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Custo-padrão e produção conjunta Prof. Rodrigo de Oliveira Leite Prof.ª Stephanie Kalynka Descrição Abordagem dos principais pontos sobre o método de custo-padrão, as características e os outputs da produção conjunta e os métodos de apropriação de custos. Propósito Compreender os principais métodos e formas de cálculo do custo- padrão e de apropriação de custos, bem como a produção conjunta — métodos relevantes para o profissional de contabilidade e de administração financeira. Preparação Tenha à mão uma calculadora ou um sistema eletrônico de planilhas (Excel) para fazer os cálculos necessários durante a leitura deste conteúdo. Objetivos Módulo 1 Calculando o custo do produto pelo custeio padrão Calcular o custo dos produtos pelo custeio padrão. Módulo 2 Características e outputs da produção conjunta Reconhecer as características e os outputs da produção conjunta. Módulo 3 Principais métodos de apropriação de custos Empregar os principais métodos de apropriação de custos. Introdução Neste conteúdo, abordaremos aspectos técnicos importantes para o gerenciamento de custos. Veremos como as empresas podem se utilizar do método de custeio padrão para o cálculo dos custos dos produtos, bem como seu conceito, sua aplicação e a análise das variações. Também abordaremos as características e os outputs da produção conjunta e os métodos de apropriação de custos (valor de mercado, volume produzido, igualdade de lucro bruto e por ponderações). Ao final do conteúdo, você será capaz de calcular os custos de cada produto individual, utilizando o custeio padrão, e poderá identificar as nuances da produção conjunta e os principais métodos para se apropriar desses custos. 1 - Calculando o custo do produto pelo custeio padrão Ao �nal deste módulo, você será capaz de calcular o custo dos produtos pelo custeio padrão. Custo-padrão O custo-padrão, cujo nome em inglês é standard cost accounting, é uma técnica da contabilidade de custos muito utilizada e que permite uma contabilização rápida dos custos dos produtos. Essa técnica também possibilita uma análise mais profunda das variações e, dessa forma, garante à empresa a oportunidade de verificar de onde vem a diferença entre o valor do custo planejado e o custo real. Atenção! A empresa que utiliza o custo-padrão deve ter uma produção padronizada, sem muitas variações na utilização de matéria-prima, pois isso pode tornar o custo-padrão irrelevante para a tomada de decisão da empresa. A empresa também deve tentar manter os preços de sua matéria-prima constante, pois, assim como variações de quantidade da matéria-prima, as variações de preço também podem tornar o custo-padrão irrelevante. O custo-padrão é uma excelente técnica para as empresas que queiram acompanhar os custos da produção. Define-se um custo como se fosse uma meta a ser alcançada pela empresa e, a partir da definição do custo ideal da produção, segue-se acompanhando as possíveis variações que ocorrerem. A partir de agora, iremos analisar como é feito o cálculo do custo- padrão, entender a sua comparação com o custo real e descobrir como é realizado o cálculo de variações. Os conceitos serão sempre acompanhados por exemplos, a fim de facilitar a compreensão dos cálculos e sua aplicação. Cálculo do custo-padrão O custo-padrão utiliza-se de uma metodologia que considera o custo histórico dos principais custos diretos de um produto (matéria-prima e mão de obra) para calcular uma projeção dos custos. Imagine que existam n matérias-primas. Então, o custo padrão seria de: Cp = Qp1 × Pp1 + Qp2 × Pp2 + ... + Qpn × Ppn + Tp × CHp Onde: Qpn = quantidade prevista pela empresa para utilização da matéria- prima n. Ppn = preço previsto para cada unidade da matéria-prima n. Tp = tempo previsto (em horas) da mão de obra direta para trabalhar na produção. CHp = custo-hora da mão de obra direta na produção. Essas previsões feitas pela empresa levam em conta o custo histórico. Resumindo Para definir o custo-padrão, que representa aquilo que seria o ideal de custo de produção para empresa, é necessário avaliar os períodos anteriores. Portanto, verifica-se o histórico de utilização de matéria- prima e de horas de mão de obra, assim como o histórico de preços pagos por matéria-prima, mão de obra e demais custos. A partir desse levantamento, define-se o custo-padrão da empresa. Vejamos agora um exemplo de como uma empresa pode chegar aos valores de preço e quantidade planejados para o período subsequente considerando o custo histórico do período anterior. Exemplo: caso Sucos e Vida A empresa Sucos e Vida produz néctar de laranja, que tem como matérias-primas as laranjas, água e um conservante. No mês anterior, a empresa produziu 10 mil litros de néctar de laranja e se utilizou das seguintes quantidades de matéria-prima e mão de obra direta: 23 mil laranjas, ao preço unitário de R$0,80. 5 mil litros de água, ao custo de R$0,75 o litro. 800 litros de conservante, ao custo de R$1,75 o litro. 1,6 mil horas de trabalho (10 funcionários), ao custo-hora de R$16. A empresa pretende produzir 12 mil litros de néctar no mês seguinte e espera que o custo da laranja seja de R$0,83 no próximo mês, com os demais custos estáticos. Além disso, a empresa vai dar continuidade ao trabalho dos seus funcionários, sem hora extra, com o aumento da produção sendo feito por diminuição da capacidade ociosa da empresa. A partir disso, qual o custo-padrão que a empresa espera incorrer no mês seguinte? Tendo em vista que a empresa aumentará a produção em 20%, ela também deve aumentar o consumo de laranjas, água e conservante em 20%, mas não a mão de obra, que neste exemplo é fixa. Além disso, o novo preço da laranja é de R$0,83 cada, e não mais R$0,80. Portanto, a nova tabela de custos será: 27,6 mil laranjas, ao preço unitário de R$0,83. 