Buscar

Apostila Optativa I - Ética no Serviço Público

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 107 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 107 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 107 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO 
Prof . Me. Wiliam Reimão
2
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
PROF . ME. WILIAM REIMÃO
3
 Diretor Geral: Prof. Esp. Valdir Henrique Valério
 Diretor Executivo: Prof. Dr. William José Ferreira
 Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Profa Esp. Cristiane Lelis dos Santos
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Profa. Esp. Imperatriz da Penha Matos
 Revisão Gramatical e Ortográfica: Profª. Esp. Izabel Cristina
 Revisão técnica: Prof. Daniel Giraldi
 
 Revisão/Diagramação/Estruturação: Clarice Virgilio Gomes
 Prof. Esp. Guilherme Prado
 Lorena Oliveira Silva Portugal 
 
 Design: Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Daniel Guadalupe Reis
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Maria Eliza P. Campos 
© 2023, Faculdade Única.
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-
ção escrita do Editor.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
4
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
1° edição
Ipatinga, MG
Faculdade Única
2023
5
 Mestrado em Gestão e Tecno-
logias Aplicadas à Educação (UNEB, 
incompleto). Especialização em Pós 
Graduação Lato Sensu em Gestão 
da Informação e Inteligência Com-
petitiva (UNESA/RJ) e Pós Graduando 
em Gestão da Qualidade (FACUPAR) 
e Gestão de Pessoas com Ênfase em 
Gestão das Competências (UFBA), 
graduação em Administração (UNE-
SA/RJ), 2 Grau Técnico de Adminis-
tração (CIEMS/RJ). Membro do Grupo 
de Pesquisa Educação, Universida-
de e Região (UNEB) e Coordenador 
do Núcleo de Estudos da Teoria das 
Organizações do Conselho Regional 
de Administração da Bahia (NETGA). 
Professor Universitário do Centro Uni-
versitário Dom Pedro II (2012-2020), 
Conteudista e Revisor da Roca Edu-
cacional (2020-2023), Faculdade 
Única (2021-Atualidade), Adapt Edu-
cação a Distância (2022-Atualidade) 
e VG Educacional (2023-...). Especia-
lista em Gestão Pública, Logística, 
Administração da Produção, Com-
pras Governamentais, Licitações e 
Contratos, Teoria-Geral da Adminis-
tração, Políticas Públicas, Avaliação 
Educacional, Gestão Universitária e 
Administração Internacional. 
WILIAM REIMÃO
Para saber mais sobre a autora desta obra e suas qua-
lificações, acesse seu Curriculo Lattes pelo link :
http://lattes.cnpq.br/0833526877923148
Ou aponte uma câmera para o QRCODE ao lado.
6
LEGENDA DE
Ícones
Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes 
nas quais você precisa ficar atento.
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão 
do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar 
ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para 
determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, 
mostradas a seguir:
São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca 
virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, 
associando-os a suas ações.
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos 
conteúdos abordados no livro.
Apresentação dos significados de um determinado termo ou 
palavras mostradas no decorrer do livro.
 
 
 
FIQUE ATENTO
BUSQUE POR MAIS
VAMOS PENSAR?
FIXANDO O CONTEÚDO
GLOSSÁRIO
7
UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
UNIDADE 4
SUMÁRIO
1.1 Conceito da Ética ..............................................................................................................................................................................................................................................................................10
1.2 Objetivo da Ética ...............................................................................................................................................................................................................................................................................12
1.3 O Campo da Ética ...........................................................................................................................................................................................................................................................................15
FIXANDO O CONTEÚDO .........................................................................................................................................................................................................................................................................18
2.1 A Ética, Moral e Estado .................................................................................................................................................................................................................................................................22
2.2 O Jeitinho Brasileiro ......................................................................................................................................................................................................................................................................24
2.3 A Evolução do Estado Brasileiro e seus valores éticos ........................................................................................................................................................................................26
FIXANDO O CONTEÚDO ........................................................................................................................................................................................................................................................................33
3.1 Comportamento Ético do Gestor Público e a gestão dos Negócios Públicos e Privados ...........................................................................................................36
3.2 A Ética na Constituição Brasileira de 1988 ...................................................................................................................................................................................................................38
3.3 Fontes das Regras Éticas ...........................................................................................................................................................................................................................................................41
FIXANDO O CONTEÚDO .......................................................................................................................................................................................................................................................................46
A ÉTICA
O SERVIÇO PÚBLICO BRASILEIRO E OS VALORES ÉTICOS
EIXOS NORTEADORES DA ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICOS
4.1 A Ética na Política e na Lei ........................................................................................................................................................................................................................................................49
4.2 A Ética e a Corrupção ................................................................................................................................................................................................................................................................54
4.3 Cuidados no Exercício das Atividades do Estado e do Governo .................................................................................................................................................................58
FIXANDO O CONTEÚDO ........................................................................................................................................................................................................................................................................63A ÉTICA E SUAS REFLEXÕES NO SERVIÇO PÚBLICO E SOCIEDADE
5.1 A Ética e o Meio Ambiente ........................................................................................................................................................................................................................................................67
5.2 A Ética e a Responsabilidade social .................................................................................................................................................................................................................................72
5.3 A Ética e o Trabalho .....................................................................................................................................................................................................................................................................75
FIXANDO O CONTEÚDO ........................................................................................................................................................................................................................................................................79
AS RELAÇÕES ÉTICAS NA SOCIEDADE
UNIDADE 5
6.1 A Ética e as Relações Étnico-Raciais e Cultura Afro-brasileira e Africana ...........................................................................................................................................82
6.2 A Ética e a Liderança ...................................................................................................................................................................................................................................................................87
6.3 A Ética Virtual ...................................................................................................................................................................................................................................................................................93
FIXANDO O CONTEÚDO.........................................................................................................................................................................................................................................................................99
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO........................................................................................................................................................................101
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................................................................................................102
AS NOVAS QUESTÕES DA ÉTICA
UNIDADE 6
8
UNIDADE 1
Na Unidade I aprenderemos os conceitos e principais abordagens sobre a Ética, 
como sua aplicação no dia a dia e suas condicionantes. 
UNIDADE 2
Na Unidade 02, debateremos sobre a evolução do serviço público brasileiro e seus 
valores éticos a partir das Reformas do Estado Nacional. 
UNIDADE 3
A Unidade 03 trará os documentos e principais leis que guiam o serviço público no 
tocante a ética e como se espera o posicionamento do gestor público em temas 
da Ética. 
UNIDADE 4
Na Unidade 4 iremos discorrer sobre as questões da Ética na Lei e na Política, bem 
como o contraste da corrupção com a Lei e as formas de controle e avaliação pelo 
setor pública. 
UNIDADE 5
A Unidade 5 irá abranger sobre a Ética em dilemas na sociedade atual com o meio 
ambiente, trabalho e a responsabilidade ambiental, como as empresas, Estado e 
sociedade vivem estes momentos. 
UNIDADE 6
A Unidade 6 falaremos sobre novas questões da Ética como as relações étnico-
raciais e a cultura afro-brasileira, a ética e a liderança e a ética virtual. 
C
O
NF
IR
A 
NO
 LI
VR
O
9
A ÉTICA
10
1.1 CONCEITO DA ÉTICA
 Foi notícia dos jornais no ano de 2016 (Figura 1): o senhor Francisco Claudio, 
desempregado de 46 anos, encontrou um envelope com cerca de R$ 11.000,00 e 
documentos numa avenida movimentada de Ji-Paraná (Rondônia), buscou o dono, 
o empresário Denis Ricardo, e devolveu o valor. O fato foi celebrado pela mídia local e 
nacional e ao ser perguntado o porquê fez aquele ato e ainda passando por grandes 
necessidades, Francisco disse: "Eu nunca iria ficar com esse dinheiro. Ele não me pertence 
e eu não tenho condições de ficar com nada que não é meu. Não dormiria bem. O que 
fiz foi por amor e faria com qualquer ser humano” (G1, 2016). 
 O gesto do senhor Francisco causou espanto, celebração e pensamentos, 
levantando-se até inquietantes perguntas internas de muitos: “- Se fosse eu, faria 
igual?”; “E minha consciência?”; “Se os poderosos roubam muito e ficam impunes, qual 
o porquê não posso fazer também?”; “Se eu estivesse precisando muito, eu devolveria”? 
Todas as indagações e atitude passam pela Ética e Moral.
 Tanto a Moral quanto a Ética são termos que se assimilam em nosso dia a dia, 
precisando de uma conceituação mais precisa. A palavra Ética, segundo Nogueira 
(2010), vem do grego Ethos e significa hábito, enquanto a Moral vem do latim Mores, e 
quer dizer costumes. 
 Outra conotação da palavra Ética é também seu significado como caráter. Os 
termos Ética e Moral têm em comum que se referem as escolhas e julgamento dos atos 
humanos. As opções entre o certo e o errado. O bem e o mal. Neste sentido, a moral é 
entendida como “um conjunto de regas da conduta admitidas em determinada época 
ou por um grupo de pessoas” (ARANHA e MARTINS, 2003, p. 301). Portanto, a moral é 
condizente a um determinado período histórico e a compreensão social dos homens 
daquele tempo. 
 Basta recordar que os direitos femininos na História humana são eventos 
extremamente recentes, inclusive as mínimas liberdades e a autonomias das mulheres 
durante muitos séculos eram vistos como atentados à moral e bons costumes. Ainda 
hoje em algumas localidades de países da África e Ásia é comum o ritual da mutilação 
genital feminina como forma cercear o prazer e aumentar a submissão feminina. 
