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TCC Aspectos Coercitivos da Educacao Familiar 1 1(1)[Replica]

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8
UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA
ICH – Instituto de Ciências Humanas 
ASHILEY CRISTINA FARIAS DE OLIVEIRA – RA: F043878
CAMILA ALVES DA SILVA – RA: F0516E5
DAVI ARMANDO SANTIAGO SANTOS – RA: F02HFE0
KEILA OLIVEIRA RIBEIRO – RA: D822DF8
ASPECTOS COERCITIVOS DA EDUCAÇÃO FAMILIAR NA CULTURA BRASILEIRA
SÃO PAULO
2022
UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA 
ASHILEY CRISTINA FARIAS DE OLIVEIRA – RA: F043878
CAMILA ALVES DA SILVA – RA: F0516E5
DAVI ARMANDO SANTIAGO SANTOS – RA: F02HFE0
KEILA OLIVEIRA RIBEIRO – RA: D822DF8
ASPECTOS COERCITIVOS DA EDUCAÇÃO FAMILIAR NA CULTURA BRASILEIRA
Projeto de pesquisa para apresentação de Trabalho de Conclusão do Curso de Psicologia da turma de 2019 da Universidade Paulista.
Orientador: Profa. Dra. Suzan Iaki
SÃO PAULO
2022
RESUMO
A educação infantil pode ser vista como o conjunto de práticas empregadas pelos cuidadores para disciplinar uma criança e ensinar-lhe modos de comportar-se julgados adequados pela comunidade na qual estão inseridos. Dentre as práticas envolvidas, há aquelas que se desenvolvem com base no uso de punições, repreensões e castigos aplicados sobre a criança, sendo estes métodos de controle do comportamento denominados coercitivos pela perspectiva behaviorista radical. O uso de tais práticas é frequentemente apontado, em contexto leigo, como necessário à educação e não causador de danos permanentes à criança submetida à coerção. Entretanto, produções científicas acadêmicas apontam há anos que há consequências a curto e longo prazo, para a criança e para o vínculo com os cuidadores, decorrentes do uso de métodos relacionados à punição. A continuidade do uso desses métodos, apesar da extensa produção de conhecimento de áreas como a Psicologia Comportamental, pode se dar pelo baixo contato entre a população leiga e o material acadêmico produzido, assim como pela propagação da opinião popular de que a violência, perpetrada pelos cuidadores, é forma eficiente e não prejudicial de educar crianças, tendo o presente estudo como objetivo aprofundar o conhecimento acerca destes fatores sociais e culturais que fazem com que este tipo de educação siga prevalente na atual sociedade brasileira.
Palavras-chave: educação familiar; coerção; cultura; psicologia.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	4
1.1 Revisão Bibliográfica	4
1.1 Problema de pesquisa	9
1.2 Hipótese	9
1.3 Objetivo geral	9
1.4 Objetivos específicos	9
1.5 Justificativa	10
2 MÉTODO 	11
2.1 A pesquisa	11
2.2 Sujeitos ................................................................................................................11
2.3 Instrumentos	12
2.4 Aparatos de pesquisa	12
2.5 Procedimentos	13
2.6 Ressalvas éticas	13
3 RESULTADOS ESPERADOS	14
4 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO	15
REFERÊNCIAS	16
APÊNDICE A – Roteiro de Entrevistas	18
ANEXOS ....................................................................................................................20
1 INTRODUÇÃO
O trabalho apresentado a seguir irá discorrer acerca dos Aspectos Coercitivos da Educação Familiar na Cultura Brasileira, destacando, entre outros tópicos, os contextos em que ocorrem as práticas coercitivas na criação da criança, e os fatores que resultam na permanência deste método de criação até a atualidade. 
