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Amorescer Florescendo através do Amor e sendo transformada pela Arte. O RECONHECIMENTO PESSOAL NA DUPLA EXCEPCIONALIDADE. FICHA CATALOGRÁFICA AMORESCER Florescendo através do Amor e sendo transformada pela Arte. O reconhecimento pessoal na Dupla Excepcionalidade. FICHA CATALOGRÁFICA Copyright © 2022 – Cláudia Coelho de Moraes; ONDA; AutismoS Todos os direitos reservados. 1ª Edição – Editora Brilliant Mind Brasil – setembro de 2022. E-book. ISBN: 978-65-5941-802-2 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP/CDU) Palavras Chave: Autismo, Autoajuda, Informativo. CDD: 028 CDU: -316.4 CLÁUDIA COELHO DE MORAES; ONDA; Autismos AMORESCER Florescendo através do Amor e sendo transformada pela Arte. O reconhecimento pessoal na Dupla Excepcionalidade 1ª Ed. – Campo Grande, MS: Editora Brilliant Mind, 2022. ??? páginas – E-book WhatsApp: (67) 99291-7113 e-mail: editorabrilliantmind@gmail.com ISBN: 978-65-5941-802-2 Todos os direitos desta edição são reservados ao autor. Proibida a cópia ou reprodução por qualquer meio, inclusive eletrônico, conforme a lei nº 10.695 de 4 de julho de 2003. Coordenação e Organização da Obra: Drº H.c. Alas Alvarenga Projeto Gráfico e Finalização: Editora Brilliant Mind Ilustrações e história: Francilene Vaz da Silva Rabelo Editado por: Editora Brilliant Mind Patrocinadores: AutismoS e ONDA-Autismo Impressão e Acabamento: Editora Brilliant Mind CNPJ: 38.100.453/0001-62 Cidade: Campo Grande - MS mailto:editorabrilliantmind@gmail.com SUMÁRIO 2 Apresentação - ONDA-Autismo .................................................................. 01 Prefácio - Patrícia Feijó Evangelista Winck – Arteterapeuta ACAT 045/0313 ...................................................................................................... 02 Introdução .................................................................................................... 06 Autismo Feminino ...................................................................................... 07 Capítulo 1 – Autismo Feminino .................................................................... 10 Capítulo 2 – Autismo e Superdotação: a Dupla Excepcionalidade ................25 Capítulo 3 – Autismo e Superdotação: ........................................................ 59 Posfácio – A Participação, com Admiração, de outras Mulheres Autistas .... 71 Recado da autora .......................................................................................... 76 Patrocinadores ............................................................................................. 79 Ilustração – Francilene Vaz da Silva Rabelo Após um reencontro, Francilene e Cláudia, numa construção de irmandade e reciprocidade, em uma descoberta mútua por meio da Arteterapia, compreenderam a vida com nova perspectiva de fé, amor e generosidade. A beleza das ilustrações para este e-book, que também “só foram possíveis chegar a esse processo, graças às intervenções da Arteterapia”. Francilene Vaz. Tais ilustrações, precisavam estar presentes nesta obra para , representar a essência dos textos aqui apresentados. 2 PG 01 Este e-book é a continuação da série de e-books gratuitos disponibilizados pela ONDA-Autismo em seu site www.ondaautismo.com.br e no perfil do Instagram @ondaautismo. Mas este, em especial, é o segundo e-book da autora, Cláudia Moraes, para a associação. Seu primeiro e-book intitulado de “TEA & Educação & Família” falava da perspectiva de ativista, profissional e mãe de uma pessoa autista, porém, este e-book aborda um aspecto mais intimista, sobre os diagnósticos de TEA e Superdotação. No decorrer do ano passado, 2021, após receber os diagnósticos, Cláudia, começou a escrever em seu perfil @claudiacoelhodemoraes sobre autismo feminino e superdotação, e para composição deste e-book selecionamos alguns textos desse perfil. Vivi ao lado do Autismo por 33 anos, pesquisei, estudei, me formei, mas todo o meu foco estava no autismo masculino devido ao meu filho, e talvez esse fator é que não tenha me permitido enxergar o meu próprio. Durante a vida sofri de condições que deveriam ter alertado os médicos para essa possibilidade de associações com o autismo como: depressão pós-parto, pânico, fibromialgia, enxaqueca. Ao conviver mais de perto com mulheres autistas, por observação e associação com o recente diagnóstico de Ansiedade e Depressão, resolvi por mim mesma buscar maior entendimento num possível diagnóstico de autismo. Não deu outra, diagnóstico confirmado: autismo nível 1, com necessidade de investigar provável TDAH. Após muitos testes, ficou comprovado o autismo, descartado TDAH, mas confirmado superdotação. Aí a princípio minha maior surpresa a superdotação, mas ao estudar essa condição me encontro de maneira muito clara em suas características. Escrevo esse post para as mulheres que sofrem dessas condições (que nem sempre determinam autismo) mas que até por fatores genéticos possam abrir caminhos diagnósticos. Não se prendam, busquem quanto antes, para que se tenha maiores chances de tratamento e de entendimento pessoal. Cláudia Moraes Esta obra foi divida em 3 capítulos, tentando promover uma leitura atenta e flúida, para que você leitor, consiga absorver o conteúdo, em sua integralidade. http://www.ondaautismo.com.br/ PG 02 Ilustração FADA ARTEIRA- Homenagem à Patrícia Winck PG 03 Quanta honra e alegria estar aqui prefaciando a obra de uma pessoa que passei a admirar em minha caminhada profissional, como Arteterapeuta. Estou falando de Cláudia Moraes, essa mulher que tem como predicados, a delicadeza que não lhe cabe, transborda; a empatia que lhe é pureza da alma e o respeito ao próximo, incomensurável. A beleza interna é visível a cada gesto de doação aos que se aproximam para compartilhar e vibrar. A beleza externa é aquela que se admira, ao conviver com ela em sorrisos, simplicidade e simpatia. Sua verdade surge com tom nobre e altivo, justa e leal, permitindo aos que têm o privilégio de desfrutar de sua amizade, conseguem perceber sua autenticidade e reciprocidade. Busca sempre estar com o humor elevado, sem esquecer sua luta diária com seu filho Gabriel, autista nível 3, adulto. Mãe dedicada e ativista desde sempre, pois foi na busca por respostas para seu filho, que se entregou ao conhecimento do autismo até os dias de hoje, onde finaliza seu Mestrado em Educação. Palestrante inata, construiu uma carreira no ensino superior, realizando cursos, atuando na causa autista e nos surpreende como escritora, trazendo sua expertise de vida, depois que foi diagnosticada com autismo e superdotação. Eis que a dupla excepcionalidade chega e mexe com a mulher Cláudia Moraes. E é nesse momento em que a Arteterapia veio acomodar as emoções, o sentir, o entender, o “aceitar” ... enfim, um novo viver. Nessa caminhada da arte terapêutica, Cláudia se entrega ao seu processo de corpo e alma, fazendo de cada dia um dia novo. Às vezes confuso, melancólico, injusto, inquietante, decepcionante e até mesmo revoltante, mas, cotidianamente reflexivo. Tais dias, trouxeram-lhe a escuridão, mas permitiram que neles uma fresta de luz chegasse, oportunizando a escrita terapêutica para o seu perfil Autismo Feminino. PG 04 Os textos desse perfil são frutos da sabedoria adquirida durante a vida, união do agora, (auto)conhecimento e do imenso trabalho terapêutico ao encontrar na sua vida, desde criança, situações que se conectassem com as características do autismo e a superdotação,positiva ou negativamente, mas que, a partir daquele momento, começaram a justificar situações que até então eram de uma criança problema, ou melhor, fugindo deles por ser quem era, sem entendê-la ser. E com Presença e Arte, Cláudia Moraes inicia sua trajetória de resgate a sua autenticidade e essência, sua alegria genuína, nesse encontro com sua história. Esse e-book vem trazer a pureza de alma e a empatia integrada ao seu ser e fazer pelo outro, seus próximos, os amigos de caminhada da causa autista. Tudo isso mostra como Cláudia sentiu, viveu e (sobre)viveu à dupla excepcionalidade, compartilhando assim sua história, em forma de textos temáticos. Sua maior alegria publicando seus textos, é ler em cada comentário e agradecimento dos leitores, o retorno por tanto a “ensinar”, partilhando suas conquistas, descobertas e vitórias, seu novo ser que se transforma a cada dia. “Evolua tanto, que os outros precisarão lhe conhecer de novo.” Autor desconhecido. Eis-me aqui, a “FADA ARTEIRA”, mola propulsora dessa mulher incrível, que, comprometida com SUA TRANSFORMAÇÃO, pautada em cada texto presente nesse e-book recheados de momentos de vida, em seu terapêutico e acolhedor perfil @claudiacoelhodemoraes, Autismo Feminino, trazendo consigo: confiança, determinação, aprendizado, humildade, alegria, amorosidade, compaixão, coragem, esperança, vida, mas, sobremaneira a Fé, guia de seus passos em sua trajetória firme em propósitos e significados. Querida amiga Cláudia, siga em frente, siga seu coração, siga a luz! PG 05 Um beijo, um abraço abençoado, um sorriso encantado, minha homenagem com as mãos bem postadas em sinal de gratidão! E a você leitor, desejo que realize um prazeroso percurso, bailando pelos textos e histórias, vivas memórias, que a você, de presente aqui estão. E por ser em essência, deixo a você esta frase em presença: “Só aquilo que somos realmente tem o poder de nos curar.” Carl Gustav Jung Patrícia Winck, Arteterapeuta, amiga e carinhosamente intitulada pela Cláudia, a Fada Arteira ! PG 06 INTRODUÇÃO Nem sempre fazer