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Apostila Direito penal parte geral 4,3

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DIREITO PENAL – 
PARTE GERAL
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1. CULPABILIDADE
Este elemento do crime tem como pressuposto lógico a liberdade de escolha do indivíduo 
no ato da prática de uma conduta. A doutrina conceitua como “a capacidade antropológica de se 
determinar no sentido da norma jurídica”.
Evidentemente, a responsabilidade penal só pode recair sobre aquele que possui aptidão de 
dominar os seus instintos (físicos e psíquicos) para praticar uma conduta. Em resumo, precisa ser 
livre para decidir (livre-arbítrio).
Como fator preponderante na análise dos elementos do crime, é imperioso, diante do caso 
concreto formalizar a seguinte indagação: “Poderia o agente agir de outra forma?”.
2. ELEMENTOS DA CULPABILIDADE
2.1. IMPUTABILIDADE
Consiste na capacidade de autodeterminação, ou o conjunto de condições que permitem ao 
agente a faculdade de atuar de modo distinto, permitindo que a responsabilidade penal possa recair 
sobre quem praticou a conduta.
A nossa construção legislativa não laborou no sentido de apresentar um conceito claro de 
imputabilidade mas, apresenta diretamente hipóteses de inimputabilidade.
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de 
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não 
era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo 
com esse entendimento.
Menores de dezoito anos
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às 
normas estabelecidas na legislação especial.
2.2. POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
Para que o fato típico e contrário ao Direito possa ser reprovado ao agente que o praticou, é 
necessário que ele conheça ou possa conhecer justamente tal natureza ilícita.
Em resumo, o juízo de censura pressupõe que o agente saiba ou possa atingir a percepção de 
que o fato que praticou era antijurídico. A ausência ou a errônea compreensão acerca da natureza 
ilícita do fato acarreta aquilo que se denomina de erro sobre o que é proibido (erro de proibição).
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, 
isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço
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Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a cons-
ciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa 
consciência.
O erro de proibição é o equívoco que incide sobre o juízo de ilicitude de um comportamento 
criminoso. O agente tem perfeitamente formada a representação da sua conduta, mas acredita que 
o comportamento não constitui crime.
2.3. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
Neste requisito, deve-se analisar sobre a viabilidade e possibilidade do agente ter agido de 
outra forma, ou seja, se o agente poderia agir de acordo com o direito, e não praticando uma con-
duta antijurídica.
Como nosso raciocínio para (des)construção da teoria do crime é inverso, é imperioso analisar 
os fatores que ensejam no afastamento deste requisito, quando se identifica na casuística que o 
agente não poderia agir de outra forma (o que se denomina de inexigibilidade de conduta diversa).
A Lei Penal apresenta duas figuras neste espeque: a) a coração moral irresistível e b) obediência 
hierárquica a ordem não manifestamente ilegal.
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não 
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
A) COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL
Trata-se de situação que não permite ao indivíduo agir de outra forma, uma vez que a prática 
da conduta se deu de uma forma que em que não se poderia exigir do indivíduo comportamento 
diverso.
Aqui, o comportamento do agente é viciado pois ele age impelido por uma ameaça de mal 
sério (vis compulsiva).
A coação deve ser irresistível quando não pode ser superada, senão com uma energia extraor-
dinária, portanto, juridicamente inexigível.
Excluída a culpabilidade do cato, deverá o coator responder pelo delito.
Aqui, estamos diante do que se denomina de autoria mediata.
CUIDADO!
A coação moral irresistível, exclui a CULPABILIDADE, enquanto que a coação física irre-
sistível representa uma causa de exclusão da conduta, afastando, pois, o FATO TÍPICO.
B) OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA
Neste requisito, deparamo-nos com a situação de hierárquica entre superior e subordinado. 
Dessa forma, não pode o funcionário questionar a determinação recebida pelo superior, salvo se 
claramente ilegal.

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