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TCC_Geovana

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA 
 
 
 
 
 
Geovana Rosa 
 
 
 
 
 
 
 
Avaliação imuno-histoquímica de p53, Ki-67 e CD105 em Adenoma pleomórfico e 
Carcinoma ex-adenoma pleomórfico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Florianópolis 
2020 
 
 
Geovana Rosa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Avaliação imuno-histoquímica de p53, Ki-67 e CD105 em Adenoma pleomórfico e 
Carcinoma ex-adenoma pleomórfico 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em 
Odontologia do Centro de Ciências da Saúde da 
Universidade Federal de Santa Catarina como requisito 
para a obtenção do título de Cirurgiã Dentista 
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Elena Riet Correa Rivero 
Coorientadora: Prof.ª Dr.ª Angélica Reinheimer 
 
 
 
 
 
Florianópolis 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha de identificação da obra 
 
 
 
 
 
 
Geovana Rosa 
 
 
 Avaliação imuno-histoquímica de p53, Ki-67 e CD105 em Adenoma pleomórfico e 
Carcinoma ex-adenoma pleomórfico 
 
 
 
Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de 
“Cirurgiã-dentista” e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Odontologia. 
 
Florianópolis, 24 de julho de 2020. 
 
 
 
________________________ 
Prof.ª Gláucia Santos Zimmermann, Dra. 
Coordenadora do Curso 
 
Banca Examinadora: 
 
 
 
________________________ 
Prof.ª Elena Riet Correa Rivero, Dra. 
Orientadora 
Universidade Federal de Santa Catarina 
 
 
 
________________________ 
Prof. Rogério de Oliveira Gondak, Dr. 
Avaliador 
Universidade Federal de Santa Catarina 
 
 
 
________________________ 
Prof.ª Ana Guadalupe Gama Cuellar, Me. 
Avaliadora 
Universidade Federal de Santa Catarina 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este trabalho é dedicado aos meus pais, com todo o meu amor. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus, por me dar o dom da vida e saúde para 
que eu batalhasse durante esses cinco anos de graduação e corresse atrás dos meus sonhos. Sou 
grata por sua generosidade em colocar pessoas maravilhosas no meu caminho, que de uma 
maneira ou outra tornaram essa caminhada mais leve. 
Aos meus pais, Dalva e Valmiré. Vocês não mediram esforços para que eu chegasse 
até aqui e são meu exemplo de amor e dedicação. Obrigada por tudo que fazem por mim. Essa 
conquista também é de vocês. 
Aos meus irmãos, Géssica e Gerson. Obrigada por acreditarem em mim e me 
apoiarem sempre. Amo muito vocês! 
Ao meu noivo, Murilo, agradeço por todo o companheirismo e por entender a minha 
ausência em alguns momentos. Você sempre me incentivou e consolou nas horas em que achei 
que não conseguiria. Obrigada por dividir a vida comigo. Amo você! 
A minha orientadora, Elena Rivero, por aceitar o convite de me orientar e por todos 
os ensinamentos transmitidos. Desde o primeiro dia de aula que tive com você passei a admirar 
toda a sua dedicação e carinho com a profissão, o qual despertou o meu interesse em trabalhar 
com você. Muito obrigada! 
A minha coorientadora, Angélica Reinheimer, por toda a paciência e incentivo e por 
compartilhar comigo todo o seu conhecimento. Você sempre me ajudou em todos os momentos 
que precisei e foi essencial para a realização deste trabalho. Quero que saibas que te admiro 
muito, és um exemplo de professora. Sou profundamente grata por ter tido a oportunidade de 
trabalhar com você. 
A todos os meus colegas e amigos da turma 15.2, em especial à Gabriella, Gabriele, 
Pedro, Rangel, Mariana e Guilherme. Sentirei muito a falta de vocês. Tenho certeza que 
serão ótimos profissionais. 
Ao Laboratório de Patologia bucal, por ter me acolhido nos últimos anos da 
graduação. Aprendi muito com os professores e alunos da pós-graduação. Em especial, a técnica 
Gilmara. Lembrarei de você com muito carinho. Obrigada por me ensinar e por ouvir meus 
desabafos e anseios. 
A Universidade Federal de Santa Catarina, instituição que me formará cirurgiã-
dentista, que me ensinou além de conhecimentos técnicos, o poder da empatia. 
Por fim, a todos os servidores, demais professores e pacientes, que de alguma forma 
contribuíram para a minha formação. 
 
 
RESUMO 
 
As neoplasias de glândulas salivares (NGS) são lesões de difícil diagnóstico e de etiopatogênese 
incompletamente elucidada. Para auxiliar no entendimento dos processos envolvidos na 
progressão dessas neoplasias, aspectos moleculares precisam ser desvendados. Durante a 
progressão das neoplasias, alguns eventos são essenciais, como a proliferação celular e a 
angiogênese, e esses fatores podem ser avaliados através da análise da expressão das proteínas 
Ki-67 e CD105. Em conjunto com esses marcadores, a proteína supressora tumoral, p53, que 
se encontra superexpressa na maioria dos cânceres humanos pode ser um indicativo de 
agressividade tumoral. Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar de forma quantitativa, a 
expressão imuno-histoquímica das proteínas p53, Ki-67 e CD105 em Adenoma pleomórfico 
(AP), Adenoma pleomórfico recidivado (APR) e Carcinoma ex-adenoma pleomórfico (CEAP). 
Para isso, foram utilizados 10 casos de AP, 05 de APR e 07 de CEAP. Como controle de tecido 
não neoplásico foram incluídas 06 amostras de glândula salivar normal (GN). Os resultados 
demonstraram que a expressão dos marcadores foi maior nos casos de CEAP quando 
comparado com as outras neoplasias e GN (p<0,05). A proteína p53 mostrou diferença 
significativa entre os grupos AP e CEAP (p=0,04) e CEAP e GN (p=0,01). A mesma tendência 
foi observada para Ki-67 e CD105 entre esses mesmos grupos (p<0,05). Concluiu-se que a 
análise da expressão dos marcadores p53, Ki-67 e CD105 pode ser útil para o entendimento do 
processo de progressão tumoral nas neoplasias avaliadas, uma vez que mostraram resultados 
discrepantes entre neoplasias benignas e malignas de glândulas salivares, o que pode sugerir 
que sejam utilizados como recursos auxiliares no diagnóstico dessas neoplasias. 
 
Palavras-chave: Neoplasias de glândulas salivares. Imuno-histoquímica. Proteína supressora 
de tumor p53. Antígeno CD105. Antígeno Ki-67. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Salivary gland neoplasms (NGS) are lesions that are difficult to diagnose and their 
etiopathogenesis has not been fully elucidated. In order to improve the understanding of 
carcinogenesis process involved in the progression of these neoplasms, molecular aspects need 
to be evaluated. During the progression of neoplasms, some events are essential, such as cell 
proliferation and angiogenesis, and these factors can be evaluated by analyzing the expression 
of the Ki-67 and CD105 proteins. In conjunction with these markers, the tumor suppressor 
protein, p53, which is overexpressed in most human cancers, can be indicative of tumor 
aggressiveness. Therefore, the aim of this study was to evaluate the immunohistochemical 
expression of p53, Ki-67 and CD105 proteins in pleomorphic adenoma (AP), recurrent 
pleomorphic adenoma (APR) and carcinoma ex-pleomorphic adenoma (CEAP). The sample 
was composed by 10 cases of AP, 05 of APR and 07 of CEAP. As a control of non-neoplastic 
tissue, 06 samples of normal salivary gland (NG) were included. The results showed that the 
expression of the markers was higher in the cases of CEAP when compared with the other 
neoplasms and GN (p<0.05). The p53 protein showed a significant difference between the AP 
and CEAP groups (p=0.04) and CEAP and GN (p=0.01). The same trend was observed for Ki-
67 and CD105 between these same groups (p<0.05). It was concluded that the analysis of the 
expression of p53, Ki-67 and CD105 markers can be useful for understanding the process of 
tumor progression in the neoplasms evaluated, since they showeddiscrepant results between 
benign and malignant neoplasms of salivary glands, suggesting that they could be used as 
auxiliary resources in the diagnosis of these neoplasms. 
 
Keywords: Salivary gland neoplasms. Immunohistochemistry. P53 tumor suppressor protein. 
CD105 antigen. Ki-67 Antigen. 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 – Expressão imuno-histoquímica de p53 nos grupos GN, AP, APR e CEAP...............40 
Figura 2 – Expressão imuno-histoquímica de Ki-67 nos grupos GN, AP, APR e CEAP............41 
Figura 3 – Expressão imuno-histoquímica de CD105 nos grupos GN, AP, APR e CEAP.........42 
Figura 4 – Comparação entre a expressão dos anticorpos p53, Ki-67 e CD105 nos grupos 
avaliados....................................................................................................................................43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 – Classificação das neoplasias benignas e malignas conforme a OMS.......................19 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Descrição dos anticorpos utilizados........................................................................ 37 
Tabela 2 – Dados clínicos das neoplasias estudadas.................................................................39 
Tabela 3 – Porcentagem média de células marcadas para p53 e Ki-67 e média dos vasos 
positivos para CD105 nos grupos avaliados (GN, AP, APR, CEAP).........................................43 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ALK Quinase do tipo receptor de ativina 
AP Adenoma pleomórfico 
APR Adenoma pleomórfico recidivado 
ATPS Do inglês: “aminopropyltriethoxysilane” - aminossilano 
CAI Carcinoma amplamente invasivo 
CD105 Proteína transmembranar expressa em células endoteliais 
CEAP Carcinoma ex-adenoma pleomórfico 
CI Carcinoma intracapsular 
CMI Carcinoma minimamente invasivo 
DAB Diaminobenzidina 
DNA Ácido desoxirribonucleico 
GN Glândula salivar normal 
GP Glândula parótida 
HE Hematoxilina e eosina 
HU Hospital Universitário 
Ki-67 Proteína associada a proliferação celular 
LPB Laboratório de Patologia Bucal 
MDM2 Do inglês: “Murine Doble Minute 2” 
NGS Neoplasia de glândulas salivares 
OMS Organização Mundial da Saúde 
PBS Do inglês: “Phosphate buffer saline” - Tampão fosfato-salino 
p53 Proteína supressora de tumor 
SAP Serviço de Anatomia Patológica 
TGFβ Fator de crescimento transformador beta 
Tp53 Gene responsável pela composição da proteína p53 
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina 
VEGF Fator de crescimento endotelial vascular 
 
 
 
