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Balança Comercial APRESENTAÇÃO Nesta Unidade de Aprendizagem você vai perceber que o setor externo é tema de amplo estudo dentro da macroeconomia. Um país realiza diversas transações com o resto do mundo que envolve compra e venda de ativos, serviços, etc. Desta forma, a oferta e a demanda agregada deixam de ser compostas apenas por produtos feitos internamente e passam a contar com bens e serviços feitos no exterior. O balanço de pagamentos é um resumo contábil das transações econômicas do país com o resto do mundo e pode evidenciar a situação econômica internacional dentro do comércio exterior. A balança comercial é uma importante conta que compõe o balanço de pagamentos e nela são computadas as exportações e importações que o país realiza em determinado período. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer o papel do mercado externo para a macroeconomia.• Definir o conceito de exportação e importação.• Identificar a função da taxa de câmbio para a balança comercial.• DESAFIO Após um dia exaustivo de trabalho você chega a sua residência e decide, juntamente com sua família, assistir o noticiário e as recentes movimentações políticas e econômicas da sua nação. Que considerações e esclarecimentos deverão ser feitas junto à sua equipe nessa reunião? INFOGRÁFICO Veja no infográfico como a balança comercial influencia no ambiente macroeconômico. CONTEÚDO DO LIVRO Aprofunde seus conhecimentos lendo o capítulo Balança Comercial, do livro Realidade socioeconômica e política brasileira, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura! REALIDADE SOCIOECONÔMICA E POLÍTICA BRASILEIRA Rosângela Aparecida da Silva Revisão técnica: Luciana Bernadete de Oliveira Graduada em Ciências Políticas e Econômicas Especialista em Administração Financeira Mestre em Desenvolvimento Econômico Regional Lilian Martins Especialista em Controladoria e Planejamento Tributário Gisele Lozada Graduada em Administração de Empresas Especialista em Controladoria e Finanças Alexsander Canaparro da Silva Bacharel em Administração de Empresas MBA em Marketing Práticas Avançadas MBA em Comércio Exterior e Internacional Mestre em Administração Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin - CRB -10/2147 R429 Realidade socioeconômica e política brasileira [recurso eletrônico ] / Daniele Fernandes da Silva... et al.; [revisão técnica: Luciana Bernadete de Oliveira... et al.]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018. ISBN 978-85-9502-450-2 1. Economia. I. Silva, Daniele Fernandes da. CDU 338 Balança comercial Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer o papel do mercado externo para a macroeconomia. � Definir os conceitos de exportação e importação. � Identificar a função da taxa de câmbio para a balança comercial. Introdução Neste capítulo, você vai estudar de que maneira a economia internacional influencia o mercado interno, suas vantagens e desvantagens, quais são as principais políticas comerciais de um país e como a taxa de câmbio influencia os indicadores macroeconômicos nacionais. Economia internacional e sua contribuição para o mercado interno Você sabe de que maneira o mercado externo afeta a vida dos moradores de uma nação? Se não comercializo nem bens e nem serviços para fora do país, por que tenho que entender de economia internacional? Essas são perguntas comumente feitas por quem acha que o assunto aqui destacado não vai servir para nada em sua vida. No entanto, é um completo equívoco pensar dessa forma. Em um mundo cada vez mais globalizado, no qual bens, serviços, pessoas e capitais transitam facilmente de um país para o outro, seja via presencial ou TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação), fica cada vez mais primordial entender essas relações internacionais. O comércio internacional, segundo seus defensores, promove a especiali- zação e, por consequência, o aumento de produtividade dos países envolvidos. No longo prazo, pode promover um aumento da qualidade de vida da sociedade na medida em que adquirem conhecimentos, bens e serviços produzidos por outros países (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012). Para explicar o fator especialização, os economistas, em geral, usam a lei da vantagem comparativa criada por David Ricardo, que diz que um país tem uma vantagem comparativa em um determinado produto quando pode produzir o mesmo a um custo relativamente mais baixo que