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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA CURSO DE ODONTOLOGIA Juan César Trajano Tenório Farmacoterapia no tratamento da Disfunção Temporomandibular. Revisão da Literatura Florianópolis - SC 2022 Juan César Trajano Tenório Farmacoterapia no tratamento da Disfunção Temporomandibular. Revisão da Literatura Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Odontologia, do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do título de Cirurgião-Dentista. Orientadora: Profª. Drª. Renata Gondo Machado Co-orientador: Prof. Dr. Rubens Rodrigues Filho Florianópolis - SC 2022 Juan César Trajano Tenório Farmacoterapia no tratamento da Disfunção Temporomandibular. Revisão da Literatura Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de Cirurgião Dentista e aprovado em sua forma final pelo Departamento de Odontologia, da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 17 de Novembro de 2022. ________________________ Profª. Drª. Glaucia Zimmermann Coordenadora do Curso Banca Examinadora: ________________________ Profª. Drª. Renata Gondo Machado Orientadora Universidade Federal de Santa Catarina ________________________ Profa. Dra. Beatriz Álvares Cabral de Barros Universidade Federal de Santa Catarina Avaliadora ________________________ Profa. Dra. Sheila Cristina Stolf Cupani Universidade Federal de Santa Catarina Avaliadora Este trabalho é dedicado aos meus pais Luciana e Augusto, minha companheira Aline e ao meu irmão Phillip. Dedico o resultado de todo o incentivo e apoio. AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais, Luciene e Augusto por todo o incentivo em todos estes anos. Vocês nunca mediram esforços para que eu tivesse a melhor educação possível e que eu pudesse me tornar quem me tornei. Ao meu irmão Phillip pelo companheirismo, apoio e carinho. Amo vocês! Agradeço a minha orientadora, professora Renata Gondo Machado por toda a orientação, paciência e pelo carinho durante essa caminhada. Agradeço ao professor Rubens Rodrigues Filho, pela ajuda na confecção deste trabalho e por me estender a mão num momento em que muito precisei. Ao professor Sylvio Monteiro Júnior por ser um amigo muito especial, que sempre pude contar, e que tenho como exemplo de pessoa que planejo me tornar. Ao professor Nelson Makowiecky que tem o maior coração que já vi, obrigado por todo o carinho, te admiro muito! Ao meu amigo Sylvio da Costa Júnior, dentista que me recebeu de braços abertos na UBS do Itacorubi e me ensinou muito. A minha prévia co- orientadora Ana Cristina S. Denardin que foi quem mais me ajudou no iniciar desse trabalho. E agradeço também aos demais professores da UFSC que contribuíram com minha formação, foi um prazer. Aos membros da minha família, Primos e Primas, Tios e Tias, Avós Solange e Nilda e Avô Jorge e Bisa Irene. Obrigado por toda a educação, amor e incentivo. Aos meus pacientes, obrigado pela confiança, pela paciência, pela compreensão, minha formação foi possível graças a vocês. Aos meus amigos, André Lorenzoni, William Pedelhes, Pedro Vendrame, Carine Terhorst, Laura Quadros, Giovani Jr., Mateus Szostak, Mariana Carvalho, Luiza Mazzochin, Luiz Antônio, Maria Eduarda Goudel, Thais Nunes, Maria Eduarda Bernardo, Eriel Nunes, Samara Pinto, Gabriel Scharman e Vicente Bayma por toda a parceria. Vocês tornaram essa caminhada muito mais leve e alegre. Em especial Diego Ferreira, Bernardo Fraga, Gabriel Paz e a minha dupla Daniel Pereira sou grato por todos os momentos de diversão, cervejadas, e conselhos, obrigado por sempre estarem ao meu lado. E um agradecimento especial a minha namorada, Aline Padilha que me acompanhou nessa caminhada desde o início, sem enjoar da minha companhia depois desses 6 anos juntos, rindo das piadas mais sem graças que eu ousei fazer, obrigado pelo seu amor, carinho e apoio. Te amo! RESUMO A disfunção temporomandibular (DTM) é um termo genérico que inclui a articulação temporomandibular (ATM), os músculos mastigatórios e suas estruturas associadas. As DTMs são caracterizadas por dor, sons articulares e movimento mandibular restrito, sendo a dor um motivo comum para a procura por atendimento odontológico. Apesar de ser frequente, o diagnóstico e o tratamento das DTMs ainda é um desafio para o cirurgião dentista, por ser uma condição complexa e de etiologia multifatorial. É essencial que os cirurgiões dentistas sejam capazes de diagnosticar corretamente e implementar medidas de tratamento efetivo para essa condição. Dentro deste contexto muitas terapias têm sido propostas para o manejo das DTMs, incluindo o uso de diferentes medicamentos. Este estudo teve como objetivo realizar uma revisão narrativa da literatura sobre os tratamentos farmacológicos utilizados no tratamento de disfunção temporomandibular. As fontes de busca foram livros textos e artigos eletrônicos de acesso livre nas bases de dados: COCHRANE, LILACS, PUBMED, SCIELO e Google Scholar. A pesquisa foi limitada aos artigos publicados na língua portuguesa ou inglesa, com abrangência temporal entre os anos de 1987 e 2022. As buscas foram realizadas no período de março de 2021 até agosto de 2022, sendo utilizados 92 artigos e 5 livros textos para a confecção deste projeto. Os critérios de inclusão da literatura foram ser escrito em português ou inglês, e ter o conteúdo relacionado com o objetivo da pesquisa. Após uma ampla busca por informações, conclui-se que a DTM é uma condição que acomete parte significativa da população e que sua terapia pode ser realizada de diversas formas, sendo a medicamentosa uma delas. No entanto, o desconhecimento dos mecanismos subjacentes à dor associada a esta patologia e o fato de os estudos realizados até agora utilizarem critérios de seleção de pacientes altamente díspares, os resultados sobre a eficácia dos diferentes medicamentos comumente utilizados são inconclusivos, impossibilitando o desenvolvimento de um protocolo adequado e amplamente aceito, seja para o atendimento de urgência ou mesmo para o tratamento visando a cura. Palavras-chave: Síndrome da Disfunção da Articulação Temporomandibular; Transtornos da Articulação Temporomandibular; Farmacoterapia. ABSTRACT Temporomandibular disorder (TMD) is a generic term that includes the temporomandibular joint (TMJ), the masticatory muscles and their associated structures. TMDs are characterized by pain, joint sounds and restricted jaw movement, with pain being a common reason for seeking dental care. Although the diagnosis and treatment of TMDs are frequent, it is still a challenge for the dental surgeon, as it is a complex condition with a multifactorial etiology. It is essential that dental surgeons are able to correctly diagnose and implement effective treatment measures for this condition. Within this context, many therapies have been proposed for the management of TMDs, including the use of different medications. This study aimed to carry out a narrative review of the literature on the pharmacological treatments used in the treatment of temporomandibular disorders. The search sources were textbooks and open access electronic articles in databases such as COCHRANE, LILACS, PUBMED, SCIELO and Google Scholar. The search was limited to articles published in Portuguese or English, with a temporal scope between the years 1987 and 2022. The searches were carried out from March 2021 to August 2022, using 92 articles and 5 textbooks for the preparationof this project. After an extensive search for information, it was concluded that TMD is a condition that affects a significant portion of the population and that its therapy can be performed in different ways, with medication being one of them. However, the lack of knowledge on the mechanisms underlying the pain associated with this pathology and the fact that the studies carried out so far use highly disparate patient selection criteria, the results on the effectiveness of the different drugs commonly used are inconclusive, making it impossible to develop an adequate and widely accepted protocol, whether for urgent care or even for treatment aimed at cure. Keywords: Temporomandibular Joint Dysfunction Syndrome; Temporomandibular Joint Disorders; Pharmacotherapy. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AAOP: Academia Americana de Dor Orofacial ADTs: Antidepressivos tricíclicos AINES: Anti-inflamatórios não esteroidais ATC: Anticonvulsivante ATM: Articulação temporomandibular BDI: Inventário de Depressão de Beck BDZs: Benzodiazepínicos DC/TMD: Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders DTM: Disfunção temporomandibular EVA: Escala visual analógica GABA: Ácido Gama-aminobutírico LLT: Low-intensity laser therapy NIDCR: National Institute of Dental and Craniofacial Research NTI: Nociceptive trigeminal inhibitory splint OHIP: Oral health impact profile PSQI: Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh RDC/TMD: Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders SNC: Sistema nervoso central TCC: Terapia cognitivo comportamental SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11 2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 13 2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 13 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................. 13 3 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 14 3.1 ESTRATÉGIA DE BUSCA ................................................................................... 14 3.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ....................................................... 15 4 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 16 4.1 DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR ........................................................... 16 4.2 TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO DAS DTMS................................... 18 4.3 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DAS DTMS ............................................ 20 4.3.1 Analgésicos não opióides....................................................................................... 20 4.3.2 Analgésicos Opióides ............................................................................................. 21 4.3.3 Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) ....................................................... 22 4.3.4 Anti-inflamatórios esteroidais (corticosteróides) ............................................... 23 4.3.5 Antidepressivos ...................................................................................................... 24 4.3.6 Anticonvulsivantes ................................................................................................ 25 4.3.7 Benzodiazepínicos ................................................................................................. 26 4.3.8 Relaxantes Musculares ......................................................................................... 28 4.3.9 Ácido Hialurônico (HA) ........................................................................................ 28 5 RESULTADOS ...................................................................................................... 30 6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 32 7 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 34 ANEXO 1 – ATA DA DEFESA .......................................................................... 46 11 1 INTRODUÇÃO A disfunção temporomandibular (DTM) é uma condição complexa a qual é caracterizada por atingir os músculos do sistema estomatognático (DTM muscular), a articulação temporomandibular (ATM) e estruturas associadas (a qual denomina-se DTM articular), e pode ter como sintoma a presença de dor. Em vista disso, a DTM também pode ser classificada de acordo com a presença ou não de sintomatologia dolorosa (SCHIFFMAN et al., 2014). A queixa mais comum é a dor crônica na região orofacial, sendo a mialgia (um tipo de DTM muscular) o diagnóstico mais comum, a qual acomete cerca de 80% dos pacientes com essa disfunção (LIST; JENSEN, 2017). Apesar de ser frequente no consultório, o diagnóstico e o tratamento das DTMs ainda é um desafio para o cirurgião dentista, por ser uma condição complexa e de etiologia multifatorial (SARTORETTO; BELLO; BONA, 2012). O primeiro modelo de classificação e diagnóstico da DTM denominado Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD) foi criado com o objetivo de padronizar o diagnóstico nas pesquisas. Este critério já considerava a avaliação de fatores psicossociais, uma vez que já era reconhecido seu papel na etiologia dessa condição (TRUELOVE et al., 1992). Em 2014, esse modelo foi atualizado visando não somente o uso em pesquisas, mas também como uma ferramenta para auxiliar os cirurgiões-dentistas na prática clínica e, assim, a avaliação dos fatores psicossociais ganhou um peso maior (SCHIFFMAN et al., 2014). Devido a etiologia multifatorial da DTM, recomenda-se que seja elaborado um plano de tratamento com múltiplas abordagens, dentre elas, a farmacoterapia, fisioterapia, uso de placa interoclusal rígida, laserterapia, ozonioterapia, agulhamento e acupuntura (SANTOS; PEREIRA, 2016; BUTTS et al., 2017; LIST; JENSEN, 2017; FERNANDES et al., 2017). Além disso, preconiza-se que a escolha do tratamento para DTM seja o mais conservador possível, dentro de cada caso, através da eleição de técnicas reversíveis, que sejam minimamente invasivas (DE MORAES MAIA et al., 2014). No caso das DTMs dolorosas, a farmacoterapia têm sido amplamente recomendada através da prescrição de fármacos como os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES), os analgésicos opióides, os corticóides, os relaxantes musculares, os antidepressivos, os anticonvulsivantes e os benzodiazepínicos (OUANOUNOU et al., 2017). 12 Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi realizar uma revisão narrativa da literatura sobre a efetividade e o desempenho clínico dos tratamentos farmacológicos utilizados em pacientes diagnosticados com DTM, visando a remissão da dor. 13 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Este estudo teve como objetivo realizar uma revisão narrativa da literatura sobre os tratamentos farmacológicos utilizados no tratamento de disfunção temporomandibular. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Conhecer os tipos de tratamentos farmacológicos disponíveis para o tratamento de diferentes tipos de DTM (DTM muscular, DTM articular e DTM dolorosa). Comparar a efetividade dos tratamentos farmacológicos no tratamento de diferentes tipos de DTM. 14 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 ESTRATÉGIA DE BUSCA Este trabalho baseou-se em artigos de revisão de literatura e de pesquisas científicas sobre o atendimento odontológico de pacientes com DTM. As fontes de busca foram livros textos e artigos eletrônicos de acesso livre em bases de dados como COCHRANE, LILACS, PUBMED,SCIELO e Google Scholar. Para a busca de artigos foram usadas as palavras-chave "temporomandibular joint disorders"[MeSH Terms] OR "temporomandibular joint disorders"[All Fields] OR "temporomandibular Joint disorder"[All Fields] OR "temporomandibular disorder"[All Fields] OR "temporomandibular disorders"[All Fields] OR "temporomandibular joint disease"[All Fields] OR "temporomandibular joint diseases"[All Fields] OR "temporomandibular dysfunction"[All Fields] OR "temporomandibular dysfunctions"[All Fields] OR "temporomandibular joint dysfunction syndrome"[MeSH Terms] OR "temporomandibular joint dysfunction syndrome"[All Fields] OR "costen syndrome"[All Fields] OR "costens syndrome"[All Fields] OR "costens syndromes"[All Fields] OR "costen syndromes"[All Fields] OR "costen's Syndrome"[All Fields] OR "temporomandibular joint syndrome"[All Fields] OR "temporomandibular joint syndromes"[All Fields] OR "temporomandibular joint dysfunction"[All Fields] OR "tmj disease"[All Fields] OR "tmd"[All Fields] OR "tmj"[All Fields] OR "tmjd"[All Fields] OR "tmj disorders"[All Fields] OR "tmj disorder"[All Fields] OR "tmj diseases"[All Fields] OR "craniomandibular disorders"[MeSH Terms] OR "craniomandibular disorders"[All Fields] OR "craniomandibular disorder"[All Fields] OR "craniomandibular dysfunction"[All Fields] OR "craniomandibular dysfunctions"[All Fields] OR "craniomandibular dysfunction"[All Fields] OR "craniomandibular dysfunctions"[All Fields]). A pesquisa foi limitada aos artigos publicados na língua portuguesa e inglesa, com abrangência temporal entre os anos de 1987 e 2022. As buscas foram realizadas no período de março de 2021 até agosto de 2022. Foram utilizados 92 artigos e 5 livros textos para a confecção deste projeto. 15 3.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO Os critérios de inclusão da literatura foram ser escrito em português ou inglês, e ter o conteúdo relacionado com o objetivo da pesquisa. Os critérios de exclusão foram: estudos incompletos; estudos não relacionados com o tema da pesquisa; resumos; relato de caso. 16 4 REVISÃO DE LITERATURA 4.1 DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR A Academia Americana de Dor Orofacial (AAOP) define a DTM como um conjunto de distúrbios que envolvem os músculos mastigatórios, a articulação temporomandibular (ATM) e estruturas associadas (DE LEEUW; KLASSER, 2018). Pelo menos um sintoma em atinge aproximadamente 37.5% da população brasileira (GONCALVES 2009). Realizar a mensuração da prevalência de DTM a nível mundial é um desafio, devido a isso o National Institute of Dental and Craniofacial Research (NIDCR), realizou uma média da prevalência encontrada em estudos primários onde verificou que a DTM afeta entre 5 a 12% (LIPTON et al., 1993; GOULET et al., 1995; POW et al., 2001; MCFARLANE, 2002; JOHANSSON et al., 2003). Em relação ao gênero foi observada em estudos prévios uma prevalência duas vezes maior no sexo feminino quando comparado ao masculino (FERREIRA; SILVA; FELÍCIO, 2016). Também se notou uma maior prevalência na população mais jovem (POW et al., 2001). A DTM pode ser dividida em muscular e articular, de acordo com sua origem. A DTM muscular acontece quando há acometimento dos músculos da mastigação, enquanto a DTM articular acontece quando há acometimento das estruturas da ATM como disco, cápsula, ligamentos e demais estruturas associadas (DE LEEUW; KLASSER, 2018). Também pode ocorrer acometimento em ambos os componentes, sendo então denominada DTM mista. Outra classificação para as DTMs, que pode ser encontrada na literatura é descrita através da sintomatologia, como as DTMs dolorosas, nas quais há queixa álgica, ou as DTMs não dolorosas (SCHIFFMAN et al., 2014). Em ambos os casos, é necessário orientar o paciente acerca da condição e, quando necessário, dar preferência para terapias mais conservadoras (BEAUMONT S. et al., 2020). Dentro do grupo das DTMs articulares, existem as dores articulares, como artrite e artralgia, desordens da articulação, como deslocamentos do disco com ou sem redução, desordens de limitação de mobilidade e hipermobilidade, doenças articulares, como osteoartrose, neoplasias e fraturas. Quanto as DTMs musculares, essas podem ser classificadas em: mialgia, tendinite, miosite e espasmos, sendo que dentro da mialgia temos mais três subdivisões: mialgia local, dor miofascial e dor miosfacial referida (SCHIFFMAN et al., 2014). 17 Os fatores de risco da DTM podem ser classificados em: fatores predisponentes, perpetuantes e desencadeantes. Dentre eles, pode-se encontrar fatores biológicos, fatores genéticos, micro e macrotraumas, hábitos parafuncionais e fatores psicossociais (LIST; JENSEN, 2017). Os fatores psicossociais ou psicocomportamentais, como estresse, ansiedade e depressão, são considerados um dos principais fatores etiológicos da DTM (SARTORETTO; BELLO; DONA, 2012). A sintomatologia mais comum encontrada em pacientes com DTM é a dor no local acometido, seja muscular ou articular. Além disso, podem estar associadas a presença de cefaléia, diminuição da amplitude dos movimentos mandibulares e sons articulares, como estalos, estalidos e crepitação (BEAUMONT S. et al., 2020). Também podem ser encontradas queixas relacionadas a sintomas otológicos, como plenitude auricular, zumbido e dor de ouvido. Um dos critérios de diagnóstico e classificação mais importantes para as DTMs surgiu em 1992, quando foi elaborada uma série de diretrizes denominadas por Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD) com o objetivo de padronizar o diagnóstico e classificação dessa condição em pesquisas (TRUELOVE et al., 1992). A partir disso, o diagnóstico das DTMs foi dividido em dois eixos. O eixo I corresponde a avaliação física dos pacientes e o eixo II corresponde a avaliação dos fatores psicossociais. Em 2014, essas diretrizes foram atualizadas para Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RD/TMD) a fim de auxiliar os profissionais não somente nas pesquisas, mas também durante a prática clínica (SCHIFFMAN et al., 2014). Nessa última atualização foi dada uma importância maior para o Eixo II, que corresponde aos aspectos psicossociais. 18 4.2 TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO DAS DTMS Devido à complexidade das DTMs e de sua etiologia multifatorial, o tratamento multidisciplinar garante maiores chances de sucesso (GARRIGÓS-PEDRÓN et al., 2019). Por isso, muitas vezes, existe a participação de diversos profissionais da área da saúde tais como fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo, médicos e cirurgiões dentistas de várias especialidades (SANTOS; PEREIRA, 2016). Uma vez que os principais fatores etiológicos estão ligados a fatores psicológicos como estresse e ansiedade, psicoterapias podem ser incluídas no tratamento da DTM (FILLINGIM et al., 2011). Muitos pacientes com DTM também apresentam dores musculares no pescoço e na face e limitação de abertura bucal, logo, esses pacientes se beneficiam de sessões de fisioterapia (DICKERSON et al., 2017; SHIMADA et al., 2019). No ramo da fisioterapia, os tratamentos são direcionados para o alívio da dor da musculatura envolvida e restauração da função (DICKERSON et al., 2017). Um dos tratamentos comumente realizados é a terapia manual, que consiste na mobilização manual, manipulação e exercícios. Nicolakis