 
LISTA DE SÍMBOLOS 
 
< Menor 
= Igual 
± Desvio-padrão 
% Porcento 
® Marca registrada 
ºC Grau Celsius 
 β Beta 
H2O2 Peróxido de hidrogênio 
mm Milímetro 
µm Micrômetro 
mL Mililitro 
M Molar 
mM Milimolar 
pH Potencial hidrogeniônico 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15 
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 17 
2.1 ADENOMA PLEOMÓRFICO .............................................................................. 20 
2.2 CARCINOMA EX-ADENOMA PLEOMÓRFICO.............................................. 24 
2.3 MARCADORES BIOLÓGICOS NAS NEOPLASIAS DE GLÂNDULAS 
SALIVARES ............................................................................................................................ 28 
2.3.1 Proteína p53 ......................................................................................................... 28 
2.3.2 Proteína Ki-67 ...................................................................................................... 30 
2.3.3 Proteína CD105 .................................................................................................... 31 
3 OBJETIVOS ........................................................................................................ 34 
3.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 34 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................ 34 
4 METODOLOGIA ................................................................................................ 35 
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO ........................................................................ 35 
4.2 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS .......................................................................... 35 
4.3 SELEÇÃO DAS AMOSTRAS ............................................................................. 35 
4.4 LEVANTAMENTO DOS DADOS CLÍNICOS ................................................... 36 
4.5 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS............................................................. 36 
4.6 AVALIAÇÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA .......................................................... 37 
4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................... 38 
5 RESULTADOS .................................................................................................... 39 
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA................................................................ 39 
5.2 ANÁLISE QUANTITATIVA DA IMUNOEXPRESSÃO DOS ANTICORPOS 
UTILIZADOS .......................................................................................................................... 40 
5.2.1 P53 ......................................................................................................................... 40 
5.2.2 Ki-67 ...................................................................................................................... 40 
5.2.3 CD105.................................................................................................................... 41 
 
 
5.2.4 Correlação de Spearman ..................................................................................... 44 
6 DISCUSSÃO ........................................................................................................ 45 
7 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 51 
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 52 
APÊNDICE A – Dados clínicos complementares ............................................. 62 
ANEXO A – Ata de apresentação do Trabalho de Conclusão do Curso ........ 63 
ANEXO B – Parecer do Comitê de Ética .......................................................... 64 
15 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
As neoplasias de glândulas salivares (NGS) são raras e representam menos de 1% de 
todos os tumores e cerca de 3% a 5% de todas as neoplasias de cabeça e pescoço com uma 
incidência de 1,2 e 1,3 casos para cada 100.000 habitantes (SAGHRAVANIAN; GHAZI; 
SABA, 2013; SPEIGHT; BARRETT, 2020). Diante de todos os tecidos do corpo humano, 
possivelmente as glândulas salivares originam um grupo histológico mais heterogêneo de 
neoplasias com diversas características morfológicas (BUSSARI et al., 2018). 
O Adenoma pleomórfico (AP) é considerado a neoplasia benigna mais comum das 
glândulas salivares. Possui uma predileção pelo sexo feminino, é mais frequente entre a quarta 
e sexta década de vida e afeta principalmente a glândula parótida (GP) (OMISAKIN; AJIKE; 
AYUBA, 2017; PASSI et al., 2017). Apresenta uma alta diversidade histopatológica, com 
variabilidade estrutural e arquitetônica (QUEIROZ et al., 2014). 
Alguns casos de AP tendem a recidivar, sendo considerados mais agressivos 
(TAKEDA, 1999). O aparecimento de recidivas pode estar associado a ressecção incompleta 
do AP, rompimento da pseudo-cápsula e presença de lesões satélites (ORITA et al., 2010; 
PASSI et al., 2017; STENNERT et al., 2004). Outros estudos também correlacionaram a idade 
do paciente, margem de ressecção,agressividade dos tumores e tipo de estroma mixoide em AP 
(MOUZALI et al., 2019; SUH et al., 2009). 
Embora o Adenoma pleomórfico recidivado (APR) seja considerado uma neoplasia 
benigna, devido a sua agressividade está mais sujeito a transformação maligna e, portanto, se 
faz necessário um acompanhamento do paciente a longo prazo (LEVERSTEIN et al., 1997; 
PASSI et al., 2017). Quando ocorre transformação maligna, a neoplasia passa a ser chamada de 
Carcinoma ex-adenoma pleomórfico (CEAP). É definido como uma neoplasia epitelial 
/mioepitelial que se desenvolve a partir de um AP (EL-NAGGAR et al., 2017). Outros dois 
tumores mistos podem surgir a partir do AP: carcinossarcoma e AP metastático (LEWIS; 
OLSEN; SEBO, 2001). 
Histologicamente, o CEAP deve apresentar um componente benigno e um componente 
maligno, ou seja, áreas de AP associado a um carcinoma/adenocarcinoma ou somente o 
carcinoma, porém com histórico de um AP prévio no local (LEWIS; OLSEN; SEBO, 2001; 
ZBÄREN et al., 2008). Com base na invasão da cápsula do AP, o carcinoma pode ser 
classificado como intracapsular (CI), minimamente invasivo (CMI) (<1,5mm) e amplamente 
16 
 
invasivo (CAI) (>1,5mm), sendo este último associado a um prognóstico ruim (YE et al., 2016). 
Metástases podem ocorrer e afetam os linfonodos, ossos e pulmões (MAG et al., 2010). 
A patogênese do CEAP é controversa, pois os tumores podem ser malignos desde o 
princípio ou apenas ocorrer uma transformação carcinomatosa na neoplasia benigna 
(MARTÍNEZ-RODAS et al., 2016). Pesquisas recentes sugerem que a progressão do carcinoma 
ocorre por diferentes mutações gênicas (FAUR et al., 2015; TARAKJI; KUJAN; NASSANI, 
2010). O índice de proliferação celular, a angiogênese associada a essas lesões e o potencial de 
agressividade tumoral, podem representar valiosas ferramentas na diferenciação entre AP, APR 
e CEAP, auxiliando dessa forma no diagnóstico dessas lesões. 
A proteína supressora de tumor, p53, codificada pelo gene Tp53, está envolvida na 
regulação do ciclo celular. Este gene é muito suscetível a mutações, que fazem com que a p53 
perca a sua atividade supressora tumoral (MATT; HOFMANN, 2016). Estudos tem 
correlacionado a expressão de p53 com a alteração na diferenciação celular, agressividade e 
progressão das NGS (ALVES et al., 2004; ELABD; MERONI; BLATTNER, 2016). 
A atividade proliferativa das células, que acompanha o desenvolvimento das 
neoplasias pode ser estimada através da expressão nuclear de Ki-67. Essa proteína está presente 
em todas as fases ativas do ciclo celular (G2, S, G1 e mitose), mas está ausente nas células em 
repouso (G0) (SUZZI et al., 2005). A sua expressão indica que as células estão se multiplicando 
e isso é considerado mecanismo essencial na oncogênese (TADBIR et al., 2012). Estudos tem 
mostrado que a expressão de Ki-67 está relacionada a agressividade tumoral e pior prognóstico 
em neoplasias malignas de glândula salivar (BEN-IZHAK; AKRISH; NAGLER, 2008; 
LUUKKAA et al., 2006). 
Outro biomarcador que é estudado no contexto da invasão e progressão tumoral é o 
CD105, expresso nas células endoteliais dos vasos sanguíneos, sendo, portanto, associado a 
angiogênese (DUFF et al., 2003). Um aumento da angiogênese, e consequentemente da 
expressão de CD105 tem sido observada em vários tipos de câncer, e tem sido considerado um 
indicador de prognóstico e relacionado a maior ocorrência de metástases (KYZAS; 
AGNANTIS; STEFANOU, 2006). 
Afim de contribuir com o conhecimento relacionado a progressão do AP para CEAP, 
o objetivo desse estudo foi avaliar a expressão imuno-histoquímica das proteínas p53, Ki-67 e 
CD105 em AP, APR e CEAP, visto que, até o momento, são escassos os trabalhos que associam 
a expressão destes marcadores aos diferentes estágios que ocorrem no processo de 
malignização. 
17 
 
2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
As glândulas salivares são glândulas exócrinas que possuem a função de secretar saliva 
para o meio bucal. Podem ser classificadas em glândulas salivares maiores, que compreende a 
parótida, submandibular e sublingual, e glândulas salivares menores que correspondem às 
localizadas intraoralmente (WU et al., 2016). Cada glândula é formada por ácinos, que podem 
ser serosos, mucosos ou mistos, e ductos, intercalados, estriados e excretores (OMITOLA; 
IYOGUN, 2018). 
As NGS podem ser classificadas como benignas, que tem como característica principal 
possuir um crescimento lento e indolor, ou malignas, as quais apresentam comportamento 
clínico variável, desde um comportamento indolente, a um crescimento rápido e agressivo, 
associado a uma baixa expectativa de vida (VASCONCELOS et al., 2015). 
As NGS são raras, representam menos de 1% de todos os tumores e cerca de 3% a 5% 
de todas as neoplasias de cabeça e pescoço com uma incidência de 1,2 e 1,3 casos para cada 
100.000 habitantes (SAGHRAVANIAN; GHAZI; SABA, 2013; SPEIGHT; BARRETT, 
2020). Em ordem decrescente quanto ao local afetado, a GP é a mais acometida, em 
aproximadamente 70% dos casos, seguida de glândulas salivares menores (20%), glândula 
submandibular (10%) e glândula sublingual com menos de 1%. As neoplasias benignas são 
mais frequentes, correspondem 54% a 79% dos casos e afetam mais as glândulas parótidas e 
submandibulares. Já as malignas correspondem a 21% a 46% dos casos e a GP também é mais 
acometida (EVESON et al., 2005; SPEIGHT; BARRETT, 2020). 
Lukšić et al. (2012) em uma análise retrospectiva realizada na Croácia com 779 
pacientes tratados com NGS, verificaram que 64,2% das neoplasias eram benignas e 35,8% 
malignas. O local afetado mais comum foi a GP com 65,3%, seguida pelas glândulas salivares 
menores com 27,2% e pela glândula submandibular com 6,6%. Alguns estudos corroboram 
com esses resultados (ARAYA et al., 2015; DA CRUZ PEREZ et al., 2004) e embora sejam de 
países diferentes possuem muita semelhança entre si. Logo, sugerem que neoplasias benignas 
de glândulas salivares são mais frequentes do que neoplasias malignas em todo o mundo 
(ARAYA et al., 2015). 
Uma grande variedade de neoplasias benignas e malignas pode se desenvolver em 
glândulas salivares, pois derivam-se de células acinares, ductais e mioepiteliais, resultando em 
tipos histológicos diversos, muitas vezes de histogênese incerta (LEIVO, 2006; MARUYA et 
al., 2004). 
18 
 
Ainda que controversa, a histogênese das NGS consiste em três possíveis teorias: 
Teoria de Célula-tronco reserva (stem-cell), Teoria Bicelular de células reservas 
semipluripotenciais e Teoria Multicelular, sendo que a primeira diz que apenas uma célula 
pluripotencial conseguiria dar origem a todas as neoplasias. A segunda em que apenas as células 
indiferenciadas dos ductos intercalados e células basais dos ductos excretores dariam origem e 
a terceira onde cada célula da estrutura túbulo-acinar daria origem a diversos tipos histológicos 
de neoplasia, sendo essa a teoria mais aceita atualmente (HENSON; ALBORRES-
SAAVEDRA,2001). 
Devido à grande variabilidade histológica, o diagnóstico das NGS representa um 
desafio, mesmo para os patologistas mais experientes (BUSSARI et al., 2018). A avaliação 
morfológica, através de coloração com hematoxilina e eosina (HE), nem sempre é o suficiente 
para determinar o diagnóstico correto. Normalmente faz-se uso da técnica auxiliar de imuno-
histoquímica, que através da ligação antígeno-anticorpo, mostra-se mais específica na 
determinação da origem celular das neoplasias. Esta técnica é considerada simples, e com 
adequada sensibilidade, mesmo a níveis baixos de antígenos (JORDAN et al., 2002). 
Em 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou a nova classificação das 
NGS, que compreende mais de trinta tipos (EL-NAGGAR et al., 2017). No quadro 1 estão 
listadas as NGS benignas e malignas. 
 
