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Aula 05

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Disciplina: Economia Internacional
Professor: Francisco Eduardo Pires de Souza
1º Semestre de 2018
Email: fepsouza@ie.ufrj.br
Recordando
Fluxos financeiros autônomos (Fa) x AR
Fa + AR = TC +K, ou:
AR = TC +K – Fa
Taxa de rolagem da dívida externa
PII (conta de riqueza externa, estoque) e BP (conta de fluxo)
Balanço de Pagamentos e Posição de Investimento Internacional
Como as duas contas se relacionam?
Ex: Uma empresa brasileira faz investimentos na sua subsidiária no exterior ao longo do ano, no valor de US$ 1 bilhão:
No BP é registrado, na conta financeira, o fluxo do investimento no exterior (US$ 1 bilhão)
Na Posição de Investimento Internacional é registrado o valor da subsidiária no exterior no final do período anterior (digamos US$ 10 bilhões), acrescido do investido nesse ano. A nova posição do investimento no exterior desta empresa ficará em US$ 11 bilhões (US$ 10 bi do estoque anterior + US$ 1 bi de fluxo no ano, que agora é incorporado ao estoque). O Ativoi da PII aumenta em US$ 1 bilhão.
Ex 2: Uma empresa brasileira faz exportações (digamos, de US$ 100 milhões) e vende os dólares obtidos a um banco brasileiro (em troca de reais).
No balanço de pagamentos, além das exportações, é registrado o depósito dos dólares na conta do banco brasileiro no exterior.
Na Posição de investimento internacional, o total dos depósitos que aquele banco tinha no exterior (digamos de US$ 1 bilhão) passa a ser de US$ 1,1 bilhão.
Balanço de pagamentos e contas de riqueza (Posição do investimento internacional - PII)
Como visto nos exemplos anteriores, cada fluxo da conta financeira reflete-se (com igual sinal) na PII. Logo, coeteris paribus, o valor da conta financeira em determinado ano é igual à variação da PII entre o final do ano anterior e o final do ano corrente.
Como F = TC + K, podemos também dizer que as variações na PII são explicadas, coeteris paribus, pelos fluxos das TC+K. Qual a implicação disto? 
Em suma, coeteris paribus, as mudanças nas posições (PII) são explicadas pelos fluxos do BP (e, em última instância, pelos fluxos macroeconômicos)
Porém ... Tudo o mais não fica constante. Por exemplo, mudam os preços de mercado dos ativos e passivos, mudam as taxas de câmbio entre as moedas. E tudo isso altera a PII independentemente do BP.
O que significa que, além dos fluxos do BP, temos que acrescentar as mudanças oriundas de variações de preços, etc (registradas na conta de outras mudanças/variações nos ativos e passivos financeiros, que designaremos por “OV”)
Exercício 4
Em 2015 o balanço de pagamentos do Brasil registrou um déficit de US$ 59 bilhões nas Transações Correntes e um superávit de US$ 300 milhões na conta capital (números aproximados). Sabendo-se que os erros e omissões foram de US$ 3,7 bilhões, pergunta-se:
Qual o saldo da conta Financeira?
Se a posição de investimento internacional registrou um valor negativo de US$ 775 bilhões em 31/12/2014, e não ocorreram outras variações que não as causadas pelo BP em 2015, qual seria a PII 31/12/2015?
Respostas: 
F =TC+K+E&O = -59+0,3+3,7 = - US$ 55 bilhões
DPII = F = - US$ 55 bilhões ; PIIt = PIIt-1 + DPII = -US$ 775bi – US$55bi = - US$830 bi
Balanço de Pagamentos e Posição de Investimento Internacional
Sabemos agora que a conta financeira (F) + a conta de outras variações (OV) explicam a mudança na conta de Posição de Investimento Internacional entre o início e o final de um período. Vejamos como, no slide a seguir, focando a conta de ativos de reservas.
Antes, porém, note que, do ponto de vista da análise econômica, o mais relevante é a relação entre F e PII. De forma que, dependendo do nosso objetivo de análise, podemos abstrair a conta “OV”
Mas o fluxo de ativos de reserva, que vimos no slide anterior, indicava um aumento de reservas de 1569 
1569 – 8656 = - 7087 (mudança na conta do estoque de reservas, conforme slide anterior)
Reservas e suas variações: conceito de caixa x liquidez internacional
Balanço de pagamentos e contas de riqueza (Posição de investimento internacional - PII)
Resumindo:
Coeteris paribus, DPII = PIIt – PIIt-1 = F (1)
Ou, DPII = TC + K + E&O (2)
Porém se preços dos ativos e taxas de câmbio mudam, temos que:
DPII = F + OV (3)
Ou: DPII = TC+ K + E&O + OV (4)
Para fins teóricos, podemos simplificar, supondo que não há erros e omissões nem variações de preços de ativos, etc, de forma a reduzir nossa equação para: DPII=F=TC+K 
A relação de feed-back entre o balanço de pagamentos e a posição de investimento internacional
De um lado, já vimos como o saldo das transações correntes afeta a PII (DPII = TC+K) 
Mas a PII também afeta o saldo em transações correntes. Vejamos como.
