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ecossistemas aquáticos 2

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Unidade II
Unidade II
5 ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS MARINHOS
5.1 Aspectos iniciais
A comparação, mesmo que superficial, entre ecossistemas terrestres e aquáticos, permite identificar 
aspectos em comum e outros discordantes. Inicialmente, pelo fato de ambos serem sistemas, possuem 
componentes e funcionamento semelhantes (Figura 25). Ambos necessitam de energia, matéria e 
organismos para funcionar; e, como resultado, parte da energia é perdida na forma de calor e outra 
parte é armazenada (RICKLEFS, 2012).
Energia
Matéria
Organismos
Energia armazenada
Matéria
Organismos
Ecosssistema
Entrada Saída
Calor
Figura 25 – Representação da interação entre os elementos de um ecossistema
Contudo, algumas diferenças marcantes existem e ajudam a dar identidade aos ambientes. 
Por exemplo, conforme será detalhado adiante, no ambiente marinho, a luz é um fator limitante, 
uma vez que não penetra além dos 200 metros de profundidade (WICANDER; MONROE, 2009). 
Isso não ocorre com os ecossistemas terrestres que possuem na água um fator limitante mais 
decisivo. Também pelas características da água discutidas na unidade I deste livro, os ambientes 
aquáticos passam por variações de temperatura bem menores do que os ambientes terrestres, 
uma vez que a água retém calor de modo eficiente e o libera esse aos poucos (GARRISON, 
2010). Dessa forma, não apenas os elementos abióticos refletem tais condições, como também 
os elementos bióticos.
Graças às condições dos corpos d’água, seres vivos gigantes puderam se desenvolver e viver, a 
exemplo das baleias, mesmo sem ter esqueletos muito resistentes, como as lulas gigantes. No entanto, 
seres minúsculos também encontram na água um meio adequado para sua sustentação e deslocamento, 
tanto no interior da coluna d’água (organismos componentes do plâncton) quanto em sua superfície 
(organismos componentes do plêuston e nêuston) (ESTEVES, 2011).
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ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS
5.2 Estrutura do ecossistema marinho
 Lembrete
Oceanografia é a parte da ciência que estuda os oceanos. Um de seus 
maiores nomes foi o francês Jacques-Yves Cousteau.
O ecossistema é o mais representativo do planeta, cobrindo cerca de 2/3 de sua superfície. Conforme 
pode ser visto nas figuras 12 e 13, os oceanos correspondem aos maiores reservatórios de água do 
mundo, com cerca de 97,5% do total (TESSLER; MAHIQUES, 2009). No entanto, correspondem à água 
salgada, salvo casos bem particulares em que pode haver a mistura com água doce, conforme será visto 
adiante. A distinção entre mares e oceanos se dá em relação ao tamanho.Com relação às grandes massas 
de água que estão entre os continentes, usa-se o termo oceano. Qualquer parte desse oceano que se 
queira estudar ou mencionar deve ser considerada como mar (Figura 26), podendo, inclusive, receber 
nomes próprios e diferentes daqueles dos oceanos. Exemplo disso é o que se observa em algumas regiões 
do mar Mediterrâneo conhecidas como mar Tirreno, mar Egeu e mar Adriático (GARRISON, 2010).
Figura 26 – Localização dos mares Mediterrâneo e Negro em relação aos oceanos
Um critério que auxilia essa distinção é o de profundidade. Oceanos são profundos, com valores 
médios pouco acima dos 3 mil metros de profundidade, mas que podem chegar a mais de 10 mil metros 
em áreas bastante específicas. Os mares são bem mais rasos, com circulação mais restrita e com maior 
proximidade com os continentes (GARRISON, 2010).
A partir dessas definições, compreende-se que os oceanos do mundo são três, a saber: oceanos 
Atlântico, Pacífico e Índico (Figura 13). Em classificações recentes, os antigos oceanos polares Ártico 
e Antártico são considerados mares, com profundidades ao redor de 1 mil metros (GARRISON, 2010). 
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Quando observamos o mapa do mundo (Figura 13) e tomamos por base a linha do Equador, fica fácil 
identificarmos uma importante diferença na distribuição dos oceanos. O hemisfério norte tem cerca de 
61% de sua superfície coberta por oceanos, ao passo que no hemisfério sul esse valor aumenta para 
aproximadamente 81% (GARRISON, 2010). Os reflexos dessa diferença podem ser sentidos, entre outros 
fatores, no clima e na circulação oceânica.
5.2.1 Bacias oceânicas
Todo oceano ou mar possui um arcabouço, ou seja, uma estrutura definida que lhe dá sustentação 
e sobre a qual a água se acumula e circula. É o que se chama bacia oceânica. Os continentes são 
as laterais dessas bacias e seu fundo corresponde a grandes extensões de crosta oceânica (rocha 
ígnea do tipo basalto) cobertas por rochas e sedimentos (TESSLER; MAHIQUES, 2009; WICANDER; 
MONROE, 2009).
Toda essa estrutura faz parte de um grande processo dinâmico do planeta conhecido como Ciclo 
de Wilson. Ele trabalha com as bases da tectônica de placas e define os processos necessários para 
abertura e fechamento dos oceanos e, consequentemente, aproximação e afastamento dos continentes. 
Um ciclo completo envolve a abertura e o fechamento de um oceano (TASSINARI; DIAS NETO, 2009; 
TESSLER; MAHIQUES, 2009). Esse conhecimento envolve eventos de longa duração e que têm ocorrido, 
provavelmente, desde que a superfície da Terra se endureceu, há bilhões de anos. Conforme destacado 
por Dias et al. (2014), o Ciclo de Wilson está ligado ao processo de abertura e fechamento dos oceanos 
de um ponto de vista geológico, pois trabalha com os mecanismos formadores e modificadores da 
crosta terrestre. Normalmente são identificadas duas fases distintas nesse processo, aqui mencionadas 
de maneira simplificada:
• fase de expansão (ou abertura) com rachadura de um continente e consequente afastamento de 
suas partes, gerando um espaço entre elas que é ocupado pela água do mar;
• fase de aproximação (ou fechamento) com reaproximação de massas continentais separadas e 
consequente diminuição da extensão do oceano até seu possível fechamento.
Os locais onde esses movimentos ocorrem são conhecidos como bordas ou limites das placas 
litosféricas. A Figura 27 mostra onde estariam, atualmente, localizados esses limites (TASSINARI; DIAS 
NETO, 2009; WICANDER; MONROE, 2009).
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ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS
Figura 27 – Linhas vermelhas mostram os limites das placas litosféricas
 Saiba mais
O Projeto Paleomap permite identificar um pouco dos efeitos do Ciclo de 
Wilson ao apresentar reconstituições da posição dos continentes e oceanos 
no passado geológico e até como estarão no futuro. Disponível em:
<http://www.scotese.com/>.
Cada limite desses corresponde a uma área onde a placa está sendo formada ou destruída 
(TASSINARI; DIAS NETO, 2009; WICANDER; MONROE, 2009). Nos locais de formação da crosta, 
encontra-se um grande conjunto de altas montanhas bem no meio do oceano, chamado cordilheira 
ou dorsal mesoceânica (Figura 28). É o que ocorre no oceano Atlântico, desde o norte até o sul. 
No total, as cordilheiras mesoceânicas se estendem por cerca de 80 mil quilômetros ao redor do 
planeta, com montanhas que chegam a 3 mil metros de altitude. Nesse local, o magma gerado no 
interior da Terra encontra oportunidade para chegar à superfície e se solidificar, formando nova 
rocha ígnea. Esse é o mecanismo que resulta no crescimento dos oceanos, uma vez que as placas 
crescem em sentidos opostos. Especificamente sobre a área mencionada, o resultado tem sido 
o afastamento contínuo entre América do Sul e África a uma taxa de cerca de 2,5 centímetrospor ano (TESSLER; MAHIQUES, 2009). O mesmo processo ocorre nos demais oceanos. Nada disso 
pode ser visto por estar submerso, embora, na Islândia, grande ilha no Círculo Polar Ártico, esse 
processo possa ser acompanhado na superfície.