19 
 
Quadro 1 - Classificação das neoplasias benignas e malignas conforme a OMS. 
Neoplasias de Glândulas Salivares 
Benignos Malignos 
Adenomapleomórfico Carcinoma mucoepidermoide 
Mioepitelioma Carcinoma adenoide cístico 
Adenoma de células basais Carcinoma de células acinares 
Tumor de Warthin Adenocarcinoma polimorfo 
Oncocitoma Carcinoma de células claras 
Linfoadenoma Adenocarcinoma de células basais 
Cistadenoma Carcinoma intraductal 
Sialodenoma papilífero Adenocarcinoma, sem outras 
especificações 
Papilomas ductais Carcinoma do ducto salivar 
Adenoma sebáceo Carcinoma Mioepitelial 
Adenoma canalicular e outros 
Adenomas ductais 
Carcinoma epitelial-mioepitelial 
- Carcinoma ex-adenoma pleomórfico 
- Carcinoma secretor 
- Adenocarcinoma sebáceo 
- Carcinossarcoma 
 
 
- 
Carcinoma pouco diferenciado 
Carcinoma indiferenciado 
Carcinoma neuroendócrino de células 
grandes 
Carcinoma neuroendócrino de pequenas 
células 
- Carcinoma linfoepitelial 
- Carcinoma de células escamosas 
- Carcinoma Oncocítico 
- Potencial maligno incerto: 
- Sialoblastoma 
Fonte: Adaptado de (EL-NAGGAR et al., 2017). 
 
20 
 
2.1 ADENOMA PLEOMÓRFICO 
 
O AP é considerado a neoplasia benigna mais comum das glândulas salivares. 
Representa aproximadamente 60%-73% de todas as neoplasias que acometem as glândulas 
salivares (KAUL et al., 2017; PASSI et al., 2017). Através de um estudo retrospectivo realizado 
na China, que avaliou 7190 pacientes, foi possível identificar o AP sendo a neoplasia benigna 
mais comum, representando 65,79% dos casos. Sua incidência foi seguida pelo Tumor de 
Warthin, o qual corresponde 20,13% das neoplasias benignas encontradas (GAO et al., 2016). 
Esses achados são compatíveis com outros levantamentos publicados na literatura (DA CRUZ 
PEREZ et al., 2004; LUKŠIĆ et al., 2012). 
O local mais afetado por essa neoplasia é a GP (84%), mais precisamente no lóbulo 
superficial. No entanto, glândulas submandibulares (8%), sublinguais (1%) e salivares menores 
(6,4%) também podem ser afetadas (OMISAKIN; AJIKE; AYUBA, 2017). Quando acomete 
as glândulas salivares menores a região mais frequente é na união do palato duro com o palato 
mole (devido à maior concentração de glândulas salivares), lábios, língua e mucosa jugal 
(GORDÓN-NÚÑEZ et al., 2008; QUEIROZ et al., 2014). Pode ser encontrado também em 
outras regiões da cavidade oral, porém com menor frequência, como palato mole, gengiva, 
amígdalas, úvula, faringe, assoalho bucal, área retromolar e cavidade nasal. Raramente pode 
vir afetar a laringe, traqueia e epiglote (GEETHA et al., 2015; PASSI et al., 2017). 
Clinicamente, o AP pode ser descrito como uma lesão nodular unilateral, de 
crescimento lento, com consistência firme a palpação, superfície lisa, com margens bem 
delimitadas e na grande maioria dos casos é indolor. Possui a característica de não se aderir aos 
tecidos circundantes, exceto quando o sítio afetado é o palato duro. De modo geral, não ocorre 
ulceração na mucosa. Porém, quando há trauma, ulcerações secundárias podem aparecer 
(GORDÓN-NÚÑEZ et al., 2008; QUEIROZ et al., 2014). 
Como descrito anteriormente, possui um crescimento lento e assintomático. Porém, 
por vezes esse crescimento passa a ser rápido, podendo causar paralisia do nervo facial e 
hemorragia intra-tumoral, representando, nesses casos, uma possível transformação maligna 
(GEDLICKA et al., 2010; PASSI et al., 2017; QUEIROZ et al., 2014). Sintomas como dispneia, 
disfagia, obstrução aguda das vias áreas e apneia obstrutiva do sono podem ser encontrados nos 
casos onde o palato é a sede do tumor (PASSI et al., 2017). 
Os APs acometem qualquer faixa etária, entretanto, casos entre a 4ª e 6ª década de vida 
são mais frequentes. Possui uma predileção pelo sexo feminino com uma proporção entre 
21 
 
homens e mulheres de 2:3 (PASSI et al., 2017). Existem estudos na literatura mostrando que a 
idade pode variar de 15 a 84 anos, com uma média de 39,5 anos (NEVES; LIMA; SOBRAL, 
2007). 
Araya et al. (2015) realizaram um estudo retrospectivo com o objetivo de determinar 
a prevalência e a incidência das NGS diagnosticadas entre os anos 2000 e 2011 na Província de 
Valparaíso, no Chile. A amostra do estudo foi de 279 neoplasias, sendo a GP mais acometida e 
o AP a neoplasia benigna mais comum (53,8%). A maioria dos AP foram encontrados em 
mulheres (91 dos 150 tumores), com razão entre homens e mulheres de 1:1,41. Um estudo 
realizado no Brasil também obteve como resultado o AP como neoplasia benigna mais comum 
(54,2%) em uma amostra de 496 neoplasias. A maioria dos pacientes eram mulheres com uma 
faixa etária entre 40 e 50 anos (ITO et al., 2005). 
O AP, também chamado de tumor misto, apresenta uma alta diversidade 
histopatológica, com variabilidade estrutural e arquitetônica. Sua descrição microscópica no 
ano de 1874, já evidenciava uma variedade nos tipos de células, sendo essa uma das principais 
características dessa neoplasia. Essa variedade de células pode ser observada em vários APs, 
bem como em diversas partes de um mesmo AP (QUEIROZ et al., 2014; TIAGO et al., 2003). 
O diagnóstico do AP deve ser realizado por meio de uma biópsia incisional, seguido 
de um estudo histopatológico para confirmação do mesmo (SILVA et al., 2007). O AP pode 
apresentar uma grande variabilidade histológica. As células neoplásicas são constituídas por 
células epiteliais e mioepiteliais, as quais podem ter morfologia poligonal, fusiformes ou 
estreladas, por vezes dispostas em paliçada, formando estruturas semelhantes a ductos, ou ainda 
arranjadas em ninhos, ilhas, lençóis ou cordões entrelaçados. O estroma de tecido conjuntivo 
pode apresentar aspecto mixoide, condroide, osteoide ou hialino. A proporção entre células 
neoplásicas e estroma é altamente variável no AP. Alguns tumores são mais celularizados 
enquanto outros são formados basicamente por estroma. Áreas de metaplasia escamosa com 
formação de ceratina também podem ser observadas junto as células neoplásicas. O AP é um 
tumor encapsulado, entretanto, a cápsula pode estar incompleta e apresentar espessura variável 
(KAWAHARA et al., 2002; NEVES; LIMA; SOBRAL, 2007; PASSI et al., 2017). 
O tratamento de escolha para o AP é a ressecção cirúrgica, que por vezes pode ser 
realizada através de uma enucleação, parotidectomia total ou parotidectomia superficial (DHIR; 
DAVID; DHADUTI, 2014). Uma parotidectomia total trata-se da remoção total da glândula, 
lateral e medial ao nervo facial. Já na parotidectomia superficial se remove porção da GP, 
lateralmente ao nervo facial, com preservação deste (BITTAR et al., 2016). 
22 
 
Antes da década de 1940, o tratamento mais utilizado era a enucleação, onde se 
removia o conteúdo do tumor e deixava-se parte ou toda a cápsula no leito cirúrgico. Desse 
modo, a ressecção era insatisfatória (devido à falta de conhecimento sobre a relação GP e nervo 
facial) resultando em altas taxas de recidiva do tumor, cerca de 20 a 45% (SHEHATA, 2010; 
STENNERT et al., 2001). 
Através da dissecção do tronco principal do nervo facial, foi possível, em 1950, ser 
realizada a parotidectomia superficial com preservação do nervo facial. A parotidectomia total 
ou superficial, com preservação do nervo facial, é o atual tratamento de escolha para neoplasias 
benignas que acometem a parótida e apresenta taxa de recidiva menor que 2% (ANDREASEN 
et al., 2016; ESPINOSA et al., 2018; GUPTE et al., 2014). 
Certas complicações podem ocorrer quando essas condutas terapêuticas são realizadas. 
Uma delas é a paralisia do nervo facial e o aparecimento da Síndrome de Frey. A chance de 
ocorrer a paralisia é maior em parotidectomias totais (47%) seguido de parotidectomias 
superficiais (17%) e parotidectomias superficiais parciais (10%) (TIAGO et al., 2003; WITT, 
2002). 
Embora o AP seja uma neoplasia benigna, em alguns casos pode haver uma recidiva 
do tumor passando a se chamar de Adenoma pleomórfico recidivado (APR) (TAKEDA, 1999). 
Na maioria dos casos o mais correto seria dizer residual, visto que muitos pacientes nãoficaram 
livres da doença, mas sim progrediram para um estágio clinicamente indetectável 
(WITTEKINDT et al., 2007). 
O aparecimento de recidivas pode estar associado a ressecção incompleta do AP, 
rompimento da pseudo-cápsula e presença de lesões satélites (ORITA et al., 2010; PASSI et 
al., 2017; STENNERT et al., 2004). O rompimento da pseudo-cápsula acaba deixando células 
tumorais no leito cirúrgico e com isso tem-se a formação de nódulos, que podem ser 
classificados como uninodular ou isolado e multinodular ou múltiplos nódulos. Podem ser 
vistos na cicatriz deixada pela primeira intervenção cirúrgica e ultrapassam os limites da 
glândula acometida (BRADLEY, 2001; LEVERSTEIN et al., 1997). Em geral, os múltiplos 
nódulos são mais encontrados na literatura. Em uma série de 108 pacientes submetidos a 134 
operações, 111 casos possuíam lesões multinodulares (WITTEKINDT et al., 2007). Já em outro 
estudo todos os casos (total de 29) de APR foram multinodulares (SOARES; ALTEMANI; DE 
ARAÚJO, 2011). 
Suh et al. (2009) correlacionaram a idade do paciente, a margem de ressecção e a 
agressividade dos tumores com as recidivas. Através das pesquisas chegaram à conclusão de 
23 
 