parte de uma minoria significa que você faça parte de um grupo constituído por poucas pessoas. Deve-se entender por minoria não ser participante de um grupo dominante que determina padrões em um meio social. O que se conceitua como maioria ou minoria são as relações de dominação, e não o número de pessoas que as compõe. Estima-se que 1% da população mundial seja autista, e que 5% tenham altas habilidades/superdotação. Pensando sobre isso, vejo que não é apenas o diagnóstico de Dupla Excepcionalidade que determina o meu grupo estabelecido, sou parte de algumas outras minorias. E analisando isso bem, eu adoro ser minoria. Adoro romper e quebrar padrões. Nunca me adaptei a caixas, e espero nunca me manter em qualquer uma delas. A luta contra a discriminação e preconceito vem regendo o modo de vida que escolhi viver. A melhor sensação é a de ver que atualmente autistas e familiares vivem amparados por lei, e que o capacitismo vem sendo enfrentado, e que a aceitação do preconceito não nos rege mais. Que existe é óbvio, mas que há reação e não aceitação de maneira muito mais contundente, organizada e com apoios dos grupos, isso também é notório. Viver em qualquer minoria que seja é se tornar elemento transformador. Minha mãe já dizia: “você não é todo mundo”, o que encarei sempre como elogio. Nelson Rodrigues (escritor, jornalista, teatrólogo) avalizou meu jeito diverso de pensar quando disse: “toda unanimidade é burra”. Viva as minorias, viva os de pensamento divergentes e viva Eu, que concordo com Frida Kahlo e, digo que sou minha única musa (ou diva degradê). PG 07 9 Ilustração ANNE BRONTE PG 08 O Orgulho Autista e o Orgulho em Ser Humano A melhor resposta para o preconceito é a arte! Cláudia Moraes Acabei de assistir a um vídeo em que apareciam xingamentos xenófobos de uma inglesa a imigrantes africanos viajantes do mesmo trem que ela, mandando-os retornarem à “Negolândia”. A situação fica ainda pior porque a senhora inglesa estava com uma criança no colo. A criança assistiu à mãe fazendo uma cena dantesca daquelas, exemplificando ao filho um dos piores comportamentos. Até que uma das pessoas africanas começou a cantar a linda música do filme Rei Leão, e logo foi acompanhada por muitos outros passageiros. O coro de vozes calou a voz única da xenofobia e mostrou mais uma vez que a união é que derruba os muros. A arte venceu mais uma vez! Refletindo sobre o dia 18 de junho, “Dia do Orgulho Autista”, o qual é uma data para a celebração da neuro diversidade, percebi ser um dia para aumentarmos o volume da nossa voz e, em coro, cantarmos por uma sociedade justa e igualitária, para todos. Data que dá a oportunidade de nos desculparmos pelas injustiças praticadas pelas sociedades antepassadas com as pessoas autistas, ao longo da história. Autistas foram jogados de penhascos para morrer, autistas foram para as câmaras de gás, autistas foram trancafiados e esquecidos em manicômios, além de muitas outras atrocidades feitas para se extinguir os pensamentos diversos e celebrar a eugenia (“o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente"). Já caminhamos muito na defesa de direitos e leis que os legitimam, mas ainda precisamos caminhar mais, até alcançarmos justiça para as pessoas autistas e todas as minorias. Não adianta eu levantar a minha voz pelo autismo, se me calo quando o ferido é o nível 3, porque meu filho é nível 1.Não adianta eu levantar a voz pelo autismo, e não me solidarizar para a diminuição do alto índice do suicídio entre as mulheres autistas, porque sou homem. Não adianta eu não levantar a voz e enxergar as demandas do autista idoso, porque sou jovem. Não adianta eu levantar minha voz pelo autismo, e compactuar com o preconceito sofridos pelos autistas negros, porque sou branco. PG 09 A arte é valorada por todas as sociedades, e, pelo poder dela, muitas sociedades se modificaram. Através dela, celebramos todos os seres humanos; através dela, calamos a voz do preconceito. Faço da literatura a minha arte, bandeira quanto a qualquer tipo de preconceito. A minha bandeira não é só a autista, é a humana! E, se um dia a minha luta e a minha arte forem reconhecidas, gostaria não fosse apenas pelo meu autismo, e sim por minha humanidade, que respeita e luta por todos os tipos de pensamento e suas liberdades de expressão. Orgulho-me sim de ser autista e me orgulho ainda mais de ser humana, e que meus textos (que figuradamente aqui chamo de canto) contra o preconceito una cada dia mais, vozes para que fazermos do nosso país, do nosso planeta um lugar de celebração para uma humanidade realmente humana! Cláudia Moraes PG 10 CAPÍTULO 1 AUTISMO FEMININO Receber o diagnóstico de autismo em qualquer idade é um desafio, mas principalmente na idade adulta, creio ser um desafio maior, porque é necessário desconstruir o arquétipo da mulher típica; para assumir a identidade atípica. E esse é um processo lento, até a descoberta de ser quem você sempre foi, só não sabia. Cláudia Coelho de Moraes Uma vez ouvi numa palestra espírita que o tratamento para o autismo é o próprio autismo. Seguindo nessa linha estou buscando tratar as condições que o autismo me impõe com os hiperfocos que ele me trouxe. Tenho descoberto e redescoberto caminhos através da Arteterapia. Buscando conhecimento sobre mim mesma, minhas visões de mundo e daqueles que estão ao meu redor. Nas postagens que estou fazendo colocosempre aquilo que vejo de belo dentro da minha atual perspectiva. Eu mesma e minha transformação, flores, frases, livros, pinturas, animais, crianças. Enfim, aquilo que agregue valor a terapia e ao seu processo. Por que estou falando sobre isso hoje? Algumas mulheres têm se identificado comigo, e perguntam como chegar ao diagnóstico e quais terapias escolher. Só ontem foram três mulheres adultas a me procurar. Se essa caminhada, além de mim, puder ajudar mais alguém a se reconhecer, ficarei gratificada. Procurem aquilo que há de mais bonito dentro de vocês e doem, em algum momento receberão de volta! Cabe ressaltar, que as mulheres com TEA demonstram seus interesses de maneira muito intensa, seus hiperfocos mais provavelmente se concentrarão em pessoas do que objetos. Podem demonstrar comportamentos introspectivos, infantilizados e serem julgadas por serem muito inocentes. Garotas autistas podem ficar obcecadas por um artista ou banda e isso pode mantê-las ansiosas para conhecer todos os fatos das vidas desses artistas. PG 11 Quanto a isso, penso que a superdotação me ofereceu um bom contraponto, apesar de gostar de bandas de rock, o único hiperfoco que tenho até hoje é Eddie Vedder, mas não sei quase nada da vida dele. Sempre quis saber sobre os escritores, e isso no colégio me fazia parecer mais madura, e não infantil. Mulheres envolvidas em relacionamentos afetivos podem ficar tão focadas em seus pares e chegar a perder a noção sobre suas próprias necessidades. Ocasionando dessa forma graves sofrimentos psíquicos e isolamento social. Também por isso, a necessidade de tratamentos e terapeutas que entendam suas demandas é muito necessário. Hiperfoco é algo que precisa ser saudável para proporcionar o bem. PG 12 Orgulho Autista Ser autista é muito diferente de ter autismo. Ser autista é o conjunto de crenças que trago, é parte de minha personalidade, é imutável, intenso, e é o meu modus operandi, de onde partem e recebo as visões de mundo. Ter autismo, é algo externo a mim, é mutável, é como adquirir algo e descartar quando não se deseja mais. Meu diagnóstico foi tardio, e ainda estou no processo de entendê- lo, algumas vezes esse entendimento é difícil, e em outros são respostas a tantas vivências na vida. Mas, uma das minhas certezas é que, embora a adaptação ao mundo seja muitas vezes complicada, eu me amo autista. O mundo externo pode pensar: – Como amar um transtorno que muitas vezes te deixa exposto, vulnerável, traz dores? E eu respondo: - Amo porque já havia entendido desde o diagnóstico de meu filho que o remédio para o autismo é o próprio autismo. Não deveríamos ser nós a nos adaptarmos num mundo contrário as diferenças, mas seria esse mundo “normalizado”, que está se destruindo, notar e bendizer as nossas diferenças. As nossas características muitas vezes nos causam dor, não pelo autismo, mas pelas condições inadequadas de lidar com pessoas despreparadas, com a falta de serviços e o acesso a eles. É o capacitismo que dói, é a falta de diagnóstico precoce e intervenções adequadas. O que dói são as pessoas com as invalidações de nossos diagnósticos, é a falta de crença em nossos potenciais, é a falta de oportunidades justas para atuarmos no mundo de maneira funcional. Sim, eu amo ser autista, e eu sinto um orgulho imenso de mim. Sinto orgulho de meu filho, meus amigos e todos os autistas. PG 13 Penso que o aumento na prevalência do autismo se deva também ao fato de que o planeta precisa mudar para continuar a existir, à Terra pede socorro por estar sendo tão violada, e autistas, a neuro diversidade em suas características evoluídas é que irão criar um modo de ser/estar no mundo. Trazemos a mudança! Há muito orgulho em mim por ser agente de mudança, há muito orgulho em mim por ser autista! Vamos falar sobre a importância do dia 02 de Abril? Essa data foi designada para chamar a atenção do mundo para o autismo, e a partir de daí melhorar tratamentos, educação, e outros serviços, mas também promover a inclusão social e o respeito com os autistas. O diagnóstico de meninas e mulheres está crescendo e consequentemente a prevalência masculina no espectro está diminuindo. Nesse 02 de abril, quero