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Texto 2 - Fichamento - Agroestratégias e desterritorialização Direitos territoriais e étnicos na mira dos estrategistas dos agronegócios

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Acadêmico: Jéfferson Adriano Ferreira			4° Ano			Geografia
Professor: Dr. Marcelo Barreto
VÁRIOS AUTORES. “Capitalismo Globalizado e Recursos Territoriais”. Rio de Janeiro: Lamparina, 2010.
Agroestratégias e desterritorialização: Direitos territoriais e étnicos na mira dos estrategistas dos agronegócios
Inicialmente o autor faz suas considerações sobre oque são as agroestratégias, as mesmas correspondem a um conjunto de discursos e de ações ditas empreendedoras, sua abrangência vai de estudos de projeção até ajustes na carga tributária de insumos utilizados em produtos alimentares considerados básicos, seus estudos atuam sobre agencias reguladoras, como é o caso da bolça de valores além de empresas com grande poder de representatividade no setor agropecuário, compreendem também conjuntos de iniciativas com intuito de remover empecilhos jurídico-formais à expansão dos cultivos de grãos e aumento de áreas para cultivo, com interesses industriais.
Esses estudos e pesquisas, têm direcionado para o caminho das agroestratégias, reforçando a finalidade de influenciar na criação de políticas governamentais, se utilizando de seus próprios planos, programas e projetos para o setor agrícola; além de dar prioridade na agenda oficial a concessão de terras públicas e isenção de carga tributárias, essas agroestratégias regem também a iniciativa de implantação de empreendimentos agroindustriais.
O autor comenta ainda que as agroestratégias desconsideram a lógica de utilização de recursos naturais, tanto pelas unidades de trabalho familiar quanto por povos tradicionais que habitam localidades que os interesses dos agronegócios e de mineradoras pretendem adicionar a seus empreendimentos.
Na sequência o autor adentra a chamada “crise alimentar” a mesma estaria formulada sobre duas contradições, a primeira seria a oposição entre o mercado de commodities e o mercado segmentado – conflitos entre grades monocultores e povos/comunidades tradicionais –, a segunda a produção de biocombustível e a produção de alimentos.
Com relação a primeira contradição, está ligada a escassez de combustíveis, principalmente os fósseis, e à emergência de biocombustíveis ou também chamados de “combustíveis verdes”, que agora possuem uma demanda empresarial, o etanol é um exemplo, necessita de uma expansão das áreas para seu cultivo, além de outros vegetais que futuramente poderão ser utilizados na produção de biocombustíveis.
Para a segunda contradição, o autor explica que existe uma elevação dos preços das commodities minerais e agrícolas, ocorrem intensificações das concessões e os incentivos para atividade mineradora, a produção de grãos e carne in natura, além de insumos para industrias de papel e celulose. Para ele, ambas as vertentes, biocombustíveis ou commodities mineroagropecuária, necessitam de imensas áreas de terras e se encontram em expansão.
Na sequencia o autor menciona a crise alimentícia que estamos enfrentando, preços altos, baixa produção, o aumento da produção de biocombustíveis e a redução das áreas de culturas alimentares. Essa alta produção de biocombustíveis é classificada pelo relator especial da ONU como “crime contra a humanidade” devido ao impacto que essa produção tem em relação ao preço dos alimentos em todo mundo, as terras estão sendo dedicadas a produção dos biocombustíveis e não mais para produção de alimentos, para ele o aumento dos preços contribuem para um “distúrbio social”. Destaca também comentários feitos por outras entidades e governos, com é o caso do presidente francês, o diretor geral da FAO, relatório do Bird.
Por outro lado, o governo brasileiro da época, juntamente com economistas com cargos em agências multilaterais, menciona que acusar os biocombustíveis de provocar disputa de preços dos alimentos não seria correto, pois seria uma manobra dos setores agropecuários de países desenvolvidos, que recebe subsídios de seus governos. Os argumentos mostram que a produção de etanol no Brasil ocupa-se de apenas 1% das áreas agricultáveis em contrapartida nos Estados Unidos os biocombustíveis impedem a produção de alimentos.
Porém a um consenso no que diz respeito a escassez de alimentos, e que, se mantidas as atuais condições de demanda, a reposição dos estoques durará apenas alguns anos, assim sendo, é um problema de máxima urgência.
O autor chama de uma “agroestratégia com visão triunfalista do agronegócio”, o que ocorre no Brasil, pois existe uma visão que o país, com seu potencial agrícola, a terra seria um bem ilimitado e permanentemente disponível; Com essa visão o Brasil vem modificando os tratamentos que são dados a assuntos como é o caso das questões socioambientais e seus impactos, que são provocados pelos grandes empreendimentos. Assim toda extensão de terra é considerada disponível para a expansão dos agronegócios.
Com intuito de beneficiar a “segurança alimentar”, as regiões definem as formas de expansão de suas plantações ou de incorporação de novas terras a suas empresas.
Existe uma espécie de colonialismo, que se dá através dos atos de compra e vendas de terras agricultáveis, os países, segundo o autor, aceitam ser conquistados, o alimento está se tornando um novo petróleo.
O autor finaliza a primeira parte de seu artigo mencionando que, em situações em que o aumento da demanda de novas terras acarreta uma tendência do aumento dos preços das terras, há um impulso no valor de áreas agrícolas que se mostra a partir das altas cotações no setor de grãos, na expansão canavieira e dos incentivos aos biocombustíveis. E que muito embora não existam muitas informações estatísticas para comprovar que existe uma concentração fundiária em expansão, o autor menciona o Censo de 2006, que mostram elevados números de concentração propriedades.
As campanhas de desterritorialização: Agronegócio e reestruturação do mercado de terras
Nesta segunda etapa do artigo, o autor defini o termo desterritorialização, que para ele, “...conjunto de medidas adotadas pelos interesses empresariais, vinculados aos agronegócios, para incorporar novas terras a seus empreendimentos econômicos, sobretudo na região amazônica...”.
O que está ocorrendo é uma liberação das terras indígenas, quilombolas, seringueiros, faxinais, ribeirinhos; os obstáculos estão sendo derrubados no que diz respeito as medidas jurídico-formais e político-administrativas e torna-se preocupante o avanço das pastagens sobre as áreas de florestas e locais de preservação ambiental. A justificativa para isso seria que essas áreas retiram do mercado grandes extinções de terras e impedem o ingresso de novas áreas no mercado.
O autor demonstra que os agroestrategistas atuam em pautas como mostradas abaixo, sempre com intuito de expansão de terras.
* A redefinição de Amazônia Legal;
* A redução da reserva legal dos imóveis rurais;
* A liberação de critérios para quem pratica crime ambiental;
* Privatização de terras públicas sem licitação na Amazônia;
* A redução da faixa de fronteira internacional;
* A ação empresarial em terras indígenas.
	