que pacientes mais jovens com AP correm mais riscos de desenvolver recidivas, e possuir uma 
margem de ressecção livre de doença muitas vezes não significa cura, uma vez que, 21,4% dos 
pacientes apresentaram recidiva mesmo sendo confirmada margem de ressecção livre. Além 
disso, perceberam que após cada recorrência que os pacientes apresentavam, os tumores 
ficavam mais agressivos pois, o espaço de tempo até a próxima recidiva reduziu. O tempo 
médio para a primeira recorrência foi de 51,4 meses e para a segunda 27,5 meses. Outro estudo 
obteve como resultado 10,1 anos até a primeira recorrência e 7,3 anos entre a primeira e a 
segunda. Ademais, pacientes que tiveram mais de uma recorrência (31% dos pacientes) 
possuem um alto risco para desenvolver recorrências subsequentes (LASKAWI; SCHOTT; 
SCHRÖDER, 1998). 
Tanto AP quanto APR possuem o mesmo arranjo histológico, isto é, são compostos 
por células epiteliais e mioepiteliais inseridos em estromas variados. O componente celular 
pode apresentar grande diversidade morfológica. Sendo assim, na tentativa de determinar 
características histomorfológicas em casos de APR, uma pesquisa realizada em 2011 encontrou 
células plasmocitoides/hialinas, poligonais, fusiformes, claras e sebáceas nos casos estudados 
(SOARES; ALTEMANI; DE ARAÚJO, 2011). 
Alguns artigos ainda apontam como uma possível causa para o aparecimento de 
recidivas o tipo de estroma mixoide em AP. Isso pode estar associado a falta de encapsulamento 
em algumas regiões do tumor, que consequentemente acaba levando a fusão com tecido 
glandular normal e por apresentar uma extensão maior dessas áreas do que os outros subtipos 
de estromas (MOUZALI et al., 2019; STENNERT et al., 2001, 2004). 
Em duas séries de APR o sítio acometido de maior ocorrência foi a GP seguida pela 
glândula submandibular. A idade média dos pacientes era de 43 e 50 anos e o sexo feminino 
prevaleceu (SOARES; ALTEMANI; DE ARAÚJO, 2011; STENNERT et al., 2004). 
As opções de tratamento para APR são controversas, dado que as chances de recidivas 
podem variar de 10% a 63%. Contudo, apenas o acompanhamento dos pacientes, 
principalmente os mais idosos, parotidectomia superficial e total, ressecção localizada do tumor 
são algumas das opções de tratamento para as lesões recidivantes (SOARES et al., 2009; 
WITTEKINDT et al., 2007). Para as neoplasias na parótida, alguns autores ainda apontam como 
eficaz uma parotidectomia total associada a ressecção do tecido adiposo periparotídeo com a 
preservação do nervo facial (STENNERT et al., 2004). 
Qualquer discussão relacionada a conduta terapêutica deve levar em consideração dois 
pontos importantes: como evitar e como tratar. Para evitar uma possível recidiva, a primeira 
24 
 
intervenção cirúrgica realizada no paciente com AP é mandatória, logo a enucleação ainda 
continua sendo evitada. Dados de uma pesquisa revelaram que 83% das neoplasias com 
recidivas tiveram como primeira opção de intervenção, a enucleação (LASKAWI; SCHOTT; 
SCHRÖDER, 1998). Já para a escolha do tratamento fatores primordiais devem ser analisados. 
Dentre eles a natureza da cirurgia anterior, o uso de exame de imagem, como a ressonância 
magnética, para saber a extensão e localização do tumor, se o nervo facial foi afetado, idade e 
saúde geral do paciente (LEVERSTEIN et al., 1997). 
As complicações pós-operatórias citadas para AP também estão presentes em APR. 
Danos ao nervo facial são maiores, de 15% a 30%, em uma segunda intervenção cirúrgica 
devido à presença de fibroses, aderências do nervo ao tumor recidivado e uma possível alteração 
da anatomia (LEVERSTEIN et al., 1997; WITTEKINDT et al., 2007). 
O APR está mais sujeito a transformação maligna. Vários casos de CEAP decorrentes 
de APR já foram descritos na literatura (MARIANO et al., 2016; SOARES; ALTEMANI; DE 
ARAÚJO, 2011). 
 
2.2 CARCINOMA EX-ADENOMA PLEOMÓRFICO 
 
O conceito de CEAP segundo a OMS, é de uma neoplasia epitelial/mioepitelial que se 
desenvolve a partir de um AP (EL-NAGGAR et al., 2017). Além do CEAP, outros dois tumores 
mistos podem se originar a partir do AP: carcinossarcoma (tumor maligno misto verdadeiro) e 
AP metastático, sendo que a primeira malignidade descrita é a mais comum e as outras duas 
são raras (LEWIS; OLSEN; SEBO, 2001; YE et al., 2016). 
Mesmo sendo considerado mais comum, o CEAP representa apenas 3,6% das NGS 
(variação de 0,9% a 14%) e 12% das neoplasias malignas que acometem as glândulas salivares 
(variação de 2,8% a 42,4%) (EL-NAGGAR et al., 2017). 
De acordo com os dados da OMS essa neoplasia acomete principalmente pacientes do 
sexo feminino, entre a sexta e sétima décadas de vida (EL-NAGGAR et al., 2017). Com relação 
a prevalência por gênero, duas séries com número amostral elevado, trouxeram o sexo 
masculino como o mais prevalente (HU et al., 2016; YE et al., 2016). 
A GP (81,7%), seguida da submandibular (18%) e sublingual (0,3%) são os sítios mais 
acometidos (MAG et al., 2010). No entanto, as glândulas salivares menores (localizadas na 
região vestibular, labial, palato, mucosa jugal e área retromolar) também são afetadas pelo 
CEAP (HU et al., 2016; YE et al., 2016). 
25 
 
A patogênese do CEAP é controversa, pois os tumores podem ser malignos desde o 
princípio ou apenas ocorrer uma transformação carcinomatosa no tumor benigno (MARTÍNEZ-
RODAS et al., 2016). Embora haja relato de uma taxa de 60% para incidência de CEAP em 
pacientes sem registros prévio de um tumor pré-existente (GERUGHTY et al., 1969), a 
hipótese de origem a partir de um tumor pré-existente é a mais aceita atualmente, baseada 
principalmente na história clinica de lesão prévia e na idade média de surgimento dos tumores, 
que ocorrem em décadas mais avançadas de vida em relação aos tumores benignos (KATABI 
et al., 2010). 
De maneira geral, a doença é assintomática nos estágios iniciais e a maioria dos 
pacientes apresentam apenas uma massa pré-existente que evolui lentamente por anos e que 
passa a crescer rapidamente. Quando há infiltração em tecidos adjacentes, esse aumento de 
volume pode vir acompanhado de dor, paralisia facial, trismo e ulcerações em pele e tecidos 
(MARTÍNEZ-RODAS et al., 2016; YE et al., 2016; ZBÄREN et al., 2008). 
Hu et al. (2016) encontraram em 361 casos de CEAP, a predominância dos sintomas: 
dor, dormência, paralisia do nervo facial, ulceração e sangramento, obstrução nasal e trismo. 
Cerca de 39 pacientes relataram crecimento rápido recente de uma massa que estava presente a 
mais de um ano. 
O diagnóstico definitivo do CEAP ocorre através de um estudo histológico e deve 
apresentar um componente benigno e um componente maligno, ou seja, áreas de AP associado 
a um carcinoma ou somente o carcinoma,porém com histórico de um AP prévio no local. Há 
dificuldades para se obter um correto diagnóstico, pois o carcinoma pode vir a substituir 
completamente o AP ou deixar o AP limitado por áreas hialinizadas (LEWIS; OLSEN; SEBO, 
2001; ZBÄREN et al., 2008). 
Diversos fenótipos carcinomatosos se desevolvem no CEAP. Os mais frequentes são 
adenocarcinoma sem outras especificações e carcinoma do ducto salivar (DI PALMA, 2013; 
SPEIGHT; BARRETT, 2020). Em contrapartida, Hu et al. (2016) encontraram adenocarcinoma 
sem outra especificação e carcinoma mioepitelial sendo os mais comuns. Outros subtipos 
histológicos são encontrados, dentre eles o carcinoma mioepitelial, carcinoma 
mucoepidermoide, carcinoma adenoide cístico, carcinoma basocelular, carcinoma de células 
escamosas, carcinoma oncocítico, cistadenocarcinoma papilar, carcinoma epitelial-
mioepitelial, carcinoma de células claras e carcinoma de células acinares (YE et al., 2016). 
26 
 
