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Perícia Contábil e Arbitragem Tipos de Perícias Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Andreia Marques Maciel de Carvalho 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Tipos de Perícias Para Início de Conversa... ............................................................................... 4 Objetivo ......................................................................................................... 4 1. Resolução CFC no 858, de 21/10/1999 – Tipos de Perícias. ........ 5 2. Perícia Judicial e Extrajudicial ................................................................. 7 3. Elementos Materiais de Exame Pericial ............................................... 11 Referências ......................................................................................................... 15 Perícia Contábil e Arbitragem 3 Para Início de Conversa... As perícias possuem distinções umas das outras, daí surge uma classificação para elas. O Conselho Federal de Contabilidade as classifica em dois ambientes: judicial e extrajudicial, sendo que elas podem ser distribuídas quanto ao seu ambiente de atuação em judicial, semijudicial, extrajudicial e arbitral. Dessa forma, a divisão por possibilitar a observação das características e do modo de atuar no trabalho do perito, ambos serão abordados no decorrer do capítulo. Assim, pode-se colocar que o trabalho do perito se enquadra como um trabalho de pesquisa de ordem prática e, possui uma metodologia de trabalho, ou mesmo um passo a passo a ser seguido, encaminhando o trabalho de perícia a alcançar a eficiência. Objetivo Identificar os tipos de perícias existentes. Perícia Contábil e Arbitragem 4 1. Resolução CFC no 858, de 21/10/1999 – Tipos de Perícias. Em sede de perícia contábil, às normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade como a Norma Brasileira de Contabilidade Profissionais do Perito (NBC PP01, NBC PP02) e a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica de Perícia Contábil (NBC TP01 (R1)), foram atualizadas conforme alteração do Novo Código de Processo Civil - NCPC (Lei n.º 13.105/2015). Sendo essas as normas que disciplinam a Perícia Contábil. O Conselho Federal de Contabilidade utilizou-se de sua prerrogativa para definir, no item 2 da NBC TP 01 (R1): ‘‘ A perícia contábil é o conjunto de procedimentos técnico-científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio ou constatação de fato, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais e com a legislação específica no que for pertinente. ’’ Conforme expressa Ornelas (2008, p.33), a perícia contábil “inscreve-se em um dos gêneros de prova pericial, ou seja, é uma das provas técnicas à disposição das pessoas naturais ou jurídicas, servindo como meio de provas de determinados fatos contábeis ou de questões contábeis controvertidas”. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) editou a NBC TP 01 (R1) (Diário Oficial da União de 27/03/2020), que dá nova redação às normas relativas à execução de perícias contábeis, respectivamente, ficando revogada, a partir da mesma data, a Resolução CFC 1.243/09. ‘‘ Estabelece regras e procedimentos técnico-científicos a serem observados pelo perito, quando da realização de perícia contábil, no âmbito judicial, extrajudicial, inclusive arbitral, mediante o esclarecimento dos aspectos e dos fatos do litígio por meio de exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação e certificação. ’’ Compreende-se, que a perícia contábil é a maneira de se demonstrar, por meio de laudo pericial, a verdade de fatos ocorridos e contestados por interessados, para o que se faz obrigatória à realização de procedimentos técnicos contábeis, buscando o equilíbrio para estabelecer uma posição justa, permitindo ao magistrado os elementos de convicção necessários para decretar a sua sentença. Figura 1: Perícia Contábil. Fonte: Dreamstime. Perícia Contábil e Arbitragem 5 Corroborando com o conceito acima, Sá (2011) afirma que a Perícia Contábil tem como objetivo verificar os fatos ligados ao patrimônio individualizado visando oferecer opinião, mediante questão proposta, realizando exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações, arbitramentos, e qualquer procedimento necessário para formar opinião sobre o fato. Vale ressaltar que a Perícia Contábil é uma função privativa dos contadores, é a forma de demonstrar, por meio de trabalho especializado, materializado em relatórios periciais contábeis (laudo ou parecer), a verdade dos