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SANEAMENTO BÁSICO/SISTEMAS DE ÁGUAS E ESGOTOS PROF. CEZAR L. F. PIRES JUN/2022 Saneamento “A água de boa qualidade é exatamente como a saúde ou a liberdade: ela só tem valor quando acaba”. João Guimarães Rosa (1908-1967) Prof. Cezar L. F. Pires 2 Cezar L F Pires ➢ Facebook: Cezar L F Pires ➢ Email: cpires@uva.com mailto:cpiresmail@gmail.com Artigos Sugeridos Site: SRZD 13/10/2014 - Movimento ambiental: como começou - http://www.sidneyrezende.com/noticia/238748 29/10/2014 - A crise da água - http://www.sidneyrezende.com/noticia/239640 09/03/2015 - Não está faltando água em São Paulo! - http://www.sidneyrezende.com/noticia/246670 07/04/2015 O potencial de energias solar e eólica no Brasil - http://www.sidneyrezende.com/noticia/247839 08/05/2015 Consumo X Consumismo (Parte 1) - http://www.sidneyrezende.com/noticia/248980 18/06/2015 Consumo X Consumismo (Parte 2) - http://www.sidneyrezende.com/noticia/250703 27/08/2015 Consumo X Consumismo (Parte 3) - http://www.sidneyrezende.com/noticia/254069 29/09/2015 Educação Ambiental - http://www.sidneyrezende.com/noticia/254069 14/01/2016 Poluição Urbana do Ar - http://www.sidneyrezende.com/noticia/259037 http://www.sidneyrezende.com/noticia/238748 http://www.sidneyrezende.com/noticia/239640 http://www.sidneyrezende.com/noticia/246670 http://www.sidneyrezende.com/noticia/247839 http://www.sidneyrezende.com/noticia/248980 http://www.sidneyrezende.com/noticia/250703 http://www.sidneyrezende.com/noticia/254069 http://www.sidneyrezende.com/noticia/254069 http://www.sidneyrezende.com/noticia/259037 Artigos Sugeridos 31/03/2016 Desenvolvimento x efeitos colaterais - http://www.sidneyrezende.com/noticia/261526 15/04/2016 Retrocessos Leg. 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F. Pires 8 Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico do homem que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem estar físico, mental e social. É o conjunto de medidas adotadas em um local para melhorar a vida e a saúde dos habitantes, impedindo que fatores físicos de efeitos nocivos possam prejudicar as pessoas no seu bem-estar físico mental e social. Prof. Cezar L. F. Pires 9 A origem é o Latim SANUS, “de boa saúde, sadio. Íntima ligação com saúde pública e preventiva. Prof. Cezar L. F. Pires 10 Aspectos Econômicos Como se não bastasse ser um direito constitucional do cidadão, o saneamento básico propicia também um retorno econômico, principalmente no longo prazo. Eficientes sistemas de saneamento propiciam: • aumento da vida média e da vida produtiva do indivíduo pela diminuição de doenças e da mortalidade; Prof. Cezar L. F. Pires 11 Aspectos Econômicos • diminuição dos gastos públicos com saúde, tais como: campanhas de educativas e de vacinação, gastos gerais nos hospitais públicos, gastos da previdência, ....; Prof. Cezar L. F. Pires 12 Aspectos Econômicos • facilidade da instalação de atividades produtivas, indústrias, serviços (turismo), ...; • depreciação de imóveis e regiões devido à poluição, ... Praia dos Tamoios – Paquetá – Rio Prof. Cezar L. F. Pires 13 Aspectos Econômicos Estima-se que cada unidade monetária (R$1,00) aplicada e Saneamento Básico reverte em: R$4,20 em diminuição de gastos com saúde; R$3,13 no valor bruto da produção nacional (PIB); R$1,88 no setor industrial; R$1,15 no setor de serviços; R$0,10 no setor agropecuário. Fonte: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS – CNI) 2014. Prof. Cezar L. F. Pires 14 Aspectos Legais: Constituição Federal 1988 Art. 21. Compete à União: XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos; Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; Art. 196. a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco da doença e de outros agravos e de acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Prof. Cezar L. F. Pires 15 Aspectos Legais: A Lei Federal 11.445/07 – Lei Nacional do Saneamento Básico Art. 1. Esta Lei estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico. Prof. Cezar L. F. Pires 16 No Artigo 3 considera os seguintes serviços de saneamento: I - saneamento básico: conjunto de serviços, infra- estruturas e instalações operacionais de: a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição; b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente; c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas; d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas; Prof. Cezar L. F. Pires 17 Art. 2. Os serviços públicos de saneamento básico serão prestados com base nos seguintes princípios fundamentais: I - universalização do acesso; III - universalização: ampliação progressiva do acesso de todos os domicílios ocupados ao saneamento básico; Prof. Cezar L. F. Pires 18 Art. 8o Os titulares dos serviços públicos de saneamento básico poderão delegar a organização, a regulação, a fiscalização e a prestação desses serviços, ... Art. 9o O titular dos serviçosformulará a respectiva política pública de saneamento básico,... Ainda hoje a titularidade do serviço público de saneamento básico enfrenta séria controvérsia jurídica. Em geral o entendimento tem sido que a titularidade do pertence ao poder público municipal, exceto nas regiões metropolitanas em que a titularidade passa a ser compartilhada entre estados e municípios. Prof. Cezar L. F. Pires 19 Art. 16. A prestação regionalizada de serviços públicos de saneamento básico poderá ser realizada por: I - órgão, autarquia, fundação de direito público, consórcio público, empresa pública ou sociedade de economia mista estadual, do Distrito Federal, ou municipal, na forma da legislação; II - empresa a que se tenham concedido os serviços. Prof. Cezar L. F. Pires 20 Diversos modelos compõe o quadro brasileiro no que diz respeito à prestação dos serviços de saneamento básico. Sempre a partir de concessões por meio de contratos com vigência determinada, estas concessões têm hoje no Brasil os seguintes modelos: - empresas públicas estaduais em áreas metropolitanas e em municípios isolados; Prof. Cezar L. F. Pires 21 - empresas públicas municipais prestando serviço no município titular; Prof. Cezar L. F. Pires 22 - empresas privadas atuando em um município ou em vários municípios consorciados; Prof. Cezar L. F. Pires 23 - empresas privadas atuando em um município ou em vários municípios consorciados; Prof. Cezar L. F. Pires 24 - empresas privadas prestando parte dos serviços de saneamento básico, em geral a distribuição de água e a coleta de esgotos, podendo ficar a captação e o tratamento de água e o tratamento e a destinação de esgotos, a cargo de empresas estaduais e municipais. Prof. Cezar L. F. Pires 25 Contrastando com nossos “eternos” problema de poluição da Baía de Guanabara e Sepetiba, lagoas cariocas, Rio Paraíba do Sul, ... Prof. Cezar L. F. Pires 26 Realidade do Saneamento no Brasil Hoje Maior problema ambiental no Brasil – Saneamento Básico Prof. Cezar L. F. Pires 27 Prof. Cezar L. F. Pires 28 Prof. Cezar L. F. Pires 29 Prof. Cezar L. F. Pires 30 31 Prof. Cezar L. F. Pires 32 O modelo de operação dos serviços por meio de empresas públicas em geral apresenta: - dificuldade de regulação do poder público exercida sobre uma empresa também publica. Sendo o Estado responsável pela prestação do serviço quem fará a fiscalização? - dificuldades clássicas da gestão pública: imobilismos, falta de pessoal, greves, corporativismos, empreguismo, falta de agilidade gerencial, dependência econômica e política do poder público titular dos serviços, gestão politizada, ... Prof. Cezar L. F. Pires 33 O modelo de operação dos serviços por meio de empresas privadas apresenta: - ausência de competição entre empresas, por conta do serviço de água e esgotos ser fisicamente robusto e impedir a prestação do serviço por várias empresas simultaneamente, impedindo a concorrência de mercado. Trata-se de um monopólio natural; - por conta disso, faz-se necessário forte regulação por meio do poder público titular, e concessões bem feitas com vigências com tempo determinado (cerca de 30 anos em geral), que podem ser interrompidas ou não renovadas caso identifique-se serviços ruins e metas não alcançadas. Prof. Cezar L. F. Pires 34 Opinião Todos os modelos têm seus prós e contras, mas no geral a concessão do serviço bem feita, por tempo limitado e bem regulada para empresas privadas vem demonstrado ser mais vantajosa do que para empresas públicas. Como exemplo podemos citar o caso da Região dos Lagos. A concessão (ProLagos) realizada a alguns anos vem trazendo melhorias visíveis nesta região. Claro muita coisa ainda precisa ser feita, porém casos históricos de falta de água foram resolvidos e mais recentemente o problema de esgoto parece estar sendo solucionado, como pode-se constatar com a melhora das águas da laguna de Araruama, apesar do crescimento populacional em seu entorno. Prof. Cezar L. F. Pires 35 O novo Marco do Saneamento Básico no Brasil, sancionado em julho de 2020, tem uma meta ambiciosa: garantir que, até 2033, 99% da população tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento e à coleta de esgoto. Marco do Saneamento Básico Prof. Cezar L. F. Pires 36 Os municípios ficam obrigados a abrir concorrência para a seleção da proposta mais vantajosa, obrigando as empresas estatais do setor a competir em igualdade de condições com