6 mil litros de água, ao custo de R$0,75 o litro. 960 litros de conservante, ao custo de R$1,75 o litro. 1,6 mil horas de trabalho (10 funcionários), ao custo-hora de R$16. A partir dessa tabela, podemos utilizar a fórmula para fazer o seguinte cálculo: Cp = 27.600 × 0,83 + 6.000 × 0,75 + 960 × 1,75 + 1.600 × 16 Cp = R$22.908 + R$4.500 + R$1.680 + R$25.600 Cp = R$54.688 Portanto, a empresa tem como custo-padrão o valor de R$54.688 para o mês seguinte, isto é, R$4,56 por litro de néctar de laranja (obtivemos esse valor após dividir o valor de custo total pela produção de 12 mil litros de néctar de laranja). Uma vez definido o custo-padrão, os gestores da empresa precisam ir acompanhando os custos realizados para analisar as variações que ocorreram, a fim de entenderem qual estratégia devem adotar para que a empresa apresente uma melhor eficiência. Agora, analisaremos a comparação do custo real com o custo-padrão. Custo real versus Custo- padrão O custo real refere-se ao valor que foi realmente gasto na produção dos produtos, enquanto o custo-padrão é aquele que é previsto. A fórmula para o cálculo do custo real é a seguinte: Cr = Qr1 × Pr1 + Qr2 × Pr2 + ... + Qrn × Prn + Tr × CHr Note que o p foi substituído pelo r, pois agora o valor previsto foi substituído pelo real. Sendo assim, a fórmula para calcular o custo real é exatamente igual ao custo-padrão, mas substituímos as quantidades e preços estimados pelos efetivamente incorridos. Retomando ao exemplo da empresa Sucos e Vida, imagine que os dados reais de custos levantados pelos gestores foram os apresentados a seguir para a produção de 12 mil litros de néctar de laranja: 24 mil laranjas, ao preço unitário de R$0,83 = R$19.920 6 mil litros de água, ao custo de R$0,80 o litro = R$4.800 960 litros de conservante, ao custo de R$1,70 o litro = R$1.632 1,6 mil horas de trabalho (10 funcionários), ao custo-hora de R$16 = R$25.600 Nessa situação, o custo real da empresa foi de R$51.952, ou seja, R$4,33 por litro de néctar. Após a definição do custo-padrão e a identificação do custo real, podemos calcular a variação entreos custos da seguinte forma: Caso tenhamos V > 0, então Cr > Cp e temos uma variação desfavorável (custos reais foram maiores que o previsto). Porém, se V < 0, então, Cp > Cr. Agora, temos uma variação favorável (custos reais foram menores que o previsto). No caso da empresa Sucos e Vida, temos uma variação favorável de R$2.736 (R$51.952 – R$54.688), porque o custo real foi menor que o custo-padrão. Em outras palavras, a empresa conseguiu produzir o que estava em sua meta e ainda conseguiu reduzir o valor do seu custo total de produção. Também é relevante analisarmos por unidade produzida essa variação. No caso da empresa Sucos e Vida, temos uma variação favorável por litro de néctar de R$0,23 (R$4,33 – R$4,56). Essa análise, no entanto, ainda não é muito detalhada. Como podemos realmente saber de onde surgiram essas variações? Isso se dá a partir V = Cr − Cp da análise das variações que aprenderemos a seguir. Análise das variações A análise das variações é uma importante ferramenta para investigar de onde partem as diferenças entre o custo real e o custo-padrão. Para simplificar, imagine que só existe uma matéria-prima e que o custo- padrão é calculado da seguinte forma: Cp = Qp × Pp A partir desse cálculo, temos o seguinte custo real, apenas alterando o p para r: Cr = Qr × Pr A variação é, portanto: V = Cr – Cp = Qr × Pr – Qp × Pp = (Qr – Qp)Pp + (Pr – Pp)Qp + (Qr – Qp) (Pr – Pp) Uma outra forma de chegar a esse resultado é com o método gráfico, conforme a imagem a seguir demonstra. Método gráfico do cálculo das variações. Note na imagem que o valor a que se refere o termo (Qr – Qp)Pp é a variação da quantidade, deixando o valor do preço previsto constante, enquanto o termo (Pr – Pp)Qp é a variação do preço, deixando a quantidade prevista constante. Já o termo (Qr – Qp)(Pr – Pp) é a variação conjunta do preço e da quantidade. Essas variações recebem, respectivamente, o nome de variação de preço, variação de quantidade e variação mista. Portanto, podemos definir a seguinte fórmula: Variação total = variação de quantidade + variação de preço + variação mista Lembra do caso da Sucos e Vida? Vamos entender cada custo da empresa e realizar as análises das variações. Vamos iniciar resgatando os dados padrão e reais da empresa. 27,6 mil laranjas, ao preço unitário de R$0,83 = R$22.908 Dados do custo-padrão 6 mil litros de água, ao custo de R$0,75 o litro = R$4.500 960 litros de conservante, ao custo de R$1,75 o litro = R$1.680 1,6 mil horas de trabalho (10 funcionários), ao custo-hora de R$16 = R$ 25.600 24 mil laranjas, ao preço unitário de R$0,83 = R$19.920 6 mil litros de água, ao custo de R$0,80 o litro = R$4.800 960 litros de conservante, ao custo de R$1,70 o litro = R$1.632 1,6 mil horas de trabalho (10 funcionários), ao custo-hora de R$16 = R$25.600 Agora vamos fazer a análise separada da variação total de R$2.736 favorável de cada item: Laranja: R$2.988 favorável. Água: R$300 desfavorável. Conservante: R$48 favorável. MOD: R$0. Variação total = R$2.736 favorável (2.988F + 300D + 48F). Quando o gestor começa a analisar os dados e abre os itens, já desenvolve alguns insights. Por exemplo, ao analisar a variação total considerando todos os dados conjuntos, o gestor pode não ter percebido que os custos com a água foram desfavoráveis para a empresa, visto que a variação total tinha ficado favorável. Logo, essa análise separadamente é fundamental. Na sequência é necessário realizar uma análise ainda mais profunda, olhando por que cada variação por item