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SOLDAGEMSOLDAGEM Soldagem Marco Antonio Suñer Arrabal Mario Sergio Della Roverys Coseglio Marco Antonio Suñer Arrabal Mario Sergio Della Roverys Coseglio GRUPO SER EDUCACIONAL gente criando o futuro Soldagem é arte, tecnologia e ciência. Requer a manipulação hábil dos equipamentos de solda, bem como um conhecimento profundo dos processos e das características do material que está sendo usado. A disciplina de Soldagem serve como uma introdu- ção ao currículo de Engenharia Mecânica e tem como objetivo preparar os alunos para as demais disciplinas, mais voltadas para os processos, a metalurgia e os projetos, que são obrigatórias e fazem parte da grade do curso. Neste curso, os fundamentos e conceitos básicos da soldagem são enfatizados, en- quanto muitos dos detalhes são intencionalmente omitidos. Portanto, embora não se destine a servir como um manual, recomenda-se sua leitura para mais informações e maiores detalhes. Embora seja destinado a estudantes de engenharia, este curso também deve servir como um guia útil para outros engenheiros, técnicos e especia- listas que trabalham no campo da soldagem e que buscam compreender os conceitos fundamentais a esta prática. SER_ENGMEC_SOLDA.indd 1,3 15/07/2020 12:33:03 © Ser Educacional 2020 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE – CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Shutterstock Presidente do Conselho de Administração Diretor-presidente Diretoria Executiva de Ensino Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Diretoria de Ensino a Distância Autoria Projeto Gráfico e Capa Janguiê Diniz Jânyo Diniz Adriano Azevedo Joaldo Diniz Enzo Moreira Marco Antonio Suñer Arrabal Mario Sergio Della Roverys Coseglio DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. Boxes ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. Unidade 1 - Soldagem a arco elétrico Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12 Soldagem a arco elétrico ................................................................................................... 13 Fundamentos da soldagem ............................................................................................ 15 O arco elétrico aplicado à soldagem ............................................................................... 18 Coluna de plasma ............................................................................................................ 19 Abertura e manutenção ................................................................................................ 21 Jato de plasma ................................................................................................................. 25 Característica estática do arco elétrico .......................................................................... 31 Fonte de energia .............................................................................................................. 32 Tipos de controle ............................................................................................................. 37 Transferência metálica ....................................................................................................... 40 Tipos de transferência metálica .................................................................................. 41 Estabilidade nos processos de soldagem ................................................................... 42 Sintetizando ........................................................................................................................... 44 Referências bibliográficas ................................................................................................. 45 Sumário Sumário Unidade 2 – Fontes de energia para soldagem Objetivos da unidade ........................................................................................................... 48 Fontes de energia para soldagem ..................................................................................... 49 Fontes elétricas .................................................................................................................... 49 Fontes para soldagem a arco ........................................................................................ 49 Fontes para soldagem por resistência ........................................................................ 59 Fontes para soldagem por eletroescória .................................................................... 62 Fontes químicas .................................................................................................................... 63 Soldagem a gás oxicombustível ................................................................................... 63 Soldagem aluminotérmica ............................................................................................. 65 Fontes de energia focada.................................................................................................... 67 Soldagem a laser ............................................................................................................. 67 Soldagem com feixe de elétrons .................................................................................. 67 Fontes mecânicas e fontes no estado sólido .................................................................. 69 Soldagem por fricção ..................................................................................................... 69 Soldagem por ultrassom ................................................................................................ 71 Soldagem por explosão .................................................................................................. 71 Soldagem por difusão ..................................................................................................... 73 Sintetizando ........................................................................................................................... 77 Referências bibliográficas ................................................................................................. 78 Sumário Unidade 3 – Tensões residuais, distorções e automação da soldagem Objetivos da unidade ........................................................................................................... 80 Tensões residuais e distorções em soldagem ................................................................ 81 Desenvolvimento de tensões residuais em soldas .................................................... 82 Consequências das tensões residuais ........................................................................ 86 Distorções .........................................................................................................................89 Controle das tensões residuais e distorção ............................................................... 90 Exercícios ......................................................................................................................... 92 Automação da soldagem..................................................................................................... 93 Fundamentos .................................................................................................................... 93 Equipamentos ................................................................................................................... 96 Programação de robôs para soldagem ..................................................................... 102 Aplicações industriais .................................................................................................. 103 Exercícios ....................................................................................................................... 103 Sintetizando ......................................................................................................................... 105 Referências bibliográficas ............................................................................................... 106 Sumário Unidade 4 – Normas, qualificação e custos em soldagem a arco Objetivos da unidade ......................................................................................................... 108 Normas e qualificação em soldagem ............................................................................. 109 Normas em soldagem ................................................................................................... 111 Qualificação e certificação ......................................................................................... 111 Qualidade da solda e inspeção ................................................................................... 116 Custos em soldagem a arco.............................................................................................. 124 Custos de mão de obra ................................................................................................. 125 Custos de consumíveis ................................................................................................. 127 Custos de energia ......................................................................................................... 130 Custos de depreciação ................................................................................................. 131 Custos de manutenção ................................................................................................. 131 Exemplo ........................................................................................................................... 