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TERAPIA 
OCUPACIONAL 
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO 
TERAPIA OCUPACIONAL 
2 
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 
 
 
 
 
 
 
 
ARESENTAÇÃO 
 
 
 
O Instituto INE apresenta este módulo, com o intuito contínuo de proporcionar- 
lhe um ensino de qualidade, com estratégias de acesso aos saberes que conduzem ao 
conhecimento, na área da Educação. 
Nesse sentido, todos os nossos projetos são, fortemente, comprometidos com 
o seu progresso educacional, na perspectiva do seu melhor desempenho, como aluno- 
profissional permissivo à busca do crescimento intelectual. 
Sendo assim, e, em busca desse conhecimento, homens e mulheres se 
comunicam, têm acesso à informação, expressam opiniões, constroem visões, 
diferenciadas, de mundo e produzem cultura, a partir e através de estudos e pesquisas, 
que essa instituição quer garantir a todos os seus alunos, a saber: o direito às 
informações necessárias para o exercício de suas variadas funções. 
Assim, expressamos nossa satisfação em apresentar o seu novo material de 
estudo, moderno, atual e, totalmente baseado nas mais renomadas autoridades da área, 
formulado pelo nosso setor pedagógico, que está sempre empenhado na facilitação de 
um construto melhor para os respaldos teóricos e práticos exigidos ao longo do curso. 
Contudo, para a obtenção do sucesso esperado por você, é necessário que 
seja dispensado um tempo específico para a leitura deste material, produzido com muita 
dedicação pelos Doutores e Mestres que compõem a equipe docente do Instituto INE. 
Leia com atenção os conteúdos aqui abordados, pois eles nortearão o princípio 
de suas ideias, que se iniciam com um intenso processo de reflexão, análise e síntese 
dos saberes. Este módulo está disponível apenas como base para estudos deste curso. 
Obstante, o material aqui ofertado não tem sua comercialização permitida, em 
nenhum formato, sendo, os créditos de autoria dos conteúdos deste material, dados aos 
seus respectivos autores citados nas Referências. 
Em sendo, desejamos sucesso nesta caminhada e esperamos, mais uma vez, 
alcançar o equilíbrio e contribuição profícua no processo de conhecimento de todos! 
 
Atenciosamente, 
Coordenação Pedagógica do Instituto INE 
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Sumário 
Introdução .......................................................................................................... 4 
Recurso Terapêutico ........................................................................................ 11 
PRIMEIROS PRINCÍPIOS 14 
ATIVIDADE = EXERCÍCIO 15 
MODELO DO PROCESSO DE TERAPIA OCUPACIONAL MATERIALISTA 
HISTÓRICO 39 
SAÚDE E POLÍTICA 47 
FRENTE A UM O QUE FAZER 48 
ROTEIROS PARA ANÁLISE DE ATIVIDADE .................................................. 49 
ROTEIRO PARA ANÁLISE 49 
REFERÊNCIA .................................................................................................. 52 
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Introdução 
 
 
Antes de entrar na difícil tarefa de responder à célebre pergunta: o que é 
terapia ocupacional? Faz-se necessário levantar outras, na busca de 
esclarecer certos mal-entendidos que o cotidiano e o senso comum nos 
lançam. Exemplos não faltam para ilustrar tal confusão. 
É comum ouvir-se: "Fazer tricô é uma boa terapia, quando estou 
irritada!", ou "Minha terapia é mexer com terra, isso me descansa!", aí pode-se 
perguntar: qual será o significado dessas afirmações (expressões)? Ou, então, 
quando num comercial de TV o apresentador fala em tom de seriedade: "Faça 
a sua terapia ocupacional, confeccionando suas próprias roupas!". Ou ainda, 
quando uma revista infantil faz propaganda de álbum de figurinhas ou de jogos 
educativos: "Esta é uma terapia ocupacional para o seu filho!". Ou mesmo a 
grande confusão formada (criada) quando um terapeuta ocupacional ao falar 
da sua profissão depara-se com seu interlocutor preocupado em mostrar ter 
compreensão do assunto, afirmando: "Ah! Você dá trabalhos para ocupar os 
loucos!" ou "Você brinca com as crianças!" 
Ora, e quando é que o trabalho, a brincadeira, a execução das 
atividades do cotidiano é fazer terapia ocupacional? 
Será que, buscando o significado das palavras terapia e ocupacional, 
conseguiremos fazer alguns reparos introdutórios em relação a tantos mal- 
entendidos. Vamos arriscar! 
Ao consultar o Novo dicionário Aurélio, encontramos no verbete 
terapêutica: "do grego Therapeutikê, pelo latim therapeutica — parte da 
medicina que estuda e põe em prática os meios adequados para aliviar ou 
curar doentes; Terapia. Terapêutica Ocupacional — psiq. Aquela que procura 
desenvolver e aproveitar o interesse do paciente por um determinado trabalho 
ou ocupação: Terapia Ocupacional, laborterapia, ergoterapia (nesta acep. C.F. 
praxiterapia)". 
Conforme solicitação do autor, partimos então à procura do verbete 
praxiterapia e diz o seguinte: "(de praxis + terapia) técnica de tratamento 
usada, em geral, com doentes crônicos internados, e que consiste na utilização 
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terapêutica do trabalho, distribuindo-se aos pacientes tarefas de complexidade 
crescente". 
Mais uma caminhada à procura de ocupacional, porque o que buscamos 
é o significado das palavras e, por mais que no verbete Terapêutica tenhamos 
encontrado, para a surpresa de alguns, terapia ocupacional, deve-se lembrar 
que ocupacional encontra-se ainda subentendido. Quanto a ocupacional, diz o 
autor: "referente a ocupação, trabalho, ofício". Vejamos agora ocupação: "do 
latim occupatione — ato de ocupar, ou de apoderar-se de algo — Ofício, 
trabalho, emprego, serviço...". 
Após um vai-e-vem entre páginas, constata-se que a investida no estudo 
das raízes das palavras permite-nos compreender a terapia ocupacional como: 
técnica (parte da medicina que estuda e põe em prática) que utiliza o trabalho 
como recurso (meio adequado) para tratar (aliviar ou curar os doentes). 
Bem, até aqui a definição advinda via etimologia das palavras terapia e 
ocupacional parece bastante simples, pois, uma vez que ela é apenas uma 
técnica de aplicar trabalho, ocupação, afazeres, para curar doentes e uma vez 
que todos os homens e cada homem em particular tem conhecimentos do 
trabalho humano, então basta trabalhar quando se está doente para curar a 
doença. 
Aqui, porém, a "coisa" começa a se complicar. Com efeito, se a terapia 
ocupacional é realmente uma profissão técnica, ela não é, entretanto, a simples 
aplicação de técnicas. Ora, o que caracteriza a terapia ocupacional é 
precisamente o meio que se propõe para tratar. Entretanto, para que o uso de 
atividade, ação, trabalho, possa ser conceituado como terapia ocupacional, é 
preciso que se satisfaça uma série de exigências que se pode em princípio 
resumir nos quatro requisitos que seguem. 
Em primeiro lugar, é necessário que a atividade humana seja entendida 
enquanto espaço para criar, recriar, produzir um mundo humano. Que esta seja 
repleta de simbolismo, isto é, que a ação não seja meramente um ato biológico, 
mas um ato cheio de intenções, vontades, desejos e necessidades. 
Em segundo lugar, não basta fazer, fazer e fazer, acreditando que o 
simples curso das coisas com isso se modifique. O fazer deve acontecer 
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através do processo de identificação das necessidades, problematização e 
superação do conflito. 
Em terceiro lugar, não existem receitas mágicas (atividades mágicas) 
nem técnicas específicas que garantam que estamos realmente resolvendo o 
problema. 
Em quartoe último lugar, é necessário um profissional preparado, cuja 
tarefa é a de se dispor, também, como instrumento ou recurso terapêutico, de 
incomodar, de ativar e revelar o conflito para a sua superação. 
A exposição acima, sumária e distinta de cada um dos itens descritos, 
não deve, entretanto, nos iludir. Pois não se tratam de partes isoladas, 
autosuficientes, que a uma simples somatória, como que por um efeito mágico 
de sua junção, efetivam o processo de terapia ocupacional. É essencial que se 
tenha uma visão do conjunto e de como estas partes se relacionam 
dialeticamente. 
 
