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Módulo 2 3. O LICENCIAMENTO AMBIENTAL E SEUS FUNDAMENTOS 3.1. O PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL Até o presente momento houve a análise sobre conceitos acerca da universalidade elementos, ferramentas, normas e procedimentos que integram o campo das licenças ambientais. Aqui, partir-se-á para a análise introdutória sobre o processo de licenciamento em si. Os passos a serem seguidos pelo solicitante visando o sucesso de sua solicitação. Estando a obra sujeita ao licenciamento ambiental, seja por estar relacionada em rol exemplificativo determinado por normas ambientais ou por potencialmente causar significativo impacto ambiental, faz-se necessária a correta identificação do órgão ambiental competente para analisar a solicitação, podendo ser ele federal, estadual ou municipal, de acordo com as características do projeto, atividade ou empreendimento. Como será visto em momento oportuno, três são os tipos de licenças: Prévia (LP), de instalação (LI) e de operação (LO). Como a concessão de uma licença ambiental depende da comprovação do não impacto negativo ao meio ambiente, o solicitante poderá apresentar estudo que comprove que sua atividade ou empreendimento não causará danos ao meio ambiente, comumente chamado de relatório de ausência de impacto ambiental. Este relatório documental será analisado e servirá de base para que se determine se a atividade é causadora de significativo impacto ambiental. Se for, será necessária a execução do EIA/RIMA. Se não for, o empreendedor poderá requerer a licença prévia. Não sendo o caso de apresentação do relatório de ausência ou sendo ele indeferido, deverão ser realizados estudos ambientais que forneçam informações sobre os impactos da atividade ou empreendimento no meio ambiente, ou seja, são necessários estudos de avaliação de impactos ambientais (AIA). Como já visto, dentre as diversas modalidades de AIA, a mais utilizada, difundida e praticada no caso é o estudo de impacto ambiental, do qual também decorre o relatório de impacto ambiental, ou seja, EIA/RIMA. Trata-se de um estudo mais elaborado e complexo, exigido para aquelas atividades consideradas capazes de causar significativo impacto ambiental. Vale lembrar que estão sujeitas ao EIA/RIMA atividades que causem significativo impacto ambiental. Assim, não basta haver o impacto, mas este deve ter certa significância em termos lesivos ao meio ambiente. Os estudos que são necessários para a realização do EIA/RIMA são complexos, dada a complexidade das questões ligadas à dinâmica ambiental. Neste sentido, será desenvolvido por equipe multidisciplinar, de tantas áreas profissionais quanto forem necessárias ao desenvolvimento de um estudo sólido e seguro. Havendo a solicitação para a realização de audiência pública para discussão sobre a visão social acerca do projeto em análise, esta deverá ser realizada. As audiências públicas são a forma de se dar publicidade e trazer às análises a participação popular daqueles que estejam na região de impacto do projeto. Sendo o EIA um documento altamente técnico, embora público, será apresentado em audiência seu relatório. O RIMA é um documento onde são trazidas todas as informações relevantes, todavia de forma didática e compreensível à comunidade em geral. Diz a Resolução 001/86 do CONAMA: Artigo 11 - Respeitado o sigilo industrial, assim solicitando e demonstrando pelo interessado o RIMA será acessível ao público. Suas cópias permanecerão à disposição dos interessados, nos centros de documentação ou bibliotecas da SEMA e do estadual de controle ambiental correspondente, inclusive o período de análise técnica. (…) § 2º - Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental e apresentação do RIMA, o estadual competente ou o IBAMA ou, quando couber o Município, determinará o prazo para recebimento dos comentários a serem feitos pelos órgãos públicos e demais interessados e, sempre que julgar necessário, promoverá a realização de audiência pública para informação sobre o projeto e seus impactos ambientais e discussão do RIMA. A audiência pública não é obrigatória. No entanto, caso seja requerida e não seja realizada, a licença concedida será inválida. Haverá audiência pública nos seguintes casos: a) quando o órgão competente para concessão da licença julgar necessário; b) requerimento por 50 ou mais cidadãos; c) solicitação pelo Ministério Público. Tudo quanto for discutido e argumentado na audiência será lavrado em ata, a qual integrará o arcabouço de informações que orientará o licenciador em sua tomada de decisão. Não ocorrendo, ou superada a fase da audiência pública, tem-se o julgamento do EIA/RIMA. Aqui, serão analisadas todas as informações referentes ao estudo ambiental, tanto pontos negativos quanto positivos do projeto em processo de licenciamento. O julgamento, do ponto de vista da relação entre poder público e solicitante, deverá seguir sob total imparcialidade, não podendo haver interferência de qualquer fator externo que não esteja ligado ao caso em análise. Tem-se, finalmente, a fase conclusiva do processo de licenciamento, onde uma das espécies de licenças ambientais será concedida ou não. Em caso de decisão negativa, encerra-se o processo de licenciamento, podendo o interessado realizar adequações que julgar necessárias e iniciar novamente o procedimento. Já na hipótese positiva, o órgão estatal licenciador, sob requerimento do interessado, estará autorizado a outorgar a respectiva licença (LP, LI ou LO). Vale ressaltar que é totalmente permitida a solicitação de estudos adicionais que visem sanar eventuais dúvidas ou lacunas ao longo do processo de licenciamento. Todos os custos correm por conta do solicitante. Ao Estado cabe apenas a análise daquilo que se apresenta, o julgamento e a concessão ou não da solicitada licença. Nestes moldes diz a Resolução 237/97 do CONAMA: Art. 10 - O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às seguintes etapas: I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida; II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade; III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA , dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias; IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente; VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico; VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade.
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