fatos. Sendo assim, a perícia contábil examina fatos ligados ao patrimônio de pessoas físicas e jurídicas, buscando opinião correta para afirmar irregularidade ou regularidade da situação proposta. A Perícia Contábil é indispensável para elucidar processos estando à disposição das pessoas e servindo como meio de prova de determinados fatos contábeis. A perícia contábil tem tipologias distintas, identificáveis e definíveis conforme os ambientes nos quais é solicitada a atuar. Dessa forma, distingue a perícia contábil em quatro tipos, cada qual representando um ambiente de atuação, onde se delinearam as características intrínsecas e os determinantes tecnológicos da perícia: perícia judicial; perícia semijudicial; perícia extrajudicial e perícia arbitral (ALBERTO, 2002). No mesmo sentido, Simões (2012) traz que a Perícia Contábil se classifica de acordo com seu universo de atuação em quatro naturezas: judicial, semijudicial, extrajudicial e arbitral. Ainda segundo Sá (2011, p.64), o ciclo da Perícia Contábil Judicial compõe-se de três fases: Preliminar, Operacional e Final. Fase Preliminar: a. A perícia é requerida ao juiz pela parte interessada; b. o juiz defere a perícia e escolhe o perito; c. as partes formulam quesitos e indicam seus assistentes; d. os peritos são cientificados da indicação; e) os peritos propõem honorários e requerem depósitos; e. o juiz estabelece prazo, local e hora para o início. Fase Operacional: a. Início da perícia e diligências; b. curso do trabalho; c. elaboração do laudo. Perícia Contábil e Arbitragem 6 Fase Final: a. Assinatura do laudo; b. entrega do laudo; c. levantamento dos honorários; d. esclarecimentos (se requeridos). No próximo tópico, serão abordados os tipos de perícia existentes. 2. Perícia Judicial e Extrajudicial Os tipos de perícia se classificam em: judicial, extrajudicial, semijudicial e arbitral, vejamos como cada uma funciona: ▪ Perícia judicial: É exercida sob a tutela do Poder Judiciário (Norma Brasileira de Contabilidade TP 01, editada em 27/03/2020, item 5) e deve obedecer às regras legais específicas. A perícia judicial ainda se divide em duas formas, segundo a sua finalidade apontada pelo processo judicial, à prova ou arbitramento. Figura 2: Perícia Judicial. Fonte: Dreamstime. Para Sá (2011), a “perícia contábil judicial é a que visa servir de prova, esclarecendo o juiz sobre assuntos em litígio que merecem seu julgamento, objetivando fatos relativos ao patrimônio aziendal ou de pessoas”. Segundo Hoog (2007), a perícia judicial é o ato realizado no âmbito da Justiça por profissional de nível superior nomeado pelo Magistrado. O autortrata do perito-contador judicial como um profissional de nível superior, especializado em matéria fisco-contábil, revelando atos e fatos entranhados no patrimônio. Figueiredo (1999) define que perícia judicial é aquela em que as partes recorrem ao judiciário como intermediador e julgador dos interesses econômicos ou financeiros com apoio de profissionais devidamente habilitados e com profundo conhecimento no assunto do litígio. Na compreensão de Lourenço (2008), a perícia judicial necessita de procedimentos e meios legais para junção aos autos para se valer de prova técnica que convalide a questão. Ainda, segundo Sá (1997, p.63), o ciclo da perícia contábil judicial compõe-se de três fases: ‘‘ Fase preliminar: a perícia é requerida ao juiz pela parte interessada, o juiz defere a perícia e escolhe o perito, as partes formulam quesitos e indicam seus assistentes, os peritos são cientificados da indicação, os peritos propõem honorários e Perícia Contábil e Arbitragem 7 requerem depósitos, o juiz estabelece prazo, local e hora para o início; fase operacional: início da perícia e diligências, curso do trabalho, elaboração do laudo; e fase final: assinatura do laudo, entrega do laudo, levantamento dos honorários, esclarecimentos (se requeridos). Em todas as fases, existem prazos e formalidades a serem cumpridas. ’’ A perícia judicial se motiva no fato do juiz depender do conhecimento técnico ou especializado de um profissional para poder decidir. A perícia contábil judicial é aquela que tem origem na necessidade do magistrado, em esclarecer fatos contidos no processo, o que necessita de um especialista, para esclarecer e chegar-se a uma decisão. Ela poderá ser solicitada pelo juiz ou por uma das partes. Quando é uma das partes que acha necessário uma perícia, o interessado dirige-se ao juiz e, caso este considere realmente necessário, nomeia um perito (SOUZA, 2008). As principais perícias contábeis