 
CONCEITOS FORMAIS 
 
 
Existem inúmeras tentativas para conceituar formalmente a terapia 
ocupacional e para defini-la como prática de saúde engajada, compromissada 
com o social. Entretanto, geralmente, as definições formais caracterizam-na 
como prática "neutra" de saúde. 
Dessa forma, adotar aqui as diversas, importadas — e já consagradas 
— definições parece ser um compromisso ideológico que, por servir a 
interesses, é hoje apenas um ponto de referência histórico. Pois acreditamos 
que tal cumplicidade com o passado é sinal de estagnação e conformismo. 
Nos últimos dez anos, os terapeutas ocupacionais brasileiros vêm 
adotando as definições de terapia ocupacional advindas dos Estados Unidos 
da América do Norte, dentre as quais figuram com maior frequência as 
propostas pela Associação Americana de Terapia Ocupacional, formuladas em 
1972 e em 1977 e, mais recentemente, a proposta por Reed e Sanderson em 
1980. 
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O Conselho da Associação Americana de Terapia Ocupacional, em 
1972, definiu a terapia ocupacional como "a arte e a ciência de dirigir a 
participação do homem em tarefas selecionadas a fim de restaurar, reforçar e 
engrandecer sua atuação, facilitando a aprendizagem de habilidades e funções 
essenciais para sua adaptação e produtividade, diminuindo ou corrigindo 
patologias e promovendo a manutenção da saúde" (cf. REED e SANDERSON, 
1980). 
Em 1977, a assembleia representativa da Associação Americana de 
Terapia Ocupacional (AOTA) aprovou uma nova definição: "Terapia 
ocupacional é a aplicação da ocupação (única atuação) de qualquer atividade 
que se emprega para avaliação, diagnóstico e tratamento de problemas que 
interfiram na atuação funcional de pessoas debilitadas por doenças físicas ou 
mentais, desordens emocionais, desabilidades congênitas ou de 
desenvolvimento ou no processo de envelhecimento, com o objetivo de 
alcançar um funcionamento ótimo e de prevenir e manter a saúde" (cf. REED e 
SANDERSON, 1980, p. 7). Reed e Sanderson, em seu livro Conceitos de 
terapia ocupacional, publicado em 1980, propõem algumas modificações à 
definição da AOTA/77 e conceituam a terapia ocupacional como "análise e 
aplicação da ocupação, especificamente automanutenção, produtividade e 
lazer, as quais através do processo de problemas de avaliação, interpretação e 
tratamento de problemas que, interferindo com a execução funcional ou 
adaptativa em pessoas nas quais as ocupações são diminuídas por doenças 
físicas ou mentais, desordens emocionais, debilidades congênitas ou do 
desenvolvimento ou processo de envelhecimento, com o objetivo de promover 
a pessoa a uma ação funcional ótima e adaptativa, prevenir a diminuição 
ocupacional e promover saúde e manutenção ocupacional". 
Observando com atenção, estas definições trazem ou fazem passar a 
ideia de que a terapia ocupacional deva assumir, cada vez mais, o papel de 
promoção do homem. 
Aí surge uma pergunta — do ponto de vista da terapia ocupacional, o 
que significa promover o homem? 
De acordo com as definições que aqui analisamos, tal promoção se dá 
através do desenvolvimento da personalidade e das potencialidades ou 
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capacidades humanas. O que, a nosso ver, articula progresso individual com 
progresso técnico científico, de maneira a fazer crer que essa promoção deva 
levar ao aprimoramento das instituições, de forma que, ao realizar sua prática 
profissional, seja em uma favela, seja em um bairro de elite, o terapeuta, 
sempre irá enfatizar os valores intelectuais (emocionais) e biológicos. No 
entanto, a nossa experiência da valoração nos mostra que as coisas 
acontecem de maneiras bem diferenciadas, pois a ação terapêutica 
ocupacional sempre é desenvolvida num contexto social concreto. 
Chamamos então, a atenção para o que consideramos ser uma 
ideologia "terapêutica" que permeia as propostas das terapias, sem deixar de 
lado, é claro, a terapia ocupacional. 
Cabe aqui, uma preocupação com tal formulação, pois está longe de 
nossa intenção isolar a ideologia terapêutica do seu contexto geral, ou de 
caracterizá-la como uma esfera de ação à parte, ou mesmo de privilegiar sua 
importância. Embora tenhamos a clareza que uma análise mais apurada 
deveria trazer à compreensão, as ligações existentes entre os diversos 
aspectos da ideologia, mostrando assim como a ideologia "terapêutica" 
incorpora os discursos ou práticas destes. 
A intenção, entretanto, é fazer aqui apenas algumas aproximações ao 
assunto, para que possamos estabelecer um ponto de partida necessário à 
compreensão dos diferentes modelos de terapia ocupacional e, 
consequentemente, o embate criado quando um conceito formal é assumido 
como verdade universal. 
Voltando às definições, é importante perceber os mecanismos de 
desqualificação da dimensão político- ideológica da terapia ocupacional 
operada pela ideologia "terapêutica", a qual está inserida no sistema ideológico 
geral da sociedade tecnológica e enfatiza a questão das técnicas como 
prioridade. 
Desqualificação, porque se faz a partir da concepção da ciência como 
neutra ou, melhor dizendo, acima de qualquer interesse de classes. Tendo 
como pressuposto que a ideologia dominante tem necessidade de, por um 
lado, garantir a harmonia no interior da classe dominante e, por outro, passar 
seu modelo às outras classes como verdade universal e não, como na 
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realidade, verdade de classes, podemos observar que a ideologia "terapêutica" 
está muito bem articulada com a ideologia do desenvolvimento individual, a 
ideologia das diferenças de aptidões e a ideologia dos dons, de tal forma que 
nesses entendimentos o social encontra-se sempre afastado. 
A classe dominante necessita sustentar a qualquer custo o princípio da 
igualdade de direitos, ao mesmo tempo em que deve justificar a desigualdade 
advinda da divisão social do trabalho. E aí acontece o milagre. Como ela não 
pode afirmar a superioridade de alguns indivíduos, trata então de afirmar a 
ideia das diferenças individuais. Todos os homens são iguais em dignidade, 
entretanto, diferentes em aptidões, dons inatos. Notem que existe uma 
significação politica e, portanto, dissimulada no uso dos termos aptidão, dons e 
capacidades. Fica, assim, notório que a causa da diferença das funções sociais 
desempenhadas pelos homens seria um determinismo biológico e não a 
divisão social do trabalho. 
É mediante o mascaramento da realidade social que a ideologia 
terapêutica procura cumprir, ã sua maneira, a função de dissimulação da 
realidade social. E nesse contexto a terapia ocupacional, de acordo com as 
definições analisadas, propõe produzir efeitos de promoção do homem. 
 
TERAPIA OCUPACIONAL: PROFISSÃO NOVA 
Muito se tem falado da terapia ocupacional como uma profissão nova, 
entretanto a ideia de que a ocupação ou diversão de qualquer espécie é 
benéfica aos doentes manifesta-se de tempos em tempos na história da 
humanidade. Observamos historicamente que a ocupaçãocomo meio de 
tratamento remonta às civilizações clássicas. Os jogos, a música e os 
exercícios físicos foram utilizados por gregos, romanos e egípcios como 
medida de tratamento do corpo e da alma. Entretanto, somen- te por volta do 
fim do século XVIII e princípio do século XIX, período marcado pelo 
humanismo, a ocupação se torna largamente aceita para o tratamento do 
doente mental. Na França, em 1791, o dr. Philippe Pinel, ao assumir a direção 
do asilo de Bicêtre e deparandose com a trágica situação dos doentes mentais, 
tomou para si a reforma assistencial, simbolizada historicamente pela "quebra 
dos grilhões que mantinham presos os infelizes insanos do espírito" (ARRUDA, 
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1962, p. 25). A utilização da ocupação foi, então, introduzida como parte 
principal de sua reforma, a qual o fez pioneiro na aplicação do trabalho como 
forma de tratamento do doente mental. 
Ao mesmo tempo em que pela metade do século XIX, o tratamento 
proposto por Pinel era difundido na Europa e na América e firmava raízes, 
emergia um novo movimento filosófico e científico, à luz do aparecimento de 
tecnologia mais avançada, resultado da revolução industrial — o positivismo, 
corrente filosófica determinante da escola de pensamento científico, que se 
baseava na regra da inquisição e no método científico das ciências físicas: "(...) 
só é compreensível e possui sentido aquilo que se pode comprovar pela 
experiência" (BRUGGER, 1977, p. 323). 
A concepção filosófica estava sendo mudada pelo impacto da 
tecnologia. Os valores tecnológicos de produção iam assumindo um papel de 
destaque na visão de mundo, em detrimento dos valores humanitários. 
Na área da saúde, ao invés do ambiente, o cérebro é que era objeto de 
explicação e tratamento da doença mental. Os doentes mentais passaram a 
ser tratados por meios quimioterápicos e cirúrgicos. Neste momento, as 
instituições de atendimento aos doentes mentais tornaram-se grandes 
laboratórios experimentais. Negligências e abusos eram cometidos em função 
de investigações comprometidas com a aprovação dos fatores etiológicos na 
patologia do cérebro. 
De acordo com tal situação, o desenvolvimento da ocupação como 
forma de tratamento, então, declinou de maneira súbita, sendo o tratamento 
moral eventualmente reaplicado por alguns poucos membros da comunidade 
médica, compromissados com as tendências humanitárias. Essa fase 
perdurou, na América, até 1890 e, na França, até 1906. 
Somente nas duas primeiras décadas do século XX é que fatores como 
o renascimento do tratamento moral e a Primeira Guerra Mundial foram 
responsáveis pelo início formal da Terapia Ocupacional. 
Em 1915, na América, William Rusch Dunton publicou o livro 
Occupational Therapy: a manual for nurses, propondo princípios de aplicação 
da ocupação no tratamento de doentes mentais. Nascia, então, o termo terapia 
ocupacional e, simultaneamente, a primeira escola dentro de uma instituição 
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acadêmica, no Welwaukee Dower College (1918), seguindo-se uma onda de 
escolas para formação profissional. 
Somente por volta de 1957 surgiam no Brasil as primeiras escolas para 
formação profissional, respectivamente no Instituo de Reabilitação da 
Faculdade de Medicina da USP - SP e na Associação Brasileira Beneficente de 
Reabilitação - RJ. 
Esse breve histórico da terapia ocupacional tornou-se necessário a fim 
de tornar público que esta efetivamente não é uma prática nova de saúde, ao 
contrário, pelo que pudemos observar, remonta ao fim do século passado. 
Atividade Humana 
 