seus parceiros comerciais. Significa dizer grosseiramente que se o Brasil produz bananas por um dólar o quilo e a Argentina produz a dois dólares o quilo da mesma banana, o Brasil está em vantagem no comércio de bananas dessa espécie com a Argentina. Então a lei diz que o país deve produzir aquilo que tem custos menores que seus parceiros comerciais e, assim, pode vender no mercado internacional tudo que não foi consumido no mercado interno (MOCHÓN; TROSTER, 2002). Entram na equação do comércio internacional os gostos e as necessidades das pessoas, que vão se aprimorando com o tempo; um país, isoladamente, talvez não tenha condições de suprir as tão estudadas ‘necessidades ilimitadas’. Mochón e Troster (2002) lista vantagens da especialização devido a diferentes aspectos de cada país: condições climáticas, riqueza mineral, tecnologia, quantidade e qualidade da mão de obra, disponibilidade de capital e terras cultiváveis. Segundo o autor, esses aspectos determinam o que cada país tem para oferecer e, dessa forma, como obtém vantagem no comércio exterior. Contudo, não é só de vantagens que vive uma economia aberta. As políti- cas internacionais do país têm que estar bem preparadas para a concorrência internacional, e também para trabalhar com questões inerentes à própria capacidade produtiva, à moeda e aos fatores relativos ao próprio comércio exterior, como questões de tarifas, fretes, seguros, legislação de cada país, costumes, impostos e tudo que é específico a cada produto e a cada país. Embora exista a OMC (Organização Mundial do Comércio), que pode arbitrar nos casos em que os países comercializam de forma que ferem as regras internacionais, as manobras acontecem o tempo todo no ‘jogo’ das políticas internacionais. Apesar de tudo isso, vale observar que a lei das vantagens comparati- vas não leva em conta que a maioria dos mercados são imperfeitos e que, consequentemente, vão existir falhas nesse modelo de especialização. Que falhas? Veja um exemplo: suponha que um determinado país tenha vantagem na produção do setor têxtil por ter mão de obra barata e farta. Seus custos, é claro, vão ser baixos, mas apenas até certo ponto ele terá economias de escala (que significa produzir cada vez mais com menores custos unitários). A partir de determinado ponto, sua mão de obra e, portanto, seus custos, Balança comercial2 podem se tornar caros devido à maior união dos trabalhadores daquela região e da consciência de que podem reivindicar mais direitos trabalhistas via sindicatos. Então, essas coalizões, sejam de trabalhadores ou mesmo de donos de empresas (que podem facilmente se deslocar no mundo para onde haja mão de obra barata e com subsídios governamentais), acabam corroborando para um comércio internacional que não é tão livre assim, porque depende das políticas dos países envolvidos. A paridade do poder de compra (PPP) também fica desigual: países como o Brasil, primário exportador, ou onde predomina a exportação de produtos com baixo valor agregado, pouco diferenciados, irão sofrer muito. Por que? Porque a quantidade de bens com baixa diferenciação, como minérios, soja, milho (que são commodities, produtos padronizados, parecidos), que o país costuma exportar mais, deverá ser bem maior do que a quantidade de bens com alto valor agregado que costuma comprar do exterior (como computadores, máquinas e equipamentos). Ou seja, para obter dinheiro suficiente e ainda ficar com saldo positivona balança comercial, o país tem que vender muito e não comprar tanto assim, porque a paridade do poder de compra é diferente. Outro problema: países produtores de bens com alta diferenciação, como os EUA, também têm dificuldades, sobretudo no que se refere ao seu meio ambiente, que tende a ficar altamente prejudicado quanto maior for a demanda por seus bens. Apesar de existir um tratado internacional segundo o qual os países devem reduzir seu nível de poluição, muitos não o obedecem, justa- mente porque o custo da despoluição causaria uma desvantagem competitiva. Esses países preferem pagar outros países por meio de créditos de carbono (pagam outros países e empresas que têm um sistema de despoluição ou que mantêm uma produção sustentável), devido ao tamanho de seus custos para despoluir. É importante salientar que nem todo país quer ser totalmente especiali- zado em poucas coisas, pois se os mercados interno e externo não estiverem consumindo o que o país tem maior aptidão para produzir, sua economia pode entrar em crise e ele também não conseguirá comprar de outros países. Por essa razão, a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) atua junto a países em desenvolvimento da América Latina com o intuito de propor reflexões que ajudem esses países (incluindo o Brasil) a serem menos dependentes de bens e serviços com alto valor agregado de economias ditas desenvolvidas. 