judiciais acontecem: ▪ Nas Varas Cíveis: Prestação de contas, avaliações patrimoniais, litígios entre sócios, indenizações, avaliação de fundos de comércio, renovatórias de locação, e outros. ▪ Nas Varas Criminais: Fraudes e vícios contábeis, adulterações de lançamentos e registros, desfalques, apropriações indébitas, dentre outros. ▪ Nas Varas de Família: Avaliação de pensões alimentícias, avaliações patrimoniais, e outros. ▪ Nas Varas de Órfãos e Sucessões: Apuração de haveres, prestação de contas de inventariantes, dentre outros. ▪ Na Justiça do Trabalho: Indenizações de diversas modalidades, litígios entre empregados e empregadores de diversas espécies. ▪ Nas Varas de Falência e Concordatas: perícias falimentares em geral. ▪ Nas Varas de Fazenda Pública, Federal ou Estadual: Dívidas em órgãos públicos ou questionamento sobre tributos (SOUZA, 2008). Perícia judicial nada mais é do que a produção de provas com a finalidade de pesquisar e informar a verdade sobre determinados fatos por meio de laudos. Estes laudos são emitidos pelo Perito Judicial que é um profissional detentor do diploma de nível superior ou munido de conhecimento técnico, científico ou artístico. Normalmente, o perito é chamado pela Justiça para fornecer o seu parecer técnico sobre processos judiciais dos mais diversos tipos: pessoas físicas, jurídicas, órgãos públicos etc. Perícia extrajudicial: A perícia extrajudicial é exercida no âmbito arbitral, estatal (são executadas sob o controle de órgãos de Estado) ou voluntária (é contratada, espontaneamente, pelo interessado ou de comum acordo entre as partes) (Norma Brasileira de Contabilidade TP 01 (R1), editada em 27/03/2020 item 5). São subdivididas em: a. Demonstrativas: Mostrar a veracidade ou não do fato. Perícia Contábil e Arbitragem 8 b. Discriminativas: Levantar os termos justos do fato em que dúvida do quantum. c. Comprovativas: Comprovar fraudes, desvios, simulações etc. Essa espécie de perícia trata de assuntos de pessoas físicas ou jurídicas, que tenham questões controversas e que dependem ou requeiram uma opinião técnica, emitida por um profissional de reconhecida competência, para sanar suas discórdias (ZANNA, 2011). Para Lourenço (2008), a perícia extrajudicial (também chamada de especial), desenvolve-se fora do judiciário pela necessidade das partes (em litígio ou não), sendo livremente contratada. A perícia extrajudicial é aplicada nas situações, em que é dispensável, a presença do Estado, pelo Poder Judiciário. É ajustada por acordo entre as partes, que se comprometem a aceitar o resultado apresentado pelo perito, o qual, em regra geral, contando com confiança recíproca, dispensa a contratação do assistente técnico. É um procedimento mais rápido e menos oneroso que a judicial. Desentendendo-se as partes quanto à conclusão apresentada, pelo perito e havendo necessidade de recorrer ao Judiciário, a perícia extrajudicial não terá validade em Juízo, que nomeará um expert da sua confiança. A perícia extrajudicial é a verificação de fatos ligados ao patrimônio individualizado visando oferecer opinião/parecer, mediante questão proposta pelo interessado na perícia. As áreas de atuação com maior concentração são as avaliações patrimoniais, incorporações, fusões, aquisições e as avaliações do fundo de comércio. ▪ Perícia semijudicial: Para Sá (2011), a perícia semijudicial é realizada dentro do aparato institucional do Estado, mas externo ao Poder Judiciário. Sua finalidade é de ser prova nos ordenamentos institucionais. É a perícia realizada dentro do aparato institucional do Estado, entretanto, estando fora do Poder Judiciário. Costumam-se essas perícias são realizadas pelas autoridades policiais. Estas perícias poderão fazer parte, se necessário for, de um processo judicial Figura 3: Polícia e perícia. Fonte: Dreamstime. Perícia Contábil e Arbitragem 9 Esta espécie de perícia subdivide-se, de acordo com os órgãos estaduais atuantes, em policial (nos inquéritos), parlamentar (nas comissões parlamentares de inquérito ou especiais) e administrativo-tributária (na esfera da administração pública tributária ou conselhos de contribuintes) (ALBERTO, 2007, p. 39). De acordo com Muller, Antonik e Ferreira Jr. (2007), a perícia semijudicial é a realizada no meio estatal, por autoridades policiais, parlamentares ou administrativas, por estarem sujeitas a regras legais e regimentais, sendo semelhante à perícia judicial. ▪ Perícia arbitral: É aquela realizada no juízo arbitral, instância decisória criada pela vontade das partes, tem característica