 
 
Recurso Terapêutico 
 
 
 
Nas discussões que temos levado em nossos encontros profissionais 
(congressos, simpósios e seminários), vemos com frequência, a preocupação 
de alguns profissionais em procurar caracterizar de forma única e uniforme a 
terapia ocupacional. Esse fato aparece quando as análises realizadas da 
prática profissional apontam as diferenças substanciais encontradas entre as 
práticas dos terapeutas ocupacionais que tratam as mesmas populações. 
Existem aqueles que, frente a esse acontecimento, identificam como 
causa as crises pessoais, outros, uma crise de estrutura teórica que direcione a 
terapia ocupacional. 
Vejo com espanto as conclusões tomadas, pois elas funcionam como 
mantenedoras da situação, e a questão continua não-desvelada. 
É preciso evitar a ilusão de que deixando-se de lado as crises pessoais 
e encontrando-se uma estrutura teórica única para a terapia ocupacional seja 
possível sair- se da crise. A ilusão de que basta aparar as arestas (caminhando 
ao consenso), e tudo se resolve. 
Essas não são nem podem ser as formas para dirigir nossa busca de 
identidade. Mesmo porque não acredito que a simples volta ao passado venha 
a ser o caminho. Na verdade, quando a terapia ocupacional tinha seu início 
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formal, a literatura da área refletia um sentido único de direção, sustentado por 
princípios teóricos — primeiros princípios — que foram organizados em torno 
da busca para identificar o significado da ocupação humana. 
A partir desses princípios e com o caminhar das ciências, as teorias e as 
práticas terapêuticas ocupacionais foram absorvendo as filosofias e as 
ideologias das diferentes épocas e se transformando, para chegar ao que hoje 
caracterizamos de diferentes modelos teórico práticos de terapia ocupacional. 
Podemos, portanto, dizer que a questão das diferenças encontradas na 
prática profissional é muito mais uma questão de método. 
Sabemos que a terapia ocupacional tem um conjunto de requisitos muito 
peculiar à sua teoria, à medida que lança mão das diversas ciências para se 
efetivar.. 
A ciência, em sua peculiar objetividade, apoderou- se do homem e 
dividiu-o em grupos de estudos paralelos que, podemos dizer, raramente se 
encontram. 
"Imagine as várias divisões da ciência — física, química, biológica, 
psicológica, sociológica — como técnicas especializadas. No início pensava-se 
que tais especializações produziriam, miraculosamente, uma sinfonia. Isto não 
ocorreu. O que ocorre, frequentemente, é que cada músico é surdo para o que 
os outros estão tocando. Físicos não entendem sociólogos, que não sabem 
traduzir as afirmações de biólogos, que por sua vez não compreendem a 
linguagem da economia, e assim por diante" (ALVES, 1981, p. 12). 
Não pretendo, aqui, acusar a ciência ou colocá-la como bode expiatório, 
ao contrário, quero trazer a questão da "neutralidade" de determinadas 
posturas científicas (métodos) que, com o propósito de se aprofundarem no 
conhecimento do homem, separam-no do contexto em que vive, retalham-no 
em suas múltiplas formas de capacidades e com isso perdem de vista o 
homem real e concreto. Assim, "cada ciência supõe-se capaz de decifrar o 
homem à sua imagem, da astronomia à sociologia, e cria uma filosofia na sua 
base: para o químico, o organismo humano é apenas um laboratório químico, 
para o físico, uma concentração de átomos" (BAS-BAUM, 1977, p. 61); cada 
um desses setores estuda apenas um aspecto, uma parcela do verdadeiro 
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homem — aquele homem integral, enraizado em seu mundo, que se realiza, 
realizando o mundo. 
"Mesmo as chamadas ciências sociais — as ciências do homem — 
transformaram um ser real em objeto (positivismo, existencialismo, humanismo 
cristão) dilacerando-o em partes, inajustáveis. De ser passou a objeto. Mas 
objeto metafísico, não-existente, porque despojado de sua vivência, de sua 
homicidade(homem total) e o reduziram a um animal-que-fala-e-que-trabalha, 
porque não lhe deram outra perspectiva na terra. Ou o divinizaram 
transformando-o em um ser, feito de barro, mas possuidor de uma centelha 
divina, fora do alcance de si mesmo, incapaz de controlar ou determinar o seu 
próprio destino" (BASBAUM, 1977, p. 62). 
Esta fragmentação é que nos induz a pensar que existe um homem 
biológico, econômico, político, psicológico, social e assim por diante. Como se 
trocássemos de pele a cada momento, ora eu sou psicológico, ora sou 
biológico, ora social. 
E aqui descobrimos uma vez mais a articulação de determinadas 
posturas científicas com o senso comum, a fim de reafirmar as verdades que 
são de interesse. 
Como nos fala Rubem Alves (1981, p. 50): 
"Uma teoria científica tem sempre a pretensão de oferecer uma receita 
universalmente válida, válida para todos os casos.” 
Esta exigência de universalidade tem a ver com a exigência de ordem, 
sobre que já falamos. Leis que funcionam aqui e não funcionam ali não são 
leis... Imaginemos a seguinte afirmação sobre o universo dos gansos: 
'Todos os gansos são brancos'. 
Esta afirmação pretende ser verdadeira para todas as aves em questão. 
E se aparecer um ganso verde? A teoria cai por terra... Mas há um jeito de 
contornar esta dificuldade. Frente ao bicho verde eu digo: 'Isto não é um ganso, 
mas sim um fanso'. Se o bicho é um fanso, a universalidade da minha 
afirmação continua intacta. Mas a que preço? Por meio de artifícios como este 
se pode preservar uma teoria indefinidamente." (Berenice Rosa Francisco) 
É neste emaranhado de ideias que o terapeuta ocupacional, tomando 
como fio condutor o problema das ciências e suas diferentes visões de 
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homem/mundo deve examinar a questão das diferenças encontradas na sua 
prática profissional. Podendo assim perceber que a falsa neutralidade é sempre 
escamoteadora de seu compromisso social. 
 
 
PRIMEIROS PRINCÍPIOS 
 
Os primeiros princípios teóricos que direcionaram a terapia ocupacional 
foram organizados em torno da busca do significado da ocupação humana. 
Esses princípios podem ser resumidos em 03 (três) considerações (cf. 
KIELHOFNER, 1982, p. 1266): 
• A primeira é que os humanos foram conhecidos como possuidores 
de uma natureza ocupacional, 
• a segunda, que a doença foi vista como possuindo um potencial 
para interromper ou romper a ocupação, 
• A última, que a ocupação foi reconhecida como um organizador 
natural do comportamento humano, que poderia ser usada terapeuticamente 
para refazer ou reorganizar o comportamento cotidiano. 
 
O mais influente em fornecer tal perspectiva teórica para a terapia 
ocupacional foi Mayer psiquiatra americano, que via o organismo humano 
como possuidor de um princípio de atividade inerente à sua essência. 
Segundo ele, "nossa concepção de homem é aquela de um organismo 
que se mantém e se equilibra no mundo de realidade e efetividade por estar 
em vida ativa e em uso ativo, isto é, usando e vivendo e agindo sobre seu 
tempo em harmonia com sua própria natureza e sobre a natureza em seu 
redor" (cf. KIELHOFNER, 1982, p. 1.266). 
Mayer apoia seus princípios no entendimento de homem-organismo, que 
possui uma necessidade fundamental de ocupar-se, de trabalhar. O trabalho, a 
ocupação, é visto assim como o alimento e o ar, necessários para a 
sobrevivência do organismo humano. A atividade, aqui, mantém a organização 
e o equilíbrio do corpo, através do ritmo de trabalho, descanso, lazer e sono. 
Em complemento a essa visão de homem enquanto indivíduo para a 
ocupação também foi reconhecido que a espécie humana como um todo, 
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confiou sua parte integrante de produtividade para sobreviver. E o lazer foi 
entendido com uma característica evolucionária que preparava os jovens para 
a competência da vida adulta, como também um comportamento adulto 
necessário para relaxar e recriar o organismo, a fim de este conseguir realizar 
o trabalho. 
 
