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Metodologias e ferramentas de pesquisa em análises ambientais

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ECOLOGIA E 
ANÁLISES 
AMBIENTAIS
Roberto Marques Damiani
Metodologias e 
ferramentas de pesquisa 
em análises ambientais 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever a metodologia científica aplicada a pesquisas ambientais.
  Listar os instrumentos de pesquisa aplicados às análises ambientais.
  Reconhecer as técnicas utilizadas nas análises ambientais.
Introdução
A observação e a análise de seu habitat sempre fez parte da história do 
ser humano. Desde o princípio, a espécie humana buscou conhecimentos 
sobre o que ocorre ao seu redor, na tentativa de entender seu funcio-
namento para antever fenômenos e se preparar para as variações que 
naturalmente ocorriam. Também é verdade que nenhuma outra espécie 
causou e ainda causa tantas alterações no planeta quanto a humana. 
É de vital importância, contudo, ter um raciocínio científico por detrás 
desse olhar analítico do meio ambiente e de suas interações. O método 
científico é a alavanca para o conhecimento e deve, portanto, balizar a 
pesquisa em análises ambientais.
Neste capítulo, você vai saber de que forma a observação científica é 
importante nas análises ambientais. Além disso, vai conhecer as principais 
amostras e métodos utilizados em análises ambientais e reconhecer sua 
importância como instrumentos de pesquisa.
1 A pesquisa e as análises ambientais
A ciência ambiental deve ser entendida, antes de mais nada, como o estudo 
das interações complexas entre diferentes elementos atmosféricos, aquáticos, 
terrestres, vivos e antropológicos e como essas interações são capazes de afetar 
cada um deles (MANAHAN, 2013). A metodologia científi ca aplicada às ciên-
cias ambientais envolve conhecimentos sobre o método científi co tradicional, 
o qual baseia-se inicialmente na observação, momento de prestar atenção em 
todos os detalhes para tentar entender um fenômeno. É aí que surge a ideia. 
Em seguida vem a formulação de hipótese, momento de estabelecer qual é a 
questão de pesquisa, ou seja, o que se quer responder com esse estudo. A revisão 
bibliográfi ca tem grande importância na etapa de formulação, pois é nela que 
são determinados o objetivo e a metodologia da pesquisa. 
Em relação especificamente às questões metodológicas, é fundamental 
escolher os critérios de amostragem (o que e onde coletar), além do alcance do 
estudo. Tendo em mente a pergunta a ser respondida com a pesquisa, inicia-se 
a coleta de dados, que no âmbito das ciências ambientais envolvem amostras 
coletadas dos compartimentos ambientais, dados geográficos, meteorológicos, 
socioeconômicos, etc. De posse desses dados, é chegada a hora de realizar a 
análise, que requer ferramentas analíticas adequadas e confiáveis. Com os 
resultados em mãos, realiza-se a reflexão: como esses dados interagem uns 
com os outros e com os dados de outros estudos? O que eles me informam? 
Esse é o embasamento necessário para se chegar a uma conclusão: a hipótese 
levantada se sustenta cientificamente ou não? Todos esses passos culminam 
na elaboração de um relatório apresentando os achados da pesquisa. A Figura 
1 apresenta um fluxograma com as etapas citadas (observação, formulação 
de hipótese, coleta de dados, análise, reflexão, conclusão). Tal fluxograma 
aplica-se perfeitamente a um delineamento envolvendo pesquisas do escopo 
das análises ambientais (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013). 
Figura 1. Etapas de uma pesquisa quantitativa utilizando o método científico.
Fonte: Sampieri, Collado e Lucio (2013, p. 31).
Metodologias e ferramentas de pesquisa em análises ambientais2
Alguns elementos são fundamentais nesse processo, como a pergunta da 
pesquisa (quais questões esse estudo abordará), sua relevância (por que são 
importantes essas questões), o delineamento (como será feito o estudo), os 
locais e as amostras (onde será feito e o que vamos analisar), as variáveis (que 
tipo de análise e de metodologias serão realizadas) e, por fim, os aspectos 
estatísticos (testagem das hipóteses, tamanho da amostra e abordagem 
analítica). Tais elementos são comuns na grande maioria dos protocolos 
de pesquisa, seja ela ambiental, experimental, clínica ou translacional 
(HULLEY et al., 2015). 