as empresas privadas. Marco do Saneamento Básico Prof. Cezar L. F. Pires 37 Dessa forma, o marco do saneamento extingue os chamados contratos de programa firmados sem licitação e determina a inclusão de cláusulas essenciais, como: • Não interrupção dos serviços; • Redução de perdas na distribuição de água tratada; • Qualidade na prestação dos serviços; • Melhoria nos processos de tratamento; • Reuso e aproveitamento de águas de chuva. Marco do Saneamento Básico Prof. Cezar L. F. Pires 38 https://www12.senado.leg.br/noticias/videos/2020/06/novo-marco- legal-do-saneamento-basico-aguarda-sancao-presidencial Marco do Saneamento Básico https://www12.senado.leg.br/noticias/videos/2020/06/novo-marco-legal-do-saneamento-basico-aguarda-sancao-presidencial 39 Prof. Cezar L. F. Pires 40 Niterói (Águas de Niterói) também é um caso bem sucedido como indicam as estatísticas do IBGE: www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/atlas_saneamento e o ranking da Ong. TrataBrasil com base no Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento Básico (SNIS) http://www.tratabrasil.org.br/ranking-do-saneamento-4 . http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/atlas_saneamento http://www.tratabrasil.org.br/ranking-do-saneamento-4 Prof. Cezar L. F. Pires 41 Aspectos Técnicos Água - Composição Em termos físicos, é um óxido de diidrogênio, formada, portanto por moléculas que contêm dois átomos de hidrogênio atraídos e unidos à um átomo de oxigênio (H2O). Física Apresenta baixa viscosidade, propriedade naturalmente contrária ao escoamento (à fluidez) de um fluido. Desta forma a água adquire movimento, isto é escoa, com muita facilidade e em geral formando escoamentos turbulentos com grande capacidade erosiva e de transporte sedimentos em suspensão, como colóides e solo (argila, silte e areias com grãos menores – menor granulometria). Prof. Cezar L. F. Pires 42 Propriedades Química É o chamado solvente universal por apresentar grande capacidade de dissolução de substâncias diversas. Biológica É habitat para diversas formas de vida macro e microbiológicas. Prof. Cezar L. F. Pires 43 Assim o que chamamos de água na natureza é, na verdade, uma "sopa" contendo diferentes tipos de substâncias orgânicas, inorgânicas e animadas – microorganismos. Desta forma a água quimicamente pura (H2O) não é encontrada no meio ambiente. Prof. Cezar L. F. Pires 44 Prof. Cezar L. F. Pires 45 Tipos de Água Assim encontramos diferentes composições para o que chamamos de água. Pode-se então classificar as águas em vários tipos: Bruta - é o termo utilizado para caracterizar a água encontrada na natureza, sem ter sofrido nenhum tipo de tratamento pelo homem. São as águas encontradas nas precipitações, nos oceanos, rios, lagos, no solo e nos lençóis de água. A água bruta é o objeto da Gestão de Ambiental de Recursos Hídricos. Prof. Cezar L. F. Pires 46 Potável - é a água inofensiva à saúde, agradável aos sentidos e adequada à dessedentação, à preparação de alimentos e aos usos domésticos de maneira geral. A água bruta pode ser potável. Infelizmente isto é cada vez mais raro, levando à necessidade de tratamento artificial. Prof. Cezar L. F. Pires 47 Tratada - é a água que foi submetida a um ou mais processos artificiais de purificação, remoção de impurezas e/ou de correção de impropriedades. O tratamento pode ser mais eficiente e maiscaro, levando a água a um padrão de potabilidade. Em alguns usos menos exigentes, o tratamento pode ser menos intenso e mais barato. Prof. Cezar L. F. Pires 48 Servidas ou residuárias – São os esgotos, as águas após determinado uso humano, em geral encontra-se poluída e/ou contaminada, mas podem ocorrer exceções. Prof. Cezar L. F. Pires 49 Águas cinzas - é qualquer água residual, ou seja, não- industrial, a partir de processos domésticos como lavar louça, roupa e tomar banho. A água cinza corresponde a 50 a 80% de esgoto residencial. Composto de água residual gerados a partir de todas as casas saneadas, exceto dos vasos sanitários. Prof. Cezar L. F. Pires 50 Águas Negras ou Imundas - são os esgotos sanitários que contem matéria fecal e/ou urina. Prof. Cezar L. F. Pires 51 Poluída - é toda a água de características alteradas devido à presença indesejável de substâncias químicas, orgânicas e inorgânicas, que a tornam imprópria para algum tipo de uso. Contaminada - é água que apresenta germes patogênicos. Apesar de conceitualmente diferente de poluição a água contaminada em geral também encontra-se poluída. Prof. Cezar L. F. Pires 52 Colorida - é o termo conferido à água que deixa de ser límpida devido à presença de substâncias dissolvidas ou em estado coloidal. A cor da água comumente é produzida por substâncias orgânicas. Prof. Cezar L. F. Pires 53 Turva - é a água que não é límpida em decorrência da presença de sedimentos em suspensão. Popularmente diz que o aspecto da água turva em um rio é barrento. Geralmente a água com turbidez acentuada possui cor reduzida e vice-versa. Prof. Cezar L. F. Pires 54 Dura ou salobre - é a água que possui teor acentuado de certos sais que causam: sabor característico tornando-a desagradável quando bebida, inconveniente para a limpeza corporal e lavagem de roupas, por não espumar com sabão e impropriedade para o cozimento de legumes. Os sais causadores da dureza são geralmente os bicarbonatos, sulfatos, cloretos e nitratos de cálcio e magnésio. A água dura possui sabor característico. Prof. Cezar L. F. Pires 55 Salgada ou salina - é a água que, além de sais causadores de dureza, possui elevado teor de cloreto de sódio, que na água do mar constitui em média 78% dos sais dissolvidos. Águas salinas podem ser encontradas em poços subterrâneos escavados longe do litoral, com salinidade inferior as águas dos oceanos, porém suficiente para impedir a maioria dos usos deste recurso. A água do mar possui os mesmos inconvenientes da água dura, porém em grau mais acentuado. Prof. Cezar L. F. Pires 56 Ácida - é toda água que possui teor acentuado de gás carbônico ou ácidos minerais. Seu pH (potencial de hidrogênio) é inferior a 7 (valor neutro). Geralmente a água com acidez acentuada é denominada agressiva ou corrosiva por ser capaz de provocar a corrosão de metais. Alcalina - é a água que contém quantidade elevada quer de bicarbonatos de cálcio e magnésio, quer de carbonatos ou hidróxidos de sódio, potássio, cálcio e magnésio. Seu pH é superior a 7. Toda água dura é alcalina, a recíproca porém, nem sempre é verdadeira. Prof. Cezar L. F. Pires 57 Pura - é a água praticamente desprovida de substâncias estranhas e que pode ser utilizada para determinado fim sem sofrer tratamento. O conceito de pureza é relativo. Exemplificando, uma água pode ser pura para uso doméstico e impura para certo uso industrial. Doce - é a água que não apresenta teores de salinidade que a torne com gosto desagradável. Não é um conceito formalmente rígido. Prof. Cezar L. F. Pires 58 Existem vários outros tipos de água, caracterizando mais uma vez sua importância, tais como: na química - água sanitária (solução com cloro), água vegeto- mineral (solução que tem por base acetato de chumbo), água pesada (solução aquosa de óxido de deutério), água destilada, água oxigenada, água boricada, água gaseificada, etc.; nas tradiçõs religiosas - água benta, água fluidificada, água santificada, etc.; no cotidiano – água de colônia, água de cheiro, aguardente, etc.. Tais tipos não serão tratados aqui. Prof. Cezar L. F. Pires 59 Doenças Transmitidas pela Água A água é nociva à saúde, quando possui seres patogênicos e/ou elementos prejudiciais ao organismo, capazes de causar-lhes doenças. Prof. Cezar L. F. Pires 60 cólera - é causado pelo Vibrio comma. A água é o veículo quase inteiramente responsável pela disseminação da doença, já que nela é grande a longevidade do agente etiológico. Não existe em caráter endêmico no Brasil. É comum na Índia e na China.; febre tifóide - A bactéria Salmonella typhi penetra no aparelho digestivo junto com água e alimentos. É comum a contaminação em águas de enchentes que tiveram contato com esgotos. Os sintomas são prostração e dor de cabeça. A doença pode se desenvolver para uma infecção generalizada e causar a morte; febre paratifóide - O germe causador é o Bacilos paratifóides que tem acesso ao organismo por via oral; disenteria bacilar - causada por algumas espécies do gênero Shigella; disenteria amebiana - causada pela Endamoeba histolylica; diarreia infantil - é a principal causa de mortalidade em lactentes nos países do Terceiro Mundo. A perda de água intensa provoca rápida desidratação, levando à morte; Prof. Cezar L. F. Pires 61 hepatite infecciosa - Chamada de hepatite tipo A, é uma infecção viral que atinge o fígado levando à insuficiência hepática e pode causar problemas graves de saúde a longo prazo. Os sintomas são fezes mais claras, olhos amarelados e urina escura. Ela pode ser contraída pela ingestão de água ou alimentos (especialmente frutos do mar) ou banho em águas contaminadas; poliomielite - também chamada de paralisia infantil ou simplesmente pólio, é uma doença grave que leva o paciente à paralisia. A transmissão ocorre pela falta de higiene e de saneamento na moradia; Prof. Cezar L. F. Pires 62 fluorose - resulta do excesso de flúor na água, o qual ataca o esmalte dos dentes, dando-lhes coloração escura; saturnismo - é doença causada pelo chumbo. Quando a água é possuidora de baixa dureza e grande corrosividade, tem o poder de dissolvê-lo, ao passar pelas tubulações dele constituídas. O envenenamento pode ocorrer quando o teor do metal é superior a 0,3 mg/l; cianose ou metamoglobinemia - teores elevados de nitrato, utilizadas no preparo de alimentos podem provocar a doença que provoca descoloração da pele em consequência de alterações no sangue. Para efeito de prevenção as águas para bebida não devem ter nitratos além de 45 mg/l. Prof. Cezar L. F. Pires 63 Usos da Água Quanto ao consumo quantitativo tem-se: • consuntivos - refere-se aos usos que retiram a água de sua fonte natural diminuindo suas disponibilidades quantitativas, espacial e temporalmente; Ex.: Irrigação Prof. Cezar L. F. Pires 64 • não-consuntivos - refere-se aos usos que retornam à fonte de suprimento, praticamente a totalidade da água utilizada, podendo haver alguma modificação no seu padrão temporal de disponibilidade quantitativa e podendo modificar sua qualidade. Ex.: Usinas Hidroelétricas e navegação. Prof. Cezar L. F. Pires 65 Uma cidade por meio de sua cia de água e esgoto é considerada um usuário parcialmente consuntivo. Estima-se que em média 80% da água captada e distribuída na cidade, retorna na forma de esgotos ao corpo hídrico receptor. Prof. Cezar L. F. Pires 66 Usos da Água Quanto ao consumo qualitativo tem-se: Uso Primário - trata-se do uso mais nobre, predominantemente consuntivo, representado pelo uso doméstico que inclui a dessedentação, o preparo de alimentos, as lavagens domiciliares e a higiene pessoal. Os padrões de qualidade da água devem ser os mais elevados possíveis e a água na maioria das cidadesrequer tratamento preliminar em estações de tratamento de água. Nesta categoria pode-se considerar também o uso da água como vetor de transporte de substâncias benéficas no uso doméstico, como o flúor adicionado à água em estações de tratamento de água com o objetivo de prevenir a cárie dentária. Em termos quantitativos, as projeções demográficas determinam a estimativa de demanda. Prof. Cezar L. F. Pires 67 Uso Secundário - a água é usada para fins urbanos e industriais sendo o padrão de qualidade correspondente ao doméstico. Estão nesta categoria: • usos públicos - refere-se aos usos comerciais em hospitais, restaurantes, escolas...; ao molhamento de parques e jardins urbanos; ao combate à incêndios; à limpeza pública e ao uso estético em chafariz e fontes. O uso público é em geral consuntivo e os padrões de qualidade acompanham ao doméstico. Apesar de alguns usos como o combate à incêndios, limpeza pública e o uso estético não exigirem necessariamente um padrão de qualidade tão alto como o uso doméstico, estes usos utilizam a mesma água do uso domésticos, dado que em geral só existe uma rede de encanamentos para a distribuição urbana de água. Em termos de aumento de demanda também acompanham as projeções demográficas; Prof. Cezar L. F. Pires 68 • uso industrial - decorre do aproveitamento da água para arrefecimento de processos com geração de calor, como fonte de energia hidráulica ou para geração de vapor com altas pressões com objetivo de gerar energia elétrica dentro de industrias e usinas, como elemento de desagregação o diluição de partículas minerais, como insumo de processos industriais, em indústrias de alimentos e bebidas incluindo a indústria da construção civil na obtenção do concreto e finalmente como meio fluido de transporte. Apesar de alguns destes usos não exigirem altos padrões de qualidade, em geral o uso industrial utiliza água tratada, mesmo em indústrias fora do perímetro urbano não ligadas a rede de abastecimento. A demanda hídrica depende da produção. Prof. Cezar L. F. Pires 69 Uso Terciário - caracterizado pela utilização da água na própria fonte. O padrão de qualidade exigido é inferior devendo a água não apresentar poluição e/ou contaminação. São exemplos: • hidroeletricidade; • irrigação; • agricultura e pecuária; • piscicultura; • pesca; • navegação; • mineração; • uso terapêutico, recreação e esportes; • conservação de ecossistemas. Prof. Cezar L. F. Pires 70 Prof. Cezar L. F. Pires 71 Esquema Tradicional de um Sistema Urbano de Abastecimento de Água Prof. Cezar L. F. Pires 72 Avaliação da Demanda de Consumo Demanda é a quantidade de água necessária para o abastecimento e fundamental para o dimensionamento de todo o sistema desde a captação até a distribuição. A demanda é calculada pela vazão de consumo, também chamada de vazão de projeto ou vazão de dimensionamento. A vazão, tradicionalmente definida pela letra Q é a quantidade de água escoada em uma unidade de tempo, dando a ideia de intensidade do fluxo. Expressa em m³/s para grandes vazões (rios, grandes canais) e em l/s para vazões menores (sistemas urbanos). 1m³ = 1.000 l Prof. Cezar L. F. Pires 73 A vazão de consumo é o produto de: • População futura - Pf (também chamada de população de projeto ou população de dimensionamento); • Vazão per capita – q (l/hab.dia). 86400 )/( qP slQ f = 86.400 é o número de segundos em um dia, para expressar a vazão de consumo em l/s. Prof. Cezar L. F. Pires 74 Vazão per Capita (q) Relação entre o volume de água distribuído na comunidade e a população consumidora (inclui demandas comercial, pública, de indústrias que não consomem volume significativo de água no seu processamento e perdas). Numa cidade com sistema de água em funcionamento regular, obtém-se a vazão média per capita, dividindo-se o volume total de água distribuída durante um ano, por 365, e pelo número de habitantes beneficiados. É expresso em litros por habitantes por dia (l/hab.dia). q = Volume distribuído anual (l/ano)/365 (dias/ano).População beneficiada (habs) Prof. Cezar L. F. Pires 75 Na Bacia do Rio Paraíba do Sul (SP/MG/RJ), adota-se os seguintes consumos per capita por faixa de população: População Urbana Vazão per capita (q) 0 a 10.000 (Habitantes) - 165 (l/hab.dia) 10.000 a 50.000(Habitantes) - 195 (l/hab.dia) 50.000 a 100.000 (Habitantes) - 210 (l/hab.dia) 100.000 a 200.000 (Habitantes) - 220 (l/hab.dia) 200.000 a 1.000.000 (Habitantes) - 250 (l/hab.dia) Grande São Paulo – 187 l/hab.dia em 2015; Média brasileira – 166 l/hab.dia em 2015. Valor de Referência para dimensionamento no Brasil: 250 l/hab.dia Prof. Cezar L. F. Pires 76 Denomina-se população de projeto a população total a que o sistema deverá atender durante a vida útil prevista para o sistema de abastecimento. A determinação da população de projeto ou população futura é essencial, pois não se deve projetar um sistema de coleta de esgotos para beneficiar apenas a população atual de uma cidade com tendência de crescimento contínuo. Esse procedimento, muito provavelmente, inviabilizaria o sistema logo após sua implantação pois logo se tornaria subdimensionado. Prof. Cezar L. F. Pires 77 Os métodos de estimativa das populações de projeto (de dimensionamento ou futura) podem ser classificados em: Quanto ao tempo: • métodos de curto alcance – 1 a 10 anos; • métodos de longo alcance – 10 a 50 anos. Quanto ao método: • métodos analíticos – são os modelos matemáticos (gráficos e equações) previamente definidos. Os mais usados são: a) Curva Logística - longo alcance; b) Progressão Aritmética - curto alcance; c) Progressão Geométrica - curto alcance; d) Extensão gráfica - curto alcance; • métodos empíricos – métodos comparativos usados no curto e no longo alcance. Prof. Cezar L. F. Pires 78 Os Métodos Analíticos a) Método da Curva Logística: Prof. Cezar L. F. Pires 79 onde: Pf - População futura, referente ao ano tf; tf-ta - diferença de anos. No caso de extrapolação pela Curva Logística, deve-se extrapolar a partir do primeiro senso no ano ta; d - diferença de anos entre os censos. Prof. Cezar L. F. Pires 80 Para ajustar a equação logística para uma cidade específica, deve-se calibrar (dar valor numérico) seus parâmetros K, a e b. É por meio destes coeficientes que a informação do crescimento populacional de uma determinada cidade chega a equação geral. O ajuste dos parâmetros é feito com base no histórico recente de crescimento populacional da cidade em estudo, por meio dos últimos censo populacionais. Como são três parâmetros (k, a e b) precisa-se no mínimo das últimas três populações censitárias. Segue a resolução dos parâmetros. Prof. Cezar L. F. Pires 81 Coeficiente de Saturação K onde: Pa - População do anti-penúltimo censo, referente ao ano ta; Pp - População do penúltimo censo, referente ao ano tp; Pu - População do último censo, referente ao ano tu. O parâmetro K apresenta um significado explicito, refere-se a população de saturação da cidade, isto é, a população máxima que a cidade em estudo poderá alcançar a partir do modelo da Curva Logística. Prof. Cezar L. F. Pires 82 Coeficiente a Coeficiente b d - diferença de anos entre as populações históricas. Se usado censos, d=10 anos. Restrições ao uso da Curva Logística: - Pa < Pp < Pu - Pa . Pu < Pp² Prof. Cezar L. F. Pires 83 b) Método Aritmético Cálculo da população futura: Prof. Cezar L. F. Pires 84 b) Método Aritmético Taxa de progressão aritmética Ka: Prof. Cezar L. F. Pires 85 c) Método Geométrico Cálculo da população futura: Prof. Cezar L. F. Pires 86 c) Método Geométrico Taxa de progressão geométrico Kg: Prof. Cezar L. F. Pires 87 Exercício: Uma cidade apresenta