 
ATIVIDADE = EXERCÍCIO 
 
As primeiras mudanças ocorreram com o surgimento de uma nova 
corrente científica denominada reducionismo, no decorrer dos anos 40 e 50. 
Sua influência na área da saúde levou à criação de um modelo médico 
centrado nos princípios da bioquímica e da biofísica e com a perspectiva 
psicanalítica da psiquiatria. "A visão do homem era, literalmente, aquela que 
poderia ser vista através do microscópio, ou pelo escrutínio de mecanismos 
internos que tinham lugar no divã do analista" (KIELHOFNER e BURKE, 1977, 
p. 16). A terapia ocupacional, então, sofreu pressão por parte da comunidade 
médica para assumir perspectiva semelhante, sob a acusação de não 
confrontar-se com as patologias — "... o modelo da ocupação que aplicava 
seus princípios ao comportamento desordenado apenas com base no senso 
comum não era científico" (WILLIARD e SPACKMAN, 1973, p. 152). 
Os terapeutas ocupacionais, sob essa forte e constante pressão, foram 
levados a resolver uma questão de sobrevivência da profissão: como fazer, ou 
melhor, o que fazer, para que o instrumento do seu trabalho — o uso da 
atividade (ocupação, trabalho) — fosse cientificamente aceitável? 
Em resposta ao desafio reducionista, surgiu uma nova estratégia de 
aplicação da ocupação, que resultou na substituição do treinamento de hábitos 
pela aplicação de exercícios. 
"Na restauração da conexão física, o valor da terapia ocupacional reside 
na participação mental e física do paciente em uma atividade construtiva que 
fornece o exercício necessário e os ajuda a desenvolver o uso normal da 
região com deficiência" (WILLIARD e SPACKMAN, 1973, p. 172). 
De acordo com essa compreensão, o valor da terapia ocupacional está 
na obtenção do exercício pela atividade. 
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O modelo do homem se adaptando ao meio social, possuidor de uma 
natureza ocupacional em sua essência, foi substituído por um modelo 
mecânico e progressivo linear. O entendimento da ocupação como parte da 
natureza do homem foi esquecido, devido à necessidade de melhor explicar o 
uso das atividades. 
Tendo em vista a preocupação de sistematização da aplicação da 
atividade, os terapeutas ocupacionais tornam-se especialistas em exercícios 
progressivos de resistência, em atividades da vida diária, em suportes 
funcionais, no desenvolvimento pré-vocacional etc. À medida que o uso da 
atividade passou a ser igual a exercício, voltado às partes lesadas do 
organismo humano, os terapeutas passaram a tratar patologias, mãos, ombros, 
quando não articulações, músculos, memória, atenção. 
"O objetivo da terapia ocupacional é restaurar o movimento em uma 
articulação através do uso de atividade construtiva, que relaxa contraturas, 
elimina aderências, fortalece os músculos enfraquecidos e reduz o edema" 
(WILLIARD e SPACKMAN, 1977, p. 151). 
A compreensão do uso da atividade com o propósito do exercício 
específico pressupõe que alguns procedimentos gerais devam ser seguidos, 
para que se consiga obter sucesso no tratamento. O primeiro procedimento, 
básico para configurar cientificamente o uso da atividade, é a sua análise. 
 
a) Análise da Atividade 
Procedimento que tem como objetivo possibilitar o conhecimento da 
atividade em seus pormenores, observando-se assim as suas propriedades 
específicas, a análise parte do pressuposto de ter a atividade uma única 
estratégia para a sua realização, e esta é que lhe possibilita as propriedades. 
Entende-se, então, por propriedades as exigências físicas e mentais 
próprias da atividade. Nessa perspectiva somente através de uma análise 
sistemáticae meticulosa é que o terapeuta pode identificar qual é o tipo de 
exercício obtido ao praticar cada movimento requerido para a efetivação da 
atividade, como também determinar se essa permite graduação em 
complexidade e estruturação em fases ou etapas. 
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Dentro da proposta de análise da atividade, encontramos os mais 
variados modelos de roteiros que possibilitam sua realização. Todos eles 
ressaltam, contudo, que é necessário à realização de cada movimento 
requerido um certo número de vezes, considerável, anotando- se 
cuidadosamente as ações obtidas. Aconselham também que é útil observar 
outras pessoas trabalhando na mesma atividade, pois uma pessoa pode 
trabalhar em uma posição completamente diferente da outra, produzindo 
consideráveis variações nos movimentos ações usadas. 
Tal orientação nos leva ao entendimento de que ao realizar-se uma 
análise a atividade passa, então a ser uma série de ações deixando de lado o 
todo, a atividade em si. Williard e Spackman (1977, p. 180) afirmam: "Em 
algumas atividades, a altura do indivíduo afeta ou o exercício obtido. O tipo de 
ferramenta, a altura relativa da bancada de trabalho, a própria ferramenta ou a 
cadeira, a posição do indivíduo, o peso ou a forma da ferramenta são fatores 
que pode produzir diferenças nas ações desejadas ". 
 
b) Adaptação da Atividade 
Outro procedimento necessário para o uso da atividade como exercício é 
a adaptação das atividades ao tratamento. À medida em que se acredita que 
muitas das atividades usadas em terapia ocupacional não são de valor especial 
no tratamento dos incapacitados físicos ou mentais devido a não preencherem 
os critérios necessários para a adaptação ao tratamento. 
Considera-se que uma atividade adapta-se ao tratamento quando 
possibilita que o "paciente" exercite a função lesada. Como Williard e 
Spackman (p. 174) afirmam no trabalho com pacientes: 
"Para uma ocupação ser adaptável como exercício específico, é fraco 
permitir que o movimento seja localizado principalmente na articulação ou 
articulações afetadas ou fortalecer certos grupos musculares". 
Sabe-se, porque a análise da atividade já nos possibilitou um 
conhecimento prévio, que algumas atividades não se adaptam ao tratamento 
de determinadas patologias, pois não proporcionam o exercício desejado. 
Esse princípio determina critérios para a adaptação de uma atividade ao 
tratamento, os quais podemos resumir nos seguintes: 
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1. Que a atividade utilizada proporcione mais ação (movimentos) do 
que posicionamento, 
2. Que a atividade permita sua utilização graduada, 
3. Que a atividade possibilite um número considerável de repetições 
do movimento desejado, 
4. Que a atividade permita sua divisão em fases ou etapas. 
 
 
c) Seleção e Graduação da Atividade 
O terceiro procedimento da compreensão da atividade = exercício está 
no problema de seleção e graduação da atividade, que é certamente 
fundamental no entendimento da atividade = exercício, pois de nada vale a 
análise da atividade se o procedimento subsequente não se efetivar. Os 
terapeutas ocupacionais que trabalham com o modelo atividade = exercício 
preconizam que o objetivo primordial de seleção e graduação da atividade é 
possibilitar a restauração das ações perdidas ou prejudicadas, juntamente com 
a tolerância ao trabalho e as destrezas especiais. 
A seleção de uma atividade para o tratamento deve recair sobre as suas 
possibilidades de graduação. Isto é, se esta pode ser graduada desde curtos a 
longos períodos de tempo, desde movimentos grossos a movimentos finos, 
desde movimentos simples a movimentos complexos, desde a compreensão 
de instruções simples à compreensão de instruções mais complexas e assim 
por diante. Uma atividade, portanto, só poderá ser eleita, quando possibilitar 
graduação. 
Cumpre lembrar aqui que a compreensão da atividade exercício 
pressupõe o uso de atividades estruturadas, pois apenas estas se prestam à 
análise, adequação e graduação. 
Contudo, quando por um acaso se utilizam atividades desestruturadas, 
elas, ou são transformadas (ganham uma estrutura), ou são simplesmente 
aplicadas como mera distração para relaxamento do paciente. 
Nesse entendimento, portanto, podemos constatar que a atividade 
estruturada ocupa posição de destaque naturalmente. Cabe aqui, então, trazer 
a diferença entre atividade estruturada e atividade desestruturada. 
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O termo atividade estruturada destina-se a designar aquelas atividades 
que, por princípio, possuem uma disposição e uma ordenação de partes para 
compor o todo. A jardinagem, por exemplo, é uma atividade estruturada, pois 
exige uma série de procedimentos para que possamos efetivá-la. 
Em primeiro lugar deve-se eleger o tipo de cultura que se quer realizar 
(observando-se a época para plantio). Depois, deve-se preparar o solo: afofar, 
rastelar e adubar. Aí vem o plantio que, dependendo do tipo de cultura, 
necessitará ser feito em sementeiras ou diretamente no solo. E, então, há 
necessidade de cuidados especiais e de irrigação, para que a cultura se 
desenvolva. 
Como podemos observar, a atividade estruturada tem exigências de 
ferramentas e/ou maquinários apropriados, com uso determinado como 
também uma sequência ordenada (começo, meio e fim) sem a qual a atividade 
não se concretizará. 
A atividade "desestruturada", por sua vez, contrapõe-se radicalmente à 
já descrita anteriormente, visto que não possui disposição e ordenação prévia. 
A sua realização pode ocorrer das mais variadas maneiras. Como, por 
exemplo, brincadeiras, modelagens, pinturas, desenhos, dramatizações, festas, 
passeios, esculturas etc. Cada sujeito que realiza qualquer dessas atividades 
imprime uma forma de fazer própria. 
 