chegou a esses valores para Dados do custo real que seja possível identificar de uma forma ainda mais profunda os dados da empresa. Então vamos abrir cada item em variação da quantidade, variação do preço e variação mista. Cálculo da variação da quantidade O quanto a quantidade variou vezes o preço padrão. Cálculo da variação do preço O quanto o preço variou vezes a quantidade padrão. Cálculo da variação mista O quanto a quantidade variou vezes o quanto o preço variou. Agora vamos calcular: Variação total: R$2.988 F (R$19.920 – R$22.908). Variação da quantidade: R$2.988 F (3.600 laranjas x R$0,83). Variação do preço: R$0 (R$0 x 27.600). Variação mista: R$0 (3.600 x R$0). Variação total: R$300 D (R$4.800 – R$4.500). Variação da quantidade: R$0 (0 x R$0,05). Variação do preço: R$300 D (R$0,05 x 6.000). Variação mista: R$0 (0 x R$0,05). Laranja Água Conservante Variação total: R$48 F (R$1.632 – R$1.680). Variação da quantidade: R$0 (0 x R$0,05). Variação do preço: R$48 F (R$0,05 x 960). Variação mista: R$0 (0 x R$0,05). Variação total: R$0 (R$25.600 – R$25.600). Variação da quantidade: R$0 (0 x R$16,00). Variação do preço: R$0 (R$0 x 1.600). Variação mista: R$0 (0 x R$0). Depois dessa análise mais profunda, o gestor pode entender o que ocasionou as variações em cada item. Sendo assim, veja as conclusões: O custo com as laranjas ocasionou uma variação total favorável de R$2.988, sendo que essa variação foi provocada pela quantidade utilizada, ou seja, foi possível fabricar 12 mil litros de néctar com 3,6 mil laranjas a menos do que se planejou. A variação do custo desfavorável da água ocorreu porque a empresa pagou R$0,05 a mais do que o previsto em cada litro adquirido, sendo assim o gestor pode buscar entender o que ocorreu para que fossem adquiridas águas com valor superior ao esperado. Diferentemente da água, a variação do custo do conservante foi favorável porque o preço pago por cada litro foi menor em R$0,05. A MOD não teve variação porque exatamente o que se tinha como meta foi realizado. Com a finalidade de continuar a colocar em prática esses novos conceitos, veremos a seguir um exemplo simples de dois casos: um em que ocorre uma variação favorável e outro em que ocorre uma variação desfavorável. MOD Uma empresa produz ligas de aço que só possui uma matéria-prima: o aço. Ela possui 5 funcionários que trabalham 40 horas por semana, totalizando 5 × 40 × 4 = 800 horas por mês, com o custo de R$18 a hora de trabalho. Cada quilograma de aço custou R$3 em janeiro e ele se torna 1kg de aço reforçado. A empresa produziu 2 mil kg de ligas de aço reforçado em janeiro e planeja produzir 2,3 mil kg em fevereiro e março. Ela estima que o preço do aço ficará estável. Porém, em fevereiro, o valor do aço caiu para R$2,80 e, em março, o valor subiu para R$3,10. Em março, a empresa contratou mais um funcionário que trabalhará 160 horas por mês a um salário de R$18 a hora. Ela produziu os 2,3 mil kg em fevereiro e em março. Como é feito o cálculo das variações nesse caso? Primeiro, vamos encontrar o custo-padrão de fevereiro e março: CpFev = 2.300 × 3 + 800 × 18 = 6.900 + 14.400 = R$21.300 CpMar = 2.300 × 3 + 800 × 18 = 6.900 + 14.400 = R$21.300 Assim como as quantidades produzidas, espera-se que o preço e a mão de obra fiquem constantes nesse período e a empresa tenha a mesma estimativa de custo-padrão para fevereiro e março. Faremos, agora, o cálculo dos custos reais: CrFev = 2.300 × 2,80 + 800 × 18 = 6.440 + 14.400 = R$20.840 CrMar= 2.300 × 3,10 + 960 × 18 = 7.130 + 17.280 = R$24.410 Com esses valores, já temos o necessário para o cálculo das variações de ambos os meses: VFev = CrFev – CpFev= R$20.840 – R$21.300 = –R$460 VMar = CrMar– CpMar = R$24.410 – R$21.300 = R$3.110 Em outros termos, houve uma variação favorável de R$460 em fevereiro e uma desfavorável de R$3.110 em março. Quanto cada custo contribuiu para essas variações? Calcularemos, então, as variações de preço, de quantidade e mista para cada um dos meses, de acordo com a tabela a seguir: Variações Fevereiro Preço Quantidade Aço - R$ 460 R$ 0 Mão de obra R$ 0 R$ 0 Março Aço R$ 230 R$ 0 Mão de obra R$ 0 R$ 2.880 Tabela: Cálculo das variações. Adaptado de Rodrigo de Oliveira Leite. Podemos notar que toda a variação favorável da empresa adveio da queda de preço do aço, enquanto o aumento dos custos (variação desfavorável)ocorreu, majoritariamente, devido ao aumento da quantidade da mão de obra (contratação de mais um funcionário). Portanto, o uso da análise de variações pode ajudar a empresa a verificar da onde estão vindo as maiores variações de custos e, assim, ser mais eficiente e eficaz no seu processo de controle de custos. Um ponto importante é que, nesse exemplo, não houve variação mista, tendo em vista que, no caso do aço, apenas o preço mudou, e no caso da mão de obra, apenas a quantidade se alterou. Porém, muitas vezes, a maior fonte de variação é justamente a variação mista. Comentário Para controlar a variação mista, devemos monitorar tanto uma redução da quantidade (ou seja, de uma produção mais eficiente) como uma redução de preço (processo de compra mais eficiente). Normalmente, o preço é a variável que a empresa tem mais controle, pois, para uma redução efetivamente substancial do valor da quantidade, normalmente é necessário um avanço tecnológico também substancial. Custo-padrão e análise das variações O especialista Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior explica o conceito de custo-padrão e sua importância, bem como o confronto com o custo real. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O gestor de uma indústria de bolos, que utiliza o custo-padrão, mapeou que cada unidade de bolo fabricada consome 1kg de trigo. O gestor mapeou ainda que cada quilograma de trigo é adquirido pela indústria por R$5,70. Após a fabricação dos bolos em um determinado mês, o gestor identificou que foram fabricados 500 bolos e que cada unidade consumiu 1,2kg de trigo e a empresa pagou R$5,50 por quilograma. Diante dos dados apresentados, assinale a alternativa correta. A A indústria apresentou uma variação total por unidade produzida de R$0,90 favorável. B A indústria apresentou uma variação da quantidade por unidade de R$1,14 desfavorável. Parabéns! A alternativa B está correta. Seguem os cálculos das variações: Variação total: R$0,90 desfavorável (R$5,70 – R$6,60). Variação da quantidade: R$1,14 desfavorável (0,2kg x R$5,70). Variação do preço: R$0,20 favorável (R$0,20 x 1kg). Variação mista: R$0,04 favorável (0,2kg x R$0,20). Questão 2 Uma empresa espera gastar R$25 mil com mil quilogramas de matéria-prima para fabricar 10 mil unidades de seus produtos. Ela gastou R$28 mil e usou 1,25 mil kg de matéria-prima. A partir desses dados, encontre a variação mista que a empresa teve no período analisado. C A indústria apresentou uma variação de preço por unidade de R$0,20 desfavorável. D A indústria apresentou uma variação mista por unidade de R$0,04 desfavorável. E A indústria apresentou uma variação total referente a toda a produção de R$450 favorável. A R$650 favorável B R$650 desfavorável C R$2.600 desfavorável D R$2.600 favorável Parabéns! A alternativa A está correta. Podemos calcular a variação mista como (Qr – Qp)(Pr – Pp). Assim, o valor da variação mista será: (1.250 – 1.000)(R$25 – R$22,40) = 250 x (–R$2,60) = –R$650 As demais variações são: Variação total: R$3.000 D. Variação da quantidade: R$6.250 D. Variação do preço: R$ 2.600 F. Variação mista: R$650 F. 2 - Características e outputs da produção conjunta Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as características e os outputs da produção conjunta. Classi�cação de custos e características da E R$6.250 favorável produção conjunta Neste módulo, aprenderemos sobre a classificação dos custos quanto ao custo-padrão, bem como a nomenclatura da produção conjunta, que acontece quando os produtos são produzidos juntamente durante parte ou em todo o processo. Aprenderemos sobre a classificação dos custos e, então, discutiremos sobre as características relacionadas à produção conjunta e suas nomenclaturas próprias. Alocação e contabilização dos custos Anteriormente, falamos do cálculo e análise de variações, mas não comentamos sobre como essas variações são classificadas e contabilizadas. Primeiramente, devemos analisar cada uma delas (custo-padrão e custo real) e, a partir dessa análise, classificar e alocar o custo aos produtos. Vamos tomar o exemplo do módulo anterior para verificar essa classificação na prática. Para relembrar, segue o enunciado do módulo 1: Relembrando Uma empresa produz ligas de aço e só possui como matéria-prima o aço. Ela possui 5 funcionários que trabalham 40 horas por semana, totalizando 5 × 40 × 4 = 800 horas por mês, com o custo de R$18 a hora de trabalho. Cada quilograma de aço custou R$3 em janeiro, e ele se torna 1kg de aço reforçado. A empresa produziu 2mil kg de ligas de aço reforçado em janeiro e planeja produzir 2,3 mil kg em fevereiro e março. Ela estima que o preço do aço ficará estável. Porém, em fevereiro, o valor do aço caiu para R$2,80 e, em março, o valor subiu para R$3,10. Em março, a empresa contratou mais um funcionário que trabalhará 160 horas por mês a um salário de R$18 a hora. Ela produziu os 2,3 mil kg em fevereiro e em março. Conforme vimos na seção anterior, a empresa tem o custo-padrão de R$21.300 por mês, mas um custo real de R$20.840 em fevereiro e R$24.410 em março. Podemos, então, fazer a classificação dos custos de acordo com a seguinte tabela para o mês de fevereiro: Custo padrão: Fevereiro Matéria-prima R$ 6.900,00 R$ 3,00 / un. Mão de obra R$ 14.400,00 R$ 6,26 / un. Custo real: Fevereiro Matéria-prima R$ 6.440,00 R$ 2,80 / un. Mão de obra R$ 14.400,00 R$ 6,26 / un. Variação total: Fevereiro Matéria-prima R$ 460,00 (F) R$ 0,20 / un. (F) Mão de obra R$ 0,00 R$ 0,00 Tabela: Classificação e rateio dos custos diretos no método do custeio padrão. Adaptado de Rodrigo de Oliveira Leite. Vemos, então, que cada quilograma da liga tinha como custo padrão o valor de R$9,26, mas, no fim, o custo padrão foi de R$9,06, resultando em uma variação favorável para o mês de fevereiro em R$0,20. A letra F entre parênteses denota que a variação foi favorável. Veremos, agora, a tabela do mês de março: Custo padrão: Março Matéria-prima R$ 6.900,00 R$ 3,00 / un. Mão de obra R$ 14.400,00 R$ 6,26 / un. Custo real: Março Matéria-prima R$ 7.130,00 R$ 3,10 / un. Mão de obra R$ 17.280,00 R$ 7,51 / un. Variação total: Março Matéria-prima R$ 230,00 (D) R$ 0,10 (D) Custo padrão: Março Mão de obra R$ 2.880,00 (D) R$ 1,25 / un. (D) Tabela: Classificação e rateio dos custos diretos no método do custeio padrão. Adaptado de Rodrigo de Oliveira Leite. No mês de março, o caso foi diferente: enquanto o custo-padrão era dos mesmos R$9,26 por quilograma, o custo real foi de R$10,61, gerando uma relação desfavorável unitária de R$1,35. A letra D entre parênteses denota que a variação foi desfavorável. A contabilização dos valores vai seguir o custeio real, com crédito na respectiva conta e débito na conta de estoque de produtos acabados. Os lançamentos contábeis são, portanto, os seguintes: D - Estoque de produtos acabados = R$6.440 C - Estoque de produtos em elaboração = R$6.440 D - Estoque de produtos acabados = R$14.400 C - Estoque de produtos em elaboração = R$14.400 D - Estoque de produtos acabados = R$7.130 C - Estoque de produtos em elaboração = R$7.130 D - Estoque de produtos acabados = R$17.280 C - Estoque de produtos em elaboração = R$17.280 Produção conjunta A produção conjunta, ou produção em conjunto, ocorre quando diversos produtos são produzidos ao mesmo tempo utilizando a mesma matéria- prima, como acontece nas indústrias petroleiras, de mineração, frigoríficas etc. Um exemplo para esse caso é o refino do petróleo. Na Fevereiro Março produção, saem diversos produtos diferentes, tais como: gás, gasolina, querosene, óleo diesel, óleo lubrificante e resíduos como piche e parafinas. Na produção conjunta, existem três tipos de produtos: São os produtos produzidos de forma conjunta pela empresa. Eles se diferenciam das outras duas principais categorias por serem muito importantes para o faturamento da empresa.Por isso, também são chamados de produtos principais. Um exemplo seria o gás, a gasolina e o querosene, para uma empresa petrolífera. Todos eles são muito importantes para a empresa, pois possuem valor de mercado, demanda elevada e fazem parte dos principais produtos que a empresa vende. São os produtos produzidos em conjunto com os produtos principais, mas não são tão importantes para a empresa, seja pela pequena quantidade produzida, seja pelo valor muito pequeno. Por exemplo, em uma indústria frigorífica que vende diversos tipos de cortes de carnes, os ossos dos animais possuem valor menor ao serem comparados com as carnes, porém eles ainda podem ser utilizados para a fabricação de gelatina ou geleia. Assim, eles possuem mercado e valor comercial, mas não são tão importantes ao serem comparados aos produtos principais ou coprodutos. A sucata é composta pelos resíduos, sobras ou restos da produção produtiva que não possuem mercado certo. Muitas vezes, eles são vendidos pelo peso, descartados ou reaproveitados. Por exemplo, um joalheiro, ao fabricar um anel de ouro, possui restos de ouro em sua fabricação. Ele pode derreter esses pequenos restos e utilizá-los novamente. Na fabricação de um livro, as sobras de papel podem ser vendidas para uma empresa de papel reciclado. Em uma usina nuclear, os resíduos devem ser descartados de maneira segura, pois não Coprodutos Subprodutos Sucatas possuem mais uso e são perigosos para a saúde humana. Esses exemplos dão uma ideia de como empresas diferentes lidam com sua sucata. Cada tipo de produto produzido possui características, importância e valores de revenda diferentes. Porém, salvo raras exceções, o grau de importância e valor para a empresa tende a seguir uma escala decrescente da seguinte forma: coproduto, subproduto e sucata. Em uma produção em conjunto, a empresa utiliza matérias-primas iguais e do mesmo processo de produção para produzir diferentes produtos. No próximo módulo, vamos mostrar como é feito o processo de divisão e rateio dos custos entre esses produtos. Enquanto isso, para finalizar, trataremos de um tema de suma importância para o custo padrão: a inclusão da sucata em seu cálculo. Muitas vezes, esse assunto é esquecido, não sendo incluído na prática profissional, o que pode gerar resultados desfavoráveis para as empresas do ramo industrial. Utilização da sucata no cálculo do custo-padrão No custo-padrão, a sucata e possíveis perdas devem ser inclusas no cálculo da quantidade de matéria-prima. Caso não sejam incluídas, isso gerará discrepância entre o cálculo do custo-padrão e do custo real, levando a uma análise de variações incorreta. Vejamos o que acontece quando a sucata não é levada em consideração no cálculo do custo-padrão: Uma empresa fabrica xampus anticaspa e utiliza 10mg de princípio ativo, 80g de xampu concentrado, 120g de diluente e 100ml de água ao fazer 1 unidade de xampu. A mão de obra direta é de R$25 mil e é fixa. O princípio ativo custa R$0,10 por miligrama, o xampu concentrado custa R$0,05 o grama, o diluente custa R$0,01 o grama, e o litro da água custa R$1,20. Todos esses custos são históricos e a empresa estima que se mantenham constantes. A empresa estima fabricar 8 mil unidades de xampu anticaspa. Qual o custo padrão sem levar em conta possíveis resíduos e sucatas? Vejamos: Cp = 8.000 × (10 × 0,10 + 80 × 0,05 + 120 × 0,01 + 0,1 × 1,20) + 25.000 Cp = 8.000 × (1 + 4 + 1,20 + 0,12) + 25.000 = 8.000 × 6,32 + 25.000 = R$75.560 Vamos supor que, na produção do xampu, 1% dele seja perdido como sobra. Em outros termos, para produzir as 8 mil unidades, é necessário 1% a mais de cada produto. Isso geraria a seguinte variação desfavorável: V = Cr – Cp = 1% × 8.000 × 6,32 = 80 × 6,32 = R$505,60 No entanto, essa variação não necessitaria existir e muito menos se refere a um problema de eficiência na produção do produto, tendo em vista que restos e resíduos são comuns em qualquer tipo de processo produtivo. Assim, se a empresa incluísse a sucata em seu cálculo do custo-padrão, veria consistentemente que, com o valor do custo real, a variação foi zero. Características da produção conjunta O especialista Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior explica o que é produção conjunta, os conceitos de coproduto, subproduto e sucata, bem como a importância de se considerar a sucata no custo- padrão. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Uma determinada refinaria apresenta, no portfólio de seus principais produtos, o diesel e a gasolina, sendo ambos originários da mesma matéria-prima. Assinale a alternativa correta em relação aos dados apresentados. Parabéns! A alternativa B está correta. Diesel e gasolina, para essa refinaria, são coprodutos, pois são produtos principais da empresa fabricados da mesma matéria- prima. Questão 2 A O diesel e a gasolina são considerados subprodutos para a refinaria. B O diesel e a gasolina são considerados coprodutos para a refinaria. C O diesel e a gasolina são considerados sucatas para a refinaria. D O diesel e a gasolina são considerados resíduos para a refinaria. E O diesel e a gasolina são considerados produtos secundários para a refinaria. Incluir o valor de restos e sucatas no cálculo do custo-padrão é Parabéns! A alternativa E está correta. Se o valor dos restos e das sucatas não for incluído no cálculo do custo-padrão, isso ocasionará um erro entre o custo real e o custo- padrão, que será refletido no cálculo das variações, gerando uma variação desfavorável. A irrelevante, pois isso nunca acontece na produção. B irrelevante, pois, embora isso aconteça na produção, eles não são produtos que a empresa vende. C relevante, pois é obrigatório pelas leis brasileiras. D nem relevante nem irrelevante, pois fica a critério da empresa. E relevante, pois torna o cálculo das variações mais preciso. 3 - Principais métodos de apropriação de custos Ao �nal deste módulo, você será capaz de empregar os principais métodos de apropriação de custos. Métodos de apropriação de custos Neste módulo, discutiremos sobre os diferentes métodos de apropriação de custos dos produtos produzidos em conjunto. Como os produtos produzidos em conjunto compartilham, muitas vezes, matérias-primas e mão de obra, é difícil alocar diretamente os custos para os produtos especificadamente. Assim, são necessários critérios de rateio para se apropriar desses custos. Aqui, trataremos dos diferentes critérios de rateios. São eles: Método do valor de mercado. Método dos volumes produzidos. Método das ponderações. Método da igualdade do lucro bruto. Depois, apresentaremos um exemplo em que iremos aplicar e comparar os quatro métodos, a fim de tornar o aprendizado mais prático. Método do valor do mercado No método do valor de mercado, os custos de cada produto são alocados proporcionalmente ao valor de venda, ou seja, o produto que possui o valor mais alto tem uma proporção de custos maiores alocados a si. Pode ser que um produto tenha um valor de mercado unitário alto, mas tenha uma quantidade pequena produzida, o que poderia gerar um valor muito alto de custos alocados. Portanto, o valor de mercado normalmente utilizado é o valor total, isto é, o valor unitário vezes a quantidade produzida de cada produto. Vamos supor que a empresa tenha um custo total C para dividir entre n produtos, cada um com uma quantidade Q e um valor unitário de venda V. A empresa deveria dividir o valor da seguinte forma: Onde: Ck = custo do produto k. Pk = percentual que o produto k representa do valor total de venda de todos os produtos produzidos conjuntamente. Note que, como , temos , está garantido que todos os custos serão apropriados. Nesse método, a margem de cada produto será igual, pois podemos escrever a seguinte relação entre custo e valor: Onde Mk é a margem do produto k. Essa margem é simplesmente o valor do custo total sobre a receitatotal de venda dos produtos. Portanto, ao utilizar o método do valor de mercado, todos os produtos produzidos em conjunto possuirão a mesma margem na venda. Exemplo Imagine que uma empresa produza os produtos 1 e 2. O produto 1 teve 5 mil unidades produzidas e tem o preço de venda unitário de R$3, enquanto o produto 2 teve 2,3 mil unidades produzidas e tem o preço de venda unitário de R$5. Os custos a serem alocados são de R$40 mil. Neste caso, o valor de venda total é de R$26.500 (R$3 × 5.000 + R$5 × 2.300). Portanto, os percentuais de rateio são de 0,566 para o produto 1 (R$15.000 ÷ R$26.500) e de 0,434 para o produto 2 (R$11.500 ÷ Pk = Qk × Vk Q1 × V1 + Q2 × V2 + ⋯ + Qn × Vn Ck = C × Pk P1 + P2 + ⋯ + Pn = 1 C1 + C2 + ⋯ + Cn = C Mk = Ck Vk × Qk = C Pk Vk × Qk = C Qk × Vk Q1 × V1 + Q2 × V2 + ⋯ + Qn × Vn 1 Qk × Vk = C Q1 × V1 + Q2 × V2 + ⋯ + Qn × Vn R$26.500). Os custos a serem alocados são, então, de R$22.640 (R$40.000 × 0,566) para o produto 1 e R$17.360 (R$40.000 × 0,434) para o produto 2. Método dos volumes produzidos Diferentemente do método do valor de mercado, no método dos volumes produzidos, apenas as quantidades dos produtos são levadas em consideração. Esse método é muito utilizado em empresas cujos produtos possuem valores de venda semelhantes. Por isso, os custos podem ser alocados de acordo com a quantidade. Nesse método, a fórmula fica muito mais simples: Em vez de utilizarmos o somatório dos produtos entre quantidade e valor de venda unitário, apenas utilizaremos a soma das quantidades para gerar o percentual Pk. Depois, o percentual Pk é multiplicado pelo custo total. Por exemplo, uma empresa produz 2 produtos: o primeiro com 7 mil unidades produzidas e o segundo com 3 mil. Nesse caso, 70% do custo irá para o primeiro produto e 30% do custo para o segundo produto. Método das ponderações Neste método, diferentemente dos anteriores, nem a quantidade nem o valor são levados em conta. O que importa é a dificuldade de produzir o produto, a facilidade de suas vendas, a importância para a empresa, a demanda de vendas ou qualquer outro critério subjetivo que a empresa pode adotar. Nesse caso, não há uma fórmula específica. Cada produto recebe uma razão de ponderação diferente, dependendo dos critérios da administração da empresa. Voltando ao exemplo de uma empresa que produz 2 produtos, o primeiro recebeu um valor de ponderação de 2, enquanto o segundo recebeu o valor de ponderação de 1. Isso significa que teremos dois Pk = Qk Q1 + Q2 + ⋯ + Qn Ck = C × Pk terços (ou 67%) dos custos alocados para o primeiro produto e um terço (ou 33%) alocados para o segundo produto. Método da igualdade do lucro bruto Neste método, buscamos que o lucro bruto dos produtos seja igual, ou seja, que cada produto tenha exatamente a mesma diferença entre receitas e custos. Método do valor de mercado A razão entre o custo e