3Balança comercial Assim, como podemos verificar, o comércio exterior traz vantagens e desvantagens para a economia do país: � Para o consumidor, pode criar maior acesso a variedades de mercadorias a preços menores (dependendo do câmbio), mas também pode, com essa concorrência maior das mercadorias estrangeiras no mercado interno, causar-lhe redução do emprego e renda. � Para os produtores, pode facilitar a escoação da sua produção excedente para o exterior, mas, por outro lado, pode aumentar a concorrência e a possível deterioração da produção no mercado interno. Cabe salientar que nem sempre a concorrência pode ser vista como algo ruim, ao contrário: se ela gerar esforço para melhoria das empresas já existentes, passa a ser benéfica em vários aspectos, mas, em um país onde há fragilidade educacional e de infraestrutura básica, a concorrência pode ser muito danosa. Logo, a forma de se fazer comércio exterior em países como o Brasil tem que ser com responsabilidade redobrada e com muita nitidez sobre todos os detalhes envolvidos nesse comércio. Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) A CEPAL é um órgão regional da Organização das Nações Unidas (ONU) criado no ano de 1948 para propor políticas de desenvolvimento para países da América Latina. Em seus artigos de reflexão, analisa principalmente o relacionamento econômico perverso entre países que exportam produtos primários com países desenvolvidos. A deteriorização se dá principalmente no que concerne aos preços dos produtos primários relativos aos produtos industrializados, o que causa problemas nas relações de troca. Segundo esta corrente estruturalista, por não conseguir chegar ao estágio dos países desenvolvidos, os países latino-americanos acabam por ser dependentes da tecnologia e de bens diferenciados desses países. A CEPAL chegou a influenciar vários governos brasileiros (inclusive Juscelino Kubis- chek, com o Plano de Metas e a política de substituição de importações), que refletiram sobre o modo de se fazer política internacional no país. Entre os brasileiros ligados à CEPAL, destacam-se: Celso Furtado, Maria da Conceição Tavares, Antônio Barros de Castro, Carlos Lessa, Renato Baumann e até Fernando Henrique Cardoso, antes de se tornar presidente da República (MARQUES; REGO, 2003). Balança comercial4 Política comercial de um país: exportação e importação Percebemos, então, que o comércio exterior é importante para um país, cuja participação nesse comércio, com a globalização, torna-se imprescindível com ou sem intervencionismo dos governos locais. Mas o que define exportação e importação? Como a balança comercial reflete a situação do país no comércio internacional? Quais são as principais políticas comerciais adotadas pelos países para realizar as trocas internacionais? Essas e outras questões serão pretensamente respondidas a seguir. Balança comercial: exportações e importações A balança comercial registra todas as exportações e importações de mer- cadorias feitas pelo país em valores monetários. Em geral, devido à com- paração com outros países, é expressa em moeda estrangeira (o dólar), mas dentro do país para fins de demonstração e análise pode ser feita em moeda nacional. Exportações são as vendas feitas por parte dos agentes econômicos do país de bens e serviços para outros países. Quando você vende, você recebe em moeda internacional, o que é um dos principais meios de entrada de moeda estrangeira no país. Importações são as compras de bens e serviços de outros países feitas por parte dos agentes econômicos do país. Para se chegar ao valor de déficit (saldo negativo) ou superávit (saldo positivo) na balança comercial, é necessário calcular as quantidades vendidas multiplicadas pelos preços das mercadorias vendidas, para as exportações; para as importações, deve-se multiplicar as quantidades compradas pelos preços das mercadorias adquiridas. O mesmo serve para os casos de ser- viços: se o valor gerado com as vendas (exportações) for maior do que o valor gerado com as compras (importações), temos um superávit na balança comercial. Do contrário, se o valor gerado com as vendas (exportações) for menor do que o valor gerado com as compras (importações), temos um déficit na balança comercial. 