chamar a atenção para o autismo feminino: poucos profissionais acessíveis para o diagnóstico, poucos serviços especializados, desconhecimento na própria causa, gerando capacitismo e exclusão. Lembrando que mulheres autistas tem maior tendência para condições que causam dores físicas e mentais, como: fibromialgia, ansiedade, depressão, enxaqueca, síndrome do pânico, bulimia, anorexia, etc. Vou te propor um desafio: amanhã (02 de abril) faça um elogio bem gentil para uma menina/mulher autista. Esse pequeno gesto ajudará a promover a empatia, o reconhecimento e o amor-próprio! Feliz Dia de Conscientização para todos! PG 14 Autismo e Amizade Um dos mitos do autismo é que autistas preferem ficar sozinhos, e não gostam de fazer amizades devido ao déficit de interação social. Por experiência pessoal, penso que, as maiores dificuldades para ter amigos, se dão por excesso de timidez, problemas de comunicação e falta de treino social. Os superdotados, pelo contrário, são geralmente comunicativos, com facilidades para criar vínculos. Mas alguns preferem se isolar, mesmo após fazer amizades por se sentirem incompreendidos pelas pessoas. Na dupla excepcionalidade (autismo + superdotação), penso que podemos alterar momentos de introspecção e de extroversão, o que familiares e amigos podem ter dificuldades para assimilar e entender. Saber dosar às duas condições para não cair em extremos, nem sempre é fácil, mas é um aprendizado importante. Ser amiga de outra autista, é bem mais simples do que ser de uma mulher típica, pois as autistas sabem bem as dificuldades e as semelhanças que nos envolvem. Já as típicas podem presumir como é, mas nunca sentirão igual. Não que isso me impeça de ter várias amigas típicas, mas que há diferenças, isso não posso negar. Mas, uma coisa é certa, eu sempre busco formas de me divertir, e dar risadas com todas elas. Se isso não acontecer, prefiro ler um livro do que ir adiante numa conversa que não me atraia. Uma das coisas mais legais em ter amigas autistas, é que conversamos de vários assuntos simultaneamente, de um assunto triste passamos para outro alegre em segundos e já estamos dando risadas. Muitas conversas são sérias e acolhedoras, mas outras são totalmente aleatórias. E sempre é interessante aprender com elas. PG 15 Autistas Mentem? E ela se deve, não apenas pela conduta moral de se falar a verdade, mas as características do próprio transtorno, como: déficit em Teoria da Mente, Literalidade, Rigidez de Pensamento, Déficits nas Funções Executivas. Não dá para eu falar nesse post sobre cada uma delas, ficaria muito longo. Então se você não sabe o que são, escreva nos comentários que farei posts sobre essas características. A nossa sociedade é perniciosa, mente, engana e deturpa, e por isso se espanta quando alguém é sincero, e muitas vezes se ofendem com a sinceridade do autista. A sociedade também usa as “pequenas mentiras” como algo admitido em prol da convivência social. É permitido dizer “você está linda” quando realmente se achou que a roupa da pessoa é horrível, para não magoá-la, e por um fim na amizade por exemplo. Muitos autistas diriam: essa roupa não ficou bem em você, troque. Sem nenhuma intenção de ofender ninguém, ele está apenas respondendo com base nas suas características próprias. Mas, é verdade que autistas não mentem? Para responder preciso dizer que em autismo, não generalizamos nada. Cada um é diferente do outro. Então dizer, que nenhum autista mente, é acreditar em mais ummito do senso comum sobre o Transtorno. A maior parte tem dificuldades, sim, em mentir, mas não são todos. Conheço autistas que aprenderam com louvor a técnica da mentira, e quando você os, pega mentindo, ainda são capazes de subverter a situação e colocar a culpa da mentira em você. E, esses saem por aí reforçando que autistas não mentem jamais, para trazer maior credibilidade a si mesmo. Mentir não deveria ser aceitável para nenhum ser humano, mas não julgue um autista por te falar a verdade. Ele não quer ferir o seu ego, está apenas sendo sincero. E você acredita que autistas não mentem? PG 16 Nomenclatura A primeira coisa é para sairmos do senso comum e utilizar a nomenclatura científica correta. O capacitismo se apoia em mitos pré- concebidos sobre o autismo, por isso como autistas e familiares devemos combater as terminologias errôneas. Hans Asperger foi um médico austríaco que deu nome a síndrome, cujos sujeitos estudados por ele apresentavam características como isolamento, falta de empatia, movimentos descoordenados, hiperfocos, entre outros. A então descoberta deu seu nome à síndrome. O DSM-5 retirou o nome síndrome de “Asperger”, substituindo o termo por Nível I do TEA, considerado um quadro mais leve e funcional do espectro autista. No livro Asperger’s Children: The Origins of Autism in Nazi Vienna (“Crianças de Asperger: As Origens do Autismo na Viena Nazista”), a autora Edith Sheffer relata que Hans Asperger enviou dezenas de crianças autistas para médicos nazistas fizessem experiências com elas, torturando-as, condenando- as a morte de maneiras desumanas e grotescas. Porque na ONDA Autismo pensamos que esse nome não deva mais ser usado, além do apoio ao nome científico correto? Porque somos autistas, estamos em todos os conselhos da organização e lutamos pelo reconhecimento do pensamento neurodiverso, por direitos e respeito. Não podemos compactuar de maneira alguma com qualquer nome ou ação que causou ou cause prejuízos a qualquer pessoa autista. Tornamo-nos a maior Organização de luta pelos direitos dos autistas disseminando informação séria e com responsabilidade. Afinal para nós da ONDA-Autismo a valorização, o respeito, o protagonismo e a representatividade importam sempre. Nosso Presidente, Fábio Cordeiro, foi um dos primeiros a dar o exemplo, seu perfil no Instagram deixou de se chamar “ Aspie Sincero” para se chamar “ Autie Sincero”. Você aí, que ainda usa o termo síndrome de asperger, pense se não está dando apoio a uma figura que esteve ao lado de nazistas, em um dos períodos mais horrendos da humanidade. Figura que enviou para mortes bárbaras, crianças autistas a quem deveria proteger. PG 17 A maioria de nós autistas, não quer ter o nome de nosso transtorno, que abrange um número grande de pessoas geniais, que lutam pelo reconhecimento social e por derrubar as barreiras que o preconceito impõe, ligado a uma figura que desonrou o próprio nome ao se aliar a um regime que desolou e lesou a humanidade. Pense bem, não é apenas um nome, é um posicionamento político, contrário ao uso crianças autistas inocentes para alimentar o ódio e disseminar dor. Pense bem! Fonte: Crianças de Asperger – As Origens do autismo na Viena Nazista – Autora: Edith Sheffer – Tradução de Alessandra Bonrruquer – Editora Record,2019. A automutilação e a Vida Automutilação ou autolesão é quando a pessoa intencionalmente se fere. No autismo isso pode ser uma maneira encontrada para comunicar algo, ou expressar dores emocionais. As causas podem ser ansiedade, estresse, ou algo que não se consiga expressar. Também pode ocorrer que a pessoa se fira por autoestimulação, para se autorregular (fazer baixar ou elevar os níveis de excitação). Esse processo autolesivo acontece com uma boa parte de autistas, e é algo difícil de se vivenciar tanto para a pessoa que se lesa, quanto para seus cuidadores. Meu filho está em um momento de autolesão, está ferindo os dedos, não consegue parar e não aceita curativos. Estou buscando entender os motivos disso, nesse movimento de entendê-lo, fiquei pensando em mim mesma e já julgando: eu não me machucaria desse jeito, deve doer muito! Ontem, numa live sobre Arteterapia, um dos oradores disse que nossos excessos na vida penalizam nossos corpos e mentes, esses excessos se transformam em doenças ou transtornos. E citou ansiedade, estresse, fibromialgia, depressão, como exemplos. Nesse momento a minha ficha começou a cair. PG 18 Eu me machuquei a vida toda, embora minhas feridas não sangrassem palpáveis como as de Gabriel. Há um tempo vi um filme de Jodie Foster, onde ela era mãe de um menino superdotado, Mentes que brilham (1991). Em determinado momento, ele disse algo que nunca esqueci, sobre a intensidade dos seus sentimentos: “As piores dores são as mentais”. As minhas autolesões são mentais, vieram durante a vida como: excesso de medo, baixa autoestima, depressão pós-parto, síndrome do pânico, fibromialgia, enxaqueca, ansiedade e depressão. Julguei meu filho, mas me lesei e leso mais que ele. A intensidade dessas dores, são inimagináveis para quem não as vive, e o índice alto de suicídio em mulheres autistas vem delas tentando, da pior forma a se livrar dessas dores. Não estou aqui tentando diminuir o que Gabriel sente, pelo contrário, ele tem se mostrado muito mais forte que eu. No autismo é assim, somos diferentes até nas dores. A arteterapia e a terapia cognitiva comportamental estão me ajudando bastante a descobrir e encarar meus excessos na vida, entender de onde transbordam e sangram minhas dores. Assim, espero ajudar Gabriel com as dele. Agora para você que me lê: se você se automutila, se as suas dores são intensamente doloridas, física ou mentalmente, procure ajuda rapidamente! Terapeutas e medicações podem ajudar, a vida pode ser boa sem os excessos. PG 19 A desconstrução do Capacitismo Capacitismo é o preconceito contra pessoas com deficiência. O termo, que vem da tradução do inglês ‘Ableism’, significa destratar ou ofender uma pessoa por sua deficiência. (CNN Brasil – Saúde, 2021). De acordo com a Lei 12764/12 o autista