 Analisando a partir da Antropologia, o etnólogo Raymund Firth afirma que:
Figura 1: Encontro dos senhores Francisco e Denis e a devolução dos valores
Fonte: G1 (2016, on-line)
11
 Os sistemas morais nas sociedades são consequências das próprias formações 
culturais já que estabelecem seus valores aos seus agrupamentos. Os sistemas de 
pensamento morais de povos tradicionais são bem distintos de sociedades mais 
complexas, especialmente num estágio de capitalismo hipercompetitivo e globalizado 
que a maioria dos Estados modernos convivem.
 A moral ao criar tais sistemas de julgamento, também cria normas e prescrições 
já que tudo que é apreciado, arbitrado e julgado necessita e precisa passar por 
critérios anteriores, isto é, normas e regras para a convivência humana que já estão 
estabelecidas. 
 A Ética, apesar de se confundir com a Moral, é “uma disciplina teórica, um corpo 
sistematizado de conhecimentos – a exemplo da física, do direito, da biologia, da 
sociologia, (...) -, pelo seu objeto de estudo.” (SROUR, 2000, p. 18). 
 A Ética busca uma análise racional e crítica do comportamento humano, inclusive 
estabelecendo Princípios Gerais, além de abranger valores, decisões e escolhas das 
pessoas em problemas e situações. A Ética se propõe uma dimensão universal, não 
apenas restrita aos limites temporais e locais da Moral. O ser humano sempre está 
disposto há momentos que o questionamento ético, constantemente temos que optar 
entre o que achamos certo ou errado. 
 Recordando o ato do senhor Francisco Claudio, ele tomou uma atitude moral na 
devolução do bem e quantias ao dono que havia perdido, tida como certo e do bem no 
sistema moral que foi condicionado pela sua formação familiar e pessoal, o que pode 
e deve ser estudada pela disciplina filosófica da Ética. 
Toda sociedade possui seus padrões morais que de-
terminam quais os tipos de conduta que são certos e 
quais os quesão errados, e os membros da socieda-
de se adaptam ou se desviam deles, e são julgados a 
partir disso. Pode-se dizer que em cada sociedade tais 
padrões, a conduta decorrente e os julgamentos a ela 
associados, foram o que se chama de sistema moral. 
(FIRTH, 1974, p. 205), grifo nosso
O artigo de Dirce Guilherme e Antônio Macena de Figueiredo aprofundam mais 
os conceitos de Ética e Moral e suas evoluções: https://shre.ink/2V5Z. Acesso em: 
23 abr. 2023.
BUSQUE POR MAIS
A Moral se refere aos sistemas de julgamento de costumes e o cotidiano que variam con-
forme a História e a Ética ou Filosofia Moral é o estudo da moral a partir de suas regras e 
condições humanas. A Moralidade pertence aos sistemas de julgamento de costumes e 
hábitos inseridos em determinada sociedade num certo período histórico, logo podemos 
FIQUE ATENTO
12
afirmar que em civilizações diferentes há Morais diferentes sobre casos semelhantes so-
bre a conduta humana. 
 O estudo da Ética justamente por debater sobre Princípios Universais de uma 
conduta humana mais justa para a sociedade pode ajudar sobre o sistema de 
julgamento moral, inclusive modificando as regras e normas dispostas para as novas 
realidades sociais.
1.2 OBJETIVO DA ÉTICA
 Os gregos foram os precursores da Filosofia e de muitos ramos do conhecimento 
com vastos monumentos e obras artísticas e literárias sobre as relações Ética dos 
homens com o Estado, pátria, Deuses, amor, ódio, família e deveres e sentimentos. 
 Uma das obras que toca nestas questões é Antígona, peça escrita por Sófocles 
no século V a.C., conta a tragédia da filha de Édipo, rei de Tebas, casado com Jocasta e 
tendo com ela vários filhos e filhas, contudo uma calamidade e videntes revelaram que 
a rainha era sua mãe. No desespero, Édipo se cega e a mãe se mata. Antígona vira guia 
do idoso e triste pai.
 No vácuo de poder, seus irmãos, os príncipes Polinice e Etéocles, lideram facções 
em luta e ambos morrendo em batalha, sendo o último, defendendo a Cidade-Estado e 
terá um honrado enterro, já o primeiro, que estava exilado e atacou Tebas, é condenado 
pelo regente Creonte a apodrecer nas ruas e ser devorado por cães e aves de rapina. O 
governante proibiu com a pena de morte quem tentasse enterrar Polinice. 
 Antígona, contrariando a Lei do novo governante, os perigos e até os conselhos, 
passou a jogar terra no corpo do irmão infame, sendo presa e julgada pelo regente. 
Creonte a questiona a Antígona se ela conhecia das normas que vetavam o enterro de 
Polinice:
 Antígona é condenada a ser enterrada viva, provocando uma onda de tragédias 
como os suicídios de seu Hemon, noivo e Eurídice, sua sogra, consequentemente filho 
e esposa do regente Creonte. A moral, no julgamento do governante Creonte, impunha 
aclamação e punição diferentes aos príncipes mortos, porém Antígona, por acreditar 
numa Lei Superior e oriunda dos Deuses, acima das regras terrenas e porque não dizer 
uma Ética. 
 Todos os mortos devem ter seus cortejos fúnebres decentes, independente de 
seus crimes ou boas ações, e Antígona paga tristemente por sua escolha ética. A 
peça Antígona é até hoje estudada sobre as questões morais e éticas, afinal é mais 
Antígona: Saiba como poderia ignorá-lo? Falaste aber-
tamente.
Creonte: Mesmo assim ousaste transgredir minhas leis?
Antígona: Não foi, com certeza, Zeus que as proclamou, 
nem a Justiça com trono entre o deus dos mortos as es-
tabeleceu para os homens. Nem eu supunha que tuas 
ordens tivessem o poder se superar as leis não-escritas, 
dos deuses, visto que és mortal. (SÓFOCLES, 1999, p. 35-
36). 
13
importante obedecer às leis do Estado, passíveis de punição, ou seguir as regras morais 
de sua consciência? Até que ponto as leis consideradas injustas devem ser obedecidas 
e até criticadas e combatidas - como Antígona fez em seu julgamento perante o povo 
e autoridades de Tebas? Este é uma das propostas do estudo permanente da Ética ao 
discutir os Princípios Universais à conduta humana. 
 Na questão da Ética e Moral em outro mito grego, a Ilíada de Homero, escrito 
talvez no século IX a. C., que conta sobre a guerra de Tróia, fala sobre os momentos 
finais da luta dos gigantes heróis: Heitor, o príncipe e comandante troiano, e Aquiles, o 
semideus e guerreiro invencível grego, após 10 anos de um longo e desgastante conflito 
de gregos e troianos com tantas vítimas e sofrimentos entre as partes. 
 Aquiles, sendo contrariado pelo rei grego Menelau que capturou a sua escrava 
Briseida (uma troiana sequestrada pelo combatente grego), se retirou do campo de 
batalha e as tropas gregas amargaram diversas derrotas e desespero perante as forças 
troianas com a falta de seu principal guerreiro. Diante desta iminente catástrofe, Patroclo, 
querido companheiro de armas e primo de Aquiles, pega a armadura de Aquiles, se 
disfarça do semideus e lidera o exército grego e acaba num duelo com Heitor, sendo 
morto pelo comandante troiano.
 Na fúria pela vingança da morte de Patroclo, Aquiles desafia Heitor e após um 
duro combate, mata o príncipe troiano e carrega seu cadáver para ser profanado pelos 
animais do acampamento grego e apodrecer ao relento. O desejo do maior combatente 
grego não seria contrariado, mas os Deuses não aprovaram o vilipêndio do herói troiano 
tão amado e influenciam os mortais. 
 Príamo, pai de Heitor e rei de Tróia, vai ao arraial grego protegido pelos Deuses, 
acha o destemido Aquiles, exige o corpo do príncipe para as cerimônias fúnebres e lhe 
é entregue (Figura 2). Breve, Tróia será extinta no último ataque grego num cavalo de 
madeira. 
A peça Antígona de Sófocles: https://shre.ink/2V5f. Acesso em: 23 abr. 2023.
BUSQUE POR MAIS
14
Figura 2: Rei Príamo e o cadáver de Heitor
Fonte: Escultura de Juan Adán (1741-1816) (Academia Colleciones, 2021)
A devolução dos mortos em batalhas faz parte da Ética há muito tempo, como vimos até 
na Grécia Antiga. Este sentimento é presente em qualquer família, independente da acu-
sação ao falecido. Ainda vimos muitas famílias cobrando a devolução dos restos mortais 
em países foram Ditaduras e seus parentes foram sequestrados ou presos por agentes de 
Estado e permanecem desaparecidos. A informação do paradeiro dos desaparecidos é 
uma obrigação Ética do Estado democrático. 
VAMOS PENSAR?
 Assim, apesar dos sistemas morais determinaram que o príncipe Heitor tivesse 
seu corpo despedaçado como humilhação do maior guerreiro troiano, pela concepção 
ética e o rei Príamo propôs que o inimigo e herói troiano tivesse um cortejo fúnebre 
digno.
 A Ética, para ARANHA e MARTINS (2003, p. 301) é considerada como “a parte da 
Filosofia que se ocupa com a reflexão e princípios que fundamental a vida moral.” 
Portanto, a Ética como filosofia se detém em estudar os sistemas morais dos povos, 
sociedades e Estados. 
 É normal ouvirmos sobre códigos de éticas de determinadas profissionais porque 
todas as carreiras acadêmicas e técnicas são precedidas de códigos éticos e o ensino 
superior e técnico de práticas éticas nas relações produtivas, clientes, usuários e 
governos. 