et al. (2002) estudaram 20 pacientes com dor miofascial na tentativa de avaliar o efeito, em um prazo de seis meses, da terapia manual e obtiveram uma diferença significativa na redução da dor pois 16 pacientes não relatavam mais dor alguma ao final do período de observação. Entretanto, quanto a limitação de abertura de boca que se via presente em 14 pacientes, somente três tiveram uma melhora significativa. Concluiram então que aterapia com exercícios parece ser útil no tratamento das DTMs. No estudo de Cuccia et al. (2010) foram comparados pacientes com DTM articular tratados com terapia osteopática manual, com pacientes tratados com terapia conservadora tradicional, incluindo uso de placas oclusais, fisioterapia e compressas térmicas. Os pacientes de ambos os grupos também puderam fazer uso de AINES e relaxantes musculares, desde que receitados pelo dentista. Observou-se que os dois grupos apresentaram melhora da sintomatologia durante o período de acompanhamento, porém, sem diferença significativa entre as formas de tratamento. Nesse sentido, seria interessante que no tratamento de DTMs envolvendo a ATM e estruturas musculoesqueléticas que o dentista trabalhe em colaboração com osteopatas e fisioterapeutas. Em casos muito específicos também podem ser necessárias cirurgias e procedimentos articulares minimamente invasivos como artrocentese e artroscopia (GARRIGÓS-PEDRÓN et al., 2019). Técnicas cirúrgicas pouco invasivas como artroscopia e artrocentese são mais recentes, mas se provaram efetivas especialmente em pacientes com 19 deslocamento de disco e outras artropatias (POTIER et al., 2016; LIST & JENSEN, 2017). No entanto, a literatura realça o uso de técnicas mais conservadoras como fisioterapia, agulhamento, prescrição de medicamentos e placas estabilizadoras como primeira tentativa para diminuir a dor, o desconforto e restabelecer a função ao paciente (OUANOUNOU et al., 2017). Outra terapia disponível para alívio da sintomatologia dolorosa de pacientes com DTM é a termoterapia. Na DTM muscular, o paciente pode ser orientado a aplicar uma compressa úmida quente, para promover vasodilatação e assim aumentar a circulação e liberação de substâncias anti-inflamatórias e ocasionar um relaxamento muscular (FURLAN et al., 2015). Já, na DTM articular, o paciente pode aplicar uma compressa fria na região da articulação, visando analgesia (FURLAN, 2015). Em relação ao uso de dispositivos interoclusais, um estudo realizado em 2012 avaliou 51 pacientes adultos com dor miofascial, e os dividiu em três grupos: o primeiro foi tratado com placa oclusal total rígida e orientações; o segundo com uma placa parcial chamada ―nociceptive trigeminal inhibitory splint (NTI)‖; e o terceiro somente recebeu orientações sendo então o grupo controle. Concluiu-se que após 3 meses de tratamento, a dor foi significativamente reduzida em todos os grupos, porém com maior rapidez no grupo que usou a placa total rígida e o NTI (CONTI et al., 2012). Com isso, demonstrou-se que o tratamento com placas oclusais também deve ser considerado no tratamento das DTMs. A laserterapia de baixa potência (low-intensity laser therapy, LLT) também pode ser utilizada no manejo de diferentes tipos de DTMs. Um ensaio clínico randomizado conduzido em 2017 avaliou a eficácia desse método em 40 pacientes, onde vinte foram tratados com placebo e vinte foram tratados com laser durante o período de um mês. Ambos os grupos (placebo e LLT) tiveram uma redução da dor quando foi utilizada a escala visual analógica (EVA). Porém, não se obteve diferença estatística significante entre os dois grupos. A medida de abertura de boca também obteve aumento nos dois grupos, mas sem diferença estatística significativa. Portanto, foi possível concluir que o método de LLT não é mais efetivo que placebo para tratamento das DTMs (SHOBHA et al., 2017). Outra opção de tratamento conservador da DTM é a ozonioterapia que surge como um método promissor e alternativo. O ozônio é capaz de aumentar o suprimento local de oxigênio, promovendo melhor vascularização, apresentando sucesso em tratamentos da articulação do joelho e da própria ATM, podendo promover resultados mais satisfatórios quando comparado à terapia convencional (DAIF, 2012; DOĞAN et al, 2014). Seus benefícios terapêuticos ocorrem através de um sistema de tamponamento antioxidante que 20 resulta em efeitos analgésicos e anti-inflamatórios (BOCCI, 2005; BOCCI, 2006; DE OLIVEIRA JUNIOR, LAGES, 2012). Pesquisando a literatura é possível encontrar a acupuntura como uma das alternativas terapêuticas para tratamento das DTMs. Consiste em estimular pontos específicos ao longo da pele do corpo. A acupuntura pode ajudar a aliviar o desconforto e a dor associados a essas condições, pois pode reequilibrar a energia circulante nos meridianos e estudos demonstraram sua eficácia no controle da dor (ROSTED, 2001). Entretanto, a revisão sistemática publicada por Jung et al. (2011) concluiu que faltam evidências científicas que demonstrem que a acupuntura é realmente efetiva no tratamento da DTM. 4.3 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DAS DTMS A literatura pertinente está permeada por vários tratamentos farmacológicos que são prescritos para DTMs e que têm diferentes taxas de sucesso. Não há protocolo de tratamento específico aceito no tratamento de DTM dolorosa, portanto, nenhuma substância se provou capaz de ser eficiente isoladamente contra todos os sintomas da DTM (OKESON, 2013). É importante deixar claro que o tratamento farmacológico visa melhorar a função da mandíbula e aliviar a dor, sendo uma das principais intervenções e a mais utilizada na forma aguda do transtorno (DURHAM, NEWTON-JOHN et al., 2015). O estágio em que a dor se encontra influi diretamente na escolha do medicamento a ser utilizado, determinando que classes são eficazes como também o período de utilização (DURHAM, NEWTON-JOHN et al., 2015). Algumas opções de tratamento podem incluir riscos como o desenvolvimento de tolerância, efeitos colaterais tóxicos, e resultados adversos e são, portanto, reservados para tratamentos de curto prazo (KOPP et al., 1987; SINGER, DIONNE, 1997; BOULOUX, 2011; ENIS et al. ,2016). 4.3.1 Analgésicos não opióides O acetaminofeno é um fraco inibidor da síntese de prostaglandinas. Seu mecanismo de ação parece resultar da diminuição da atividade nociceptiva evocada em neurônios talâmicos devido a estimulação elétrica dos aferentes nociceptivos, e seu efeito analgésico central parece ser independente da atividade de opióides endógenos (BOTTING, 2000; SHARAV, BENOLIEL, 2008). Tem se mostrado eficaz no tratamento da dor e inflamação associadas à doença articular degenerativa (TOWHEED, 2006). Quando comparado aos AINEs, o acetaminofeno é mais seguro e induz efeitos colaterais mínimos favorecendo a sua 21 aplicação clínica (BOTTING, 2000; SHARAV, BENOLIEL, 2008; RIZZATTI-BARBOSA, ANDRADE 2014; ALMEIDA, FONSECA et al., 2016; FUCHS, WANNMACHER 2017). Outra medicação analgésica não opióide que pode ser administrada na DTM aguda é a dipirona, cujo mecanismo de ação permanece indeterminado. Porém, propõe-se que o bloqueio de canais de cálcio, a estimulação de receptores canabinóides e a ativação das vias serotoninérgica e noradrenérgica descendentes possam ser responsáveis por sua ação analgésica (RIZZATTI-BARBOSA, ANDRADE 2014; ALMEIDA, FONSECA et al., 2016; FUCHS, WANNMACHER, 2017). 