é considerado pessoa com deficiência. Agora que já sabemos a conceituação do termo Capacitismo, podemos refletir sobre ele, trazendo- o para o contexto do autismo. Pensamos que sim, o preconceito é estrutural, vindo de sociedades que buscavam e ainda buscam a perfeição, a beleza e o poder. E a desconstrução dele é trabalho de anos, séculos, talvez milênios. Estamos correndo contra o tempo, mas já iniciamos, já estamos falando sobre isso e nos posicionando. Numa visão pessoal, percebo o capacitismo que é indireto, e vem de pessoas de fora do círculo familiar, de trabalho ou amizade das pessoas autistas, e não que não deva ser punido visto que é crime, mas aí ainda podemos pensar que seja a falta de informação, de conscientização e até mesmo de convivência. Por isso a nossa militância pela informação sobre o transtorno, e também a punição para todo aquele que praticar, induzir ou incitar discriminação a pessoas autistas. E o capacitismo direto, o qual é aquele direcionado pelas pessoas do próprio círculo familiar, de trabalho ou de amizades do autista. É aquela “brincadeirinha” que não era para ofender, são os adjetivos imputados relativos a algum déficit, é a incredulidade nas capacidades, entre outros. Muitos de nós não desejamos que um familiar ou “amigo” seja punido criminalmente por agir com preconceito. E, por isso, eles continuam abusando de nós no dia a dia, continuam com suas piadinhas “inocentes”, continuam nos chamando por diminutivos, continuam nos rotulando...Ouvimos calados, vamos nos magoando, vamos adoecendo, muitas vezes vamos nos convencendo do nosso “desvalor”. Isso está errado! Precisaparar! Toda ação leva a uma reação! Quebremos as correntes de qualquer preconceito contra nós autistas, mesmo os que se fingem de inocentes, ou o “foi sem querer”. Não aceite, não se cale, divida a sua indignação e a sua dor. Um dos piores flagelos da humanidade é a maldade mascarada de bondade. Referências: CNN Brasil Saúde https://www.cnnbrasil.com.br/saude/capacitismo-entenda-o-que-e-e-como-evitar- preconceito- disfarcado-de-brincadeira/ https://www.cnnbrasil.com.br/saude/capacitismo-entenda-o-que-e-e-como-evitar-preconceito-disfarcado-de-brincadeira/ https://www.cnnbrasil.com.br/saude/capacitismo-entenda-o-que-e-e-como-evitar-preconceito-disfarcado-de-brincadeira/ PG 20 Será que sou autista? Será mesmo? Receber um diagnóstico em qualquer idade é um desafio, principalmente na idade adulta, porque é necessário desconstruir o arquétipo de uma pessoa típica, para assumir a identidade atípica. Transformar-se é um processo que imputa quase sempre, dor mesmo que mais tarde surjam novos sabores, saberes e prazeres. O caminho onde esse processo se dá é um caminho essencialmente solitário, onde você se desconhece, se conhece e reconhece em tantos fatos, em tantos sentimentos, em tantas lembranças, em tantas reflexões. Mesmo que você divida isso com um profissional, um amigo, um familiar, eles nunca chegarão perto de reconhecer aquilo que realmente se passa em ti. Existe tanta negação ao seu redor.” Nossa, você autista? Nunca iria imaginar. Você tem certeza? Já tentou outro médico? Como não desconfiou antes?” E você em um momento tão sensível, em que suas vulnerabilidades ficam expostas em contradição a toda força e coragem que teve de demandar para revelar isso. Não pelo o diagnóstico ser algo ruim, alguns dizem ser libertador, mas justamente pelos julgamentos que você sabe que irá enfrentar. No autismo infelizmente ainda ocorrem muitos mitos, o de que autistas são gênios é um deles. E para uma parte das pessoas ao seu redor vem a ideia de que se você sobreviveu uma vida inteira “escondendo” o autismo e deu conta da vida, da faculdade, do trabalho. Ou você é um gênio, ou mentiroso. Ter um diagnóstico negado já é péssimo, mas e quando você tem mais de um como eu? No caso, a superdotação. Coloque duas vezes na sua balança a negação das pessoas, e as coisas maldosas com carinha de anjo que te falam. Pela falsa ideia de que os superdotados são todos gênios da física, da matemática, da informática. E eu reles mortal não me encaixo nesse estereótipo. As pessoas continuam enxergando os rótulos, não seres humanos, com fortalezas e fraquezas, com capacidades e dificuldades, com risos e lágrimas. Será que sou autista mesmo? Sim! E sou mais, muito mais. PG 21 Eu, criança autista sem autismo Por que o título é esse? Porque fui laudada autista aos 56 anos. Então a criança que fui nunca circulou sequer por um psiquiatra, neuro ou terapias, meus pais nunca cogitaram um diagnóstico, não por negação, mas por desconhecimento. Fui uma criança solitária com mais 4 irmãos e muitos coleguinhas. Eu interagia, eu imitava, queria fazer tudo igual, mas na maioria das vezes não entendia, e guardava minhas perguntas pra mim, aquelas que se referissem a sentimentos, porque pensava que iriam zombar mais de mim, que já tinha o rótulo de birrenta e chorona. As outras perguntas que eu fazia, relacionadas ao dia a dia e minhas “visões de mundo”, eram para minha mãe, às vezes meu pai e para meus professores, embora amasse todos eles, quase sempre saía com a ideia de que não me responderam tudo ou adequadamente. Minha mãe para eu parar as arguições, tinha frases que eu detestava que eram: “É porque é!” ou “Deus fez assim”. E assim fui eu, menina autista sem autismo, enfrentando os oceanos de medos, de anseios, de não entendimento, de estranheza. A falta do diagnóstico precoce me causou alguns déficits é verdade, mas me orgulho da minha trajetória de coragem, e de enfrentamento da vida. Não fui a autista que superou ou passou de nível, nunca busquei cura para uma doença porque autismo não é, e eu nem sabia. Nunca fui modelo de nada porque a diversidade do espectro nem mesmo o permitiria. Hoje, quando recordo minha infância, vou encontrando respostas para tantas questões, vou me perdoando pelos rótulos que levei e assumi como defeitos meus e que, na verdade eram características do transtorno. Hoje enxergo minha infância mais bonita porque: não! Eu não tinha culpa de nada! E hoje pretendo que respeitem a minha quase terceira idade autista, não me rotulem por meus déficits, compreendam o quanto a idade cronológica pode intensificar sintomas e outras condições, porque nem eu, nem o autismo temos culpa! PG 22 Autismo e Menopausa A menopausa corresponde ao último ciclo menstrual, ou seja, a última menstruação. Ocorre, em geral, entre os 45 e 55 anos. Quando ocorre por volta dos 40 anos, é chamada de menopausa prematura ou precoce. (Dr Dráuzio Varela, Biblioteca Virtual em Saúde,MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020) “As mulheres (autistas), por exemplo, tem um risco maior da menopausa precoce ou que se inicia antes dos 40 anos.” (Instituto BukoKaesemodel, 2021) A menopausa acontece também em mulheres autistas que ainda nem são idosas, e ela é um assunto tão desconhecido para nós quanto o próprio autismo feminino quanto o autismo na velhice. Alguns dos sintomas da menopausa são: ondas de calor (fogachos), alterações do sono, da libido e do humor, bem como atrofia (enfraquecimento ou definhamento) dos órgãos genitais. Pensemos o quanto essa fase da vida mal acompanhada pode ser prejudicial para a pessoa autista. Mesmo as de nível um que necessitam de menos suporte enfrentarão mais uma fase de grandes mudanças, só que agora com menos vitalidade e às vezes maior engessamento que a idade pode trazer. Mulheres *autistas em geral são as mais afetadas pelos diagnósticos de depressão, ansiedade e transtornos alimentares (comorbidades comuns ao TEA), diz o site da Genial Care. Quando falamos de menopausa em mulheres típicas, e citamos sintomas psíquicos, podemos perceber: a redução dos níveis de hormônios femininos, interferindo no bom funcionamento do sistema nervoso central, o que pode aumentar queixas de irritabilidade, descontrole emocional, choro excessivo, depressão, distúrbios de ansiedade, melancolia, perda da memória e insônia. Vimos acima que muitos desses sintomas fazem parte do TEA e podem se potencializar. A reposição hormonal deve acontecer sempre com acompanhamento médico e não é indicada para um percentual de mulheres típicas, o que nos faz pensar que em relação a mulheres autistas deve haver acompanhamento médico ginecológico e especialista em autismo. https://www.genialcare.com.br/blog/o-que-s%C3%A3o-comorbidades PG 23 É importante que médicos, familiares, parceiros, amigos, cuidadores aprendam a lidar com a mulher autista nessa fase. Compreendendo, atendendo suas necessidades, e não aumentando os desconfortos e dores que ela pode proporcionar. Entender principalmente a parte emocional que pode se descontrolar, aumentar a carência, ou a necessidade de se isolar um pouco. Como tudo no autismo, cada uma viverá essa fase na sua forma. Boa alimentação, exercícios físicos, regularidades nos tratamentos, socialização respeitando dificuldades sensoriais ou de rotinas, muita compreensão e cuidado amoroso! Referências: Biblioteca Virtual em Saúde, MINISTÉRIO DA SAÚDE https://bvsms.saude.gov.br/menopausa-e-climaterio/ Genial Care https://genialcare.com.br/blog/saude-mental-autismo/ Instituto BukoKaesemodel https://www.eudigox.com.br/blog/vida-adulta-e-autismo-senior/ https://www.eudigox.com.br/blog/vida-adulta-e-autismo-senior/ PG 2426 Ilustração ELIZABETH BENNET- personagem de Jane Austen PG 25 Capítulo 2 AUTISMO & SUPERDOTAÇÃO: Dupla Excepcionalidade Os diagnósticos de autismo/superdotação que recebi no último ano, vem se mostrando desafiadores. Meu dia a dia, se transformou em intervalos de reflexão