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Aula 11 Fundamentos da Matemática Filosofia Matemática Prof. Rafael Bertozzo Duarte SOBRE A AULA ❑ Objetivo ▪ Introduzir a corrente formalista. ❑ Conteúdos ▪ Formalismo. o O método axiomático; o Conceitos; o A metamatemática; o Aplicações. O Formalismo – O método axiomático • O criador e principal representante do formalismo é David Hilbert. • O formalismo nasceu das vitórias alcançadas pelo método axiomático. • Escolhe-se certo número de proposições primitivas. • Sobre elas se edifica a teoria cujas ideias só são aceitas mediante definições e demonstrações (axiomática material). • Procuram-se as consequências do sistema obtido sem preocupação com a natureza ou o significado inicial desses termos ou das relações entre eles existentes (axiomática abstrata). O Formalismo – O método axiomático • A axiomática abstrata pode investigar, por exemplo, a equivalência de duas teorias, a independência de axiomas, entre outros. • O método axiomático já era utilizado, ainda sem muito rigor formal, por Euclides, em seus Elementos. • Parte-se de noções tidas como claras (ponto, reta, etc.) e de certas proposições admitidas sem demonstração (dois pontos distintos individualizam uma reta). • Essas proposições se dividem em: • Axiomas (enunciados evidentes comuns a todas as ciências): “O todo é igual à soma de suas partes”; • Postulados (propriedades estritamente geométricas): “Por um ponto dado fora de uma reta passa no máximo uma paralela a essa reta.” O Formalismo – O método axiomático • Com o tempo, o método axiomático foi adquirindo cada vez mais rigor. • Hoje já não há distinção entre “axiomas” e “postulados”. Nem é conveniente distingui-los, sendo essas palavras consideradas sinônimos na matemática moderna. • O método axiomático é um ótimo instrumento de trabalho e de pesquisa no domínio da matemática, tendo sido responsável por grandes avanços em álgebra, topologia, e outros ramos da matemática. O Formalismo – Conceitos • O formalismo busca transformar o método axiomático, de técnica que é, na essência da matemática. • Os formalistas não buscam reduzir a matemática à lógica (como os logicistas), mas reconhecem a intersecção clara entre as duas ciências. Também se opõem ao intuicionismo buscando assentar a matemática tradicional sobre bases sólidas. • Os números são as propriedades estruturais mais simples dos objetos e constituem, por sua vez, objetos com novas propriedades. Para estudar as propriedades é necessário um sistema apropriado de símbolos. O Formalismo – Conceitos • Concordam com os intuicionistas de que alguns princípios e conceitos da matemática tradicional não têm conteúdo intuitivo pleno (como o infinito atual), porém acreditam que a dificuldade é removível sem grandes sacrifícios. É desnecessário abandonar o princípio do terceiro excluído, por exemplo. • É concebível para Hilbert a introdução de conceitos ideais, sem conteúdo intuitivo em matemática, para simplificar e sistematizar as disciplinas. Com isso, as leis da lógica clássica mantêm-se válidas. • Tal procedimento, no entanto, só será lícito se não trouxer contradições. Por isso, as provas de não contradição são de extrema importância para Hilbert. O Formalismo – Metamatemática • O termo “existência”, para Hilbert, é sinônimo de “não contraditório”, isto é, o sistema é lícito desde que seja possível provar simultaneamente uma proposição e sua negação. Essa demonstração de não contradição (metamatemática) se dá em três etapas: • Axiomatização; • Formalização. Substituição dos axiomas, postulados, conectivos e relações e princípios lógicos por símbolos e arranjos simbólicos sujeitos a regras bem definidas; • Demonstração de consistência das axiomáticas formalizadas. Para cada axiomática formalizada, prova-se sua consistência, evidenciando que não se pode chegar a arranjos simbólicos contraditórios quando se opera de acordo com as regras estabelecidas. O Formalismo – Aplicações • Em muitos casos, a prova da consistência de uma teoria A pode ser reduzida à da consistência de uma teoria B da seguinte forma: • Elabora-se um modelo de A, isto é, escolhe-se um sistema conveniente S, de objetos de B, de tal forma que, para esse sistema, sejam satisfeitas as proposições primitivas de A. • S é, então, um modelo da teoria A, e dessa forma constata-se que se B for consistente, A também o será. • Esse método foi usado para demonstrar a consistência da geometria plana não euclidiana de Lobatchewski, construindo um modelo dela por meio da geometria euclidiana. O Formalismo – Aplicações • Esse método, no entanto, tem uma validade relativa, pois depende da certeza da consistência do sistema sobre o qual se construiu o modelo, ou o modelo tem que ser tão simples e evidente a ponto de ter a consistência assegurada. • Sua aplicação também não é geral, já que não é possível aplicá-lo para aritmética elementar ou análise, pois não existem teorias mais seguras ou mais simples nas quais se possam construir os modelos apropriados correspondentes. REFERÊNCIAS ALVES, F. R. V. Filosofia das Ciências e da Matemática. Instituto Federal de Educação. Fortaleza, 2011. COSTA, N. C. Introdução aos Fundamentos da Matemática. 3ª ed. Hucitec. São Paulo, 1992. Bons estudos!