4.3.2 Analgésicos Opióides Os analgésicos opióides são usados principalmente no tratamento da dor aguda, sendo eficazes no alívio da dor intensa (HAAS, 2002). Na DTM, com uso criterioso podem ocasionalmente ser indicados para dor crônica moderada a intensa, quando outros medicamentos são ineficazes (HAAS, 1995). Para administração oral, os opióides mais utilizados na odontologia são a codeína e a oxicodona (OUANOUNOU et al., 2017). Tem sido sugerido que um subtipo periférico do receptor μ-opióide existe nos tecidos da ATM, o que pode explicar a possível analgesia obtida com tratamento à base de opióides (HAYASHI et al., 2002; HERSH et al., 2008). No entanto, outros estudos demonstraram que opioides injetáveis não reduzem a sintomatologia dolorosa que pode acompanhar a DTM (BRYANT, 1999; FURST, 2001). Seguindo pela revisão da literatura, Cigerim e Kaplan (2020) conduziramao longo de quatro semanas um ensaio clínico randomizado, duplo-cego em pacientes com queixa de dor miofascial. Eles dividiram 169 participantes em 4 grupos, os quais receberam tratamentos com naproxeno (550mg); naproxeno (550mg) associado a codeína (30mg); naproxeno (550mg) com dose única de dexametasona (8mg) e outro grupo recebeu paracetamol (500mg). A associação de naproxeno e codeína foi a mais eficaz tanto em 2 semanas de acompanhamento quanto ao final da pesquisa (4 semanas). Assim os autores recomendaram que a associação de naproxeno sódico com codeína pode ser preferido para o tratamento de casos semelhantes com dor miofascial intensa. List et al. (2001) realizaram um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, paralelo para determinar a eficácia de uma única dose de morfina injetada intra-articular em 53 pacientes com DTM do tipo artralgia ou osteoartrite. A mensuração de dor foi realizada através da Escala Visual Analógica (EVA). No período que variou entre 1 e 10 horas após a injeção, a dor havia diminuído, porém, sem diferença significativa entre os grupos. Após uma 22 semana, a média obtida na avaliação da dor durante abertura bucal máxima foi reduzida significativamente no grupo que recebeu 0,1mg de morfina quando comparado ao grupo que recebeu 1mg morfina ou placebo. Embora estaticamente significativa, a magnitude da redução da intensidade da dor avaliada pela EVA não foi relevante clinicamente após uma semana, portanto o grupo considerou a propriedade analgésica do opióide aplicado localmente inconclusiva. A incidência de efeitos adversos foi reduzida não sendo observadas diferenças entre os grupos tratados. 4.3.3 Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) Os AINES são um grupo de medicamentos com a função de inibir as ciclo- oxigenases, enzimas localizadas no retículo endoplasmático, e com isso inibir a formação das prostaglandinas, se constituindo em um dos medicamentos mais prescritos para o tratamento de dor orofacial (OUANOUNOU et al., 2017). O efeito analgésico é obtido devido à redução da síntese de mediadores inflamatórios do tipo prostaglandinas (LYNCH, WATSON, 2013). Possuem alguns efeitos adversos, o principal deles é a sobrecarga no trato gastrointestinal, mas também podem ocorrer efeitos colaterais renais e cardiovasculares (SCRIVANI et al., 2018). Complicações no trato gastrointestinal podem ocorrer em até 50% dos pacientes que são submetidos a tratamento com AINES principalmente por tempo prolongado (WATANABE et al., 2020). Ta e Dionne (2004) realizaram um ensaio clínico randomizado, duplo-cego com o objetivo de comparar a eficácia do Celecoxibe (100mg, duas vezes por dia), Naproxeno (500mg, duas vezes por dia) e placebo no tratamento de DTM durante seis semanas. O estudo mostrou que comparado com o placebo, o Naproxeno reduziu significativamente os sintomas dolorosos da DTM. Celecoxibe mostrou uma melhora na redução da dor comparado ao placebo, mas não teve diferença significativa. Os autores concluíram que a inibição das enzimas COX-1 e COX-2 com naproxeno demonstrou ser eficaz para o tratamento de DTMs dolorosas, como visto pela melhora significativa nos sinais e sintomas clínicos. Outro ensaio clínico randomizado, duplo-cego realizado por Singer e Dionne (1997), avaliou o controle da dor miofascial crônica em 39 pacientes durante quatro semanas, através da comparação dos resultados obtidos após tratamento com placebo, ibuprofeno (600mg, 4 vezes/dia), diazepam (2,5mg, 4 vezes/dia) e uma associação dos dois. Observaram que o pacientes submetidos ao tratamento com ibuprofeno apresentaram melhora na sintomatologia dolorosa da DTM muscular, mas que não foi estatisticamente diferente daquela obtida com a administração de placebo; já o Diazepam reduziu significativamente a dor. A associação entre 23 os dois medicamentos foi a que teve a maior redução da dor quando comparado ao placebo. A falta de efeito após a administração de um analgésico anti-inflamatório sugere que a inflamação não é a base da dor muscular crônica na região orofacial e que o efeito analgésico de tais medicamentos não é suficiente para o alívio da dor nessa condição. Mejersjö e Wenneberg (2008) conduziram um ensaio clínico randomizado, mono- cego, comparando a eficácia de diclofenaco sódico (50 mg 3 vezes/dia) com a terapia de placa oclusal total rígida em pacientes diagnosticados com osteoartrite na ATM de acordo com o (RDC/TMD). Após uma semana de tratamento com diclofenaco, houve redução significativa na dor inclusive durante os movimentos mandibulares. A terapia com a placa oclusal mostrou resultados significativos somente após um mês de tratamento. O resultado dos tratamentos foi estatisticamente semelhante entre os grupos, ambas terapias induziram poucas reações adversas, seis no grupo da placa, como dificuldade para dormir e hiper ou hipossalivação e cinco no grupo do diclofenaco, como sonolência e gastrite. Os tratamentos permaneceram igualados na eficácia, com vantagem para o tratamento com diclofenaco por ter induzido resultados clínicos mais rápidos. 4.3.4 Anti-inflamatórios esteroidais (corticosteróides) São fármacos com a finalidade de replicar a ação do cortisol, um hormônio produzido pelas glândulas adrenais, e é amplamente utilizado para o tratamento de DTM articular. Esses potentes anti-inflamatórios têm sido usados para tratar DTM moderada a grave. Eles têm várias ações, incluindo bloqueio da fosfolipase A2, diminuindo assim a produção de prostaglandinas e leucotrienos (HERSH et al., 2008). Quanto as vias de administração, os corticosteróides podem ser injetados na articulação, aplicados topicamente, administrados por via oral ou ainda intramuscular. A literatura mostra que quando injetados podem reduzir significativamente a dor por um período considerável, porém também podem produzir uma vasta gama de efeitos adversos, como calcificações intra-articulares e periarticulares, artropatia de Charcot, síndrome de Nicolau, e luxação (HABIB et al., 2010). Isacsson et al. (2019) realizaram um estudo duplo cego randomizado para avaliar a eficácia de injeções de metilprednisolona intra-articular na redução da dor da DTM utilizando a EVA em máxima abertura de boca. Foram selecionados 54 pacientes que tivessem artralgia unilateral na ATM, metade recebeu dose única de injeção de metilprednisolona e a outra metade recebeu uma injeção de solução salina. Os grupos foram acompanhados ao longo de 4 semanas. Ao final das do período de avaliação, ambos os grupos tiveram redução na 24 sintomatologia