especialíssima de atuar parcialmente como se fosse judicial e extrajudicial – Tribunais de Mediação e Arbitragem. A perícia arbitral é desempenhada sob o controle da lei de arbitragem (Norma Brasileira de Contabilidade TP 01 (R1), editada em 27/03/2020, item 5). Quando for realizada no âmbito de instância decisória criada pelas partes envolvidas e não se enquadram nos tipos anteriormente descritos. Pode ser probante quando sua finalidade é ser prova na decisão, ou pode ser decisória quando seu produto é a própria arbitragem da controvérsia. A arbitragem é uma opção facultativa, contudo, a partir do momento em que a opção pela arbitragem for definida, ambas as partes estarão obrigadas a cumprir a opção e o pactuado, não podendo posteriormente vir a propor ação judicial que conteste aquilo que foi decidido por meio da arbitragem. A cláusula compromissória de arbitragem faz lei entre as partes e é irrenunciável. A cláusula compromissória dispensa a homologação da sentença arbitral por um magistrado ou autoridade judicial (HOOG, 2010). Na visão de Alberto (2002, p.53), perícia arbitral é aquela perícia realizada no juízo arbitral da instância decisória, criada pela vontade das partes, não sendo classificável em nenhuma das anteriores por suas características especialíssimas de atuar parcialmente como se judicial e extrajudicial. No entendimento de Figueiredo (1999): “Alguns profissionais começam adefinir a perícia arbitral como perícia semijudicial, pois, é realizada fora do aparato institucional do Estado, mas é considerada como se judicial fosse, pois, se destina a funcionar como meio de prova no juízo arbitral”. Para Lourenço (2008, p.45): “Arbitragem é um método alternativo de solução, isto é, um processo usado para solucionar um litígio entre partes em conflito, cujo julgamento, as partes anteriormente confessam submeterem-se”. Segundo Alberto (2002, p.54) é aquela realizada por um perito, e que, embora não seja judicialmente determinada, tem valor de perícia judicial, mas natureza extrajudicial, pois as partes litigantes escolhem as regras que serão aplicadas na arbitragem. Caldeira (2010) assim define a perícia arbitral: Perícia Contábil e Arbitragem 10 ‘‘ Perícia arbitral e realizada no juízo arbitral, instância decisória criada pela vontade das partes, não sendo enquadrável em nenhuma das anteriores por suas características especialíssimas de atuar parcialmente como se fosse judicial e parcialmente como se fosse extrajudicial. ’’ Femenick (2010) divide a perícia arbitral em Probante – quando tem por objetivo funcionar como meio de prova no juízo arbitral, como maneira de oferecer convicção ao árbitro e em Decisória – quando a própria prova pericial funciona como árbitro da controvérsia. A perícia arbitral, ou arbitragem, é inclusive normatizada pela Lei 9.307, de 23 de setembro de 1996 que dispõe sobre o árbitro, o processo e a sentença e a sua validade. 3. Elementos Materiais de Exame Pericial A perícia é um meio instrumental, técnico-opinativo fundamental e alicerçador da sentença, usado pelo órgão judiciário para a composição de um litígio cujo escopo final é a declaração da existência ou inexistência do direito ajuizado. Dessa forma, justifica-se a efetivação da perícia, quando há a exigência da emissão de uma opinião especializada sobre um fato, relacionado à participação de uma pessoa que tenha conhecimento técnico-específico. É uma pesquisa técnico-científica ou artística, ordenando conhecimentos altamente especializados. Tais conhecimentos são decompostos em um juízo de valor sobre o fato observado, formando a opinião técnica. Daí a denominação técnico- científica. Embora o julgador não esteja atrelado ao resultado da perícia e, por isso, mesmo, podendo rejeitar suas conclusões, somente poderá fazê-lo em duas hipóteses: por erro ou dolo dos “experts”. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinaram, e responderão aos quesitos formulados. Assim, os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos. A finalidade da perícia é resolver questões contábeis originárias de controvérsias duvidosas, principalmente quando atingem o patrimônio das empresas, e apoiam-se em falsificação, alterações de documentos contábeis, nos registros de operações fictícias, atraso na escrituração fiscal etc., e ainda em outros casos específicos, determinados ou previstos em lei. Perícia Contábil e Arbitragem 11 Devemos observar que a perícia pode ser subdivida em duas partes distintas: 1ª) A narração dos fatos, que poderão ou deverão, conforme o caso, ser constatados pelo perito, por determinação e tendo em vista a sua função. 