5Balança comercial Fonte: Brasil (2018). Ano Exportação (A) Importação (B) Saldo (A-B) Valores monetários (US$) Valores monetários (US$) Valores monetários (US$) 2010 201.915.285.335 181.768.427.438 20.146.857.897 2011 256.039.574.768 226.246.755.801 29.792.818.967 2012 242.578.013.546 223.183.476.643 19.394.536.903 2013 242.033.574.720 239.747.515.987 2.286.058.733 2014 225.100.884.831 229.154.462.583 -4.053.577.752 2015 191.134.324.584 171.449.050.909 19.685.273.675 2016 185.235.400.805 137.552.002.856 47.683.397.949 2017 217.739.177.077 150.749.452.949 66.989.724.128 Quadro 1. Balança comercial brasileira (valores anuais). Observa-se pelo Quadro 1 que as transações do Brasil com outros países vêm desacelerando desde 2014, e isso se deve principalmente à crise econômica e política que se instalou no país a partir desse período. Vale enfatizar que, em 2017, as exportações foram favorecidas pelo câmbio alto (real desvalorizado frente ao dólar), o que, de certa forma, ajudou o país frente a uma crise de consumo no mercado interno devido à referida crise econômica. Entre os itens mais exportados pelo Brasil, segue liderando a soja, os minérios de ferro e os óleos brutos de petróleo. No que se refere às compras, lideram o ranking os derivados de petróleo, automóveis e trigos e suas misturas (SEBRAE, 2016). Os principais destinos das exportações brasileiras no período analisado fo- ram, respectivamente, de acordo com a mesma fonte, China, EUA e Argentina. Políticas e acordos comerciais As políticas comerciais que um país deve ter dependem de cada país, de sua estrutura produtiva, econômica, social e ambiental. Em geral, as políticas comerciais dos países têm como intuito a restrição as importações e/ou o incentivo as exportações do país. Assim, embora muitos países alardeiem Balança comercial6 políticas de maior abertura econômica, não é exatamente isso que eles fazem na prática: o intervencionismo/protecionismo existe e está cada vez mais enraizado nos países como políticas indiretas. Essas políticas comerciais dependem, também, dos acordos multilaterais (com muitos países, como o Mercosul, do qual o Brasil faz parte) e dos acordos bilaterais (de um país com outro país – como a China, país com o qual o Brasil tem vários acordos). Asprincipais políticas comerciais estão listadas a seguir. Barreiras tarifárias São as barreiras diretas sobre o comércio exterior e dependem dos acordos citados anteriormente; portanto, as mercadorias são analisadas separadamente de acordo com o país de origem, sua documentação, de modo que o imposto também passa a ser diferente. Isso quer dizer que, mesmo que estejamos falando de apenas uma mercadoria, como um automóvel do mesmo modelo e marca, o imposto e, por consequência, o preço dele vai ser diferente dependendo de onde vem. Logo, as restrições estão muito mais ligadas às importações, com a inten- ção de proteção aos produtores nacionais diante da concorrência estrangeira, enquanto os incentivos estão ligados às exportações. � Impostos de importação ou tarifas aduaneiras: é um valor, em geral em percentual, que as autoridades econômicas nacionais exi- gem para a entrada do produto no país. O objetivo é a proteção dos produtores com o aumento de preços da mercadoria estrangeira, mas também a maior arrecadação por parte dessas autoridades (MOCHÓN; TROSTER, 2002). Para entender melhor, suponha que o Brasil es- teja importando computadores dos EUA; no seu país de origem, um computador desse tipo custa mil dólares para o consumidor, se vier para o Brasil, com um imposto de 40%, o computador custará para o consumidor brasileiro cerca de U$ 1.400 dólares (1.000 + 40%), fora outros custos incidentes sobre a importação (como fretes, seguros, custos de transação e outros). � Quotas de importação: ocorrem quando o país que está importando limita a quantidade de determinada mercadoria, que pode chegar ao país vinda de determinado país. Podemos citar como exemplo o caso da Argentina, que começou a estabelecer cotas de importação de eletrônicos da linha branca brasileira a partir de 2008, devido à 7Balança comercial crise mundial, o que reduziu bastante as vendas brasileiras naquele período e, por consequência, encareceu nossos produtos no mercado argentino. � Subsídios à exportação: os subsídios ou apoios