Os diversos subtipos histológicos ainda podem ser classificados como neoplasias de 
alto e baixo grau. Sendo que a de alto apresenta frequentes atipias citológicas e mitoses e na de 
baixo grau, as atipiais e mitoses são quase imperceptíveis (ROSA et al., 1996). 
Estima-se que apenas 6,2% de todos os AP sofram transformação maligna e os fatores 
de risco incluem idade avançada, grande extensão de lesão, neoplasia com longa duração, 
origem na glândula submandibular e ausência de tratamento (FERREIRA et al., 2014; 
HARADA, 2000; LEWIS; OLSEN; SEBO, 2001; TOBÓN-ARROYAVE et al., 2009). 
Tanto células epitelais ductais quanto mioepiteliais do AP podem sofrer transformação 
maligna. Raramente transformações com dupla diferenciação epitelial/mioepitelial ou somente 
mioepitelial acontecem. Cerca de 75% dos casos o carcinoma possui origem nas células 
epitelais ductais (ALTEMANI et al., 2005). 
Uma vez que as células epiteliais ductais passam por um processo de transformação 
maligna, ocorre uma sequência de etapas que se assemelham ao carcinoma de mama. 
Inicialmente, as células do carcinoma substituem a camada epitelial ductal interna e deixam a 
camada mioepitelial intacta. Em seguida, essa camada mioepitelial é destruída e ocorre a 
invasão da matriz no AP. Na última etapa as células do carcinoma se estendem então a área 
extracapsular (CHEUK; CHAN, 2007). 
O CEAP recebe uma classificação com base na invasão do componente maligno em 
relação a cápsula do AP. São considerados carcinomas intracapsulares (CI) aqueles que ficam 
confinados a cápsula do AP, logo não são invasivos. Até 1,5mm de invasão extracapsular são 
chamados carcinomas minimamente invasivos (CMI) e se a invasão se estender além de 1,5mm 
carcinomas amplamente invasivos (CAI) (YE et al., 2016). 
Entretanto, a nova classificação da OMS de 2017 passou a considerar CMI como uma 
extensão < 4 e até 6mm além do AP, porém, esses valores são considerados apenas preliminares 
e novas pesquisas devem ser realizadas para a sua validação. Essa mudança ocorreu, pois é 
preciso diferenciar um CMI de CAI, visto que, os CI e CMI possuem prognósticos semelhantes. 
Alguns autores ainda consideram essa classificação deficiente quando se trata de diagnóstico, 
sendo que a principal característica para definir uma lesão invasiva deve ser a evidência 
histológica de infiltração destrutiva nos tecidos moles além das margens do tumor (SPEIGHT; 
BARRETT, 2020). 
Os CI e CMI podem ser considerados como neoplasias de baixo grau e na maioria dos 
casos apresentam comportamento pouco agressivo sem maiores intercorrências. No entanto, 
mesmo sendo considerados de baixo grau e sem risco a vida, alguns estudos encontraram 
27 
 
metástases e mortes associados a casos de CI e CMI, mostrando que esses tumores também 
podem se tornar agressivos (FELIX et al., 2002; YE et al., 2016). 
Já os CAI são naturalmente mais agressivos e considerados como de alto grau, visto 
que metástases e o óbito em decorrência da lesão são frequentemente relacionadas a esse grau 
de invasão (SOARES et al., 2007a; YE et al., 2016). A maioria das metástases afetam os 
linfonodos, ossos e pulmões. A presença de metásteses, locais ou a distância, ocorrem em 
aproximadamente 70% dos casos, resultando em uma taxa de sobrevida de 5 anos, em 25 a 65% 
dos casos (EL-NAGGAR et al., 2017; MAG et al., 2010). Em resumo, os CI e CMI possuem 
um bom prognóstico e mostram taxas de sobrevida mais altas quando comparado com o CAI, 
que está associado a um pior prognóstico (LEWIS; OLSEN; SEBO, 2001; YE et al., 2016). 
Ye et al. (2016) encontraram como fatores de risco significativos para a sobrevida dos 
pacientes com CEAP, o estágio clínico, tamanho do tumor, recorrência, metástase regional e a 
distância, invasividade e subtipo histológico. Em contrapartida, sexo dos pacientes, localização 
do tumor e modalidade de tratamento não tiveram influência nas taxas de sobrevida. Ainda que 
o subtipo histológico possua relevância, o indicador prognóstico mais importante é o grau de 
invasão que ocorre na cápsula do AP (CABANÉ T et al., 2014). 
Histologicamente, nos casos de CMI são encontradas características mais próximas de 
um AP do que de um carcinoma. Todavia, existem céulas malignas dentro dos ductos presentes 
em AP. Nesses ductos é possível observar necroses, além da citologia atípica, hipercelularidade 
e hialinização (DEROCHE; HOSCHAR; HUNT, 2008; DI PALMA, 2013). 
Em CAI o componente benigno pode vir a apresentar em sua histologia alterações 
degenerativas (fibrose, calcificações distróficas, necrose e hemorragia) com características 
intermediárias entre células malignas e células do AP. O componente maligno possui 
pronunciado pleomorfismo nuclear com aumento no número de mitoses e invasões perineural, 
capsular e vascular bem como infiltração nos tecidos adjacentes (DI PALMA, 2013). 
A principal modalidade de tratamento é a excisão cirúrgica da lesão. Para as neoplasias 
que afetam a parótida, alguns autores recomendam a parotidectomia total com o objetivo de 
remover o tumor e os gânglios linfáticos intraparotídeos. Para neoplasias de alto grau, deve-se 
realizar esvaziamento cervial, quando houver metástase regional, em associação com 
radioterapia pós-operatória nos casos com margem comprometida e invasão perineural. A união 
de radioterapia e quimioterapia são apenas para os pacientes com doença disseminada (LEWIS; 
OLSEN; SEBO, 2001; LÜERS et al., 2009). Na série de Ye et al. (2016) pacientes tratados com 
radioterapia e cirurgia apresentaram menores taxas de recorrência local. Nos casos de CI, por 
28 
 
não haver invasão da cápsula, o tratamento cirúrgico pode vir a ser igual a de um AP (LEWIS; 
OLSEN; SEBO, 2001). 
 
2.3 MARCADORES BIOLÓGICOS NAS NEOPLASIAS DE GLÂNDULAS SALIVARES 
 
As NGS, tanto benignas quanto malignas, possuem uma grande diversidade 
histológica e citoarquitetural. Portanto, é essencial compreender os aspectos moleculares dessas 
neoplasias, o que interfere diretamente no seu diagnóstico, tratamento e prognóstico. A 
avaliação de diferentes marcadores biológicos através da análise imuno-histoquímica pode vir 
a contribuir na previsão do comportamento clínico das neoplasias e auxiliar no entendimento 
dos padrões de invasão e progressão tumoral, bem como, no diagnóstico e na diferenciação dos 
tipos de neoplasias (ALAIZARI et al., 2015; CHEUK; CHAN, 2007; SPEIGHT; BARRETT, 
2020). Os marcadores descritos a seguir podem auxiliam neste entendimento. 
 
2.3.1 Proteína p53 
 
O gene Tp53 é o responsável pela codificação de uma fosfoproteína nuclear formada 
por 393 aminoácidos, chamada p53. A p53 é a principal proteína supressora tumoral, conhecida 
como a “guardiã do genoma” humano (BOEHME; BLATTNER, 2009; GEDLICKA et al., 
2010). 
Essa proteína está envolvida em diversos processos fisiológicos e possui fundamental 
ação na transcrição de genes envolvidos no controle do ciclo celular, indução de morte celular, 
senescênciae regulação do metabolismo celular. Além disso, controla o reparo de possíveis 
danos ao DNA (ELABD; MERONI; BLATTNER, 2016). 
A proteína MDM2 é o regulador mais importante da p53 e pode vir a desempenhar sua 
função de três modos diferentes. Um desses modos é inibindo a atividade transcricional da p53 
e os outros dois é controlando sua localização subcelular (promovendo a exportação de p53 do 
núcleo para o citoplasma) e modulando sua estabilidade proteica (ELABD; MERONI; 
BLATTNER, 2016). Diante disso, na ausência de estresse celular, a p53 fica ligada a proteína 
MDM2, sendo inibida e rapidamente degradada. As poucas moléculas restantes de p53 são 
mantidas inativas (AL-RAWI; OMER; KAWAS, 2010; BOEHME; BLATTNER, 2009). 
No entanto, em resposta ao estresse celular, que pode ocorrer através de fontes 
intrínsecas (subprodutos metabólicos, como espécies reativas de oxigênio) e extrínsecas (luz 
29 
 
ultravioleta, radiação ionizante e exposição a agentes genotóxicos, como drogas 
quimioterapêuticas), acontecem danos ao DNA. Nessas condições, a proteína p53 é 
rapidamente ativada, interrompendo o ciclo celular entre a fase G1 e S, atuando na regulação 
da proliferação celular, seja bloqueando o ciclo celular ou promovendo a apoptose. Caso o 
reparo no DNA não aconteça, a apoptose é induzida, removendo assim as células não funcionais 
ou alteradas (AL-RAWI; OMER; KAWAS, 2010; KÄRJÄ et al., 1997; LIM et al., 2003; 
MATT; HOFMANN, 2016). Por vezes, a tentativa de corrigir o dano no DNA fracassa e a 
mutação no gene acontece (GEDLICKA et al., 2010). 
As mutações no gene Tp53 possuem papel crucial na patogênese e desenvolvimento 
de diversos tipos de cânceres no corpo humano (SOARES; ALTEMANI; DE ARAÚJO, 2011). 
Ademais, o produto do gene mutado é a codificação da proteína p53 com meia-vida mais longa, 
chamada de p53 mutante, que fica acumulada no núcleo das células e com isso, é detectável por 
reações de imuno-histoquímica. O que não acontece quando essa proteína está desempenhando 
adequadamente suas funções, visto que, possui uma meia-vida curta, sendo denominada de p53 
selvagem (FAUR et al., 2015; KAMIO, 1996). 
Muitos autores apontam que a superexpressão dessa proteína pode estar relacionada 
ao estágio avançado da doença, disseminação metastática e transição de lesões displásicas para 
carcinoma (KAMIO, 1996). Em carcinomas de mama, cólon e bexiga a p53 mutante está 
associada a comportamento biológico mais agressivo e redução na sobrevida dos pacientes 
(SOUZA et al., 2005). A superexpressão de p53 também é encontrada nas NGS (LI et al., 1997; 
MATIZONKAS-ANTONIO et al., 2005). 
Alguns estudos já relacionaram a expressão desse marcador a agressividade e 
progressão das NGS, principalmente relacionada a transformação maligna de AP em CEAP 
(ALVES et al., 2004; ELABD; MERONI; BLATTNER, 2016). Além disso, esse marcador tem 
sido considerado útil na discriminação entre neoplasias benignas e malignas das glândulas 
salivares (AL-RAWI; OMER; KAWAS, 2010). 
Um estudo realizado em 2010 avaliou a expressão de p53 em 29 casos de AP 
abrangendo tecido glandular normal e em 27 casos de CEAP. Para os casos de glândula salivar 
normal a expressão de p53 apresentou marcação nuclear negativa ou muito sutil; para o AP e 
CEAP a marcação nuclear variou de moderada a intensa, sendo positiva em 75,9% e 44,4% dos 
casos, respectivamente (TARAKJI; KUJAN; NASSANI, 2010). 
Outro estudo encontrou a expressão da proteína p53 em 41% dos CEAP, todavia a 
amostra era de apenas 73 casos. As séries com um número amostral maior relatadas na literatura 
30 
 
apontam que a expressão positiva de p53 para AP varia de 3% a 41% e de 50% a 75% para o 
CEAP (LEWIS; OLSEN; SEBO, 2001). 
 