Para isso, é importante definir conceitos utilizados, como o de família, que vem mudando no decorrer dos séculos. Segundo Rodriguez, Gomes e Oliveira (2017), o modelo mais tradicional que conhecemos (mãe, pai e filhos vivendo no mesmo ambiente) é consequência das transformações que aconteceram durante o processo de industrialização do século XVIII. Contudo, esta definição está em constante evolução, e atualmente, uma forma mais abrangente conceitua família como “o núcleo social de pessoas unidas por laços afetivos, que geralmente compartilham o mesmo espaço e mantém entre si uma relação solidária” (Dicionário Houaiss, 2016). 
O conceito de educação familiar é dado como um conjunto de ações que partem das figuras familiares (pais ou substitutos) e que visam promover pleno desenvolvimento da criança, utilizando recursos que estão dispostos na própria família e na comunidade ao entorno, conforme Coutinho, Seabra-Santos e Gaspar (2012).
1.1 Revisão Bibliográfica
Em uma perspectiva behaviorista radical, tendo a abordagem da análise experimental do comportamento como fundamento explicativo do agir humano, é afirmado que o comportamento dos indivíduos é determinado de maneira probabilística pelas relações desenvolvidas e mantidas com seu ambiente. Há três categorias dentro das quais são abordados os eventos responsáveis pela determinação do comportamento, sendo o nível filogenético, ontológico e cultural de seleção do comportamento. A filogenia refere-se às modificações genéticas ocorridas no genoma humano ao longo da história evolutiva da espécie, considerando-se milhares de anos para a aquisição de características (BORGES E CASSAS, 2012). 
O nível ontológico refere-se aos eventos ocorridos na história de vida pessoal de cada indivíduo, e as relações estabelecidas entre o indivíduo e esses eventos serão determinantes na seleção de seu repertório comportamental, desta forma, o ser humano, ao modificar seu ambiente, é por ele modificado em uma relação bilateral contínua. O nível cultural de seleção refere-se ao valor atribuído por uma comunidade à determinadas formas de se comportar, o que influencia a maneira como certas respostas do indivíduo serão recebidas e pelo seu ambiente social - se serão reforçadas ou punidas, como citado por Borges e Cassas (2012). 
Sidman (2009) define como coerção a utilização de operações que incluam características aversivas para controle de comportamentos alheios. Essas operações podem incluir reforçamento negativo, punição positiva e punição negativa. Esclarecendo os conceitos, o autor descreve Reforçamento negativo como a remoção de estímulos aversivos pela emissão de comportamentos do indivíduo. Um exemplo desta operação seria a situação na qual uma pessoa, com dores fortes de cabeça, emite a resposta de ingerir um comprimido, e tem como consequência a retirada da dor (estímulo aversivo). 
Borges e Cassas (2012) descrevem a punição positiva como a adição de estímulos aversivos como consequência de comportamentos do indivíduo, por exemplo: a apresentação de gritos e agressão física para castigar comportamentos inadequados de outros. A punição negativa, por sua vez, é descrita como a remoção de estímulos agradáveis ao indivíduo como consequência de determinado comportamento. Um exemplo desta operação seria a retirada de um brinquedo (como videogame) de uma criança, como consequência de seu mau comportamento. Na relação entre indivíduo e seu ambiente (físico, social e cultural) há exercícios frequentes de controle comportamental por parte de terceiros: pessoas com autoridade e possibilidade de dispensar consequências aos comportamentos do indivíduo, consequências que serão responsáveis pela manutenção ou modificação desses comportamentos. Exemplos dessas relações podem incluir o contexto educacional (com os professores tendo oportunidade de reforçar positivamente as respostas de seus alunos ou de lhes repreender "maus comportamentos"). 
De acordo com Moreira e Medeiros (2007), o controle coercitivo do comportamento produz malefícios diversos para o indivíduo controlado e para quem exerce o controle, dentre eles: a ocorrência de respostas emocionais desagradáveis no sujeito punido, a supressão de comportamentos não alvejados (por exemplo, ao ser punido por ler em voz alta durante uma conversa, a criança pode parar não apenas de ler em voz alta, mas parar de ler completamente). Também mencionam o desenvolvimento de contra controle (respostas emitidas pelo sujeito controlado que possuem a função de impossibilitar o controle exercido pelo outro). Um exemplo de contra controle poderia ser a resposta de ler em voz alta durante uma conversa com fones de ouvido tocando música alta nas orelhas por parte da criança do exemplo anterior, de formaque se isentaria de ouvir as palavras de seus pais. 