4. Atividade — Produção 
"Reagir ou responder rápido é 'melhor' do que responder lentamente; 
decidir-se 'rápido' é melhor do que decidir-se vagarosamente" (HOLZKAMP, 
1977, p. 169). 
É nessa mesclagem da conceituação social para medir o 
comportamento humano que surge o uso da atividade = produção. 
O sistema geral das relações desse tipo de valorização baseia-se 
evidentemente na concepção de maior ou menor produtividade. Assim, vemos 
que, juntamente com o conceito social de produtividade, encontra-se um outro 
critério, o da adaptação. O homem como uma peça dentro do sistema de 
trabalho social e, além disso, dentro ainda do sistema geral social, no qual ele 
deve ser levado a não prejudicar o funcionamento perfeito do sistema. 
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Tal compreensão advém da teoria geral dos sistemas e da psicologia 
aplicada ao trabalho. 
"Aqui se fala do sistema homem-máquina, dentro do qual o homem 
aparece mais ou menos claramente como parte mais 'fraca' do sistema. A 
psicologia cabe então a tarefa de reduzir, ao máximo possível, o fator de 
interferência humana através do fomento de sentimentos de 'satisfação' com o 
trabalho, e coisas semelhantes" (HOLZKAMP, 1977, p. 197). 
Temos, assim, um exemplo típico do pressuposto positivista na terapia 
ocupacional. Prever como a atividade pode acontecer (análise da atividade), o 
que ela pode causar, o que ela pode melhorar ou prejudicar, para prover o 
comportamento esperado pela sociedade, via um tratamento adequado, eficaz 
e científico. 
A propósito escrevem Reed e Sanderson (1980, p. 1): "O valor da 
terapia ocupacional reside principalmente na capacidade que o terapeuta 
ocupacional tem em investigar o desempenho efetivototal de um indivíduo, em 
termos de habilidades identificáveis e competência, e fazer recomendações no 
sentido de resolver problemas de desempenho". 
Temos então, segundo essa afirmação, em primeiro lugar, o enfoque da 
atividade como instrumento que permite uma investigação de como a pessoa 
usa o seu potencial de desempenho; em segundo lugar, a atividade como 
instrumento que permite capacitar a pessoa, através de treinamento, à 
realização de uma tarefa com eficiente uso de energia e tempo. 
É importante ressaltar, que Reed e Sanderson (p. 1) propõem que o 
desempenho seja compreendido como um "sistema de interação, no qual 
muitos componentes devem estar funcionando para produzir resultados 
satisfatórios. Um desempenho deficiente pode tomar muita energia e muito 
tempo". 
Estamos, então, diante de uma máquina. Todas as engrenagens devem 
estar em perfeito estado de funcionamento para que a máquina possa cumprir 
com o seu papel: produzir. Qualquer defeito em uma das peças — 
engrenagens —, gera um desequilíbrio que acarreta perda de tempo e de 
material produzido. 
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O homem, aqui é como a máquina. Suas engrenagens são "os 
componentes de desempenho de habilidades: motores, sensoriais, cognetores, 
de relacionamento intrapessoal e interpessoal". Esses componentes são 
necessários para o desenvolvimento das "competências ocupacionais" de auto- 
manutenção, produtividade e lazer. De tal maneira, que a atividade humana 
(atividade de vida diária, trabalho, lazer) é o produto da máquina-homem. 
Observamos, de maneira clara, que os componentes ideológicos 
incluídos no modelo atividade = produção são: a recusa em admitir a crítica das 
estruturas sociais e a forma de trabalho alienado, encorajando ao mesmo 
tempo uma concepção terapêutica manipuladora. 
As atividades são utilizadas com o objetivo de favorecer a produtividade, 
sendo o desenvolvimento das habilidades o caminho para tal conquista. O 
propósito é levar o indivíduo a alcançar o objetivo (resolução do problema de 
desempenho), num tempo menor do que este levaria usando seus próprios 
recursos somente. Não basta conseguir realizar uma atividade. O fundamental 
é conseguir realizá-la com perfeição e em um tempo menor, da maneira exigida 
pelo social. 
Trata-se, pois, do emprego da atividade com fins no produto final, onde o 
processo de execução não é considerado. O produto é a meta; o processo, um 
simples caminho para atingir a meta. 
Nessa mesma perspectiva, Reilly (1979, p. 69) afirma que o "objetivo da 
terapia ocupacional é encorajar o encontro aberto e ativo com tarefas que 
razoavelmente pertencem a seu papel de vida". 
Reilly focaliza mais especificamente o papel produtivo do indivíduo, 
como ponto nodal em torno do qual a terapia ocupacional deve centrar seus 
esforços terapêuticos. 
A proposta de Reilly aproxima-se da teoria da recapitulação da 
ontogênese proposta por Mosey. 
Essa teoria afirma que, através do terapeuta ocupacional, uma 
"variedade de experiências indutoras de crescimento é fornecida, experiências 
essas que permitirão ao indivíduo desenvolver aquelas capacidades, 
habilidades e destrezas necessárias para uma vida satisfatória e produtiva" 
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(MOSEY, 1979, p. 140). Partindo do princípio que diz que "uma vida confortável 
e produtiva requer capacidade de adaptação" (p. 146). 
Quando as habilidades adaptativas, necessárias à participação em 
papéis sociais, não são aprendidas, a interação no sistema social tende a ser 
improdutiva e inconfortável para o indivíduo. 
Segundo esses autores, o uso da atividade como produção também 
requer procedimentos como análise da atividade, graduação e compatibilidade 
com as condições sociais do cliente. Entretanto, falamos agora de uma 
situação diferente da que vimos na atividade = exercício. Estamos tratando da 
atividade = trabalho repetitivo, trabalho a nosso ver "taylorizado", cuja 
organização se faz de forma rígida, com o propósito do aumento de 
produtividade. 
Torna-se ainda importante ressaltar que, na ciência da organização da 
produção criada por Taylor, a prática se contrapõe à teoria, e que o único 
sentido dessa contraposição ou separação é a oposição que, em um regime 
capitalista, existe entre o trabalho intelectual e o trabalho manual. 
A análise da atividade, aqui, recai sobre as habilidades componentes 
necessárias para a conclusão bem-sucedida, permitindo que o terapeuta 
examine em detalhes as etapas ou procedimentos de uma atividade ou tarefa. 
Considerando-se que muitas atividades são complexas e exigem muitas 
etapas e unidades de comportamento para realizá-las, somente a análise pode 
permitir um exame de cada etapa numa sequência de exigências, o que por 
sua vez permite a visualização das etapas que o paciente deve realizar e das 
que não deve. 
Nessa forma de compreensão e utilização da atividade, encontramos 
muito bem caracterizado que ao paciente só lhe é permitido o fazer mecânico, 
ficando o saber como propriedade do terapeuta, configurando-se, assim, a 
dicotomia entre elaboração (trabalho intelectual) e ação (trabalho manual). 
 
5. Atividade = Expressão 
Os Fidler e os Ázima foram os precursores, nas décadas de 50 e 60, do 
entendimento psicodinâmico da ação em terapia ocupacional. A compreensão 
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de que o fazer humano é carregado de conteúdo simbólico foi o caminho 
percorrido pelos autores. 
Essas ideias foram organizadas em torno da teoria psicanalítica 
freudiana. Mais especificamente em torno das relações objetais. 
Partindo do questionamento à expressividade contida nas ações, 
argumentavam, esses autores, que deveria ser evidente a oportunidade 
existente para a expressão de sentimentos, atitudes, idealizações, em um nível 
não-verbal, na compreensão do inconsciente, à medida que as atitudes, 
emoções e ideias mostradas na ação são "menos passíveis de vir sob a defesa 
de mecanismos de representação intelectuais mais concretos" (FIDLER e 
FIDLER, 1960, p. 13). 
Na perspectiva da ação ser mais reveladora do inconsciente que a 
palavra, a atividade ganha uma dimensão de expressividade, simbolismo. 
Quando se usa a terapia ocupacional "como processo psicoterapêutico, 
deve seguir-se necessariamente que o produto sendo feito e o trabalho de 
fazê-lo são considerados secundários ao julgamento de como o produto e o 
processo de fazê-lo afetam suas relações com os outros. A ocupação passa 
então a ser a ferramenta da manipulação de suas relações com outras pessoas 
e não o objetivo primordial em si" (FIDLER e FIDLER, p. 14). 
Em outras palavras, para os autores, o valor do uso da atividade 
simplesmente não está na dinâmica da atividade, mas na psicodinâmica da 
ação do sujeito que a realiza. Tornando-se dessa forma mais importante e mais 
significante que a atividade em si a relação que o executante estabelece, de 
maneira que a realização de uma atividade serve ao propósito da inter-relação. 
Ao mesmo tempo em que afirmam a expressão de sentimentos, atitudes 
e ideias através da execução da atividade, dão importância central ao 
estabelecimento de um relacionamento terapeuta paciente. 
Como podemos observar nas palavras dos Fidler (p. 17) — "as 
modalidades disponíveis numa situação de terapia ocupacional são, em 
primeiro, a relação entre o terapeuta e o paciente, em segundo, a atividade". 
Aqui a atividade, assim como o terapeuta, são recursos terapêuticos, 
para os quais o paciente pode agir e reagir. 
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Para que se possa melhor compreender o uso da atividade enquanto 
meio de expressão, tomaremos por base as expressões que definem tal uso 
encontradas nos trabalhos desses autores. 
Temos então: livre produção, material projetivo, criação livre, criação 
dirigida. 
O termo livre produção, refere-se às atividades que não possuem de 
início uma estrutura, como, por exemplo, a argila, como também àquelas que 
podem ter forma definida (escultura, pintura). 
O princípio para a compreensão da livre produção é o de liberdade de 
escolha do objeto/material e técnica de manipulação. Aqui a escolha e o 
caminho para a realização da atividade são feitos pelo próprio paciente, sem a 
interferência do terapeuta. 
A livre produção é mais comumente utilizada com propósito diagnóstico, 
pois fornece dados sobre o indivíduo que a realiza. "Faz operar os modos tátil e 
corporal das relações objetais..., aumentando o acesso à projeção (AZIMA e 
AZIMA, 1979, p. 117). Nesse contexto, passam então a constituir o que os 
autores denominam material projetivo. 
Para a aplicação do material projetivo, Ázima e Ázima mais 
detalhadamente que os Fidler, propõem alguns critérios e procedimentos que 
devem ser observados. São divididos em quatro fases. 
A primeira fase, a preparação, diz respeito basicamente à maneira de o 
paciente abordar o objeto, que objeto seleciona e as atitudes para com as 
pessoas que estão vivendo o processo com ele (terapeuta e pacientes). 
A segunda fase, de produção e acabamento, compreende o processo 
vivenciado pelo paciente, desde quando inicia a manipulação dos objetos 
disponíveis, numa certa direção, na construção ou destruição. Esta fase pode 
ser dividida em duas sub-fases: de livre criação e de criação dirigida. 
Na fase de livre criação, o paciente é deixado livre frente aos objetos, 
para escolher e proceder como quiser. 
Portanto não há direcionamento por parte do terapeuta. Na fase de 
criação dirigida, um objeto é definido pelo terapeuta e selecionado para o 
paciente. A partir do objeto, que lhe é oferecido este é deixado livre para sua 
manipulação. 
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Na terceira fase, denominada associação, o paciente, após terminada a 
sua criação, é levado a fazer livre-associação sobre o objeto. 
A quarta e última fase, de interpretação, caracteriza-se pelo momento 
em que, após criado o objeto e efetuadas as associações livres, o terapeuta 
passa a interpretar os acontecimentos. 
Ressaltam os autores que a interpretação nesse momento deve ser 
compreendida enquanto interpretação diagnostica, não terapêutica. 
Até agora falamos das atividades que podem ser entendidas enquanto 
desestruturadas, porém tanto os Fidler quanto os Ázima acreditam que os 
objetos mais claramente definidos e estruturados, ou seja, as atividades 
estruturadas, possibilitam experiências de manipulações úteis, pois essas 
atividades oferecem numerosas oportunidades de comunicação e expressão. 
O modo de o paciente segurar e usar um determinado objeto, o 
significado da escolha de uma atividade ou projeto assim como a natureza de 
suas ações são compreendidos pelos autores como claros indícios de suas 
defesas e problemas interpessoais. Essas são questões que podem ser 
investigadas e trabalhadas com o uso de atividades estruturadas. 
Aqui as atividades estruturadas têm valor pela relação e limites que 
determinam o fazer. 
Outra compreensão da atividade expressiva aparece nos trabalhos 
desenvolvidos pela psiquiatra e terapeuta ocupacional Nise da Silveira; 
segundo ela, o atelier de pintura a "fez compreender que a principal função das 
atividades na terapêutica ocupacional seria criar oportunidade para que as 
imagens do inconsciente e seus concomitantes motores encontrassem formas 
de expressão" (1981, p. 13). 
Essa autora acredita que as atividades plásticas (expressivas) permitem 
ao homem proceder ao relacionamento e à fixação das coisas significativas, 
tanto nas suas experiências internas quanto nas externas. 
Nise fundamenta seu trabalho na psicanálise junguiana, compartilhando 
com Jung a ideia de que, por intermédio da pintura, "o caos aparentemente 
incompreensível e incontrolável da situação total é visualizado e objetivado (...) 
O efeito deste método decorre do fato de que a impressão primeira, caótica ou 
aterrorizante, é substituída pela pintura que, por assim dizer, a recobre. O 
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tremendum é exorcizado pelas imagens pintadas, torna-se inofensivo e familiar 
e, em qualquer oportunidade que o doente recorde a vivência original e seus 
efeitos emocionais, a pintura interpõe-se entre ele e a experiência, e assim 
mantém o terror à distância" (apud SILVEIRA, 1981, p. 135). 
Segundo tal compreensão, as atividades de pintura e desenho 
(expressivas) permitem ao doente viver um processo que lhe possibilitará dar 
forma às desordens internas vividas. De maneira que são instrumentos que 
permitem ao mesmo tempo organizar a desordem interna e reconstruir a 
realidade, pois, na medida em que as "imagens do inconsciente" vão sendo 
objetivadas nos desenhos e pinturas, tornam-se possíveis de serem tratadas. 
 