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1 - Elevação ou sopé continental
2 - Palataforma continental
3 - Planície abissal
4 - Cânion
5 - Talude continental
6 - Arco de ilhas
7 - Vulcão
8 - Submanto oceânico
9 - Guyot
10 - Planície abissal
11 - Montes submarinos
12 - Falhas transformantes
13 - Cordilheiras oceânicas
14 - Ilhas vulcânicas
15 - Ilhas vulcânicas
16 - Planícies abissal
17 - Continente
Figura 28 – Relevo do fundo oceânico em uma localidade de margem continental 
passiva. Destaque para a dorsal mesoceânica 
Em oposição a esse mecanismo, alguns limites de placas marcam locais de destruição da crosta. 
São chamados de fossas e, na maioria das vezes, ocorrem no fundo dos oceanos (Figura 29). Uma 
dessas estruturas está próxima à costa oeste da América do Sul, dentro do oceano Pacífico. Possuem 
formato de “V”, sendo que entre suas margens pode haver distância de 100 quilômetros. Nesses locais, 
as placas estão se movendo em direções opostas, o que faz com que uma se mova por debaixo da outra, 
indo direto para o interior do planeta, onde será destruída, num processo conhecido como subducção 
(TASSINARI; DIAS NETO, 2009; WICANDER; MONROE, 2009). As fossas oceânicas são as evidências desses 
acontecimentos e podem ser vistas no fundo dos oceanos. Correspondem aos locais mais profundos do 
planeta, sendo que a fossa das Marianas, nas Filipinas (norte do Pacífico), é a mais profunda, com cerca 
de 11 mil metros de profundidade (TESSLER; MAHIQUES, 2009).
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ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS
Região de expansão 
do assoalho marinho
Fenda formada 
onde duas placas 
se separam
Fenda formada 
onde duas placas 
se separam
O magma sobe 
para formar um 
ponto quente
O magma sobe 
para formar um 
vulcão
Litosfera (crosta e 
camada superior 
do manto ou 
astenosfera
Um vulcão se desenvolve 
sobre um ponto quente e 
aumenta de tamanho até 
formar uma ilha
Ilha vulcânica 
originalmente formada 
sobre um ponto quente
A crosta oceânica 
funde-se
Limite ao longo da qual 
duas placas deslizam 
uma em relação a outra
Região onde uma 
placa mergulha sob 
a outra
Crista formada onde a 
saída de magma origina 
nova crosta oceânica
Fossa oceânica formada 
onde a crosta oceânica 
é forçada a mergulhar 
sob a fossa continental
Cadeia de montanha 
levantada onde a crosta 
oceânica comprime e 
deforma a borda da 
placa continental
Figura 29 – Relevo do fundo oceânico em uma localidade de margem continental ativa. Destaque para a fossa oceânica próxima ao 
continente
 Observação
Uma sequência de fossas oceânicas ao redor do oceano Pacífico é 
mundialmente conhecida como Círculo ou Anel de Fogo do Pacífico, sendo 
a responsável por muitos eventos como terremotos e erupções vulcânicas 
em toda a região adjacente. 
 Saiba mais
Conheça um pouco mais sobre o funcionamento e os efeitos do Círculo 
de Fogo do Pacífico assistindo ao documentário:
JORNADA geológica: o Anel de Fogo do Pacífico. EUA: National 
Geografic, 2012. 45 min.
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Contudo, o fundo dos oceanos está longe de ter um relevo homogêneo. Existe uma distinção entre 
o relevo oceânico associado a uma dorsal mesoceânica e aquele associado a uma fossa oceânica. No 
primeiro caso, as laterais da bacia são chamadas de margens continentais passivas, e, no segundo, de 
margens continentais ativas (TESSLER; MAHIQUES, 2009).
A partir de uma margem continental passiva (figuras 28 e 30) podem ser identificadas as seguintes 
regiões no fundo oceânico (TESSLER; MAHIQUES, 2009):
• Costa: parte da terra firme em contato com o mar e modificada pela ação deste.
• Plataforma continental: área contígua à costa, possuindo uma inclinação pouco acentuada e 
chegando até uma profundidade máxima de 200 metros. 
• Talude continental: inicia-se onde a plataforma continental sofre um aumento na inclinação, 
chegando rapidamente até 1 mil metros de profundidade. 
• Elevação continental ou Sopé continental: segue-se ao talude, onde diminui novamente a 
inclinação, mas atinge profundidades próximas a 4 mil metros. 
• Fundo abissal ou planície abissal: a inclinação é mínima e podem ser encontradas as 
cordilheiras mesoceânicas. 
Plataforma 
continental
Zona nerítica
Zona pelágica
Zona batialTalude 
continental
Zona 
abissal
0m
200m
2000m
6000m
Figura 30 – Perfil do relevo do fundo oceânico
Note que o importante para esta divisão é a profundidade do oceano e não a distância em relação 
ao continente. É importante destacar, ainda, que, ao longo desse caminho, podem ser encontradas 
diferentes formações, como montes submarinos, ilhas vulcânicas, vales e cânions. No caso das margens 
continentais ativas, devido à proximidade entre fossas oceânicas e continentes, não há como formar as 
mesmas estruturas de relevo observadas anteriormente. Todas essas características do fundo oceânico 
associadas às variáveis da água e à influência vinda do continente tornam o ambiente marinho bastante 
diversificado (TESSLER; MAHIQUES, 2009).
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5.2.2 Critérios de classificação
Diferentes critérios podem resultar em diferentes divisões do ambiente marinho. De acordo com a 
necessidade ou interesse, é possível dividir o ambiente marinho de acordo com a profundidade, com 
a distância em relação ao litoral ou de acordo com as características do fundo oceânico, entre outras 
características (GARRISON, 2010). A figura 31 resume um pouco dessas possibilidades.
Zon
a a
fót
ica
4.000
1.000
200
0
Zona 
pelágica
Zona 
baital
Plataforma 
continental
Zona 
bentônica
Zona 
abissal
Zona 
haidal
Profundezas
do alto-mar
Zon
a d
isfó
tica
Zon
a eu
fóti
ca
Zona 
litoral
Zona 
nerítica Zona 
oceânica
11.000
Profundidade (m)
Bentônica (do fundo)
Supralitoral (supertidal)
Litoral (Intertidal)
Sublitoral (Subtidal)
Interna
Externa
Batial
Abissal
Hadal
Pelágica (Coluna de água)
Nerítica
Oceânica – pela luz
Eufólica
Disfólica
Afólica
Oceânica – pela profundidade
Epipelágica
Mesopelágica
Batipelágica
Abissopelágica
Zonas dos oceanos
Fótica
Figura 31 – Diferentes compartimentos ou divisões possibilidades de divisão do ambiente marinho
Uma divisão bastante comum e útil do ambiente oceânico é baseada na presença de luz solar. 
Recebe o nome de zona eufótica (ou fótica) a porção de água oceânica mais próxima da superfície, 
ou seja, aquela que recebe a luz solar e permite sua penetração. A luz solar pode ser vista, mesmo que 
em pequenas quantidades, até uma profundidade máxima de 200 metros. A partir daí, considera-se 
o início da zona afótica (sem luminosidade). A importância dos raios solares está ligada aos seres 
fotossintetizantes (algas e cianobactérias), todos habitantes da região eufótica, fazendo com que essa 
região concentre a produção primária (fotossíntese), sustente inúmeras formas de vida e participe da 
estruturação de todos os ecossistemas, viabilizando fluxos de energia e matéria entre o mundo abiótico 
e biótico (WICANDER; MONROE, 2009, GARRISON, 2010).
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A marca de 200 metros de profundidade que delimita a zona eufótica também é utilizada em uma 
classificação baseada na profundidade (Figura 31). Essa classificação corresponde à região epipelágica. 