Moreira e Medeiros (2007) escrevem que a despeito dos malefícios do controle aversivo, ele é predominante em nossa sociedade, em detrimento do reforçamento positivo. Isso se dá principalmente por três motivos: primeiro: a utilização de coerção resulta, em um primeiro momento, na cessão dos comportamentos punidos. Como exemplo, ao ser estapeada, uma criança poderá encerrar imediatamente o comportamento que seus pais desejarem punir. O segundo motivo para a predominância desta forma de controle é sua independência de condições prévias de privação. Para modelar um comportamento com Reforçamento positivo, é necessário antes realizar análise de quais estímulos seriam positivamente reforçadores para o indivíduo em questão. Em seguida, seria necessário considerar condições de privação, por exemplo: caso um copo de refrigerante seja reforçador para uma dada criança, o efeito Reforçador pode ser diminuído em momentos nos quais a criança estiver saciada por ter ingerido refrigerante recentemente, de forma que o estímulo Reforçador não seria eficiente a todo o tempo. O terceiro motivo pelo qual o controle aversivo é prevalecente é a facilidade de arranjo de suas contingências. A esse respeito, Moreira e Medeiros (2007) argumentam que para modificação do comportamento por Reforçamento positivo, é preciso planejar as condições de privação do indivíduo, controlar variáveis como frequência do estímulo Reforçador e dispensar Reforçamento diferencial: Reforçamento de aproximações sucessivas do comportamento do indivíduo, em direção ao comportamento desejado. Esse procedimento, apesar de eficiente e saudável, demanda tempo, paciência e cuidado, em contraste com os aparentes efeitos imediatos da punição. 
A prática da coerção se consolida culturalmente como forma válida de disciplinar e controlar comportamentos alheios, pois as aparentes vantagens do controle aversivo o tornam negativamente reforçador para aqueles que controlam o comportamento alheio. Por exemplo: ao estapear uma criança por fazer barulhos indesejáveis, o punidor tem seu comportamento de punir negativamente reforçado pela remoção do estímulo que lhe é aversivo, no caso, os barulhos indesejáveis (MOREIRA E MEDEIROS, 2007).
As aplicações da coerção podem envolver retirada de privilégios (como o acesso a televisão ou videogames) da criança punida, agressões verbais ou castigos físicos. Zottis et al. (2014) exemplificam as práticas listando palmadas leves, tapas e o ato dos pais agarrarem e sacudirem fisicamente a criança. Como exemplos de castigos corporais severos, os autores elencam o uso de objetos para agressão (como pás, escovas de cabelo e cintos) e comportamentos como o de limpar a boca da criança com sabão ou aplicar pimenta em sua língua. Zottis et al. (2014) verificaram que a agressão psicológica se torna mais frequente que o castigo corporal no decorrer da adolescência, enquanto o castigo corporal predomina durante a infância. 
Para Boas e Dessen (2019), o uso das práticas coercitivas na educação parental explicitam o fenômeno da transgeracionalidade enquanto conjunto de valores e crenças transmitidos ao longo das gerações que legitimam o uso da violência - física ou psicológica - no contexto das interações familiares colaborando para a manutenção desta prática. As figuras parentais primárias se tornam modelos a serem seguidos na constituição de uma geração secundária, logo, as práticas utilizadas pelos cuidadores tem influência direta na transmissão de padrões de comportamento que serão reproduzidos pelos pais em seus filhos. 
A respeito do que afirmam Boas e Dessen (2019) as punições físicas e castigos utilizados pelos pais como família ocorrem em diversas situações cotidianas, como a desobediência dos filhos as regras impostas, birras, ou até mesmo dependentes do estado de humor do pai/mãe, fator que tende a se agravar em casos de abuso de álcool e outras substâncias. 