TC = BC + BS + RP + RS
RP = J + L + OR, onde:
J = juros líquidos recebidos do exterior (JR – JP)
L = lucros e dividendos líquidos recebidos do exterior
OR = outras rendas líquidas recebidas do exterior
Mas o que determina cada uma das rendas líquidas recebidas do exterior?
Juros recebidos = i* Dnr (taxa de juros externa x Dívida dos não residentes com os residentes)
Juros pagos = i* Dr (taxa de juros sobre a Dívida do país x Dívida Externa Bruta do País)
Lucros recebidos = Estoque de IDE x taxa média de lucros distribuídos pelas filiais das empresas brasileiras no exterior
 Lucros remetidos = Estoque de IDP x taxa média de lucros distríbuidos pelas filiais das empresas estrangeiras
Etc
Logo, quanto maior o estoque de ativos externos, maior a renda líquida recebida do exterior, e quanto maior o estoque de passivos externos, menor a renda líquida recebida do exterior (ou maior a renda líquida enviada ao exterior.
A relação de feed-back entre o balanço de pagamentos e a posição de investimento internacional
Suponha que um país tenha uma posição de investimento internacional negativa (isto é, o país é devedor líquido do resto do mundo). Com algumas raras exceções (ex: EUA), este país terá uma conta de rendas deficitária, porque o que ele pagará ao exterior de juros, lucros, dividendos, etc, será maior do que sua receita proveniente de rendas primárias. Ex:
Se um país deve 100 a não residentes e os não residentes devem 50 ao país, e se a a taxa de juros incidente sobre ambas as dívidas for de 5% ao ano , sua conta de juros será:
Juros recebidos: 50 x 0,05 = 2,5
Juros pagos; 100 x 0,05= 5
Juros líquidos recebidos do exterior: J = 2,5 – 5 = - 2,5
Suponha agora que esse país teve um déficit de 20 nas transações correntes e este foi financiado unicamente com empréstimos externos, isto é com aumento do endividamento externo bruto. A dívida bruta passa de 100 para 120, e a conta de juros fica sendo: 
Juros recebidos: 50 x 0,05 = 2,5
Juros pagos; 120 x 0,05= 6
Juros líquidos recebidos do exterior: J = 2,5 – 6 = - 3,5
Se os demais valores das transações correntes forem exatamente os mesmos do ano anterior, o DTC será agora de 21. O passivo externo aumentará e os juros aumentarão, etc, numa espiral de alta do PEL e do DTC.
O inverso poderia ocorrer com um país que parte de uma posição credora.
Exercício
Em 2015 o balanço de pagamentos do Brasil registrou um déficit de US$ 59 bilhões nas Transações Correntes e um superávit de US$ 300 milhões na conta capital (números aproximados). Sabendo-se que os erros e omissões foram de US$ 3,7 bilhões, pergunta-se:
Qual o saldo da conta Financeira?
Se a posição de investimento internacional registrou um valor negativo de US$ 775 bilhões em 31/12/2014, e não ocorreram outras variações que não as causadas pelo BP em 2015, qual seria a PII 31/12/2015?
Respostas: 
F =TC+K+E&O = -59+0,3+3,7 = - US$ 55 bilhões
DPII = F = - US$ 55 bilhões ; PIIt = PIIt-1 + DPII = -US$ 775bi – US$55bi = - US$830 bi
Analise a matéria do Valor Econômico 
	Mês (final)	Estoque de IABR (US$ bi)	D Estoque de IABR(US$ bi)	Fluxo de IA (US$ bilhões)	IBOVESPA (PONTOS)	Taxa de Câmbio (E)
	Dez/2015	143,9			43.349	3,90
	Dez/2016	255,7	111,8	10	60.227	3,26
	Jan/2017	288,4	32,7	1	64.670	3,13
Como as operações a seguir são lançadas no BP e na PII?(1)
Valor, 20/9/2017
Investimento em carteira (bônus), passivo; e, se o BB vendeu os dólares a um outro banco ou deixou depositado em sua conta num banco no exterior: depósitos de bancos brasileiros (ativo)
Quadro I – Balanço de pagamentos
US$ milhões
Discriminação2015*2016*
DezAnoDezAno
I. Transações correntes- 2 443- 58 882- 5 881- 23 507
 Balança comercial (bens) 6 068 17 670 4 203 45 037
 Exportações
1/
 16 685 190 092 15 893 184 453
 Importações
2/
 10 617 172 422 11 690 139 416
 Serviços- 2 515- 36 919- 3 382- 30 449
 Renda primária- 6 455- 42 357- 6 979- 41 055
 Renda secundária 459 2 724 277 2 960
II. Conta capital 153 440 9 248
III. Conta financeira
3/
- 477- 54 734- 5 748- 16 197
