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ESTUDOS TRANSVERSAIS - Também conhecidos como: estudo de prevalência, inquérito, estudo transversal ou de corte-transversal. - Trata-se de um desenho de estudo em que se obtém a frequência de ocorrência dos eventos de saúde numa população em um ponto no tempo ou em curto espaço de tempo. Características - O grupo de estudo não é estabelecido em função da exposição (como nas coortes) e nem em função da doença (caso-controle) - Unidade de análise é o indivíduo - Temporalidade: retrospectivo (o adoecimento já ocorreu quando o pesquisador vai a campo) Fases de um estudo seccional: PLANEJAMENTO 1. Construção do protocolo 2. Elaboração dos instrumentos 3. Amostragem e seleção dos participantes 4. Treinamento dos pesquisadores Protocolo Porque é necessário realizar o estudo? Em que estágio se encontra o conhecimento atual sobre o tema a ser investigado? Importância para a população-alvo • Indicadores quantitativos que expressarão os resultados principais • Métodos propostos para alcançar os objetivos e testar as hipóteses • Instrumentos de coleta de dados • Critérios de classificação e diagnóstico • Registro e o armazenamento de informações • Seleção de indivíduos para compor a amostra • Seleção e treinamento dos pesquisadores de campo • Controle de qualidade da coleta • Procedimentos de análise quantitativa das estimativas desejadas e das hipóteses operacionais Instrumentos • Mais utilizado: QUESTIONÁRIOS • Geralmente coleta medidas indiretas, oriundas de testemunhos prestados pelos indivíduos • Depende de memória, capacidade de compreensão e a elaboração das perguntas • Também podem ser feitas medidas diretas • Forma de aplicação • auto-aplicados: mais baratos, porém a taxa de retorno pode ser baixa e são limitados quanto às possibilidades de medições • Podem apresentar questões abertas, fechadas ou mistas • Validação e adaptação transcultural – para comparação de resultados de instrumentos elaborados e validados em outra língua Adequação, validade e confiabilidade de medidas Para cada variável -> diferentes instrumentos e técnicas de medida Deve-se levar em consideração a portabilidade do instrumento de medida, dado que estudos seccionais exigem razoáveis deslocamentos no espaço; além dos critérios técnicos. As melhores técnicas de medida são aquelas que fornecem medidas com as menores probabilidades de erro ou os menores desvios. Estes erros estão relacionados de forma complementar com os acertos. - Se o pesquisador possui recursos para examinar todas as unidades de observação, que constituem a população, poderá optar pela realização de um censo. - Entretanto, como na maioria dos estudos seccionais a população-alvo é muito numerosa, opta-se pela seleção de uma amostra para exame. - Além do fator econômico, selecionar uma parte da população permitirá exames individuais de melhor qualidade. AMOSTRAGEM PROBABILÍSTICA Para que a generalização seja válida em termos probabilísticos, é necessário que os processos de seleção das unidades de observação sejam rigorosamente conduzidos apenas pelo acaso. Cada elemento da população deve ter uma probabilidade conhecida de fazer parte da amostra. Amostragem aleatória simples Amostragem por conglomerados Tende a ter execução complexa e cara. Eventualmente, pode não representar bem subgrupos populacionais. Raríssimas vezes existem listas completas de todos os indivíduos que compõem a pop-alvo. IMPORTANTE: Processos de amostragem complexa → uso de estimadores adequados durante a análise dos dados para obtenção das estimativas desejadas e principalmente de seus intervalos de confiança. Observações feitas em conglomerados de indivíduos costumam reduzir a heterogeneidade da amostra, em relação às variáveis de interesse. Portanto, é preciso ter cuidado com as medidas de variância de indicadores, tais como prevalências, médias, razões de prevalência ou de chances, derivados de dados obtidos em estudos cuja amostra é de conglomerados, de qualquer grau de complexidade. VIÉS DE AUTO SELEÇÃO Ocorre quando indivíduos são convidados a participar de um estudo transversal e a concordância para participar da pesquisa é motivada pela exposição ou desfecho pesquisados. Ex: estudo transversal para determinar prevalência de obesidade em um determinado bairro com amostra de voluntários. É possível que a pesquisa superestime os valores de prevalência de obesidade, pois as pessoas obesas e com sobrepeso têm uma maior motivação para participar da pesquisa do que as eutróficas. Seleção e treinamento de pesquisadores de campo Treinamento: padronização de procedimentos na coleta de dados. • A padronização é a uniformidade da aplicação das práticas corretas de medida ou entrevista por todos os pesquisadores de campo, e por todo o período de tempo em que transcorre a coleta dos dados. • Técnicas de simulação ou experimentos que reproduzam as situações reais de medida no campo. • medidas replicadas em indivíduos que tenham perfis semelhantes aos que compõem a pop-alvo do estudo. EXECUÇÃO • ESTUDO-PILOTO Reproduz todas as estratégias e métodos utilizados na coleta de dados em uma amostra da população-alvo Objetivo: testar de forma definitiva os instrumentos e pesquisadores. Alguns resultados servirão para o cálculo do tamanho da amostra • COLETA DE DADOS Aplicação prática de todas as estratégias de abordagem e métodos de tomada de informação que foram planejados Deve ser a mais curta e a de concentração mais intensa de trabalho • CONTROLE DE QUALIDADE Deverão ser entrevistados e examinados todos os indivíduos planejados no delineamento amostral, e somente aqueles, e todas as observações deverão ser feitas de acordo com as instruções dadas durante o treinamento. • ANÁLISE E DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS Dupla digitação – data compare epi info