Alvarenga e Carmo (2012) contribuem com um aprofundamento do tema em questão, traçando uma relação dinâmica entre os marcadores de gênero e nível socioeconômico determinantes nas práticas de regulação comportamental utilizada majoritariamente pelas mães e pais. Os pais enquadrados no nível socioeconômico baixo apresentaram maior frequência no uso de punições físicas em relação aos de nível médio/alto, a questão da escolaridade também se apresenta como variável relacionada aos resultados obtidos. 
Segundo Boas e Dessen (2019), a transmissão através das gerações das práticas punitivas não se dá por si só como antecedente para que a reprodução das punições físicas aconteça. É possível identificar que a percepção que a vítima possui da violência a que foi submetida se apresenta como fator determinante para a reprodução ou o rompimento do ciclo. 
Segundo Patias, Siqueira e Dias (2012), uma forma de focalizar essa prática foi a criação da Lei da Palmada, afinal, por mais que um costume tão enraizado não seja instantaneamente modificado com um decreto, esta lei traz destaque para o tema, e contribui para a defesa e a garantia dos direitos de crianças e adolescentes. Contudo, a discussão precisa ir além de definir as práticas violentas como eficazes ou ineficazes, uma vez que as punições físicas podem evoluir para episódios de violência física mais severa, é necessário auxiliar as famílias no uso de práticas eficazes e seguras na criação de seus filhos. 
Assim, Bossardi, Oro e Silva (2021) explicitam a necessidade da ampliação dos estudos a respeito do uso das práticas punitivas na educação parental enquanto crença cultural da população brasileira, cuja transmissão e reprodução se dá por meio da transgeracionalidade, padrões de comportamentos passados de pai/mãe para filho. No que se refere as lacunas existentes acerca do tema, as principais questões a serem explicadas são as relações estabelecidas entre o fenômeno da transmissão através das gerações e os aspectos culturais envolvidos na crença de que castigar, bater e são modelos efetivos no processo de educação dos filhos, apesar dos diversos estudos que confirmam a ineficiência das práticas coercitivas, assim como os prejuízos no desenvolvimento afetivo-emocional das vítimas de violência. 
Segundo Bossardi, Oro e Silva (2021) ao passo que existe uma saturação de dados a respeito dos efeitos colaterais negativos da violência na educação, há uma escassez no desenvolvimento de práticas alternativas às utilizadas e naturalizadas na sociedade. Além de evidenciar os danos causados pelas práticas violentas e tornar os dados acessíveis aos cuidadores, são necessárias propostas cujo objetivo seja o fortalecimento do vínculo e das relações afetivas entre os membros do núcleo familiar e o acesso da população a modelos de educação alternativos, sem o uso de práticas coercitivas e violentas, seja física ou psicológica.
1.1 Problema de pesquisa
Tendo em vista a realidade social atual, por que ainda há uma forte crença popular de que a educação familiar pela punição é eficaz? 
Quais são os fatores que mantém esta crença social de que práticas punitivas são eficientes para a educação familiar?
1.2 Hipótese
O que se percebe é que a educação pela punição aparece como um fenômeno cultural, que tem bases históricas e que são reproduzidas de geração em geração. Dessa forma, a hipótese que se coloca a respeito do estudo é de que, apesar de haver bases científicas bem estabelecidas acerca do tema que demonstram que a punição não garante aprendizado de nenhum tipo de comportamento, podendo ser ainda um fator desencadeador para uma série de consequências desfavoráveis (tanto para quem sofre a punição, quanto para quem pune), não é de conhecimento popular tais referências.
1.3 Objetivo geral
Compreender os fatores envolvidos na crença popular a respeito da perpetuação de métodos coercitivos e castigos físicos como práticas de educação parental.
1.4 Objetivos específicos
· Identificar as principais convicções populares acerca da punição na educação parental; 
· Caracterizar os processossociais envolvidos neste tipo de crença para que, ainda hoje, seja de grande influência sobre o modo como as famílias brasileiras educam; 
· Verificar as consequências das práticas punitivas para a criança que é educada desta forma. 