às exportações são feitos para boa parte dos produtos exportados. Os governos tendem a reduzir ou até mesmo a tirar impostos que seriam cobrados para venda da mercadoria no mercado nacional para que fique mais barato para o mercado estrangeiro, com o objetivo de criar competitividade para o nosso produto e aumentar a produção nacional. ■ No Brasil, é comum a isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercado- rias e Serviços) e outros mais. Você nunca se perguntou por que uma mercadoria brasileira no Paraguai é tão mais barata que no Brasil? São os impostos que são cobrados no mercado interno, e não no mercado externo. O que aconteceria se você fosse para o Paraguai e tentasse entrar no Brasil com um computador brasileiro comprado no país vizinho pelo mercado formal? Teria que pagar os impostos e o preço do computador poderia ficar até maior do que no mercado interno. ■ Outro incentivo utilizado pelo Brasil com frequência é o chamado drawback, que consiste na suspensão ou mesmo na eliminação de impostos que incidiriam sobre insumos importados para utilização em produtos que serão exportados (GUIA TRIBUTÁRIO, 2018). Barreiras não tarifárias São muito utilizadas no comércio internacional na atualidade por não pa- recerem uma barreira, e sim um sistema de proteção aos consumidores e às leis nacionais. Com leis e regras próprias, os países tendem a beneficiar sua produção e dificultar a vinda de mercadorias de outros países. São bons exemplos de barreiras não tarifárias: � barreiras sanitárias: são utilizadas em casos de importações de car- nes de animais ou vegetais com o objetivo inicial, segundo os países, de resguardar a saúde humana ou os consumidores. Na verdade, são frequentemente utilizadas com o fim de atrasar a importação de algum país que ameaça a produção nacional. Um exemplo a ser citado é o Balança comercial8 caso da Rússia, que, frequentemente, cria empecilhos sanitários para o consumo da carne suína brasileira. � barreiras técnicas: ocorrem quando os países criam especificações que não são comuns a todos os países e obrigam o país de origem a atender as regras se quiser vender para outro país. Um exemplo é quando o setor moveleiro quer vender móveis para a Europa e se obriga a atender regras de metragem e tipo de madeira que atendam às normas do país importador. � barreiras ambientais: estão ligadas às empresas das quais o país vai importar ter que atender normas ambientais como selo verde (refloresta- mento no caso do setor moveleiro), gestão sustentável, reaproveitamento, diminuição de dióxido de carbono e outros. Não obstante, todas estas barreiras não tarifárias, existem os subsídios aos produtores internos dos países (sobretudo desenvolvidos) que faz com que os preços deles fiquem abaixo dos preços internacionais. Se ficar muito abaixo, é considerada uma prática desleal e o país que se sentir prejudicado com isso pode pedir vistas para a OMC que verificará se existe ou não essa prática de dumping (vender abaixo do custo de produção) e poderá recomendar ou não retaliação ao país praticante. Importante salientar que a OMC apenas recomenda, mas não pode interferir diretamente nas políticas comerciais dos países. No site do Ministério da Indústria, Comércio exterior e Serviços (MDIC), você pode obter mais dados sobre a balança comercial do Brasil (2018). No site do Banco Central, você poderá obter informações oficiais sobre o câmbio brasileiro e a economia nacional (BANCO CENTRAL, 2018). Acesse os links a seguir. https://goo.gl/8zuLS4 https://goo.gl/7cv0 9Balança comercial Os efeitos da taxa de câmbio para o comércio internacional e para o país O regime de taxa de câmbio ou de troca de moeda nacional por moeda es- trangeira influencia não só a economia internacional do país mais também o mercado interno. No Brasil, as taxas de câmbio são flutuantes ou flexíveis, ou seja, depende da demanda e oferta de moeda estrangeira no Mercado interno. Mas quem traz e quem leva moeda estrangeira do Mercado interno? As principais formas de entrar moeda no país são através de exportações (visto que o exportador recebe em moeda estrangeira), do mercado financeiro (aplicação em bolsa de valores por estrangeiros por exemplo), investimento direto de empresas do exterior no país. As principais formas de sair moeda do país são através de importações (pagamento pela mercadoria em moeda estrangeira), do mercado financeiro (quando os aplicadores saem do país), investimento de empresas