a receita é igual entre todos os produtos. Método da igualdade do lucro bruto A diferença entre as receitas e os custos é igual para todos os produtos. Como o lucro bruto é igual para todos, podemos calcular que cada um dos n produtos fabricados terá um lucro bruto que seguirá esta fórmula: Portanto, como já temos a receita e o lucro bruto, podemos calcular os custos do produto k da seguinte maneira: Veremos um exemplo de como podemos calcular os valores pelo método da igualdade do lucro bruto. Voltemos ao caso da empresa que produz 2 produtos: o produto 1 e o produto 2. Ela produz 10 mil unidades do produto 1 e os vende por R$6, enquanto produz 15 mil unidades do produto 2, com preço de venda de R$8. Os custos a serem alocados são de R$80 mil. Como os custos seriam alocados entre esses coprodutos? Neste caso, a receita total é de 10.000 × R$6 + 15.000 × R$8 = R$180.000. Como os custos são de R$80 mil, o lucro bruto total é de LB = Q1 × V1 + ⋯ + Qn × Vn − Cn LB = Qk × Vk − Ck => Ck = Qk × Vk − LB R$100 mil, o que significa que o lucro bruto de cada produto é de R$50 mil. Aqui, o valor a ser alocado no primeiro produto é de R$10 mil, tendo em vista que R$60.000 – R$10.000 = R$50.000. Os outros R$70 mil são alocados no produto 2. Temos então R$120.000 – R$70.000 = R$50.000. Ambos os produtos possuem o mesmo lucro bruto. Exemplo de aplicação dos métodos Agora, vamos considerar um exemplo para aplicar os quatro métodos diferentes e entender como o rateio afeta o preço dos coprodutos. Uma empresa produz 4 tipos de produtos de acordo com a tabela a seguir, com um custo total de R$50 mil: Produto 1 Produto 2 Valor de venda R$ 6,00 R$ 8,00 Quantidade 1.000 2.000 Ponderação 1 3 Tabela: Dados das vendas. Adaptado de Rodrigo de Oliveira Leite. Neste caso, os quatro produtos têm valores de venda e quantidades diferentes. Então, para utilizarmos o método do valor de mercado, teremos de multiplicar os valores de venda pela quantidade de cada coproduto. Assim, o valor de mercado do produto 1 é R$6 mil; do produto 2, R$16 mil; do produto 3, R$20 mil; e do produto 4, R$21 mil. Portanto, a receita de todos os produtos é de R$63 mil. A partir desses valores, podemos calcular o rateio do valor de venda de cada um de acordo com o cálculo a seguir: P1 = 6.000 ÷ 63.000 = 0,095 P2 = 16.000 ÷ 63.000 = 0,254 P3 = 20.000 ÷ 63.000 = 0,317 P4 = 21.000 ÷ 63.000 = 0,334 Portanto, o custo do produto 1 é de 0,095 x R$50.000 = R$4.750. Seguindo essa mesma lógica, chegamos aos custos de R$12.700 para o produto 2; R$15.850 para o produto 3; e R$16.670 para o produto 4. Os valores alocados de custos foram arredondados. Ao utilizarmos o método do volume produzido, precisaremos ratear apenas as quantidades, o que facilita as contas. Podemos calcular diretamente o rateio da seguinte forma: P1 = 1.000 ÷ 10.000 = 0,1 P2 = 2.000 ÷ 10.000 = 0,2 P3 = 4.000 ÷ 10.000 = 0,4 P4 = 3.000 ÷ 10.000 = 0,3 Agora, podemos fazer o rateio apenas multiplicando os valores pelo custo total, chegando a R$5 mil para o produto 1; R$10 mil para o produto 2; R$20 mil para o produto 3; e R$15 mil para o produto 4. No método das ponderações, temos de utilizar os valores das ponderações apresentados na tabela do exemplo. A partir desses dados, podemos calcular a alocação de maneira parecida com os exemplos anteriores, conforme exposto a seguir: P1 = 1 ÷ 10 = 0,1 P2 = 3 ÷ 10 = 0,3 P3 = 4 ÷ 10 = 0,4 P4 = 2 ÷ 10 = 0,2 Do mesmo modo que fizemos com os outros métodos, podemos obter os valores diretamente: R$5 mil, R$15 mil, R$20 mil e R$10 mil para os produtos 1, 2, 3 e 4, respectivamente. Finalmente, chegamos ao método da igualdade do lucro bruto, no qual o lucro bruto é igual para todos os produtos. Nesse caso, a receita de todos os produtos é de R$63 mil (calculamos esse valor no método do valor de mercado). Como o custo é de R$50 mil, o valor do lucro bruto é de R$13 mil (R$63.000 – R$50.000). Como são 4 tipos de produtos, o lucro de cada um é de R$3.250. Portanto, podemos encontrar os custos diretamente da seguinte maneira: C1 = R$6.000 – R$3.250 = R$2.750 C2 = R$16.000 – R$3.250 = R$12.750 C3 = R$20.000 – R$3.250 = R$16.750 C4 = R$21.000 – R$3.250 = R$17.750 Nesse método, já obtemos os valores dos custos de forma direta. Por isso, não é necessária a multiplicação por um número de rateio. A tabela a seguir demonstra todos os custos obtidos nos quatro métodos diferentes que utilizamos nesse exemplo: Valor de mercado Volume Produto 1 R$ 4.750,00 R$ 5.000,00 Produto 2 R$ 12.700,00 R$ 10.000,00 Produto 3 R$ 15.850,00 R$ 20.000,00 Produto 4 R$ 16.670,00 R$ 15.000,00 Tabela: Resultados dos rateios entre os coprodutos utilizando os quatro métodos. Adaptado de Rodrigo de Oliveira Leite. Observe que cada método gera valores diferentes que podem estar mais ou menos em harmonia com os demais métodos. Por exemplo, nos métodos do valor de mercado e da igualdade do lucro bruto, o produto que teve o maior valor de custos alocados foi o 4. Já nos métodos dos volumes produzidos e das ponderações, foio produto 3. Assim, cada empresa precisa analisar com cuidado cada um dos métodos, a fim de tomar decisões que sejam mais eficientes e eficazes. Ainda mais se for utilizado o método das ponderações, pois, nesse método, existe muita subjetividade na tomada de decisão de quais serão os valores, podendo a administração escolher uma infinidade de critérios diferentes. Métodos de apropriação de custos O especialista Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior utiliza os quatro métodos abordados no módulo para o exemplo, explicando as particularidades de cada método e os comparando. Ponderações sobre os métodos de rateios entre os produtos da produção conjunta Caso encontre alguma familiaridade entre