1.5 Justificativa
A reflexão acerca da crença popular que diz respeito a punição como uma forma de educar se faz necessária para que sejam destacadas suas consequências, visto que este formato de criação resulta em impactos negativos no comportamento e desenvolvimento da criança a longo prazo. 
Atualmente existem diversas pesquisas que discorrem sobre este tema, e destacam a presença de regressão por parte do sujeito que é punido na grande maioria dos casos, contudo, ainda existe a opinião popular errônea de que punir é uma forma assertiva de educação. Assim, mostra-se a importância de explorar o tema apresentado.
2 MÉTODO
A presente pesquisa fará uso de técnicas específicas para levantamento de dados e posterior análise das informações coletadas. Serão apresentadas a seguir as técnicas para levantamento de dados e condições para a execução do estudo de cunho quali-quantitativo.
De acordo com Figueiredo, Chiari e Goulart (2013), os sujeitos da pesquisa quali-quantitativa são pessoas complexas e em constante transformação, pertencentes a determinadas condições sociais, crenças, valores e significados, o que caracteriza o olhar desta pesquisa.
2.1 A pesquisa
Procurando adentrar as experiências práticas no campo da cultura da coerção, a pesquisa fará um estudo juntamente com profissionais da área da Psicologia e da Assistência Social que possuam atuação no atendimento a crianças em situação de vulnerabilidade social relacionado a violência familiar, para que se possa coletar informações acerca da vivência prática destes profissionais no acolhimento psicossocial e no entendimento comum no que resvala o meio social, histórico e cultural.
2.2 Sujeitos
A pesquisa conta com a participação de profissionais com experiência no acolhimento de crianças em situação de vulnerabilidade e violência doméstica. Dentre eles, serão 2 assistentes sociais, 2 psicólogos e 2 profissionais vinculados ao Conselho tutelar.
Os critérios de inclusão são: profissionais localizados na cidade de São Paulo, com idade superior a 25 anos, com tempo de atuação na área igual ou superior a 3 anos. Os profissionais da Assistência Social poderão ter experiência em dispositivos voltados à saúde e/ou atenção psicossocial, e no atendimento à crianças que passaram por educação familiar punitiva. Já os profissionais da Psicologia, independente da abordagem de atuação, também deverão ter experiência no atendimento de crianças que passaram por educação familiar punitiva.
Dentre os critérios de exclusão estão: profissionais recém formados, profissionais não residentes de São Paulo, profissionais com algum grau de parentesco ou familiaridade com os responsáveis pela pesquisa e docentes da Universidade Paulista, visto a presente relação acadêmica.
2.3 Instrumentos
Sobre os instrumentos a serem utilizados, inicialmente, a captação dos profissionais das áreas será desenvolvida por mídia digital através do e-mail ou de redes sociais, como o LinkedIn, sendo distribuído um questionário estruturado através do Microsoft Forms para que todos os profissionais convidados respondam com informações relacionadas aos critérios de inclusão e exclusão da pesquisa. O intuito é verificar previamente os critérios dos profissionais pré-selecionados para seguir a próxima etapa de entrevista somente com aqueles que atendem todos os critérios. A seguir, consta link do formulário mencionado anteriormente: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdKJleBshgldY3d-X3MVEh0bheWUXxaENcqYQE6IZEAYxO5Eg/viewform?usp=sf_link.
Com isso, o estudo contará, a seguir, com um questionário semiestruturado, tendo como foco reunir dados que buscam desenvolver a temática da violência como forma de educação familiar, buscando compreender os principais modos de educação infantil pela coerção e os fatores correlacionados que sustentam esta ideia. 
2.4 Aparatos de pesquisa
Será essencial a utilização de uma plataforma de videoconferências, como a ferramenta do Zoom, para realizar as entrevistas. Também será necessário o uso de um gravador de voz portátil para transcrição exata dos relatos, caneta e folha de papel A4 em branco para a realização do estudo. 
A entrevista será gravada de acordo com o consentimento dos participantes da pesquisa. 