Todo o planejamento deve ser baseado a partir do problema que se deseja 
conhecer e/ou resolver. Portanto, a observação é fundamental e deve receber 
grande atenção quando se planeja em estudo no âmbito das análises ambien-
tais. A partir do conhecimento sobre o problema e sobre o tipo de análise que 
se pretende realizar, deve-se escolher os locais, os períodos e as amostras a 
serem coletadas, além dos procedimentos para coleta e as técnicas analíticas a 
serem utilizadas. Essas últimas vão desde metodologias químicas clássicas até 
métodos de química analítica altamente sofisticados, além de procedimentos 
que envolvem análises microbiológicas (MANAHAN, 2013). É importante 
qualificar e quantificar as alterações que são causadas no meio ambiente com 
o intuito de conhecer o problema, para então propor medidas de controle e 
remediação. Nesse sentido, existem indicadores de impacto ambiental, os quais 
se apresentam de forma numérica ou qualitativa (bom, regular, ruim, péssimo; 
aceitável ou não aceitável, por exemplo) (ROSA; FRACETO; MOSCHINI-
-CARLOS, 2012).
É preciso considerar ainda a análise dos recursos ambientais de forma 
ampla, abrangendo meios físicos (água, ar, solo, clima, correntes marinhas e 
atmosféricas), biológicos (ecossistemas, fauna, flora, espécies indicadoras de 
qualidade ambiental, espécies de valor econômico e científico e/ou ameaçadas 
de extinção) e socioeconômico (dependência por parte da região dos recursos 
naturais, sítios arqueológicos, históricos e culturais) (ROSA; FRACETO; 
MOSCHINI-CARLOS, 2012). Isso significa que o analista ambiental deve 
ter conhecimentos, ainda que básicos, de outras disciplinas, como geografia, 
meteorologia, sociologia, ciências políticas e legislação, além de sólida for-
mação em físico-química e em ciências biológicas. 
Assim, a metodologia científica aplicada às pesquisas ambientais segue 
o mesmo fluxo metodológico das ciências biomédicas, porém com as parti-
cularidades que as ciências ambientais apresentam, como o conhecimento 
além do biológico. O analista ambiental deve ter uma visão sistêmica sobre o 
problema a ser estudado e entender a questão em todos os seus aspectos. Uma 
3Metodologias e ferramentas de pesquisa em análises ambientais
pesquisa ambiental deve ser pensada do ponto de vista ecológico, econômico 
e de saúde humana. Tal característica é que torna essa área tão complexa e ao 
mesmo tempo tão interessante. Nos tópicos a seguir, serão apresentados os 
principais instrumentos e técnicas que servem de ferramenta no escopo das 
ciências ambientais. O foco é a apresentação geral desse tema, sem a pretensão 
de esgotar o assunto, dado o volume e a gama de informações que são geradas 
e disponibilizadas nesse âmbito todos os dias. 
2 De quais instrumentos de pesquisa dispõe 
um analista ambiental?
Antes de tudo, é necessário distinguir uma pesquisa (ou estudo) ambiental de 
um monitoramento ambiental. Na pesquisa ambiental, o objetivo é revelar 
algo que ainda não se tem conhecimento, como, por exemplo, determinar a 
concentração de metais pesados na praia de Regência, no estado do Espirito 
Santo, após o acidente ambiental na represa do Fundão, distrito de Mariana 
(MG). Já no monitoramento ambiental, dados são coletados em sequência 
e comparados entre si. Um exemplo disso seria coletar amostras durante 
vários meses para realizar uma análise periódica dos níveis de coliformes 
totais e termotolerantes no lago Guaíba, em Porto Alegre (RS) (ROCHA; 
ROSA; CARDOSO, 2009). Em ambos, busca-se preferencialmente determinar 
concentrações de elementos químicos, dados físico-químicos, quantifi cações 
de contaminações biológicas, presença de elementos radioativos e possíveis 
desequilíbrios ambientais. 