131 Sintetizando ......................................................................................................................... 136 Referências bibliográficas ............................................................................................... 137 Soldagem é arte, tecnologia e ciência. Requer a manipulação hábil dos equi- pamentos de solda, bem como um conhecimento profundo dos processos e das características do material que está sendo usado. A disciplina de Soldagem serve como uma introdução ao currículo de Engenharia Mecânica e tem como objetivo preparar os alunos para as demais disciplinas, mais voltadas para os processos, a metalurgia e os projetos, que são obrigatórias e fazem parte da grade do curso. Neste curso, os fundamentos e conceitos básicos da soldagem são enfatiza- dos, enquanto muitos dos detalhes são intencionalmente omitidos. Portanto, embora não se destine a servir como um manual, recomenda-se sua leitura para mais informações e maiores detalhes. Embora seja destinado a estudan- tes de engenharia, este curso também deve servir como um guia útil para ou- tros engenheiros, técnicos e especialistas que trabalham no campo da solda- gem e que buscam compreender os conceitos fundamentais a esta prática. SOLDAGEM 9 Apresentação Dedico este livro inicialmente a Deus, pois sem Ele não seria possível seguir com paz e serenidade esta jornada. Também dedico à minha querida, amada e dedicada esposa Silvana, pelo incentivo, paciência e amor de todas as horas. O professor Marco Antonio Suñer Arrabal é engenheiro mecânico pela Faculdade de Engenharia Industrial - FEI (1990) e técnólogo em Gestão da Qualidade pelo Instituto Paulista de Ensino e Pesquisa (2008). Atualmente, é membro da SAE BRASIL (Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade) e da ABNT (Associação Brasileira de nor- mas técnicas), atuando na elaboração de normas técnicas da área de máqui- nas rodoviárias através do CB-48 da ABIMAQ (Associação Brasileira da In- dústria de Máquinas e Equipamentos). SOLDAGEM 10 O autor Dedico este livro a você, aluno. Que através dele eu possa despertar sua curiosidade e incentivar a busca contínua pelo conhecimento técnico e desenvolvimento pessoal e profi ssional. O Professor Mario Sergio Della Ro- verys Coseglio é Doutor em Enge- nharia de Materiais e Metalúrgica pela Universidade de Birmingham (Reino Unido), possui mestrado em Engenha- ria Mecânica e de Materiais pela Univer- sidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e é graduado em Engenharia Mecânica pela UTFPR. Possui mais de 10 anos de experiência nas áreas de projetos de estruturas, engenharia in- dustrial e engenharia de manufatura de componentes plásticos e metálicos. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0954724731562843 O autor SOLDAGEM 11 SOLDAGEM A ARCO ELÉTRICO 1 UNIDADE Objetivos da unidade Tópicos de estudo Conhecer a história da soldagem a arco elétrico e da soldagem em geral; Fundamentar os princípios físicos da soldagem a arco elétrico; Apresentar as fontes de energia utilizadas na soldagem a arco elétrico; Demonstrar as forças que governam a transferência metálica; Conhecer a capacidade de estabilidade do processo de soldagem. Soldagem a arco elétrico Fundamentos da soldagem O arco elétrico aplicado à soldagem Coluna de plasma Abertura e manutenção Jato de plasma Característica estática do arco elétrico Fonte de energia Tipos de controle Transferência metálica Tipos de transferência metálica Estabilidade nos processos de soldagem VIDEOAULA Clique aqui SOLDAGEM 13 Soldagem a arco elétrico A evidência mais antiga de soldagem pode ser encontrada durante a Ida- de do Bronze (de 3000 a.C. a 1200 a.C.), quando pequenas caixas de ouro eram fabricadas por soldagem sob pressão. Os egípcios e outras civilizações antigas da região do Mediterrâneo usavam a soldagem para confeccionar es- padas, machados, escudos e outras armas de ferro, durante a Idade do Ferro (de 500 a.C. a 332 a.C.). A soldagem deu um salto durante a Idade Média (de 476 d.C. a 1453), quan- do os ferreiros a utilizavam para produzir tudo, desde ferramentas agrícolas até armas. Os ferreiros criavam ferramentas e armas em ferro, aquecendo o metal e martelando-o no formato desejado. A Idade Média trouxe a sol- dagem forjada e o desenvolvimento da arte da ferraria. Para criar a união entre os metais, os ferreiros utilizavam a técnica de martelar repetidamente o metal quente. A indústria surgiu e continuou a crescer durante os séculos vindouros, mas foi no século XIX (de 1801 a 1900) que a soldagem foi desenvolvida como a conhecemos atualmente. Foi neste século que a soldagem a arco elétrico foi inventada. Várias formas de soldagem a arco foram desenvolvidas no início do século XIX. O químico inglês Sir Humphry Davy (1778 – 1829) foi o primeiro a utilizar eletrodos para produzir um arco elétrico, no ano de 1801. O químico inglês Edmund Davy (1785 – 1857), seu primo, melhorou essa descoberta em 1836, quando descobriu o acetileno, um gás utilizado até hoje na soldagem para criar uma chama aberta. ASSISTATodos os processos de soldagem, inclusive a soldagem a arco elétrico, possuem riscos químicos e físicos prejudiciais à saúde. Neste vídeo da FUNDACENTRO, podemos conhecer estes riscos e as melhores maneiras de evitá-los. A invenção do gerador elétrico, em 1831, pelo físico e químico inglês Michael Faraday (1791 – 1867), facilitou ainda mais o desenvolvimento da soldagem a arco elétrico. O inventor russo Nikolay Nikolayevich Benardos (1842 – 1905) e o engenheiro polonês Stanislaus Olszewski (1852 – 1898) VEJA + Clique aqui SOLDAGEM 14 inventaram, em 1881 (e garantiram patentes em 1885, na Inglaterra, e em 1887 nos Estados Unidos), uma máquina de solda a arco elétrico com eletro- do de carbono. A soldagem a arco elétrico passou por mais melhorias quando, em 1890, o inventor estadunidense Charles L. Coffin (1865 – 1901) desenvolveu um eletrodo de metal para substituir o eletrodo de carbono. Dez anos depois, foram introduzidos eletrodos revestidos com uma camada argilosa (cal), para produzir um arco mais estável. Em 1904, o inventor inglês Arthur Percy Strohmenger (1876 – 1943) e o empresário sueco Oscar Kjellberg (1870 – 1931), fundador da empresa ESAB, lançaram na Inglaterra o primeiro eletrodo de metal revestido do mundo, que fornecia um arco elétrico mais estável ainda. Em 1905, o físico bielor- russo Vladimir Mitkevich (1872 – 1951) propôs a utilização do arco elétrico trifásico para soldagem. Os avanços continuaram, e a soldagem por corrente alternada (CA) foi inventada em 1919, pelo inventor estadunidense Claude Joseph Holslag (1885 – 1945), mas não se tornou popular até a década de 1930, quando o eletrodo de revestimento pesado foi difundido. O advento da Primeira Guerra Mundial causou um grande aumento no uso dos processos de soldagem, com as várias potências militares tentando determinar qual dos vários novos processos seria o melhor. Em 1920, os ingleses usavam principalmente a soldagem a arco elétrico e até realizaram a construção do primeiro navio do mundo com o casco totalmente soldado, o Fullagar. A soldagem a arco elétrico também foi aplicada pela primeira vez em aeronaves durante a guerra, quando algumas fuselagens de aviões ale- mãs foram construídas utilizando esse processo. Ainda na década de 1920, mais precisamente em 1927, a primeira ponte rodoviária soldada do mundo, a Maurzyce Bridge foi projetada pelo enge- nheiro polonês Stefan Bryła (1886 – 1943), da Universidade de Tecnologia de Łwów, e construída em 1928, sobre o rio Słudwia, perto de Łowicz, na Polô- nia. O inventor holandês Paul Christiaan Van Der Willigen, em 1945, adicio- nou grandes quantidades de pó de ferro aos eletrodos do tipo celulósico ou rutílico, para melhorar seu desempenho. Dessa forma, nasceu o eletrodo de alto rendimento. SOLDAGEM 15 EXPLICANDO Existem três tipos de revestimentos para eletrodos: os do tipo básico, que possuem calcita ou cálcio em sua composição; os do tipo celu- lósico, que possuem mais de 12% de matéria orgânica combustível (celulose) em sua composição; e os eletrodos do tipo rutílico, que possuem alto teor de óxido de rutílio (titânio) em sua composição. Atualmente, a soldagem a arco elétrico com eletrodos de vareta é indispensável, especialmente na fabricação de equipamentos, na cons- trução de estruturas metálicas e tubulações. A soldagem é relativamente tolerante a falhas de material e possui grande vantagem: pode ser utilizada em todas as condi- ções climáticas, mesmo debaixo d’água. Fundamentos da soldagem Atualmente, com o advento da Indústria 4.0 (o uso de tecnologias para co- nectar o mundo físico ao digital), a soldagem a arco elétrico passou a ser indis- pensável a um grande número de indústrias. É um processo de custo reduzido, de fácil e rápida utilização, que oferece resultados perfeitos e é aplicável a pra- ticamente todos os metais. O processo de soldagem a arco elétrico consiste na aplicação de calor intenso, derretendo o metal na união entre as duas peças e causando a fusão (diretamente ou, mais comumente, com um metal interme- diário de adição fundido). Após o resfriamento e a solidifi cação, a união metalúrgica é realizada. Como esta união é uma mistura de metais, a soldagem fi nal tem potencialmen- te as mesmas propriedades de resistência que o metal de base das peças que a originou. Isso contrasta nitidamen- te com os processos de união sem fusão (ou seja, soldas frias, brasagem etc.), em que as propriedades mecâ- nicas e físicas dos materiais de base não podem ser duplicadas na junção. Na soldagem a arco elétrico, o calor intenso ne- cessário para derreter o metal é produzido por um arco formado entre a peça