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Aula 1 -Engenharia e meio ambiente P

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CIÊNCIAS DO AMBIENTE E 
SUSTENTABILIDADE 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Cristiane Lourencetti Burmester 
 
 
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INTRODUÇÃO ÀS CIÊNCIAS DO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE 
O mundo vive uma crise ambiental que tem como principais componentes 
a população, os recursos naturais e a poluição. O crescimento da população 
mundial vem ocorrendo de forma exponencial e, consequentemente, o aumento 
da exploração e do consumo de recursos naturais acontece na mesma 
proporção. Como resultado disso, crescem também a geração de resíduos e a 
poluição ambiental. 
O problema dessa dinâmica de crescimento e consumo é o fato de o planeta 
Terra possuir recursos naturais finitos, bem como capacidade limitada para 
assimilar resíduos e, dentro dessa perspectiva, cabe questionar: até quando os 
recursos naturais serão suficientes para sustentar a população da Terra? Qual é 
a capacidade de suporte do planeta? O nível de qualidade de vida no planeta 
depende do equilíbrio entre os três elementos: população, recursos naturais e 
poluição, então como atingir tal equilíbrio? Qual é o papel do engenheiro para o 
sucesso deste grande desafio? 
CONVERSA INICIAL 
Para começarmos a entender o universo relacionado à sustentabilidade e 
facilitar o entendimento sobre o assunto, a aula foi dividida em cinco tópicos: 
1. A crise ambiental 
2. O crescimento populacional 
3. Os recursos naturais 
4. A poluição 
5. A engenharia e o desenvolvimento sustentável 
TEMA 1 – A CRISE AMBIENTAL 
A realidade revela que os impactos ambientais, antes menos alarmantes 
por serem pontuais e locais, podem tornar insuportável a vida no planeta. Por 
exemplo, questões como as mudanças climáticas estão sobressaindo, apesar 
de não ter consenso entre os cientistas sobre suas causas. Fato é que a 
realidade é a prova viva de que estamos colhendo os frutos de todas as ações 
humanas aliadas à tecnologia e às reações do próprio ambiente mediante a 
tantos fatores externos. 
 
 
 
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Figura 1 – Crise ambiental 
 
 Crédito: IC Designer/Shutterstock; Giuseppe_R/Shutterstock. 
Existe uma situação ambiental deste século agravada desde a Revolução 
Industrial, quando foi intensificada a exploração dos recursos naturais do 
planeta, dos solos e das águas, com reflexos para o ar e literalmente para todos 
os lados ̶ a poluição e tudo o mais envolvido. 
A poluição maciça pelas indústrias e a queima de combustíveis fósseis 
para a geração de energia resultaram na crise ambiental e seus fatores 
envolvidos. Agora, resta uma desaceleração no processo da produção em si 
para dar espaço ao ambiente mais sustentável e equilibrado. É preciso ações 
que reciclem a tempo e que não destruam o que ainda resta da natureza sem a 
interferência humana somente objetivando o capital, além de máquinas com foco 
exclusivamente na produtividade. 
Alguns autores e estudiosos questionam a crise e a maneira como ela é 
taxada, pois, para a evolução, precisa-se de experimentação, que, segundo 
alguns especialistas, os recursos são usados como experiências e não para a 
devastação e a extinção. Outros, porém, acreditam no fenômeno da Economia 
aliado ao modelo de desenvolvimento em que se criam recursos para satisfazer 
às necessidades humanas e às criações da modernidade. No entanto, um 
detalhe que faz toda a diferença é que os recursos naturais não são infinitos 
como muitos podem pensar, pois a matéria-prima precisa existir e não ser 
devorada apenas para testes e sem vínculos para o futuro. Nada se cria, tudo se 
copia e que se recicle sempre que possível. 
Por isso, destaca-se que os recursos naturais são finitos, ou seja, existe 
uma capacidade limitada para assimilar os resíduos produzidos pelas atividades 
 