 Não obstante, a Ética também é conhecida como Filosofia Moral já que se detém 
no seu objeto o estudo da moralidade. Srour (2010) fala que a Ética trabalha no plano 
da reflexão ou das indagações, estuda os costumes das coletividades e as morais na 
plenitude na natureza histórica. 
 A natureza histórica significa que as normas morais estão determinadas num 
contexto histórico-social, portanto, que irão naturalmente variar. Por exemplo, em alguns 
países de maioria muçulmana é natural que mulheres usem indumentária que cubra 
os cabelos conforme os preceitos religiosos, variando nos costumes e hábitos. 
 Nas nações europeias, onde o Estado laico é mais forte, as mulheres usam a 
indumentária em seus cabelos sem imposição religiosa, geralmente ligados a um estilo 
15
de vida ou uma ação mercadológica (a moda de seu tempo e influência do marketing 
de produtos e serviços).
 O que permite que tais padrões de discernimento e julgamentomoral aconteçam? 
Justamente o fator social da cultura, isto é, a criação de códigos, costumes e crenças 
humanas que vai proporcionar valores para uma sociedade. Novamente, Srour (2010), 
avança no objetivo: a Ética buscou determinar princípios constantes e universalmente 
válidos à boa conduta da vida social. 
 Assim, podemos concluir que o objetivo da concepção ética é a análise dos 
sistemas morais no seu contexto histórico e filosófico permitindo compreensões da 
realidade, tanto que podemos ampliar as novas realidades.
1.3 O CAMPO DA ÉTICA
 Para compreendermos o campo da ética, podemos citar o caso do avião da Força 
Aérea Uruguaia em outubro de 1972 trazia o time de Rugby uruguaio e seus familiares 
(um total de 45 pessoas com a tripulação) para jogar num campeonato no Chile, mas 
o avião se chocou na Cordilheira dos Andes, matando e ferindo muitos e deixando os 
destroços e sobreviventes num lugar isolado. 
 Após enfrentaram uma avalanche (que provocou mais vítimas), sem previsão 
de resgaste a vistas, temperaturas baixíssimas e a falta de comida, os sobreviventes 
chegaram a um tétrico limite: para continuar vivos teriam que comer os cadáveres 
de seus colegas e familiares a fim de obter alguma proteína e energia mínima. Uma 
decisão dessa passou por questionamentos médicos, religiosos, psicológicos e ... éticos. 
Os sobreviventes comeram partes dos mortos. 
 Em dezembro de 1972 (Figura 3), os sobreviventes conseguiram ser salvos e o 
mundo soube da tragédia e seus desdobramentos. A tragédia passou ser conhecida 
como “O Milagre dos Andes” em que apenas 16 pessoas – de um total de 45 - ficaram 
vivas em condições terríveis. 
Figura 3: Os Sobreviventes dos Andes encontrados pela equipe de resgate
Fonte: Isto é Dinheiro (2010)
16
O relato dos sobreviventes dos Andes: https://shre.ink/2Vx0. Acesso em: 23 abr. 
2023.
BUSQUE POR MAIS
 O acontecimento trágico dos Andes pode ser interpretado pelo campo da ética 
pela Ética da Convicção e Ética da Responsabilidade. 
 Nas vastas vertentes filosóficas da Ética, o sociólogo alemão Max Weber sintetizou 
em duas teorias, que para Srour (2000) são:
1. A Ética da Convicção (deontologia ou tratado dos deveres);
2. A Ética da Responsabilidade (teleologia ou estudo dos fins humanos);
 Ao analisar as duas Éticas, a primeira (Ética da Convicção) trata das prescrições 
e obrigações previstas no pacto social daquele grupamento, isto é, destaca as regras 
pré-existentes. O que inclui não apenas normas escritas, mas também costumes e 
hábitos. 
 A Ética da Convicção trabalha com as vertentes do princípio (obediência as 
regras) e da esperança (a partir das normas, chega-se ao objetivo esperado). No caso 
de um agente público tem uma liberdade de seus atos muito limitada pela Ética de 
Convicção porque todo agente público só pode realizar seus atos conforme o que a lei 
determina. 
 Pela Constituição Brasileira de 1988 e as Leis concernentes (como a Lei Federal n.º 
14.133/2021), as compras de bens e contratação de serviços no setor público só podem 
ser realizadas pelas normas rígidas de licitações e contratos, enquanto as empresas 
podem escolher fazer suas aquisições de materiais e contratações de serviços da forma 
que lhe convém já que a legislação pouco exige ou se cala neste sentido, salvo casos 
muitos específicos.
 No geral, a Ética da Convicção se associa ao indivíduo e suas obrigações aos 
valores pré-estabelecidos. A Ética da Convicção do Servidor Público é manifesta em 
seus Códigos de Ética como do Servidor Público Federal (Decreto n.º 1.171/1994) que já 
na Seção I do seu Capítulo I define as Regras Deontológicas ao agente público federal. 
Portanto, define prescrições normativas para serem seguidas. 
 A Ética da Responsabilidade não está vinculada as normas como a Ética da 
Convicção, mas de como atingir aos seus objetivos propostos. Portanto, a Ética da 
Responsabilidade trata com visões utilitarista (que os atos produzem o maior bem 
coletivo possível) e da finalidade (os fins justificam as ações a serem utilizadas).
 A complexidade da Ética da Responsabilidade compreende que as regras pré-
estabelecidas não poderão responder aos dilemas e atos a serem tomados, logo em 
nome de um bem coletivo, escolhas podem ser tomados em nome de uma maioria ou 
um grupo relevante com prejuízo as convicções existentes.
 A terrível decisão dos sobreviventes dos Andes para não morrer de fome, tomaram 
a Ética de Responsabilidade, para preservar as vidas no local inóspita. Moya (1977, p. 91) 
fala em tons mais crus que “a ética da responsabilidade é a ética correspondente a essa 
17
razão individual radicalmente desmistificadora e a essa decisão individual consciente 
que é impossível a salvação coletiva. ”
 Nas decisões e planejamento dos Estados modernos, especialmente na alocação 
de recursos em questões limites como ter que optar em duas áreas atingidas por 
calamidades ou ir para um conflito bélico com grande potencial destrutivo e de perda 
de bens e vidas, percebe-se que a Ética da Responsabilidade é, muitas vezes, uma 
constante.
 Nogueira (2010) trata a Ética da Convicção como do cidadão na esfera de 
seus interesses privados conforme sua convicção pessoal, enquanto a Ética da 
Responsabilidade do estadista no tocante aos interesses públicos com resultados que 
devem atingir a coletividade. 
A Ética da Responsabilidade reflete as decisões mais complexas e difíceis nas organiza-
ções privadas e estatais pelas dimensões e resultados que podem gerar, em nome de um 
benefício de uma maioria ou da própria instituição, opções que podem prejudicar muitos. 
Exemplo de uma demissão em massa de quadros de uma empresa para sedimentar um 
plano de recuperação econômica: em nome do objetivo maior da saúde financeira da em-
presa, muitos pais de família ficariam sem trabalho. 
VAMOS PENSAR?
18
FIXANDO O CONTEÚDO
1. (COSEAC/UFF – UFF – ADMINISTRADOR – 2021). A ética pode incidir para alterar as 
regras morais enraizadas na sociedade através da avaliação que faz de valores morais 
até então estabelecidos. Por exemplo, a escravidão, que há alguns anos era moralmente 
aceita, hoje, com louvor, já não mais o é. Isto demonstra como a crítica e a reflexão 
éticas auxiliam a(o) 
a) exclusão das palavras em latim do vocabulário cotidiano. 
b) elaboração de leis a favor do servidor público. 
c) criação de crimes com penas mais elevadas. 
d) redução do estudo dos direitos humanos.
e) desenvolvimento moral da sociedade.
2. O sociólogo alemão Max Weber estabeleceu duas vertentes da Ética: a Ética da 
Convicção e a Ética da Responsabilidade, sobre elas não podemos afirmar que: 
a) ambas são distintas nos seus objetivos. 
b) a Ética da Responsabilidade implica os dilemas de um Estadista na condução do 
bem coletivo da maioria.
c) a Ética da Convicção está delimitada pelas normas e regras. 
d) a Ética da Responsabilidade visa apenas obedecer o que está previamente 
estabelecido.
e) a Ética da Convicção tem bases no princípio e na esperança. 
3. (CESPE – MPC-PA – ANALISTA MINISTERIAL – ESPECIALIDADE: CONTROLE EXTERNO – 
2019). A respeito de ética, moral, princípios e valores, julgue os itens a seguir. 
I. A ética tem como objeto uma reflexão crítica da dimensão moral do comportamento 
social e busca o fundamento do valor que o norteia. 
II. A moral é atemporal e universal e, por isso, independe de valores locais de determinada 
sociedade. 
III. Os princípios éticos são normas que determinam o comportamento social em função 
de valores com dimensões existentes no indivíduo, no grupo ou na classe social, no 
povo ou na própria humanidade. 
Assinale a opção correta. 
a) Apenas o item I está certo. 
b) Apenas o item II está certo. 
c) Apenas os itens I e III estão certos. 
d) Apenas os itens II e III estão certos. 
e) Todos os itens estão certo. 
19
4. (SEGPLAN – OVG - ANALISTA ADMINISTRATIVO – 2018) Ética e moral são coisas 
diferentes. A palavra ética vem do grego ethos, que significa caráter, modo de ser. O 
vocábulo moral se originou da traduçãodo ethos para o latim mos (ou mores, no plural), 
que significa costume. A respeito da ética e moral, considere: 
I. A moral é normativa. Ela determina o nosso comportamento por meio de um sistema 
de prescrição de conduta. 