entre o trabalho e as terapias, entre o papel de mãe cuidadora e o de mulher com dupla excepcionalidade. A busca pelo (re)conhecimento interior e por conhecer mais sobre os diagnósticos, também me dividem. Estou vendo surgir uma nova mulher, que visa ter voz e dar voz a outras mulheres, que ainda não se sentem à vontade para falar de seus diagnósticos, seja por falta de conhecimento, de acolhimento ou outros motivos. Que esse espaço seja aberto para quem quiser refletir junto comigo! A Superdotação é uma deficiência? Muitos encaram a superdotação apenas como uma habilidade extraordinária, mas sim, a superdotação é vista como deficiência porque, principalmente na infância, é necessário adaptar ambientes, e é necessário haver mudanças atitudinais, haver entendimento sobre a superdotação, para lidarem bem com a criança e suas características. Mas, e os adultos superdotados, são deficientes? No Brasil, a literatura especializada sobre as necessidades no que concerne às altas habilidades/superdotação e à deficiência é bastante escassa, e necessita com urgência de que haja promoção de mais pesquisas e publicações. Se a literatura é escassa para crianças, imagine para adultos e idosos. Como no autismo, parece que pesquisadores se esquecem que crescemos e envelhecemos. Então, a resposta para a pergunta é sim. PG 26 Adultos superdotados podem ser encarados como deficientes, pois prescindem também de adaptações e mudanças atitudinais do entorno. Algumas características possíveis nos superdotados: ansiedade, depressão, sentimentos exacerbados, inadequação, perfeccionismo, forte senso de justiça, muito intuitivo e empático com os sentimentos dos outros. O lado visto pela sociedade, é somente pela habilidade, e até por falta de pesquisas, só contamos infelizmente com o senso comum. Mas, o lado das dificuldades também precisa ser mostrado, pois a vida sem reconhecimento é pouco significativa. Por isso, como no autismo, estamos falando de deficiência, não doença. E, como no autismo, precisamos conscientizar e incluir. A Superdotação é uma deficiência? Muitos encaram a superdotação apenas como uma habilidade extraordinária, mas sim, a superdotação é vista como deficiência porque, principalmente na infância, é necessário adaptar ambientes, e é necessário haver mudanças atitudinais, haver entendimento sobre a superdotação, para lidarem bem com a criança e suas características. Mas, e os adultos superdotados, são deficientes? No Brasil, a literatura especializada sobre as necessidades no que concerne às altas habilidades/superdotação e à deficiência é bastante escassa, e necessita com urgência de que haja promoção de mais pesquisas e publicações. Se a literatura é escassa para crianças, imagine para adultos e idosos. Como no autismo, parece que pesquisadores se esquecem que crescemos e envelhecemos. Então, a resposta para a pergunta é sim. Adultos superdotados podem ser encarados como deficientes, pois prescindem também de adaptações e mudanças atitudinais do entorno. Algumas características possíveis nos superdotados: ansiedade, depressão, sentimentos exacerbados, inadequação, perfeccionismo, forte senso de justiça, muito intuitivo e empático com os sentimentos dos outros. O lado visto pela sociedade, é somente pela habilidade, e até por falta de pesquisas, só contamos infelizmente com o senso comum. Mas, o lado das dificuldades também precisa ser mostrado, pois a vida sem reconhecimento é pouco significativa. Por isso, como no autismo, estamos falando de deficiência, não doença. E, como no autismo, precisamos conscientizar e incluir. PG 27 Mitos: TEA e AH/SD Femininos 1- Não precisam de suportes 2- Existem mais homens do que mulheres com TEA e AHSD 3- Todas as mulheres autistas nível 1 e/ou superdotadas tem QI (Quociente Intelectual) alto. Então vamos às explicações, primeiro o que se entende por mito. Segundo o Dicionário de Filosofia (Russ, 1994), um mito é uma "representação coletiva muito simplista e muito estereotipada, comum a um grupo de indivíduos" (p. 187). Tanto o autismo quanto a superdotação são repletos de mitos, e separei 3 comuns para abordar. Mito 1- Autistas níveis 1 e superdotadas não precisam de adaptações escolares e sociais porque sabem se comunicam e podem se virar sozinhas. Para derrubar esse mito, as pessoas precisam saber que TEA e AH/SD são deficiências, e as deficientes necessitam de suporte e adaptações de acordo com suas demandas. Geralmente, as professoras mal-informadas, pensam que aquela menina quietinha, tímida e que aprende rápido não tem grandes problemas e nem precisam de ajuda. Algumas vezes disse às professoras que perguntavam se alguém tinha dúvida (tinha pena delas porque ninguém respondia, e eu achava falta de educação) que tinha dúvidas ou não tinha entendido, só para conversar com elas, e parecer que eu não era pedante por demonstrar já saber (isso também é comum, se diminuir para se encaixar). Mito 2- O número de TEA e AH/SD homens é maior que o de mulheres. Isso só ocorre porque as mulheres estão subdiagnosticadas ou não diagnosticadas. Justamente porque sabem mascarar alguns sintomas, o que a longo prazo traz malefícios para sua saúde física e mental. Mito 3- Tanto autistas níveis 1 e superdotadas tem QI acima da média. Temos, por exemplo, autistas com um domínio excepcional em uma área específica, mas domínio pobre em atividades simples. Como também existem superdotadas cujo talento é artístico, mas seu escore para exatas, por exemplo, fica na média. A inteligência não é estática e pré-determinada, no TEA ou na superdotação cada um tem a sua, no TEA ou na superdotação os talentos são múltiplos, como a necessidade de suportes/adaptações também. FONTE: Russ, J. (1994). Dicionário de Filosofia São Paulo: Scipione. PG 28 Sensibilidade Em quase todos os artigos que tenho lido sobre Superdotação, fala- se em sensibilidade acentuada. Essa sensibilidade pode se apresentar como: pessoas superprotetoras, compassivas, fáceis de magoar, tem crises de choro intensas, reagem mal as críticas, defendem intensamente suas ideias, perfeccionistas, hiperfocadas, inclusive sendo reativas ao ambiente, por exemplo, excesso de luz, barulhos, texturas, inclusive alimentos. Como muitos dizem, quando você recebe um diagnóstico é como se sua vida passasse num filme, e você vai se entendendo e até perdoando, tanto você quanto os outros. Durante a vida levei rótulos justamente sobre as características da superdotação potencializada pelo autismo. O estranho é que ninguém conseguiu ver o produto advindo desses rótulos. Não por maldade dessas pessoas, se bem que algumas, sim, mas pelo desconhecimento e pela falta de um diagnóstico. Quando você vai sendo chamada de isso ou aquilo durante sua vida, e principalmente na infância, você vai assimilando esses traços como se fossem intrínsecos a sua personalidade, mas, na verdade, são os sintomas gritando para pessoas que não ouviam. Pense e veja as pessoas ao seu redor, acolha-as e não seja mais um disseminador de rótulos. Pais e professores, estejam atentos às características que suas crianças apresentam, conversem, ouçam e atuem positivamente. Memória Pessoas autistas podem apresentar dificuldades para armazenar informações complexas. Isso pode afetar sobremaneira sua vida pelos déficits em: recordar, armazenar e organizar informações recebidas. Autistas parecem processar mais rapidamente as informaçõesligadas as áreas sensoriais do cérebro, por exemplo, vindas dos olhos, pele, etc. Em áreas que processam informações complexas, como a memória, irão processar mais lentamente. PG 29 Já as pessoas superdotadas podem apresentar maior número de conexões com a região da memória e resolução de problemas. O que se denota grande capacitação de memorização e atenção. Quero deixar claro para vocês que o diagnóstico de Dupla Excepcionalidade (autismo/superdotação) pode apresentar características mais marcadas para um ou outro, ou potencializadas, ou até mesmo divergentes, como é caso da memória. Atualmente uma das minhas condições mais afetadas é da memória recente. Me pego lembrando nome e sobrenome das crianças que estudaram comigo aos sete anos, e não lembro o que comi ontem. As médicas me explicaram também que o fato de eu ter vivido uma vida sem tratar a dupla excepcionalidade, pode ter acarretado piora dos sintomas. Então, seja sempre empático e não se importe de repetir algumas coisas para mim. Ah, e pode me chamar de Dory, pois você não me ofende, acho fofo! Transições Tenho percebido dois tipos de transições relativas ao meu diagnóstico de *Dupla Excepcionalidade. Uma é a minha própria transição quanto ao entendimento do que esse diagnóstico representa, da falta que fez ao longo da vida, e todos os prejuízos acarretados por não ter sido tratado adequadamente, como, por exemplo, um déficit substancial de atenção e memória. A outra transição é externa, é a dos sujeitos que circulam ao meu redor, posso chamá-la de transição do meio-social, embora eu nem saiba realmente da existência desse termo. Algumas pessoas do meu convívio sabem muito bem as características, principalmente as do Autismo, todavia existe uma diferença grande entre saber os conceitos, e aplicá-los na vida cotidiana, com empatia. Consigo perceber nitidamente o julgamento, que toma forma de conduta moral mesmo, atribuindo aos sintomas do autismo como rigidez comportamental, dificuldades na partilha social ou comportamentos repetitivos, com avaliações pessoais de normas de conduta, tipo esse comportamento seu é bom/mau, feio/bonito, aceitável/inaceitável, etc. PG 