Abaixo dela, entre 200 e 1.000 metros de profundidade, estende-se a região mesopelágica. De 1.000 
a 4.000 metros está a região batipelágica e em profundidades maiores a região abissopelágica. É 
interessante observar que, apesar dos diferentes critérios que podem ser empregados, sempre existe 
uma correspondência entre os diferentes nomes (GARRISON, 2010).
6 TIPOS DE ECOSSISTEMAS MARINHOS
6.1 Ecossistema marinho costeiro
Essa divisão do ecossistema marinho está relacionada com a influência recebida do continente, 
através dos processos e produtos que compõem os ecossistemas terrestres. Corresponde, portanto, a um 
ambiente de transição onde é possível observarmos os elementos marinhos e continentais interagindo 
(Figura 32) (WICANDER; MONROE, 2009).
Figura 32 – Típico ambiente marinho costeiro
Para seu estudo, é necessário que seja estabelecida a região em que os processos serão mais 
intensos. Essa região é chamada de zona entre marés. Corresponde à parte desse ecossistema que está 
constantemente sendo coberta e descoberta pela variação do nível do mar, causada pelas marés. Em 
termos mais precisos é a faixa compreendida entre o limite da maré alta (ponto mais alto atingido pelo 
nível do mar sobre o continente) e o limite da maré baixa (ponto mais baixo atingido pelo nível do mar 
sobre o continente). É também chamada de mesolitoral. Acima do nível da maré alta está o supralitoral. 
Abaixo do nível de maré baixa está o infralitoral (GARRISON, 2010).
A maré é um fenômeno resultante da atração gravitacional da Terra pela Lua e vice-versa. Esses dois 
corpos celestes estão em equilíbrio e se atraem mutuamente, mas apenas a Terra tem água líquida em 
sua superfície e com capacidade de reagir a essa atração, deformando-se em direção à Lua (Figura 33). O 
movimento de rotação da Terra faz com que esse efeito se movimente pelo planeta. O resultado prático 
de tudo isso é que, ao longo do dia, o nível do mar em todas as partes do mundo passa por sucessivos 
ciclos de aumento e diminuição (WICANDER; MONROE, 2009; GARRISON, 2010).
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 Observação
Embora cause menos efeito do que a Lua, o Sol também influencia as 
marés, o que pode ser sentido nas marés de sizígia (marés muito altas), que 
ocorrem nas luas nova e cheia, quando o efeito de atração do Sol se soma 
ao da Lua por estarem alinhados (GARRISON, 2010).
Terra
Sol
Marés lunar 
e solar
Lua nova
A
Terra Sol
Maré 
lunar
Maré 
lunar
Maré 
solar
Maré 
solar
Lua em 
quarto 
minguante
B
Figura 33 – Lua e Sol na definição das marés mais altas (A) e intermediárias (B)
Um ciclo completo de maré pode ser caracterizado pelos seguintes acontecimentos (GARRISON, 2010):
• Subida do nível do mar por algum tempo, período chamado de “enchente”.
• Chegada a um nível máximo chamado de “preamar”.
• Nível alto permanece estacionado por um tempo, período chamado de estofo de enchente.
• Descida do nível do mar por um certo tempo, período chamado de “vazante”.
• Chegada a um nível mínimo chamado de “baixa–mar”.
• Nível baixo permanece estacionado por um tempo, período chamado de estofo de vazante.
• Recomeça o ciclo de subida.
 Observação
O tempo entre duas marés altas é de 12 horas. Logo, o nível do mar 
demora 6 horas para subir e 6 horas para descer. Contudo, o desnível, ou 
seja, a diferença em centímetros entre o nível de maré alta e o nível de 
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maré baixa, não é padronizado, podendo variar de poucos centímetros até 
cerca de 10 metros ao longo do dia.
Embora não constitua uma regra, normalmente a região entre marés também sofre ação das ondas 
durante todo o tempo. Ondas são geradas pelo contato do vento com a superfície do oceano. O vento 
que sopra do mar em direção ao continente causa movimentos discretos na superfície da água, que 
se tornam mais evidentes e fortes quando se aproximam do litoral, como resposta à diminuição da 
profundidade da água (Figura 34). A energia contida nas ondas é liberada quando elas se chocam com 
a areia ou as rochas do litoral (WICANDER; MONROE, 2009; GARRISON, 2010).
Comprimento de onda
L
C
Nenhum movimento 
perceptível por causa das 
ondas localizadas mais abaixo
Ondas de águas profundas
profundidade maior que a 
metade do comprimento de 
onda ( L2 )
Ondas de águas intermediárias
profundidade menor que ( L
2
)
porém maior que ( L
20
 )
Ondas de águas rasas
profundidade menor 
que ( L
20
 )
A onda quebraC e L diminuem; altura 
da onda aumenta; cristas 
arredondadas formam picos
C, L e h constantes por 
longas distâncias
d = L
20
 
d = L
2
Figura 34 – Fatores que influenciam a formação de ondas
 Observação
Tsunami, como o que atingiu o Japão em 2011, é uma sequência 
de ondas gigantes que podem atingir cerca de 30 metros de altura e 
viajar pelos oceanos a uma velocidade de até 800 quilômetros por hora. 
Diferentemente das ondas do dia a dia, sua origem não está relacionada 
aos ventos, mas sim a terremotos no fundo do oceano.
Assim como o restante do oceano, os ecossistemas costeiros também são influenciados por correntes 
marítimas (ou oceânicas), especialmente quando se trata de uma área de ressurgência. Contudo, esse 
tema será abordado mais adiante, ao tratarmos de ecossistemas marinhos profundos, nos quais os 
efeitos das correntes são mais pronunciados e efetivos (WICANDER; MONROE, 2009; GARRISON, 2010).
As ondas e marés podem ser consideradas fatores de estresse ambiental nos ecossistemas marinhos 
costeiros, pois submetem os organismos que ali vivem, ou que estão eventualmente presentes, a condições 
que fogem do ideal, podendo afetar a movimentação do meio, disponibilidade de água, salinidade, entre 
outros fatores (WICANDER; MONROE, 2009).
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No caso da diminuição do nível do mar durante a maré baixa, por exemplo, organismos aquáticos 
(como, algas, cracas, mexilhões) são expostos ao ar durante algumas horas. Com isso estão submetidos 
à falta d’água (dessecação) e a todos os recursos que dependem dela tais quais oxigenação, alimento, 
temperatura etc. Além disso, passam a receber a ação direta dos raios solares, o que acelera a dessecação 
à medida que a temperatura aumenta. Em termos de oxigenação, a exposição ao ar de organismos 
aquáticos representa um grande problema, uma vez que as trocas gasosas não podem ser feitas 
diretamente com o ar (GARRISON, 2010). 
Em algumas situações específicas relacionadas à presença de grandes rochas no litoral, certa 
quantidade de água salgada pode ficar represada em depressões, formando poças naturais. Os organismos 
que estiverem aprisionados ali têm seu suprimento de umidade e oxigênio garantido até a próxima subida 
da maré. Contudo, o calor excessivo do sol pode fazer parte da água evaporar, aumentando a salinidade 
na poça. Por outro lado, caso chova no local, a água terá sua salinidade diminuída pela presença da água 
doce. Em ambos os casos, os organismos passarão por estresse ambiental (GARRISON, 2010).
No caso das ondas, sua maior contribuição para o estresse advém do seu impacto sobre o litoral. A 
energia liberada pode ser tãogrande que organismos são arrancados de seus locais de vida e muitos 
não têm como retornar a eles. Outro efeito das ondas é sentido nos seres vivos que estão submersos. A 
movimentação da água faz com que areia e lama que estão no fundo do oceano fiquem em suspensão, 
aumentando a turbidez e diminuindo a penetração dos raios solares na água. No entanto, também há 
contribuições benéficas das ondas, uma vez que elas aumentam a oxigenação da água (GARRISON, 2010).