e o eletrodo (vareta ou fi o), SOLDAGEM 16 que é manual ou mecanicamente guiado ao longo da junta soldada. O eletrodo pode ser uma haste, com o propósito de simplesmente transportar a corrente entre a ponta e o trabalho, ou pode ser uma vareta ou arame especialmente preparado para não apenas conduzir a corrente, mas também derreter e forne- cer metal de adição à junção (Figura 1). A maioria das soldagens na fabricação de produtos de aço utilizam o segundo tipo de eletrodo (arame). Figura 1. Componentes da soldagem a arco elétrico. Fonte: FORTES; VAZ, 2005, p. 5. Figura 2. Circuito básico da soldagem a arco elétrico. Fonte: FORTES; VAZ, 2005, p. 30. Revestimento Vareta (alma) Atmosfera protetora Poça de fusão Metal de solda Metal de base Escória solidificada O circuito básico da soldagem a arco elétrico (Figura 2) pode ser realizado com a eletricidade em corrente contínua (CC), a mais utilizada, com o eletrodo positivo ou negativo, ou com corrente alternada (CA). A escolha da corrente e da polarida- de depende do processo, do tipo de eletrodo, da atmosfera do arco e do metal a ser soldado. Assim, uma fonte de energia CA ou CC, equipada com os controles necessários, é conectada por um cabo terra à peça e por um cabo do eletrodo ao porta-eletrodo, que faz o contato elétrico com o eletrodo de soldagem. Peça Fonte CA ou CC Cabo do eletrodo Eletrodo Arco Porta eletrodos Cabo terra Metal de solda SOLDAGEM 17 O arco elétrico é criado através do espaço entre ambos, em que o circuito ener- gizado e a ponta do eletrodo tocam a peça e são afastados, ainda que mantendo contato próximo. O arco elétrico produz uma temperatura de cerca de 3533 ºC (6500 °F) na ponta do eletrodo. Esse calor derrete o metal de base e o eletrodo, produzindo uma poça de metal fundido por vezes chamada de cratera. A cratera se solidifica atrás do eletrodo à medida que é movimentada ao longo da junção soldada. O resultado é uma fusão com o metal de base. Soldar metais requer mais do que a ação de movimentar um eletrodo ao longo de uma peça. Os metais em altas temperaturas tendem a reagir quimicamente com elementos ambientais, tais como o oxigênio e o nitrogênio. Quando o metal na poça de fusão entra em contato com o ar do ambiente, formam-se óxidos e nitratos que destroem a resistência e a tenacidade da união soldada. Portanto, muitos processos de soldagem a arco elétrico fornecem alguns meios de cobrir o arco e a poça de fusão com uma proteção de gás, vapor ou escória. Essa proteção é chamada de atmosfera protetora, e evita ou minimiza o contato do metal fundido com o ar. A proteção também pode melhorar a solda, como é o caso do fluxo granu- lar, que efetivamente adiciona desoxidantes à solda. A Figura 3 mostra a proteção do arco de soldagem e da poça de fusão com um eletrodo de vareta revesti- do. O revestimento extrudado na vareta do metal de enchimento (eletrodo) fornece uma atmosfera protetora no ponto de contato, enquanto a escória protege a solda do ar. Figura 3. Atmosfera protetora do arco elétrico. Atmosfera protetora Metal de solda Metal de base OBJETOS DE APRENDIZAGEM Clique aqui SOLDAGEM 18 O arco elétrico aplicado à soldagem O arco elétrico em si é um fenômeno muito complexo. O entendimentopro- fundo da física do arco é de pouco valor para o soldador, mas o conhecimento das características gerais pode ser muito útil para o engenheiro. Arco elétrico é um tipo de descarga elétrica que ocorre entre eletrodos quando uma tensão sufi ciente é aplicada através de um espaço, fazendo com que o gás se decomponha ou ionize. Normalmente, o gás é um isolante, mas, uma vez ionizado, torna-se condutor de eletricidade. A ionização ocorre quando os átomos do gás perdem elétrons liga- dos, que então fi cam livres para se deslocar independentemente no gás, para pro- duzir uma corrente elétrica. Esses elétrons livres captam energia do campo elétrico produzido pela tensão aplicada e colidem com outros átomos de gás. Isso permite que o processo de ionização aumente, resultando no chamado efeito avalanche. Uma vez que o gás é altamente ionizado, torna-se relativamente fácil para os elétrons fl uírem, e, sob certas condições, um arco elétrico estável pode ser forma- do. O gás ionizado é formado por elétrons livres que fl uem em uma direção e íons positivos que fl uem em outra direção. As colisões com átomos, principalmente os neutros, produzem um enorme aquecimento resistivo no gás, de modo que, em certo sentido, o arco elétrico se torna um grande resistor. O calor extremo também mantém o processo de ionização. A radiação eletro- magnética é emitida devido às altas temperaturas, resultando no brilho caracte- rístico do arco elétrico. Além dos comprimentos de ondas visíveis, são emitidas grandes quantidades de comprimentos de ondas invisíveis, no infravermelho e no ultravioleta. O gás brilhante ionizado que compõe o arco elétrico é frequen- temente chamado de plasma. Para que o arco elétrico seja mantido, a fonte de alimentação deve fornecer alta corrente e baixa tensão, exigidas pelo arco elétrico. A utilidade do arco elétrico na soldagem é produzir calor extremo, sob condi- ções estáveis, capaz de fundir a maioria dos metais e formar a poça de fusão. As temperaturas do arco elétrico variam de 4727 °C a 29727 °C (5000 K a 30000 K). A temperatura de um arco elétrico é maior no centro, pois as partes externas do arco perdem calor para o ambiente, devido à convecção, condução e radiação. A principal contribuição do calor para os eletrodos de soldagem não se deve às tem- peraturas extremamente altas do arco, mas sim aos intensos processos dissipati- vos de energia nos pontos de contato do arco elétrico com os eletrodos. SOLDAGEM 19 Nos processos que utilizam eletrodos consumíveis, o arco elétrico contém partículas fundidas de metal de adição, que derretem do eletrodo e percorrem o arco até a poça de fusão. Como será discutido mais adiante, o tamanho, for- ma e maneira com que as partículas de metal fundido percorrem o arco elétrico são conhecidos como modos de transferência do metal. Isso é de particular interesse no processo GMAW (Gas Metal Arc Welding), mais conhecido como sol- dagem MIG/MAG (Metal Inert Gas e Metal Active Gas, respectivamente), e não é considerado importante nos outros processos de soldagem a arco elétrico. A transferência de metal de adição através do arco elétrico resulta inevitavel- mente na ejeção de algumas partículas fundidas do arco ou da poça de fusão, que podem aderir à peça. À esta situação damos o nome de respingo, e é uma preocupação frequente em relação à qualidade. Os processos GTAW (Gas Shiel- ded Tungsten Arc Welding, também conhecido como soldagem TIG ou Tungsten Inert Gas) e PAW (Plasma Arc Welding, conhecido como soldagem a plasma), que envolvem a entrega de metal de adição diretamente à poça de fusão (não através do arco elétrico), não são suscetíveis a respingos. O arco elétrico possui alta efi ciência na transformação da energia elétrica em térmica, por isso ele é amplamente utilizado na soldagem. Com base nessa efi ciência, afi rmamos que o calor gerado no arco elétrico pode ser estimado, a partir de seus parâmetros elétricos, pela seguinte equação: Q = V · I · t (1) Em que: Q = energia térmica gerada, em Joule (J); V = queda de tensão no arco, em Volt (V); I = corrente elétrica no arco, em Ampère (A); t = tempo de operação, em segundos (s). O arco elétrico gera calor e também radiação eletromagnética de alta inten- sidade, nas faixas do infravermelho, luz visível e ultravioleta, necessitando, por- tanto, de proteção visual com fi ltros apropriados para seu manuseio. Coluna de plasma As tensões do arco elétrico estão relacionadas principalmente aos seus comprimentos. Os comprimentos de arco mais longos produzem tensões mais altas, e arcos mais curtos produzem tensões mais baixas. Como mostrado na Figura 4, que ilustra a maneira como a tensão (potencial) varia através do arco, SOLDAGEM 20 uma quantidade significativa da distribuição de tensão ou queda através do arco está próxima ao ânodo e ao cátodo. Essas regiões são conhecidas como “espaço da queda anódica”, no eletrodo positivo (no caso da figura, a peça de trabalho ou ânodo), e “espaço da queda catódica”, no eletrodo negativo (no caso da figura, o eletrodo de solda ou cátodo). Figura 4. Distribuição esquemática de potencial em um arco e suas regiões. Fonte: JENNEY; O’BRIEN, 2001, p. 70. Cá to do Ânodo Di st ân cia ax ia l Es pa ço d a qu ed a ca tó di ca Co lu na d e pl as m a Espaços de contração Total Potencial axial 0 Es pa ço d a qu ed a an ód ica + - A alteração primária na tensão do arco, em função do seu comprimento, é conhecida por estar associada à região entre as quedas anódicas e catódicas, chamada de coluna de plasma. As quedas anódicas e catódicas são conheci- das por serem afetadas de maneira pouco significativa pelo comprimento do arco. Como resultado, mesmo em comprimentos de arco extremamente curtos, exibirão tensões muito maiores do que zero. Isso fornece evidências de que a maior parte da tensão do arco elétrico existe nas duas quedas de tensão nos eletrodos. Para um comprimento típico do arco elétrico, essas tensões podem representar de 80% a 90% da tensão total do arco. Como a geração de calor e a dissipação de ener- gia são funções de tensão e corrente, e o nível de corrente é uniforme através do arco, a quantidade da dissipação de energia deve, portanto, ser maior nas regiões de queda do eletrodo e não na coluna de plasma. SOLDAGEM 21 Essas regiões de queda anódica e catódica são extremamente estreitas e, por- tanto, seu efeito não é revelado nos diagramas térmicos dos arcos. No entanto, desempenham um papel crítico na fusão no