II. A ética é a parte da filosofia que se ocupa do comportamento moral do homem. 
III. Ética e moral dizem respeito a uma realidade humana desconstruída histórica e 
socialmente por meio das relações coletivas dos seres humanos com os animais 
enquanto sociedade racional. 
IV. A ética engloba um conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa, que estão 
ligados à prática do bem e da justiça, aprovando ou desaprovando a ação do 
homem, de um grupo social ou de uma sociedade. 
V. Enquanto a ética trata o comportamento dos animais como objeto de estudo, 
procurando torná-lo o mais abrangente possível, a moral se ocupa de atribuir um 
valor à relação entre homens, animais e natureza. 
Está correto o que se afirmar apenas em: 
a) I, II e IV. 
b) I, III e IV. 
c) II, III e IV. 
d) II, IV e V. 
e) III, IV e V.
5. (SEDUCE/GO – QUADRIX - Professor Química III – 2018) A respeito da ética e da moral, 
assinale a alternativa correta. 
a) Ética e moral estão estritamente relacionadas e se confundem.
b) O estudo da ética e da moral desvincula-se das condutas que são consideradas 
como corretas e honestas. 
c) A moral não é influenciada por fatores sociais e históricos. 
d) No campo da moralidade, estabelecem-se os critérios do que é bom e mau, a partir 
daí são construídas normas de boa convivência, em que a reflexão crítica é feita pela 
ética. 
e) A construção de conceitos éticos está desconectada da moral estabelecida por uma 
sociedade.
6. Analise as seguintes assertivas abaixo e marque a correta.
a) A moral é imutável na história. 
b) A ética não é um campo de estudo. 
c) A ética e a moral são a mesma coisa. 
d) A moral cria um sistema de julgamento da conduta humana.
e) A ética da responsabilidade se restringe apenas ao indivíduo e sem impacto social.
20
7. (AMAUC - ´PREFEITURA MUNICIPAL DE XAVANTINA/SC – PROFESSOR DE FILOSOFIA – 
2017) A palavra ética é derivada de dois termos gregos: - éthos: que significa hábito, 
uso, costume e - êthos: que significa índole, caráter. O senso comum utiliza essa palavra 
como um sinônimo para a moral ou para a boa conduta de profissionais, políticos e 
cidadãos. Porém, no sentido filosófico, ela observa as condutas, suas finalidades e 
motivações; as normas que dirigem as ações humanas; os valores e sua hierarquia; as 
diferentes compreensões do bem e suas consequências. Diante do exposto, assinale a 
alternativa que define corretamente o conceito de Ética ou Filosofia moral.
a) Ética ou Filosofia Moral designa a reflexão crítica e sistemática sobre a moral humana. 
b) Ética ou Filosofia Moral é um tipo de lógica irracional dos desejos que tenta vencer o 
medo e interferir nos acontecimentos. 
c) Ética ou Filosofia Moral é uma reflexão do sujeito sobre o objeto, é um pensamento 
especulativo. 
d) Ética ou Filosofia Moral é uma ação livre, cada qual escolhe a sua. 
e) Ética ou Filosofia Moral é o estudo da individualidade humana, o conjunto de normas 
aceitas numa cultura.
8. Analisando as questões da Ética e Moral podemos afirmar que:
a) a Moral é um conceito semelhante na conduta humana em todos os povos, portanto 
todos tem uma Moral igual em suas ações.
b) o estudo da Ética visa criar princípios universais das relações sociais.
c) a Moral não depende dos fatores culturais da sociedade que está inserida.
d) a Ética aprecia apenas fatores biológicos, não variáveis sociais.
e) a Ética não é um campo de estudo de conhecimento, mas um simples sistema de 
julgamento.
21
O SERVIÇO PÚBLICO 
BRASILEIRO E SEUS 
VALORES ÉTICOS
22
 A vacinação em massa é uma das principais formas de combate à pandemia 
do novo coronavírus, portanto os governos de todo mundo fizeram campanhas de 
imunização coletiva e disponibilizaram pontos para aplicação de vacinação coletiva. 
 O Brasil não foi diferente, temos uma longa tradição de vacinação, mas um 
fato chamou a atenção num ponto de aplicação de vacinas em Brasília: um casal de 
diplomatas de um país da Europa Oriental chegou em seu carro oficial e furou a fila 
de mais de 400 pessoas, enfurecendo quem aguardavam sua vez de forma ordeira 
desde de muito cedo. As testemunhas dizem que os diplomatas apresentaram seus 
documentos, logo foram priorizados e vacinados (METROPOLES, 2022).
 Apesar de ser comumente um expediente atribuído aos brasileiros que tentam 
burlar a hierarquia e regras, o casal de diplomatas europeus utilizou da famosa (e 
infame) carteirada, como se o documento e suas funções públicas dessem uma 
dimensão especial acima da imensa maioria e até em situações normais que poderiam 
ter como todo cidadão a exemplo de uma simples fila de vacinação.
 A carteirada (Figura 4) é um artifício usado por um funcionário público que 
usa seu documento funcional para ser liberado de obrigações comuns a todos. É um 
arranjo social que o documento dá prerrogativas especiais ao portador, usado de forma 
irregular. 
 Um dos exemplos clássicos da carteirada é numa fiscalização de trânsito com 
muitos carros sendo vistoriados pelos policiais que verificam se os veículos e os 
documentos dos motoristas atendem os requisitos legais, todavia quando um certo 
motorista é inspecionado pelos agentes de segurança, este apresenta seu documento 
especial para ser liberado da fiscalização, sem apresentar o atendimento das exigências 
regulares. 
 A moral e a ética dos diplomatas europeus não impediram a vantagem indevida, 
portanto só a ação de outros poderia parar esta prerrogativa errada, porém as pessoas 
poderiam exorbitar sua revolta com violência podendo ter reflexos trágicos – a famosa 
“justiça com as próprias mãos” - e neste caso, o que poderia ser feito? A convocação de 
uma agente do Estado para resolver o problema.
 O Estado é uma instituição política que tem como objetivo de atender aos 
2.1 A ÉTICA, MORAL E ESTADO
Figura 4: A carteirada
Fonte: Jusbrasil (2016)
23
interesses coletivos e tem, segundo a concepção weberiana, a exclusividade da coação 
legal, isto é, só o Estado pode impor ou vetar obrigações à sociedade através das leis 
que são aceitas como legítimas pela maioria.
 Esta organização social é a conjugação dos elementos constitutivos: Povo 
(agrupamento humano ligado por um processo histórico-cultural), Território (região 
geográfica vinculada), Governo (organismo administrativo que elabora e executa as 
leis) e Soberania (o poder de vetar ou autorizar algo).
 Como entidade social e política, o Estado está acima de todos os outros organismos 
sociais (como indivíduos, igrejas, associações, instituições de caridade, empresas, etc.) 
já que detém a exclusividade da força para impor sua vontade e realizar o interesse 
comum.
 Observando o mapa mundi, temos vários Estados ligados a limitações fronteiriças 
com tradições e histórias próprias, reconhecidos internacionalmente por seus pares 
e outras entidades que chamados de “Estado-Nação” e que se fazem representar e 
atuar interna e externamente (na relação com outros “Estados-Nações” e instituições 
internacionais como a Organização das Nações Unidas - ONU).
 Existem povos que reclamam territórios próprios e desejam instituir seus Estados 
com governos e soberania como os curdos que vivem do Irã a Armênia e desejam ter 
seu Estado-nação próprio e os tâmeis que também desejam seu próprio Estado-nação. 
Os processos de formação e de independência de um Estado-nação sempre é um 
processo lento e conflituosos e, muitas vezes, movido a guerras de libertação como o 
Sudão do Sul, que se desmembrou do Sudão, após uma longa guerra e sendo o último 
Estado-nação reconhecido em 2011.
 A capacidade de ordenar do Estado em seu Território passa pela organização 
do Governo que cria estruturas administrativas com agentes investidos para realizar 
a vontade estatal, porém dependem da Soberania com um poder legítimo e legal. A 
Soberaniaé reflexo do Direito: são ordenamentos, geralmente, escritas em códigos 
comuns a todos e maior que a Moral numa sociedade. 
 Toda sociedade cria seu Direito de seu processo histórico-cultural oriundo da 
moral prevalecente: o Direito não é uniforme e nem homogêneo nos Estados-nações. 
Em alguns países ser homossexual é um crime previsto até penas severas, já outras 
nações têm a igualdade jurídica de homossexuais e outros grupos sexuais. 
 O Direito estabelece regras acima da Moral, já que o sistema de julgamento 
moral é local e individual. O Direito para exercer suas prerrogativas e ações depende 
do Estado através de seus agentes e normas. A Moral pode ser aderida ou não pelas 
pessoas, já o Direito é obrigatório a todos. As normas jurídicas do Estado têm alcance 
muito mais amplo e profundo, portanto bem superior as dimensões da Moral. O jurista 
Ricardo Maurício Freire Soares (SOARES, 2016, p. 21) esclarece 
Muitos autores e teóricos colocam os elementos constitutivos Governo e Soberania como 
um único (Governo Soberano) por compreender que a manifestação da Soberania só 
existe através de um Governo, portanto são intrinsicamente ligados. 
FIQUE ATENTO
24
por sua vez, as sanções impostas pelas normas jurídi-
cas são organizadas, porque o Estado detém o mono-
pólio de aplicação da sanção jurídica, prevista institu-
cionalmente no sistema normativo do direito positivo, 
podendo ser conhecido de antemão o seu conteúdo 
pelos agentes sociais.
 A descoberta uma relação extraconjugal num casamento, o que é visto por 
muitos como um ato que fere a Moral por violar o compromisso matrimonial, só provoca 
um constrangimento social aos envolvidos, todavia sem a punição penal pelo Direito 
brasileiro a(o) adúltero(a), já que o adultério deixou de ser crime previsto nas leis. 