alguns métodos utilizados no rateio da produção em conjunto, isso não é coincidência. Os métodos do valor de mercado e dos volumes produzidos também são adotados pelo custeio por absorção, que é utilizado para qualquer tipo de produto fabricado por uma empresa. Justamente o fato de muitos métodos da contabilidade de custos serem utilizados em diferentes áreas demonstra o caráter universal dessa contabilidade, bem como o fato de que esses métodos são realmente robustos e podem ser utilizados em qualquer situação. Quem trabalha na contabilidade de custos deve sempre manter os olhos abertos para a possível utilização de métodos muito parecidos em contextos completamente diferentes. Essa habilidade de conectar conhecimentos e os aplicar em diferentes situações é muito importante para um bom desempenho profissional, além de ser muito requisitada por empresas. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Uma indústria produz farinha de milho e fubá da mesma matéria- prima: o milho. No mês de março de 2022, a indústria fabricou 400 unidades de farinha de milho e 600 unidades de fubá pelo custo total de R$10 mil. Cada unidade de farinha de milho é vendida a R$20 e cada unidade de fubá é vendida a R$15. Diante dos dados e conhecendo os métodos de apropriação de custos na produção conjunta, assinale a alternativa correta. Parabéns! A alternativa C está correta. Seguem os cálculos de cada método: Dados Farinha de milho Fubá Quantidade 400 600 Preço de Venda R$ 20,00 R$ 15,00 Venda Total R$ 8.000,00 R$ 9.000,00 Método pelo Valor de mercado R$ 4.705,88 R$ 5.294,12 Método pelo Volume Produzido R$ 4.000,00 R$ 6.000,00 Método pela Igualdade do Lucro R$ 4.500,00 R$ 5.500,00 A Se a empresa utilizar o método do valor de mercado para distribuir seus custos, a produção de farinha de milho do mês receberá o custo de R$4.500. B Se a empresa utilizar o método do valor de mercado para distribuir seus custos, a produção de fubá do mês receberá o custo de R$5.500. C Se a empresa utilizar o método do volume produzido para distribuir seus custos, a produção de farinha de milho do mês receberá o custo de R$4 mil. D Se a empresa utilizar o método do volume produzido para distribuir seus custos, a produção de farinha de milho do mês receberá o custo de R$5.294,12. E Se a empresa utilizar o método da igualdade do lucro bruto para distribuir seus custos, a produção de farinha de milho do mês receberá o custo de R$6 mil. Dados Farinha de milho Fubá Lucro da empresa R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 Questão 2 Uma empresa fabrica dois produtos, ambos com 5 mil unidades por mês. A unidade do primeiro é vendida a R$10, enquanto a unidade do segundo é vendida a R$6. De acordo com o método dos volumes produzidos, é correto afirmar que Parabéns! A alternativa A está correta. No método dos volumes produzidos, se ambos os produtos tiverem quantidades iguais, a razão que determinará a alocação dos custos aos produtos será igual, levando a uma alocação igualitária dos custos entre os produtos. A os custos alocados a ambos os produtos são iguais. B os custos alocados a ambos os produtos são diferentes, mas não há informação para saber qual é o maior. C o primeiro produto terá mais custos alocados. D o segundo produto terá mais custos alocados. E não podemos afirmar, a priori, com alto grau de certeza, se os custos alocados aos produtos serão iguais ou diferentes. Considerações �nais Neste conteúdo, aprendemos sobre o custeio padrão e a produção conjunta. Abordamos os principais pontos sobre o método de custo- padrão: conceito, cálculo e análise das variações. Também abordamos as características, os outputs da produção conjunta (coproduto, subproduto e sucata) e os métodos de apropriação de custos (valor de mercado, volume produzido, igualdade de lucro bruto e por ponderações). Mostramos como é feita a contabilização do custo-padrão, utilizando-se das análises das variações para se chegar aos custos reais. Essa contabilização é feita por meio da apropriação dos custos reais (o custo-padrão corrigido pelas variações) nos respectivos estoques. Também conhecemos os quatro diferentes métodos de rateio dos custos das produções conjuntas e aprendemos como cada método gera valores diferentes de custos a serem apropriados nos produtos. Complementarmente, utilizamos um exemplo para calcular os valores de custos a serem apropriados para cada um dos quatro diferentes coprodutos. Esperamos que, na prática empresarial, você possa aplicar os conceitos de custo-padrão, produção conjunta e rateio de custos entre coprodutos de uma forma simples e prática. Podcast Agora, o especialista Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior encerra respondendo perguntas sobre o conteúdo. Explore + Caso você queira explorar mais o tema planejamento, implantação e controle de custos de uma organização empresarial, uma possível fonte de conhecimento é o livro Custos: planejamento, implantação e controle de George Leone, publicado pela Editora Atlas. A ideia básica dessa obra é dar tratamento técnico, operacional e didático ao assunto. Ela é indicada para atualização profissional e reciclagem de conhecimento. Referências GELBCKE, E. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a Todas as Sociedades de Acordo com as Normas Internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. GUERRA LEONE, G. S.; GUERRA LEONE, R. J. Curso de Contabilidade de Custos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2018. MARTINS, E.; ROCHA, W. Contabilidade de custos: livro de exercícios. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material javascript:CriaPDF() O que você achou do conteúdo? Relatar problema
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