciosa, em que uma das partes pede contra ou em relação a outra. Na jurisdição voluntária há apenas interessados, isto é, titulares de interesses. Assim, extrai-se da denominação de jurisdição voluntária, os termos: interessados, acordo entre as partes; decisão homologatória e atividade administrativa do Estado-Juiz. Observa-se, ainda, que a ausência de litígio em uma demanda, não significa que ela não possa ser convertida em contenciosa, diante da discordância de interesses, dando espaço, por consequência, ao contraditório. Na mesma linha de raciocínio, também se constata que uma ação de cunho contencioso poderá reverter-se em voluntária devido à possível efetivação de acordo entre partes com o intuito de extinguir o conflito de interesses. Verifica-se, ainda, que além o Poder Judiciário o Estado conta com outros órgãos administrativos, os quais são aliados no tocante ao exercício social de pacificação e à devida restauração da ordem. Assim, cita-se, como exemplo, a atuação conjunta dos Cartórios Extrajudiciais, os quais praticam atos de direito no limite de suas atribuições legais, como: emissão de certidão de casamento, termo de nascimento, escrituração pública de imóveis, doação, hipoteca e outros. Nesse aspecto, também é de suma 21 Direito Processual Civil I Unidade 1 importância o trabalho administrativo realizado pelas Juntas Comerciais, no tocante ao registro das pessoas jurídicas. Sobre as várias funções administrativas de âmbito voluntário exercidas pelo Poder Estatal, Moacyr Amaral dos Santos (2007, p. 76) elucida que: [...] o desempenho de suas várias funções o Estado, pelos mais diversos modos, procura, preventivamente, ou repressivamente, resguardar a ordem jurídica. A defesa da ordem jurídica não é exclusividade da função jurisdicional. A fim de assegurar a ordem jurídica, intervém o Estado até mesmo na administração dos mais diversos interesses privados, pelos mais diferentes órgãos. Por outras palavras, considerando a significação que têm para o Estado determinadas categorias de interesses privados, a lei lhe confere poder de intervir na sua administração, conquanto com isso venha limitar a autonomia da vontade dos respectivos titulares. Essa intervenção, de natureza administrativa, faz o Estado pelos mais diferentes órgãos, diversos dos órgãos jurisdicionais, em numerosas espécies de interesses. Assim, no que concerne às pessoas físicas, a lei tutela o fato do nascimento ou do óbito, pelo termo respectivo em registro próprio; reconhecimento de filho ou no próprio termo de nascimento, ou por escritura pública [...] . Nessa linha de raciocínio, registra-se que, após o advento da Lei nº 9.307/96, a qual dispõe sobre o âmbito arbitral, o cidadão poderá optar pelos préstimos arbitrais ao invés do Poder Judiciário, quando a controvérsia tratar de direitos patrimoniais disponíveis, não envolvendo menores de idade, conforme o artigo 1º do referido dispositivo legal: “As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.” Desse modo, ocorre uma verdadeira subrrogação. Frisa-se que a questão de mérito discutida e homologada pelo árbitro não será passível de nova apreciação pelo Poder Judiciário, somente no prisma formal, pois a legislação Processual Civil recepcionou a sentença arbitral, agora considerada título executivo judicial, passível do manejo executivo no juízo cível competente, caso não seja cumprida a obrigação estampada no A atividade arbitral, apesar de fazer parte do Poder Judiciário, busca julgar os conflitos por intermédio de um árbitro privado, onde o mesmo faz a vez do órgão jurisdicional, quando da homologação de suas decisões. 22 Universidade do Sul de Santa Catarina referido título, art. 475-N, IV do CPC. Cabe aqui registrar que o processo executivo somente poderá ser pleiteado perante o Órgão Jurisdicional, único poder competente para coagir o cidadão ao cumprimento do comando judicial. Nesse aspecto, Luiz Guilherme Marinoni (2006, p. 34) acrescenta que: O fato de a decisão do árbitro não precisar da homologação do poder judiciário e não possa ser posta novamente em discussão, nem mesmo perante o Judiciário, pelas próprias partes envolvidas, não tem relação alguma com essa diferença. De fato, a Lei exclui a possibilidade de que o conteúdo do conflito submetido ao arbitro possa ser revisto, mas afirma que a arbitragem só é possível em relação aos direitos patrimoniais disponíveis e mediante convenção de arbitragem [...]. Finalmente, sobre as diferentes formas de composição de litígios exercidas pelo Estado, destaca-se, ainda, a introdução da Lei nº 11441, de 04 de janeiro de 2007, ao ordenamento processual civilista de cunho especial, a qual possibilita, aos interessados capazes, a realização de inventário, partilha de bens, separação consensual e divórcio consensual por via administrativa. Vejamos: Art. 982. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário. Parágrafo único. O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado comum ou advogados de cada uma delas, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. (NR) Art. 983. O processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60 (sessenta) dias a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses 23 Direito Processual Civil I Unidade 1 subseqüentes, podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento de parte. [...] Art. 1.124-A.A separação consensual e o divórcio consensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. § 1o A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para o registro civil e o registro de imóveis. § 2o O tabelião somente lavrará a escritura se os contratantes estiverem assistidos por advogado comum ou advogados de cada um deles, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. Sobre o tema em questão, Nelson Nery Junior (2007, p. 1196) preconiza que: Inventário e partilha amigável judicial ou extrajudicial. Opção. É opção das partes maiores e capazes e que estejam de acordo quanto ao inventário pela via judicial ou extrajudicial. Ainda que não haja lide, isto é, que as partes estejam de acordo, o inventário amigável pode ser feito pela via judicial, por procedimento de jurisdição voluntária [...]