nacionais fora do país ou remessa de lucros de empresas estrangeiras para o exterior. É importante salientar que todas estas entradas e saídas de moeda estran- geira tem que passar pelo Banco Central do país, que controla a quantidade dela e da moeda nacional. Para controlar a taxa de câmbio quando ela está oscilando muito, o governo pode comprar ou vender moeda estrangeira no mercado nacional para atingir uma meta de taxa de câmbio que ele considera ideal para a economia local. Nesse caso, a flutuação da moeda é chamada de ‘suja’, pois não foi só pelas forças do mercado e sim com interferência indireta do governo como comprador ou vendedor de moeda estrangeira. Mas, quais os efeitos da taxa de câmbio alta (desvalorização da moeda nacional) para a balança comercial? A desvalorização da moeda nacional favorece as exportações visto que um dólar valendo mais no país faz com que os estrangeiros possam comprar mais em moeda nacional e assim, há a tendência de aumento da produção interna. Por outro lado, as importações tendem a diminuir, o que pode fazer com que Balança comercial10 a inflação interna suba devido à falta de competitividade internacional. Além disso, a balança comercial pode ficar positiva devido às maiores exportações e menores importações em valores monetários. Nesse caso, os produtores tendem a sair ganhando e os consumidorestendem a sair perdendo. E se ocorrer o contrário, uma valorização da moeda nacional ou taxa de câmbio baixa? Ocorre uma tendência à inversão do quadro anterior, ou seja, as importações podem ser maiores do que as exportações em valores monetários e a balança comercial pode ficar em déficit. Nesse caso, os consumidores serão favorecidos com a maior diversidade de mercadorias importadas competindo com as nacionais, podendo diminuir o nível geral de preços. Suponha que você seja um importador de um insumo que é importante para a fabri- cação do seu produto no Brasil. Qual é o impacto de uma desvalorização cambial (o valor unitário do dólar passou de R$ 2,00 para R$ 3,00) sobre o preço desse insumo em moeda nacional (custa US$ 10.000 em moeda estrangeira) e, em consequência, sobre a sua produção? Veja que você terá um custo maior de produção, pois o insumo passou de R$ 20.000,00 (US$ 10.000,00 x 2) para R$ 30.000,00 (US$ 10.000,00 x 3), um aumento de dez mil reais em apenas um insumo de produção devido à variação do câmbio. Assim, é bem provável que você aumente o preço do seu produto ou, se possível, procure um insumo nacional que seja similar (que, provavelmente, estará com um preço maior também devido à menor concorrência estrangeira). Do contrário, se você for um exportador de um outro produto que custa US$ 10.000,00 no mercado, você deve ganhar mais com a exportação: os seus ganhos passarão de R$ 20.000,00 para R$ 30.000,00, um aumento de R$ 10.000,00 por produto vendido no mercado externo! É importante deixar claro que, nesses exemplos, não foram levados em conta custos como impostos, fretes, seguros, tarifas aduaneiras, custos de transação e nem a variação do preço em dólar – somente a variação cambial foi considerada. 11Balança comercial BANCO CENTRAL DO BRASIL. Brasília, DF, 2018. Disponível em: <http://www.bcb.gov. br/pt-br#!/home>. Acesso em: 05 mar. 2018. BRASIL. Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Brasília, DF, 2018. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/>. Acesso em: 05 mar. 2018. GUIA TRIBUTÁRIO. Você sabe o que é drawback? Portal Tributário, São Paulo, 2018. Disponível em: <http://www.portaltributario.com.br/guia/drawback.html>. Acesso em: 08 fev. 2018. MARQUES, R. M.; REGO, J. M. (Org.). Economia brasileira. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. MOCHÓN, F.; TROSTER, R. L. Introdução à Economia. São Paulo: Makron Books, 2002. SAMUELSON, P. A.; NORDHAUS, W. D. Economia. 19. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. SEBRAE. Boletim de Comércio Exterior: período 2012 a 2016. Natal, 2016. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/RN/Anexos/Bole- tim_rev_Anual_de_Comercio_Exterior_2016_.pdf>. Acesso em: 07 fev. 2018. Leituras recomendadas DORNBUSCH, R.; FISCHER, S.; STARTZ, R. Macroeconomia. 11. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. STIGLITZ, J.; WALSH, C. E. Introdução à Macroeconomia. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003. VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015. Balança comercial12 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Acompanhe uma breve discussão sobre balanço de pagamentos e balança comercial. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) As movimentações de capital do Brasil com os outros países do mundo são retratadas dentro do balanço de pagamentos. Esses movimentos exercem impacto direto na economia brasileira. Na hipótese de que tenha havido um grande aumento nos bens exportados, é correto afirmar que a balança comercial: A) Se torna superavitária, acompanhando o aumento nas exportações. B) Se torna deficitária, pois ela é uma conta de sinal inverso às exportações. C) Se torna deficitária, pois ela é uma conta compensatória às exportações. D) A conta não será alterada dado o aumento na poupança externa brasileira. E) Dado um aumento nas exportações, e todas as outras variáveis constantes, não há alteração no saldo da balança comercial. 2) Em uma economia aberta, assinale a alternativa que apresenta uma proposição CORRETA sobre o produto de equilíbrio e a balança comercial: A) Um aumento dos gastos do governo em uma economia aberta tem efeito positivo sobre o nível do produto sobre a balança comercial, ou seja, promove superavit comercial. B) Um aumento da demanda do resto do mundo em uma economia aberta tem efeito positivo sobre o nível do produto e efeito negativo na balança comercial, ou seja, acarreta um deficit comercial. C) Em linhas gerais, um aumento da demanda estrangeira pode ser preferida pelos formuladores de políticas econômicas, já que um aumento da demanda doméstica por produtos importados deteriora o saldo da balança comercial. D) A balança comercial é um indicador de inflação do país e deve ser combatido sempre que possível. E) Um aumento de demanda por produtos internos provoca grave desequilíbrio no saldo da balança comercial. 3) A balança comercial é o principal indicador do comportamento das exportações e das importações de um país em um determinado período, impactando diretamente no comportamento da produção das indústrias nacionais. Mesmo em um cenário deficitário as importações são favoráveis para a produção da indústria de um país quando: A) Favorecem a comercialização de produtos importados substituindo os de produção local. B) Promovem a inovação tecnológica. C) O governo do país incentiva a entrada de bens de consumo importados para controle da inflação. D) Existe a importação de um produto usado. E) Existe a importação de um produto com produção similar no mercado interno. 4) A economia brasileira, ao longo da década de 1990, passou por um processo de maior abertura para a economia mundial, bem como de liberalização comercial. Considerando o câmbio valorizado a afirmativa que melhor traduz a estratégia do governo é: A) Aumentar as importações. B) Aumentar as exportações. C) Reduzir as importações. D) Reduzir as exportações. E) Aumentar as importações e combater a inflação de demanda. 5) Considerando uma balança comercial equilibrada, uma desvalorização cambial provocará, necessariamente: A) Aumento das importações e saldo positivo de divisas. B) Aumento das importações e saldo negativo de divisas. C) Aumento das exportações e saldo negativo de divisas. D) Aumento das exportações e saldo positivo de divisas. E) Obrigatoriamente não ocorrerão alterações a curto e longo prazo promovidas por esse cenário. NA PRÁTICA Veja como funciona na prática a balança comercial. Suponha que um residente norte-americano compre um produto importado, digamos, um carro japonês que custe U$ 20.000. Agora o adquirente dos dólares teria então as mesmas opções da montadora – comprar bens e serviços norte-americanos – de modo que a igualdade das entradas líquidas de capital e do deficit comercial continuaria a existir. Para eliminar o saldo negativo na conta comercial, o Japão solicita um empréstimo internacional de U$ 20.000 e, dessa forma, equilibra suas contas externas. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Conta Petróleo e a Balança Comercial Brasileira: uma análise do período recente Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! HUBBARD, GLENN; O'BRIEN, ANTHONY. Introdução à Economia. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. Capítulo 29. FRANK, ROBERT; BERNANKE, BEN. Princípios de Economia. Porto Alegre: AMGH EDITORA LTDA, 2012. Capítulo 28. DORNBUSCH, RUDIGER; FISCHER, STANLEY; STARTZ, RICHARD ; Macroeconomia. 11. ed. Porto Alegre: AMGH EDITORA LTDA, 2013. Capítulo 20.
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