É certo que todos os organismos que vivem nessas condições apresentam adaptações que garantem 
sua sobrevivência às variações ambientais diárias. No entanto, animais que estejam eventualmente 
presentes e sejam atingidos pelas variações nas condições ambientais podem não resistir. Estratégias 
comuns para a manutenção da umidade, vital para os organismos aquáticos, envolvem a ocupação de 
micro-hábitat (por exemplo, fendas, buracos etc.), o desenvolvimento de revestimentos eficientes para 
o corpo (por exemplo, conchas, tubos etc.) e a produção de muco. Com isso, os organismos conseguem 
assegurar umidade e oxigenação suficientes para aguentar o intervalo de tempo até a maré subir 
novamente (Figura 35) (GARRISON, 2010).
Figura 35 – Exemplo de organismos (cracas) típicos de região entre marés com adaptações 
para aguentar os intervalos sem a cobertura de água
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A observação atenta da manifestação dessas condições na natureza permite compreender que 
existem, basicamente, dois tipos de ecossistemas marinhos costeiros, sendo eles as costas rochosas e 
as praias arenosas (Figura 36) (GARRISON, 2010). 
Figura 36 – Representação dos dois principais ambientes do ecossistema marinho costeiro
6.1.1 Costão rochoso
Costas rochosas ou costões rochosos correspondem a porções do litoral dominadas pela presença de 
blocos de rocha de grandes dimensões (Figura 37), chamados de matacões. Geralmente formados por 
rocha magmática ou metamórfica, podem estar isolados e cercados por areias ou serem contínuos a um 
relevo de serras ou falésias (GARRISON, 2010), como se vê em grande parte do litoral norte de São Paulo. 
Constituem um substrato estável e resistente que interage diretamente com as ondas e a variação do 
nível do mar. A inclinação dessas rochas em relação ao nível do mar também é um fator importante de 
ser levado em conta nesse tipo de ecossistema (Figura 37) (GARRISON, 2010).
Figura 37 – Área costeira de costão rochoso
O contínuo impacto das ondas sobre os costões (Figura 38) promove o intemperismo físico e químico 
dessas rochas, formando partículas de diferentes tamanhos chamadas de sedimentos (por exemplo, 
areia) (GARRISON, 2010). Mais do que nunca o velho ditado “água mole em pedra dura, tanto bate 
até que fura” se faz presente nesse ambiente. Ademais, o impacto da onda causa borrifos de água que 
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atingem regiões da rocha que não recebem a ação direta da água (supralitoral), formando a zona de 
borrifo ou de spray. Devido à ação de todos esses fatores, são criadas condições específicas ao longo 
das rochas expostas. Nas rochas, há regiões mais distantes do nível do mar, que recebem apenas o 
borrifo da água, enquanto outras, na região inferior, passam poucas horas por dia descobertas durante 
a maré baixa. Entre esses dois extremos, ocorrem outras combinações de condições (GARRISON, 2010).
Figura 38 – Ação das ondas diretamente sobre o costão rochoso
Essa variação ao longo do costão rochoso fica mais evidente quando se observam os seres vivos 
que o colonizam, formando faixas horizontais numa estrutura conhecida como zoneamento ou 
estratificação do costão rochoso. Cada faixa é ocupada por uma espécie de organismo marinho (por 
exemplo, algas, cracas, mexilhões, poliquetas), com espécimes distribuídos pelo espaço que reúne as 
condições adequadas ao seu desenvolvimento (Figura 39). Acima ou abaixo dessa faixa, se desenvolve 
outra, com outro ser vivo que estará adaptado a condições levemente diferentes daquelas necessárias a 
seus vizinhos (GARRISON, 2010).
Figura 39 – Banco de mexilhões (moluscos bivalves) em costão rochoso
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Cada faixa é composta por muitos indivíduos, mas que pertencem a uma ou poucas espécies. A 
ação das ondas nesses locais pode ser tão intensa que muitos deles são arrancados e jogados ao mar. 
No entanto, os seres vivos que passam sua vida nessas condições possuem estratégias e estruturas que 
garantem ótima fixação na rocha e, portanto, previnem contra a ação das ondas (Figura 40) (GARRISON, 
2010).
Figura 40 – Banco de cracas (artrópodes) em costão rochoso
Ainda nos costões rochosos, pode haver a formação das poças de maré (Figura 41), ou 
seja, depressões, fendas ou espaços entre rochas que podem acumular a água salgada quando 
atingidos pela maré alta. Assim, alguns seres vivos (por exemplo, caranguejos, pepinos do mar, 
peixes, gastrópodes) podem ter acesso ao local e, eventualmente, ficarem aprisionados lá. Foi 
mencionado anteriormente o estresse ambiental relacionado a esses ambientes, mas vale a pena 
lembrar que esses locais dificilmente representam o local definitivo de moradia de algum ser vivo, 
devido ao seu caráter efêmero (GARRISON, 2010).
Figura 41 – Poça de maré em costão rochoso
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6.1.2 Praia arenosa
Embora também sofram influências de ondas e marés, as praias arenosas ou costas arenosas possuem 
muitos aspectos particulares. Correspondem a acumulações naturais de sedimentos do tipo areia (Figura 
42), com composição variada (por exemplo, grãos de quartzo, conchas moídas) que podem ser facilmente 
carregadas pelas ondas e pelo vento. Por não corresponder a uma superfície rígida e estável, pode mudar suas 
características rapidamente, de acordo com as forças atuantes no ambiente. Devido a essas interações, podemos 
observar que em locais de ondas fortes e constantes, a faixa de areia é estreita, possui grande inclinação e os 
grãos são grandes. Por outro lado, em locais com ondas fracas, a faixa de areia é bem larga, possui inclinação 
suave e os grãos são bem pequenos (WICANDER; MONROE, 2009; GARRISON, 2010).
Figura 42 – Típico ambiente de ecossistema marinho costeiro com acumulação de areia
De maneira similar aos costões rochosos também existem as regiões de supralitoral, mesolitoral e 
infralitoral, embora não seja muito evidente o limite entre as duas primeiras. Momentos de ausência de 
água e exposição aérea também ocorrem, mas seus efeitos são mais brandos. Devido a sua característica 
instável, as praias arenosas não são colonizadas em sua superfície (Figura 43). No entanto, muitos animais 
(por exemplo, caranguejos, bivalves, poliquetas) escolhem esse ambiente para viverem enterrados, 
encontrando, abaixo da superfície, um ambiente mais estável para passarem parte do dia ou da vida. 
Outra diferença está no fato de que a maioria dos animais, quando perturbados e retirados do local em 
que vivem, podem fazer novas escavações em outros lugares e continuarem vivendo (GARRISON, 2010).
Figura 43 – Região entre marés de uma praia arenosa mostrando areia sem colonização aparente
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6.1.3 Estuários
Frequentemente as praias arenosas ou com costões rochosos recebem a desembocadura (ou foz) 
de um rio, formando um ambienteparticular chamado de estuário. Também conhecido como delta, 
o estuário representa o final de um sistema fluvial (rio) chegando ao oceano através de um ou mais 
canais entrelaçados (Figura 44) (WICANDER; MONROE, 2009). Quando ocorrem em áreas tropicais 
do planeta e possuem vegetação específica (isto é, o mangue), podem ser chamados de manguezais. 
Devido às características diferentes desses dois corpos d’água (rio e oceano), cria-se, na região, um 
conjunto de condições próprias, distintas das dos demais ecossistemas costeiros vistos até o momento 
(GARRISON, 2010).
Figura 44 – Exemplo de estuário com canal principal chegando ao oceano
Todo estuário está sujeito às ações das ondas e das marés. Contudo, o rio está ali para participar da 
interação. Durante a maré baixa, o rio consegue avançar para dentro do oceano, lançando suas águas 
em seu interior. Contudo, na maré alta, a água do oceano é capaz de avançar rio acima, ocupando 
temporariamente seu leito e fazendo com que suas margens sejam inundadas. Essa alternância de 
condições ocorre com a mesma frequência das marés e causa grande estresse ambiental (WICANDER; 
MONROE, 2009).