. Ainda de acordo com o mesmo autor (2007, p. 1264): Sobre a separação e divórcio consensuais extrajudiciais. A norma permite que os cônjuges possam fazer a separação e o divórcio amigável por instrumento público, preenchidos os requisitos legais quanto aos prazos para a separação e o divórcio e não havendo filho menores ou incapazes, os cônjuges podem realizar negócio jurídico privado de separação ou divórcio por escritura pública. 24 Universidade do Sul de Santa Catarina Assim, a recente legislação busca desafogar o Judiciário, distribuindo sua competência aos Cartórios extrajudiciais, quando se tratar de demandas consensuais que envolvam inventário e separação de cônjuges. Em suma, salienta-se que o tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado por ocasião do ato notarial, sob pena de nulidade. Dessa forma, a função do Estado não se limita ao âmbito jurisdicional, ou seja, seus afazeres administrativos são distribuídos entre vários órgãos, os quais prestam auxílio ao Estado para que possa cumprir de forma satisfatória todos os direitos e deveres previstos na Constituição Federal em favor das pessoas físicas e jurídicas. Superada a análise da jurisdição, passa-se ao estudo da ação, por sua vez considerada o elemento deflagrador do exercício jurisdicional do Estado. O significado da ação, em sentido amplo, reflete a norma Constitucional inerente ao cidadão de acesso ao Judiciário, para que seja julgado e aplicado o Direito à sua pretensão. Moacyr Amaral dos Santos (2007, p. 167), preconiza que: [a] função jurisdicional é atribuída ao Poder judiciário; é função do poder. No exercício da função desse poder se contém a sujeição de quem o invoca e mais, porque via a manter a ordem jurídica, à atuação da vontade da lei, também a sujeição daquele que teria violado. Quer dizer que se sujeitam ao poder jurisdicional às partes desavindas em seus interesses, pois de outra forma seria inútil o pronunciamento que lhe é solicitado, no qual o próprio Estado é também interessado. E assim a ação, que se dirige contra o Estado, vai alcançar o demandado, sujeitando-o a comparecer para defender-se. De tal forma, por força do poder de sujeição, inerente ao exercício da função jurisdicional, se estabelece a bilateralidade do processo, o qual serve de instrumento do exercício daquela função e com esse fim é disciplinado pelo Estado. Concebida a ação como direito de provocar a prestação jurisdicional do Estado, está afastada a idéia de ação no sentido concreto. Provocando a jurisdição a 25 Direito Processual Civil I Unidade 1 um pronunciamento, a ação não pode exigir senão isso e não uma decisão de determinado conteúdo. É por isso um direito abstrato, porque exercível por quem tenha ou não razão, o que será apurado tão somente na sentença. Por outro lado, em sentido restrito, para que o Judiciário possa apresentar uma resposta de mérito, ou seja, apreciar o direito subjetivo pleiteado em juízo, deve-se analisar a presença de três condições basilares para a formação da ação, quais sejam: � a possibilidade jurídica do pedido; � legitimidade “ad causam”; e � interesse de agir. Por consequência, caso constatada a ausência de uma das condições da ação, será decretado a inexistência da ação, sendo o processo extinto sem resolução de mérito, conforme o art. 267 do CPC. Salienta-se que a busca da delimitação do termo ação, sempre considerado um assunto não unânime entre os estudiosos do direito, devido a ser um tema complexo, em torno de várias teorias e entendimentos diversos. Nesse sentido, devido à evolução das interpretações das teorias no decorrer dos tempos, destaca-se a teoria imanentista. Assim, utilizando as palavras de Vicente Greco Filho (2007, p. 78), essas teorias se perpetuaram até meados do século XIX, e elas defendem que a ação é um elemento inerente ao direito material, onde a mesma é confundida com a exigibilidade do direito. Sobre a teoria imanentista, Alexandre Freitas Câmara, (2008, p. 107) acrescenta que: [...] essa teoria é reflexo de uma época em que não se considerava ainda o direito processual como ciência autônoma, sendo o processo mero “apêndice” do direito Civil. Por esta concepção, a ação era considerada o próprio direito material depois de violado. (...). Em outras Também conhecida como civilista ou clássica, a qual entende que o direito de ação é o próprio direito material (civil) em movimento, direito substancial (processo). 26 Universidade do Sul de Santa Catarina palavras, para a teoria imanentista, a ação nada mais era do que uma manifestação do direito material, ou seja, era a forma como se manifestava o direito material após sofrer uma lesão. Salienta-se que a teoria imanentista foi adotada pelo Código de Processo Civil de 1916, mais precisamente em seu revogado artigo 75, in verbis: “a todo direito corresponde uma ação, que o assegura”. Durante décadas, este artigo foi alvo de duras críticas, tendo em vista sua falência teórica diante da ausência de fundamentação perante as ações de cunho meramente declaratórios. Posteriormente, deu-se espaço à teoria do direito autônomo. Moacyr Amaral dos Santos (2007, p. 156) colabora sobre o tema. Segundo sua concepção, a ação consiste no direito à tutela do Estado, e que compete a quem seja ofendido no seu direito. Ação é um direito contra o Estado para inovar a sua tutela jurisdicional. É, pois, um direito público subjetivo, distinto do direito cuja tutela se pede, mas tendo por pressupostos necessários este direito e sua violação. Distinguia-se, assim, o direito subjetivo material, a ser tutelado, do direito de ação, que era direito subjetivo público. Em suma, a referida teoria sustenta plena autonomia entre o direito material e o direito processual. Não se desligando da teoria do direito autônomo, porém sustentada que somente existiria ação quando o Judiciário julgasse procedente a ação ingressada em juízo, encontra-se a teoria concreta, defendida pelo o jurista alemão Adolpho Wach. Pactuando com esse entendimento, Giuseppe Chiovenda, por sua vez, considerado um dos maiores expoentes do direito processual italiano, também justifica seu entendimento na dissociação do direito material do direito de ação, todavia, acolhendo a teoria concreta, conforme Vicente Greco Filho (2007, p. 78): Chiovenda, porém, em trabalho sobre a ação declaratória negativa, demonstrou a autonomia do direito de ação em Conhecida também como teoria de Muther, baseada na distinção entre o direito material e o seu pleno exercício via ação, do qual deflagra a contraprestação do Estado no sentido de resguardara tutela jurídica pretendida. 