dolorosa, mas sem diferença significativa entre eles. Os autores concluíram que a administração intra-articular em dose única de metilprednisolona não forneceu benefício adicional para reduzir a dor em pacientes com artralgia da ATM. 4.3.5 Antidepressivos A observação que antidepressivos são úteis mesmo quando não há presença de depressão e que a atividade analgésica obtida independente de efeitos antidepressivos está bem documentada na literatura (DIONNE, 1997), sendo os antidepressivos tricíclicos os mais utilizados (GREGG, RUGH, 1988) pois possuem ação analgésica demonstrada. Estudos demonstraram que sua utilização é realizada em vários tipos de dor facial incluindo dor facial atípica, DTM e dores de origem neurogênica (OUANOUNOU et al., 2017). Eles agem no sistema nervoso central, inibindo a recaptação de neurotransmissores, como noradrenalina e serotonina durante a sinapse (CASCOS-ROMERO et al., 2009). Estudos mostraram que os inibidores seletivos da recaptação da serotonina, as drogas de primeira linha no tratamento da depressão, ainda que muito utilizados para o tratamento das DTMs, podem apresentar como efeito colateral em alguns pacientes o aumento da contração muscular podendo ocasionar bruxismo (RAJAN; SUN, 2017). Embora os antidepressivos se mostrem efetivos, é preciso ter cautelaao prescrevê-los. Usualmente, essas medicações são utilizadas em pacientes com dor crônica proveniente da DTM, onde já pode ser identificado o processo de sensibilização central (HAVIV et al., 2015). Rizzatti-Barbosa et al. (2003) conduziram um ensaio clínico randomizado, duplo- cego, em 12 mulheres, para verificar a eficácia da amitriptilina no controle da dor associada a DTM crônica. Foram divididas em dois grupos, onde um deles foi tratado com placebo e o outro com amitriptilina (25mg/dia), durante 14 dias. A intensidade da dor e desconforto foram avaliados diariamente utilizando a EVA. Os resultados mostraram, nas semanas seguintes, uma diminuição significativa da dor e desconforto durante o tratamento, no grupo que utilizou amitriptilina, já no grupo que utilizou placebo, não foi observada melhora. Concluiu-se que a dose diária de 25mg de Amitriptilina foi eficaz ao reduzir a dor e o desconforto causados pela DTM sem causar efeitos adversos. Calderon et al. (2011) realizaram um estudo mono-cego também com Amitriptilina 25mg por dia, porém avaliando a combinação do antidepressivo com a terapia cognitivo comportamental (TCC) no tratamento de pacientes com DTM que apresentavam dor crônica. Quarenta e sete mulheres foram divididas em quatro grupos, de acordo com o tipo de terapia. Um grupo utilizou apenas amitriptilina, no outro foi associado o uso dessa medicação com 25 TCC, no terceiro grupo foi associado TCC e placebo, e no quarto grupo foi realizado somente TCC. Os participantes foram avaliados por 11 semanas, onde para a avaliação da presença e severidade da dor foi utilizada a escala EVA, e os traços de depressão foram avaliados por meio do Inventário de Depressão de Beck (BDI). A qualidade de vida foi avaliada por meio de um questionário sobre o impacto da saúde bucal (OHIP - oral health impact profile) e a qualidade do sono por meio do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI). Foram observadas melhoras em todos os desfechos avaliados para todos os grupos, porém não foram observadas diferenças significativas entre os grupos ao final do acompanhamento. Os resultados encontrados demonstraram que o uso associado de amitriptilina e TCC no tratamento da DTM crônica pode ser efetivo na melhora da dor, da depressão, na qualidade de vida e do sono, mas os resultados não são significativamente melhores do que placebo. Um estudo aberto conduzido por Haviv et al. (2015) procurou avaliar a eficácia de antidepressivos tricíclicos (ADTs) e gabapentina em pacientes com dor miofascial persistente, utilizando um protocolo farmacológico que consistia em administrar 10 mg diárias de amitriptilina em um primeiro momento para os pacientes. Se em algum momento durante o tratamento houvesse efeitos colaterais, então ocorreria a troca da amitriptilina por nortriptilina, um outro antidepressivo tricíclico, na dose de 12,5 mg diárias. Para os pacientes que desenvolveram tolerância após 4 semanas de tratamento, a medicação antidepressiva foi trocada por gabapentina, um anticonvulsivante comumente utilizado no tratamento de dor neuropática na região orofacial. Foram acompanhados 42 pacientes, durante 20 semanas, comparando a dor alegada pelos pacientes antes e após o tratamento utilizando a EVA. Ao final do estudo havia 13 pacientes no grupo da amitriptilina, 10 no da nortriptilina e 19 que foram tratados com gabapentina. A dor referida em todos os pacientes teve redução significativa ao final do tratamento, porém sem diferença significativa entre o grupo dos ADTs e o grupo da gabapentina. Os autores consideraram uma boa resposta farmacoterapêutica da dor miofascial persistente. Porém, não sendo um ensaio clínico randomizado, os resultados podem ser tendenciosos devendo-se ter cautela na interpretação. Os pacientes que não responderam aos ADTs podem ser um subgrupo distinto e isso precisa de mais investigação. Os resultados também sugerem que a gabapentina é uma boa alternativa terapêutica. 4.3.6 Anticonvulsivantes Os anticonvulsivantes (ATC) são medicamentos amplamente utilizados no tratamento da dor crônica orofacial e neuropática de diversas causas. Frequentemente, os 26 anticonvulsivantes são utilizados em associação com analgésicos, anti-inflamatórios e também com terapias alternativas não farmacológicas. O ATC atua potencializando a ação inibitória do ácido gama-aminobutírico (GABA) que facilmente atravessa a barreira hematoencefálica e outras membranas celulares (DOURADO et al., 2016). Os ATC comumente usados no tratamento das dores crônicas são fenitoína, carbamazepina, gabapentina, topiramato e benzodiazepinas como diazepam e clonazepam, que além da atividade ansiolítica, também podem exercer função anticonvulsivante (DOURADO et al., 2016). É importante ressaltar, que no tratamento da dor crônica, o mecanismo de ação dos ATC pode sofrer pequenas variações de acordo com o medicamento selecionado e administrado. Os benzodiazepínicos, por exemplo, são ansiolíticos que possuem atividade anticonculsivante por aumento da ação inibitória do GABA; fenitoína e carbamazepina por inibirem a função dos canais de sódio, enquanto a gabapentina inibe a função dos canais de cálcio (MELO, 2011). A gabapentina tem sido amplamente utilizada devido a sua eficácia em vários ensaios controlados por placebo de várias doenças crônicas dolorosas (GEE et al., 1996; ARNOLD et al., 2007; HERSH et al., 2008). Kimos et al. (2007) demonstraram que a gabapentina reduz significativamente a sintomatologia dolorosa da DTM, assim como, a dor nos músculos da mastigação, mais especificamente os músculos temporal e masseter, quando comparado com placebo (BERRY, PETERSEN, 2005). Como abordado no estudo de Haviv et al. (2015) a gabapentina foi um dos anticonvulsivantes que induziu redução significativa na dor dos pacientes com DTM. Geralmente, é bem tolerada e associada a efeitos adversos transitórios leves a moderados, que são dependentes da dose, sendo tontura e sonolência os mais frequentes (HERSH et al., 2008). 