Um ponto fundamental é relacionado à salinidade. Além da alternância de condições marinhas 
e dulcícolas (água doce), há mistura dessas duas águas, fazendo com que surja a condição de água 
salobra. Além da salinidade, outras características ambientais também variam nesse local, em virtude de 
as águas serem diferentes. Entre elas, podemos citar oxigenação, nutrientes disponíveis, temperatura, 
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transparência da água (turbidez), movimentação da água etc. As margens estão frequentemente cobertas 
de lama e detritos orgânicos trazidos pelo rio e depositados nos momentos de alagamento. Por conta 
disso, o solo nesses locais é considerado instável, lamacento e com baixo teor de oxigênio, uma vez que 
esse gás é muito consumido na decomposição da matéria orgânica, contando, ainda, com o típico cheiro 
de decomposição (GARRISON, 2010) (Figura 45).
Figura 45 – Típica configuração do manguezal com árvore do mangue evidente e o solo lamacento
 Observação
O fenômeno conhecido como pororoca ocorre nesse tipo de ecossistema 
ao redor do mundo. Chamada de onda de maré, forma-se quando há 
uma maré extremamente alta que avança pelo canal do rio por até 50 
quilômetros, empurrando a água doce e gerando a onda. Embora seja um 
fenômeno interessante, é bastante destruidor pela força com a qual as 
águas se movem.
Os seres vivos que habitam esses locais devem ter as adaptações necessárias para suportar 
tamanha variação. Nos manguezais, por exemplo, as árvores do mangue possuem, pelo menos, 
três adaptações importantes: a) glândulas de sal nas folhas, que fazem a secreção do excesso 
de sal proveniente da água; b) raízes adventícias do tipo escora, para conseguir estabilidade no 
terreno instável; e c) raízes do tipo pneumatóforos, que permitem a realização de trocas gasosas 
diretamente com o ar, evitando o solo encharcado e sem oxigênio. De maneira semelhante, 
crustáceos (por exemplo, caranguejos, camarões), moluscos (por exemplo, ostras, mexilhões) e 
peixes que vivem nesses ambientes devem ser euritópicos (tolerantes a grandes variações de 
componentes ambientais) (GARRISON, 2010).
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Unidade II
 Observação
Para ser considerado um manguezal, é necessário que existam as árvores 
do mangue (por exemplo, as espécies Rhizophora mangle e Laguncularia 
racemosa), mas essa não é a única vegetação presente, podendo 
ser encontradas plantas epífitas (por exemplo, bromélias, orquídeas, 
samambaias), algas, musgos e líquens.
A despeito de todas as dificuldades, os estuários são, reconhecidamente, ecossistemas muito 
procurados por diferentes tipos de animais terrestres e aquáticos – muitos vão em busca de alimento. 
Quando a maré baixa e as margens do rio de estuário ficam livres da água, sobra um verdadeiro banquete 
para predadores, filtradores e decompositores. Nesses locais, o alimento aparece na forma de matéria 
orgânica em decomposição, nutrientes dissolvidos na água ou mesmo os habitantes do local (por 
exemplo, crustáceos e peixes). Outros procuram os estuários em busca de proteção contra predadores, 
uma vez que seu canal fluvial raso e estreito e as margens proporcionam refúgios contra grandes 
predadores marinhos. Por esses motivos relatados também são importantes locais para reprodução, 
garantindo a proteção e a alimentação adequadas para os filhotes de muitos animais (GARRISON, 2010).
 Observação
O rio Amazonas lança suas águas no oceano Atlântico equatorial. 
Devido ao seu tamanho e volume de água, a maré não desempenha grande 
papel em seu estuário, uma vez que a força das águas consegue entrar no 
oceano até uma distância aproximada de 200 quilômetros, fazendo com 
que água doce seja encontrada em pleno mar aberto.
6.2 Ecossistema marinho aberto
São considerados ecossistemas marinhos abertos aqueles que não apresentam influência direta dos 
continentes. Desenvolvem-se, portanto, na própria estrutura das bacias oceânicas. Até certo ponto, as 
condições ambientais são mais estáveis do que nas proximidades dos continentes (GARRISON, 2010).
Conforme comentado anteriormente, a profundidade média dos oceanos está próxima dos 3 mil 
metros, apesar de haver partes bem mais profundas. Embora a salinidade tenha praticamente os mesmos 
valores em todas as partes do oceano aberto, outros fatores como oxigênio dissolvido, temperatura e 
nutrientes, só para citar alguns, podem variar bastante (GARRISON, 2010).
Costuma-se dividir as águas oceânicas em águas de superfície e águas de fundo, embora essa não 
seja uma divisão muito precisa. As águas de superfície estão em contato com a atmosfera, com quem 
realizam trocas de gases e de temperatura. Normalmente são águas mais quentes, bem iluminadas, com 
alto teor de oxigênio, baixo teor de nutrientes e a sede da produção primária do oceano, uma vez que 
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concentra os organismos planctônicos fotossintetizantes. Em contraposição, as águas de fundo estão 
muito distantes da superfície (zona afótica) e praticamente não contribuem para a produção primária, 
embora sejam ricas em nutrientes, mas pobres em oxigênio. Dessa forma, observamos que algumas das 
características das águas profundas são necessárias para os ambientes mais próximos da superfície. 
Fazendo a comunicação entre esses dois compartimentos estão as correntes oceânicas (GARRISON, 
2010).
6.2.1 Correntes oceânicas
Correspondem a massas de água salgada, com características distintas, que se movimentam no 
interior dos oceanos. São diferentes, pois possuem salinidade e/ou temperaturas diferentes. Têm 
como função, entre outras coisas, promover a transferência de calor, nutrientes e oxigênio entre 
as regiões do planeta (GARRISON, 2010) (Figura 46). As grandes correntes oceânicas têm trajeto 
fixo no planeta, parte percorrido por correntes de fundo e parte por correntes de superfície. 
Além dessas grandes correntes, há outras menores, mais localizadas e que se movem apenas pela 
superfície (GARRISON, 2010).
Figura 46 – Exemplo de correntes oceânicas (setas azuis: correntes frias; setas vermelhas: correntes 
quentes) e seu trabalho de distribuição do calor pelo mundo
As correntes oceânicas se movem graças a um mecanismo fundamental, chamado corrente 
de convecção, baseada no princípio de Arquimedes, e que forma uma célula de circulação em 
fluidos, como o ar e a água. Essa movimentação da água é geradapor temperaturas diferentes. 
Nos oceanos das altas latitudes (regiões polares), a água de superfície se resfria muito. Parte dela 
se congela e forma os bancos de gelo sobre o oceano. Outra parte da água não congela, mas tem 
sua densidade aumentada pelo resfriamento e se movimenta para as partes fundas do oceano, 
se movendo rumo às baixas latitudes (região equatorial). Para que esse processo continue, cada 
vez mais água da superfície passa por esse processo de resfriamento, empurrando ainda mais a 
água gelada profunda. Com isso, se forma também uma corrente superficial de água que vem das 
baixas latitudes e, por isso, é quente (GARRISON, 2010).
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 Saiba mais
Conheça um pouco mais sobre o funcionamento e os efeitos do oceano 
assistindo ao documentário:
TERRA, o poder do planeta: oceanos. Reino Unido: BBC, 2007. 50 min. 
Episódio IV.
À medida que ela se aproxima das altas latitudes, se resfria e é direcionada para o fundo. Na outra 
extremidade da corrente, a água que está se movendo junto ao fundo, vindo das altas latitudes, começa 
a se aquecer nas proximidades das baixas latitudes, o que faz com que ela chegue à superfície. Dessa 
forma, se estabelece o intercâmbio de águas da região equatorial (baixas latitudes) com águas das 
regiões polares (altas latitudes). Essas são as correntes térmicas. Outro mecanismo que influencia 
a formação de correntes é a diferença de gradiente de salinidade. Nesse caso, massas de água se 
movem em relação a outras por possuírem quantidades diferentes de sal. São chamadas de correntes 
halinas. Por fim, correntes superficiais e de pequenas dimensões podem ser causadas pelo vento 
(GARRISON, 2010).