27 Direito Processual Civil I Unidade 1 face do direito material, com o argumento de que, se é possível obter um provimento que declare a inexistência de uma relação jurídica é porque o direito de obtê-la é diferente do direito material discutido, autônomo, portanto com relação a ele. Ficou mantida ainda certa dependência para com o direito material, definindo-se a ação como um direito de obter do Estado uma sentença favorável. Para Chiovenda a ação é mais que um direito, é o poder de obter do Estado uma decisão favorável. Tal dependência em relação ao direito material levou a denominação da teoria da ação como direito autônomo concreto. Em suma, de acordo com a teoria concreta, somente existiria o exercício da ação quando o pedido formulado perante o Judiciário tivesse êxito, ou seja, fosse acolhido como procedente. Assim, diante da evolução dos tempos, a teoria concreta sofreu um desgaste, dando espaço à criação da teoria abstrata da ação, devido ao fato de que os adeptos da teoria concreta não sabiam justificar quando a sentença era julgada como improcedente, ou seja, quando o pleito pretendido era negado pelo Judiciário. Esta teoria tem como base a existência da ação pelo simples fato de que a todos caberia o direito de acionar o Poder Judiciário, independentemente do fundamento da resposta proferida. Nos dizeres de Alexandre Freitas Câmara (2007, p. 110), “teoria abstrata do direito de ação seria, simplesmente, o direito de provocar a atuação do Estado Juiz. Em outros termos, para essa teoria a ação é o direito de se obter um provimento jurisdicional, qualquer que seja o seu teor”. Finalmente, após a lapidação durante anos da teoria pura abstrata, o Código de Processo Civil acolhe em um de seus dispositivos legais a teoria eclética da ação, estudo criado pelo processualista italiano Enrico Tullio Liebman em meados de 1940. A referida teoria é adotada até hoje pelo direito processual brasileiro e também pela maioria dos países estrangeiros, a qual, da mesma forma que a abstrata, conclui que o processo é independente do direito material pretendido. Em outras palavras, a teoria abstrata pura se confunde com o próprio direito constitucional de acesso ao poder judiciário para Também conhecida como teoria do direito abstrato de agir. 28 Universidade do Sul de Santa Catarina obtenção da tutela pretendida, o que, por sua vez, não ocorre com a teoria eclética quanto à ação. Assim, é justamente neste ponto que a teoria eclética diverge da abstrata, pois, para existir o exercício da ação, é necessário que a mesma preencha determinadas condições, sob pena de ser decretada carente, ensejando a extinção do processo sem resolução da lide, conforme mérito do Art 267, inciso VI do CPC: “[...] extingue-se o processo, sem julgamento do mérito: [...] VI - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual”. Neste ponto, o manejo do processo em face ao Judiciário é um direito público, inafastável, isto é, constitucional, inerente ao sujeito, não podendo ser interpretado de forma genérica, pois, para que esse mesmo sujeito obtenha uma resposta ao pleito pretendido, aplicação do direito ao caso concreto, a ação deverá respeitar determinadas condições, denominadas condições da ação. Deste modo, o jurista Enrico Tullio Liebman (1983), aprimorando as teorias apresentadas, basicamente a abstrata e a concreta, delimitou que a ação consiste em um direito público abstrato, todavia com aplicabilidade limitada no que diz respeito ao direito pretendido em juízo. Valendo-se do que foi dito, somente haverá o exercício pleno da atividade jurisdicional quando houver sido superada a admissibilidade prévia do processo e da ação apresentados em juízo, ou seja, o magistrado deverá identificar se aquela demanda cumpre os requisitos legais de admissibilidade, para, somente após, proferir uma decisão pacificadora de mérito, seja ela pela procedência ou improcedência do pedido do autor. Marcus Vinícius Rios Gonçalves, (2008, p. 87), expõe de forma didática o seguinte: [...] o entanto não se acolhe entre nós às teorias abstratistas puras, em que a ação é um direito a uma resposta qualquer do Judiciário, independentemente do preenchimento de certas condições, ela consiste no Brasil, 29 Direito Processual Civil I Unidade 1 em direito à resposta de mérito, isto é, ao pedido que foi dirigido ao juiz. Só existirá ação quando houver o direito a uma resposta de mérito, que depende do preenchimento de determinadas condições. Portanto não há exercício do direito de ação quando o juiz extingue o processo sem julgar o mérito. Nesse caso a máquina judiciária foi movimentada em virtude do direito de demandar, que é garantia inerente ao princípio constitucional do acesso à justiça. Mas não houve ação. Portanto, como bem salientado acima, o direito a uma resposta do Judiciário dependerá da presença de certas condições, caso contrário, o direito materializado na ação e conduzido pelo processo não será merecedor da apreciação pelo juízo competente, por causa de algum vício que comprometerá a própria ação ou o regular andamento do processo. Nesses termos, as condições da ação acolhidas pela legislação processual brasileira dividem-se em três: � possibilidade jurídica do pedido; � legitimidade “ad causam”; e � interesse de agir. Verifica-se que a não obediência das referidas condições ensejará na carência da ação, ou seja, ela será declarada inexistente. Dessa forma, é indispensável que, concomitantemente, o pedido formulado pelo autor não seja contrário ao ordenamento jurídico pátrio, no qual as partes integrantes da demanda sejam legítimos titulares do direito posto em litígio, (autor e réu) e que haja interesse de agir do Órgão Estatal na resposta daquele pedido. Há a possibilidade jurídica do pleito pretendido quando o pedido não contrariar a legislação vigente. Sobre a possibilidade jurídica do pedido, conforme Gonçalves (2008, p. 90), [...] não se admite formulação de pretensões que contrariem o ordenamento jurídico. Aquele que vai a juízo postular algo vedado por lei terá sua pretensão Conhecido no âmbito dos pedidos possíveis de concretização. 