A melhor situação nessas ocasiões ocorrequando é possível realizar 
medições no próprio local de estudo (in situ). Na maioria das vezes, isso 
não é possível e análises laboratoriais se fazem necessárias. Um exemplo 
de análise in situ seria a medida da concentração de ozônio atmosférico em 
uma estação de monitoramento de emissão de poluentes (BAIRD; CANN, 
2012). Entretanto, como mencionado anteriormente, em muitos casos a medida 
in situ é impossibilitada pela inviabilidade de se transportar instrumentos 
que exigem ligação a uma rede elétrica. Além disso, os equipamentos são 
delicados, além de serem grandes e pesados. Porém, realizam medidas com 
elevadíssima precisão, exatidão, sensibilidade e especificidade. Sendo assim, 
é preciso que se proceda a coleta de amostras e seu posterior transporte para 
Metodologias e ferramentas de pesquisa em análises ambientais4
um laboratório de análise. A essa etapa do processo, em que são realizadas 
as coletas das amostras, dá-se o nome de amostragem (ROCHA; ROSA; 
CARDOSO, 2009). 
Alguns aspectos devem ser considerados nesse planejamento, como o 
tipo de amostrador disponível, as características físico-químicas do analito 
a ser investigado, as condições meteorológicas do local na data das coletas e 
o treinamento da equipe. Existem normas nacionais (Cetesb–SP, ABNT) e 
internacionais (EPA–USA) que visam a padronização dos procedimentos. Além 
disso, é preciso adotar procedimentos de cadeia de custódia para que se possa 
rastrear todos os processos e indivíduos que manusearam a amostra, visando 
identificar possíveis erros e eventuais violações capazes de comprometer a 
qualidade e a credibilidade das análises. Além disso, todas as amostras devem 
ser armazenadas em temperatura adequada, de acordo com cada material a 
ser avaliado, e ao abrigo da luz (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS 
TÉCNICAS, 1987).
Em química analítica, análises toxicológicas e análises ambientais, frequentemente 
utiliza-se o termo matriz para se referir à amostra e o termo analito para se referir ao 
composto ou substância que se está analisando. 
Outras providências se referem à determinação da quantidade ideal de 
amostra, bem como à frequência das coletas, no caso específico de monito-
ramento. Esse tipo de escolha está relacionada a parâmetros analíticos, como 
limites de detecção e de quantificação do equipamento ou da técnica a ser 
empregada nas análises. O material dos recipientes que receberão as amostras 
também deve ser alvo de atenção, já que, dependendo do que se quer analisar, 
o recipiente pode ter elementos que podem influenciar na identificação dos 
compostos (não é recomendado, por exemplo, o uso de recipiente metálico 
para análise de metais pesados em efluentes industriais, pois isso poderia 
interferir nos resultados) (ROCHA; ROSA; CARDOSO, 2009). A Figura 2 
resume os aspectos relevantes no processo de amostragem.
5Metodologias e ferramentas de pesquisa em análises ambientais
Figura 2. Aspectos que devem ser levados em consideração durante um processo de 
amostragem.
Fonte: Adaptada de Rocha, Rosa e Cardoso (2009).
Como pode-se perceber, além de questões inerentes à amostra e às maneiras 
de realizar sua coleta, o analista deve atentar para aspectos demográficos, 
econômicos e meteorológicos. Nesse quesito, sites oficiais de órgãos públicos, 
como prefeituras, governos estaduais e federais e entidades governamentais 
especializadas em dados demográficos, devem ser acessados com o intuito de 
pesquisar informações gerais sobre, por exemplo, variações climáticas, den-
sidade demográfica, Produto Interno Bruto e principais atividades industriais 
e agrícolas das regiões que se deseja estudar.
É possível consultar, por exemplo, os sites oficiais das seguintes entidades para bus-
car informações de aspectos demográficos, econômicos e meteorológicos a serem 
utilizados nas pesquisas ambientais:
  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
  Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea);
  Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC).