 Observação
Arquimedes, filósofo grego, identificou uma relação física conhecida 
como Princípio de Arquimedes, que é explicada da seguinte forma: “Um 
corpo, ao ser mergulhado num líquido, sofre a ação de uma força de 
sentido ascensional, de baixo para cima, cujo módulo é igual ao peso do 
fluido deslocado pelo corpo”.
Sendo assim, podemos considerar que os oceanos moderam o clima no planeta por meio da 
diminuição das diferenças de temperatura entre as várias regiões. As águas superficiais captam 
calor da atmosfera nas áreas mais quentes ou liberam calor para ela nas regiões mais frias. Águas 
quentes têm maior evaporação e geram mais umidade do ar. Dessa maneira, são eficientes tanto na 
transferência de temperatura quanto de umidade entre as regiões. Vale lembrar que a capacidade 
térmica da água é muito grande e o planeta tem cerca de 71% de sua superfície coberta por água 
(GARRISON, 2010).
As águas frias que se movem junto ao fundo são pobres em oxigênio dissolvido, pois estão muito 
distantes da superfície para poderem captá-lo da atmosfera. No entanto, em seu caminho junto ao 
fundo, absorvem os nutrientes que são gerados nessa região e se tornam ricas nesse componente. 
Assim, correntes de fundo são frias, com pouco oxigênio, mas muito ricas em nutrientes. Com as águas 
de superfície, o processo é justamente o inverso (GARRISON, 2010).
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ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS
6.2.2 Temperatura das águas e seus efeitos
Os nutrientes que são abundantes nas águas frias de fundo são importantes para os organismos 
planctônicos da superfície, uma vez que contribuem para o processo de produção primária, base de toda 
a cadeia alimentar oceânica. Para que haja o contato dos nutrientes com os organismos, é necessário que 
a água fria seja desviada para a superfície, o que ocorre conforme ela se aproxima da região equatorial. 
No entanto, em outras áreas, o relevo do fundo do oceano pode fazer com que ocorra um desvio nas 
correntes frias de fundo e elas cheguem diretamente até a superfície, perto da costa, formando as 
regiões conhecidas como áreas de ressurgência (GARRISON, 2010).
No Brasil, a região de Cabo Frio (RJ) é uma tradicional área desse tipo, assim como a costa do 
Peru, no oeste da América do Sul. O efeito prático desse fenômeno é que uma grande quantidade de 
nutrientes é trazida à superfície, o que faz com que a produtividade primária seja alta e impulsione 
todas as cadeias alimentares da região. Por esse motivo, o Peru é um dos grandes produtores mundiais 
de pescados marinhos (GARRISON, 2010).
A temperatura das águas de superfície também está relacionada a alguns fenômenos climáticos. 
O El Niño Oscilação Sul (“Enos” em português, ou “Enso”, em inglês), ou simplesmente El Niño, é um 
exemplo disso (Figura 47). Nos anos em que esse fenômeno acontece nas águas superficiais do oceano 
Pacífico, em sua porção equatorial, aumenta sua temperatura e, com isso, aumenta a evaporação em 
toda a área. Ajudada pelo enfraquecimento dos ventos alísios na região, toda a circulação do ar se 
modifica nessa faixa do globo, afetando a temperatura e a precipitação em diversos países e levando 
seca ou chuvas em excesso a áreas não acostumadas a essas condições. Quando as condições são 
opostas, ou seja, quando a temperatura das águas superficiais diminui, ocorre o fenômeno conhecido 
como La Niña, relacionado a outras alterações nos padrões de precipitação e temperatura ao redor do 
planeta (GARRISON, 2010).
Situação normal 
no Pacífico
Ventos alísiosCo
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aSituação do 
El Niño
Termoclina TermoclinaAfloramento Não há afloramento
Figura 47 – Mecanismo do El Niño Oscilação Sul. Na esquerda, a condição normal, em anos sem El Niño. Na direita nota-se a 
ausência do afloramento de água fria próximo à costa, o que muda toda a circulação climática regional
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Conheça um pouco mais sobre fenômeno El Niño assistindo ao 
documentário:
EL NIÑO, la niña. São Paulo: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – 
Inpe, 2011.
6.2.3 Recifes de coral
Esses são ecossistemas conspícuos e fascinantes, conhecidos por sua grande diversidade e abundância 
de vida (Figura 48). Podem estar relacionados a ambientes costeiros ou de mar aberto, dependendo do 
tipo de formação (WICANDER; MONROE, 2009).
Figura 48 – Biodiversidade dos recifes
 Observação
Há milhões de anos, antes do aparecimento dos corais formadores 
de recifes, os recifes eram formados por tipos extintos de esponjas (filo 
Porifera) chamados arqueociatídeos (CARVALHO, 2004).
Toda estrutura denominada de recife é feita por corais, mas nem todo coral é capaz de formar 
recifes. Corais são animais, invertebrados, marinhos, coloniais e pertencentes ao filo Cnidaria (Figura 49). 
Aqueles capazes de formar recifes pertencem aos grupos dos hexacorais e octocorais, sendo chamados, 
genericamente, de hermatípicos (HICKMAN; ROBERTS; LARSON, 2004).
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ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS
Figura 49 – Exemplo de coral formador de recifes
 Observação
São ecossistemas muito complexos. Neles há mais espécies, mais 
hábitos alimentares, mais tipos de reprodução, crescimento, predação, 
simbiose e locomoção do que em qualquer outro ecossistema marinho 
(GARRISON, 2010).
Esses animais vivem em colônias de muitos indivíduos chamados pólipos, e cada um produz seu 
esqueleto calcário (de carbonato de cálcio) sobre o qual se desenvolve e que se une aos demais, 
formando os recifes (Figura 50). Sucessivas gerações de corais e de outros invertebrados sésseis(fixos) 
(por exemplo, esponjas, cnidários, bivalves, algas calcárias) vão se sobrepondo aos esqueletos antigos, 
aumentando o tamanho da estrutura recifal (HICKMAN; ROBERTS; LARSON, 2004).
Figura 50 – Aspecto de um recife típico com a sobreposição de seus habitantes
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Unidade II
 Observação
Alguns tipos de corais são chamados de Zooxantelados, pois 
desenvolveram uma simbiose com algas (dinoflagelados fotossintetizantes) 
do grupo das Zooxanthelas, que ocupam suas células e fornecem carbono 
em troca de suporte e proteção (HICKMAN; ROBERTS; LARSON, 2004).
Os corais formadores de recifes precisam de condições bem específicas para viver e se desenvolver, sob 
pena de morrerem ou serem predados caso essas condições não sejam atendidas (Figura 51) (HICKMAN; 
ROBERTS; LARSON, 2004). Algumas das condições exigidas são:
• Boa oxigenação para garantir suprimento de O2 aos corais. 
• Águas claras, ou seja, sem sedimentos em suspensão para evitar o recobrimento dos corais por 
areia ou lama. 
• Águas salgadas, não tolerando mistura com água doce. 
• Águas não poluídas, evitando a morte dos cnidários. 
• Boa iluminação, especialmente quando houver simbiose com os dinoflagelados. 
• Temperatura entre 23ºC e 25ºC (não devendo ir abaixo de 18oC), o que é mais comum em regiões 
tropicais, embora existam recifes em regiões mais frias. 
• Tolerância da ação de ondas de baixa intensidade. 
• Posicionamento abaixo da linha da maré baixa, devido à intolerância à exposição ao ar. 
• Profundidade não muito maior que 25 metros para garantir que as condições anteriores 
ocorram. 
Figura 51 – Habitantes típicos de recifes de coral. Em primeiro plano as estrelas do mar (equinodermas)
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ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS
 Observação
Os principais fatores de destruição dos recifes são a pesca e caça 
predatórias, que desequilibram o ecossistema, a água de lastro dos navios 
que trazem doenças, predadores e competidores para o sistema e a poluição 
das águas (GARRISON, 2010).
Devido à restrição de profundidade, os recifes são encontrados próximos aos continentes, 
normalmente paralelos à linha de costa. Dessa maneira, formam os chamados recifes em forma de 
franja ou barreira (Figura 52). 