os dados censitários abaixo. Pede-se estimar sua população a partir do modelo Logístico, Aritméticoe Geométrico para o ano de 2.050. População Censitária (habs) Ano 40.000 1990 60.000 2000 85.000 2010 Respostas: Curva Logística: K = 210.000 habitantes; a = 1,4460; b = - 0,0531 e Pf = 179.000 habitantes. Progressão Aritmética: Ka = 2.500 habitantes; Pf = 185.000 habitantes. Progressão Geométrica: Kg = 1,0354; Pf = 342.365 habitantes = 345.000 habitantes. Prof. Cezar L. F. Pires 88 Captação e Mananciais Prof. Cezar L. F. Pires 89 A água no planeta apresenta-se em quantidades finitas. Como se pode constatar no ciclo hidrológico, não entra nem sai água do planeta, além disso, a natureza não produz nem destrói água em quantidades relevantes. Assim fica fácil perceber que o volume global de água existente na Terra é constante e limitado. Pode-se dizer que a água que os dinossauros beberam é a mesma que bebemos hoje, após inúmeras passagens por seu ciclo. O volume total da água na Terra permanece constante, existindo sob as formas, sólida, líquida e como vapor, sendo estimado em torno de 1,5 bilhão de quilômetros cúbicos. Prof. Cezar L. F. Pires 90 Denomina-se captação ao conjunto de obras e dispositivos de engenharia construídos junto à fonte de suprimento, o manancial, para a retirada da água que deve ser conduzida pelo sistema de abastecimento. As águas disponíveis à maioria dos usos podem ser divididas por fontes de obtenção, os chamados mananciais, em três tipos: Prof. Cezar L. F. Pires 91 Manancial Atmosférico - são as águas pluviais, águas da chuva, e sua utilização para abastecimento é feita desde épocas remotas. Atualmente utiliza-se este tipo de manancial, muitas vezes de forma complementar a outros mananciais, em regiões sujeita a escassez tal como o nordeste brasileira. Prof. Cezar L. F. Pires 92 A qualidade da água em geral é boa, dependendo das impurezas existentes no ar atmosférico. Deve-se portanto, eliminar as águas dos primeiros minutos de chuva que lavam a atmosfera e a superfície do solo coletor, podendo tornar-se poluídas. Em atmosferas muito poluídas, as gotas de chuva absorvem tais impurezas dando origem a um impacto ambiental conhecido como chuva ácida. Nestes casos a captação de água pluviais não é recomendada. Prof. Cezar L. F. Pires 93 A captação é feita diretamente sobre telhados e superfícies preparadas para esta finalidade. Utiliza-se calhas coletoras e condutoras que encaminham por gravidade a água até o reservatório inferior. Prof. Cezar L. F. Pires 94 Manancial Superficial - são de dois tipos: corrente - são os rios. A água pode conter material sólido em suspensão, substâncias solúveis e microrganismos, necessitando em geral de tratamento. A captação é feita diretamente a partir de um sistema de motor-bomba; Santa Cecília / Barra do Piraí – Sistema Light/RJ Prof. Cezar L. F. Pires 95 dormente - são lagos, lagoas, açudes e reservatórios construídos pelo homem. Geralmente apresentam um índice de pureza inferior às águas corrente, dado a menor agitação de suas águas que impede uma oxigenação maior. Além disso, quando profundos dificultam a penetração dos raios solares prejudicando o crescimento da flora aquática, que também auxilia a oxigenação das águas. A captação é feita de forma idêntica a dos mananciais correntes. Ribeirão da Lajes – Rio Claro/RJ Prof. Cezar L. F. Pires 96 Muitas vezes é necessário a transformação de um manancial corrente em dormente por meio da construção de represas que criam um reservatório de acumulação de água para abastecimento de água. Do ponto de vista hidrológico a viabilidade da construção de uma represa/reservatório é dada por: Qmin<Qc<Qmed onde: Qmin - vazão diária mínima. É estimada por meio de uma estatística retirada da série histórica de vazões diárias mínimas anuais (formada pela menor vazão extraída a cada ano). Tradicionalmente usa-se a vazão de 95% na curva de permanência (em 95% do tempo ocorreram vazões maiores ou iguais a Q95%) ou a vazão Q7,10, calculada a partir da série histórica montada com os sete dias consecutivos de menor vazão somada extraídos a cada ano, com 10 anos de tempo de recorrência. Qc - vazão de consumo diário a ser derivada para os usuários. Para cidades é calculada pela população futura e pela vazão per capita, conforme visto anteriormente. Qméd - vazão diária médias. Da mesma forma que a mínima é estimada por meio de estatística calculadas da série histórica. Pode-se usar, por exemplo, a média das vazões diárias médias anuais ou a vazão diária mediana, correspondente a 50% na curva de permanência, presente em metade do tempo. Prof. Cezar L. F. Pires 97 Desta maneira pode-se acumular os excessos de água em períodos de cheias a fim de compensar os déficit nos períodos de seca. A construção de reservatórios e açudes é onerosas e depende de estudos e investigações mais complexas. Prof. Cezar L. F. Pires 98 Mananciais Subterrâneos - constituem aproximadamente 97% da água doce do planeta. A qualidade da água é geralmente superior à dos mananciais superficiais, podendo conter sais diversos muitas vezes originando, por conter maior mineralização, as chamadas águas minerais. São de dois tipos: Prof. Cezar L. F. Pires 99 lençol freático - a água se encontra sobre a primeira camada impermeável do subsolo, sob ação da pressão atmosférica. A captação é feita portanto com o uso de bombas em poços escavados. A qualidade das águas pode ser comprometida quando existem sistemas esgotamento por fossas e aterros sanitários; Prof. Cezar L. F. Pires 100 lençol artesiano (aqüífero confinado) - a água situa-se confinada entre duas camadas rochosas sob pressão superior à atmosférica. Algumas vezes as águas afloram por pressão dando origem a fontes surgentes, outras vezes quando a pressão do lençol artesiano é insuficiente, é necessário a utilização de bombas para complementar a pressão natural. Apresentam em geral, águas de qualidade superior ao lençol freático por ser mais difícil de sofrer contaminação. Contudo podem apresentar problemas de salinidade excessiva. Prof. Cezar L. F. Pires 101 Prof. Cezar L. F. Pires 102 Prof. Cezar L. F. Pires 103 Rio de Janeiro Sistema Light-Guandú Prof. Cezar L. F. Pires 104 Transposição das Águas do Paraíba do Sul para São Paulo Prof. Cezar L. F. Pires 105 http://www.srzd.com/brasil/transposicao-das-aguas-do-paraiba-do-sul-para-sao-paulo/ http://www.srzd.com/brasil/transposicao-das-aguas-do-paraiba-do-sul-para-sao-paulo/ Prof. Cezar L. F. Pires 106 Adutoras São, em geral, condutos forçados (com pressão interna diferente da atmosférica) formados por tubulações e partes integrantes (conexões, registros, válvulas...). Têm por objetivo transportar a água, interligando as unidades do sistema de abastecimento de água da captação até a rede de distribuição. Prof. Cezar L. F. Pires 107 Dimensionamento: Vazão da adutora Captação-ETA – Adutora de Água Bruta: onde: K1 – coeficiente do dia de maior consumo. Relação entre o dia de maior consumo do ano e um dia médio. Valor usual: K1 = 1,25 (25%); n – no de horas de funcionamento da ETA; qI – vazão industrial (l/s). Prof. Cezar L. F. Pires 108 Vazão da adutora ETA-Reservatório de Distribuição– Adutora de Água Tratada: Vazão da adutora Reservatório de Distribuição -Rede de Distribuição– Adutora de Água Tratada: onde: K2 – coeficiente da hora de maior consumo. Relação entre a hora de maior consumo (hora de pico de consumo) do dia e o consumo médio diário. Valor usual: K2 = 1,50 (50%); qi – vazão de incêncio (l/s). Prof. Cezar L. F. Pires 109 Vazão da Industrial - qi (l/s) Prof. Cezar L. F. Pires 110 Vazão de incêndio: Equação de Hazen-Williams: ou onde: D – diâmetro em m. O diâmetro final deve ser comercial expresso em mm. C – coeficiente de rugosidade (atrito), função do tipo de material e da idade da tubulação; Q – vazão em m³/s; J – perda de carga unitária em mca/m. Prof. Cezar L.F. Pires 111 Exercício: Dimensionamento de Adutoras Numa cidade com população de projeto de 10.000 habitantes foi planejado um sistema de abastecimento de água conforme o esquema. Na cidade existem 5 industrias captando água da rede como descrito no quadro abaixo: Indústrias Consumo Diário (m³) A 1.200 B 500 C 800 D 650 E 2.000 São dados: • Consumo per capito médio anual – 200 l/hab.dia; • Coeficiente de variação diária – 1,25; • Coeficiente de variação horária – 1,50; • Tempo de funcionamento da estação de tratamento – 10h/dia; • Coeficiente de rugosidade da fórmula de Hazen-Williams – 120 (ferro fundido fofo); • Perda de carga máxima permitida em sistemas urbanos de água – 0,08 mca/m; Prof. Cezar L. F. Pires 112 Pede-se determinar as vazões (l/s) de dimensionamento das adutoras e seus respectivos diâmetros comerciais (mm). Respostas: Q1 = 132l/s; D1 = 205mm e Dcom.1 = 250mm; Q2 = 129l/s; D2 = 203mm e Dcom.2 = 250mm; Q3 = 123l/s; D3 = 199mm e Dcom.3 = 200mm; qi = 19,7l/s. Prof. Cezar L. F. Pires 113 Estação de Tratamento de Água - ETA Objetivo: Tornar a água tratada/potável, eliminando impurezas ou corrigindo impropriedades como microorganismos, elementos venenosos (ou tóxicos), mineralização como ferro, manganês, lítio em doses excessivas, sedimentos em suspensão como argila areia, silte e de matéria orgânica (esgotos sanitários). Obter a água reduzindo impurezas que possam provocar desgaste prematuro ao sistema de abastecimento, tal