ânodo e no cátodo, razão pela qual a temperatura do arco sozinha não é a chave para explicar o arco como uma fonte de calor efi caz para a soldagem. O arco elétrico é uma impedância ao fl uxo de corrente, assim como a todos os condutores normais de eletricidade. A impedância específi ca é inversamente proporcional à densidade dos portadores de carga e sua mobilidade, com a im- pedância total dependendo da distribuição radial e axial da densidade da por- tadora. A impedância da coluna de plasma é uma função da temperatura, mas geralmente não depende dela nas regiões do arco próximas aos seus terminais. A energia elétrica dissipada em cada um dos três espaços, ou regiões do arco, é o produto do fl uxo de corrente e do potencial em toda a região. A cor- rente e o potencial em cada região (que são referidas como “espaço da queda catódica”, “espaço da queda da coluna de plasma” e “espaço da queda anódica”) resultam na dissipação de energia no arco de acordo com a seguinte equação: P = I(Vc + Vp + Va) (2) Em que: P = potência total dissipada no arco, em Watt (W); I = corrente elé- trica, em Ampère (A); Vc = tensão do cátodo, em Volt (V); Vp = tensão do plasma, em Volt (V); Va = tensão do ânodo, em Volt (V). Abertura e manutenção Não é possível criar um arco elétrico entre o eletrodo e a peça de trabalho apenas conectando-os em umcircuito de soldagem. Isso ocorre porque a corrente necessita de uma passagem ionizada para fl uir através da folga (espaço entre o eletrodo e a peça). Assim, o arco elétrico de soldagem precisa ser aberto. Existem dois métodos co- mumente utilizados para abrir o arco elétrico nos processos de soldagem, sendo eles: • O método de abertura por toque, que é utilizado em todos os processos co- muns de soldagem; • O método de abertura por campo elétrico, que tem predileção em opera- ções de soldagem automática e nos processos em que o eletrodo tem a tendência de formar inclusão no metal de solda, como na soldagem TIG (GTAW), ou quando o eletrodo (fi o) permanece dentro da tocha ou porta-eletrodo. SOLDAGEM 22 No primeiro método, o eletrodo é colocado em contato com a peça e, em seguida, é separado para criar um espaço muito pequeno. Tocar o eletrodo na peça causará um curto-circuito, resultando em forte fluxo de corrente que, por sua vez, leva ao aquecimento, a fusão parcial e até a uma leve evaporação do metal na ponta do eletrodo. Há dois métodos de abertura por toque utili- zados atualmente: a abertura linear e a lateral. Todos esses eventos, durante a abertura do arco elétrico, acontecem em um curto intervalo de tempo, ge- ralmente em poucos segundos. O aquecimento do eletrodo produz alguns elétrons livres devido à ioniza- ção térmica. Além disso, a dissociação de vapores metálicos (devido ao menor potencial de ionização dos vapores metálicos dos gases atmosféricos) tam- bém produz partículas carregadas (elétrons e íons carregados positivamen- te). Ao puxar o eletrodo para fora da peça, o fluxo de corrente é iniciado atra- vés dessas partículas carregadas e, por um momento, o arco é desenvolvido. Para utilizar o calor do arco elétrico para fins de soldagem, é necessário que, após a abertura do arco, ele seja mantido e estabilizado. Já no segundo método, um campo elétrico de alta intensidade (107 V) é aplicado entre o eletrodo e a peça, para que os elétrons sejam liberados pela emissão do campo eletromagnético do cátodo (Figura 5). O desenvol- vimento de um campo elétrico de alta intensidade leva à ejeção dos elétrons nos pontos catódicos. Figura 5. Abertura do arco elétrico pelo método de abertura por campo elétrico. Peça Fonte de energia Elétrons emitidos Alta DDP Eletrodo SOLDAGEM 23 Quando os elétrons livres estão disponíveis no espaço entre os arcos elétricos, a diferença de potencial (ou DDP, a diferença na quantidade de energia que os portadores de carga têm entre dois pontos de um circuito elétrico) normal entre o eletrodo e a peça garante o fluxo de partículas carregadas para manter um arco elétrico de soldagem estável. Esse método é comumente utilizado nos processos de soldagem mecanizados, como no arco de plasma (PAW) e na soldagem TIG (GTAW), na qual o contato direto entre o eletrodo e a peça não é o preferido. Uma vez estabelecido o arco elétrico estável, com equilíbrio térmico adequado, o próximo passo é mantê-lo, para que soldas de qualidade consistente possam ser realizadas. Normalmente, não é difícil manter um arco elétrico estável, se ele disparar momentaneamente. Enquanto milhares de Volts podem ser necessários para a abertura do arco elétrico na soldagem TIG (GTAW), pode ser necessário ape- nas dezenas ou, no máximo, centenas de Volts para realizar a reabertura. A manutenção do arco elétrico ao se soldar com uma fonte de energia de cor- rente alternada (CA) é um problema, visto que o arco se extingue a cada meio ciclo quando a corrente é zero (0), ou seja, se extingue 100 vezes por segundo, com uma fonte de energia normal de 50 Hertz. Para a reabertura, a tensão necessária deve estar disponível no momento em que a corrente for zero (0). Isso é alcançado ao mantermos as ondas da corrente e da tensão fora de fase, utilizando uma fonte de energia com um baixo fator de potência operacional (da ordem de 0,3), sendo o fator de potência de um transformador de solda dado pela razão entre a tensão do arco e a tensão do circuito aberto (OCV), demonstrado pela seguinte equação: Fator de potência = Tensão do arco Tensão do circuito aberto ou seja, ∅ = (3) Varc Vocv Para essas condições, quase toda tensão do circuito aberto (Vocv) está dispo- nível para reabrir o arco elétrico enquanto a corrente for zero (0). Essa condição é mostrada na Figura 6 (sendo Vg = tensão disponível para abertura do arco; ϕ = fator de potência; Vt = tensão do transformador sem carga; Va = tensão do arco; I = transiente da corrente) pelos transientes de energia e de tensão do arco elétrico (Varc). SOLDAGEM 24 O fator de potência operacional (ϕ) de uma fonte de energia pode ser aprimo- rado, mantendo a facilidade de reabertura, apenas utilizando os meios auxiliares de manutenção ou de reabertura do arco, como um oscilador de alta frequência de alta tensão, que pode ser usado para fornecer um pulso de alta tensão na instância apropriada. Se esse método for utilizado para manter o arco elétrico, o fator de potência da fonte de energia de corrente alternada (CA) poderá ser aumentado, reduzindo a tensão do circuito aberto (Vocv). Esses métodos são normalmente adotados para a soldagem TIG (GTAW), e usam uma fonte de energia de corrente alternada (CA). A situação pode ser melhorada ainda mais com o uso de um eletrodo de tungstênio toriado, com melhor propriedade de emissão de elétrons. Da mesma forma, na soldagem MMA (manual a arco elétrico ou, em inglês, Shielded Metal Arc Welding – SMAW), os revestimentos dos eletrodos com menor potencial de ionização ajudam na fácil reabertura do arco de soldagem. Figura 6. Transientes do arco e da fonte de energia em soldagem CA. Fonte: HOULDCROFT, 1979, p. 20. Vg Vt Va I Φ Tempo EXPLICANDO O eletrodo de tungstênio toriado contêm tório, um material radioativo de baixo nível, que emite principalmente partículas alfa (α), bem como alguma radiação beta (β) e gama (γ). O tório aumenta as qualidades de emissão de elétrons do eletrodo, o que melhora o início do arco e permite uma maior capacidade de transporte da corrente. SOLDAGEM 25 Na soldagem a arco com corrente contínua (CC), a manutenção do arco é mais fácil e é realizada apenas no momento do curto-circuito entre o eletrodo e a peça, quando o arco elétrico é extinto. No entanto, esse problema é resol- vido ao serem fornecidas características dinâmicas de Volt-Ampère adequa- das à fonte de energia. Aqui, novamente, os eletrodos revestidos com baixo potencial de ionização ou com melhor emissividade podem ajudar na fácil abertura e manutenção do arco elétrico de soldagem. Jato de plasma As correntes elétricas que fl uem através dos condutores elétricos geram campos magnéticos que produzem forças, conhecidas como Forças de Lo- rentz (FL), cuja magnitude por unidade de volume é dada, sendo FL = força de Lorentz (ou força magnética), em Coulomb (C); J⃗ = densidade da corrente, em Joule/m2 ( J/m2); e B⃗ = indução magnética, em Weber/m2 (Wb/m2), como mostra a equação: FL = J⃗ · B⃗ (4) Como podemos ver, FL , J⃗ e B⃗ são grandezas vetoriais perpendiculares ( ) entre si. Se o meio condutor for um fl uido como um eletrólito, um metal líquido ou um gás ionizado, essa força poderá causar gradientes de pressão e movi- mentação no fl uido. No caso dos arcos elétricos, é o aquecimento ôhmico (medido em Joule) que mantém a alta temperatura necessária para fornecer uma ionização signifi cativa do gás (lembrando que o arco elétrico de soldagem é um meio condutor gasoso de energia elétrica). A solução completa desse problema envolve um tratamento acoplado do transporte da corrente elétrica com as equações de fl uido e energia, bem como as equações do estado da matéria para o fl uido. Mesmo assumindo o equilíbrio ter- modinâmico, isso constitui um problema signifi cati- vo. Assim, consideremos um tratamento simplifi cado que parte do pressuposto deuma dada distribuição, sugerida por experimentos e observação visual, e ex- ploremos suas implicações: SOLDAGEM 26 Inicialmente, tomemos como base um arco elétrico cilíndrico, ou seja, com seção transversal constante (Figura 7). Nesse caso, a densidade da corrente é estritamente axial, ou seja, J⃗ = Jzûz, em que o z subscrito se refere ao compo- nente na direção z, e u é o vetor da unidade na direção z. O campo magnético resultante do fluxo de corrente está na direção azimutal, ou seja, B⃗ = Bθûθ, em que o subíndice θ se refere aos componentes nessa direção. Figura 7. Cilindro do arco. r z dR dz = 0( ( A força resultante se dá, então, na direção radial, e um estado hidrostático de equilíbrio é obtido, sendo a força equilibrada pelo gradiente de pressão. Sendo assim, para uma distribuição uniforme da densidade da corrente, a dis- tribuição radial do campo magnético se dá por: Bθ = (5) μlr πR2 2 Em que: R = raio do arco, em metro (m); μ = permeabilidade magnética, em Henry/m (H/m); l = corrente através do arco, em Ampère (A); r = coordenada radial, em metro (m). Desse modo, a distribuição radial resultante da força de Lorentz é tra- duzida como: J⃗ · B⃗ = -μ (0 < r < R) (6) (I)2 rûr πR2 2 E a condição de equilíbrio, sendo a pressão estática descrita como p e expressa em Pascal (Pa), requer que: = ( J⃗ · B⃗ ) · ûr(0 < r < R) (7) dp(r) dr SOLDAGEM 27 Integrando a pressão ambiente, descrita como p∞ e expressa em Pascal (Pa) na expressão da equação 7, podemos apontar a distribuição da pressão radial como: p(r) - p∞= (0 < r < R) (8) μI2 [1-(r)2] 4π2R2R A força total (Fp), em pressão ambiente excessiva e exercida em um pla- no normal ao fluxo de corrente, pode ser calculada a partir da distribuição de pressão como: ∫Fp R = p(r) · 2πrdr = (9) μI2 o8 Observe que, para o arco de raio constante, a força total depende apenas da corrente total, e não do raio do arco. Uma conclusão semelhante pode ser tirada para uma distribuição arbitrária da densidade da corrente, em vez da distribuição uniforme assumida para derivar as equações de 6 a 9. A força re- sultante na direção z, em um volume de controle como o mostrado na Figura 7, é zero (0). Além disso, se a distribuição da corrente for constante em z e o raio for constante (ou seja, dR z = 0), então: ∇ · ( J⃗ · B⃗ ) = 0 (10) Assim, as forças que atuam no fluido são irrotacionais (ou seja, a vortici- dade tem a magnitude zero (0) em todos os lugares) para essa geometria de arco específica, e a força de Lorentz resulta apenas em um pequeno aumento na pressão em direção ao centro do arco. Para um arco de 300 A e 5,0 mm de diâmetro, a pressão central aumenta em apenas 460 Pa, ou cerca de 0,46%, para um arco à pressão atmosférica. Esse aumento não resulta em mudan- ças significativas nas propriedades do fluido e justifica a suposição de pressão constante para as propriedades termodinâmicas do fluido. Se o arco se desvia da forma cilíndrica, mas mantém sua simetria radial, a força de Lorentz terá componentes radiais e axiais. Esse desvio na forma pode ser causado, por exemplo, pela constrição da corrente no cátodo e no ânodo. Para simplificar, é assumida uma densidade de corrente uniforme em cada se- ção axial. Na ausência de efeitos de carga elétrica entre os espaços (isto é, longe dos eletrodos), a conservação da corrente requer, sendo Jθ = ∂Jθ ∂θ = 0 para considerações de simetria: (rJr) + (11) ∂Jz ∂z ∂ ∂r 1 r SOLDAGEM 28 A densidade da corrente radial pode estar relacionada à mudança axial no raio do arco (ou seja, dR z ), considerando a simetria com Jr = (r = 0) = 0, como: Jr = r (12) ldR πR3dz A força de Lorentz possui componentes nas direções r e z, sendo: (13) J⃗ · B⃗ = ûzrûr + μ(l)2 2πR2 μ(l)2 2πR2 r2dR Rdz A força do corpo e, portanto, o fluxo não são mais livres de ondulações, assim como a circulação é transmitida ao fluido (Figura 8). Podemos enxergar essa relação de ondulação pela equação: ∇ · ( J⃗ · B⃗ ) = μ ûθ (14) dR dz (l)2 πR2 r R Figura 8. Arco cônico - Rotação transmitida ao plasma. r z dR dz > 0 Ambos os componentes da força J⃗ · B⃗ contribuem para a circulação, com a força radial resultando em circulação na direção mostrada na Figura 8, en- quanto a força axial produz a circulação na direção oposta. A contribuição para esta circulação, a partir da força radial, pode ser exibida examinando a distribuição de pressão que seria configurada se nenhum fluxo fosse per- mitido, mas o crescimento de R permanecesse. Como mostra a Figura 9, o espalhamento da distribuição atual resulta em uma pressão na linha central, que é mais alta na extremidade estreita, e em uma pressão na parte externa do arco, que é maior na extremidade larga. SOLDAGEM 29 Figura 9. Distribuição da pressão em um arco espalhado. Figura 10. Distribuição da força axial em um arco espalhado. r z Claramente, uma circulação líquida resulta dessa distribuição de pressão. A força que leva a esse efeito está na direção radial, não havendo força axial líquida no plasma contida em um volume de controle que envolva o arco elé- trico. Essa figura tem sido amplamente utilizada, de maneira simplista, para explicar a procedência do rótulo dos jatos de plasma na soldagem. Entretanto, essa visão é enganosa e obscurece a verdadeira natureza do momento axial do rótulo do jato, que se origina do compo- nente axial da força de Lorentz, contribuindo tam- bém para a circulação. Como o fluido na parte exter- na do arco experimenta uma força mais alta do que no centro, isso resulta na circulação na direção oposta à da força radial (Figura 10). z r SOLDAGEM 30 O componente axial da força de Lorentz também produz uma força axial líquida no plasma, no canal de corrente em expansão. Essa força total é ava- liada integrando a expressão da equação 13 e sendo R1 e R = raio do arco na entrada e na saída da região, em metro (m); e L(R2) = coordenada axial corres- pondente ao raio R2, em metro (m), para obter: (15)ûz1n∫ 2πrdr =∫dz(J · B) L(R2)R μI2 o4π R2 R1 A força resultante (Fz) desempenha um papel essencial na análise e pode ser expressa como a magnitude da força independentemente da variação precisa de R com z, conforme podemos ver na expressão: (16)ûz1nFz = μI2 4π R2 R1 A combinação da força axial líquida e dos efeitos rotacionais produz o pa- drão de fluxo real do jato de plasma, mostrado esquematicamente na Figura 11. Assim, sabemos que todos os resultados foram deri- vados para uma distribuição de densidade uniforme da corrente, através do arco elétrico. No entanto, resultados semelhantes são obtidos para uma distribuição de corrente arbitrária. Figura 11. Combinação de impulso axial e rotação. r z EXEMPLIFICANDO O jato de plasma é criado quando um arco elétrico de soldagem de corrente contínua, de alta amperagem, é atingido entre os dois eletrodos (cátodo e ânodo). O termo plasma, nesse caso, refere-se a um gás muito quente, em estado eletricamente ionizado (parcialmente). É importante lembrar que o jato de plasma é um dos principais fenômenos físicos da soldagem, e que seu sentido, na soldagem convencional, se dá do cátodo (eletrodo) para o ânodo (peça). OBJETOS DE APRENDIZAGEM Clique aqui SOLDAGEM 31 Característica estática do arco elétrico A característica estática do arco elétrico é a relação entre os valores médios de tensão (V) e corrente (I), para um valor fi xo do comprimento do arco elétrico, sendo inalteradas outras características do processo (MODENESI, 2012). Essa relação, também conhecida como característica estática Volt-Ampère do arco elétrico, tem sua forma típica mostrada no Gráfi co 1. Conforme a corrente aumenta, até cerca de 100 A, a tensão do arco diminui. Desse modo, o fl uxo do arco se amplia enquanto a temperatura aumenta, diminuindo a tensão. Para manter a estabilidade do arco elétrico, sua tensão e corrente devem ter uma correlaçãodefi nida. GRÁFICO 1. CARACTERÍSTICA ESTÁTICA DO ARCO ELÉTRICO 60 50 40 30 20 10 100 1000 10000 Corrente (A) Te ns ão (V ) Como mostra o Gráfi co 1, de 10 a 99 Ampères a carac- terística externa é conhecida como de queda ou nega- tiva, enquanto valores de 100 a 1000 Ampères recebem o nome de plana ou positiva. Isso ocorre porque, nessa faixa, o aumento da seção transversal do fl uxo do arco, com o aumento da corrente, permanece quase proporcional, e, portanto, a densidade da corrente e a tensão do arco elétri- co permanecem constantes. VIDEOAULA Clique aqui SOLDAGEM 32 Diz-se que essa parte do arco elétrico possui uma característica de platô, ou tensão-corrente (V × I) plana. Com o aumento adicional da corrente do arco elétrico além de 1000 A, praticamente não há expansão do fl uxo do arco e, portanto, a densidade da corrente aumenta e a tensão também. Diz-se que esta parte do arco elétrico possui uma característica positiva ou crescente de tensão-corrente. Além disso, é evidente que a característica da tensão estáti- ca de um arco na faixa viável sobe ligeiramente e de forma natural. DICA Saiba a diferença: tensão elétrica é a diferença de potencial (DDP) elétrico de dois pontos, medida em Volts; e corrente elétrica é o fl uxo de elétrons que circula em um condutor, quando há DDP (ou seja, tensão), sendo medida em Ampères. Vale mencionar que as características estáticas (de saída) da fonte de energia de soldagem podem ser descritas como planas – durante os processos MIG/MAG (GMAW) e SAW (Submerged Arc Welding, ou SAS, Soldagem a Arco Sub- merso) – ou de quedas – durante os processos MMA (SMAW) e TIG (GTAW). As características estáticas também são afetadas pelas confi gurações de controle (incluindo software), eletrodo, gás ou atmosfera protetora, material de solda e outros fatores. Normalmente, essas informações são fornecidas pelo fabrican- te da fonte de energia de soldagem. Fontes de energia As fontes de energia atuais incorporam características estáticas de saída, projetadas para otimizar o desempenho do arco elétrico para um determina- do processo de soldagem. Com base nas características estáticas, fontes de energia podem ser classifi cadas em duas categorias: as fontes de energia de tensão constante (CV) e fontes de energia de corrente constante (CI). A fonte de energia de tensão constante (Gráfi co 2) não possui, verdadei- ramente, uma