30 Não que eu pense que deva haver aceitação e passividade quanto aos meus atos, até porque sei discernir muito bem os valores. O que sinto que falta, em sua maioria, é o diálogo sem julgamento. É mostrar claramente o que se espera de mim, sem colocar as discussões saudáveis que possamos ter no âmbito de “você não quer entender” ou “você é muito teimosa”, “você é egoísta “, você está de má vontade “. O que já percebi disso tudo é que consigo entender as razões do outro, mas irei acatá-las quando fizerem sentido para mim. É necessário que o outro esteja aberto para explicar suas razões. E eu penso que o explicar para dar sentido, é uma das coisas mais difíceis para um ser humano fazer. Todos querem que suas razões sejam aceitas sem questionamentos porque entendem que a sua tipicidade é modelo. Daí receber a forma diversa do pensamento autista, aliada no meu caso ao peso das emoções extremadas da superdotação, é tarefa apenas para quem já superou os instintos básicos. E, por mais estranho que possa parecer, nessa hora penso que não sou só eu a ter déficits quanto à * Teoria da Mente! Claudia Moraes, 2022. A Dupla Excepcionalidade é definida como a associação das Altas Habilidades/Superdotação com alguma síndrome, transtorno ou deficiência. Teoria da mente é a habilidade humana de atribuir estados mentais a outras pessoas, prevendo crenças, emoções e comportamentos. Reconhecimento de Emoções – Parte 1 Tenho pensado bastante sobre esse tema, a intensidade de sentimentos que está ligada aos dois diagnósticos: TEA/Superdotação. Eu sempre pensei que algumas pessoas eram muito frias comigo, que não se doavam como eu, ou que até me menosprezavam. A importância de conhecer o diagnóstico, para mim, está bem concentrada nessa parte, entender a minha intensidade, a rapidez com que ela chega a níveis extremos, e a relação com os outros que são incapazes de serem recíprocos, e a carga negativa com que me retornam pelo não entendimento. PG 31 Nos testes diagnósticos e agora fazendo exercícios com uma neuropsicóloga, vejo o quanto sou ruim em reconhecer as emoções nos outros. O déficit em Teoria da Mente é comum em autistas, e penso que aí as características da superdotação me ajudam um pouco, pois sou muito empática aos sentimentos dos outros quando há facilidade de percepção, já outros, preciso que relatem para haver maior empatia. Na superdotação sintomas bastante presentes sobre as emoções são: hipersensibilidade, senso de justiça acentuado, necessidade de aceitação, stress, insegurança, ansiedade, intensidade, etc. No TEA relativo ao déficit na interação social, está presente: inabilidade em relacionamentos interpessoais, dificuldades para olhar nos olhos, reconhecer e manifestar sentimentos, entre outros. E, embora essas sejam dificuldades gerais no transtorno, lembrando que cada é único e sente do seu jeito), no autismo feminino, a maioria dos relatos que tenho ouvido é também de excesso/intensidade de emoções. Assistindo um vídeo de @umamulherautista ontem, ela dizia que o diagnóstico salva, e concordo com ela. Mas, não adianta entendermos sozinhas, sem a empatia dos pares. Se você convive com uma mulher autista, fale sobre emoções e como vocês podem melhorar juntos a relação, seja amorosa, de amizade ou de trabalho. Reconhecimento de Emoções - Parte 2 Nos testes para o diagnóstico de Dupla Excepcionalidade pude perceber minha dificuldade para o reconhecimento de expressões faciais que não fossem básicas. A dificuldade para o reconhecimento de emoções faciais é um dos déficits do TEA, mas por mim só reconhecido após o diagnóstico. Hoje percebo claramente que passei a vida pensando saber reconhecer emoções, complexas, e agora vejo que não é bem assim. “Pessoas no espectro autista parecem não conseguirem vivenciar determinadas emoções, como, por exemplo: vergonha, orgulho e culpa, ou pelo menos não conseguem senti-las na mesma intensidade do que as outras pessoas.” (GRANDIN, 1995). Gosto muito de Temple Grandin, e sempre a admirei. Vejo sentido no pensamento dela escrito acima, só acrescentaria que “não senti-las na mesma intensidade” deve-se ler que esses sentimentos podem ser sentidos com muito mais intensidade. PG 32 O reconhecimento de emoções, e a carga emocional sentida, são características autísticas que permeiam e interferem nas relações sociais, e é importante que os autistas e as pessoas típicas com quem se relacionam tenham essa noção. Uma coisa que acho bacana em tudo isso, é que os autistas parecem ter mais facilidade em reconhecer emoções positivas, o que por uma opinião me faz pensar o quanto pessoas autistas são seres humanos com upgrade. Resolvi pensar nisso tudo hoje, por um fato que achei muito engraçado.Ontem a noite, estava escolhendo fotos para um post, e sem saber, postei uma das fotos nos stories. E foi justamente uma foto que eu não escolheria por pensar estar com uma expressão “esquisita”. Hoje acordei, e havia muitas mensagens para mim, e estranhei. Os comentários eram de elogios devido à foto que eu nem sabia estar lá! As pessoas deram muitos likes, e diziam: que foto bonita, sexy, sedutora. E eu não conseguindo entender porque enxergaram dessa forma. Bem, meu ego se sentiu alimentado, não posso negar…Mas o meu lado prático me diz que tenho de trabalhar muito com a neuropsicóloga o reconhecimento de expressões faciais. Fontes: GRANDIN, T. Thinking in pictures: and other reports from my life with autismo. New York: RandomHouse, 1996. TEA, Superdotação & Memória Autistas podem apresentar dificuldades para armazenarinformações complexas. Isso pode afetar sobremaneira sua vida pelos déficits em: recordar, armazenar e organizar informações recebidas. Parecem processar mais rapidamente as informações ligadas as áreas sensoriais do cérebro, por exemplo, vindas dos olhos, pele, etc. Em áreas onde se processam informações complexas, como a memória, acontecerá mais lentamente. Já as pessoas superdotadas podem apresentar maior número de conexões com a região da memória e resolução de problemas. O que se denota grande capacitação de memorização e atenção. PG 33 Quero deixar claro para vocês que o diagnóstico de Dupla Excepcionalidade (autismo/superdotação) pode apresentar características mais marcadas para um ou outro, ou potencializadas, ou até mesmo destoantes, como é caso da memória. Atualmente uma das minhas condições mais afetadas é da memória recente. Me pego lembrando nomes e sobrenomes das crianças que estudaram comigo aos sete anos, e não lembro o que almocei ontem. As médicas explicaram também que o fato de eu ter vivido tantos anos sem tratar a dupla excepcionalidade, pode ter acarretado a piora de alguns sintomas. Então, seja sempre empático e não se importe de repetir algumas coisas, fingir que ainda não ouviu aquela história, que não troquei seu nome. Em um estudo da Universidade de medicina Pittsburgh (EUA) constatou-se que autistas diferem de outras crianças em duas potencialidades específicas da memória. Segundo o estudo, autistas não possuem “conversa transversal automática entre os sistemas do cérebro” – o raciocínio e os sistemas de memória – o que sinalizaria ao cérebro aquilo que é mais importante de se observar ou como organizar sistematicamente as informações. Autistas podem apresentar dificuldades no armazenamento de informações complexas, em recordar e organizar. Ao contrário dos superdotados, que podem apresentar memória aguçada e tendência a criar sistemas organizados. Quanto a mim, penso que em relação à atenção e memória, o que é déficit no autismo, é potência na superdotação, então acabou se equilibrando por um tempo. Com o diagnóstico tardio, a falta de intervenções durante minha vida, fez com que esse “equilíbrio” se perdesse, e o déficit de memória se agravou. Minha memória recente é péssima, e estou trabalhando com uma neuropsicóloga para melhorar. Lembro detalhes da infância, mas não lembro de coisas que aconteceram ontem. Esqueço (só os recentes) nomes, datas, direções, dados... Então, aos que convivem comigo ou com outros autistas, relevem se esquecermos seu nome, seu aniversário, seu endereço, e não se importe em repetir informações se solicitarmos, pois essa atitude empática será muito reconhecida e agradecida por nós. E você? Como é sua memória? PG 34 Características As pessoas criticam muito quem romantiza o autismo. Mas, e quem glamourizar a superdotação? Vamos falar sobre isso? As pessoas tendem a pensar que por alguém ter inteligência acima da média, consequentemente é alguém mais esperto, melhor habilitado que os demais e, por esse diferencial, se dará muito bem na vida. Esse é mais um mito a ser derrubado. As pessoas superdotadas que se darão bem na vida, serão aquelas capazes de gerir melhor os conflitos, o stress e os sintomas que ele acarreta. Destaquei na imagem, três (embora haja outras mais) características capazes de elevar o nível de stress na pessoa superdotada: perfeccionismo, sensibilidade extrema e autocrítica. Quanto mais cedo a pessoa aprender a lidar com essas características, mais chance terá de manter sua saúde mental, e mais habilitada a gerir problemas no dia a dia. Por isso também a importância de diagnósticos precoces e assertivos, para então propor intervenções e ensino adequado. Romantizar o autismo e glamorizar a superdotação são duas atitudes que podem mascarar as reais necessidades em relação a serviços e direitos das pessoas com dupla excepcionalidade. Maternidade, autismo e superdotação Estive a pensar em como o autismo e a superdotação não diagnosticados influenciaram na minha maternidade. Até