 
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humanas. Os rios e oceanos, assim como a atmosfera, não são suficientemente 
autorreconstrutivos para absorver e diluir toda a carga de poluentes. 
Agora, na era de modernidade das inovações e invenções, buscam-se 
outros modelos de gestão que passem a priorizar a produção sem a agressão 
ambiental. Como? Existe fórmula secreta? Até o fim do século XX, as decisões 
governamentais eram embasadas no desenvolvimento econômico acelerado e, 
como consequências, houve o aumento da desigualdade social, a contaminação 
do solo, das águas, do ar, a proliferação de vetores de doenças e, assim, a 
geração de uma crise ambiental com ou sem precedentes em várias localidades. 
No Brasil, Cubatão, localizada em São Paulo, é uma das cidades mais poluídas 
do país. 
Hoje, então, sinaliza-se uma gestão ambiental com novos paradigmas, 
tendo consciência de que as reservas naturais não são renováveis e são 
escassas, ou seja, podem se esgotar. Explorar visando apenas ao lucro pode 
gerar o maior prejuízo: colocar em risco a vida humana! É necessário focar na 
gestão ambiental para melhorar a qualidade de vida que também depende do 
meio ambiente para sobreviver. 
A verdade seja dita: a atmosfera é única, as águas se interligam (ciclo 
hidrológico), os ventos e os climas são planetários, ou seja, a crise ambiental é 
mundial e interfere entre os países, não é um problema isolado tipo um surto de 
uma doença. Por isso, há a necessidade de se criar maneiras de proteger o 
ambiente de forma planetária e que não dependa de interesses locais e 
governamentais. O planeta é nosso! 
Enfim, desde que o homem aprendeu a dominar o fogo, o meio ambiente 
vem sofrendo as consequências e experiências das novas descobertas, afinal 
da mesma maneira que o fogo foi usado para aquecer, para cozinhar, também 
vieram as queimadas. Impactos acirrados pelo processo da industrialização e, 
apenas a partir de 1990, com a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente 
e Desenvolvimento, pela ONU (Rio 92), é que foram elaboradas estratégias para 
atingir a sustentabilidade. Esse também foi o ano em que ocorreu a edição da 
série de normas ISO 14000. 
Da teoria à prática, tem-se como principais componentes da crise 
ambiental o triângulo formado por população, recursos naturais e poluição e o 
nível de qualidade de vida no planeta depende do equilíbrio entre esses três 
elementos. Portanto, a população é carente dos recursos naturais e os utiliza; a 
 
 
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população também produz a poluição, sendo que esta atinge abruptamente os 
recursos naturais. 
Figura 2 - Principais componentes da crise ambiental 
 
Crédito: Julia Tim/Shutterstock; GST/Shutterstock; Macrovector/Shutterstock. 
Assim, para um desenvolvimento sustentável, a definição que surgiu na 
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, pelas Nações 
Unidas, é o 
desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, 
sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das 
futuras gerações é o desenvolvimento que não esgota os recursos para 
o futuro e a proposta é harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento 
econômico e a conservação ambiental (WWF Brazil, [S.d], on-line) 
Você sabia que existe a Comissão Lancet de Poluição e Saúde, cujo 
objetivo é aumentar a consciência global acerca da poluição química, superar a 
negligência com as doenças relacionadas à poluição e mobilizar os recursos e a 
vontade política necessários para enfrentar, efetivamente, os desafios 
existentes? 
Analisando os contratempos ambientais que colocam em risco a vida e a 
sua qualidade, a análise feita pela UNEP (United Nations Environment 
Programme – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) destaca 12 
adversidades, relacionando meio ambiente, desenvolvimento e ações da 
sociedade. São eles: 
1. Crescimento demográfico rápido, aliado ao desenvolvimento tecnológico; 
2. Urbanização acelerada; 
3. Desmatamento das florestas; 
4. Poluição marinha acentuada pelas descargas de esgotos domésticos e 
industriais; 
 
 
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5. Poluição do ar e do solo – industrialização como principal fator; 
6. Poluição e eutrofização de águas interiores; 
7. Perda da diversidadegenética; 
8. Efeitos de grandes obras civis; 
9. Alteração global do clima; 
10. Aumento progressivo das necessidades energéticas e suas sequelas 
ambientais; 
11. Produção de alimentos e agricultura; 
12. Falta de saneamento básico. 
TEMA 2 – O CRESCIMENTO POPULACIONAL 
A população é crescente e os recursos naturais não aumentam 
proporcionalmente para suprir a demanda populacional. Segundo dados de 2019 
das Nações Unidas, a população mundial deve aumentar em dois bilhões de 
pessoas nos próximos 30 anos – de 7,7 bilhões de habitantes no planeta, em 
2050, deve passar para 9,7 bilhões. 
É possível conferir um panorama global de padrões e perspectivas 
demográficas na publicação da ONU ̶ Perspectivas Mundiais de População 
2019. Este estudo também mostra que a população mundial poderia alcançar o 
seu pico por volta do final do atual século, chegando a quase 11 bilhões de 
pessoas em 2100. 
Aqui, devido ao “boom populacional”, é preciso voltar à época do êxodo 
rural e da chamada Revolução Verde, em que a saída das pessoas do campo 
para as cidades resultou na criação de diversos centros urbanos sem 
planejamento de uso e ocupação do solo, ou qualquer outra variante ambiental, 
além de aumentar a população das cidades já existentes (de 1960 a 1970) e, a 
partir de 1980, o Brasil se tornou um país urbanizado, em que vários problemas 
socioambientais apontaram, ocasionando doenças e epidemias, principalmente 
pela falta de saneamento básico para acompanhar esse aceleramento. 
A crise ambiental está ligada ao crescimento populacional e, 
consequentemente, ao crescimento urbano ̶ fenômeno da metropolização (ou 
seja, ocupação urbana ultrapassa os limites das cidades). Alguns fatores que 
contribuem para a crise ambiental e são decorrentes desse crescimento são: a 
impermeabilização do solo, a geração de resíduos, a elevada demanda de 
recursos naturais, a ocupação de áreas de risco, a poluição, etc. 
 