saída de tensão constante, apesar do nome. Na realidade, ela possui uma inclinação ligeiramente descendente ou negativa, devido à resis- tência e a indutância elétrica interna, sufi ciente, no circuito de soldagem, para causar uma queda menor nas características de tensão-corrente da saída. SOLDAGEM 33 GRÁFICO 2. CARACTERÍSTICAS ESTÁTICAS DA FONTE DE ENERGIA DE TENSÃO CONSTANTE Fonte: SAUNDERS, 1997, p. 8. Ponto de operação Te ns ão (V ) Corrente (A) ΔA ΔV Aqui, a tensão do arco elétrico é estabelecida, definindo a tensão de saída da fonte. A fonte de energia deve fornecer a corrente necessária para fundir o eletrodo, em uma relação que mantenha a tensão predefinida ou o compri- mento relativo do arco. A velocidade de acionamento do eletrodo é utilizada para controlar a corrente média da soldagem. O uso dessa fonte de energia, em conjunto com uma alimentação constan- te do fio do eletrodo, resulta em um sistema de comprimento de arco autor- regulável ou autoajustável. Devido a alguma flutuação interna ou externa, se ocorrer uma alteração na corrente de soldagem, ela aumentará ou diminuirá automaticamente a taxa de fusão do eletrodo, recuperando o comprimento do arco desejado. As curvas de tensão-corrente da fonte de energia de corrente constan- te (Gráfico 3) são chamadas de queda, devido à inclinação substancial para baixo, ou mesmo negativa, das curvas. A fonte de energia pode ter um ajuste de tensão em circuito aberto, além do controle da corrente de saída. Assim, uma alteração em qualquer um dos controles alterará a inclinação da curva de tensão-corrente. Com a alteração na tensão do arco, a mudança na corren- te é pequena e, portanto, sua relação de fusão permanecerá razoavelmente constante com a alteração no comprimento do arco elétrico, considerando um processo de soldagem de eletrodo consumível. SOLDAGEM 34 GRÁFICO 3. CARACTERÍSTICAS ESTÁTICAS DA FONTE DE ENERGIA DE CORRENTE CONSTANTE Fonte: SAUNDERS, 1997, p. 8. Te ns ão (V ) Corrente (A) ΔA ΔV Ponto de operação Essas fontes de energia são necessárias para os processos que utilizam eletrodos consumíveis relativamente mais espessos, que às vezes podem ser furados na peça, ou eletrodos de tungstênio não consumíveis. Durante o toque do eletrodo para o início do arco, caso a corrente seja ilimitada, o eletrodo pode ser danificado. Sob essas condições, a corrente de curto-circuito deve ser limi- tada, levando à segurança da fonte de energia e do eletrodo. Algumas fontes de energia precisam de uma unidade de alta frequência para iniciar o arco elétrico, o que pode ser uma exigência em processos como o TIG (GTAW) e arco de plasma (PAW). A unidade de alta frequência é introduzida no circuito de soldagem, mas são necessários filtros entre o circuito de controle e a unidade HF para que a alta frequência não possa fluir através do circuito de controle e danificá-lo. A unidade de alta frequência é um dispositivo que fornece alta tensão e alta frequência (de 5 V e 5 KHz, respectivamente) em uma corrente baixa. Essa alta tensão permite a ionização da coluna de gás entre o eletrodo e a peça, le- vando à abertura do arco elétrico principal. SOLDAGEM 35 As principais funções das fontes de energia são: produzir calor suficiente para fundir a junta e gerar uma transferência estável do metal pelo arco. Como os processos de soldagem requerem uma corrente alta (50 a 300 A) em tensão relativamente baixa (10 a 50 V), a alimentação de alta tensão (230 ou 400 V) deve ser reduzida por um transformador. Assim, existem cinco tipos de fonte de energia utilizados em soldagem: • Transformador de corrente alternada (CA); • Retificador de corrente contínua (CC); • Retificador-transformador de corrente alternada/corrente contínua (CA/CC); • Gerador de corrente contínua (CC); • Inversor. Os transformadores são dispositivos elétricos utilizados para diminuir ou aumentar a tensão através de um campo magnético, sem alterar a frequência. Na soldagem a arco elétrico, os transformadores são utilizados em equipamen- tos de corrente alternada (CA) para alterar a corrente da rede elétrica pública em uma corrente de baixa tensão e alta amperagem no circuito secundário. Uma combinação de derivações primárias e/ou secundárias no transformador é comumente utilizada para fornecer um ajuste maior da corrente de solda- gem, bem como o ajuste da tensão secundária. Embora, geralmente, a soldagem seja realizada com fontes de energia por corrente alternada (CA), a maioria das soldagens industriais é realizada com equipamentos que produzem arco elétrico por corrente contínua (CC). A ener- gia CA da rede pública, que opera o equipamento de solda, deve ser alterada (retificada) para a cor- rente contínua do arco elétrico. Esse processo é realizado com um dispositivo eletrônico chamado retificador de corrente contínua, sendo os diodos de silício (Figura 12) os mais utilizados atualmente. A função de um dispositi- vo retificador de corrente contínua é a de transformar a corrente alternada em corrente continua pulsante, visto que no semiciclo negativo da corrente alternada, o diodo fará a função de uma chave aberta. SOLDAGEM 36 Figura 12. Retificador típico e seu símbolo. + + + + Diodo retificador + + - - O retificador-transformador CA/CC combina as funções do transforma- dor e do retificador em uma mesma unidade física. O retificador-transformador é um tipo de transformador que contém tiristores e/ou diodos em seu circuito, além de incluirreguladores de tensão. É muito utilizado nos processos indus- triais de soldagem a arco elétrico, que necessitam de um grande suprimento de corrente contínua (CC). O gerador de corrente contínua (CC) é um equipamento de soldagem que consiste em um motor elétrico ou mecânico acoplado a um gerador ou alternador em corrente contínua, e produz a potência elétrica desejada. Essas máquinas produzem excelentes soldas, mas atualmente não são muito utiliza- das na indústria, devido às peças móveis em excesso que exigem manutenção considerável. O inversor de soldagem é uma fonte de energia de alta tecnologia e pe- queno porte, sendo um aparato que possui ótima portabilidade em relação à máquina que utiliza transformador elétrico. Foi desenvolvido para a soldagem a arco elétrico em diversos processos: MIG/MAG (GMAW), TIG (GTAW), Eletrodo Revestido, Corte de Plasma, etc. Os inversores de soldagem são equipamentos de grande confiabilidade, totalmente eletrônicos, eficientes e potentes, poden- do trabalhar com uma variedade maior de eletrodos. Geralmente, as fontes de energia de soldagem convencionais utilizam transformadores que operam a partir de uma frequência de linha de 50 Hz a 60 Hz. Entretanto, o inversor utiliza, em seu circuito, dispositivos de estado sólido chamados transistores MOSFET (acrônimo de Metal Oxide Se- miconductor Field Effect Transistor ou Transistor de Efeito de Campo de Óxido de Metal Semicondutor) ou transistores IGBT (acrônimo de Insulated Gate Bipolar Transistor ou Transistor Bipolar de Porta Isolada) para converter a corrente contínua em corrente alternada de alta frequência, geralmente na faixa de 20 kHz a 100 kHz. SOLDAGEM 37 Os circuitos do inversor controlam a potência de saída utilizando o princípio de controle da razão de tempo (TRC – Time-Ratio Control), também conhecido como modulação de largura de pulso (PWM – Pulse Width Modulation), que é a regulação dos tempos de ativação e desativação dos interruptores para con- trolar a saída. Os semicondutores do inversor de soldagem atuam como inter- ruptores, ligando e conduzindo ou desligando e bloqueando. A função de ligar e desligar é chamada, por vezes, de operação no modo de comutação. Tipos de controle Os tipos de controle utilizados nas fontes de energia estão vinculados dire- tamente aos equipamentos de soldagem, podendo ser, por exemplo: • Circuito primário derivado; • Reator saturável; • Tiristor; • Inversor transistorizado. A fonte de energia com controle por circuito primário derivado (Figura 13) é a mais simples, por ser a escolha ideal e mais robusta para os trabalhos de soldagem MIG/MAG (GMAW), mas possui algumas limitações técnicas. Por exemplo, se houver etapas insufi cientes de soldagem, pode ser impossível ajustar a condição ideal, e as fl utuações de suprimento de energia afetarão a potência de saída. Os circuitos derivados são conectados à bobina secundária em diferentes confi gurações, permitindo que o operador ajuste a tensão nor- mal à exigida pelo dispositivo. Figura 13. Circuito Primário Derivado típico. Circuito primário Circuito secundário Derivados 36 0V 0V 38 0V 40 0V 42 0V 44 0V SOLDAGEM 38 A fonte de energia com controle por reator saturável (Figura 14) é o contro- le elétrico que utiliza um circuito de corrente contínua de baixa voltagem e bai- xa amperagem para alterar as características magnéticas efetivas dos núcleos dos reatores. O controle remoto da saída da fonte de energia é relativamente fácil com esse tipo de circuito de controle, normalmente requerendo menos manutenção do que os controles mecânicos convencionais. Figura 14. Fonte de energia com controle por reator saturável. Fonte: JENNEY; O’BRIEN, 2001, p. 24. Entreferro Transformador Eletrodo Peça Circuito primário CA Entreferro Entrada CC Ic Iw Ic = Corrente de controle Iw = Corrente de soldagem Com esta construção, o transformador principal não possui partes móveis. As características de tensão-corrente são determinadas pelas configurações do transformador e do reator saturável, com o circuito de controle da corrente contínua para o sistema do reator permitindo o ajuste da curva tensão-corren- te de saída, do mínimo para o máximo. Os tiristores (Figura 15), também conhecidos como retificadores