 Investimento direto no exterior 2 675 13 498- 129 7 748
 Participação no capital
4/
 2 608 14 337- 194 7 973
 Operações intercompanhia 67- 839 66- 225
 Investimento direto no país 14 611 74 475 15 409 78 929
 Participação no capital
5/
 13 141 56 421 8 811 54 021
 Operações intercompanhia 1 470 18 053 6 599 24 908
 Investimento em carteira – ativos- 2 158- 3 548 126- 169
 Ações e cotas em fundos- 523- 98 95- 626
 Títulos de renda fixa- 1 635- 3 450 30 456
 Investimento em carteira – passivos- 4 354 18 500- 1 303- 19 815
 Ações e cotas em fundos- 1 390 10 030 1 254 10 586
 Títulos de renda fixa- 2 965 8 469- 2 557- 30 401
 Derivativos – ativos e passivos 222 3 450 107- 969
 Outros investimentos – ativos
6/
 7 711 44 001 6 129 36 904
 Outros investimentos – passivos
6/
- 1 391 20 730- 1 820 9 834
 Ativos de reserva- 61 1 569 306 9 237
Erros e omissões 1 813 3 708 125 7 062
Estoque de reservas internacionais
US$ milhões
Fim de períodoConceito caixa
PosiçãoVariação de
posição
2004 52 935 3 639
2005 53 799 864
2006 85 839 32 040
2007 180 334 94 495
2008 193 783 13 450
2009 238 520 44 736
2010 288 575 50 055
2011 352 012 63 437
2012 373 147 21 135
2013 358 808- 14 340
2014 363 551- 11 876
2015 356 464- 7 087
Quadro XXXII – Demonstrativo integrado da posição de investimento 
 internacional
US$ milhões
DiscriminaçãoEstoque emTransações - contaVariações deDemaisEstoque em
2014
1/
financeira do BPpreço e paridadesvariações
2015
1/
Posição de investimento internacional-775 553-54 734 205 903 146 617-477 767
Ativos 766 387 34 861- 8 659- 39 862 752 727
 Investimento direto 299 748 13 498... - 24 738 288 509
 Investimento em carteira 28 241- 3 548... 148 24 840
 Derivativos financeiros 609- 20 659... 20 937 887
 Outros investimentos 74 238 44 001- 3- 36 209 82 026
 Ativos de reservas 363 551 1 569- 8 656- 0 356 464
Passivos1 541 940 89 595- 214 562- 186 4791 230 494
 Investimento direto 739 201 75 075- 88 513- 110 787 614 975
 Investimento em carteira 526 356 18 500- 124 265- 54 282 366 308
 Derivativos financeiros 37 984- 24 109... - 1 656 12 219
 Outros investimentos 238 399 20 130- 1 783- 19 754 236 991
BB prepara captação no exterior de 
cerca de US$ 750 milhões 
Por Vinícius Pinheiro e Talita Moreira | De São Paulo 
O Banco do Brasil (BB) prepara uma captação externa com a emissão de títulos de 
dívida (bônus) de pelo menos US$ 750 milhões, apurou o Valor com uma fonte a par 
do assunto. A instituição financeira ainda estuda se emitirá os papéis com prazo de sete 
ou dez anos. Procurado, o BB não comentou o assunto. 
O banco fará apresentações com investidores ("road show") nos próximos dias e a 
expectativa é que a operação seja fechada até a primeira quinzena de outubro. A 
emissão será coordenada por BB Securities, Bank of America Merrill Lynch (BofA), 
Wells Fargo, Bradesco BBI, BTG Pactual, Itaú BBA e Santander, ainda de acordo com 
o interlocutor. 
A emissão deve marcar a volta do BB ao mercado externo depois de mais de três anos. 
A última captação do banco ocorreu em junho de 2014, quando levantou US$ 2,5 
bilhões em uma emissão de bônus perpétuos (sem data de vencimento) subordinados. O 
último banco brasileiro a captar no mercado de capitais internacional foi o Itaú 
Unibanco, em maio de 2015. 
A nova emissão do BB ocorre após a melhora nos índices de capital, principal 
preocupação dos investidores. O banco se comprometeu a atingir um nível mínimo de 
capital principal de 9,5% em 2019, quando as normas internacionais de Basileia 3 
estiverem integralmente implementadas no país. O indicador do BB chegou a bater em 
8,07% em setembro de 2015. 
Para melhorar a posição de capital, o banco precisou pisar no freio do crédito após uma 
forte expansão nos anos anteriores. O saldo da carteira de financiamentos, incluindo as 
operações externas, registra queda de 8,7% desde jun ho de 2015 e encerrou o segundo 
trimestre deste ano em R$ 696 bilhões.

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