 Todavia, a separação deste casal precisará do Direito, já que será desfeito 
o contrato deles (no caso, o casamento) e a partilha dos bens em posse do casal, 
inclusive sendo decidido pelo Direito por instâncias estatais – como Tribunais de Justiça 
- a eventual guarda de filhos e até dos animais que conviviam comumente.
 Assim, o Estado se torna uma organização social com personalidade jurídica – 
possui uma instituição formalizada legalmente - já que os seus órgãos especializados 
(tribunais, forças de segurança, serviços sociais, administração fiscal etc.) e os seus 
agentes investidos são seus representantes que devem agir em conformidade as 
normas jurídicas. 
 O Estado Moderno é construído pelos princípios de racionalidade (eficiência e 
eficácia de sua administração) e de Direito (pela legalidade e legitimidade de seus 
atos). Portanto, o Estado Moderno deve ser racional-legal e não devendo ser baseado 
apenas em tradições e carisma das suas autoridades. 
Reforço do entendimento sobre Moral, Ética e Direito: https://bityli.com/Zm9Ep. 
Acesso em: 23 abr. 2023.
BUSQUE POR MAIS
 Uma pesquisa realizada em conjunto pelo CNDL (Confederação Nacional de 
Dirigentes Lojistas), em parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e 
Pequenas Empresas) e o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) constatou dados bem 
polêmicos: a consulta era sobre golpes sofridos por consumidores e identificou que 
um em cada cinco clientes lesados, também faziam atos ilícitos para obter vantagens 
como “gatos” (ligações ilegais) de TV por assinatura, internet, energia e água (BAND, 
2021). 
 O “jeitinho brasileiro” era a forma de ter benefícios, fora dos acordos e leis, 
destes clientes lesados e que também lesavam empresas e outras pessoas. Será que 
o “jeitinho brasileiro” é um traço cultural nacional tão relevante? Para respondermos, 
precisamos ver a colonização portuguesa: o Brasil foi constituído por portugueses, os 
nativos indígenas e dos negros sequestrados da África. 
2.2 O “JEITINHO BRASILEIRO”
25
no caso do Brasil, cujas as classes dominantes se for-
maram no escravismo com postura socialmente irres-
ponsável com respeito às classes subalternas e, (...) às 
oprimidas, cristalizou-se uma estrutura social crua-
mente desigualitária que gera enormes tensões, difi-
cultando ao extremo a conciliação de classes. (RIBEIRO, 
1978, p. 98)
uma mediação pessoal entre a lei, a situação onde de-
veria aplicar-se as pessoas nela implicada, de tal sorte 
que nada se modifique – mas como ela é insensível e 
 As elites, detentoras dos privilégios político-econômicos e que criam barreiras 
de entrada para a maioria da população aos direitos básicos, permitem por filiação 
ou proximidade que poucos das classes menos abastadas o acesso aos benefícios 
sociais e, que muitos, seriam amparados legalmente como saúde, educação, trabalho, 
assistência social, moradia, etc. 
 Antes do sistema de saúde público universal brasileiro previsto na Constituição 
Federal de 1988, era muito comum de algumas autoridades de governos subnacionais, 
especialmente das cidades distantes de grandes centros e capitais, intermediarem as 
consultas e exames em troca de apoio político do eleitorado. 
 A igualdade jurídica para brasileiros sempre foi uma difícil conquista até nas leis 
e extremamente bem recente, historicamente falando, tanto que o Brasil foi a última 
nação do continente americano a abolir o trabalho escravo de 1888, nas vésperas do 
fim do Império que terminou no ano seguinte. 
 As leis, como as normas jurídicas do Estado no geral, costumam ter uma rigidez 
extremamente formal e que a maioria da população tem dificuldade ao acesso e 
compreensão dos complicados códigos jurídicos e sistemas administrativos. Por 
exemplo, um trabalhador rural, após décadas de contribuição à sua aposentadoria, 
pode ter um enorme desgaste para obter este benefício – que é seu legalmente - por 
não entender os processos lentos e rigorosos dos órgãos de previdência social. 
 Um dos caminhos para provocar a flexibilidade social às normas rígidas é o “jeitinho 
brasileiro”, que é uma intermediação informal e pessoal, baseada pela proximidade 
e simpatia para obter vantagem que, eventualmente, violem as leis. O antropólogo 
Roberto Da Matta (MATTA, 1986, p. 97) fala o fenômeno como: 
Biblioteca Person. Diversidade Cultural, Étnica e Religiosa. p. 113-119. Ética e Cidadania. Ke-
nya Jeniffer Marcon (Org.). São Paulo: Person Education do Brasil, 2017
BUSQUE POR MAIS
 Mesmo com a enorme riqueza cultural dos indígenas e africanos, predominou-
se os quadros mentais e jurídicos do colonizador nas relações sociais e estatais. O 
processo civilizatório brasileiro manifestou-se por profunda violência e exploração dos 
povos africanos e indígenas, bem como desigualdade e hierarquização das relações 
sociais com a escravidão e outras formas de servilismo, descritas que: 
26
não é gente como nós, todo mundo fica, como se diz, 
numa boa, e a vida ao seu normal. 
 O “jeitinho brasileiro” é uma afronta à Ética já que é uma transgressão aos princípios 
universais de igualdade e boa conduta para todos, todavia se insere na moral individual 
da pessoa que busca para ultrapassar os obstáculos jurídicos.
 O confronto das normas jurídicas e o “jeitinho brasileiro” podem refletir em até 
em casos de corrupção tão presentes nas mídias e até indignam os que afirmam ter 
uma Ética distinta de tais atos: como os tristes desvios de recursos públicos por agentes 
estatais de governos no combate ao coronavírus.
 Este arranjo é tão forte que o primeiro personagem brasileiro do estúdio Walt 
Disney foi o malandro Zé Carioca: o perito no “jeitinho brasileiro” (Figura 5), criado nos 
anos 40 como ponte dos Estados Unidos e o Brasil na II Guerra Mundial. O personagem do 
malandro na cultura popular se refere a alguém, extremamente habilidoso no “jeitinho 
brasileiro”, que sabe usar os meios para obter vantagens para si e para outros que 
requisitam sua perícia. 
 Uma sociedade que deseja ser organizada e regulada por normas jurídicas do 
Estado – que por entenderem que são elaboradas pelos interesses coletivos – reflete e 
questiona o uso do “jeitinho brasileiro” como ofensa à uma Ética comuma todos. Afinal, 
a igualdade jurídica deve ampliar o acesso igualitário dos direitos sociais. 
Figura 5: Zé Carioca
Fonte: Fandom Disney (2022)
Num país cada vez mais globalizado como o Brasil, o “jeitinho brasileiro” não é uma práti-
ca bem-vista nas relações econômicas e nas cadeias produtivas internacionais. Segundo 
Chu e Wood Jr. (2008), o “jeitinho brasileiro” é considerado um comportamento pouco pro-
fissional e amador segundo as pesquisas e entrevistas com gestores brasileiros e estran-
geiros que realizam negócios globais.
VAMOS PENSAR?
 Um grupo de Procuradores do Ministério Público Federal (MPF), pertencentes 
2.3 A EVOLUÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO E SEUS VALORES ÉTICOS
27
à Força Tarefa da Operação Lava Jato, foram acusados de acumular ilegalmente 
valores de diárias e passagens pelo Tribunal de Contas da União (TCU), logo estes que 
integraram a maior operação anticorrupção do país. Bruno Dantas, Ministro do TCU 
criticou no seu despacho os Procuradores “no âmbito da atividade funcional de combate 
à corrupção, admitindo-se como práticas naturais o patrimonialismo, a personalização 
e a pessoalidade das relações administrativas.” (EM, 2021).
 Os Procuradores Federais foram condenados a devolver R$ 2,5 milhões em 
valores considerados ilícitos em diárias e passagens, logo os mesmos fiscais da lei 
que ajudaram a condenar executivos, operadores e políticos ligados aos desvios nos 
negócios da estatal brasileira de Petróleo que foram punidos em bilhões de reais em 
repatriação, devolução e multas.
 O Ministro Bruno Dantas da Corte de Contas da União tocou em questões presentes 
desde dos primórdios na Administração Pública brasileira ao atacar as práticas ilícitas 
dos Procuradores da Força Tarefa da Lava Jato: patrimonialismo, personalismo e 
pessoalidade. Tais características danosas ferem a Ética e o atendimento do bem social 
no Estado, aprisionando os recursos e suas políticas públicas ao jugo privado. 
 O Estado brasileiro começou com a vinda da Família Real em 1808, fugitiva das 
guerras napoleônicas na Europa para sua colônia brasileiro que segundo Martins (1997), 
foi transpassado um enorme aparelho estatal ocupado por uma classe economicamente 
improdutiva formada pela nobreza.
 A monarquia portuguesa representava uma enorme desigualdade social e 
jurídica: os bens do Estado pertenciam aos reis como propriedade pessoal, além dos 
cargos públicos e privilégios eram ofertados pela lealdade ou negociados por favores 
pelo seu séquito.
 As relações no Aparelho de Estado se fundamentavam no personalismo, isto é, 
não era a prioridade de uma estrutura profissional e competente, porém uma rede de 
apoio baseada em fidelidades e devoção aos grupos políticos que indicaram os cargos 
à burocracia pública. Assim, os empregos estatais ficavam em dívidas eternas e com 
trocas de favores e informações às forças políticas que os efetivaram; este arranjo 
social é chamado de personalismo. 