30 Universidade do Sul de Santa Catarina obstada. Não haveria sentido em movimentar a máquina judiciária se já se sabe de antemão que a demanda será mal sucedida porque contraria ordenamento jurídico. Seguindo o presente raciocínio, citam-se, aqui, os exemplos clássicos da doutrina tradicional sobre a impossibilidade jurídica do pedido, como: � requerer a cobrança de dívida de jogos de azar, vez que o referido ato é vedado pelo direito; � no mesmo sentido, pleitear perante o Judiciário o ressarcimento de dívidas oriundas de prostituição e similares; ou, ainda, � pleitear o divórcio quando não havia previsão legal em nossa legislação. Na verdade, a interpretação da possibilidade jurídica não pode se limitar à análise isolada do pedido, pois o mesmo encontra- se intimamente ligado à causa de pedir, isto é, faz-se necessária também a análise do fato gerador, que deflagrou o pedido. Mais uma vez, o referido tema é muito bem abordado pelo doutrinador Marcus Vinícius Rios Gonçalves, (2008, p. 91). Se alguém ingressa em juízo postulando a condenação do réu ao pagamento de determinada quantia em dinheiro, o pedido será lícito. Mas, se a causa de pedir for, por exemplo, a vitória do autor em jogo de azar, o juiz indeferirá a pretensão. Contraria o ordenamento a cobrança judicial de dívida de jogo. Por isso, o pedido que, isoladamente era lícito tornou-se ilícito, porque embasado em causa de pedir ilegal. (...) Também não se admite pedido ou causa de pedir que, embora, não afrontem diretamente a lei, ofendam a moral e os bons costumes. Não se pode, por exemplo, ingressar em juízo para cobrar por prestaçõesde serviços de prostituição. A imoralidade, e não a ilegalidade impede que o processo siga adiante. Resumindo, a possibilidade jurídica do pedido torna-se uma das condições de melhor entendimento, pois, toda vez que for pleiteado em juízo algo contrário à norma legal, o caminho 31 Direito Processual Civil I Unidade 1 processual será bloqueado, e, por consequência, acarretará sem sombra de dúvida, a extinção do processo. A legitimidade “ad causam” - seja ela ativa, relativa ao(s) autor(es), ou passiva, relativa ao(s) réu(s) - diz respeito aos titulares da pretensão de direito, autor e réu. As partes deverão ser legitimadas para demandarem em juízo sob pena de serem consideradas ilegítimas. Assim, o autor deverá ser parte legitimada para requerer as providências quanto ao seu pedido, e, da mesma forma, o réu deverá ser parte legítima para suportar a decisão proferida, aqui reconhecida como legitimação ordinária, isto é, comum. O melhor exemplo do que foi dito encontra-se consagrado no artigo 6º do Código Processual Civil, o qual prevê que: “[...] ninguém poderá pleitear, em nome próprio direito alheio, salvo quando autorizado por lei”, caso contrário será carecedor do direito de ação. Na primeira parte do dispositivo legal acima transcrito, é materializada a legitimidade ordinária, comum, para agir pelo simples fato de que não se pode aplicar o direito àqueles que são estranhos, ou seja, alheios à relação processual, tanto ativa, quanto passivamente. Aproveitando as palavras de Moacyr Amaral dos Santos, (2007, p. 178), “[...] o autor deve ter título em relação ao interesse que pretende seja tutelado”. De acordo com o mesmo autor: Por outras palavras, o autor deverá ser titular do interesse que se contém na sua pretensão com relação ao réu. Assim, a legitimação para agir em relação ao réu deverá corresponder à legitimação para contradizer deste em relação aquele. Ali, legitimação ativa, aqui, legitimação passiva. [...]. São legitimados para agir, ativa e passivamente, os titulares dos interesses em conflito; legitimação ativa terá o titular do interesse afirmado na pretensão; passiva terá o titular do interesse que se opõe ao afirmado na pretensão. Fala-se então em legitimação ordinária, porque a reclamada para a generalidade dos casos. 32 Universidade do Sul de Santa Catarina Já a segunda parte do artigo 6º do CPC reproduz a legitimação extraordinária, para que um terceiro, por expressa autorização legal, possa pleitear o direito de outrem em juízo. Ela é chamada de legitimação extraordinária, pois se trata de exceção à maioria dos casos. Dessa forma, ocorre uma verdadeira substituição para pleitear o direito de outrem, agora, por sua vez, substituído em juízo. Cita-se, como exemplo, as ações de cunho coletivo, onde os verdadeiros titulares são substituídos pelo Órgão do Ministério Público, Sindicatos, Órgão de Classe; OAB, condomínios e demais legitimados investidos pelo benefício legal. Gonçalves (2008, p. 93) acrescenta que [e]m circunstâncias excepcionais, que decorrem de lei expressa ou do sistema jurídico, admite-se que alguém vá a juízo em nome próprio, para postular ou defender direito alheio. Nesse caso aquele que figura como parte não é o titular do direito alegado, e o titular não atua como sujeito processual. Há aí um fenômeno da substituição. Substituto processual é aquele que atua como parte, postulando ou defendendo um direito que não é seu, mas do substituído. Por isso que a legitimidade extraordinária é também chamada substituição processual. Nesse sentido, não é demais frisar que o legitimado extraordinariamente é considerado parte da relação processual, onde o substituído poderá posteriormente ingressar no processo como assistente listisconsorcial. Superado este ponto, deparamo-nos com a terceira condição da ação: o interesse de agir, o qual se desdobra entre o binômio necessidade – adequação. No aspecto da necessidade, o interesse de agir decorre da existência da necessidade da intervenção do juízo, isto é, da necessidade de movimentar a máquina do Judiciário para satisfação do pleito pretendido. No que toca à adequação, verifica-se que a ação utilizada em juízo não se torna adequada para satisfazer o direito pleiteado, Conhecida como substituição processual. Auxiliar daquele que está lhe substituindo. 