As análises a serem desenvolvidas nos estudos observacionais podem ir desde análises univariadas até técnicas multivariadas DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS – em periódicos, teses, livros e exames complementares devem ser divulgados a cada um dos examinados. VALIDADE • Perda de informações sobre parte da amostra • os indivíduos perdidos em uma amostra representam uma fração da população sobre a qual se perde a capacidade de inferência • Substituição de indivíduos • acelera o processo de coleta de dados • descaracteriza a aleatoriedade da seleção dos indivíduos, prejudicando ou inviabilizando a inferência dos resultados • Informações relativas a tempos passados são obtidas de forma indireta: dependem da memória e dos interesses peculiares dos indivíduos em relação aos temas de investigação • Isto torna muito difícil a padronização, ou seja, a uniformização de procedimentos de coleta, o que pode distorcer a análise das relações entre eventos estudados em subconjuntos da amostra. • Precedência temporal da exposição sobre a doença Viés da causalidade reversa Pode acontecer em estudos transversais com objetivos causais onde a relação temporal entre exposição e desfecho não é possível de ser estabelecida. Isso ocorre quando tanto a exposição quanto o desfecho são coletados com o mesmo limite temporal. Assim, não é possível ter certeza se a exposição precede o desfecho ou ao contrário. Ex: uso de adoçantes e obesidade •Para minimizar essa questão é possível coletar os dados temporais de exposições e desfechos em janelas temporais distintas e bem delimitadas. Ex: abuso sexual na infância causando TEPT no pós-parto, violência familiar na infância causando mal-uso de álcool na adolescência • Duração da exposição nos doentes • A probabilidade de participação de doentes expostos em um estudo seccional é dependente do tempo de duração da exposição, de modo que os doentes com longos períodos de exposição poderão estar super-representados na amostra de estudo em relação àqueles em que a duração de exposição é mais curta. • O resultado disso é que uma determinada exposição que prolonga a sobrevida dos doentes, inclusive por tornar a doença mais branda, pode ser confundida com um fator de risco, uma vez que a prevalência de doentes entre os expostos pode ser até maior do que entre os não-expostos. • A exposição, mesmo não tendo relação causal com a doença, pode levar os doentes a morrer em prazos mais curtos do que os não-expostos - Viés de sobrevivência seletiva • conclusão errônea de que a exposição é um fator de proteção contra a doença • Ex: uso de heroína (exposição) → malformação congênita(desfecho) tabagismo (exposição) → doença cardiovascular (desfecho) • Portanto, casos prevalentes, reconhecidos em um estudo seccional, podem refletir não apenas os determinantes de risco de adoecer como também os de sobrevivência. Com isto, torna-se difícil a distinção entre fatores de risco para o aparecimento da doença e fatores prognósticos para sua evolução Inquéritos Nacionais de Saúde • Informações em saúde • Essenciais para o planejamento, a programação, o monitoramento e a gestão das intervenções em saúde coletiva e individual, principalmente quando se considera o contexto de mudanças do padrão epidemiológico, ampliação do conceito saúde-doença, bem como a incorporação das atividades de promoção da saúde • Inquéritos Nacionais de Saúde (INS) permitem conhecer o perfil de saúde e a distribuição dos fatores de risco em uma população, com atualização periódica e comparações seqüenciadas no tempo e entre áreas geográficas • Possibilidade de correlacionar os agravos e problemas de saúde com as condições sócio-ambientais e com a percepção do estado de saúde pelos indivíduos, permitindo a descrição e quantificação das iniqüidades em saúde, tanto relacionadas à ocorrência de doenças quanto à exposição a riscos. • Instrumentos de avaliação das políticas públicas implantadas, o grau de sucesso alcançado por elas, bem como identificar grupos sociais e geográficos excluídos ou pouco atingidos • No Brasil: Sistemas Nacionais de Informação em Saúde gerenciados pelo Sistema Único de Saúde e Inquéritos regionais ou Nacionais principalmente a partir da década de 80 • Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) • Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) • Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) • Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) • Ministério da Saúde: • Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (VIGITEL) • Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PENSE) • Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) • Suplemento saúde da PNAD/2008, de um módulo específico sobre fatores de risco para doenças e agravos não transmissíveis • Inserção na POF do Inquérito Nacional de Alimentação (INA), realizado em uma subamostra de 25% dos domicílios da amostra original da POF 2008-2009 e novamente em 2017-2018 • Políticas públicas em saúde devem se apoiar em informações objetivas respaldadas por evidências científicas • A Saúde Pública e a Epidemiologia têm um importante papel nesse processo, seja por meio do desenvolvimento de pesquisas, como pela coleta sistemática de informações oriundas dos sistemas de vigilância que possibilita a avaliação sistemática de dados sobre magnitude, escopo, características e conseqüências das doenças • Os inquéritos em saúde são importantes também para produzir informações que sensibilizem os gestores públicos responsáveis pela implementação das políticas públicas no que se refere aos principais problemas e as iniqüidades vividas pela população • A tradução de informações científicas sobre evidências para políticas e práticas que protejam os usuários é fundamental nesse processo
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