2.5 Procedimentos de coleta de dados
Os dados serão coletados através de entrevista semiestruturada baseada em um roteiro de entrevistas, conforme descrito no Apêndice A. 
Com isso, a pesquisa fará uso das informações verbais trazidas pelos profissionais entrevistados, mas também as de cunho não verbais, visto que a entrevista será feita em tempo real através do aplicativo Zoom ou Google Meet.
2.6 Procedimentos de análise de dados
A partir dos dados coletados, a apuração das respostas evidenciadas no questionário será feita de forma comparativa, buscando pontos de convergência e divergência, estabelecendo assim semelhanças e diferenças no modo como os profissionais entrevistados compreendem e conceituam o tema de pesquisa. A partir dos resultados, será feita a vinculação dos resultados com perspectivas teóricas para fundamentação a partir de levantamento bibliográfico e também serão desenvolvidos infográficos com os dados expressivos da pesquisa.
2.7 Ressalvas éticas
Os participantes da pesquisa terão suas identidades preservadas e seu anonimato será garantido. Todos serão citados no presente estudo por meio de nomes fictícios.
Salientamos também que todos os participantes terão acesso ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme Anexo A, para devidas assinaturas, delimitando todos os enquadramentos da pesquisa sugerida e assegurando o caráter voluntário da mesma.
Ainda, de acordo com a resolução CNS 466/12, quanto aos riscos que toda pesquisa pode oferecer, informamos que esta pesquisa é avaliada com risco baixo. Entretanto, em função da necessidade de suporte que algum participante possa vir a precisar, a universidade disponibilizará atendimento psicológico através do Centro de Psicologia Aplicada (CPA) alocado no endereço mais próximo do participante.
Por fim, cabe esclarecer que a pesquisa em questão passará por avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa para fins de análise dos aspectos éticos que tangem o estudo e que somente terá início após aprovação do mesmo.
.
3 RESULTADOS ESPERADOS
A partir desta pesquisa, espera – se compreender os fenômenos envolvidos na crença popular a respeito de métodos coercitivos e castigos físicos como práticas de educação parental, bem como, caracterizar os processos sociais envolvidos no modo em que as famílias brasileiras educam e identificar as consequências emocionais decorrentes das práticas baseadas na punição.
Consideramos que os resultados obtidos através da pesquisa possam contribuir para o aprofundamento do debate a respeito do tema, assim como colaborar com a produção científica dos estudos em Psicologia.
4 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
REFERÊNCIAS
ALVARENGA, P. CARMO, B. H. P. Práticas educativas coercitivas de mães de diferentes níveis socioeconômicos. Estudos de Psicologia, Bahia, v. 17, n. 2, p. 191-197, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/epsic/a/7JyDvz8v7PtbmxkvXtyYQLm/abstract/?lang=pt. Acesso em: 09 mai. 2022.
BORGES, N. B. CASSAS, F. A. Clínica analítico comportamental. Artmed, Porto Alegre, 2012. 
BOSSARDI, N. C.; ORO, Z. G.; SILVA, C. A. Aspectos intergeracionais de famílias em situações de violência. Pensando famílias, [S.I.], v. 25, n. 2, p. 239-255, 2021. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1679-494X2021000200017. Acesso em: 30 abr. 2022. 
COUTINHO, I.; SEABRA-SANTOS, M.; GASPAR, M. Educação parental com famílias maltratantes: Que potencialidades? Análise Psicológica, Coimbra, v. 30, n. 4, p. 405-420, 2012. Disponível em: http://publicacoes.ispa.pt/index.php/ap/article/view/601.Acesso em: 30 abr. 2022.
FIGUEIREDO, M; CHIARI, B; GOULART, B. Discurso do Sujeito Coletivo: uma breve introdução à ferramenta de pesquisa qualiquantitativa. Distúrbios da Comunicação, São Paulo, v. 25 n. 1, p. 129-136, abr. 2013. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/dic/article/view/14931/11139. Acesso em: 02 out. 2022.