33 Direito Processual Civil I Unidade 1 haja vista à existência de inúmeros remédios processuais destinados a alcançar a utilidade e a satisfação da pretensão de direito. Justamente nesse ponto, quando do manejo de instrumentos equivocados não passíveis de acertamento no feito, elas acabam carecendo de interesse, levando à extinção do processo por falta de interesse de agir. Nesta linha, cita-se, como exemplo, o ingresso de ação de execução ao cumprimento de obrigação contida em um cheque, quando o referido título já estava prescrito, onde correta, neste caso, seria a ação de monitoria ou ação de cobrança, as quais servem como guarida para a cobrança de título de crédito prescrito. Em resumo, o interesse processual na qualidade de condição da ação consiste na necessidade de movimentação da máquina judiciária por intermédio de instrumento capaz de produzir provimento jurisdicional útil ao pleito reivindicado. Verifica-se, ainda, que, caso observada a ausência de uma das condições da ação, por se tratar de matéria de ordem pública, o juiz poderá de ofício, sem a necessidade de requerimento da parte, promover o indeferimento da petição inicial, conforme o artigo 295, incisos II e III, parágrafo único, inciso III do CPC; ou depois de superada a fase citatória, em qualquer tempo, o juiz poderá decidir pela extinção do feito de resolução de mérito, de acordo com o artigo 267 do CPC, devido a carência de ação. Salienta-se, ainda, que a ausência das condições da ação, tendo em vista seu caráter público, poderá ser arguida pelas partes em qualquer tempo ou grau de jurisdição ordinário e serem reconhecidas de ofício pelo magistrado. Vencido o estudo proposto sobre as condições da ação, passa-se à análise de seus elementos, os quais, em suma, são definidos como: � partes; � pedido; e � causa de pedir. 34 Universidade do Sul de Santa Catarina Uma ação se diferencia das outras à medida que seus elementos variam, distinguindo-se das demais, sendo identificada pelo conjunto de elementos próprios e exclusivos de cada ação. É de suma importância a identificação das ações propostas em juízo, pois a presença de possíveis vícios inerentes ao processo deriva da análise de seus elementos, como: � impossibilidade jurídica do pedido; � litispendência; � coisa julgada; � conexão; � continência, dentre outros. Sobre o tema, o jurista Vicente Greco Filho, (2007, p. 93) destaca a análise dos elementos atrelados à ação, in verbis: [...] cada ação distingue-se das demais por certos elementos que as identificam, por meio deles é possível distinguir uma da outra e, também, individualizar determinada demanda pra compará-la a outra, verificando eventualmente se são idênticas. [...] O problema da identificação das ações tem importância fundamental para dois institutos: a litispendência e a coisa julgada. Ambas as figuras são impeditivas da repetição da demanda, ou porque a ação ainda está em andamento (litispendência), ou porque a ação se encerrou definitivamente, (coisa julgada). A jurisdição quando provocada ou esgotada, atua apenas uma vez, resolvendo definitivamente à lide, sendo proibida a repetição da ação. Assim, a observação dos aspectos identificadores da ação é merecedora de relevante consideração, para que se evitem futuros entraves na marcha processual. Com relação à parte ativa ou passiva, pode-se denominar como autor da demanda aquele que requer uma resposta do Poder Judiciário, por sua vez, contrário ao interesse do réu, parte adversa na relação processual.35 Direito Processual Civil I Unidade 1 Na contramão do que foi dito, reitera-se que, conforme delimitado sobre jurisdição, diante da ausência de litígio, jurisdição voluntária, não existem partes, como na grande maioria dos casos apresentados em juízo, (autor x réu), mas, sim, interessados, haja vista terem interesses comuns. No que pese ao pedido ofertado pelo autor em juízo, pode- se dizer que corresponde ao objeto da ação, o bem da vida pretendido pelo autor da demanda. Nesses termos, Nelson Nery Junior (2007, p. 550), dispõe que “[...] no sistema do CPC, pedido tem como sinônimas as expressões lide, pretensão, mérito, objeto. É o bem da vida pretendido pelo autor: a indenização, os alimentos a posse, a propriedade, a anulação do contrato etc.” Por último, entende-se por causa de pedir a razão pela qual se baseia o autor a requer guarida do Poder Judiciário. Assim, aquele que busca uma resposta do Poder Judiciário sobre sua pretensão por intermédio do pedido, deverá demonstrar quais as causas, os fatos que defl agraram o seu requerimento. Utilizando as palavras sábias do jurista Vicente Greco Filho (2007), “[...] a causa de pedir é o fato jurídico que o autor coloca como fundamento de sua demanda. É o fato do qual surge o direito que autor pretende fazer valer ou a relação jurídica da qual aquele direito deriva.” Em suma, causa de pedir nada mais é do que o fundamento de fato e de direito pedido pelo autor em juízo. Pode-se agora conceituar com segurança, após as explanações acima lançadas, que a ação é um direito público subjetivo de natureza abstrata, pleiteado em face do Estado-Juiz com o objetivo da tutela jurisdicional. 36 Universidade do Sul de Santa Catarina Nessa linha de entendimento, observa-se que a ação não alcançará sua finalidade, sentença de mérito, sem percorrer um caminho denominado processo, isto é, o caminho pelo qual percorre a ação. Nesse raciocínio, finalmente chega-se ao elemento processo. É inegável afirmar que o processo é o instrumento utilizado pelo Estado-Juiz para que ele faça cumprir a função jurisdicional, ou seja, é um meio concretizador do direito pleiteado em juízo conforme previsão legal. Salienta-se que a classificação dos tipos processuais varia dependendo das finalidades e das providências requeridas em juízo via ação. Os tipos de instrumentos processuais são divididos em três grupos, conforme preconiza o artigo 270 do Código de Processo Civil: � processo de conhecimento ou processo cognitivo; � processo de execução; e � processo cautelar. No processo de conhecimento, o Estado é acionado por intermédio da jurisdição para solucionar a lide existente entre as partes autor x réu, ou seja, aplicar o direito diante da vontade da lei, extinguindo, por sua vez, a pretensão contestada. Nesse sentido, o processo de conhecimento inaugura o Código de Processo Civil, contido no seu Livro I, conforme se lê, é aquele que conhece o direito apresentado em juízo, isto é, declara o direito, sendo que, depois de superadas as suas fases, ele conduz à formação de um título executivo judicial. Pela nova sistemática processual, ditada pela Lei 11232/2005, o processo de conhecimento possui duas fases: � uma fase cognitiva, que conhece do direito; e � uma fase executiva, que faz cumprir o direito declarado, denominado processo sincrético, ou seja, comporta duas fases distintas em um único processo. Deste modo, diante da nova roupagem processual, não resta dúvidas de que o atual modelo adotado pelo processo de conhecimento somente esgotará as suas atribuições quando Primeiro objeto de estudo desta seção, denominado como um instrumento jurisdicional público, formado por um conjunto de atos e procedimentos com o objetivo de pacificação social e, por consequência, da aplicação do direito ao caso concreto. Denominado sentença. 