Figura 52 – Recife em forma de barreira
Contudo, há um tipo que se forma em mar aberto e é chamado de atol (Figuras 53, 54). Embora 
estejam em mar aberto, formam-se sempre ao redor de uma ilha vulcânica, cujas encostas submersas 
servem de base para seu desenvolvimento e fornecem condições semelhantes àquelas encontradas 
perto da linha de costa. Como se forma ao redor de uma ilha vulcânica, todo atol acaba tendo um 
contorno circular ou elíptico (Figura 54) (WICANDER; MONROE, 2009).
Figura 53 – Localização do principal atol brasileiro (Atol das Rocas)
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Laguna
Recife de franja
Recife de franja
Crescimento vertical do coral
Placa se move para 
águas mais profundas
Crescimento vertical do coral
Recife de barreira
Recife de barreira
Atol
Atol
Laguna
Figura 54 – Modelo representativo da formação de um recife do tipo atol a partir de uma ilha oceânica
 Observação
A barreira de corais australiana é a única estrutura natural construída 
por um ser vivo que pode ser vista da Lua. Na realidade, é um conjunto de 
recifes de diferentes tamanhos que se estende por aproximadamente 2.300 
quilômetros no litoral nordeste da Austrália.
Quando se observa um atol já bem desenvolvido, a ilha vulcânica que lhe deu sustentação não está 
visível (Figura 54). Isso ocorre ao longo dos anos, quando o intemperismo (por exemplo, chuva, ondas, 
variação de temperatura) desgasta a rocha que está acima do nível do mar. Após esse processo, o que 
sobra bem próximo à superfície é o contorno do recife que se formou ao redor da ilha. Em alguns casos, 
o recife é largo o suficiente para acumular areia em sua parte superior e desenvolver até vegetação 
(WICANDER; MONROE, 2009).
6.2.4 Reservas de petróleo
Recentemente, o tema petróleo ganhou um interesse muito grande para os brasileiros pela descoberta 
de grandes reservas no fundo oceânico, chamadas genericamente de pré-sal.
A palavra petróleo faz referência ao óleo que está no interior das pedras (rochas). Trata-se de um 
combustível fóssil formado por longas cadeias de hidrocarbonetos. Sua formação se dá por meio de um 
processo longo (milhões de anos) e que exige condições naturais bastante específicas, o que coloca o 
petróleo na categoria de recurso natural não renovável (TEIXEIRA et al., 2009).
Para sua formação, é preciso que uma grande quantidade de restos orgânicos se acumule em um 
ambiente sem oxigênio (isto é, anóxico). Os restos orgânicos podem ser de variados tipos, embora a 
maior contribuição venha de microrganismos (por exemplo, algas e protozoários). A condição anóxica é 
fundamental, pois evita a decomposição da matéria orgânica que ocorreria numa condição oxigenada. 
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A matéria orgânica não pode ser perdida porque terá que ser transformada para formar o petróleo. 
Normalmente os ambientes que permitem esse conjunto de condições são os aquáticos com água 
parada como, por exemplo, pântanos e fundos de oceanos (TEIXEIRA et al., 2009).
 Lembrete
O carvão mineral é outro exemplo de combustível fóssil. Sua origem é 
muito parecida com a do petróleo, mas sua principal matéria orgânica é 
vegetal (TEIXEIRA et al., 2009).
À medida que os restos orgânicos se acumulam, vão se juntando aos materiais minerais que 
circulam pelo ambiente como areia e lama. Ao longo dos milhares e milhões de anos de acumulação, 
essa mistura de matéria orgânica e mineral sofre dois processos: a) vai se transformando em uma 
rocha sedimentar; e b) vai causando alterações na composição e estrutura da matéria orgânica por 
meio da ação de pressão e temperatura. Como resultado final, temos uma rocha com óleo em seu 
interior, ou seja, petróleo, e também gás natural (TEIXEIRA et al., 2009).
Conforme já mencionado, o fundo oceânico é formado por muitas rochas sedimentares, e muitas 
delas podem conter petróleo. A propósito, petróleo pode ocorrer, também, em rochas que estão nos 
continentes. No caso brasileiro, antes da descoberta do pré-sal, já havia exploração de petróleo em 
reservas do fundo oceânico, mas nenhuma tão volumosa quanto aquelas descobertas recentemente 
(Figura 55). Para explorar o petróleo do pré-sal é necessário que os equipamentos cheguem a cerca de 
2 mil metros de profundidade do oceano e escavem cerca de 5 mil metros de rochas sedimentares até 
chegar à rocha reservatório (Figura 56).
Figura 55 – Localização das principais reservas de petróleo do pré-sal no litoral brasileiro
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Unidade II
Dutos Flexíveis
São tubos que ligam o poço, no solo 
submarino, à plataforma.
Utilizam aquecedores elétricos para 
evitar que o petróleo solidifique. 
Sua tecnologia pode ser francesa ou 
americana, como a da Wellstream, 
que venceu a concorrência para as 
primeiras linhas no Campo de Tupi.
Rochas do pré-sal
O petróleo está distribuído 
em gotículas em rochas 
porosas. O Cenpes, 
laboratório de pesquisas da 
Petrobras, avalia a injeção de 
gases para extrair o óleo.
Figura 56 – Estrutura de exploração do petróleo do pré-sal brasileiroEm tempo, dois esclarecimentos são necessários:
• o petróleo ocupa os poros de uma rocha, de modo semelhante à água que ocupa os poros de 
uma esponja, sendo, portanto, errônea a ideia de que ele está em uma cavidade gigante no 
interior das rochas;
• o nome “pré-sal” vem do fato de o petróleo estar sendo mantido no fundo oceânico pela presença 
de uma rocha especial formada por uma grossa camada de sal.
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 Saiba mais
Conheça um pouco mais sobre as reservas de petróleo do pré-sal 
assistindo ao documentário:
O DESAFIO do pré-sal. EUA: Discovery Channel, 2011. 43 min.
 Resumo
No mar, a água encontra sua maior representatividade. Os oceanos 
cobrem praticamente dois terços do planeta e abrigam processos que 
afetam diretamente a sua temperatura e a existência da vida.
Todo oceano tem água salgada, que se mantém relativamente estável 
em sua salinidade. Condições especiais podem promover a mistura dessa 
água com água doce, com influência apenas localizada. Por maiores 
que sejam os oceanos, eles são provas de que o planeta está em plena 
movimentação. Não é por causa do que acontece na superfície, como ondas 
e marés. O que deixa isso evidente é o que acontece no fundo dos oceanos. 
A origem e o desenvolvimento dos oceanos estão diretamente ligados com 
os movimentos das placas litosféricas, conforme explicado pela tectônica 
de placas. Chama-se Ciclo de Wilson o conjunto de movimentos necessários 
para abertura e fechamento dos oceanos, que dura milhões de anos.
Ondas e marés dão um toque especial a esse ecossistema e são fonte 
de estresse para inúmeros seres vivos. Ondas são geradas pelos ventos e 
atingem o litoral de maneira constante. As marés são causadas pela força 
de atração da Lua e do Sol sobre a água, causando variações consideráveis 
no litoral a cada seis horas. De fato, seus efeitos são menores nas áreas mais 
profundas, ajudando na diferenciação entre esses dois compartimentos 
dos oceanos.
O litoral é a porção do oceano que recebe influência direta do 
continente. Água doce, sedimentos, temperatura, ventos, são alguns dos 
elementos fornecidos pelo continente. Oceano e continente estão o tempo 
todo travando batalha por espaço e por recursos. Nessa região pode haver 
acúmulo de sedimentos, como areias, nas bordas, formando as praias 
arenosas. Em outras situações a areia não se acumula e há contato direto 
do mar com grandes rochas, caracterizando os costões rochosos. Nos dois 
é possível notar condições que variam ao longo do dia, controladas pela 
movimentação das ondas e marés.