como: corrosividade, dureza (ocorre no nordeste em locais que tem mina de extrativismo), turbidez, etc... Obter a água com aspecto agradável ao consumidor, através de padrões estabelecidos por turbidez, sabor e odor. Acrescentar a água substâncias que possam melhorar a qualidade de vida da população. Ex.: flúor para prevenção da cárie dentária. Prof. Cezar L. F. Pires 114 Prof. Cezar L. F. Pires 115 Prof. Cezar L. F. Pires 116 Entrada da ETA Gradeamento: - retenção mecânica de sólidos grosseiros, como galhos e folhas, plásticos, papéis, ... Prof. Cezar L. F. Pires 117 Entrada da ETA Caixa de Areia (desarenadores): - remoção de areias ou desarenação. Prof. Cezar L. F. Pires 118 Entrada da ETA Calha Parshall: - mede a vazão de água bruta na entrada da ETA a partir da medição da profundidade no interior da calha. Também provoca turbulências necessária para misturar o coagulante de forma homogênea na água. Prof. Cezar L. F. Pires 119 Pré-Tratamento: consiste de três fases: mistura rápida, floculação e decantação. a) Mistura Rápida: processo mecânico ou hidráulico de agitação da água de modo a misturar o mais rapidamente possível um coagulante na massa líquida. ETA – Alto da Boa Vista - SABESP Prof. Cezar L. F. Pires 120 A mistura rápida realiza processo de coagulação, reação química obtida através de sulfato de alumínio chamada hidrólise. Como a hidrólise ocorre muito rapidamente é necessário que o coagulante se misture de forma rápida e uniforme na água. É importante também para maior eficiência do processo que a água se encontre com pH em torno de 7,0 a 7,5, caso isso não ocorra, deve- se corrigir o pH por meio da adição de cal ou de uma substância acidificante. Prof. Cezar L. F. Pires 121 b) Floculação nesta etapa ocorre a aglomeração e compactação do coagulante com matérias em suspensão na água, formando sedimentos maiores e mais densos chamados flocos. Floculador – ETA de Várzea Grande/MT Prof. Cezar L. F. Pires 122 A floculação é efetuada por meio de agitação lenta provocam pequena turbulência e promovendo então o choque entre os flocos já formados e os sedimentos e colóides ainda soltos A eficiência da floculação depende da intensidade da agitação fornecida, que não pode ser muito grande para não quebrar os flocos já formados e nem muito pequena para que o processo não seja lento demais. Floculadores – ETA Guandú/RJ Prof. Cezar L. F. Pires 123 c) Decantação: ocorre por ação da gravidade, a precipitação dos flocos formados para o fundo dos decantadores. Os flocos formam então um lodo que será retirado posteriormente. Prof. Cezar L. F. Pires 124 Na decantação a água escoa com baixas velocidades e pouca turbulência facilitando a precipitação dos flocos. O lodo é jogado novamente no rio. Nesta etapa a água já é translúcida. Para diminuir a velocidade de saída da água e consequente arraste dos flocos, poderá ser criado um sistema de tubulações transversais perfurados, com suas extremidades apoiadas nas duas canaletas construídas ao longo das paredes longitudinais. Decantadores – ETA Guandú/RJ Prof. Cezar L. F. Pires 125 Filtragem ou Filtração: consiste na passagem da água por um meio poroso de material granular (formado por grãos). Prof. Cezar L. F. Pires 126 Os mecanismos de natureza físico-química envolvidos na filtração são em ordem decrescente de eficiência: a) adsorção - é a adesão das impurezas à superfície dos grãos do leito filtrante; b) floculação e sedimentação - embora em menor escala, continua ocorrendo entre os poros do filtro, formando flocos que ficam retidos pelos grãos; c) coagem - é a retenção dos flocos de maior tamanho que os poros do filtro. Prof. Cezar L. F. Pires 127 Tipos de Filtros: a) de acordo com o material: • de areia; • de carvão ou antracito; • de carvão e areia, etc... Prof. Cezar L. F. Pires 128 Tipos de Filtros: b) de acordo com a disposição do material filtrante: • em camadas superpostas de areia com granulometrias diferentes (única camada); • em camadas de areia e carvão (dupla camada); • em camadas de antracito, carvão e areia (tripla camada); • de leito misturado. Prof. Cezar L. F. Pires 129 Tipos de Filtros: c) de acordo com o sentido do escoamento: • descendente; • ascendente; • duplo escoamento. Prof. Cezar L. F. Pires 130 Tipos de Filtros: d) de acordo com a velocidade de filtração: • filtros lentos ( São usados quando não há pré-tratamento, exigem grandes superfícies para compensar a velocidade, são muito grandes não se usam no Brasil. Substituem o pré tratamento com menor velocidade. Por ser lento, é mais eficiente em relação a filtragem e menos eficiente em relação a vazão; • filtros rápidos convencionais: utiliza-se uma camada de areia com h=0.75m e diâmetro efetivo de 0.45 a 0.55 mm, situada sobre uma camada de pedregulho com espessura de 0.40m, ficando o conjunto dentro de uma caixa de concreto fechada; • filtros de pressão: semelhante ao filtro rápido convencional, são constituídos de unidades metálicas de forma cilíndrica hermeticamente fechada, onde a água se desloca de cima para baixo sob pressão; • filtros de gravidade. Prof. Cezar L. F. Pires 131 Limpezas de Filtros - os filtros são limpos por meio de reversão do escoamento de água tratada. Algumas vezes, este processo pode ser auxiliado por jatos de água ou por meio de injeção de ar. Em geral de 15 em 15 dias. (usa-se os 5% de água que está separado para fazer a limpeza). Prof. Cezar L. F. Pires 132 Eficiência dos Filtros - a filtração é o processo mais eficiente na remoção de substâncias em suspensão atuando também na eliminação de grande variedade de microrganismos e substâncias minerais. Porém, a eficiência na remoção de microrganismos não é total, fazendo-se necessário a desinfecção da água após a filtragem. Por exemplo, consegue-se remover 98% do vírus da poliomielite. Prof. Cezar L. F. Pires 133 Desinfecção - destrói microrganismos principalmente bactérias, protozoários e vírus por ação de substâncias químicas desinfetantes como o cloro (mais usado processo de cloração), o cromo, o iodo, o ozônio (problemático porque é gás), etc... Prof. Cezar L. F. Pires 134 A eficiência da desinfecção é função da: • resistênciado microorganismo; • temperatura; • pH. O cal mais uma vez atua no pH da água e melhora a eficiência da substância desinfetante. Prof. Cezar L. F. Pires 135 Fluoretação – usa a água tradada com o vetor com o objetivo de combater à cáries dentárias. Usa-se em geral o fluoreto de sódio ou flúossilicato de sódio ou ácido fluossilícico. Prof. Cezar L. F. Pires 136 Processos Específicos de Tratamento: a) Aeração ou Arejamento - é o processo no qual se coloca a água em contato com o ar ou outro gás para que este absorva substâncias na água. É típico para remoção de ferro e manganês encontrado na água. (também utilizado em esgoto). b) Correção de Odor e Sabor - emprega-se o carvão ativado. c) Correção da Dureza - utiliza-se cal ou compostos específicos para remover carbonatos ou bicarbonatos de cálcio responsáveis pela dureza da água. d) Desinfecção por Ozônio (O3) - realiza-se em instalações apropriadas através do gás ozônio de características desinfetantes. e) Desinfecção por Radiação Ultravioleta - produzida por lâmpadas especiais. Esta radiação destrói os microrganismos. Vale ressaltar que a segurança sanitária da água tratada não depende somente do tratamento, pois a adução, a reservação e a distribuição estão sujeitas a contaminação devido à problema de manutenção. Prof. Cezar L. F. Pires 137 Processos Específicos de Tratamento: a) Aeração ou Arejamento - é o processo no qual se coloca a água em contato com o ar ou outro gás para que este absorva substâncias na água. É típico para remoção de ferro e manganês encontrado na água. (também utilizado em esgoto). b) Correção de Odor e Sabor - emprega-se o carvão ativado. c) Correção da Dureza - utiliza-se cal ou compostos específicos para remover carbonatos ou bicarbonatos de cálcio responsáveis pela dureza da água. d) Desinfecção por Ozônio (O3) - realiza-se em instalações apropriadas através do gás ozônio de características desinfetantes. e) Desinfecção por Radiação Ultravioleta - produzida por lâmpadas especiais. Esta radiação destrói os microrganismos. Vale ressaltar que a segurança sanitária da água tratada não depende somente do tratamento, pois a adução, a reservação e a distribuição estão sujeitas a contaminação devido à problema de manutenção. Prof. Cezar L. F. Pires 138 Impropriedades da Água Bruta Tratamento Específico Outros Tratamentos com Eficiência Bactérias Patogênicas Desinfecção – em geral química (cloração) Pré-Tratamento (mistura rápida/floculação/decantação) Filtração lenta e Filtração rápida Turbidez (sólidos em suspensão) Pré-Tratamento (mistura rápida/floculação/decantação) Filtração lenta e Filtração rápida Matéria Orgânica Filtração lenta e Filtração rápida Odores e sabores aeração carvão ativado super cloração Filtração lenta e Filtração rápida Ação corrosiva cal carbonato de sódio Para a correção de cada impropriedade da água têm-se um tratamento específico que age mais diretamente e com maior eficiência. Para eliminação de bactérias patogênicas, por exemplo, a desinfecção seria o tratamento específico, contudo, a filtração lenta e a filtração rápida também apresentam grande eficiência. O tipo de tratamento a ser adotado depende das impurezas encontradas