Metodologias e ferramentas de pesquisa em análises ambientais6
Tipos de amostras
Instrumentos clássicos de pesquisa como questionários e entrevistas, apesar 
de terem aplicação nas ciências ambientais, não fi guram como protagonistas 
nesse campo de conhecimento. Entre os instrumentos de maior valor para uma 
pesquisa de característica ambiental estão, sem sombra de dúvidas, as amostras 
ambientais. São elas que trarão as informações sobre o grau de contaminação 
de um determinado local, de uma determinada região ou de uma grande área 
em estudo. Basicamente, existem três tipos de amostras ambientais (sem con-
siderar o biomonitoramento) que o analista ambiental vai encontrar: amostras 
líquidas, amostras sólidas e amostras de gases e partículas.
Para coletar amostras líquidas (rios, lagos, lagoas, reservatórios, efluentes, 
poços, etc.), existem diferentes métodos e recipientes que podem ser utilizados. 
Os mais comuns são recipientes de vidro (borossilicato) ou polietileno. Em 
coleta de águas superficiais, deve-se introduzir o frasco com a boca voltada 
para baixo, a aproximadamente 30 cm da superfície no sentido contra a cor-
rente. Quando se coleta água em maiores profundidades, pode ser utilizada 
uma garrafa de Van Dorn (Figura 3), que possui um fechamento automático 
quando se atinge o fundo ou a profundidade em que se deseja coletar a água 
ou o efluente (1060 COLLECTION..., 2017), Standard Methods For the Exa-
mination of Water and Wastewater). 
Figura 3. Garrafa de Van Dorn de fluxo vertical: (a) montada; (b) desmontada.
Fonte: São Paulo (2011, documento on-line).
7Metodologias e ferramentas de pesquisa em análises ambientais
Também é necessário o conhecimento sobre a realização de coletas de 
amostras sólidas (solos para análise de fertilidade, solos para estudo de 
perfil, sedimentos, minérios, ligas metálicas, grãos, etc.). Por se tratarem de 
amostras pouco ou nada homogêneas, muitas vezes é necessário que esse 
material sofra um tratamento para ficar menos heterogêneo. Estratégias como 
a realização de coletas em diferentes pontos com posterior mistura desses 
materiais podem ser adotadas para se obter um resultado que reflita com 
maior certeza o que está ocorrendo no ambiente. Outra questão a ser levada 
em conta é a profundidade do solo e a coleta em diferentes profundidades. 
Em relação a isso, dragas, brocas, trados e tubos são utilizados. A vantagem 
da utilização de tubos ocos para a coleta de solo é a possibilidade de se fazer 
secções e analisar eventuais diferenças em cada profundidade do solo analisado 
(ROCHA; ROSA; CARDOSO, 2009).
Amostras de gases e partículas atmosféricas devem ser tratadas di-
ferentemente entre si. Quanto à fase gasosa, ao contrário do que ocorre em 
amostras sólidas, a atmosfera porta-se como uma matriz homogênea. Porém, 
uma limitação nesse caso é que às vezes o analito encontra-se bastante diluído. 
Em virtude disso, a pré-concentração da amostra é realizada para que se possa 
detectar e quantificar o analito. Para se avaliar emissão de gases atmosféricos, 
podem ser utilizados filtros de celulose impregnados com soluções absorven-
tes. Tais soluções reagem com os gases de interesse, produzindo uma medida 
indireta de sua concentração. 
O material particulado, por sua vez, é classificado de acordo com seu 
diâmetro aerodinâmico em dois grandes grupos (existem divisões em mais 
grupos, mas por ora vamos falar em uma divisão mais geral): partículas com 
diâmetro médio maior que 10 micrômetros (chamadas de partículas grossas) 
e partículas com diâmetro médio menor que 10 micrômetros (chamadas de 
partículas inaláveis). Da mesma forma que acontece com os gases, o material 
particulado também pode ser analisado por meio de filtros de celulose. Nesse 
caso, porém, não se utiliza soluções absorventes, pelo fato de que serão as pró-
prias partículas que ficarão retidas no filtro. Com essa metodologia, portanto, 
é possível determinar a composição do material, além de sua concentraçãono 
ambiente (ROCHA; ROSA; CARDOSO, 2009).