4.3.7 Benzodiazepínicos Os BZDs são ansiolíticos que se ligam e potencializam a ação gabaérgica no complexo receptor GABA (ácido gama-amino butírico)/canais de cloreto (Cl-), favorecendo a hiperpolarização celular através do aumento de influxo de ânion para dentro das células e, resultando na diminuição da propagação de impulsos excitatórios (OUANOUNOU et al., 2017). Usualmente, são prescritos no tratamento de quadros agudos de ansiedade, transtorno de humor, insônia, crises convulsivas, distúrbios de sono, espasmos musculares e outras condições relacionadas ao sistema nervoso central (SNC). Assim como qualquer outra droga, 27 que tem como local de ação o SNC, ela pode vir acompanhada de uma série de efeitos adversos, dentre os quais podem ser citados a tolerância e a dependência, o que pode contraindicar sua administração prolongada em condições crônicas como na DTM (OUANOUNOU et al., 2017). Vários estudos têm demonstrado a superioridade dessas drogas ao placebo em estudos duplo-cegos para o tratamento de DTM. Por exemplo, Singer e Dionne (1997) relataram que pacientes em uso de diazepam apresentaram uma redução significativa em sua dor crônica mandibular em comparação com o grupo placebo. Além disso, Harkins et al. (1991) mostraram que a administração de clonazepam durante 1 mês reduziu a dor associada à DTM. No entanto, em outro estudo, onde o triazolam foi comparado com placebo, nenhuma redução da dor foi observada, mas o sono melhorou significativamente (GUAIANA, BARBUI, 2016). Um ensaio duplo cego randomizado realizado por Pramod et al. (2011) comparou a eficácia analgésica do diazepam com placebo em 35 pacientes diagnosticados com DTM dolorosa utilizando o DC/TMD. Dividiram os pacientes em dois grupos e os acompanharam por um total de 8 semanas sendo 3 semanas com tratamento e por mais 5 semanas póstratamento. Os resultados mostraram que o diazepam e o placebo foram eficazes na redução da dor e mantiveram a resposta obtida ao longo das 8 semanas, sem diferença significativa entre os dois grupos. A rigidez dos músculos mastigatórios também foi reduzida em ambos os grupos, porém, sem diferença estatisticamente significante entre eles. Quanto a abertura de boca, após três semanas ambos os grupos tiveram uma maior abertura de boca, o grupo placebo teve uma abertura maior ao final do acompanhamento (oito semanas) quando comparado ao fim do tratamento (três semanas), enquanto o grupo que recebeu diazepam se manteve estável durante todo o período de avaliação, porém o aumento da abertura de boca foi significativamente maior no grupo diazepam quando comparado ao placebo, corroborando com os achados de Singer e Dionne (1997) que observaram que o diazepam foi eficaz no tratamento de DTM muscular dolorosa, no entanto, o melhor resultado foi obtido quando o diazepam foi administrado em associação ao ibuprofeno. De acordo com os autores deste ensaio clínico o placebo pode dar resultados semelhantes aos do diazepam e que o placebo também deve ser considerado como uma das importantes estratégias de tratamento. Além disso, observaram redução da sensibilidade dos músculos mastigatórios e melhora significativa da abertura bucal em ambos os grupos. 28 4.3.8 Relaxantes Musculares Os relaxantes musculares (RM) são amplamente utilizados para o tratamento da DTM muscular com o objetivo de aliviar a tensão através da diminuição da atividade muscular. De acordo com Melo (2011), a utilização desses medicamentos induz relaxamento central dos músculos devido à supressão de uma porção dos impulsos nervosos para os músculos estriados. Tucker e Dolwick (1996) relataram que os RM proporcionam melhora significativa da função mandibular e alívio da dor durante a mastigação. Em muitos pacientes com dor aguda ou exacerbação da hiperatividade muscular, os RM devem ser administrados por períodos de 1 a 2 semanas, usando-se a dose mínima eficaz. De acordo com Dennucci et al. (1996), os RM são muitas vezes prescritos a pacientes com DTM para prevenir ou aliviar a hiperatividade muscular muitas vezes presente. No ensaio clínico randomizado duplo cego de Alencar et al. (2014) onde foram comparados ciclobenzaprina e tizanidina, para alívio da dor e melhora da qualidade de sono em pacientes que acordavam com forte dor na mandíbula, os resultados mostraram que nenhum dos dois relaxantes musculares foi significativamente mais eficaz que o placebo em ambos os quesitos avaliados, porém, todos os grupos tiveram uma melhora significativa dos sintomas. Um outro ensaio clínico randomizado, também duplo-cego, conduzido por Turturro et al. (2003) avaliou os efeitos da associação de ciclobenzaprina com ibuprofeno e comparou os efeitos obtidos com aqueles induzidos somente pelo ibuprofeno no tratamento da dor miofascial aguda em 102 indivíduos adultos e não encontrou diferenças significativas entre os tratamentos. O grupo tratado somente com ibuprofeno teve uma pequena melhora na analgesia quando comparado ao grupo tratado com a associação dos medicamentos. Concluiram então que a adição de ciclobenzaprina ao ibuprofeno não melhora a analgesia. 4.3.9 Ácido Hialurônico (HA) Também se observa na literatura o uso de terapia de viscossuplementação utilizando a injeção de ácido hialurônico (GUARDA-NARDINI et al., 2011), um importante componente do líquido sinovial, sendo avaliado no estudo de DTM articular artrálgica e outras doenças articulares degenerativas (GOIATO et al., 2016). O ácido hialurônico (AH) é um polissacarídeo viscoso de alto peso molecular que permite a lubrificação e posterior proteção da cartilagem das articulações sinoviais como as ATMs (GENCER et al., 2014; TRIANTAFFILIDOU et al., 2013), reduz o atrito e ainda diminui potencialmente a 29 inflamação. Além disso, possui atividade nutritiva atuando no metabolismo do disco, cartilagem e zonas avasculares (SHI et al., 2003; JANUZZI et al., 2013). Um estudo feito por Romero-Tapia et al. (2020) teve como objetivo avaliar e comparar os efeitos terapêuticos de injeções de corticoides e ácido hialurônico. Os autores relataram benefícios em ambos os tratamentos realizados em 30 pacientes com DTM. As avaliações foram realizadas na primeira e segunda semanas e após 2 meses de acompanhamento através da redução da dor, melhora na mobilidade da mandíbula e aumento da abertura bucal máxima. Os resultados obtidos não demostraram diferenças estatisticamente significativas entre os tratamentos realizados. Concluiram, que a infiltração intra-articular com ácido hialurônico e costicosteróide na DTM é eficaz para o alívio da dor, na redução dos ruídos articulares e ainda melhora a mobilidade mandibular. Ambas as drogas podem ser usadas com resultados ótimos e semelhantes no tratamento da DTM. Em suma, a viscossuplementação é uma abordagem pouco invasiva, de baixo custo e com bons resultados em curto e médio prazo, entretanto, ainda há controvérsias na literatura sobre os benefícios do uso de injeções intra-articulares de HA no tratamento de DTM, bem como no estabelecimento de um protocolo e técnicas ideais para restaurar função e promover o alívio da dor dos pacientes (MANFREDINI et al., 2012; GUARDA-NARDINI et al., 2012). 