 
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Esse crescimento populacional, já em 2012, foi apontado por cientistas 
durante a conferência Planeta sob Pressão, em Londres, como um grande 
responsável indireto pelo aquecimento global, esgotamento de recursos, pela 
poluição e perda de biodiversidade. 
Já o Brasil deixa de ser a quinta nação mais populosa do mundo, 
perdendo o posto para o Paquistão. Segundo informações do site Terra, foi a 
primeira vez que o Brasil caiu no ranking dos países mais populosos desde a 
Segunda Guerra e primeira vez que o Brasil perde posição desde a Segunda 
Guerra1. Pelo ritmo atual, a população deve começar a diminuir a partir de 2045 
e, ainda, com informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 
(PNAD) 2015, são 84,72% da população vivendo em áreas urbanas e 15,28% 
em áreas rurais. O contraponto de destaque acontece ao comparar que no 
Sudeste, 93,14% da população vive em áreas urbanas, enquanto 26,88% da 
população rural está no Nordeste. 
Gráfico 1 – Porcentagem da população que vive em área urbana por região 
(2015) 
 
Fonte: IBGE/PNAD 2015. 
 
1 Para saber mais, acesse: <https://www.terra.com.br/noticias/brasil/brasil-deixa-de-ser-a-5-
nacao-mais-populosa-do-mundo,2c26f2f2e9aa008091708d8c88f62644f0j6sm2l.html>. Acesso 
em: 6 jan. 2020. 
 
 
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 Porém, nem tudo que se relaciona aos danos ambientais são associados 
exclusivamente ao crescimento populacional, pois é uma somatória de fatores 
envolvida. Cabe aqui não a matemática exata como disciplina, e sim problemas 
de raciocínio lógico como o gráfico abaixo mostra, que, nos últimos 250 anos, a 
população mundial cresceu 9,2 vezes, a economia aumentou 134 vezes e a 
renda per capita subiu 14,6 vezes. A realidade aponta, sim, uma desigualdade 
social no contraponto do aumento do padrão de vida da população mundial. 
 
 
 
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Gráfico 2 – Crescimento da economia da população e da renda per capita 
mundial: 1768-2018 
 
Fonte: <http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/588841-a-dinamica-demografica-importa-no-
crescimento-economico-e-na-degradacao-ambiental>. Acesso em: 6 jan. 2020. 
 Assim, a população mundial continua a crescer, porém, mais lentamente 
do que no passado recente. Há dez anos, a população mundial estava crescendo 
a uma taxa de 1,24% por ano. Atualmente, a taxa de crescimento é de 1,18% 
por ano, o que corresponde a um adicional de aproximadamente 83 milhões de 
pessoas anualmente. A previsão para a população mundial é o aumento de mais 
de 1 bilhão de pessoas nos próximos 15 anos, chegando aos 8,5 bilhões em 
2030, aos 9,7 bilhões em 2050 e aos 11,2 bilhões em 2100. 
TEMA 3 – OS RECURSOS NATURAIS 
O fator população demasiada interfere na crise ambiental, mas, 
principalmente, ao falar do consumo dos recursos naturais que deveria ser de 
forma sustentável. Como isso não acontece, recursos naturais básicos como a 
água e os alimentos, por exemplo, já não são tão abundantes como antigamente. 
Diz-se que a água valerá mais do que ouro e petróleo no futuro e, em muitos 
países, o custo da água mineral é alto. De um recurso natural virou um artigo de 
luxo em muitas localidades. 
Por definição básica, o recurso natural é qualquer elemento ou aspecto 
da natureza que esteja em demanda, seja passível de uso ou esteja sendo usado 
 
 
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pelo homem, direta ou indiretamente, como forma de satisfação de suas 
necessidades físicas e culturais em determinado tempo e espaço. A 
classificação do recurso em função da demanda na natureza pode ser renovável 
e não renovável. 
Os recursos renováveis são aqueles que naturalmente podem ser 
regenerados após o uso, como: a água, o ar, a energia solar, a energia eólica, a 
madeira, as plantas produtoras de fibra, os vegetais e os animais usados na 
alimentação e confecção de agasalhos. Já os recursos não renováveis são 
aqueles que não podem ser naturalmente regenerados após o uso ou são 
regenerados em tempos geológicos muito extensos, como: o calcário, a argila, a 
areia, o petróleo e o carvão mineral. 
De não renováveis, os recursos são subdivididos em minerais 
não energéticos (ferro, fósforo, cálcio) e minerais energéticos (combustíveis 
fósseis). Os minerais energéticos são efetivamente não renováveis, entretanto, 
os minerais não energéticos podem se renovar somente após um período de 
tempo em que não serão importantes para a humanidade. 
Figura 3 – Energia renovável versus energia não renovável 
 
Crédito: Vecton/Shutterstock

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