na água bruta após análises físico, química e biológica. Estas análises são padronizadas no Brasil, tanto a nível federal (CONAMA) quanto a nível estadual, classificando as águas brutas, indicando os tratamentos necessários. Prof. Cezar L. F. Pires 139 Sugestão de Vídeos – Tratamento de Água - ETA 1 - https://www.youtube.com/watch?v=nm_HLs8QdDc 2 - https://www.youtube.com/watch?v=lxkQ-lDCcwI 3 - https://www.youtube.com/watch?v=EheLQZyH2wM https://www.youtube.com/watch?v=lxkQ-lDCcwI https://www.youtube.com/watch?v=lxkQ-lDCcwI https://www.youtube.com/watch?v=lxkQ-lDCcwI https://www.youtube.com/watch?v=lxkQ-lDCcwI https://www.youtube.com/watch?v=EheLQZyH2wM Prof. Cezar L. F. Pires 140 Reservatório de Distribuição A reservação é empregada para o acúmulo da água, com propósitos de: • atender a variação do consumo; • manter uma pressão mínima ou constante na rede; • atender demandas de emergências, em casos de incêndios, ruptura de rede, etc. Prof. Cezar L. F. Pires 141 O consumo de uma comunidade está ligado a diversos fatores: climas, hábitos de higiene, qualidade da água, cobrança (água medida ou não). Para uma mesma população, o consumo varia de acordo com as horas do dia. É a chamada variação horária. Varia ainda, conforme a época do ano. É a variação diária. O reservatório de distribuição permite atender a essas variações. Prof. Cezar L. F. Pires 142 Classificação dos reservatórios de distribuição: a) de acordo com sua localização em referência à rede de distribuição: • de montante - quando está localizado entre a captação e a rede de distribuição; Prof. Cezar L. F. Pires 143 • de jusante - quando está localizado após a rede de distribuição. Neste caso recebe água de consumo mínimo e ajuda a abastecer a cidade durante as horas de consumo máximo; Prof. Cezar L. F. Pires 144 b) de acordo com nível do terreno: • enterrados; Prof. Cezar L. F. Pires 145 • semi-enterrados; Prof. Cezar L. F. Pires 146 • apoiados; Prof. Cezar L. F. Pires 147 • elevados Prof. Cezar L. F. Pires 148 c) em relação ao material de que é construído: • concreto armado - geralmente os elevados; Prof. Cezar L. F. Pires 149 • alvenaria - geralmente construído enterrado; Prof. Cezar L. F. Pires 150 • aço - pouco uso no Brasil (mais nas indústrias); Prof. Cezar L. F. Pires 151 • madeira - apenas usados para os apoiados e elevados. Prof. Cezar L. F. Pires 152 Rede de Distribuição: É o conjunto de tubulações, em geral condutos forçados, e partes acessórias destinadas a colocar a água a ser distribuída a disposição dos consumidores de forma contínua e em pontos tão próximos quanto possível, de suas necessidades. Tipos de Rede a) Rede Ramificada – o escoamento apresenta apenas um único sentido. São exemplos mais comuns: • rede espinha de peixe – utilizada em pequenas cidades com traçado urbano linear; Prof. Cezar L. F. Pires 153 Rede de Distribuição a) Rede Ramificada • rede em grelha – caracteriza-se por seu condutos principais (que saem do reservatório de distribuição) serem sensivelmente paralelos. Prof. Cezar L. F. Pires 154 b) Rede Malhada ou em Anéis – apresentam sentido de escoamento variável. Prof. Cezar L. F. Pires 155 c) Redes Mistas – compreendem os dois tipos anteriores. Usadas em grandes cidades. Prof. Cezar L. F. Pires 156 As redes ramificadas apresentam o inconveniente de interromper o fluxo a jusante quando ocorre a necessidade de manutenção da rede, enquanto nas redes malhadas, devido a possibilidade de duplo sentido de escoamento não apresenta esta limitação. Prof. Cezar L. F. Pires 157 • Dimensionamento de Rede Ramificada • Qf (l/s) – vazão fictícia (de dimensionamento); • Qm (l/s) – vazão de montante do trecho; • Qj (l/s) – vazão de jusante do trecho. Prof. Cezar L. F. Pires 158 • Dimensionamento de Rede Malhada Método de Hardy-Cross – método interativo que converge para o resultado final mediante a correção das vazões inicialmente atribuídas a cada trecho da rede. Prof. Cezar L. F. Pires 159 • Dimensionamento de Rede Malhada Fundamentos do Método: 1 – O somatório das vazoes em um nó é zero, considerando a seguinte convençao: - Vazao que entra no nó: + - Vazao que sai do nó: - 2 – O somatório das perdas de carga em um anel é igual a zero, considerando a seguinte convençao: - Perda de carga no sentido horário: + - Perda de carga no sentido negativo: - Prof. Cezar L. F. Pires 160 • Dimensionamento de Rede Malhada Fundamentos do Método: Correção da Vazão (Fórmula de Hazen-Williams): Prof. Cezar L. F. Pires 161 • Dimensionamento de Rede Malhada D (mm) vmáx. (m/s) Qmáx. (l/s) 50 0,60 1,2 60 0,70 2,075 0,70 3,1 100 0,75 5,9 125 0,80 9,8 150 0,80 14,1 175 0,90 21,7 200 0,90 28,3 225 1,00 39,8 250 1,00 49,1 275 1,10 66,3 300 1,10 77,8 350 1,20 115,5 375 1,25 138 400 1,25 157 450 1,30 207 500 1,40 275 550 1,50 356 600 1,60 452 700 1,70 654 800 1,80 905 900 1,90 1.209 1.000 2,00 1.571 1.100 2,20 2.091 1.250 2,50 3.068 1.500 2,50 4.418 Velocidades e Vazões Máximas Permissíveis nos Sistemas de Urbanos de Distribuição de Água Prof. Cezar L. F. Pires 162 Sugestão de Vídeos Sistema de Abastecimento Urbano de Água 1 – https://www.youtube.com/watch?v=Smqp18lPCU0 2 - https://www.youtube.com/watch?v=YcLtPJBjdAc&t=51s https://www.youtube.com/watch?v=lxkQ-lDCcwI https://www.youtube.com/watch?v=lxkQ-lDCcwI https://www.youtube.com/watch?v=lxkQ-lDCcwI https://www.youtube.com/watch?v=lxkQ-lDCcwI Prof. Cezar L. F. Pires 163 Capítulo 3 Sistemas Urbanos de Esgotamento Sanitário Prof. Cezar L. F. Pires 164 Tipos de Esgotos a) Esgoto Sanitário ou Doméstico - constituem-se das águas servidas provenientes da utilização da água potável em zonas residenciais e comerciais. Podem ser classificadas em dois tipos: • águas negras (imundas) ou sanitária - parcela que contém matéria fecal; com elevado teor de matéria orgânica instável, putrescível, podendo exalar mau cheiro. Hospedam grandes quantidades de microrganismo, muitos patogênicos, podendo incluir vermes, parasitos e seus ovos expelidos com as fezes de indivíduos atacados de verminose; Prof. Cezar L. F. Pires 165 a) Esgoto Sanitário ou Doméstico • águas cinzas de lavagem ou de limpeza - cujas fontes são: - cozinha - proveniente de limpeza de utensílio culinários e de alimentos, elevado teor de gorduras e substâncias orgânicas instáveis (eventualmente podem hospedar agentes patogênicos, como, por exemplo, o protozoário, responsável pela disenteria amebiana); - banhos - com grande conteúdo de sabão, partículas epidérmicas e, mais raramente, germes patogênicos; - roupas - com teor considerável de sabão, e com mais possibilidades de hospedar germes patogênicos; - aposentos - com partículas minerais, englobando as poeiras nocivas das habitações, gorduras e germes patogênicos. Prof. Cezar L. F. Pires 166 b) Esgotos pluviais - as águas pluviais são constituídas pelo deflúvio ou escoamento superficial das águas das chuvas que não se infiltram no solo nem se evaporam. Contém impurezas, areias, argilas, etc.. c) Água de Infiltração - parcela das águas do subsolo que penetra inevitavelmente nas canalizações de esgoto, as quais, por falta de absoluta estanqueidade das juntas, funcionam também como sistema drenante de subsolo. Prof. Cezar L. F. Pires 167 d) Esgotos industriais - são constituídos pelas águas residuárias das indústrias, também chamadas despejos ou resíduos líquidos industriais, que podem em muitos casos, apresentar produtos químicos que impossibilitem a sua coleta no mesmo sistema empregado para o esgoto doméstico. Podem ser classificadas em: • águas residuárias orgânicas - provenientes de indústrias de laticínios, de gêneros alimentícios, fábricas de papel, curtumes, matadouros, indústrias têxteis, etc.. Caracterizam-se pelo alto teor em matéria orgânica, podendo ocasionar graves problemas de poluição química de cursos d’água. Raramente contém organismo patogênicos; Prof. Cezar L. F. Pires 168 • águas residuárias tóxicas ou agressivas - proveniente de indústrias de metais, produtos químicos, explosivos, etc.. Podem ser responsáveis por ações corrosivas nas tubulações de esgotos, perturbações no funcionamento de estações de tratamento de esgoto e poluição química de cursos d’água. Geralmente não hospedam organismos patogênicos; • águas residuárias inertes - provenientes de indústrias de cerâmica, lavagem de caulin e areias, aparelhos de refrigeração, etc.. Podem ocasionar incrustações de esgoto e poluição física dos cursos d’água. Prof. Cezar L. F. Pires 169 Sistema de Esgoto a) Definição: conjunto de elementos, obras e instalações que tem por objetivo a coleta, o transporte, o tratamento e a disposição final das águas servidas (resíduos líquidos e lodo resultante) do esgoto doméstico e as águas pluviais das cidades, de modo rápido, em condições higiênicas e continuamente, assegurando um destino final que acarrete segurança sanitária e conforto à comunidade beneficiária, bem como o controle da poluição dos cursos de água receptores. O Sistema de Esgoto, portanto, abrange a rede coletora com todos os seus componentes, as estações elevatórias de esgoto e as estações de tratamento de esgoto. Prof. Cezar L. F. Pires 170 Sistema de Esgoto b) Objetivo: • controle e prevenção de enfermidades; • eliminação de aspectos ofensivos ao senso estético e desaparecimento dos odores fétidos; • prevenção de desconfortos e mesmo de acidentes devido às chuvas