Há também o biomonitoramento, em que são utilizados organismos bio-
lógicos que respondem a alguma alteração ambiental, de forma que se possa 
ser mensurada tal alteração. Pensando em um planejamento para realizar o 
biomonitoramento como ferramenta, é necessário reconhecer a existência de 
pelo menos duas estratégias: o monitoramento ativo, em que a coleta de dados 
é feita levando filtros ou organismos bioindicadores para o local de análise; e 
Metodologias e ferramentas de pesquisa em análises ambientais8
o monitoramento passivo, quando são utilizados organismos ou equipamentos 
que permanecem no local por um tempo indeterminado. Neste tipo de estudo, 
os bioindicadores utilizados podem ser espécies vegetais, animais (vertebra-
dos e invertebrados), além de espécies de fungos e bactérias. O requisito é 
que a espécie seja sensível a um determinado poluente (ou a um conjunto 
de poluentes) a ponto de sofrer uma alteração fisiopatológica que se possa 
detectar. A vantagem de se utilizar o monitoramento ativo é poder escolher 
os pontos para fazer as análises e ter a versatilidade de analisar vários locais 
de interesse. Como desvantagem do monitoramento ativo está a dificuldade 
de se realizar estudos a longo prazo para verificar efeitos crônicos e efeitos de 
bioacumulação. Para estes dois últimos, o monitoramento passivo é o modelo 
ideal de estudo. Porém, uma desvantagem do monitoramento passivo é uma 
eventual limitação dos locais de amostragem, pelo motivo de depender de 
espécies que habitem nos locais analisados.
As macrófitas aquáticas, também conhecidas como plantas aquáticas, são amplamente 
utilizadas como bioindicadores da qualidade de leitos hídricos. Esses vegetais tam-
bém são empregados nos bioensaios para toxicidade de pesticidas como herbicidas, 
inseticidas e fungicidas aplicados em monoculturas como arroz, soja, algodão, feijão 
e milho. Della Vecchia et al. (2016) verificaram em um estudo a viabilidade para o uso 
de Lemna minor e Azolla caroliniana como bioindicadores de exposição à praguicidas 
de diferentes classes. Os autores observaram que a primeira (Lemna minor) pode ser 
utilizada como bioindicador para monitorar a exposição ao herbicida atrazina (larga-
mente utilizado em plantações de milho, por exemplo) e aos fungicidas produzidos 
à base de piraclostrobina.
3 Técnicas de análise
Por se tratarem de matrizes complexas, as amostras ambientais devem passar 
por métodos de extração, que visam a purifi cação do analito, antes de serem 
analisadas. Essas técnicas variam de acordo com as propriedades físico-químicas 
das substâncias em estudo, sendo as principais a extração líquido–líquido e ex-
tração em fase sólida para orgânicos não voláteis; a microextração em fase sólida 
acoplada ou não ao headspace para amostras de gases e substâncias voláteis; e as 
técnicas de mineralização por via úmida ou por via seca para análise de metais. 
9Metodologias e ferramentas de pesquisa em análises ambientais
Muitas análises feitas em amostras ambientais são realizadas utilizando 
métodos clássicos, que exigem reagentes químicos e vidrarias (balões volumé-
tricos, buretas, balanças, pipetas e outros equipamentos simples de laboratório). 
As técnicas de titulação são particularmente empregadas em protocolos de 
avaliação de parâmetros em águas e efluentes, como dureza, acidez, alcali-
nidade e concentração de oxigênio dissolvido. Entretanto, muitos métodos 
já foram padronizados para procedimentos instrumentais com automação. 
Entre os métodos mais comuns em laboratórios analíticos estão os espectro-
fotométricos, que se dividem entre espectrofotometria de absorção (Figura 4), 
absorção atômica e análises de emissão (MANAHAN, 2013). 