 O personalismo na Administração Pública pode ser definido como o “funcionalismo 
público relaciona-se com a ética de fundo emotivo que permeia a nossa cultura: o 
homem cordial é avesso à impessoalidade e ao formalismo e, consequentemente, a 
burocracia.” (PAULA, 2010, p. 106)
 Os monarcas eram tidos como representantes de Deus e com prerrogativas sobre 
a maioria que estavam escritos nas normas jurídicas do Estado e nas tradições, portanto 
no período chamado Absolutismo (que finalizou no século XVIII), havia uma centralização 
de poder na figura pessoal dos reis. Nas monarquias absolutistas, governavam na 
Teoria da Irresponsabilidade do Estado “fundada numa ideia de soberania, enquanto a 
autoridade sem possibilidade de contestação pelo súdito” (BITTENCOURT, 2007, p. 175).
 Apesar de haver normas jurídicas do Estado, mesmo quando tinham prescrições 
legais para todos, as regras eram maleáveis para a classe nobiliárquica e para os 
apadrinhados que caíram nas suas graças. Estas características nefastas são do 
chamado Patrimonialismo, onde o Estado com seus vastos recursos é um grande 
balcão de negócios entre as facções que competem pela atenção das autoridades e o 
atendimento e seus interesses particulares. 
28
 Uma das figuras que sintetizam este momento é a Cerimônia do Beija Mão 
(Figura 6), oriundo da monarquia europeia e incorporada na realeza tropical, em que, 
determinados dias, o Palácio Imperial era aberto para as pessoas reverenciarem o 
monarca em seu trono, beijando sua mão e, muitas vezes, pedindo favores pessoais. O 
lugar na fila do Cerimônia do Beija Mão era disputado ao extremo. 
 Este modelo era conhecido como a Administração Pública Patrimonial prevaleceu 
e no Estado soberano e independente de Portugal quando se instituiu o Império brasileiro 
(1822-1889) e no primeiro período republicano (1889-1930), quando os acessos aos 
cargos estatais vias seleções públicas eram raros, prevalecendo a indicação política 
chamada de nepotismo, isto é, que favorecia parentes, amigos e pessoas leais 
para funções públicas e contratos estatais por fidelidade e fraternidade e não pela 
capacidade e habilidades profissionais. 
 Segundo Martins (1997) até os anos 30, apenas os militares, Itamaraty (Relações 
Exteriores) e o Banco do Brasil (que também era o Banco Central na época) tinham 
órgãos bem estruturados, planos de carreiras, profissionalização, acesso e promoção 
por mérito e espírito de corpo público, tanto que membros destes órgãos formavam a 
elite da Administração Pública daquele período. 
 Apesar dos direitos básicos e liberdades individuais prescritas nos códigos estatais, 
a igualdade jurídica era, praticamente, ínfima no tempo de uma economia agrário-
exportadora em que a maioria da população vivia, em grande parte, na pobreza ou 
próximo da subsistência no campo em que a urbanização era restrita às grandes (e 
aglomeradas) cidades com uma parcela expressiva de desfavorecidos.
 Por conseguinte, o Estado brasileiro era fragmentado e poroso à influência das 
elites rurais que governavam como oligarquias políticas, notadamente as classes 
dominantes dos estados de Minas Gerais e São Paulo. 
Figura 6: A Cerimônia do Beija Mão de Dom João VI
Fonte: Cerimônia do Beija Mão (Wikipedia, 2019)
Apesar dos avanços reformistas, as práticas patrimonialistas ainda permanecem no Es-
tado brasileiro, precisando ser sempre combatidas.
FIQUE ATENTO
29
 A partir do século XIX, devido a emergência da Revolução Industrial e expansão 
capitalista, se exigia mudanças nas estruturas estatais, surgindo a Administração 
Pública Burocrática para combater as práticas patrimonialistas. 
 Segundo o professor de Administração Pública José Matias-Pereira a 
Administração Pública Burocrática “pregava os princípios de desenvolvimento, da 
profissionalização, ideia de carreira pública, hierarquia funcional, impessoalidade, 
formalismo; tudo combinado no poder legal” (MATIAS-PEREIRA, p. 113). Ao contrário do 
modelo patrimonialista, a Administração Pública Burocrática enfocava na racionalidade 
(eficiência) e legalidade (prescrições normativas) para minimizar ou barrar os atos 
ilícitos e ineficientes no aparato do Estado. 
 A ascensão da Administração Pública Burocrática ocorreu com as transformações 
na modernização administrativa da gestão pública e a evolução do Direito Público com 
a incorporação da democracia, direito político e liberdades individuais nas normas 
jurídicas do Estado, ainda que precariamente. A cidadania, ação do cidadão para lutar 
por suas demandas e participação política no Estado, começa a emergir nesta fase, 
inclusive por contestações sociais.
 No Brasil, a Administração Pública Burocrática foi iniciada na Revolução de 1930 
quando ascendeu Getúlio Vargas num movimento militar e governou por 15 anos, a 
maior parte do tempo com restrições de direitos políticos e como um autocrata, 
especialmente no Estado Novo (1937-1945) com conotações fascistas.
 O Estado Varguista tinha uma centralização política e administrativa, buscava 
implementar umas bases de uma economia industriale diversificada, com novas 
legislações trabalhistas e previdenciárias para uma classe trabalhadora. O Poder Público 
também passou a mediar os conflitos entre trabalhadores e empresários através de 
um sindicalismo autorizado, órgãos judiciais e departamentos trabalhistas. 
 O Governo federal passou a conduzir o desenvolvimento econômico, que segundo 
Diniz (2004), a intervenção estatal na esfera econômica se fez pela institucionalização 
de institutos, autarquias e conselhos com amplas funções regulatórias e criação de 
empresas públicas em áreas consideradas estratégicas. 
 Um dos organismos que emergiram neste contexto de mudanças foi o 
Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), criado 1937 como órgão 
subordinado diretamente ao Presidente e designado para implementar a Administração 
Pública Burocrática no setor público federal. 
 Com o DASP, a seleção pública de cargos efetivos priorizou a impessoalidade (o 
servidor não entraria para um órgão vias laço de fidelidade com forças políticas) e a 
legalidade (o agente obedeceria a norma jurídica do Estado e não a vontade do chefe 
político). 
 Na visão da Administração Pública Burocrática, o DASP enfocava nos processos e 
procedimentos para buscar a eficiência administrativa no chamado controle de meios 
A Administração Pública Patrimonialista não é uma Reforma do Estado Brasileiro, visto que 
é como a gestão estatal se encontrava e se desenvolveu pelo legado português e a partir 
experiência brasileira com a formação e manutenção do próprio aparelho do Estado.
VAMOS PENSAR?
30
e processual, através de uma rigidez normativa pela hierarquização e formalismo. O 
DASP foi responsável pelos primeiros planejamentos orçamentários, planos de cargos e 
salários, e treinamento e aperfeiçoamento do setor público. 
 As propostas do DASP foram contidas pelas forças políticas patrimonialistas que 
formaram coalizões governativas, a reforma foi limitada e o “sistema estatal híbrido, 
marcado pela interpenetração dos traços típicos do modelo racional-legal com 
dinâmica clientelista” (DINIZ, 2004, p. 34).
 Na retomada democrática após 1945, o Estado brasileiro, segundo Paula (2010), 
se caracteriza pela coexistência entre traços da cultura política patrimonial e bolsões 
de eficiência administrativa. Portanto, as duas vertentes (patrimonialista e burocrática) 
dentro do mesmo aparelho de Estado em disputa e cooptando diversos órgãos e 
entidades estatais. 
 Este hibridismo administrativo permaneceu no Estado brasileiro como no 
grande Plano de Metas do Governo Juscelino Kubistchek (1956-1961) que se instituiu a 
“Administração Paralela”, de acordo com Benevides (1976), seria órgãos e grupos de 
assessoria eram subordinados ao Executivo com verbas orçamentárias preservadas 
e enfocada na racionalidade técnica para empreender o ambicioso desenvolvimento 
almejado, paralelo as organizações estatais permeadas as influências patrimonialistas 
e clientelistas. 
 Na Ditadura, instituída no Golpe de 1964, foram limitadas as liberdades políticas 
e perseguidos os opositores num novo padrão econômico, enfocado no combate 
aos inimigos do Estado e no incremento do capitalismo no binômio segurança e 
desenvolvimento, mas na flexibilização com o Decreto-Lei n.º 200/1967 que centralizou 
o planejamento público, descentralizou a execução administrativa e reorganizou o 
aparelho estatal.
 O Decreto-Lei n.º 200/1967, de acordo com Matias-Ferreira (2010, p. 93) “foi a 
primeira experiência de implantação da administração gerencial no Brasil “, um outro 
marco administrativo nascido em uma Ditadura na busca da eficiência e eficácia do 
Estado e já previa alguns indicadores de desempenho ao setor público. A reforma 
também não evitou que os interesses privados cooptassem a burocracia estatal e até 
as seleções públicas repetissem o patrimonialismo e personalismo.
 Assim, mesmo num regime cívico-militar autoritário que, em discurso, ufanava os 
padrões éticos na gestão pública, se observa a falta de transparência dos atos estatais, 
a baixa responsabilização dos agentes públicos, censura das informações relevantes 
que afrontasse o sistema político e limitava a cidadania, além de uma repressão judicial 
e extrajudicial aos opositores. 
 Após um período de crescimento econômico que ajudou na sua legitimidade, a 
Ditadura sofreu com a crise econômica e as pressões políticas para uma distensão na 
segunda metade dos anos 70, que impeliu uma transição para os civis em 1985.
 O ciclo ditatorial legou um país com um abismo social e restrições da cidadania, 
uma desigualdade que passou a ser atenuada na Constituição de 1988 com amplos 
direitos políticos e sociais de proteção ao cidadão.