ATIVIDADE = CRIAÇÃO, TRANSFORMAÇÃO 
 
 
a) Visão marxista do homem e da natureza 
Como se sabe, Marx não se ocupou com o desenvolvimento da 
evolução humana num plano individual, ao contrário, ele procurou estudar o 
desenvolvimento da relação entre homem e natureza sem, entretanto, 
confundi-lo com ela. De acordo com o seu pensamento, o homem é um ser que 
por essência necessita objetivar-se de modo prático, material, produzindo um 
mundo humano. Através da produção, o homem projeta-se no mundo dos 
objetos produzidos por seu trabalho, assim como integra a natureza no mundo 
humano, convertendo-a em natureza humanizada. 
Para Marx, o desenvolvimento do homem na história é determinado por 
contradições permanentes em seu curso. A evolução humana ocorre, portanto, 
dentro da história, sendo a história compreendida como "o processo da criação 
do homem por si mesmo, pela evolução, no processo de trabalho" (FROMM, 
1979, p. 33.). 
"O homem se define essencialmente pela produção, e desde que 
começa a produzir, o que só pode fazer socialmente, já está na esfera do 
humano" (VASQUEZ, 1977, p. 420). Dessa forma, um entendimento do 
comportamento individual jamais pode ser concebido a não ser como produto 
social. Pois, de modo contrário, estaremos concebendo os indivíduos 
isoladamente, e o caráter social reduz-se apenas à retirada de algumas de 
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suas características comuns elevadas ao nível da natureza universal, comum a 
todos. 
Concluindo, a concepção marxista do homem e da natureza nos traz a 
luz do entendimento do homem enquanto ser social e histórico, homem que 
produz, cria e transforma a natureza e a si mesmo, através do seu trabalho. 
b) Atividade humana: a práxis 
Adolfo Sanches Vásquez procura distinguir a atividade propriamente 
humana da atividade em geral, com o propósito de esclarecer a afirmação: 
"Toda práxis é atividade, mas nem toda atividade é práxis". 
Atividade em geral é entendida como o ato ou conjunto de atos em 
virtude do qual um sujeito ativo (agente), que pode não ser humano, que 
efetivamente age ou atua modificando uma determinada matéria-prima, 
traduzindo-se num resultado ou produto, que é essa matéria mesma já 
transformada pelo agente. Enquanto "atividade propriamente humana só se 
verifica quando os atos dirigidos a um objeto para transformá-lo se iniciam com 
um resultado ideal ou finalidade e terminam com um resultado ou produto 
efetivo real"(VASQUEZ, p. 187). 
De acordo com esse entendimento, as atividades biológicas e instintivas 
não podem ser consideradas como especialmente humanas, pois estas não 
transcendem o seu nível meramente natural. A atividade humana é então 
aquela que "se desenvolve de acordo com finalidades, e essas só existem 
através do homem, como produtos de sua consciência..." (grifo nosso) 
(VÁSQUEZ, p. 189). Dessa maneira, a atividade da consciência deve ser 
compreendida como a relação entre o pensamento e a ação, mediados pela 
finalidade a qual o homem se propõe. 
A intervenção da consciência é que distingue a atividade propriamente 
humana de outras meramente naturais, é ela que faz o resultado apresentar-se 
duas vezes e em tempos diferentes — como resultado ideal, como produto 
real. 
A atividade prática como atividade propriamente humana se manifesta 
no trabalho, na criação artística ou na práxis revolucionária. Através desse 
entendimento, podemos dizer que a atividade prática, portanto, é real, objetiva 
ou material. "O objeto da atividade prática é a natureza, a sociedade, ou os 
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homens reais. A finalidade dessa atividade é a transformação real, objetiva, do 
mundo natural ou social para satisfazer determinada necessidade humana" 
(VASQUEZ, p. 194). 
Como se sabe, a práxis pode assumir diversas formas, dependendo da 
matéria-prima sobre a qual a atividade prática é exercida. Entretanto nos 
detemos, em apenas duas formas, as que consideramos fundamentais: práxis 
produtivas e práxis criadora. 
A atividade prática produtiva é aquela que se efetiva mediante o trabalho 
do homem com a natureza. Entretanto, sendo o homem um ser social, notemos 
que esse processo só se realiza em determinadas condições sociais. 
Através do trabalho, o homem transforma um objeto de acordo com uma 
finalidade utilizando-se de meios ou de instrumentos adequados e, ao 
materializar uma finalidade, ele se objetiva no produto. 
"A práxis produtiva é assim a práxis fundamental, porque nela o homem 
não só produz um mundo humano ou humanizado, no sentido de um mundo de 
objetivos que satisfazem necessidades humanas e que só podem ser 
produzidos à medida que se plasmam neles finalidades ou projetos humanos, 
como também no sentido de que na práxis produtiva o homem se produz, 
forma ou transforma a si mesmo" (VASQUEZ, p. 197-8). 
Uma outra forma de práxis é a criadora, onde a finalidade não mais é 
determinada por uma necessidade prático-utilitária, mas por uma necessidade 
humana de expressão e objetivação. O homem é um ser que em suas relações 
necessita estar sempre encontrando novas soluções para as situações de vida 
que se apresentam. Desta forma, tem de estar constantemente inventando ou 
criando na medida de suas necessidades — "Ele só cria por necessidade; cria 
para adaptar-se às novas situações ou para satisfazer novas necessidades" 
(VÁSQUEZ, p. 248). 
No verdadeiro processo criador, a relação entre atividade da consciência 
e sua realização "se apresenta de modo indissolúvel" (p. 248). 
A materialização como resultado, numa prática criadora, não se reduz a 
uma simples duplicação do que já idealmente pré-existia. Nesse processo, a 
finalidade estabelecida pela consciência se apresenta como finalidade aberta, 
fazendo que o processo prático se realize de forma aberta e ativa. Sabemos 
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que o resultado definitivo pré-existia idealmente, contudo "o definitivo é 
exatamente o real e não o ideal (projeto ou finalidade original)" (VASQUEZ, p. 
249). 
Portanto, a finalidade original só pode se transformar no decorrer de um 
processo ao final do qual não se alcança tudo o que se havia projetado. 
A práxis criadora é, portanto, aquela onde há uma unidade entre 
finalidade da consciência e seu resultado — unicidade e irrepetibilidade do 
produto. 
Torna-se ainda importante ressaltar que nessas práxis a prática não se 
contrapõe à teoria e que o único sentido existente dessa contraposição ou 
separação entre teoria e prática é a oposição que existe entre o trabalho 
intelectual e o trabalho manual, em um regime capitalista. 
 