a alguns meses atrás, eu me achava a mãe típica com um filho atípico e outro típico. E já pensava ser uma boa mãe, até porque achei sempre que essa era a minha maior missão terrena. Com o fato de ter recebido o diagnóstico, a questão aparentemente mudou, pois assumi a condição de mãe atípica. PG 35 E foi então, que parei para pensar, em como as condições do autismo e da superdotação me ajudaram nesse processo. Fui e sou a mãe ideal para Gabriel, pois o autismo se fez hiperfoco, e eu estudei, pesquisei, me formei por causa dele, mas penso que foi meu próprio autismo o responsável para que eu intendesse melhor o Gabriel, e utilizasse ferramentas próprias para seu desenvolvimento. Seguindo atrás desse hiperfoco, não medi, e ainda não meço esforços, para prover o que sinto ser melhor para ele. Creio que para Matheus, a superdotação me fez uma mãe melhor na parte em que eu tentei através da arte (que nós dois amamos) o elo para me conectar mais intensamente com ele. Em alguns momentos não pude ser a mãe muito presente, porque a demanda de Gabriel consumia muito do meu tempo. Mas tudo o que pude incentivar em relação às artes, eu fiz. Me orgulho dele ser um leitor crítico, de ser um exímio desenhista, fotógrafo, designer, de conhecer os grandes pintores, de se interessar por museus, de ter bom gosto musical, entre outras coisas que formam sua personalidade tão interessante. E concluindo, enxergo na convergência dessas duas maternidades ter alcançado meus dois iniciais e maiores objetivos, que fossem homens íntegros e aptos para a felicidade, cada um, a sua maneira. Em tudo observo a Bondade Divina, e nessa reflexão sou grata a Ele de ter feito em mim potência justamente aquilo que muitos pensam ser deficiência. A Dupla Excepcionalidade e a Dupla Maternidade Tenho dois filhos, Gabriel o mais velho é autista, Matheus o mais novo é artista (típico). O espaço de tempo entre eles, é de apenas um ano, então eu cuidava de dois bebês, duas crianças, dois jovens e agora dois adultos. Eles são muito diferentes entre si, diferem em aparência, gostos, estados de espírito, tipicidade/atipicidade, enfim quase tudo. Para mim, são filhos perfeitos, e não mudaria nada em nenhum dos dois. PG 36 Hoje, sabendo do meu recente diagnóstico, Dupla Excepcionalidade, paro para pensar como a vida e a espiritualidade nos permitem doar o melhor, ou o pior, dependendo do que escolhermos. Sinto que fui e sou uma boa mãe para os dois. Tentei fazer dos meus pontos fortes ferramentas para educá-los melhor. Já nos meus déficits me humanizei, e eles perceberam que até as boas mães são passíveis de erros. Hoje me vejo diminuindo a autocrítica e percebendo o quanto fui forte, persistente, superando as minhas condições para oferecer-lhes a eles o meu melhor. A dupla excepcionalidade e a dupla maternidade moldaram minha vida de uma maneira intensa. A dualidade nos pensamentos, nas atitudes, nos sentimentos me ajudou a experimentar e gostar mais de mim, como pessoa e como mãe. Sou grata a Deus e aos meus filhos. Feliz Dia das Mães para todas nós! Autismo, Superdotação e Empatia Nos diz a conceituação que Empatia “é a capacidade psicológica de sentir o que sentiria outra pessoa, caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela.” As palavras semelhantes são afeto, afeição e afinidade. Quando você recebe o diagnóstico de Dupla Excepcionalidade (autismo +superdotação), você percebe que sua vida se converte a três momentos distintos, um onde características das deficiências são parelhas, outro onde as características são avessas, e outro em que uma suplanta a outra completamente. Segundo o maravilhoso, poeta que amo Walt Whitman “Meu espírito é amplo, contenhomultidões”. E é justamente assim que me sinto. São muitas Cláudias dentro de mim e elas discutem o tempo todo. Voltando a empatia, essa é uma característica muito marcante da Superdotação, e ela suplanta completamente qualquer déficit quanto a Teoria da Mente (capacidade de se colocar no lugar do outro) que o Autismo me imponha. A minha empatia é algo tão exacerbado que sinto o que o outro sente mesmo, e descubro que até fisicamente consigo sentir. Me preocupo, quero resolver seus problemas, quero encontrar formas de ajudar. Mesmo as pessoas com quem não me afino muito, se me pedirem ajuda com humildade, as ajudo sem pestanejar. PG 37 A empatia é o sentimento perfeito para uma civilização já espiritualizada, mas ainda não é o caso aqui na Terra, por isso sofro, sou mal interpretada, enganada e muitas vezes chamada de ingênua. Eu mudaria isso? Não! Estou em paz com o fato de ser empática! O mundo que mude, eu estarei lá no futuro aguardando! Autismo, superdotação e Matilda. O que será que tem a ver? Não assisto quase nada na televisão atualmente, exceto pelo canal Disney Jr, que Gabriel gosta, especialmente. Outro dia estava passando o f ilme Matilda, que já tinha visto anteriormente, na época de seu lançamento 1996, mas que não havia me prendido em detalhes, como fiz agora. Matilda é uma criança superdotada e que ama livros, o que já desperta muita empatia em mim, ela tem pais que relatam que não se dão conta do brilhantismo da criança. Ela aprendeu a ler sozinha, corroborando a ideia de Schwartz (2005) quando diz: As crianças superdotadas aprendem de uma forma qualitativamente diferente fazendo as coisas ao seu modo, precisando de ajuda mínima dos adultos para dominar a área e passam grande parte do tempo ensinando a si mesmas. Conforme fui assistindo ao filme, embora seja uma comédia/ fantasia, fui me identificando com Matilda em alguns aspectos, em qualidades intrínsecas a dupla excepcionalidade, como forte senso de justiça, liderança, emoções intensas, necessidade de respostas, entre outras. Sabemos que cada autista é único, que mesmo estando ao nível de suportes semelhantes, apresentarão características próprias. Com os superdotados acontece algo parecido, eles demonstram mais diferenças entre si do que semelhanças. Na superdotação explica Winner (1988, p.49):“[...] a desigualdade é mais a regra do que a exceção”. E, Matilda sem dúvida nenhuma era uma criança única. Uma das áreas de superdotação é a linguística, e é exatamente onde se deu meu diagnóstico. Matilda tinha essa área também muito desenvolvida, sendo que essa é a área mais comum e democrática da inteligência humana. Para ficar mais claro, vejamos a conceituação de Sabatella (2005, p.46) sobre a inteligência linguística: [...] a capacidade de usar a linguagem para atingir certos objetivos, expressar e avaliar conceitos complexos, além do ler, escrever e interpretar os textos”. PG 38 Quando Matilda entrou para a escola, recebeu a atenção aos seus questionamentos e sua sede de aprender, assim se ligou de maneira profunda a sua professora. Temple Grandin, autista e Phd em ciência animal, sempre alertou para a importância das pessoas autistas terem bons professores, que os desafiassem. Peguei-me lembrando de minha primeira professora (Dona Tânia) pela qual eu tinha adoração, e depois dela foi difícil que outros professores ultrapassassem essa expectativa. Eu gostava tanto dela que, para ter mais a sua atenção e também porque já era solidaria com a missão dos educadores, eu fingia que não sabia uma palavrinha ou outra, para que ela me ensinasse. Mais para o final do filme, Matilda começa a apresentar poderes mágicos, na visão do filme. Eu chamaria de dons mediúnicos ou paranormais. Com os quais também me identifiquei, não pelo fato de mexer objetos com o poder da mente, pois não tenho essa capacidade desenvolvida, mas por começar a desenvolver uma teoria própria (que ainda procurarei para ver se tem base de pesquisa), de que muitos autistas e/ ou superdotados possam ser sensitivos. Mas, isso é história para outro texto! Senão assistiu Matilda, principalmente para pais e professores, eu recomendo! Fonte: SABATELLA, Maria Lúcia Prado. Talento e Superdotação: problema ou solução? Curitiba, Editora IBPEX, 2005. SCHWARTZ, Vanessa. PADRÕES MOTORES DE CRIANÇAS SUPERDOTADAS NA FAIXA ETÁRIA DE 6 A 8 ANOS. Curitiba, 2007. PDF WINNER, Ellen. Crianças Superdotadas: mitos e realidades. Porto Alegre, Artes Médicas, 1998. PG 39 Autismo, Superdotação e Desconstrução Por que falo sempre de estruturas para o autismo? Alguns autistas para construírem pensamentos e conceitos encontram muitas dificuldades, então se apegam a imutabilidade das estruturas para sentirem-se mais seguros nesse mundo tão caótico. Ultimamente, terapeutas e professores têm usado muito esse termo “desconstrução”, o que para mim ao invés da ideia que propõem “desconstruir para deixar brotar o novo”, a ideia que me passa e o que entendo é: desconstruir para voltar ao caos. Existe uma diferença grande entre saber e compreender. Sei muito sobre o que as pessoas típicas querem que eu saiba, mas existem as coisas que sei e não compreendo. E uma delas é desconstruir. Eu me imagino sempre como a clássica imagem do garotinho na praia construindo seu lindo castelo de areia, vem as ondas do mar e destroem tudo num segundo. Aí sei também que poderão pensar: - ah, mas é desconstruir o que é negativo. Entendo isso também, mas para a minha mente autista, até o que é negativo foi criado com muito trabalho cerebral, e “desconstruir” isso sem ter me adaptado a ideia, é muito desconfortável, me deixa sem chão. Mesmo o que é negativo, mas já é conhecido, às vezes pode ser mais confortável do que criar algo novo. Então, o processo do pensamento autista pode demandar mais tempo para desconstruir e iniciar nova obra. Ontem vi um trecho do seriado Modern Family, em