intensas; Prof. Cezar L. F. Pires 171 Sistema de Esgoto Objetivos econômicos, que estão intimamente relacionado aos objetivos sanitários e sociais, que também são alcançados são: • aumento da vida eficiente dos indivíduos, com o acréscimo da renda nacional “per capita”, seja pelo aumento da vida provável, seja pelo aumento da produtividade; • implantação e desenvolvimento de indústrias e consequente afluxo de novos habitantes atraídos pelas facilidades de conforto e de trabalho; • conservação dos recursos hídricos naturais contra a poluição excessiva; manutenção desses recursos e das terras marginais em condições de pleno aproveitamento; • conservação de vias públicas, preservação do transito e proteção de propriedades e obras de arte contra a ação erosiva de inundações ocasionadas pelas águas pluviais. Prof. Cezar L. F. Pires 172 Composição dos Esgoto Domésticos Além de microrganismos muitos deles patogênicos (transmitem doenças). Prof. Cezar L. F. Pires 173 Regime Hidráulico de Escoamento Conduto Livre – escoa por gravidade necessitando, portanto de declividade favorável. A seção é fechada apenas por restrições sanitárias. Prof. Cezar L. F. Pires 174 Classificação dos Sistemas • Sistema Unitário: esses sistemas recolhem, na mesma canalização, os lançamentos dos esgotos domésticos, águas de infiltração e as contribuições pluviais. Prof. Cezar L. F. Pires 175 O modelo é antigo e encontra-se em franco desuso, devido a várias desvantagens tais como: - quantidade e qualidade do esgoto que chega na estações de tratamento é variável e descontrolada dado que a contribuição das águas pluviais é aleatória. Por conta disso muitas vezes o sistema não trata os esgotos durante chuvas intensas; - as vazões pluviais normalmente são maiores e exigem canalizações de maior diâmetro. Se ocorrer uma precipitação muito intensa, maior que a precipitação usada para o dimensionamento (chuva de projeto), o sistema não terá capacidade podendo haver vazamentos também de esgotos sanitários. Prof. Cezar L. F. Pires 176 Os sistemas unitários, entretanto, representam uma realidade com a qual as cidades mais antigas têm que conviver. Um elevado número de sistemas unitários encontram-se ainda em operação. A substituição de um sistema unitário existente por um sistema separador representa um transtorno significativo. Em cidades com infra-estrutura sanitária mais antiga, como Quito, Bogotá, Rio de Janeiro, São Paulo, Belém do Pará, e outras dos Estados Unidos e Europa, principalmente, os sistemas unitários existentes são mantidos. Prof. Cezar L. F. Pires 177 • Sistemas Separador Absoluto: esses modelos caracterizam-se por oferecer duas redes de canalização: uma exclusivamente para a coleta dos esgotos sanitários; a outra, para recolher as águas de chuva. Prof. Cezar L. F. Pires 178 As redes separadas cumprem, independente uma da outra, as regulamentações normativas e as recomendações de projeto nascidas da prática profissional. Assim, a rede pluvial pode manter diâmetros maiores sem que ocorram inconvenientes sanitários com a transferênciade esgoto. O líquido residual, afluente à estação de tratamento de esgoto, não provocará cargas hidráulicas de impacto (vazões elevadas de forma repentina). Prof. Cezar L. F. Pires 179 • Sistemas Separador Parcial: semelhantes ao sistema separador absoluto este sistema também apresenta duas redes de coleta, sanitária e pluvial. Admite-se, porém, uma pequena parcela de águas pluviais, em geral coletadas nas partes externas e telhados das edificações, no coletor sanitário. Prof. Cezar L. F. Pires 180 • Sistemas Misto: inexiste a rede coletora de esgoto e, por conseguinte, as estações elevatórias, coletores tronco e a própria ETE. Somente existe a galeria de águas pluviais (GAP). A legislação ambiental e urbana admite a interligação de esgoto na GAP, desde que previamente tratado no próprio domicílio, empregando-se desde fossas sépticas até ETEs compactas. O tratamento localizado do esgoto é, em geral, ineficiente, fazendo com que a GAP receba esgoto praticamente em estado bruto. Prof. Cezar L. F. Pires 181 • Sistemas Estático: nesta solução, em cada residência ou grupo de residência, é construída uma fossa séptica seguida de um filtro anaeróbico e de um poço absorvente (sumidouro ou vala de infiltração). O efluente da fossa é assim infiltrado no terreno pelo poço absorvente. A fossa tem objetivo de separar o lodo oriundo do esgoto sanitário, acumulando-o. Periodicamente, em intervalos que variam de seis a doze meses, o lodo deve ser retirado, porém já inócuo do ponto de vista sanitário. Prof. Cezar L. F. Pires 182 São implantados em regiões não beneficiadas por sistemas urbanos rede coleta quando, em geral devido a distância destes do núcleo urbano, o sistema urbano de coleta, transporte e tratamento do esgoto é muito caro. Ao contrário de outros países, no Brasil esses modelos têm sido timidamente aplicados. No Japão, essa solução tem-se tornado uma rotina, ainda em cidades de porte maior. Evidentemente, a lendária cultura oriental da manipulação dos lodos domésticos na agricultura da região ajuda a viabilizar esse modelo. Acredita-se que no Brasil os sistemas estáticos entrarão, muito em breve, na preferência de pequenos e médios núcleos urbanos. A grande vantagem deste modelo, quando não é necessário a implementação de sistema urbano de esgotos, é obviamente a econômica. Como desvantagens tem-se: - possível contaminação do lençol freático; - solos pouco permeáveis dificultam a infiltração no terreno; - quando o modelo é assumido de forma leviana, o sistema de recolhimento, tratamento e disposição final do lodo desidratado podem torna-lo pouco eficiente. Prof. Cezar L. F. Pires 183 Resumo Prof. Cezar L. F. Pires 184 Componentes da Rede Coletora de Esgotos Prof. Cezar L. F. Pires 185 Componentes da Rede Coletora de Esgotos Prof. Cezar L. F. Pires 186 Componentes da Rede Coletora de Esgotos a) Coletor Predial: corresponde à canalização instalada no interior da propriedade particular: casa, prédio ou edifício institucional. Por se tratar de uma propriedade particular, esses elementos gozam de uma certa autonomia. Entretanto, algumas recomendações devem ser observadas para garantir um funcionamento adequado: • diâmetro mínimo das canalizações: 100mm; • profundidade mínima: depende dos esforços e impactos que incidam sobre as canalizações; • profundidade máxima: em áreas nas quais a rede pública de coleta já está pronta, a instalação do coletor predial dependerá da profundidade do coletor de rua; • em toda mudança de direção dos coletores deverá ser construídas uma caixa de inspeção; • para os coletores prediais, particularmente para os efluentes dos vasos sanitários, a declividade usual de instalação é de 2,0%. Prof. Cezar L. F. Pires 187 Componentes da Rede Coletora de Esgotos b) Coletor de Passeio ou de Rua: situados nos passeios dos quarteirões, esses coletores se instalam a profundidade relativamente rasas, no mínimo a 0,60m. Com diâmetro de 100mm, deverão possuir caixas de inspeção nas extremidades de cada trecho. Coletores de rua com diâmetros avantajados, 400mm ou mais, normalmente não admitem o lançamento de ramais domiciliares de forma direta. Nesses casos, a implantação de coletores de passeio representa um recurso obrigatório. Os coletores de rua descarregam diretamente no PV mais próximo. Coletores de passeio muito rasos, frequentemente encontram-se sujeitos ao esmagamento devido à passagem dos carros quando entram nas garagens. Para evitar essas fraturas, o tubo deve ser assentado em vala bem nivelada, com leito de brita e abraçado com proteção de areia. Prof. Cezar L. F. Pires 188 Componentes da Rede Coletora de Esgotos Essas canalizações destinam-se a receber os ramais domiciliares, ou seja, recebem o esgoto lançado pelas instalações prediais. Nesses coletores são lançados os ramais prediais ou ramais domiciliares (lançamento do sistema predial, domiciliar, na rede pública). Esse modelo de assentamento evita que as equipes de instalação quebrem o asfalto para alcançar o eixo da rua. No passeio, em frente ao domicílio, a concessionária de esgoto instala o chamado poço luminar. Trata-se de uma canalização de 100mm, com tampa de ferro fundido, ou outro material, no nível da superfície do passeio. O objeto desse dispositivo é desobstruir eventuais entupimentos no ramal domiciliar. Entretanto, obstruções que ocorram a montante do poço luminar serão de inteira responsabilidade do usuário. Usualmente os coletores são lançados nos eixos das ruas. em cidades de topografia acidentada, entretanto, o coletor é assentado no terço inferior do lado da rua onde os lotes são mais baixos. Prof. Cezar L. F. Pires 189 Componentes da Rede Coletora de Esgotos c) Coletor Principal ou Coletor Tronco: as ligações prediais não podem ser feitas em diâmetros iguais ou superiores a 400mm. Assim, os coletores caracterizados por esses diâmetros denominam-se coletores principais ou coletores-tronco, visto que seu objetivo é recolher os lançamentos dos coletores de rua. Para receber os ramais domiciliares, devem ser instalados coletores de passeio. Essas canalizações lançam o esgoto diretamente no PV mais próximo. Prof. Cezar L. F. Pires 190 Componentes da Rede Coletora de Esgotos d) Interceptores: são as canalizações destinadas a interceptar e receber o fluxo esgotado pelos