 A Carta Magna de 1988 trouxe também padrões éticos para a Administração 
Pública, trazendo o Princípio da Moralidade (no caput do artigo 37) e prescrevia a punição 
aos agentes que violassem a ética pública – o crime de Improbidade Administrativa 
previsto no § 4º do mesmo artigo 37, que debateremos mais à frente.
 O acesso aos cargos públicos efetivos seria, conforme foi definido pela Carta 
31
Magna de 1988, via os processos de concurso público por provas e títulos ou apenas 
provas conforme a complexidade do cargo, o que já uma forma de limitação ao 
patrimonialismo. 
 O Estado brasileiro que chegou com a “Constituição Cidadã’ tinha a economia 
combalida e questionamento do papel do Estado como promotor do desenvolvimento. 
Segundo Pereira (1998, p. 36), a crise econômica, tornava “o Estado, de agente de 
desenvolvimento, se transformava em seu obstáculo"
 Uma das soluções internacionais à crise do Estado foi a Nova Administração 
Pública (New Public Management), iniciada nos Governos Anglo-saxônicos (Inglaterra, 
Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia) nos anos 70 e 80 e que viraram um farol 
aos países pobres: segundo Paula (2010) o movimento da Nova Administração Pública 
pregava:
• a reformulação e redução do Estado, o Poder Público não seria mais o indutor 
relevante da economia;
• o mercado teria mais relevância para a condução do desenvolvimento com 
desregulamentação e privatização de empresas estatais;
• flexibilização das modalidades de contratualização para a prestação dos serviços 
públicos (como a terceirização de mão de obra); 
• e a ênfase dos modelos administrativos da gestão privada.
 A Nova Administração Pública passou ser chamada de Administração Pública 
Gerencial foi a primeira reforma administrativa num período democrático e implantada 
a partir do Plano Diretor de Reforma do Aparelho de Estado (PRAE) de 1995 capitaneado 
pelo Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE) (MATIAS-FERREIRA, 2010), 
liderado pelo Ministro Luís Carlos Bresser-Pereira e um dos principais intelectuais 
brasileiros da Nova Administração Pública.
 A Administração Pública Gerencial brasileira reforçava conceitos burocráticos 
como a eficácia e eficiência e trazia a efetividade, isto é, os impactos dos resultados das 
políticas públicas escolhidas que, naturalmente, passava por questões éticas já que os 
fins éticos deveriam justificar o uso dos meios éticos na gestão estatal. 
 A preocupação gerencial é o controle dos resultados, portanto flexibiliza tanto 
órgãos e entidades pertencentes a Administração Pública quanto do setor privado através 
de na terceirização de mão-de-obra no serviço público e convênios administrativos. A 
lógica da Nova Administração Pública era que pela estrutura estatal é muito pesada e 
rígida pelas normas e corpo burocrático, portanto transferir atividades públicas para 
entidades sociais e empresas privadas que tem mais autonomia administrativa em 
contratos com indicadores e metas a serem seguidos, ofereciam mais resultados e 
efetividade aos cidadãos. 
 Um dos ônus da contratualização de atividades do serviço público para o setor 
Biblioteca Person. Reforma Bresser-Pereira, p. 85-88. LOURENÇO, Nivaldo Vieira. Adminis-
tração Pública: Modelos, Conceitos, Reformas e Avanços para uma Nova Gestão Pública. 
Curitiba: InterSaberes,2016. 
BUSQUE POR MAIS
32
privado em áreas sensíveis como saúde, educação e assistência social foi a transferência 
de valores volumosos de recursos públicos, o que eventualmente precariza o próprio 
setor público já que reduz seu orçamento, para atores particulares e, quando não, a 
descoberta de práticas corruptas para escolha e manutenção de instituições privadas 
que, muitos, favoreceriam alguns agentes políticos e estatais. 
 A reforma gerencial de 1995 colocava a participação cidadã nas decisões estatais 
por conselhos e foros, porém o que se observou foi uma inserção social limitada, já que 
a estrutura estatal restringia os canais de atuação da sociedade (PAULA, 2010), logo as 
deliberações se limitaram à burocracia do Executivo e aos debates legislativos. Muitas 
vezes, as entidades sociais em consultas e foros públicos apenas cumpriam regras 
legais, contudo não tinham a efetividade das suas sugestões cidadãs. 
 Apesar de uma profissionalização da burocracia pública com a entrada de 
agentes capacitados via concursos e qualificações em cursos e aperfeiçoamentos, 
permaneceram os cargos da alta gestão escolhidos por forças políticas e, quando 
não, por uma orientação patrimonialista sobre parcelas do Estado, já que órgãos e 
ministérios administravam recursos bilionários para atender interesses clientelistas.
33
FIXANDO O CONTEÚDO
1. (UFERSA – 2021). Correlacione as características abaixo ao correto modelo de 
administração pública que representam: 
I. Definição de indicadores de desempenho e gestão. 
II. Orientação para os resultados. 
III. Foco nos procedimentos e processos. 
a) Modelo Gerencial - Modelo Gerencial - Modelo Burocrático.
b) Modelo Burocrático - Modelo Burocrático - Modelo Gerencial.
c) Modelo Gerencial - Modelo Burocrático - Modelo Burocrático. 
d) Modelo Burocrático - Modelo Gerencial - Modelo Burocrático.
2. (CESPE – 2020). O processo de modernização do Estado brasileiro, surgido em um 
contexto de acelerada industrialização e caracterizado pela criação do Departamento 
Administrativo do Serviço Público (DASP), está vinculado ao modelo de Estado 
a) gerencial. 
b) patrimonialista. 
c) da nova administração pública. 
d) burocrático. 
e) Neoliberal.
3. (CESGRANRIO – 2019). Na evolução da Administração Pública em diversos contextos 
mundiais, há um elemento fundamental que baliza o entendimento da necessidade da 
superação do patrimonialismo. É uma característica central do patrimonialismo 
a) contratar pessoal com base em regras explícitas que garantam igualdade formal. 
b) definir racionalmente funções e responsabilidades por leis ou regulamentos. 
c) manter a sobreposição da esfera pessoal, privada e familiar frente à esfera pública 
e ao trabalho. 
d) organizar, de forma estável e duradoura, grande número de prestadores de serviços, 
cada qual com uma função especializada. 
e) separar formalmente a função das características pessoais do indivíduo que a ocupa.
4. A Administração Pública Gerencial busca tratar de questões da cidadania, democracia 
e transparência na gestão estatal através da(o):
a) centralização e seleção das informações apenas pelo Estado.
b) restrição à participação política dos cidadãos na gestão pública.
c) formalismo e rigidez administrativa nos atos estatais.
d) instituição de canais e meios para a participação cidadã na administração estatal.
e) promoção de favores estatais somente para quem é leal politicamente.
34
5. (CPCON – 2017). “O antropólogo brasileiro Roberto Da Matta, que procurou retratar 
a cultura política nacional, especialmente o lugar ocupado pela ética, enfatizou que 
todos nós queremos uma polícia impecável, correta, justa, mas não queremos que 
nossos amigos ou correligionários sejam presos; louvamos a maior rigidez das leis 
contra a impunidade, mas fazemos de tudo para lutar pela própria impunidade e pela 
impunidade de minha corporação e de meus amigos".
O texto acima denuncia uma realidade presente na cultura brasileira, que Da Matta 
conceituou como “jeitinho". Uma das alternativas descreve um comportamento que 
pode ser associado a esta característica, assinale a CORRETA.
a) “A boa justiça começa em casa”. 
b) “Amigos, amigos, negócios à parte”. 
c) “A lei é dura, mas é lei”.
d) “A justiça tarda, mas não falta”. 
e) “Para os amigos tudo, para os inimigos a lei”.
6. (CESPE – 2016). A respeito dos elementos do Estado, assinale a opção correta.
a) Povo, território e governo soberano são elementos indissociáveis do Estado.
b) O Estado é um ente despersonalizado.
c) São elementos do Estado o Poder Legislativo, o Poder Judiciário e o Poder Executivo.
d) Os elementos do Estado podem se dividir em presidencialista ou parlamentarista.
e) A União, o estado, os municípios e o Distrito Federal são elementos do Estado brasileiro.
7. Analisando as práticas da Administração Pública nacional, o “jeitinho brasileiro” era 
um fenômeno incorporado e mais presente na:
a) Administração Pública Holística.
b) Administração Pública Societal.
c) Administração Pública Burocrática.
d) Administração Pública Gerencial.
e) Administração Pública Patrimonial.
8. A Administração Pública Burocrática foi a primeira grande reforma administrativa 
brasileira, apesar de muitas mudanças e correntes no setor público, ainda são suas 
características que permanecem na gestão pública:
a) favorecendo de indicados políticos para os cargos públicos efetivos em concursos.
b) impessoalidade e legalidade nos atos estatais. 
c) controle dos resultados e ideias da gestão privada.
d) transparência e governança pública.
e) privilégio dos interesses privados sobre os interesses coletivos. 
35
EIXOS NORTEADORES DA 
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICOS
36
 Uma gigante estadunidense de supermercados com filial no Brasil foi condenada 
por danos morais ao obrigar os funcionários a fazerem gritos, dançarem e baterem 
palmas como práticas motivacionais ao cantarem o hino da empresa a cada reunião e 
encontro de gestores e trabalhadores. Segundo a sentença de condenação na Justiça 
brasileira, as práticas tinham até coreografia de gosto duvidoso com funcionários tendo 
que “rebolar” no ambiente de trabalho perante os colegas e chefes (MIGALHAS, 2011).