um post. E a atriz latina Sofia Vergara dizia ao marido americano como era difícil para sua mente latina traduzir tudo rápido para o inglês e a resposta surgir instantânea. É mais ou nemos assim o meu processo de pensamento, após o diagnóstico tive a percepção, antes isso acontecia mais no automático, eu ouço o que me dizem, aí meu pensamento autista retorna para mim de uma forma, meu pensamento superdotado de outra, minha personalidade também responde, e ainda busco a resposta mais adequada ao que o interlocutor deseja ouvir. Isso é trabalhoso e desgastante. Por isso é importante entender que as estruturas físicas ou mentais são muito necessárias para autistas e que o trabalho de desconstrução delas deve ser no tempo que o autista demande, sem que se sinta pressionado por seu interlocutor. PG 40 Autismo Feminino e Superdotação: sobre-excitabilidade Também pode ser chamada de Superexcitabilidade ou Hiperexcitabilidade e é uma característica presente em indivíduos superdotados, e os acompanham ao longo da vida. Foi conceituada pelo psicólogo e psiquiatra polonês, Kazimierz Drabowski, e consiste em uma das características que compõem o rol de elementos não cognitivos. Se trata de um fenômeno orgânico e neurológico que se caracteriza por reação intensa, muito mais do que o esperado para situações corriqueiras. Essa reação amplia a atividade mental, o que por consequência altera o comportamento, o que pode causar estranheza por sua intensidade aos que não possuem superdotação. Não se trata de uma habilidade, mas de uma atividade mental intensa. A sua manifestação pode acontecer em diversas áreas. São essas 5, as sobre-excitabilidades: intelectual, emocional, imaginativa, motora e sensorial que ampliam os talentos da superdotação. 1. Sobre-excitabilidade Intelectual: é um refinamento da sensibilidade no indivíduo superdotado, aresposta aos estímulos, chega mais rapidamente do que o esperado. Uma das sobre-excitabilidades é a intelectual, ela se manifesta por curiosidade, lembranças detalhadas, incessante busca por leitura e conhecimento, planejamento detalhado, meta-cognição, foco e persistência na resolução de problemas, criticidade nos pensamentos, busca sempre a análise e a lógica. Seguem alguns exemplos de como sobre- excitabilidade intelectual pode se expressar: tendência a perguntas polêmicas, interesse no eu interior, capacidade marcante de análise e síntese, preocupação intensa com a solução de problemas, forte necessidade por obter conhecimento, busca sempre o “como” e o “porque” dos fatos. Pensei que muitas dessas características cabem a mim, e a vida de minha mãe teria sido bem mais fácil se ela soubesse o meu diagnóstico na infância. O que mais me irritava e frustrava era quando eu fazia alguma pergunta e ela respondia: “é porque é” ou “é assim porque Deus fez assim”. Só posso concluir que o diagnóstico salva-vidas! PG 41 2. Sobre-excitabilidade Emocional: podemos identificá-la como sensibilidade intensa, expressando emoções exacerbadas, afetividade e empatia desmedidas, relações com grande carga emocional, como também o indivíduo apresentar sentimentos em relação ao eu de maneira diversa. As expressões dos superdotados em relação a essa sobre-excitabilidade podem acontecer potencializadas da seguinte forma: - consciência da sua gama de emoções - relações intensas com lugares, animais e objetos - afetuosidade - criar vínculos fortes - a adaptação a novos ambientes pode ser complicada - inibição, orgulho, euforia - diálogos internos muito críticos - autoavaliação - preocupação com os outros e a solução de seus problemas. - sensação de inadequação, medo, culpa, ansiedade - estados depressivos - dor de estômago, melancolia, manchas roxas, rubor, sudorese, palpitações entre outros. A Sobre-excitabilidade Emocional é a principal responsável pelo desenvolvimento da personalidade: pois ela integra e potencializa as demais sobre-excitabilidades, como também os aspectos da cognição. Tive um estranhamento quando recebi o diagnóstico de superdotação, e houve até uma negação em relação a ele, pois a minha visão também era a do senso comum, que vê o superdotado como um gênio acadêmico. Estudando para me apropriar do conhecimento sobre essa deficiência, a cada texto fui me encontrando. As minhas características estão muito marcadas dentro da superdotação. E, como uma pessoa de carga emocional intensa, a cada texto que escrevo me reconheço e ressignifico uma vida inteira sem saber quem eu realmente era. Hoje digo que sou, sim, autista e superdotada, e me muito orgulho disso. PG 42 3. Sobre-excitabilidade Imaginativa: a sobre-excitabilidade é uma característica da superdotação que potencializa os estímulos internos e externos, é uma sensibilidade maior do que a dos pares. Essa é das que mais me identifiquei, embora me veja nas cinco existentes. Podemos identificá-la como imaginação super criativa, ligada a imagens e percepções, fantasias, criação de mundos e personagens, percepção dramática, pensamento mágico, forte reação a sentir tédio, companhias imaginárias, percepção poética, busca pelo novo. Nas características da sobre- excitabilidade imaginativa, vejo que em mim também são potencializadas características do autismo, como: busca forte por imagens (pessoas autistas são extremamente visuais), medo do desconhecido (pessoas autistas necessitam de previsibilidade), associação de ideias com imagens (pessoas autistas necessitam de imagens na criação de conceitos). Além das características ligadas ao autismo, percebo outras em mim: sonhos detalhados, preferências por histórias mágicas (contos de fadas), realidades imaginárias, muitos planos e ideias, inventividade, diálogos internos fantasiosos, mistura realidade e fantasia, criação poética. Ah, que lindo isso! Adorei minha identificação com essa característica. Vejo o quanto a minha diversidade é linda e interessante. Por muitos anos mascarei não intencionalmente essas características, para tentar me aproximar das outras pessoas. Muitas vezes ouvi ser esquisita, e assim fui me fechando. A Arteterapia está me ajudando a retomar minhas emoções e sentimentos genuínos. Essa minha escrita nos posts é terapêutica. Minhas fotos nas imagens é autoafirmação do amor em mim e por mim. Eu nunca coube nas “caixas” que me impuseram, eu sempre transbordei! E hoje, posso dizer, como Anne de Green Gables: “Não é maravilhoso imaginar?” 4. Sobre-Excitabilidade Motora: alcança os indivíduos da seguinte forma: há uma busca incessante por atividades físicas, jogos e esportes intensos, são competitivos demais, podem ser impulsivos, ter tiques nervosos, fala acelerada, entre outras características. Exemplos de como se expressam as pessoas que tem mais características dessa forma de sobre-excitabilidade: agitação, hiperatividade, buscam por jogos violentos, são curiosos, fazem esportes radicais, tem muita necessidade de mudanças, sua fala e pensamentos são acelerados, além de também agirem sem refletir. PG 43 5. Sobre-excitabilidade Sensorial: é identificada por uma intensa busca por saciar os 5 dos sentidos (visão, audição, paladar, tato e olfato) e interesse intenso por tudo o que diz respeito a estética, como produtos de beleza, necessidade que as atenções voltem para si, e os prazeres que os sentidos podem proporcionar. Temos como maneira de expressar-se nessa sobre- excitabilidade as seguintes formas: gostar de beijos e abraços, mesmo de desconhecidos, não gostar de estar só, interesse intenso por sexo, explorar seu corpo e do outro. Fonte: https://ahsdtdp.wixsite.com/meusite/sobre-excitabilidades. Onde você guarda seu capacitismo? Voltando há alguns anos, era transmitido pela TV Educativa um comercial do IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) e a questão provocativa que levava ou pretendia levar a reflexão era a seguinte: onde você guarda o seu racismo? Me lembro que esse comercial sempre me fazia refletir, pois por mais que tentemos esconder nossos preconceitos, ele é estrutural e se apresenta uma hora ou outra. Definimos como capacitismo, o preconceito direcionado às pessoas com deficiência, no meu caso a dupla excepcionalidade (TEA e superdotação). Durante minha vida aprendi a lutar com diversos “quadrados” onde o meio social tentava me enquadrar, não só a mim, como também ao meu filho autista. Na realidade, sempre lutei mais por ele. As atitudes preconceituosas contra mim, eu ia engolindo ou fingindo que não percebia. Sei que desejar uma sociedade não capacitista, é uma utopia, mas ainda sonho com ela. E, sonho mais ainda pelas quebras de padrões daqueles que abrem a boca e discursam lindamente contra o capacitismo, mas travestem de brincadeirinha o seu próprio. Conseguem enxergar o capacitismo contra alguém alheio ao seu convívio, mas continua com uma trave no olho para o autista que está ao seu lado. E você, como responderia à questão do post: onde você guarda o seu capacitismo? PG 44 Mitos da Superdotação Durante tanto tempo tenho trabalhado pela desmistificação do Autismo e, agora, me vejo na necessidade de desmistificar também a Superdotação. Primeiro identifiquemos quem são as pessoas superdotadas: conforme o Ministério da Educação (MEC), pessoas superdotadas são aquelas que demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade (como nos esportes) e artes. Elas também podem ser conhecidas por sua alta capacidade criativa e envolvimento na aprendizagem. Portanto, esqueçam o estereótipo do garoto magrinho, de óculos grossos e gênio. A superdotação não é sinônimo
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