2.3.2 Proteína Ki-67 
 
O Ki-67 é uma proteína codificada por um gene localizado no cromossomo 10q25, e 
está presente no núcleo de células em fase de replicação. Desse modo, está envolvido na 
regulação do ciclo celular, tanto em condições fisiológicas como patológicas, e é um dos 
marcadores de proliferação celular mais utilizados (FAUR et al., 2015; LAZZARO; 
CLEVELAND, 2000; SCHOLZEN; GERDES, 2000). 
A proliferação celular é um processo complexo que resulta no aumento do número de 
células (ARISAWA et al., 1999). Nas células eucarióticas os estágios do ciclo celular são 
divididos em duas etapas: a interfase e a mitose. Na interfase ocorre o crescimento celular e a 
duplicação do DNA, sendo dividida em 3 etapas: G1 ("Gap 1"), caracterizada pela transcrição 
gênica e tradução, levando à síntese de proteínas necessárias para a síntese de DNA; S: fase de 
síntese, no qual ocorre a duplicação do DNA celular; e G2 ("Gap 2"), intervalo após a síntese 
de DNA, durante o qual a célula se prepara para a divisão. A mitose é etapa na qual a célula 
divide seu DNA duplicado (prófase, metáfase, anáfase e telófase) e o citoplasma (citocinese) 
para formar duas novas células. Apenas a etapa de mitose pode ser identificada 
morfologicamente em cortes histológicos, enquanto que as outras fases podem ser identificadas 
com o auxílio da imuno-histoquímica e utilização de anticorpos monoclonais para antígenos 
expressos durante a proliferação celular (SUZZI et al., 2005). As células em repouso, fora do 
ciclo celular encontram-se em uma fase chamada G0, na qual podem permanecer por tempo 
indeterminado (ARISAWA et al., 1999). 
Os marcadores de proliferação celular são classificados em três grupos: marcadores de 
fração de crescimento, marcadores de fases específicas do ciclo celular e marcadores de tempo 
do ciclo celular, sendo que Ki-67 contempla o primeiro grupo mencionado e com isso está 
presente em todas as fases ativas do ciclo celular, possuindo meia-vida de 1 – 1,5h, e está 
ausente na fase G0 (SCHOLZEN; GERDES, 2000; SUZZI et al., 2005). 
Em muitos estudos, a atividade proliferativa identificada pela proteína Ki-67 
demonstrou ser um importante fator prognóstico em vários tipos de câncer. Nas NGS a 
superexpressão desse marcador associa-se a um prognóstico ruim (BEN-IZHAK; AKRISH; 
31 
 
NAGLER, 2008). Além disso, a expressão de Ki-67 também tem sido útil como indicador da 
malignidade e agressividade nas NGS (LUUKKAA et al., 2006; SPEIGHT; BARRETT, 2020). 
Com o objetivo de investigar a atividade proliferativa das células tumorais utilizando 
o anticorpo anti-Ki-67, um estudo realizado em 2007 selecionou dez casos de CEAP e de AP. 
Através da análise imuno-histoquímica, pequenos focos de células coradas positivamente em 
AP (menos de 1% do total de células tumorais) foram encontrados. O componente maligno do 
CEAP apresentou maior índice proliferativo do que o componente benigno 
(MATSUBAYASHI; YOSHIHARA, 2007). 
Há autores na literatura que avaliaram a expressão do marcador Ki-67 nas NGS e 
tecido glandular normal, também abordadas neste trabalho. De maneira geral, os resultados 
mostram que a proliferação celular em glândula salivar normal é inexpressiva (AOKI et al., 
2004). Em AP, APR e CEAP a expressão de Ki-67 é maior e apresenta valores ainda mais 
elevados nos casos de CEAP, indicando que a proliferação celular é mais acentuada nas 
neoplasias malignas (DÍAZ et al., 2019; MARIANO et al., 2015; SOARES et al., 2009). 
 
2.3.3 Proteína CD105 
 
A angiogênese, pode ser definida como o crescimento e desenvolvimento de novos 
vasos sanguíneos a partir de outros pré-existentes. Eventos fisiológicos (embriogênese, 
crescimento e reprodução) e patológicos (reparo tecidual, inflamação crônica, neoplasias e 
metástases) estão associados a neoformação vascular (COHEN, 2002; FREITAS et al., 2005b; 
SCHIMMING et al., 2004). 
Existem formas de estimar a neoformação vascular nos tecidos, e uma delas é através 
da identificação de biomarcadores angiogênicos. O mais conhecido deles é o CD105, também 
conhecido como endoglina, uma glicoproteína transmembrana homodimérica de peso 
molecular 180-KDa, codificada pelo gene CD105, localizado no cromossomo9q34. Pode ser 
expressa por sua forma longa (L-CD105) e curta (S-CD105) (DUFF et al., 2003). 
A principal fonte de CD105 são as células endoteliais ativas dos vasos sanguíneos, 
todavia outras células também podem expressar em menor número, como as células do músculo 
liso vascular, fibroblastos e macrófagos (DUFF et al., 2003; ZIJLMANS et al., 2009). 
A expressão de CD105 ocorre preferencialmente nos vasos recém-formados durante o 
processo de angiogênese tumoral e é minimamente expressa nos vasos pré-existentes. Sendo 
32 
 
assim, é considerado um poderoso marcador de neovascularização em diversas neoplasias 
(FONSATTI et al., 2003; HEIL et al., 2006; MINHAJAT et al., 2006). 
Além de desempenhar papel importante na angiogênese, a proteína CD105 participa 
de eventos moleculares considerados vitais para o crescimento e metástase tumoral, como a 
proliferação, diferenciação, migração e adesão celular (YU et al., 2018). 
Os mecanismos celulares envolvidos na angiogênese são regulados por fatores pró e 
antiangiogênicos e seus receptores. Entre os fatores pró-angiogênicos, destaca-se o fator de 
crescimento endotelial vascular (VEGF), que é sintetizado e secretado principalmente por 
fibroblastos e macrófagos (VASCONCELOS et al., 2011). O VEGF estimula a produção de 
enzimas proteolíticas que passam a remodelar os componentes da matriz extracelular para a 
angiogênese (GUPTA; QIN, 2003). 
A atuação do CD105 também está associada a receptores presentes nas moléculas do 
fator de crescimento transformador beta (TGFβ), que além de estimular a expressão de VEGF, 
a proliferação de fibroblastos e células musculares lisas, é secretado pelas células endoteliais e 
tem a função de estabilizar os vasos recém-formados através das proteínas da matriz 
extracelular (CARMELIET, 2003; VASCONCELOS et al., 2011). O TGFβ1 e TGFβ3 possuem 
alta afinidade com a endoglina e modulam a resposta do TGFβ em diversos tipos de células 
(BALZA et al., 2001). Já o TGFβ1 isolado inibe a atividade angiogênica, no entanto, quando 
ligado ao receptor CD105 fica com baixas dosagens e com efeitos pró-angiogênicos (LI et al., 
2001). 
Mecanismos de proliferação, migração endotelial e transcrição de genes pró-
angiogênicos podem ser mediados pela via TGFβ/ALK1. O CD105 é essencial para ativação 
dessa via, pois a superexpressão de ALK1 nas células endoteliais causa uma diminuição da 
adesão e proliferação celular. A ativação da via TGFβ/ALK5 induz a quiescência endotelial e 
promove o aumento da expressão de genes envolvidos na maturação dos vasos (LEBRIN et al., 
2004). 
O uso do anticorpo anti-CD105 é muito utilizado para a mensuração da densidade 
microvascular, sendo por isso alvo de pesquisas em muitos tumores com o objetivo de 
compreender melhor os mecanismos envolvidos na progressão dessas lesões (TANIGAWA et 
al., 1997). Ademais, o aumento da neovascularização tem sido observado em vários tipos de 
câncer e alguns autores já apontaram que a expressão aumentada de CD105 está associada a 
um prognóstico ruim e a maior ocorrência de metástases (KYZAS; AGNANTIS; STEFANOU, 
2006; NETTO et al., 2008). 
33 
 
Utilizando o anticorpo anti-CD105, estudos mostram que não há expressão em 
glândula salivar normal (TADBIR et al., 2012). Já nos casos de AP e APR é detectada a 
presença de neovasos com marcação positiva (SOARES et al., 2009). E nos casos de CEAP, 
nos seus diferentes estágios de invasão, é comum observar aumento significativo da 
angiogênese, com maior imunorreatividade para este marcador (SOARES et al., 2007b). 
O aumento significativo da angiogênese em neoplasias malignas quando comparadas 
com neoplasias benignas das glândulas salivares, já foi relatada em outros estudos, indicando 
que a angiogênese reflete a invasão e agressividade nas neoplasias das glândulas salivares 
(CARDOSO et al., 2009; TADBIR et al., 2012). 
É de grande importância compreender os mecanismos que envolvem a angiogênese e 
sua aplicabilidade no diagnóstico e prognóstico, bem como em novas formas terapêuticas. De 
fato, a terapia antiangiogênica vem sendo considerada uma das modalidades mais promissoras 
de tratamento para o câncer como uma alternativa ou complemento do tratamento convencional 
(DUFF et al., 2003; VASCONCELOS et al., 2011). Ademais, alguns autores especulam que 
essa terapia poderia ser indicada como tratamento para uma das neoplasias benignas das 
glândulas salivares, o Adenoma pleomórfico recidivado. Porém, mais estudos são 
recomendados para verificar essa hipótese (SOARES et al., 2009). 
Baseado na revisão de literatura acima, justifica-se realizar um estudo envolvendo 
essas neoplasias (AP, APR, CEAP) e proteínas (p53, Ki-67, CD105), tendo em vista que, as 
NGS apresentam alta diversidade histopatológica, etiopatogênese incompletamente elucidada, 
são lesões de difícil diagnóstico, possuem condutas terapêuticas controversas e prognóstico 
desfavorável. Desse modo, toda descoberta é válida para um melhor entendimento do 
comportamento clínico dessas neoplasias. 
 
 
34 
 
3 OBJETIVOS 
 
3.1 OBJETIVO GERAL 
 
Avaliar a expressão imuno-histoquímica das proteínas p53, Ki-67 e CD105 em AP, 
APR e CEAP, a fim de compreender o processo de progressão tumoral. 
 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
• Correlacionar o padrão de expressão imuno-histoquímico das proteínas p53, Ki-67 e 
CD105 com os respectivos dados clínico-patológicos em AP, APR, CEAP e glândula 
salivar normal (GN); 
• Determinar o índice proliferativo, através da análise da expressão de Ki-67 nas 
amostras estudadas; 
• Determinar a angiogênese através da expressão de CD105 nas amostras estudadas; 
• Determinar o potencial de agressividade tumoral através da expressão de p53 nas 
amostras estudadas; 
• Correlacionar os resultados encontrados no estudo com os dados presentes na literatura; 
 
 
35 
 
4 METODOLOGIA 
 
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO 
 
O estudo realizado é de natureza básica, observacional descritivo retrospectivo. 
 