MOREIRA, M.B. MEDEIROS, C. A. Princípios básicos de análise do comportamento. Artmed, 2007. 
PATIAS, N. D.; SIQUEIRA, A. C.; DIAS, A. C. Bater não educa ninguém! Práticas educativas parentais e coercitivas e suas repercussões no contexto escolar. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 38, n. 04, p 981-996, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ep/a/G3mWcTWFjDksB4J7hbLNndP/abstract/?lang=pt. Acesso em: 25 abr. 2022.
RODRIGUEZ, B. C.; GOMES, I. C.; OLIVEIRA, D. P. Família e nomeação na contemporaneidade: uma reflexão psicanalítica. Est. Inter. Psicol. Londrina, v. 8, n. 1, p. 135-150, 2017. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-64072017000100009. Acesso em: 29 abr. 2022.
SIDMAN, M. Coerção e suas implicações. Editora Livro Pleno: 2009. 
ZOTTIS, G. A. H. et. al. Associações entre práticas de disciplina infantil e comportamento de bullying em adolescentes. J Pediatr, Elsevier Editora, Rio de Janeiro, v. 90, n.4, p. 408-414, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jped/a/wMXQwRnnZRQTcVcCVnPf8zL/?lang=en. Acesso em: 15 abr. 2022.
APÊNDICE A – Roteiro de Entrevistas
APRESENTAÇÃO DO ENTREVISTADO(A)
1 - Quantos anos você tem?
2 - Qual é a sua formação? Qual foi o ano de sua formação?
3 - Por quantos anos atuou ou tem atuado na área institucional comunitária?
CONCEITUAÇÃO DA TEMÁTICA
4 - De acordo com sua experiência, de que modo o desenvolvimento infantil é influenciado pelo uso de punição?
5 - De acordo com seu conhecimento e experiência, há influências no desempenho social (relacionamentos interpessoais) da criança pela educação coercitiva?
6 - De acordo com seu conhecimento e experiência, há influências no desempenho acadêmico da criança pela educação coercitiva?
7- Há alterações na relação entre a criança e seus cuidadores decorrentes do uso de punição como medida educativa?
8 - De acordo com seu conhecimento, a punição constitui uma forma eficiente de disciplina e educação infantil?
9 - Como você descreveria os efeitos da punição?
CARACTERIZAÇÃO DOS EFEITOS DA COERÇÃO
10 - De acordo com sua experiência, de que modo o desenvolvimento infantil é influenciado pelo uso de punição?
11 - De acordo com seu conhecimento e experiência, há influências no desempenho social (relacionamentos interpessoais) da criança pela educação coercitiva?
12 - De acordo com seu conhecimento e experiência, há influências no desempenho acadêmico da criança pela educação coercitiva?
13 - Há alterações na relação entre a criança e seus cuidadores decorrentes do uso de punição como medida educativa?
14 - De acordo com seu conhecimento, a punição constitui uma forma eficiente de disciplina e educação infantil?
15 - Como você descreveria os efeitos da punição?
LEVANTAMENTO DE EXPERIÊNCIA NA ÁREA
16 - Em sua atuação, você se recorda de casos em que a relação entre Criança e cuidadores fosse marcada pelo uso de castigos?
17 - Em sua atuação, você se recorda se os castigos eram principalmente físicos ou verbais?
18 - Em sua atuação, como a ocorrência de punições severas por parte dos cuidadores se fazia notar?
CONTINUIDADE DO USO DE TÉCNICAS COERCITIVAS NA EDUCAÇÃO FAMILIAR
19 - De acordo com seu conhecimento, é possível educar uma criança sem uso de técnicas punitivas?
20 - De acordo com sua experiência ou conhecimento, por que a punição se mantém presente na educação familiar brasileira?
21 - Você considera a cultura como fator relevante na continuidade do uso de punição na educação familiar?
22 - Você considera que a produção de conhecimento sobre a punição e seus efeitos impacta a frequência de seu uso nas famílias brasileiras?
ANEXOS

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