coletores. Portanto, o conceito de interceptor não se vincular ao diâmetro ou ao posicionamento dentro da rede de coleta, mas apenas à função que desempenha dentro desse sistema. Esses condutos, não aceitam o lançamento dos ramais domiciliares. Os interceptores devem, frequentemente, ser implantados em áreas invadidas ou não urbanizadas; esses obstáculos justificam os custos mais elevados desses elementos do sistema. Prof. Cezar L. F. Pires 191 Componentes da Rede Coletora de Esgotos e) Emissário e Lançamentos Finais: são as canalizações que recebem os resíduos na extremidade de montante e os lançam na estação de tratamento de esgotos ou no corpo de água receptor, trata-se de um rio, lago ou mar. Os emissários, no conceito mais genéricos, operam a escoamento livre. esse modelo de transporte caracteriza com maior frequência as canalizações do sistema de coleta definidas como “emissários”. Prof. Cezar L. F. Pires 192 Componentes da Rede Coletora de Esgotos Há, por outro lado, os emissários que operam a pressão. Trata-se dos lançamentos submarinos ou lançamentos subfluviais. O estudo desses elementos representa uma tarefa restrita a equipes experientes no assunto; assim, por exemplo, a determinação das correntes, fluviais ou marítimas, representa uma atividade altamente especializadas. Os estudos feitos nessa direção objetivam evitar o retorno do líquido residual às praias; entretanto, o comportamento inconstante das correntes torna inviável uma previsão absolutamente confiável. A pressão hidráulica do lançamento,a configuração, o número e o posicionamento dos bocais são fatores que devem ser cuidadosamente estudados para garantir a eficácia do espargimento. Prof. Cezar L. F. Pires 193 Componentes da Rede Coletora de Esgotos f) Poços de Visita: denominados PV’s, são estruturas destinadas a permitir o ingresso do operador para efetuar serviços de inspeção e manutenção dos coletores. Os PV’s devem ser previstos nas seguintes situações: • intercessão de dois ou mais coletores; • mudança na direção do coletor; • mudança na declividade do coletor; • mudança no diâmetro do coletor; • mudança no material da canalização; • no início dos coletores; • no ingresso e na saída dos sifões e das travessias. Prof. Cezar L. F. Pires 194 Componentes da Rede Coletora de Esgotos As distâncias máximas dos PV’s serão de 80 m para os diâmetros de 100 mm e 150mm e de 100 m para diâmetros maiores. Essa exigência é particularmente importante nos casos em que as equipes de operação não disponham de equipamentos para limpeza e a raspagem interna deverá ser feita manualmente. Equipamentos mecânicos permitem distâncias maiores. No início dos coletores de pequeno diâmetro, ou nos trechos retos, os PV’s podem ser substituídos, respectivamente, por terminais de limpeza ou por tubos de inspeção. Esses elementos, normalmente de 100 mm de diâmetro, permitem tão somente a penetração de mangueiras, cabos ou dispositivos para a limpeza dos coletores. Em pontos de convergência de dois coletores afluentes e um coletor de saída, obrigatoriamente, será previsto um poço de visita, não sendo permitida a substituição por um tubo de inspeção. Prof. Cezar L. F. Pires 195 Dimensionamento de um Sistema de Esgotos Sanitário A vazão de esgoto sanitário é função da vazão de água tratada, distribuída no abastecimento, sendo assim temos: Prof. Cezar L. F. Pires 196 Onde: Pf – população futura ou de projeto (habs); qe – vazão per capita de produção de esgotos (l/hab.dia) – costuma-se usar os mesmos valores usados para o dimensionamento de sistemas de água tratada; K1 e K2 – equivalente aos de ágau tratada são respectivamente o fator de máximo diário e horário. Apesar dos valores serem diferentes dos de água na prática costuma-se usar os mesmos valores práticos, 1,25 e 1,50 respectivamente; C - Coeficiente de retorno que relaciona a vazão de esgoto com o consumo de água tratada. O valor prático usado em geral é 0,8 (80%); qi - vazão de infiltração, nos condutos livres usados no esgotamento pode haver tanto perdas como infiltrações. No Brasil é de praxe adotar a taxa de infiltração da ordem de: 0,0002 a 0,0008 l/s.m (por metro de tubulação); qI - vazão industrial que deve ser definida através de um conhecimento prévio das indústrias ligadas a rede. Prof. Cezar L. F. Pires 197 Equação de Manning: onde: A – área molhada da seção transversal (m²); n – coeficiente de rugosidade (atrito). Depende do diâmetro, da forma, da idade e do material da tubulação. É tabelado; R – raio hidráulico (m). Relação entre a área molhada A(m²) e o perímetro molhado P(m); I – declividade do canal (m/m). Não é recomendável declividades inferiores a 0,0005 m/m. Prof. Cezar L. F. Pires 198 Exercício: (CEDAE) Analise os dados abaixo: população de projeto de uma cidade – 28.000 habs; variações – k1 = 1,2; k2 = 1,5; k1 – coef. do dia de maior consumo; k2 – coef. da hora de maior consumo; consumo – 200 l/hab x dia; relação esgoto/água – 0,75; vazão de infiltração = 0,0004 l/s x m; extensão da rede de esgotos = 50 km; seção trabalhando pela metade; declividade do terreno de 2%; coeficiente de rugosidade da fórmula de Manning, 0,05. Resp.: Q=107,5 l/s; D= 600mm Prof. Cezar L. F. Pires 199 Velocidade do Escoamento (v): Quanto maior a velocidade melhores serão as condições de araste do esgoto, por outro lado velocidades excessivas pode colocar a estrutura das tubulações em risco, principalmente nas juntas. Além disso podem trazer desgaste prematuro das paredes internas das tubulações devido ao efeito de abrasão ao longo do tempo. A NBR 9649 indica como limite máximo a velocidade de 5,0 m/s. Prof. Cezar L. F. Pires 200 Capítulo 4 QUALIDADE DE ÁGUA Existem centenas de parâmetros de qualidade de água. Parâmetros de Qualidade de Água Parâmetros de Qualidade de Água Em geral os mais importantes são: • OD – oxigênio dissolvido; • DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio • CO – Carga Orgânica; • Coliformes; • Sólidos em Suspensão. Oxigênio (mg/l) proveniente da atmosfera dissolvido nas águas dos corpos hídricos. Oxigênio dissolvido Indicador de matéria orgânica presente nas águas. É a quantidade de oxigênio necessária para a oxidação da matéria orgânica presente no esgoto, através da ação de bactérias aeróbicas. DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio Teste padrão, realizado a uma temperatura de 20oC, durante um período de incubação de 5 dias. Expressa em mg/l. DBO5,20 DBO do esgoto bruto (sem tratamento) após sua produção: cerca de 350mg/l. Produto da concentração DBO pela vazão do corpo hídrico. Expressa em mg/s ou em kg/dia. Carga Orgânica – CO CO = DBO . Q Os coliformes termotolerantes (fecais), são indicadores de esgoto sanitário e de seres patogênicos. Expresso através do número mais provável (NMP) de organismos em 100 ml de amostra. Coliformes Quantidade de sedimentos em suspensão na água. Expresso em mg/l. Sólidos em Suspensão Prof. Cezar L. F. Pires 209 O tratamento do esgoto processa-se através de fenômenos físicos, químicos e biológicos. Entre as classificações propostas para esse tratamento, tem-se em ordem decrescente de eficiência, os tipos abaixo. Estação de Tratamento de Esgotos - ETE Prof. Cezar L. F. Pires 210 a) Tratamento Preliminar: destina-se a remover por ação física o material grosseiro e uma parcela das partículas maiores em suspensão no esgoto. Via de regra, a remoção do material grosseiro (semelhante ao lixo) processa- se através da grade, enquanto a remoção das partículas suspensas, através da caixa de areia e do tanque de gordura. Na caixa de areia ficam retidas, por sedimentação, as partículas minerais pesadas com predominância de areia e no tanque de gordura, por flutuação, as partículas leves como as de óleo e graxa. Nas estações de tratamento de esgoto (ETE) das cidades, só faz sentido a presença de tanque de gordura se o esgoto contiver elevado teor de matéria graxa, como a oriunda de matadouros. A tendência atual, todavia é remover essa matéria graxa na própria indústria. Assim, o tratamento preliminar fica restrito ao uso de grade e caixa de areia. Estação de Tratamento de Esgotos - ETE Prof. Cezar L. F. Pires 211 b) Tratamento Primário: além de incluir o tratamento preliminar, o tratamento primário remove por ação física uma parcela a mais das partículas em suspensão no esgoto. Para tanto, este, após passar pela grade e caixa de areia, é encaminhado a um decantador, onde se escoa à baixa velocidade. Neste, como resultado, algumas partículas depositam-se no fundo, onde constituem o lodo, e outras ascendem para a superfície líquida, aí formando a camada de escuma. A deposição de partículas pode ser acelerada se no efluente for adicionado um coagulante. Este, através de reações químicas, produz flocos insolúveis que acabam por precipitar-se no fundo do decantador, para onde levam as partículas removidas. A coagulação, ou seja, a precipitação química, aumenta a eficiência da decantação primária. É, no entanto, de uso restrito, sobretudo por ser dispendiosa. Estação de Tratamento de Esgotos - ETE Prof. Cezar L. F. Pires 212 c) Tratamento Secundário: processo biológico de tratamento que, a depender de sua modalidade, pode atuar sobre o efluente primário, sobre o efluente preliminar ou, até mesmo, sobre o esgoto bruto apenas livre
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