Figura 4. Na espectrofotometria, a luz emitida pela lâmpada sofre uma dispersão, 
separando-se em diversos comprimentos de onda (cores). Destes, apenas um com-
primento é selecionado pelo monocromador. Este feixe selecionado passa por uma 
cubeta contendo a amostra. A quantidade de luz detectada ao final é denominada 
porcentagem de transmitância (%T), uma medida inversamente proporcional à quan-
tidade de luz absorvida pela substância na amostra, denominada absorbância (%A).
Fonte: extender_01/Shutterstock.com.
Antigamente chamada de colorimetria, a espectrofotometria de absorção 
baseia-se na medida de %T de um feixe de luz monocromática que passa por 
alguma solução contendo substância com capacidade de absorver luz em de-
terminado comprimento de onda. Essa medida é comparada com a intensidade 
dessa luz que passa por uma solução sem a substância que está sendo submetida 
à análise (branco). Na pesquisa de metais cujas amostras são coletadas no 
Metodologias e ferramentas de pesquisa em análises ambientais10
meio ambiente, são utilizados os métodos de absorção atômica e as análises 
de emissão. Na absorção atômica, o que absorverá a luz monocromática é 
uma nuvem formada pelos átomos do metal que está sob análise. O que faz 
que esse método apresentar alta seletividade é o fato de que a fonte de luz 
monocromática é formada pelos mesmos átomos que estão sendo analisados 
(MANAHAN, 2013). 
Outro princípio muito utilizado em análises ambientais é o que embasa as 
técnicas de cromatografia (Figura 5). São basicamente métodos de separação 
de moléculas segundo uma escala de afinidade. Tais métodos são constituídos 
de uma fase estacionária, contendo um composto capaz de interagir com as 
substâncias que serão carregadas pela fase móvel (solvente). Dependendo da 
afinidade entre os analitos e a fase estacionária, o tempo que estes levam para 
percorrer todo o percurso contendo a fase estacionária e serem detectadas se 
torna diferente. Assim sendo, com essa técnica é possível realizar a separação, 
detecção e quantificação de diferentes contaminantes em amostras complexas. 
Figura 5. Técnica de cromatografia.
Fonte: chakapong/Shutterstock.com.
Os métodos cromatográficos dividem-se em basicamente três tipos (MO-
REAU; SIQUEIRA, 2016): 
11Metodologias e ferramentas de pesquisa em análises ambientais
  cromatografia em camada delgada (CCD), usada mais para análises 
de triagem; 
  cromatografia a gás (CG), em que a fase móvel é um gás, sendo utilizada 
para análises de compostos orgânicos voláteis e orgânicos termoestáveis;
  cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), em que a fase móvel 
é um solvente, sendo utilizada para compostos orgânicos não voláteis 
e orgânicos termo instáveis.
O Quadro 1 resume os métodos de análise, bem como suas respectivas 
aplicações e limitações.
Método Exemplos de aplicações Limitações
Titulação Concentração de oxigênio 
dissolvido, demanda bioquí-
mica de oxigênio (DBO) e 
dureza na água
Medidas indiretas dos 
analitos. Especificidade 
limitada
Espectrofotometria Concentração de dióxido 
de nitrogênio e ozônio 
atmosféricos
Especificidade limitada
Absorção e emissão 
atômica
Contaminação por metais 
pesados como mercúrio, 
chumbo, alumínio em dife-
rentes tipos de amostras
Demanda elevados 
investimentos em infraes-
trutura e manutenção
Cromatografia em 
camada delgada
Presença de drogas de 
abuso e medicamentos em 
efluentes domésticos ou 
hospitalares
Atém-se a análi-
ses qualitativas e 
semiquantitativas 
Cromatografia líquida 
de alta eficiência
Quantificação por pestici-
das em diversas amostras 
ambientais
Não se aplica a análises 
em orgânicos voláteis. 