c) A importância da concepção marxista da atividade humana para 
a terapia ocupacional 
O terapeuta ocupacional lida com um homem real, que apresenta 
conflitos advindos de um mundo da primazia do trabalho enquanto maior lugar 
onde se cristaliza a exploração humana. Nesse mundo, o homem é alijado da 
verdadeira compreensão de suas atividades práticas, quaisquer que sejam 
elas. Portanto, se existe uma profissão que se propõe trabalhar com as 
dificuldades e os problemas enfrentados pelo homem no transcorrer da sua 
vida, esta deve estar compromissada com um entendimento da atividade 
humana somente enquanto práxis, pois de outra maneira estará apenas 
reforçando a divisão entre trabalho teórico e trabalho manual. 
À nosso ver, a terapia ocupacional deve oferecer ao indivíduo um 
atendimento voltado às questões não apenas da disfunção mas, 
principalmente, do homem enquanto ser essencialmente social, através do 
entendimento da relação homemnatureza, oriundo da sua atividade prática. A 
participação do cliente nesse processo é exatamente o oposto de passivo. Ele, 
ao contrário, é um agente-ativo, fazedor de suas mudanças, partner em terapia. 
A compreensão da terapia ocupacional, através dessa prática, nos faz 
acreditar num significado de terapia que leva o homem a lidar com sua 
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realidade de vida, podendo assim promover a transformação de si mesmo e do 
meio social no qual está inserido. 
 
Concepção "Ingênua" e Concepção Crítica da Terapia Ocupacional 
 
 
 
Quando nos preocupamos em explicar o processo de terapia 
ocupacional, corremos o risco de apresentá-lo sob apenas uma perspectiva, o 
que remeteria à questão de uma verdade única, universal. 
Poderíamos aqui apresentar as diferentes formas de processos de 
terapia ocupacional, sob a ótica das técnicas específicas de cada um deles, os 
quais, à guisa de ilustração, podemos mencionar: desenvolvimentista, 
psicodinâmico, comportamental, cinesiológico, integrativo sensorial, de 
aprendizagem, de estimulação precoce etc. 
Entretanto, observamos que sob esta ótica a tarefa torna-se um tanto 
complicada, pois sobrevêm o risco de nos perdermos num emaranhado de 
formas, identificando sê-as tantas quantos são os terapeutas ocupacionais que 
porventura se conseguir enumerar. 
Uma análise dessa natureza só poderia ser efetuada se investigássemos 
o processo de terapia ocupacional à margem do contexto social em que é 
realizado. 
Portanto, para evitar os riscos apontados, vamos trabalhar com as 
visões de homem, de sociedade e sua relação com o processo de terapia 
ocupacional. 
Quando tratamos de indagar, sob essa perspectiva, como acontece o 
processo terapêutico ocupacional, chegamos a um ponto onde aparecem, em 
linhas gerais, três posições opostas e, ao que parece, inconciliáveis. 
Temos então que, para a primeira posição, o processo acontece de 
forma natural, espontaneamente, na situação entre terapeuta e cliente, 
mediatizada pela atividade. Para a segunda, o processo é um artifício das 
rígidas condições em que se desenvolve, às quais o paciente tem de adaptar- 
se. Para a terceira, o processo é por definição criativo, transformador, 
questionador do contexto em que se efetiva. 
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Tais posições foram encontradas quando investigamos como é visto o 
homem e a sociedade — a primeira posição toma como pressupostoa 
concepção humanista; a segunda, a concepção positivista; e a terceira, a 
concepção dialética. 
Vejamos como cada uma das posições se apresenta. 
 
 
MODELO DO PROCESSO DE TERAPIA OCUPACIONAL HUMANISTA 
A principal característica do trabalho, nesse modelo, é a inexistência de 
padrões preestabelecidos para o seu desenvolvimento. Isto é, não há uma 
sequência de fatos ou procedimentos a seguir. Portanto, as conhecidas e tão 
consagradas divisões do processo de terapia ocupacional em 
encaminhamento, entrevista inicial, avaliação, elaboração de programa de 
tratamento, intervenção, etc., aqui não têm lugar. 
O terapeuta parte do pressuposto que ninguém melhor que o cliente 
para determinar os caminhos a percorrer para retomar uma vida saudável, o 
estado de saúde. Tal fato advém da crença num homem que é único. 
A saúde é concebida como um estágio de equilíbrio na relação do 
homem com seu ambiente; a doença, portanto, decorre do desequilíbrio nessa 
relação. 
Nessa concepção, a "saúde é um estado de completo bem-estar físico, 
mental e social e não apenas a ausência de afecção ou doença". 
O processo é centrado na relação terapêutica, tornando-se a relação, 
portanto, o instrumento de trabalho do terapeuta ocupacional. Busca-se criar 
um ambiente acolhedor, onde o cliente possa descobrir-se e encontrar-se com 
o outro. 
O cliente traz à sua maneira de viver, a história de suas aprendizagens e 
o clima afetivo no que se tem realizado. Cabe ao terapeuta a tarefa de tomar 
essa relação como medida, ser o facilitador para a aprendizagem de novas 
formas, oferecendo um modelo de relação, onde seja possível aprender, 
ensaiar, errar, ensinar, realizar no aqui e agora aquilo que em outro espaço não 
teve lugar. 
A atividade também é compreendida enquanto um outro, concreto e com 
linguagem própria, linguagem que o cliente em ocasiões deverá escutar. 
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Possibilita-se, assim o reconhecimento desse caminho de idas e vindas, 
caminho no qual não mais ocupará um lugar passivo, ao contrário, um novo 
caminho. 
Dentro desses princípios, o primeiro encontro entre terapeuta e cliente 
tem por propósito o esclarecimento de questões como: o porquê de procurar a 
terapia, quais as expectativas e que tipo de ajuda pode ser oferecida ao cliente. 
Após explicitar essas questões, o caminho a seguir tanto pode ser pela 
continuidade da entrevista (primeiro contato) como pela inserção do cliente na 
realização de uma atividade. 
Voltamos a ressaltar, não existe um momento específico para a 
realização de uma avaliação; esta acontece a cada encontro (atendimento), é 
contínua, acompanha o processo. Aqui, as observações constantes substituem 
as tradicionais provas e testes. Quando porventura o terapeuta propõe o uso 
de algum instrumento de investigação, o objetivo é o de possibilitar o 
conhecimento de como o cliente se coloca no mundo e que imagem tem de si, 
da sua existência. 
Os primeiros contatos permitem ao terapeuta elaborar, configurar uma 
imagem do cliente, esboçar quem é o cliente e quais os seus desejos, suas 
vontades. Esse referencial, dado pelo cliente (expresso ou percebido) irá 
permitir a direção a ser tomada no processo. 
É na conjugação do perfil do cliente aos seus desejos em confronto com 
a sociedade no tocante ao que esta lhe oferece como também ao que espera 
dele que o terapeuta esboça as características das atividades a serem 
realizadas. 
No transcorrer dos encontros, permanece a preocupação com as 
observações para maior conhecimento do cliente, juntamente com o processo 
de tratamento. 
O processo de terapia ocupacional visa, assim, ao autoconhecimento, o 
qual é trabalhado através da realização de atividades e reflexões com respeito 
tanto às relações estabelecidas no decorrer de cada encontro, como a esse 
fazer. 
Nesse modelo de processo, aconselham-se os atendimentos grupais, 
pois essa é a forma mais constante de estar no mundo. Entretanto, o trabalho 
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de grupo aqui tem a conotação do que costumamos chamar em terapia 
ocupacional de grupo de atividades. 
O grupo de atividades é uma forma de trabalho grupai, onde várias 
pessoas são atendidas num mesmo espaço, cada qual desenvolvendo o seu 
próprio projeto, compartilhando, entretanto, uma mesma dinâmica interpessoal. 
O fazer, nessa situação, é discutido em termos das relações acontecidas 
consigo e com os outros participantes, como, por exemplo, as relações de 
cooperação. 
A essa altura, pode-se perguntar pelo referencial utilizado pelo terapeuta 
para efetivar o processo terapêutico ocupacional. 
Observa-se que nesta proposta de trabalho, o terapeuta é um profundo 
conhecedor das relações humanas, um especialista no assunto. De forma que 
procura desenvolver duas características importantes sob a ótica humanista. A 
primeira é a de uma constante curiosidade quanto às formas de relação e 
soluções dadas pelo homem aos problemas enfrentados no seu cotidiano. A 
segunda é uma atitude criativa, que permitirá lidar com os problemas, 
propondo-lhes novas soluções, isto é, trabalhar com as informações de 
maneira a reunir os elementos não usuais para procurar compreender e 
resolver as situações apresentadas. Vê-se, portanto, que aqui os métodos 
usuais de terapia ocupacional são postos em segundo plano em favor de 
prevalecer quase que exclusivamente o esforço do terapeuta no 
desenvolvimento de um estilo próprio de manejo terapêutico, a fim de ser um 
facilitador do processo vivido pelo cliente. 
A aquisição dessas características depende de um autoconhecimento, o 
que favorece ao terapeuta a utilização de si próprio como instrumento 
terapêutico. 
Sua função restringe-se a ajudar o cliente a se organizar para viver as 
situações onde seus sentimentos e ações possam ser expostos, vívidos, sem 
ameaças. 
O objetivo do trabalho é, assim, favorecer os processos de 
relacionamento interpessoal e autoaprendizagem, como condição primeira para 
o crescimento pessoal. 
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MODELO DO PROCESSO DE TERAPIA OCUPACIONAL 
POSITIVISTA 
Partindo da compreensão de saúde como um estado de ausência de 
doença, entendida enquanto um processo biológico vivido pelo indivíduo 
(organismo), alguns autores de terapia ocupacional propõem um modelo de 
processo que tem como principal preocupação tratar a doença, a patologia, 
calcando seus trabalhos na definição de normal e patológico. 
O processo de terapia proposto nessa concepção é bastante claro e 
definido, pois para sua realização deve seguir-se uma estrutura rígida de 
procedimentos. Tal estrutura configura-se num encadeamento de etapas 
distintas e logicamente ordenadas, as quais possibilitam conhecer a patologia 
apresentada pelo sujeito, suas possibilidades de prognóstico e a forma mais 
adequada para alcançar a meta final. 
Essas etapas ou procedimentos são ordenadas da seguinte forma: 
• encaminhamento, 
• entrevista inicial, 
• avaliação (inicial e ou completa), 
• planejamento de programa de tratamento, 
• tratamento propriamento dito, 
• reavaliações, 
• alta. 
 