30 5 RESULTADOS A tabela abaixo apresenta de forma resumida as evidências que foram encontradas na literatura e que sustentam a utilização da farmacoterapia no tratamento da DTM. Autores e ano Medicamentos testados Conclusão Towheed, 2006 Acetaminofeno Eficaz no tratamento da dor e inflamação associadas à doença articular degenerativa Cigerim e Kaplan 2020 Codeína Naproxeno Naproxeno sódico + codeína pode ser preferido para o tratamento da dor miofascial. List et al. 2001 Morfina intra-articular A propriedade analgésica do opióide aplicado localmente foi inconclusiva. Ta e Dionne 2004 Celecoxibe Naproxeno Naproxeno foi mais eficaz para o tratamento de DTMs dolorosas Singer e Dionne 1997 Naproxeno Diazepam Naproxeno + diazepam foi mais eficaz no tratamento da dor miofascial. Mejersjö e Wenneberg 2008 Placa oclusal total rígida Diclofenaco Os tratamentos permaneceram igualados na eficácia, com vantagem para diclofenaco por ter induzido resultados clínicos mais rápidos na osteoartrite. Isacsson et al. 2019 Metilprednisolona intra- articular Metilprednisolona intra-articular em dose única não reduziu a dor na artralgia da ATM. Rizzatti-Barbosa et al. 2003 Amitriptilina Amitriptilina reduziu a dor e o desconforto causados pela DTM. Calderon et al. 2011 Amitriptilina terapia cognitivo comportamental (TCC) Amitriptilina e TCC foram efetivos no DTM crônica sem diferença entre os tratamentos. Haviv et al. 2015 Amitriptilina, 1 Nortriptilina, Gabapentina A dor referida teve redução significativa mas sem diferença significativa entre o grupo dos ADTs e gabapentina. Gee et al., 1996; Arnold et al., 2007; Hersh et al., 2008; Kimos et al. 2007; Berry, Petersen, 2005 Gabapentina Gabapentina reduz significativamente a dor da DTM e dos músculos da mastigação. Singer e Dionne 1997 Diazepam Reduziu significativamente a dor crônica mandibular. Harkins et al. 1991 Clonazepam Reduziu a dor associada à DTM. Guaiana, Barbui, 2016 Triazolam Não reduziu a dor da DTM. 31 Pramod et al. 2011 Diazepam Não reduziu a dor da DTM. Alencar et al. (2014 Ciclobenzaprina e Tizanidina Não foram eficazes em reduzir os sintomas da DTM. Turturro et al. 2003 Ciclobenzaprina +Ibuprofeno A associação não melhora a analgesia. Romero-Tapia et al. 2020 Corticoides + Ácido hialurônico A infiltração intra-articular é eficaz para no alívio dador da DTM. 32 6 DISCUSSÃO A disfunção temporomandibular (DTM) está presente em boa parte da população e é uma das causas mais recorrentes da dor orofacial, principalmente por envolver os músculos da mastigação e a articulação temporomandibular (ATM). Devido a sua etiologia multifatorial, recomenda-se que seja elaborado um plano de tratamento com múltiplas abordagens, dentre as quais podemos citar métodos não farmacológicos como fisioterapia, placa interoclusal rígida, laserterapia, ozonioterapia, agulhamento, massoterapia, acupuntura e a abordagem farmacológica através da administração de analgésicos, anti-inflamatórios, ansiolíticos, antidepressivos, relaxantes musculares, benzodiazepínicos e ácido hialurônico. De acordo com a literatura pesquisada, o primeiro objetivo deve ser controlar a dor e diminuir o sofrimento do indivíduo acometido, porém sem que o cirurgião dentista tenha a obrigação de cessá-la totalmente. Considerando a importância da farmacoterapia no tratamento da DTM e com o objetivo de verificar quais drogas mostraram algum grau de eficácia seja na redução da dor e/ou na melhora da função em pacientes com DTM, Gordon e Dionne, (2011) demonstraram que muitas medicações utilizadas apresentam algum grau de eficácia, mas que muitas pesquisas a respeito ainda são necessárias. Os anti-inflamatórios não esteroidais, têm sido tradicionalmente os mais comumente prescritos para tratamento da DTM. Na presente pesquisa, mostraram-se eficazes quando administrados isoladamente ou ainda associados a outros medicamentos como pode ser visto nos resultados apresentados. Em relação aos anti-inflamatórios esteroidais, poucos são os trabalhos relatando o uso nas DTMs. Quando prescritos, são para administração intra-articular o que pode provocar efeitos adversos locais além de aumentar a dor. Medicamentos como os analgésicos sejam eles não opióides ou opióides também são muito prescritos, mas existem poucos estudos publicados sobre seu uso para a dor da DTM e os poucos que existem são insuficientes para gerar uma evidência científica que possa justificar tantas prescrições. Na presente pesquisa foram encontradas evidências cientificas que comprovam a eficácia dos antidepressivos tricíclicos e dos anticonvulsivantes no tratamento da DTM, principalmente crônica, o que não se constituiu em nenhuma surpresa pois as medicações citadas são frequentemente administradas, dando aos usuários excelente resposta clínica. Segundo Gordon e Dionne, (2011) os relaxantes musculares e os benzodiazepínicos têm sido favoráveis para a redução da dor da DTM, quando comparados ao placebo, embora os benzodiazepinicos não tenham se mostrado eficazes quando administrados isoladamente. Na pesquisa apresentada os resultados se mostraram contraditórios, sendo assim, estão 33 parcialmente de acordo com os autores citados, o que desfavorece considerar como evidência científica o seu uso em indivíduos diagnosticados com DTM. Outra opção de tratamento da DTM é viscossuplementação com ácido hialurônico que pode ser considerada como uma medida terapêutica eficiente no restabelecimento funcional das ATM tanto a curto quanto médio prazo, entretanto, ainda há controvérsias na literatura sobre os benefícios no tratamento de DTM, fato que se associa a falta de um protocolo e de técnicas ideais para restaurar função e promover o alívio da dor causado pela DTM (MANFREDINI et al., 2012; GUARDA-NARDINI et al., 2012). Os mecanismos pelos quais os medicamentos administrados para tratamento da DTM agem, podem produzir efeitos indesejados nos indivíduos usuários, o que leva o cirurgião dentista a deixar de prescrever alguns deles ou prescrever por períodos de tempo considerados de curta duração. Como atualmente não existe um critério padrão no tratamento farmacológico da dor orofacial seja ela aguda ou crônica, os efeitos positivos dos medicamentos devem ser ponderados contra possíveis efeitos adversos e até contra o risco de dependência (BANNURU et al, 2015; FINNERUP et al, 2015; GEWANDTER et al, 2016), a revisão em tela revelou que a base de evidências para vários medicamentos comumente usados na dor orofacial é limitada, fraca e com resultados muitas vezes divergentes. 34 7 CONCLUSÃO O papel da farmacologia nas DTMs é na maioria das vezes coadjuvante. Antes de selecionar o fármaco para o tratamento é fundamental avaliar as características da dor, como origem, tempo de duração, e intensidade. A falta de bons ensaios clínicos randomizados, faz com que os cirurgiões dentistas tenham dificuldades para usar a melhor evidência disponível, sendo assim, são necessários estudos de alta qualidade para melhor definir o risco-benefício da farmacoterapia para pacientes com DTM. 35 REFERÊNCIAS ALENCAR, F. et al. Patient Education and Self-Care for the Management of Jaw Pain upon Awakening: A Randomized Controlled Clinical Trial Comparing the Effectiveness of Adding Pharmacologic Treatment with Cyclobenzaprine or Tizanidine. Journal of Oral & Facial Pain and Headache, v. 28, n. 2, p. 119–127, 2014. ALMEIDA, A. M.; FONSECA, J.; FÉLIX, S. Dor Orofacial e Disfunções Temporomandibulares: Tratamento Farmacológico. 1 a Edição ed. Queluz: Sociedade Portuguesa De Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, 2016. ARNOLD, L. M. et al. Gabapentin in the treatment of fibromyalgia: a randomized, double- blind, placebo-controlled, multicenter trial. 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