37 Direito Processual Civil I Unidade 1 do devido cumprimento da sentença judicial, dispensando, assim, um novo processo denominado de “execução” para o cumprimento do direito ditado no comando judicial, sentença. Assim, conclui-se que o título executivo judicial “sentença” é produzido pelo Poder Judiciário por intermédio da propositura da ação via processo judicial. Nesse contexto, após a formação da sentença por intermédio da primeira fase do processo de conhecimento, caso a determinação legal produzida não seja cumprida espontaneamente, a segunda fase do processo de conhecimento, chamada executiva, será aplicada pela parte interessada. A executiva possui a função de coagir ao cumprimento da obrigação prevista no comando judicial, sentença. O processo de execução, autônomo, diferente da formação do título judicial, o qual possui uma fase executiva própria, delimitada acima, é previsto no Livro II do Código de Processo Civil, somente quando aplicado aos títulos executivos extrajudiciais. Exemplos desta aplicação são: cheque, nota promissória, duplicata, contrato, dentre outros. Destaca-se que o processo executivo não se presta a conhecer do direito o posto em juízo, verificando quem possui razão no litígio, ao contrário, sua função é fazer cumprir a obrigação materializada no título executivo extrajudicial, seja espontânea ou compulsoriamente. O processo cautelar, Livro III do CPC, se diferencia dos demais, no sentido de assegurar e garantir o bom resultado do processo de conhecimento ou de execução. Em consequência, a decisão do provimento cautelar é substituída pela decisão definitiva proferida no processo de conhecimento ou de execução, pois o processo cautelar é um instrumento provisório. Via de regra, seu manejo encontra-se atrelado aos pressupostos do fummus bonis iuris, fumaça do bom direito e do periculum in mora, perigo da demora, podendo ser preparatório, antes de instaurado o processo de conhecimento, de execução autônoma, ou ainda, incidental; no curso dos dois processos via tutela liminar. 38 Universidade do Sul de Santa Catarina Conclui-se que a tutela cautelar é manejada diante da necessidade, ou seja, da urgência de uma decisão do Órgão Estatal, de situações que não podem esperar a marcha processual mais detalhada, defi nidas futuramente em decisões proferidas no curso do processo de conhecimento ou de execução, sob pena de perecimento do pedido, futuros objetos de discussão daqueles processos. Exemplos disso são as medidas cautelares de busca e apreensão de menor, arresto, sequestro, alimentos etc. Partindo dos tipos variados de processos, cada qual com sua fi nalidade específi ca prevista em lei, observa-se que tais fi nalidades, para se tornarem úteis aos cidadãos, seguem procedimentos variados, que são exteriorizados de modos e formas diferentes conforme o tipo de processo. Assim, reitera-se que cada tipo de processo é regulado por um conjunto de atos, os quais podem variar dependendo do “procedimento” adotado ao tipo processual escolhido para manutenção do direito, todos com o intuito de alcançar suas fi nalidades específi cas. De forma didática, pode-se dizer que cada procedimento possui caminhos distintos, ritmos e instrumentos variados aplicados em cada processo, os quais devem ser seguidos para alcançar a fi nalidade almejada por cada cidadão, quando na busca do Poder Judiciário para resolver seus confl itos. Nesse sentido, caso o processo e os procedimentos utilizados sejam inadequados, a resposta do judiciário não será útil ao pleito pretendido, ou seja, a resposta será inefi caz e, por consequência, não suprirá suas necessidades. O processo de conhecimento ditado pelo Código de Processo Civil possui dois procedimentos: � comum, que se divide em ordinário e sumário; e 39 Direito Processual Civil I Unidade 1 � os especiais de jurisdição contensiosa (arts. 890 a 1.071) e voluntária (arts. 890 a 1.071), os quais estão relacionados no Livro IV do referido comando legal.O procedimento comum, por ser comum, é o mais utilizado, ou seja, quando a lei não especificar o procedimento a ser adotado, utiliza-se o procedimento comum, de acordo o artigo 271 do Código Processual Civil: “[...] aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário deste Código ou de lei especial”. Dessa forma, a lei irá tratar de forma excepcional as ações atreladas ao processo de conhecimento, todavia, regidas pelos procedimentos especiais. Citam-se, como exemplos, a ação de consignação em pagamento, usucapião, cobrança, possessórias, monitórias, inventário, dentre outros. Conforme expresso, observa-se que o procedimento comum possui duas marchas processuais distintas: � uma mais lenta e completa chamada de “ordinária”; e � outra mais célere e resumida denominada “sumária”. O procedimento comum, rito ordinário, é regido pelo Código de Processo Civil nos artigos 282 a 466 e o sumário, a partir do artigo 275 a 281 do mesmo diploma legal. O autor Marcus Vinícius Rios Gonçalves, (2008, p. 314), de forma didática, acrescenta que: [...] embora haja vários tipos de procedimentos, há muitos pontos em comum entre todos eles. Os atos processuais estruturais fundamentais em todos os tipos de procedimentos – petição Inicial, resposta do réu, fase instrutória e sentença -, são comuns a todas as espécies e vêm tratados no CPC, no título referente ao procedimento ordinário. Nos referentes ao sumário e aos especiais, o legislador só cuidou daquelas peculiaridades que os distinguem do ordinário. Por isso, a aplicação das regras do procedimento ordinário é supletiva à dos demais: naquilo que não houver regras próprias, que constituam as particularidades dos procedimentos 40 Universidade do Sul de Santa Catarina sumário e especial, aplicar-se-ão supletivamente as do procedimento ordinário. Assim, conclui-se que o primeiro passo para a aplicação correta do procedimento ao processo em espécie é verificar se a lei exige forma especial para a sua aplicação. No caso de omissão da norma, deverá ser utilizado o procedimento comum do rito ordinário ou sumário. O procedimento comum do rito ordinário possui uma marcha processual mais lenta devido à sua completude. Assim, ele começa com a petição inicial, de acordo com