 Os Cheers (Figura 7), prática motivacional muito comum em organizações 
multinacionais de origem norte-americana com cantos e danças de “guerra” da 
empresa. Tais modalidades de incentivo nas empresas têm gerado muitos choques 
culturais: nos Estados Unidos é muito comum por ser o país precursor e principal 
promotor deste estímulo nas suas empresas, porém em países que tais atividades 
de impulsionamento não é comum, mesmo nas filiais norte-americanas, há críticas, 
resistências e até ações judiciais como vimos no caso mencionado. 
 Há uma proibição da implantação dos Cheers no ambiente de trabalho brasileiro? 
O trabalho formal e lícito é pautado na valorização da dignidade humana e obrigar a 
realizar atos fora do campo do Direito e Ética configura infrações na das normas jurídicas 
do Estado (a legislação trabalhista) e no campo filosófico da Ética.
 Alegar que são as pessoas adultas e que fizeram estes atos de forma voluntária 
também não se sustentaria já que nas relações entre empregador e empregado há 
uma disparidade, tendo em vista que o polo empresarial tem o poder econômico, logo 
a parte mais fraca – os trabalhadores - pode se submeter as ordens e neste eventual 
delito, o Direito, através do Estado, entra para equilibrar e punir os descumprimentos 
legais. 
3.1 COMPORTAMENTO ÉTICO DO GESTOR PÚBLICO E A GESTÃO DOS 
NEGÓCIOS PÚBLICOS E PRIVADOS
Figura 7: Cheers, a polêmica prática motivacional de empresas
Fonte: LOPES (2018, on line)
37
 Apesar de ambos os setores (público e privado) estarem num sistema capitalista 
em que se valoriza a eficiência (racionalização dos processos para auferir maiores 
ganhos), e a eficácia (atingir os resultados esperados), e a recente efetividade 
(preocupação com os impactos dos objetivos alcançados), as perspectivas de ambos 
guardamalgumas distinções.
 O setor privado e o setor público têm diferenças substanciais em seus objetivos, 
enquanto os agentes particulares empreendem suas atividades para obter lucro e 
interesses privados, os órgãos e entidades estatais devem atender o interesse público 
em seus planejamentos e ações estatais.
 Tanto o setor privado quanto o setor público devem respeitar o Direito e a Ética 
nas suas gestões, portanto mesmo que haja um acordo voluntário entre as partes, não 
pode ferir o Direito e a Ética como vimos no caso da condenação da prática do Cheers 
numa filial brasileira da multinacional norte-americana de supermercados. 
 Neste sentido, os limites do Direito e da Ética são tênues, porém as normas jurídicas 
do Estado abrangem a todos numa sociedade, tanto dos agentes particulares do setor 
privado quanto os agentes públicos que integram a estrutura organizacional do Estado. 
 Bittencourt (2008) recorda que o agente privado pode fazer tudo que a Lei não 
proíbe, enquanto o agente público só pode fazer o que determina a Lei. Os servidores e 
os órgãos estatais têm que ter a permissão legal para seus atos, já um profissional e a 
empresa privados podem fazer ações desde que a Lei não vete. 
 As licitações são um exemplo: é uma seleção pública para escolha da proposta 
mais vantajosa ao setor estatal na aquisição de bens e contratação de serviços, sujeita 
às regras com um rito formal público e requisitos técnicos e normativos. O setor 
privado pode escolher seus fornecedores da forma como que lhe convém, geralmente 
prezando a relação custo-benefício.
 Outra limitação legal do setor público é a contratação de pessoal, como vimos 
na Constituição Federal de 1988, os cargos públicos, por regra, serão ocupados por 
concursos públicos de provas e títulos fundamentados pelas normas jurídicas do Estado, 
competência técnica e democracia ao ingresso no serviço público.
 O setor privado tem uma enorme flexibilidade na contratação de quadros 
Uma breve orientação para empresas e gestores sobre os Cheers e suas impli-
cações legais: https://shre.ink/2xN1. Acesso em: 23 abr. 2023.
BUSQUE POR MAIS
Não existe liberdade absoluta ou vontade particular sem apreciação num Estado Demo-
crático de Direito já que os atos individuais e coletivos podem ser analisados, balizados e 
até punidos quando violam as regras do Direito e da Ética. 
FIQUE ATENTO
38
 As tensões dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário emergiram nos últimos 
anos, e eclodiram, especialmente, nas políticas do combate a pandemia do novo 
coronavírus que arrastou o Brasil a partir do ano de 2020 (e o mundo) para uma crise 
global. 
 Neste contexto tumultuoso, o jurista Ruy Altenfelder afirmou que uma eventual 
negativa do Presidente da República em atender as decisões judiciais dos Ministros 
do Supremo Tribunal Federal (STF) pode o mandatário do Executivo Federal sofre um 
processo de crime de responsabilidade e até ser punido com o impeachment, isto é, 
a destituição da maior autoridade do país por violar a ética e moral pública. (CORREIO 
BRAZILIENSE, 2021).
 Após 21 anos da Ditadura cívico-militar, o governo civil emergiu em 1985 com 
profundos desafios para a sociedade, Estado e mercado brasileiro, sendo necessário 
uma profunda reorganização para a nascente democracia exigia que é feita de um 
novo tratado social e leis. 
 A Constituição é a maior lei de uma nação, uma Assembleia Constituinte ocorreu 
nos anos de 1987 e 1988 e elaborou a nova Carta Magna, promulgada em 1988 como 
novo marco jurídico e de desenvolvimento nacional.
3.2 A ÉTICA NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988
de colaboradores, Chiavenato (1997) nos ensina que a empresas podem usar os 
recrutamentos externo (com buscas fora da empresa), interno (demandando apenas 
na empresa) e misto (simultaneamente os dois métodos).
 O setor público é obrigado a dar transparência e publicidade de todos os seus 
atos e recursos, salvos aqueles atos que exigem preservação do sigilo legal como 
aqueles que envolvem a segurança nacional ou proteção de terceiros. Por exemplo, 
a Administração Pública brasileira não pode divulgar os nomes e atos de sua agência 
nacional de informações ou endereços de casas de acolhimento de testemunhas para 
proteção dos envolvidos. 
 Enquanto uma empresa privada só deve divulgar o que determina a lei, por 
exemplo os balanços patrimoniais e relatórios financeiros das empresas que têm 
participação societária em bolsas de valores tem a obrigação legal e regimental para 
dar publicidade como exige os órgãos de controle. 
 A Administração Pública, por estar vinculada as normas jurídicas do Estado, deve 
obedecer aos Princípios do Direito Público (ou Direito Administrativo porque rege as 
relações da Administração Pública) que são os seguintes:
I. Princípio da Supremacia do Interesse Público;
II. Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público;
III. Princípio da Legalidade;
IV. Princípio da Impessoalidade;
V. Princípio da Moralidade;
VI. Princípio da Publicidade;
VII. Princípio da Eficiência;
VIII. Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade;
IX. Princípio da Autotutela;
X. e Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos. (PAULO e ALEXANDRINO, 2008)
39
 Nos seus princípios, seus fundamentos estabelecidos já mostram um novo 
postulado ético nesta norma jurídica do Estado ao compreender as desigualdades 
existentes no país (BRASIL, 2015):
• Fundamentos (soberania, cidadania, dignidade humana e valores sociais do trabalho 
e da livre iniciativa);
• Objetivos (construir uma sociedade livre, justa e solitária; garantir o desenvolvimento 
nacional, erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais 
e regionais e promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, 
idade e quaisquer formas de discriminação).
 A Lei Fundamental reconhecia os disparates, inclusive as diversas formas 
de discriminação e princípios para minimizar e superar as desigualdades, logo os 
constituintes definiram novos e aguardados padrões éticos para o Estado brasileiro.
 A Carta Magna de 1988, estabeleceu no seu artigo 37 os princípios que deveriam 
orientar o planejamento e ações da Administração Pública:
• Legalidade: “o administrador público somente poderá fazer o que estiver 
expressamente autorizado em lei e nas demais espécies normativas” (MORAES, 2007, 
p. 311);
• Impessoalidade: “possui dupla acepção: finalidade da atuação administrativa, que 
deve sempre ser a satisfação do interesse público, e a vedação à promoção pessoal 
do administrador público” (PAULO e ALEXANDRINO, 2008, p. 331);
• Moralidade: “não bastará o administrador o estrito cumprimento da estrita legalidade, 
devendo ele, no exercício da sua função pública, respeitar os princípios éticos da 
razoabilidade e da justiça (...) (MORAES, 2007, p. 312). ”
• Publicidade: “possui dupla acepção a saber: (...) as publicações em órgão oficial 
dos atos administrativos gerais devam produzir efeitos externos (...) a exigência da 
transparência da atuação administrativa. ” (PAULO e ALEXANDRINO, 2008, p. 333).
• Eficiência: alteração do paradigma existente para um sistema de mérito, possibilitando 
maior controle dos resultados na atividade administrativa. (...) alcançar o máximo de 
resultado com o mínimo de custo possível.” (BITTENCOURT, 2007, p. 34-35)
 Os eixos norteadores acima são chamados de Princípios Explícitos da Administração 
Pública porque são previstos na Carta Magna de 1988.
 Também existem os Princípios Implícitos que são oriundos das leis (normas jurídicas 
do Estado), da Doutrina (debate e teoria jurídica), da Jurisprudência (entendimento 
comum e vinculativo das decisões judiciais), e dos costumes (as práticas do cotidiano 
na aplicação do Direito).
 São exemplos de Princípios Implícitos da Administração Pública: da supremacia 
do interesse público; da indisponibilidade do interesse público; da razoabilidade e 
proporcionalidade; da autotutela e da continuidade dos serviços públicos. 
Para fins do texto constitucional, o Princípio

Continue navegando