	Com relação a áreas de quilombos, o alto faz uma análise mais aprofundada. Mostrando uma estatística de quantidades de quilombos existentes no país. E também são áreas vitimadas por agroestrategistas.
Modalidade de apropriação de terras por estratégias empresariais diferenciadas e seus efeitos sobre os direitos territoriais.
	
Na última parte do artigo, o autor mostra duas vertentes com suas respectivas variações, com intuito de explicar a intensificação dos conflitos e tensões sociais no campo.
A primeira diz respeito a elevação geral dos preços das commodities agrícolas e minerais, com isso existe um aumento do crescimento do agronegócio, assim aumentando a demanda por terras, para fins de extração de minérios e também para grandes plantações para fins industriais. Os preços das terras se elevam, sobretudo na região amazônica, juntamente com os índices de desmatamentos na região, para formações de pastagens. Na região do Pantanal abre-se para o plantio de cana-de-açúcar. Existe uma intensificação do uso de sementesgeneticamente modificadas, mostrando que existe uma preocupação em obter uma produção cada vez maior de gêneros alimentícios, isso demonstra a escassez desses recursos. Como uma terceira variação dessa vertente o autor menciona a ação dos fundos florestais, esses fundos são “aliados” da indústria brasileira de papel e celulose, pois operam na expansão da demanda por madeira ou irão provocar o mercado secundário de madeira.
Em uma segunda vertente é definida como as novas modalidades de intervenção na questão ambiental por parte de órgãos do governo, além de agências de financiamentos e de grandes empreendimentos bancários, existiriam créditos de carbono concedidos a projetos que preservem o promovam o reflorestamento. Para manter as florestas intactas são oferecidos incentivos financeiros.
Para essa vertente existiria também uma variação, descrita pelo autor como a existência de empresas de biotecnologias, além de laboratórios farmacêuticos e industrias de cosméticos que possuem uma demanda pelas florestas rumariam para recursos genéricos de espécies silvestres, a partir das quais são feitos pesquisas, coletas e desenvolvimentos de novos produtos.
Resumidamente o autor comenta a existência de duas estratégias empresariais voltadas para recursos da natureza, e são contraditórias, “colonialismo verde” e “carne verde” ambas convergem em direção as terras e florestas e seus recursos, como resultado tem-se a alta do mercado de terras. Alguns preços de commodities são reguladas pelo preço das terras, como é o caso da soja, que ocupa 47% do total das áreas de plantio de grãos.
Finalizando o autor fala sobre existência de argumentos que o setor ocupara 30% da superfície do Brasil, sobe esse pensamento triunfalista os povos indígenas e quilombola são considerados como obstáculos à expansão ou à implementação dos agronegócios e as livres transações de terras. Essas pessoas são vistas como uma mera extensão dos recursos naturais, esse fato agrava ainda mais os conflitos socais que ocorrem no campo. Esses povos e seus direitos são controlados pelas estratégias do agronegócio que se articulam.
No Brasil existe uma quantia considerável de áreas com maior cobertura vegetal, como florestas e cursos d’água preservados sob o controle de povos e comunidades tradicionais. Assim o acesso a essas terras e também as da união devem ser mediados pelos conjuntos de direitos que esses povos e comunidades conquistaram a partir da constituição de 1988.
Minhas considerações: Encontrei uma certa dificuldade na compreensão do texto, porém com as aulas em sala acredito que essa dificuldade seja suprimida. Pontos que foram discutidos na aula do dia 06 e 13 de setembro foram de grande valia para ajudar na compreensão do artigo e dos temas abordados.

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