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Unidade II
Nas praias arenosas, o sedimento é instável porque pode ser 
facilmente carregado pela água. Isso traz grande dificuldade para que 
animais e algas se fixem sobre ele. A melhor estratégia é se enterrar, 
protegendo-se da movimentação da água. Contudo, isso resolve parte 
do problema. A variação do nível do mar causado pela maré causa 
momentos de falta de água, de mudança de temperatura, de insolação, 
enfim, um conjunto de condições adversas que devem ser suportadas 
pelos habitantes do local.
Nos costões rochosos, a situação não muda muito. O substrato é estável, 
afinal trata-se de uma rocha. Mas as variações ambientais continuam 
afetando os seres vivos que ali moram. Há, ainda, o agravante do impacto 
das ondas diretamente sobre os organismos.
Ao lado de tudo isso, a foz de um rio pode colocar mais alguns 
ingredientes nessa variação ambiental, formando um ecossistema especial 
chamado estuário. Em condições tropicais, o estuário desenvolve um 
manguezal.
Cada um desses ecossistemas possui marcas muito evidentes do 
trabalho da água sobre a litosfera e sobre a biosfera também.
Quando nos afastamos do litoral, as condições parecem ficar mais 
estáveis, mas nem sempre é assim. A limitada penetração da luz, a 
profundidade crescente, a variação de pressão e as correntes oceânicas 
trazem variações importantes para o ecossistema oceânico aberto 
e acabam tornando essa parte do planeta muito interessante, porém 
pouco explorada.
 Exercícios
Questão 1 (ENADE 2011 – Adaptada). Recentes relatórios do Painel Intergovernamental sobre 
Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) voltaram a defender que a ação antrópica tem contribuído 
significativamente para o aumento dos níveis de carbono na atmosfera terrestre. A consequência mais 
conhecida desse aumento é o aquecimento global, originado pela intensificação do efeito estufa. 
Todavia, há um assim chamado irmão gêmeo do mal do aquecimento global, que é pouco conhecido. 
Trata-se do processo de acidificação dos oceanos, que já ocorreu antes na história da Terra, no limite 
Permotriássico, há, aproximadamente, 250 milhões de anos.
Correlacionando a importância dos oceanos na manutenção da vida na Terra com as possíveis 
causas do colapso ambiental observado pelo processo de acidificação dos oceanos ocorrido no limite 
Permotriássico e, ainda, com as consequências para a biodiversidade atual, analise as afirmações a 
seguir:
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I – A acidificação dos oceanos resulta da dissolução de CO2 na água, produzindo íons de hidrogênio, 
reduzindo o pH.
II – O processo de acidificação dos oceanos inferido para o limite Permotriássico, causado pelos 
altos níveis de CO2 atmosféricos registrados, foi um dos responsáveis pela extinção em massa registrada 
naquele momento.
III – Atualmente, a acidificação dos oceanos geraria índices de extinção semelhantes aos observados 
no limite Permotriássico devido à desestabilização de sistemas costeiros.
IV – A redução dos níveis de O2 atmosférico advinda da acidificação dos oceanos afetaria não 
somente a biodiversidade marinha, mas também a biodiversidade terrícola.
É correto apenas o que se afirma em:
A) I e II.
B) II e III.
C) III e IV.
D) I, II e IV.
E) I, III e IV.
Resposta correta: alternativa D.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa correta.
Justificativa: quando, na água, o CO2 reage com moléculas de H2O, forma-se ácido carbônico (H2CO3). 
O ácido carbônico ioniza-se, liberando o cátion H+ e o ânion HCO3-, conforme mostrado na equação 
química a seguir.
 CO2 H2O H2CO3 H+ + HCO3-
O ácido carbônico também pode reagir com o calcário (CaCO3), abundante em ambientes aquáticos, 
originando íons bicarbonato (HCO3-) e carbonato (CO32-), conforme mostrado nas equações químicas a 
seguir.
H2CO3 + CaCO3 Ca(HCO3)2 Ca2+ + 2 HCO3-
2 HCO3- 2H+ + 2CO32-
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Unidade II
 A elevação da quantidade de íons H+ na água, resultante das reações apresentadas anteriormente, 
promove redução do pH, ou seja, acidificação do meio. O gráfico da figura a seguir mostra a associação 
entre a concentração de dióxido de carbono dissolvido na água e o decréscimo de pH.
8,25
8,20
8,15
8,10
8,05
8,00
7,95
7,90
7,85
7,80
7,75
pH
Di
óx
id
o 
de
 c
ar
bo
no
 d
iss
ol
vi
do
(M
ic
ro
m
ol
e/
kg
)
22
21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
1850 1875 1900 1925 1950 1975 2000 2025 2050 2075 2100
Anos
pH
Dióxido de carbono 
dissolvido
 
Figura – À medida que a concentração de dióxido de carbono aumentou na água 
dos oceanos, o pH reduziu-se, elevando a acidez
II – Afirmativa correta.
Justificativa: são atribuídas várias causas àextinção em massa ocorrida no limite Permotriássico. 
Uma delas é a elevação das taxas atmosféricas de gás carbônico, que, possivelmente, provocou 
aquecimento global e acidificação dos oceanos. Assim, é possível inferir que essa provável 
acidificação oceânica tenha contribuído, em certo grau, com a redução drástica da biodiversidade 
marinha ocorrida na época.
III – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a atual acidificação dos oceanos pode representar riscos à biodiversidade marinha, mas 
não se pode afirmar que os eventuais índices de extinção atuais, provocados por essa acidificação, seriam 
proporcionais aos ocorridos no limite Permotriássico, uma vez que são vários os motivos atribuídos a 
essa extinção. Além disso, a mudança significativa do pH das águas oceânicas por si só já promoveria boa 
parte das extinções, não sendo necessário, portanto, recorrer à desestabilização de sistemas costeiros 
como a principal causa das extinções.
IV – Afirmativa correta.
Justificativa: acredita-se que o aumento dos níveis atmosféricos de gás carbônico durante o 
Permotriássico teria promovido, além do aquecimento global, a anoxia oceânica. Essa condição oceânica 
teria contribuído substancialmente para a extinção de várias formas de vida durante esse período. 
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ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS
No caso de haver reduções concomitantes dos níveis atmosféricos de oxigênio, é de se esperar que a 
biodiversidade terrícola também seja afetada.
Questão 2 (BRASIL ESCOLA, [s.d.] – Adaptada). A circulação dos oceanos tem uma influência direta 
sobre a vida na Terra. Sem os oceanos, extensas áreas do nosso planeta seriam excessivamente quentes 
ou frias. Assim, para melhor compreender o sistema climático do planeta, devemos estudar a circulação 
oceânica, analisando os efeitos simultâneos da distribuição da temperatura em toda a superfície do 
globo terrestre conjuntamente com a distribuição dos ventos marítimos. No início, os navios foram os 
únicos meios de transporte usados para estudar as correntes oceânicas. Seu levantamento limitava-se a 
alguns meses de observações quase sempre regionais. Com o uso dos satélites foi possível desenvolver 
novas, mais completas e preciosas técnicas de observação da circulação global das correntes marítimas 
a partir do espaço, por intermédio do estudo topográfico da superfície marítima. […].
MOURÃO, R. R. F. Os Oceanos e o Clima. Revista ECO-21, ed. 41. Disponível em: <http://www.eco21.com.br>. Acesso em: 25 de 
nov.2015.
A importância e a influência dos oceanos sobre os climas devem-se à:
I – Capacidade de transportar o calor das zonas equatoriais e tropicais para os polos, ajudando a 
reduzir as diferenças térmicas entre as diferentes regiões do planeta.
II – Manutenção das baixas temperaturas durante todo o ano nas regiões costeiras em função da 
ação de suas águas gélidas sobre o litoral.
III – Habilidade em conter a amplitude térmica nas regiões litorâneas em razão do aumento da 
umidade do ar por eles proporcionada.
Assinale a alternativa correta:
A) Apenas a afirmativa I é correta.
B) Apenas a afirmativa II é correta.
C) Apenas as afirmativas I e II são corretas.
D) Apenas as afirmativas I e III são corretas.
E) Apenas as afirmativas II e III são corretas.
Resolução desta questão na plataforma.

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