4.2 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS 
 
O projeto de pesquisa foi submetido à apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa 
com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), do Comitê Avaliador 
do Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC), recebendo parecer 
favorável à execução da pesquisa, sob os números de registro: CAAE: 57274016.2.0000.0121, 
número do parecer: 1.657.413. 
 
4.3 SELEÇÃO DAS AMOSTRAS 
 
Realizou-se um levantamento de todos os casos de NGS com base nos laudos 
histopatológicos do Laboratório de Patologia Bucal da UFSC (LPB-UFSC), e do Serviço de 
Anatomia Patológica do Hospital Universitário (SAP/HU-UFSC). Todos os casos foram 
reavaliados e classificados de acordo com os critérios estabelecidos pela OMS (EL-NAGGAR 
et al., 2017). 
Após a coleta de dados inicial, foram selecionados para estudo os casos de AP, APR e 
CEAP. Como critérios de inclusão, as fichas de biópsia deveriam estar adequadamente 
preenchidas, assim como os laudos correspondentes. Além disso, foram utilizadas amostras 
onde o material biológico estava devidamente fixado e apresentando material suficiente para 
análise sem exaurir a amostra. Deste modo, foram excluídos da amostra todos os casos que não 
preencheram esses requisitos. 
Também foram incluídas no estudo amostras de glândula salivar normal (GN). Estas 
provenientes de biópsias realizadas para investigação da Síndrome de Sjögren ou mucocele, 
mas que tiveram diagnóstico final de glândula salivar com características usuais, livres de 
inflamação. 
Após a seleção dos casos a amostra do estudo ficou constituída por: dez casos de AP, 
cinco casos de APR, sete casos de CEAP, além de seis casos de GN. 
36 
 
 
4.4 LEVANTAMENTO DOS DADOS CLÍNICOS 
 
A verificação dos dados clínicos das amostras selecionadas foi realizada através da 
análise das fichas de biópsia arquivadas no LPB-UFSC e nos prontuários do HU-UFSC.Foram 
coletados dados relativos à idade do paciente, sexo, bem como a localização da lesão e tempo 
de evolução. 
 
4.5 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS 
 
Os espécimes selecionados neste estudo foram submetidos à técnica de imuno-
histoquímica, utilizando os anticorpos para detecção dos antígenos CD105, Ki-67 e p53. Os 
procedimentos laboratoriais foram realizados no LPB-UFSC, seguindo o protocolo 
padronizado pelo mesmo: cortes teciduais seriados de 3µm de espessura, montados sobre 
lâminas preparadas com solução de ATPS (3-aminopropyltriethoxysilene; Sigma-Aldrich, São 
Paulo, SP, Brasil) a 5% em acetona, foram desparafinizados em xilol e hidratados com 
passagens sucessivas em soluções decrescentes de etanol. Previamente à incubação com os 
anticorpos primários, com o objetivo de bloquear a atividade endógena da peroxidase, as 
lâminas foram incubadas em 40 ml de PBS (Phosphate-Buffered Saline) + 40 ml de álcool 
metílico + 20 ml de Peróxido de Hidrogênio (H2O2) durante 20 minutos, seguida por solução 
de peróxido de hidrogênio 3% (90 ml de álcool metílico + 10 ml de H2O2), durante 10 minutos. 
Posteriormente, as lâminas foram lavadas em água destilada e imersas em solução 
tampão citrato 0,01M em pH 6,0 por 40 minutos em banho-maria à temperatura de 96ºC com o 
objetivo de reativar os sítios antigênicos. Após lavagem em água destilada, as lâminas foram 
imersas em solução salina tampão fosfato (PBS) 10mM, pH 7,2-7,4 (Sigma Chemical CO, St. 
Louis, MO, USA). A incubação primária foi obtida adicionando os anticorpos primários 
previamente diluídos (tabela 1), sobre os cortes teciduais e as lâminas foram mantidas em 
câmara úmida por 18 horas. Após esse período foi realizada dupla lavagem dos cortes em 
tampão PBS por 5 minutos cada, à temperatura ambiente, seguida da incubação com anticorpo 
secundário anti-IgG biotinilado conjugado com um polímero de peroxidase (Kit 
Envision+/HRP, Dupla ligação coelho/camundongo, DAKO® Dinamarca) pronto para uso, 
durante uma hora em câmara úmida à temperatura ambiente. Passado o período de incubação, 
as amostras foram lavadas por duas vezes em PBS por 5 minutos cada, à temperatura ambiente. 
37 
 
A revelação da reação imuno-histoquímica foi realizada com solução cromógena contendo 
0,03% de 3,3’-diaminobenzindina (DAB) previamente diluída em tampão imidazol pH 7,2 e 
peróxido de hidrogênio a 0,3% (DAKO® Dinamarca), incubado por 3-5 minutos. A contra 
coloração foi obtida pela imersão das lâminas em hematoxilina de Harris por 2,5 minutos. Por 
fim, foram realizados os processos de desidratação em etanol, diafanização em xilol e 
montagem definitiva das lâminas com Entellan® (MERCK, Darmstadt, Germany). O controle 
negativo para cada caso foi obtido pela abolição do anticorpo primário nas reações. O controle 
positivo e as informações dos anticorpos estão descritos na Tabela 1. 
 
Tabela 1 – Descrição dos anticorpos utilizados 
Anticorpo Origem Fabricante Diluição Controle Positivo 
Anti-p53 
Monoclonal 
de 
camundongo 
Sigma-Aldrich 1:300 
Carcinoma 
epidermoide de boca 
Anti-Ki-67 
Monoclonal 
de coelho 
Biocare Medical 1:400 
Carcinoma 
epidermoide de boca 
Anti-CD105 
Monoclonal 
de 
camundongo 
Santa Cruz 
Biotechnology 
1:1000 
Carcinoma 
epidermoide de boca 
 
4.6 AVALIAÇÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA 
 
A avaliação das reações foi realizada com o software NIH ImageJ 1.52a (National 
Institute of Health, Maryland, EUA) a partir de imagens capturadas com câmera fotográfica 
(Bel Engineering, Eurekam 3.0, Milão, Itália) acoplada a microscópio de luz (Axiostar Plus, 
Carl Zeiss, Oberkochen, Alemanha), com magnitude de 400x. As imagens foram obtidas em 
regiões de hot spot. 
Para o anticorpo CD105, a marcação foi avaliada por meio da contagem individual dos 
neovasos em 5 a 10 campos consecutivos para cada caso, e foi registrada a média de vasos 
positivos em cada grupo de casos. 
A imunorreatividade de p53 e Ki-67 foi analisada por marcações positivas no núcleo 
das células epiteliais/mioepiteliais, contando-se o número de células positivas em relação ao 
número de células totais, em 5 a 10 campos consecutivos, contendo no mínimo 1000 células. O 
resultado compreende a média dos valores obtidos nos campos avaliados. Foram consideradas 
positivas as células que tiveram marcação acastanhada do núcleo. 
38 
 
 
4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA 
 
Após aplicação do teste de normalidade Shapiro-Wilk e a constatação da distribuição 
não normal dos dados avaliados, optou-se pela realização do teste não paramétrico de Kruskal-
Wallis para comparar a expressão de cada anticorpo (p53, Ki-67 e CD105), com os grupos de 
casos (AP, APR, CEAP, GN). Para comparações múltiplas entre os grupos foi utilizado o teste 
de Mann-Whitney. A correlação entre a marcação das proteínas em estudo foi feita por meio da 
correlação de Spearman. O nível de significância foi estabelecido em p < 0,05. 
 
 
39 
 
5 RESULTADOS 
 
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA 
 
Esta pesquisa foi composta por 10 casos de AP, 5 casos de APR, 7 casos de CEAP e 6 
casos de GN. Na tabela 2, encontram-se os dados descritivos referente a sexo, idade, localização 
anatômica e tempo de evolução dos casos que estavam disponíveis nos prontuários e fichas de 
biópsia, os quais estão mais detalhados no Apêndice 1. 
 
Tabela 2 - Dados clínicos das neoplasias estudadas 
Dados clínicos GN 
N=6 
AP 
N=10 
APR 
N=5 
CEAP 
N=7 
Sexo 
Masculino 2 (33,33%) 4 (40%) 2 (40%) 3 (42,8%) 
Feminino 4 (66,7%) 6 (60%) 3 (60%) 4 (57,2%) 
Idade (média±DP) 
 43,5 anos 38,7 anos 56,2 anos 58,8 anos 
 ±16,90 anos ±15,44 anos ±20,35 anos ±17,91 anos 
Localização anatômica 
Parótida 1 (16,67%) 3 (30%) 4 (80%) 3 (42,8%) 
Submandibular 0 2 (20%) 1 (20%) 2 (28,6%) 
Palato 0 2 (20%) 0 0 
Fundo de sulco posterior 0 1 (10%) 0 0 
Lábio superior 0 1 (10%) 0 1 (14,3%) 
Lábio inferior 3 (50%) 0 0 0 
Mucosa Jugal 0 1 (10%) 0 1 (14,3%) 
Assoalho da boca 2 (33,33%) 0 0 0 
Tempo de evolução - 5,0 12,2 17,25 
(anos±DP) ±3,69 ±10,70 ±10,81 
GN- Glândula salivar normal, AP- Adenoma pleomórfico, APR – Adenoma pleomórfico 
recidivado, CEAP- Carcinoma ex-adenoma pleomórfico, DP – Desvio Padrão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
5.2 ANÁLISE QUANTITATIVA DA IMUNOEXPRESSÃO DOS ANTICORPOS 
UTILIZADOS 
 
5.2.1 P53 
 
A expressão de p53 foi observada pela coloração castanha dos núcleos (Figura 1), 
sendo esta crescente do grupo de GN, para AP, APR e CEAP (Tabela 3). Foi observada 
diferença estatisticamente significativa entre AP e CEAP (p=0,040) e CEAP e GN (p=0,010) 
(Figura 4A). 
 
 
 
Figura 1 – Expressão imuno-histoquímica de p53 nos grupos GN- Glândula salivar normal, AP- Adenoma 
pleomórfico, APR- Adenoma pleomórfico recidivado, CEAP- Carcinoma ex-adenoma pleomórfico 
 
5.2.2 Ki-67 
 
A imuno-expressão de Ki-67 foi observada pela coloração castanha dos núcleos 
(Figura 2), sendo esta menor no grupo de GN e maior no grupo de CEAP (Tabela 3). Quando 
comparado os grupos de casos, houve diferença significante (p<0,05) entre AP e CEAP 
41 
 
(p=0,005), AP e GN (p=0,001), APR e CEAP (p=0,007), APR e GN (p=0,028) e CEAP e GN 
(p=0,003) (Figura 4B). 
 