o artigo 282 do CPC, seguido do chamamento do réu via citação do art. 213 do CPC, para, se for o caso de apresentar defesa, contestação e outras, seguir os ditames do art. 5º e dos arts. 297-325do CPC. Posteriormente, é verificada a presença ou não da revelia, ausência de defesa pelo réu, (arts. 319-324 do CPC). Superadas tais fases, caso apresentada a defesa, contestação ou outras, o juiz passará à analise da matéria apresentada pelo réu, tomando as providências preliminares, caso necessárias ao saneamento do processo, seguindo-se do julgamento conforme o estado do processo (arts. 326 e 328 do CPC). Na fase do julgamento, conforme o estado do processo, o mesmo poderá ser decidido pelas seguintes formas: � extinção do processo sem resolução de mérito, conforme arts. 267 e 269, II ao V do CPC; � julgamento antecipado da lide, quando a matéria for direito ou de direito e de fato não serem necessárias mais provas, de acordo com a art. 330 do CPC; � finalmente, o juiz poderá optar pelo saneamento do processo, diante da necessidade de constituir mais provas testemunhal, pericial e outras. Salienta-se que diante da constituição da prova pericial ou colheita das provas orais, será designada audiência preliminar, de acordo com o art. 331 do CPC. Em seguida, conforme necessário, será designada uma audiência de instrução e 41 Direito Processual Civil I Unidade 1 julgamento para a colheita das provas orais, em função do art. 447 e seguintes do CPC, encerrando-se com a prolação da sentença, de acordo com o art. 456 do CPC. Para entendermos melhor este procedimento, segue fluxograma: Figura 1.2 – Procedimento Ordinário Fonte: THEODORO JUNIOR, 2005, p. 309. 42 Universidade do Sul de Santa Catarina Dando continuidade ao Procedimento, observa-se que, quando inserido no corpo do procedimento comum ordinário, está presente o procedimento sumário, que prima pela maior celeridade e simplicidade de seus atos. Em suma, o procedimento sumário se difere de forma geral do ordinário, no que diz respeito à classificação da matéria e do valor da causa, elementos que servem como parâmetro principal para a sua aplicabilidade, conforme regulamenta o artigo 275 do CPC. Vejamos: Art. 275 - Observar-se-á o procedimento sumário: I - nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo; (Alterado pela L-010.444- 2002) II - nas causas, qualquer que seja o valor: (Alterado pela L-009.245-1995) a) de arrendamento rural e de parceria agrícola; b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio; c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre; e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo ressalvados os casos de processo de execução; f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial; g) que versem sobre revogação de doação; (Alterado pela L-012.122-2009) Art. 3º, I e II, Competência - Juizados Especiais Cíveis - Juizados Especiais Cíveis e Criminais - JECC - L-009.099-1995. h) nos demais casos previstos em lei. (Acrescentado pela L-012.122-2009). Parágrafo único. Este Procedimento não será observado nas ações relativas ao estado e a capacidade das pessoas. 43 Direito Processual Civil I Unidade 1 Diante da redação dada ao artigo 275, I do CPC, extrai-se que a análise do valor da causa possui o valor do salário mínimo como parâmetro, quanto à aplicabilidade do procedimento sumário, tendo tal valor como base para a sua incidência quando da propositura da ação em juízo. Favor manter o acento no vocábulo “extraí-se” favor verificar o dicionário de língua portuguesa. Verifica-se, ainda, que, mesmo aquelas ações que não ultrapassem a 60 salários mínimos, todavia, tratem do estado e da capacidade da pessoa, direitos indisponíveis, não poderão ser processadas pelo procedimento sumário, mas, sim, pelo ordinário ou especial, conforme reza o parágrafo único do referido dispositivo legal. Observa-se que as causas destacadas em seu inciso II enumeram matérias que, independentemente do valor dado à causa, serão absorvidas pelo procedimento sumário, ou, ainda, caso o autor prefira, poderão tramitar no Juizado Especial de Pequenas Causas, conforme LJE 9099/2005, art. 3º, II. Nelson Nery Junior, (2007, p. 537) discorre sobre: Juizados Especiais – Nas ações enumeradas no CPC275 II podem também ser ajuizadas perante o Juizado Especial Cível (L 9099/95 3. II-LJE). Os juizados especiais têm natureza hibrida, pois são um misto de juízo e de procedimento. Daí a razão pela qual a parte pode optar entre ajuizar a ação perante o juizado especial, submetendo-se ao procedimento especial da LJE, ou perante o juízo comum, submetendo-se ao rito sumário do CPC. Assim, o procedimento adotado pelo rito sumário possui como finalidade a construção de uma sequência de atos mais célere em um lapso temporal, mais mitigado do que prevê o rito ordinário, pois é de sua essência a concentração de atos processuais. A sua característica simplista é destacada na Petição Inicial, onde é seguida da defesa, provas e julgamento, as quais serão distribuídas em duas audiências: � uma prevendo a conciliação, ou seja, o acordo entre as partes e a resposta do réu; e 44 Universidade do Sul de Santa Catarina � outra audiência para a constituição de provas, chamada de audiência de instrução e após decisão. Segue o esquema do procedimento sumário: Figura 1.3 – ProcedimentoSumário Fonte: THEODORO JUNIOR, 2005, p. 322. 45 Direito Processual Civil I Unidade 1 Seção 2 – Atos, Prazos processuais e Preclusão Conforme estudamos na seção 1, pode-se dizer que o processo é um conjunto sequencial de atos, os quais são praticados pelas partes, auxiliares da justiça e pelo juiz, com o intuito de dar início, impulsionar o processo, até alcançar o provimento final, ou seja, a sentença. Em uma visão geral, os atos processuais são aqueles que derivam da motivação das partes envolvidas e de outros ligados ao processo. O ato processual possui como objetivo a modificação, constituição, conservação, ou a extinção da relação jurídica processual. Diante de uma visão contemporânea, Marcus Vinícius Rios Gonçalves (2008, p. 227) ensina que: [...] serão, pois, atos jurídicos processuais todos os atos humanos praticados no processo. Essa qualificação só pode ser atribuída corretamente às condutas humanas. Pode ocorrer que fatos naturais, para os quais uma vontade humana contribuiu, tenham repercussão processual, como a morte de uma das partes ou uma inundação que provoque o desaparecimento dos autos. Esse tipo de episódio só pode ser qualificado como fato processual, e não como ato processual. Dentre os fatos jurídicos, destacam-se os negócios jurídicos, de especial relevância para o direito material. São aquelas manifestações de vontades destinadas á obtenção de um fim visado pelo agente. O ambiente adequado para a sua celebração é o da autonomia da vontade, em que o querer humano pode ser direcionado para obtenção de fins específicos. Por outro lado, classificam-se como fatos jurídicos os eventos que não dependem da vontade das partes ou das pessoas, todavia, eles influenciam direta ou indiretamente na modificação das situações jurídicas provenientes ao processo. 