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PROCESSO PENAL 2 PROCESSO PENAL INQUÉRITO POLICIAL CARACTERÍSTICAS DO IP INQUISITIVO Por se tratar meramente de um procedimento administrativo, não há formalmente uma acu- sação. Se não há nenhum acusado, não há que se falar em exercício de contraditório, nem de ampla defesa. Logo, não há partes no IP, por isso o requerimento de diligências é direcionado à autoridade policial, que poderá ou não acatar o pedido. Perceba que este procedimento concentra poder na figura do delegado, dispensando-lhe plena autonomia na condução do IP. Como consectário lógico, é possível inferir que cada crime acontece de modo peculiar, não havendo que se falar em crimes idênticos. Por mais que se tente provocar condutas criminosas de modo similar, cada crime é um crime. Por isso, é conferido ao delegado de polícia discricionarie- dade no que tange às diligências, não existindo nenhum tipo de rito procedimental específico a ser seguido pelo delegado. ATENÇÃO! Quando a lei previr, expressamente, que o procedimento investigativo deverá admitir o contraditório e a ampla defesa, tais direitos deverão ser oportunizados a parte, como acontece no inquérito de estrangeiro (Lei nº 13.445/2017). Vale destacar que a Lei nº 13.245 de 2016 inovou diversos dispositivos do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, dentre eles: Art. 7º. São direitos do advogado: [...] XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: a) apresentar razões e quesitos; [...] O interrogatório realizado na fase de inquérito não se confunde com o interrogatório na fase processual. No IP, o advogado tem direito de acompanhar seus clientes durante a oitiva, perante a autoridade investigante. O obstáculo à presença do advogado gera nulidade do ato e dos demais que dele decorram (princípio da consequencialidade). No entanto, não havendo a presença do advogado, ainda assim é possível a licitude da oitiva do suspeito, o que não acontece no processo. Essa inovação fomenta a ideia trazida pela doutrina de Freddie Didier Junior, o qual ressalta haver um movimento que assegure o contraditório e a ampla defesa ainda na fase de Inquérito. Ainda assim, trata-se de corrente minoritária. INQUérITO POlIcIal 3 A Lei nº 13.964/2019 tratou dos servidores integrantes do quadro de segurança pública no Brasil, quando investigados criminalmente. O art. 14-A atribui a defesa técnica, ainda que em sede de delegacia. Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos poli- ciais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor. § 1º - Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da ins- tauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação. § 2º - Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do investigado. § 3º - Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do § 2º deste artigo, a defesa caberá preferencialmente à defensoria pública, e, nos locais em que ela não estiver instalada, a União ou a Unidade da Federação correspondente à respectiva competência territorial do procedimento instaurado deverá disponibilizar profissional para acompanha- mento e realização de todos os atos relacionados à defesa administrativa do investigado. § 4º - A indicação do profissional a que se refere o § 3º deste artigo deverá ser precedida de manifestação de que não existe defensor público lotado na área territorial onde tramita o inquérito e com atribuição para nele atuar, hipótese em que poderá ser indicado profissional que não integre os quadros próprios da Administração. § 5º - Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública, os custos com o patrocínio dos interesses dos investigados nos procedimentos de que trata este artigo correrão por conta do orçamento próprio da instituição a que este esteja vinculado à época da ocorrência dos fatos investigados. § 6º - As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões para a garantia da lei e da ordem. EScrITO Em regra, todos os atos do inquérito devem ser reduzidos a termo para que haja segurança em relação ao seu conteúdo. É o que diz a regra do art. 9º do CPP, de modo que não se admite, por ora, que o delegado se limite a filmar os depoimentos e encaminhar cópia das gravações ao Minis- tério Público. Nada impede, entretanto, que as filmagens e gravações sejam enviadas em caráter complementar às oitivas. Segundo o art. 9º do CPP, “todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade”. ATENÇÃO! De acordo com o Art. 405 do CPP, existem diligências que não são realizadas por escrito, portanto, no caso de um interrogatório, pode-se utilizar meio audiovisual e ser encaminhado junto com o Relatório ao MP, no entanto, ainda assim, deve-se reduzir tudo a termo. 4 DIScrIcIONÁrIO Nas palavras de Di Pietro, trata-se da margem de conveniência e oportunidade, ou seja, liber- dade dentro da lei. O delegado não tem o dever de seguir uma sequência de atos, ele deve, estra- tegicamente, determinar diligências de acordo com o que os fatos indicam. O Artigo 6º do CPP determina um rol exemplificativo de diligências a serem seguidas, mas ordinariamente não há um rito específico para ser seguido pelo delegado. Aqui se aponta que o início do IP, em regra, é avaliado pelo delegado, visto que o requerimento das partes para a propositura de abertura do IP pode ser indeferido pelo delegado, caso entenda que esse requerimento é impertinente. No entanto, nos crimes vestigiais ou não transeuntes, a implementação do IP é OBRIGATÓRIA e o delegado não pode se negar a realizar (art. 158 do CPP). Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. ATENÇÃO! Da negativa do delegado em instaurar o IP, o requerente poderá interpor recurso ao CHEFE DE POLÍCIA (Art. 5º, §2º do CPP). Para Tourinho Filho, caberá também recurso ao chefe de polícia, por analogia, quando houver indeferimento de diligências. No caso do Juiz ou Promotor, requisitar a realização de uma diligência ao delegado de polícia, não pode o delegado negar, visto que requisição é sinônimo de ordem (art. 13, II do CPP), sob pena de cometimento do crime de PREVARICAÇÃO, sem prejuízo da infração administrativa cabível. Mas cuidado, não há hierarquia entre juiz ou promotor e delegado, o que acontece é que a norma legal determina isso. Vale ressaltar que o Cespe trouxe à tona o posicionamento de uma hipótese em que o delegado pode se negar a realizar o IP, quando da requisição do MP ou do Juiz for manifes- tamente ilegal.
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