Demanda elevados 
investimentos em infraes-
trutura e manutenção
Cromatografia a gás Quantificação de contamina-
ção por derivados de petró-
leo em diversas amostras 
ambientais
Demanda elevados 
investimentos em infraes-
trutura e manutenção
Quadro 1. Métodos de análise de amostras ambientais
Metodologias e ferramentas de pesquisa em análises ambientais12
Por fim, após o planejamento, coleta e análise dos dados, chega o momento 
de se proceder a estatística, tirar as conclusões, realizar discussões (comparar 
os achados com a literatura e com as informações sociodemográficase mete-
orológicas) e elaborar o relatório. Tal relatório pode assumir a forma de uma 
publicação científica, em periódico indexado. Outra opção é elaborar um dossiê 
sobre determinada área ou sobre alguma atividade industrial, comercial, rural 
ou doméstica que possa causar impactos no meio ambiente. De posse desses 
dados, medidas de remediação e prevenção podem ser planejadas e executadas.
No final da década de 1950, cientistas dos Estados Unidos, ao estudarem danos foliares 
em plantações de tabaco, descobriram que o ozônio atmosférico era o causador dessas 
alterações, que causavam perdas econômicas para a agricultura (HEGGESTAD et al., 
1964). Desde então, essa planta vem sendo utilizada como uma espécie bioindicadora 
das concentrações de ozônio atmosférico em diversos estudos ao redor do mundo. 
Este é um exemplo em que a observação de um fenômeno e a identificação do 
causador levaram à reposta de por que as plantas exibiam tais manchas. Mais do que 
isso, a conclusão desse estudo abriu um leque de possibilidades para novos estudos. 
Isso é ciência aplicada às análises ambientais.
1060 COLLECTION and preservation of samples. In: STANDARD Methods For the Exa-
mination of Water and Wastewater. [S. l.], 2017. DOI: 10.2105/SMWW.2882.009
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 9898:1987: preservação 
e técnicas de amostragem de afluente líquidos e corpos receptores: procedimento. 
Rio de Janeiro: ABNT, 1987.
BAIRD, C.; CANN, M. Química ambiental. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
DELLA VECCHIA, J. F. et al. Utilização de bionsaios com macrófitas no biomonitoramento 
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Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/pd/v34n3/0100-8358-pd-34-03-00597.pdf. 
Acesso em: 19 jun. 2020.
HEGGESTAD, H. E. et al. Leaf injury on tobacco varieties resulting from ozone, ozonated 
hexene-1 and ambient air of metropolitan areas. United Kingdom, 1964. Disponível em: 
https://www.osti.gov/etdeweb/biblio/6296049. Acesso em: 19 jun. 2020.
13Metodologias e ferramentas de pesquisa em análises ambientais
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
HULLEY, S. B. et al. Delineando a pesquisa clínica. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
MANAHAN, S. E. Química ambiental. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
MOREAU, R. L. de M.; SIQUEIRA, M. E. P. de B. Toxicologia analítica. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2016.
ROCHA, J. C.; ROSA, A. H.; CARDOSO, A. A. Introdução à química ambiental. 2. ed. Porto 
Alegre: Bookman, 2009.
ROSA, A. H.; FRACETO, L. F.; MOSCHINI-CARLOS, V. (org.). Meio ambiente e sustentabilidade. 
Porto Alegre: Bookman, 2012.
SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. F.; LUCIO, M. P. B. Metodologia de pesquisa. 5. ed. Porto 
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SÃO PAULO. Companhia Ambiental do Estado. Guia nacional de coleta e preservação 
de amostras: água, sedimento, comunidades aquáticas e efluentes líquidos. São Paulo: 
CETESB; Brasília, DF: ANA, 2011. Disponível em: http://arquivos.ana.gov.br/institucional/
sge/CEDOC/Catalogo/2012/GuiaNacionalDeColeta.pdf. Acesso em: 19 jun. 2020.
Leitura recomendada
CHANG, R. Físico-química para as ciências químicas e biológicas. 3. ed. Porto Alegre: 
AMGH, 2009. v. 2.
Metodologias e ferramentas de pesquisa em análises ambientais14

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