O tratamento, portanto, só acontece após uma avaliação do paciente e a 
elaboração, por parte do terapeuta, de um programa de tratamento. 
Vejamos, então, etapa por etapa. 
O encaminhamento médico é a porta de entrada do paciente no 
tratamento de terapia ocupacional. O paciente chega ao terapeuta com 
indicações, feitas pelo médico, denominadas prescrição médica. 
A prescrição explicita os objetivos que o médico ou a equipe esperam 
obter com o tratamento. Aqui os objetivos apontados estão diretamente ligados 
àpatologia apresentada no caso em questão. 
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Cabe ao profissional, após o recebimento do paciente, realizar uma 
entrevista inicial, a qual caracteriza o primeiro momento da série de coleta de 
dados. 
Conhecer a história do paciente desde o início da doença é de 
fundamental importância para o profissional, porque possibilita uma 
investigação de como ele vive o seu cotidiano. 
Os dados com respeito a nível de escolaridade, condições sócio- 
econômicas e culturais, religião, atividades de vida diária, trabalho e lazer são 
os preferencialmente colhidos nessa etapa. 
A entrevista é composta por uma série de perguntas que se faz ao 
paciente e registro das respostas, sem que haja qualquer interferência por 
parte do terapeuta. 
Muitas são as formas utilizadas para a efetivação de uma entrevista: 
estruturadas, não-estruturadas, verbais, escritas, abertas, fechadas etc. 
Dentre essas, as entrevistas abertas são pouco utilizadas, pois 
caracterizam-se pela livre narrativa por parte do entrevistado. O que mais 
comumente encontramos nas propostas dos terapeutas que trabalham neste 
modelo são as entrevistas fechadas ou as anamneses, estruturadas em forma 
de roteiros de perguntas, que devem ser respondidas pelo entrevistado. 
A opção por tal forma de entrevista é devida à objetividade na coleta dos 
dados, que permite colher apenas as informações que são de interesse do 
profissional. 
Colhidas as primeiras informações com respeito ao paciente e sua 
doença, o passo seguinte é a avaliação. 
A avaliação é, basicamente um instrumento para coleta de dados. 
Diferencia-se, entretanto, da entrevista por uma questão de método. A 
avaliação é compreendida como um processo onde o objetivo é investigar o 
valor de um determinado estado de função. Portanto, o ato de avaliar depende 
do estrito conhecimento que o avaliador tenha a respeito das normas e níveis 
da função a ser avaliada. Nessa perspectiva, observa-se que todo e qualquer 
processo avaliativo tem o propósito de determinar o grau (qualidade) e o valor 
(quantidade) das discrepâncias entre o que é considerado norma e as funções 
demonstradas durante o processo. 
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Essa etapa do processo tem, pois, o propósito de coleta, análise e 
interpretação de dados, permitindo ao profissional determinar os níveis de 
habilidades, capacidades, limitações ou déficits apresentados pelo paciente. 
Esse é o momento em que o paciente é submetido a uma série de testes, 
provas e observações específicas. Cabendo, aqui, ressaltar que as avaliações 
realizadas limitam-se à investigação dos aspectos que dizem respeito à 
problemática apresentada pelo paciente. Tendo o terapeuta a preocupação de 
direcionar tal pesquisa, dando maior ênfase aos aspectos ou áreas que a priori 
são comprovadamente atingidos pela doença. 
Para este modelo de processo, portanto, os objetivos da avaliação 
podem ser resumidos em: 
a) investigar níveis de funções e comportamentos, 
b) investigar níveis de crescimento e desenvolvimento, 
c) possibilitar a seleção de objetivos e meios (atividades) para a 
elaboração do plano de tratamento, 
d) colaborar com dados para um diagnóstico diferencial, 
e) investigar os resultados de um programa de tratamento. 
 
 
Em suma, o processo de avaliação é a etapa que permite a obtenção 
dos dados necessários à elaboração de um programa de tratamento, para que, 
somados aos anteriormente obtidos na entrevista inicial, formem a base de 
sustentação para a intervenção profissional. 
Portanto, somente no final do processo de coleta de dados é que o 
terapeuta se encontra em condições de passar para a etapa seguinte: o 
planejamento do programa de tratamento. 
Em posse dos dados e após uma análise meticulosa, o terapeuta 
elabora o plano de tratamento, o qual deve conter a identificação dos objetivos 
e o caminho a ser percorrido pelo paciente para alcançá-los. O planejamento 
do programa tratamento é, portanto, o momento de organizar os dados 
colhidos, de maneira que os problemas sejam delineados, os princípios de 
tratamento identificados, os objetivos traçados e os meios selecionados. 
Para autores como Reed, Spackman, Reilly, Mosey, entre outros, o 
plano de tratamento deve ser elaborado de maneira que o terapeuta possa 
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vislumbrar uma sequência dos fatos a serem tratados. Deve, também, 
compreender todos os recursos e meios a serem utilizados, assim como 
estratégias (número, tipo, duração e local dos atendimentos), prognóstico e 
previsão da duração do tratamento. Ressaltam, ainda, que um plano bem 
elaborado concorre para o êxito do tratamento. 
Bem, até aqui, o terapeuta procede de maneira a avaliar o cliente e 
planejar o tratamento, o próximo passo então, é colocar em ação o planejado, 
iniciar a terapia. 
Diz-se iniciar, porque, nesse modelo de processo, o tratamento 
propriamente dito só se caracteriza quando o paciente é submetido à terapia 
planejada pelo profissional. 
Nos atendimentos que se seguem, o paciente não só vive o tratamento 
planejado, como também passa por períodos de reavaliações que podem variar 
de duração quanto aos intervalos de aplicação, segundo a orientação do 
terapeuta. O procedimento de reavaliar periodicamente o paciente no 
transcorrer do tratamento tem o objetivo de permitir a verificação da eficácia do 
tratamento. Um dado importante para a realização das reavaliações é que o 
terapeuta ao as efetuar utiliza os mesmos procedimentos de avaliação usados 
anteriormente, de forma que esses procedimentos incluem os mesmos 
formulários ou roteiros (testes ou provas), o mesmo avaliador e as mesmas 
condições ambientais em que foi realizada a avaliação inicial ou completa. 
Esse procedimento visa a facilitar, comparar as informações e os dados, 
sem margens de erro, o que possibilita ao terapeuta determinar as mudanças 
reais acontecidas no decorrer da terapia. 
As informações sobre a evolução são organizadas de modo que possam 
ser comparadas às metas preestabelecidas inicialmente, a fim de permitir uma 
revisão do plano de tratamento. 
Alguns terapeutas ressaltam a importância desse procedimento. 
Segundo Reed e Sanderson "avaliação é útil porque encoraja o terapeuta 
ocupacional e outros a examinar o plano de intervenção, em termos do 
progresso da pessoa, para ver se algumas mudanças poderiam ser feitas, no 
sentido de se aumentar a velocidade da mudança em direção aos objetivos 
propostos" (p. 66). 
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Quanto ao tratamento, caracteriza-se pela inserção do paciente num 
fazer constante, pois, aqui, a atividade é a responsável pelo processo, a 
atividade é que possibilita a melhora. 
O terapeuta, utilizando atividades previamente selecionadas e 
analisadas, com o propósito de sanar ou melhorar aquelas funções perdidas ou 
alteradas, coloca o paciente a executá-las, tendo o cuidado de estimular 
gradualmente as ações e os comportamentos corretos, correspondentes aos 
objetivos propostos. 
No decorrer do atendimento, o terapeuta instrui e demonstra ao paciente 
como a atividade deve ser realizada. Ao paciente cabe executar o programa 
com responsabilidade e afinco, pois a sua recuperação depende em grande 
parte de seu desempenho e esforço. 
Walker (1973, p. 516) nos mostra o papel de um bom terapeuta, nesse 
modelo: 
"Se ha escrito mucho com respecto a lo que debe hacer un bueno 
Terapeuta. Inskip afirma que, adernas de ser creadores y enérgicos, los 
terapeutas mas efectivos explican

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