46 Universidade do Sul de Santa Catarina Desse modo, citam-se como exemplos de ato processual: a petição inicial, as defesas, sentença, recursos, dentre outros. Os fatos processuais seriam: o falecimento de uma das partes, do procurador, perda de um prazo, dentre outros. Pode-se dizer, ainda, que ato processual é gênero, e fato processual é espécie. Nessa linha de raciocínio, Humberto Theodoro Junior, (2005, p. 201) discorre: Inicia-se, desenvolve-se e encerra-se o processo por meio de atos praticados ora pelas partes, ora pelo juiz ou seus auxiliares. Há, ainda, acontecimentos naturais, não provocados pela vontade humana, que produzem efeito sobre o processo, como a morte da parte, o perecimento do bem litigioso, o decurso do tempo etc. Assim, é lícito dizer que o processo é uma seqüência ordenada de fatos, atos e negócios processuais [...]. Salienta-se que, para a prática do ato processual, não será necessário obedecer à forma específica, todavia, quando a lei exigir, deverá o mesmo seguir suas delimitações sob pena de não ser considerado válido. Observa-se que pelo princípio da fungibilidade dos atos processuais, mesmo aqueles praticados sem a devida observância legal serão aceitos, desde que alcancem a sua finalidade principal, conforme preconiza o artigo 154 do Comando Processual: “Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial”. Os atos processuais, via de regra, são revestidos pela publicidade, para que sejam fiscalizados pelos participantes do processo e também pela sociedade, salvo quando a lei exigir sigilo, ou seja, segredo de justiça, onde as audiências são realizadas a portas fechadas, Art. 444 do CPC, A audiência será pública; nos casos de que trata o art. 155, ela realizar-se-á a portas fechadas. Os atos praticados sob a égide do segredo estão enumerados no artigo 155 do mesmo comando processual. Vejamos: 47 Direito Processual Civil I Unidade 1 Art. 155 - Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça os processos: I - em que o exigir o interesse público; II - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de menores. Parágrafo único - O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e a seus procuradores. O terceiro, que demonstrar interesse jurídico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilha resultante do desquite. Ainda, com relação à publicidade, a própria Carta Constitucional de 1988 estabelece no seu artigo 5º, LX, a plena publicidade dos atos processuais como sendo um direito do cidadão, onde faz menção ao direito de sigilo: “LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”. Assim, salvo melhor juízo, apesar dos casos enumerados pela lei processual, nada impede que o magistrado atribua segredo a outros atos estranhos à norma, quando esta for indispensável ao bom andamento do processo. Acrescenta-se que somente terão acesso ao processo, quando revestido do segredo de justiça, as partes e seus respectivos procuradores, sendo, porém, vedado a terceiros o fornecimento de informações, consultas e a obtenção de documentos, diferentemente do que ocorre nos demais processos, de livre acesso a todos os interessados. Nesse seguimento, diante do comando público, o artigo 141, inciso V, prevê que: “Caberá ao escrivão dar independentemente de despacho, certidão de qualquer ato ou termo do processo, observando o disposto do artigo 155”. Outro ponto fundamental é a utilização do idioma nacional em todos os atos e termos do processo, conforme dita o artigo 156 do CPC: “Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso do vernáculo”. A Constituição Federal reza em seu artigo 13 caput que a língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil, a qual expressa a própria soberania do Estado Brasileiro. 48 Universidade do Sul de Santa Catarina Observa-se ainda que somente serão aceitos documentos em língua estrangeira quando devidamente traduzidos para a língua nacional, estes, por sua vez, firmados por tradutor juramentado, conforme o artigo 157 do Código de Processo Civil: “Só poderá ser junto aos autos documento redigido em língua estrangeira, quando acompanhado de versão em vernáculo, firmada por tradutor juramentado”. Os atos praticados pelas partes, quanto à sua natureza, serão classificados como: � postulatórios: de modo geral, são aqueles que iniciam o processo. Ex: petição inicial (autor), petições de defesa (réu); ou ainda, que possam expressar as suas razões: recursos etc. � probatórios: também conhecidos como instrutórios. São aqueles praticados com a intenção de convencer o juiz, ou seja, o ônus de provar a veracidade dos fatos alegados em juízo para correta aplicação do direito ao caso concreto. Ex: documentos, perícias, testemunhos etc. � disposição: são aqueles atos produzidos em juízo, os quais favorecem a composição entre as partes, com ou sem a intervenção Estatal, onde uma das partes cede alguma de suas faculdades no processo. Ex: renúncia do direito de ação pelo autor, reconhecimento do pedido pelo réu, desistência temporária do litígio pelo autor, transação, ou seja, acordo realizado pelas partes etc. Assim, o artigo 158 caput do Código de Processo Civil trás como consequência que: “Os atos das partes, consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade, produzem imediatamente a constituição, a modificação ou a extinção de direitos processuais”. Quanto ao tempo e ao espaço da efetivação dos atos processuais, a norma processual civil determina qual o período, o local e os prazos para que os mesmos sejam praticados pelas partes e por seus respectivos interessados no processo. Assim, diante do princípio da efetividade dos atos processuais, o processo busca
Compartilhar