Figura 2 – Expressão imuno-histoquímica de Ki-67 nos grupos GN- Glândula salivar normal, AP- Adenoma 
pleomórfico, APR- Adenoma pleomórfico recidivado, CEAP- Carcinoma ex-adenoma pleomórfico 
 
5.2.3 CD105 
 
A imuno-expressão de CD105, aferida através da marcação de neovasos (Figura 3), 
também foi menor em GN e maior em CEAP (Tabela 3). Os grupos que apresentaram diferença 
significante (p<0,05) foram AP e APR (p=0,037), AP e CEAP (p=0,011), AP e GN (p=0,009), 
APR e GN (p=0,006) e CEAP e GN (p=0,004) (Figura 4C). 
42 
 
 
 
Figura 3 – Expressão imuno-histoquímica de CD105 nos grupos GN- Glândula salivar normal, AP- Adenoma 
pleomórfico, APR- Adenoma pleomórfico recidivado, CEAP- Carcinoma ex-adenoma pleomórfico 
 
43 
 
 
Figura 4– Gráfico Boxplot revelando os níveis de expressão dos marcadores e distribuição dos dados 
em cada grupo. (A) O anticorpo p53 mostrou diferença estatística entre AP e CEAP (p=0,040) e CEAP 
e GN (p=0,010); (B) o anticorpo Ki-67 mostrou diferença estatística entre AP e CEAP (p=0,005), AP e 
GN (p=0,001), APR e CEAP (p=0,007), APR e GN (p=0,028) e CEAP e GN (p=0,003); (C) o anticorpo 
CD105 mostrou diferença estatística entre AP e APR (p=0,037), AP e CEAP (p=0,011), AP e GN 
(p=0,009), APR e GN (p=0,006) e CEAP e GN (p=0,004). * Outlier, ∆ diferença estatística entre dois 
grupos. GN- Glândula salivar normal, AP- Adenoma pleomórfico, APR- Adenoma pleomórfico 
recidivado, CEAP- Carcinoma ex-adenoma pleomórfico 
 
 
 
Tabela 3 - Porcentagem média de células marcadas para p53 e Ki-67 e média dos vasos 
positivos para CD105 nos grupos avaliados (GN, AP, APR, CEAP) 
Marcador GN AP APR CEAP 
 
p53 12,06±9,31 18,51±14,83 25,42±14,30 42,76 ± 24,77 
 
Ki-67 0,27±0,14 2,87±3,27 1,54±1,05 8,39±4,37 
 
CD105 4,43±0,28 6,99±2,00 10,56±3,31 27,84±14,95 
GN- Glândula salivar normal, AP- Adenoma pleomórfico, APR – AdenomaPleomórfico recidivado, CEAP- 
Carcinoma ex-adenoma pleomórfico 
 
 
44 
 
5.2.4 Correlação de Spearman 
 
A correlação entre a marcação das proteínas foi considerada positiva moderada quando 
confrontado os marcadores p53 e Ki-67 (r=0,515 / p=0,005) e p53 e CD105 (r=0,538 / p=0,003). 
A correlação positiva forte ocorreu em Ki-67 e CD105 (r=0,687 / p=0,000). 
 
 
45 
 
6 DISCUSSÃO 
 
Este estudo investigou, através de análise imuno-histoquímica, as diferenças entre 
algumas NGS, em comparação com GN. Dentre as neoplasias estudadas, está o AP, considerada 
a neoplasia benigna mais comum, representando aproximadamente 60%-73% das NGS (KAUL 
et al., 2017; PASSI et al., 2017). 
O AP mostra predileção pelo sexo feminino e tende a acometer pacientes entre a 4ª e 
6ª décadas de vida (PASSI et al., 2017). Os dados encontrados no presente estudo corroboram 
com a literatura, também foi encontrada predileção pelo sexo feminino e média de idade de 
38,7 anos. Quando se avalia os casos de AP que recidivaram, observa-se média de idade de 56,2 
anos. 
Com relação ao tempo de evolução, observou-se média de 5 anos para o AP e média 
de 12 anos para o APR. Essa diferença de tempo de evolução pode refletir na idade mais 
avançada em que o APR é diagnosticado. Esses dados diferem ligeiramente da literatura, que 
mostra tempo médio de evolução de AP de 4 anos e 11 meses (OHTAKÉ et al., 2002). Já para 
APR, apresenta grande variabilidade, de 51 meses a 10 anos (LASKAWI; SCHOTT; 
SCHRÖDER, 1998; SUH et al., 2009). Quanto aos casos de CEAP, o tempo médio de evolução 
foi de 17,5 anos, mais longo quando comparado com as outras neoplasias estudadas, tendo em 
vista que se soma ao tempo de evolução do AP prévio. Na literatura, esse tempo pode chegar a 
variar de um mês até 52 anos (OLSEN; LEWIS, 2001). 
Sabe-se que pode acontecer evolução do AP para CEAP, o que é mais comum de 
acontecer quando consideramos os APs que tendem a recidivar ou possuem longo tempo de 
evolução (NAGAO et al., 1981). Devido ao fato de evoluir a partir de um AP, encontramos 
neste estudo a mesma predileção pelo sexo feminino, e idade de acometimento maior do que o 
AP (58,8 anos). Esses resultados são consistentes com outros estudos (GEDLICKA et al., 2010; 
MARIANO et al., 2015; TARAKJI et al., 2012). 
Quanto a localização anatômica, considerando a totalidade das neoplasias estudadas, 
a GP foi a mais acometida, seguida pela glândula submandibular. Outros estudos mostram essa 
mesma sequência (FREITAS et al., 2005a; SOARES et al., 2009; SOARES; ALTEMANI; DE 
ARAÚJO, 2011). Nas NGS, cerca de 70% dos casos acomete a GP e 10% a glândula 
submandibular (SPEIGHT; BARRETT, 2020). 
Devido à dificuldade de diagnóstico, e de determinação do prognóstico das NGS, 
técnicas moleculares vêm sendo estudadas para contribuir com a elucidação de algumas 
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lacunas. Nesse contexto, muitos estudos já demonstraram que mutações envolvendo o gene 
supressor de tumor p53 podem desempenhar papel fundamental na patogênese das neoplasias 
humanas, inclusive nas NGS (FREITAS et al., 2005a; OHTAKÉ et al., 2002; TARAKJI; 
KUJAN; NASSANI, 2010). A expressão de p53, através de imuno-histoquímica, tanto nas 
NGS quanto nas GN mostram resultados conflitantes na literatura (KÄRJÄ et al., 1997). O 
presente trabalho apresentou baixa expressão de p53 nas GN. Esse resultado não é consistente 
com Deroche et al. (2008) que afirmam não haver expressão de p53 nos tecidos de GN 
adjacentes às neoplasias estudadas por eles. Em concordância, Ferreira et al. (2014) avaliaram 
a expressão de p53 em 4 casos de glândulas salivares menores adquiridas de lesões não 
neoplásicas e encontraram expressividade negativa (≤ 5% das células marcadas) em 100% dos 
casos. No entanto, a semelhança dos nossos resultados, outros estudos tem detectado a 
expressão de p53 em tecidos de mucosa oral normal (OGDEN et al., 1997), sendo essa 
marcação atribuída a uma possível estabilização da proteína p53 do tipo selvagem. Já foi 
apontado por alguns trabalhos que a técnica de imuno-histoquímica possui pouca especificidade 
para avalição da p53 mutada, uma vez que nem todas as células imunorreativas para p53 
apresentam mutações, podendo ocorrer apenas estabilização ou acúmulo de proteínas nos 
núcleos, o que pode explicar os resultados encontrados no presente estudo (LITOFSKY; 
RECHT, 1997; ROSA et al., 1997). No estudo de Tarakji et al. (2012), que investigaram 27 
casos de CEAP, e o tecido normal da glândula salivar adjacente ao tumor, observaram 
positividade fraca para as células glandulares em 55,55% dos casos. Deve-se levar em 
consideração que as glândulas normais estavam adjacentes ao tumor e isso pode ter influenciado 
no resultado. Li et al. (1995) também encontraram expressão positiva de p53 no tecido das 
glândulas salivares e concluíram que existe a possibilidade das células tumorais positivas para 
p53 estimularem as células normais da glândula salivar ao seu redor a produzirem a proteína 
p53. 
A expressão de p53 em AP também é controversa. A porcentagem média de células 
marcadas encontrada nesse trabalho foi de 18,51%. Resultados próximos ao nosso já foram 
relatados em outros estudos, onde cerca de 18%, 29% e até 37% dos casos de AP apresentaram 
imunorreatividade para p53 (DEGUCHI; HAMANO; HAYASHI, 1993; GOMES et al., 2012; 
OHKI et al., 2001). Outros estudos também encontraram expressão positiva de p53 em AP 
(DEROCHE; HOSCHAR; HUNT, 2008; KÄRJÄ et al., 1997; TARAKJI; KUJAN; NASSANI, 
2010). Tais resultados, levaram alguns autores a apontarem uma participação dessa proteína na 
transformação maligna de AP (OHKI et al., 2001; OHTAKÉ et al., 2002). Lesões com um 
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comportamento benigno, como o AP, podem permanecer por um longo período de tempo sem 
tratamento e isso pode levar a um acúmulo de mutações nos núcleos das células favorecendo 
então a transformação em CEAP (AL-RAWI; OMER; KAWAS, 2010). Expressões negativas 
ou baixas de p53 nas células de AP também já foram relatadas (FERREIRA et al., 2014; 
FREITAS et al., 2005a; SOARES; ALTEMANI; DE ARAÚJO, 2011; SOUZA et al., 2005). 
Para alguns autores, este achado sugere que p53 não participa do processo de patogênese do AP 
(ROSA et al., 1997). Contudo, outros consideram que a mutação no gene supressor de tumor 
Tp53 pode estar envolvido na transformação de AP em CEAP (ALVES et al., 2004). 
Poucos trabalhos na literatura reportam a imunoexpressão de p53 em APR. Um estudo 
realizado em 2011, avaliou a expressão de p53 em 26 casos de APR e 10 casos de AP. A 
porcentagem média de expressão foi de 0,4% e 0,2% respectivamente. A conclusão que os 
autores chegaram é que APR possui um comportamento semelhante ao AP, pois os valores de 
média foram muito próximos (SOARES; ALTEMANI; DE ARAÚJO, 2011). Neste

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