contro- lados de silício (SCR), são componentes eletrônicos utilizados para controlar circuitos de energia, geralmente quando os níveis de tensão e corrente são relativamente altos. Eles permitem o ajuste continuamente variável da saída, independem das variações de tensão de alimentação e podem ser controlados remotamente. As fontes de energia por tiristor podem ser utilizadas para a maioria dos processos de soldagem, ou seja, podem ter uma característica de saída plana – MIG/MAG (GWAW) – ou de queda – MMA (SMA) e TIG (GTAW). SOLDAGEM 39 Figura 15. Tiristor típico e seu símbolo. Fonte: JENNEY; O’BRIEN, 2001, p. 8. Figura 16. Diagrama simplificado do inversor. Fonte: JENNEY; O’BRIEN, 2001, p. 13. Ânodo Ânodo Cátodo Cátodo Porta Porta A fonte de energia com controle por inversor (Figura 16) oferece todas as vantagens do tiristor, mas com alto desempenho, menor peso, maior economia de energia e melhor eficiência. O inversor é essencialmente um bloco de potên- cia que pode ser controlado, geralmente através de um software, para fornecer as características estáticas e dinâmicas necessárias para o processo de soldagem selecionado. Portanto, a maioria dos inversores oferece capa- cidade de múltiplos processos. Além disso, a resposta dos inversores modernos abre as possibilidades de pulsação de alta fre- quência, conforme exigido pelo MIG pulsado (GMAW-P) e pelo retorno dinâmico, para controlar a transferência de metal, como no MIG de transferência por imersão. Ponte retificadora de entrada Ponte retificadora de saídaInversor Primário 1Φ ou 3Φ Transformador Indutor + - Circuito de controle do inversor OBJETOS DE APRENDIZAGEM Clique aqui SOLDAGEM 40 Transferência metálica A dinâmica da transferência metálica é o resultado de um equilíbrio de for- ças que atua sobre as gotículas de metal. Essas forças dependem de condições operacionais específi cas (corrente da soldagem, tensão do arco, diâmetro do eletrodo/fi o, atmosfera protetora, etc.), sendo o equilíbrio das forças em uma gotícula dado pela equação: Fg + Fd + Fe = Fs + Fv (17) As diversas forças envolvidas nesse processo são: • Força gravitacional (Fg): a gravidade é uma força de desprendimento, quan- do o eletrodo é apontado para baixo (como na soldagem manual), e uma força de retenção, quando é apontado para cima (como na soldagem suspensa); • Força aerodinâmica – arrasto (Fd): devido ao fl uxo de gás ao redor da gota, ajuda a separar a gota da ponta do eletrodo. A magnitude dessa força pode ser afetada pela quantidade de fl uxo de gás no MIG/MAG (GMAW) ou, em certa medida, pela quantidade dos gases produzidos a partir dos reves- timentos no MMA (SMAW). Dependendo do tipo de transferência de metal, o jato de plasma também pode complementar o arrasto na gota; • Força eletromagnética (Fe): quando a corrente elétrica é conduzida por um condutor cônico, como o arco de soldagem, nele atuam forças axiais que são direcionadas da menor para a maior seção transversal. Isso resulta no ajuste do jato de plasma, desde que a corrente tenha magnitude sufi ciente. Além disso, quando o condutor que leva a corrente está sob a infl uência do seu próprio campo magnético, são desenvolvidas forças radiais de contração, que produzem pressão dentro do condutor. O efeito combinado dessas for- ças é a força eletromagnética que atua na gota derretida na borda do eletro- do, e é referido como efeito de pinça ou efeito de Bennett; • Força de tensão superfi cial (Fs): tende a reter a gota derretida na ponta do eletrodo e sua magnitude no momento do descolamento da gota sob seu próprio peso; • Força de jatode vapor (Fv): originada pela evaporação dos componentes metálicos do eletrodo, na região do acoplamento do arco com a gotícula. Essa conexão eletrodo-peça gera muito calor, acarretando a geração de vapores metálicos. VIDEOAULA Clique aqui SOLDAGEM 41 Dependendo da força líquida que atua sobre a gotícula, à luz da magnitude da corrente da soldagem, da tensão superfi cial, da força de arrasto, do papel da gravidade e do comprimento do arco, é atingido um modo particular de transferência metálica, que determina a qualidade de fusão da solda. Tipos de transferência metálica Na transferência metálica por curto-circuito, há uma ponte periódica do espaço entre o eletrodo e a peça, resultando na extinção do arco. Conse- quentemente, ocorre um fl uxo intenso de corrente, que resulta em aumento do aquecimento da ponte. Com a viscosidade e a tensão superfi cial diminuí- das, o aumento das forças eletromotriz e hidrodinâmica resultam na trans- ferência de metal fundido do eletrodo para a poça de fusão. Com a transfe- rência de metal, a ponte é quebrada e a tensão tende a saltar para o valor do circuito aberto, e o arco é reaberto. Esse tipo de curto-circuito geralmente está associado à soldagem de baixa corrente e ao comprimento de arco curto com eletrodos revestidos, embora um modo de transferência semelhante também possa ser encontrado na sol- dagem MIG (GMAW), o que não costuma ser preferido, exceto em casos como o da soldagem por posição. Na transferência metálica globular, a gotícula de metal fundido é des- tacada da ponta do eletrodo devido à gravidade e a outras forças que atuam sobre ela, como na transferência por curto-circuito. O glóbulo destacado viaja sob a ação das forças gravitacionais e hidrodinâmicas, diretamente em direção à poça de fusão, em um processo chamado transferência goticular. Esse tipo de transferência é encontrado quan- do o comprimento do arco é de médio a longo, ou seja, a gotícula de maior tamanho produzida não é grande o sufi ciente para causar um curto-circuito. Devido a um longo tempo de retenção na borda do ele- trodo, o diâmetro da gota é normalmente maior que o diâ- metro do eletrodo. A temperatura da gota também é mais alta do que nos casos de transferência por curto-circuito. SOLDAGEM 42 A transferência metálica por aerossol normalmente está associada a al- tas densidades de corrente, que levam a uma temperatura muito elevada da gotícula derretida, com consequente redução da tensão superfi cial. À medida que a densidade da corrente é elevada, a taxa de crescimento das gotículas aumenta proporcionalmente ao aumento da temperatura e das forças eletro- magnéticas (Fe), de forma que um efeito de pinça se torna expressivo a ponto de superar a tensão superfi cial. Com o elevado efeito de pinça, o fi nal do eletrodo fi ca constrito o tempo todo. As gotículas são cortadas antes de atingirem o tamanho permitido pela tensão superfi cial, e isso resulta na transferência por aerossol. Sendo assim, a depender da densidade da corrente elétrica, essa transferência metálica possui três está- gios diferentes: transferências projetadas, de fl uxo contínuo e rotativas. Estabilidade nos processos de soldagem O tipo de transferência metálica realizada da ponta do eletrodo até a poça de fusão (na peça) tem uma grande infl uência sobre o processo de soldagem a arco elétrico, pois afeta diretamente a estabilidade do processo, a geração dos respingos, a qualidade da solda e sua capacidade de realização fora da posição plana (NORRISH, 1992). No processo de soldagem, o operador controla uma série de fatores que po- dem afetar a formação do cordão de solda, as condições da operação e as demais características do processo. Na soldagem a arco elétrico com o uso de eletrodos revestidos, o operador controla a movimentação do eletrodo ao redor da junção, o movimento transversal, o posicionamento em relação à junção, o comprimento do arco e, também, a tensão da operação. Entretanto, a corrente elétrica é ajustada na fonte de energia, antes da abertura do arco. Dessa forma, esses fatores afetam o formato da poça de fusão, a penetração no metal base, a deposição da escória e, por consequência, a estabilidade do pro- cesso. O operador experiente ajusta todos esses fatores para manter o proces- so uniforme e operando corretamente. Adicionalmente, diversos outros fatores, como o tipo de eletrodo e seu diâmetro e o tipo e polaridade da corrente, precisam ser ajustados antes do processo de soldagem. Outras variáveis principais na sol- dagem a arco elétrico que podem afetar a estabilidade do processo são: SOLDAGEM 43 • O nível e o tipo da corrente elétrica; • A tensão elétrica da operação; • A estabilidade, o comprimento e a formação do arco; • A velocidade de movimentação da tocha/porta-eletrodo; • A velocidade de alimentação do metal de adição; • A composição, o comprimento e o diâmetro do eletrodo; • A taxa de deposição e penetração adequados; • A distância do ponto de tomada de corrente à peça, • O ângulo da tocha/porta-eletrodo em relação à peça; • O tipo de gás de proteção, de fluxo ou de revestimento. Existem variáveis específicas para cada processo, como a forma da ponta do eletrodo e a vazão de gás de proteção no processo TIG (GTAW) ou a es- pessura da camada de fluxo na soldagem SAS (SAW), e outras que não estão ligadas diretamente à operação de soldagem, mas ao processo operacional, como a sequência de deposição de passes, que, ainda assim, têm grande im- portância nas características finais da peça soldada. SOLDAGEM 44 Sintetizando Nesta unidade, realizamos uma introdução sobre o arco elétrico de solda- gem, abordando de forma clara e concisa assuntos pertinentes à física, química e metalurgia aplicadas à soldagem a arco elétrico. Apresentamos a história e os fundamentos mecânicos da soldagem, bem como exploramos detalhada- mente os componentes desse tipo de soldagem, como a coluna de plasma, e as técnicas para abertura e manutenção do arco elétrico. Em seguida, conceituamos o jato de plasma, estudamos as principais fór- mulas e princípios físicos aplicados na soldagem e demonstramos a força de Lorentz aplicada a ela. Tratamos, também, da caracterização estática do arco elétrico e sua relação com a tensão e a corrente elétrica, e comentamos sobre os tipos de controles utilizados nas fontes de energia, focando naquelas que são aplicáveis à soldagem a arco elétrico. Por fim, fundamentamos as forças atuantes essenciais que governam a transferência metálica na soldagem a arco elétrico, bem como os métodos de transferência fundamentais, terminando por demonstrar os principais tópicos envolvidos na estabilidade dos processos de soldagem a arco elétrico. VIDEOAULA Clique aqui SOLDAGEM 45 Referências bibliográficas FORTES, C.; VAZ, C. T. Apostila de eletrodos revestidos. Minas Gerais: ESAB, 2005. FORTES, C.; VAZ, C. T. Apostila de soldagem MIG/MAG. Minas Gerais: ESAB, 2005. HOULDCROFT, P. T. Welding process technology. Londres: Cambridge Univer- sity Press, 1979. JENNEY, C. L.; O’BRIEN, A. (Eds.). Welding handbook, vol. 1, 9. ed. Miami: Ame- rican welding society, 2001. JENNEY, C. L.; O’BRIEN, A. (Eds.). Welding handbook, vol. 2, 9. ed. Miami: American welding society, 2001. MARQUES, P. V.; MODENESI, P. J.; BRACARENSE, A. Q. Soldagem: fundamentos e tecnologia, 3. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009. MODENESI, P. J. Introdução à física do arco elétrico: Soldagem I. Belo Hori- zonte: Editora da UFMG, 2012. NORRISH, J. Advanced welding processes. Londres: IOP Publishing, 1992. REIS, R. P.; SCOTTI, A. Fundamentos e prática da soldagem a plasma. São Paulo: Artliber Editora, 2007. SAUNDERS, H. L. MIG/MAG welding guide: for gas metal arc welding (GMAW), 3. ed. Ohio: Lincoln Electric, 1997. SCOTTI, A.; PONOMAREV, V. Soldagem MIG/MAG: melhor entendimento, me- lhor desempenho. São Paulo: Artliber Editora, 2008. SOLDAGEM 46 FONTESDE ENERGIA PARA SOLDAGEM 2 UNIDADE SER_ENGMEC_SOLDA_UNID2.indd 47 15/07/2020 12:01:37 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Conhecer as fontes de energia para soldagem; Aprender os requisitos básicos das fontes, apresentando as principais características dos processos de soldagem; Familiarizar-se com os processos de soldagem que utilizam fontes elétricas; Conhecer dois processos que usam fontes químicas: gás oxicombustível e soldagem aluminotérmica; Estudar dois processos que usam fontes de energia focada: soldagem a laser e soldagem por feixe de elétrons; Estudar alguns processos que utilizam fontes mecânicas e fontes no estado sólido. Fontes de energia para soldagem Fontes elétricas Fontes para soldagem a arco Fontes para soldagem por resistência Fontes para soldagem por eletroescória Fontes químicas Soldagem a gás oxicombustível Soldagem aluminotérmica Fontes de energia focada Soldagem a laser Soldagem com feixe de elé- trons Fontes mecânicas e fontes no estado sólido Soldagem por fricção Soldagem por ultrassom Soldagem por explosão Soldagem por difusão SOLDAGEM 48 SER_ENGMEC_SOLDA_UNID2.indd 48 15/07/2020 12:01:37 Fontes de energia para soldagem Todos os tipos de soldagem precisam de alguma forma de energia para realizar o processo de união dos materiais. As fontes dessa energia, segundo a Sociedade Americana de Soldagem (em inglês, American Welding Society – AWS), podem ser divi- didas em cinco categorias: fontes elétricas, fontes químicas, fontes de energia foca- da, fontes mecânicas e fontes no estado sólido. Esta unidade apresentará as principais características e particularidades dos processos de soldagem que fazem parte de cada categoria. Fontes elétricas Existem diversos processos de soldagem que utilizam fontes elétricas, entre eles: soldagem a arco, soldagem por resistência e soldagem por eletroescória. Na soldagem a arco, a fonte de calor para a fusão dos metais é obtida pelo arco elétrico, enquanto na soldagem por resistência a combinação de calor e pressão é a força motriz para a união. Na soldagem por eletroescória, o calor é produzido pela resistência da passagem de corrente por uma camada fundida de escória. Fontes para soldagem a arco A fonte de calor para a soldagem a arco é o arco elétrico, que consiste em uma descarga elétrica de alta intensidade sustentada por uma coluna de plas- ma (nome que se dá a um gás ionizado a alta temperatura). Alguns exemplos de processos de soldagem a arco são: • Soldagem com eletrodos revestidos (shielded metal arc welding – SMAW); • Soldagem a arco com eletrodo de tungstênio e proteção gasosa (gas tungsten arc welding – GTAW). Conhecida também como soldagem TIG (tungs- ten inert gas); • Soldagem a plasma (plasma arc welding – PAW); • Soldagem a arco com proteção gasosa (gas metal arc welding – GMAW), como a soldagem MIG (metal inert gas) e MAG (metal active gas); • Soldagem a arco com arame tubular (fl ux-cored arc welding – FCAW); • Soldagem a arco submerso (submerged arc welding – SAW). SOLDAGEM 49 SER_ENGMEC_SOLDA_UNID2.indd 49 15/07/2020 12:01:37 O papel do arco elétrico na soldagem é fornecer energia localizada e de alta intensidade para a fusão do material. E para que a soldagem seja efetiva, a área de contato do arco na peça deve ser mínima para que a intensidade da fonte, medida pela potência, seja máxima. É difícil evitar, no entanto, que toda a energia fique concentrada na região da união, já que metais possuem alta condutividade térmica e o calor é difundido para a peça por condução, como mostrado no esquema (a) da Figura 1. Há também perda de calor por convec- ção, por radiação e por respingos do metal fundido. O esquema (b) da Figura 1 mostra que o arco é estabelecido entre o eletro- do e a peça que está sendo soldada, onde o eletrodo pode ser não consumível (por exemplo, na soldagem a arco com eletrodo de tungstênio e soldagem a plasma, figura da esquerda) ou consumível (como a soldagem com eletrodos revestidos e com arco submerso, figura da direita). Note que, no segundo caso, a energia térmica gerada pela fusão do eletrodo (arame) ao passar pelo arco é transmitida para a região da solda por meio do metal fundido. Fonte de energia Área de contato (A0) Arco w Ae la la Aw Calor difundido na peça f Figura 1. (a) Fluxo de calor na soldagem a arco. (b) Arco de soldagem. Fonte: MARQUES; MODENESI; BRACARENSE, 2009, p. 1-4. (Adaptado). (a) (b) SOLDAGEM 50 SER_ENGMEC_SOLDA_UNID2.indd 50 15/07/2020 12:01:37 EXPLICANDO Um sistema em regime permanente ou em estado estacionário é aquele cujas propriedades não variam com o tempo. Por outro lado, um sistema em regime transiente é um estado transitório em que as propriedades variam com o tempo – em geral, devido a uma perturbação – até que um novo estado estacionário seja atingido. Segundo a AWS (2001), o rendimento térmico da fonte, que mede a fração da energia gerada que é efetivamente transferida para a peça, varia de 0,5 a 0,9. Considerando valores típicos de tensão e corrente (300 A e 25 V, respectiva- mente) e uma área de arco com aproximadamente 10 mm2, a potência típica do processo (considerando um rendimento de 0,8) é próxima de 750 W por mm2. Na soldagem a arco, as fontes elétricas, segundo Marques, Modenesi e Bracarense (2009), devem ser capazes de atender os seguintes requisitos: • A corrente e a tensão devem ser capazes de atingir valores adequados para o processo de soldagem; • Deve ser possível ajustar os valores de tensão e corrente para atender diferentes aplicações; • O sistema deve permitir o ajuste dos níveis de tensão e corrente durante a soldagem; • A fonte deve estar de acordo com o que é exigido por normas técnicas específicas; • A operação deve ser segura para o soldador. Uma fonte de energia pode ser caracterizada de acordo com seu comportamento estático e dinâmico. Carac- terísticas estáticas dizem respeito aos valores médios de corrente e tensão fornecidos pela fonte durante a operação em regime permanente. Já as característi- cas dinâmicas estão relacionadas com as variações instantâneas da corrente e da tensão, em regime transiente, em decorrência de mudanças no proces- so de soldagem. Como destaca Mandal (2001), o regime transiente ocorre nas seguintes situações: abertura do arco; mudanças abruptas no comprimento do arco; transferência de metal através do arco; e extinção e ignição do arco, a cada meio ciclo, na soldagem com corrente alternada. SOLDAGEM 51 SER_ENGMEC_SOLDA_UNID2.indd 51 15/07/2020 12:01:37 É importante destacar que, embora o tempo em que as variações tran- sientes da tensão e da corrente relacionadas com os eventos listados aci- ma seja relativamente pequeno (da ordem de 0,001 segundo), alterações significativas podem ocorrer no arco durante esse período de transição. É necessário, portanto, que a fonte de energia responda rapidamente a essas variações. Para isso, é importante que o sistema seja capaz de controlar as características dinâmicas da fonte, que são influenciadas, segundo Mandal (2001), pelos seguintes fatores de projeto: • Sistema local de armazenamento de energia transiente (indutor ou capacitor); • Sistema de controle com retroalimentação e regulagem automática; • Modificações das formas de ondas ou frequências operacionais dos circuitos. Ao controlar essas características, o arco se torna mais estável e, como con- sequência, há maior uniformidade na transferência de metal, redução de respin- gos e redução de turbulência na poça de fusão. As fontes de energia para soldagem podem ser classificadas em dois ti- pos, de acordo com o comportamento da tensão e da corrente: fonte com corrente constante ou fonte com tensão constante. Em fontes com corrente constante, o comprimento do arco pode variar durante a soldagem sem que ocorram mudanças significativas na corrente, mesmo em condições de curto- -circuito,
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