2ª). O raciocínio do perito, que tendo em vista seu conhecimento técnico ou científico será erigido (construído) sobre fatos, por ele mesmo constatados, ou não, conforme a hipótese. A perícia contábil é uma especialização da própria contabilidade, portanto, utiliza-se de todas as técnicas oferecidas por essa ciência; consequentemente, o campo de aplicação empregado é o mesmo. O exame pericial abrange as seguintes questões: Exames de escritas. Peritagens simples. Peritagens complexas. Exames de serviços públicos. Fraudes. Figura 4: O que envolve o exame pericial. Fonte: Dreamstime. D’Áuria (apud SILVA, 1994) salienta que: A peritagem surgiu exatamente porque as pessoas interessadas e as autoridades judiciais não possuem e não são obrigadas a possuir conhecimentos que escapam ao seu mister e aos seus próprios conhecimentos. O perito é um técnico especializado em determinada matéria que esclarece os leigos acerca de determinada matéria. É por isso que, ao perito, se confia tarefa graduada na sua competência técnica. A NBC TP 01 (R1) afirma que os procedimentos de perícia contábil visam fundamentar as conclusões que serão levadas ao laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil. Essas conclusões abrangem, total ou parcialmente, segundo a natureza e a complexidade da matéria: exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação e certificação. De acordo com a NBC T 13, as diferenças são somente em relação ao laudo pericial contábil e ao parecer pericial contábil, antes, eram somente ao laudo. Fundamentam, também, a mensuração, que antes não era citada. A NBC T 13 diz que o exame é a análise de livros e documentos, sendo acrescentado na NBC TP 01 (R1) os registros de transações. ▪ Quanto à vistoria, as duas normas são iguais: a vistoria é a diligência que objetiva a verificação e a constatação de situação, coisa ou fato, de forma circunstancial. Perícia Contábil e Arbitragem 12 ▪ A indagação é a busca de informações mediante entrevista com conhecedores do objeto ou fato relacionado à perícia. Nesse trecho, a NBC TP 01 (R1) acrescenta o fato relacionado à perícia na indagação. ▪ Quanto à investigação, o conteúdo é o mesmo, diferenciando-se somente em relação à nomenclatura do laudo, pois a nova norma se define como laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil, não somente laudo. A investigação é a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil o que está oculto por quaisquer circunstâncias. ▪ O arbitramento é a determinação de valores ou a solução de controvérsia por critério técnico. Nesse trecho, as duas normas são iguais. ▪ Na NBC TP 01 (R1), é descrita a mensuração, anteriormente não citada na NBC T 13: A mensuração é o ato de qualificação e quantificação física de coisas, bens, direitos e obrigações. ▪ Na avaliação, as duas normas são idênticas: é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigações, despesas e receitas. ▪ Na certificação, embora não haja muitas mudanças nas palavras, o sentido é modificado. A certificação é a informação trazida ao laudo pelo perito contábil, conferindo-lhe caráter de autenticidade pela fé pública atribuída ao profissional, isso na NBC T 13, já na NBC TP 01 (R1), a certificação é o ato de atestar a informação trazida ao laudo pericial contábil pelo perito-contador, conferindo-lhe caráter de autenticidade pela fé pública atribuída a este profissional, na primeira é a informação; já na segunda, é o ato de atestar a informação. Conforme apresentado, a Prova Pericial é um dos meios de provas admitidos em nosso ordenamento jurídico e representa um método adequado para comprovação de fatos que requerem conhecimentos técnicos e profissionais especializados. Segundo o CPC, em seu art. 464, são três as modalidades ou tipos de prova pericial, a saber: Análise ou observação de pessoas, animais ou coisas, com o objetivo de extrair informações. O perito contador examinar· o Livro Razão de uma empresa para obter o saldo da conta Mercadorias. Análise de bens imóveis ou coisa in loco, com o objetivo de verificar se há· dano ou avaria. O perito engenheiro ir· vistoriar determinada edificação, após um desmoronamento. Atribuí-lo ou verificação de valor a alguma coisa, obrigação ou bem. O perito contador avalia o estoque de produtos acabados de uma empresa. O perito na área financeira avalia o valor atualizado do saldo devedor de um financiamento. Exame AvaliaçãoVistoria Figura 5: As modalidades ou tipos de prova pericial. Fonte: Dreamstime. Perícia Contábil e Arbitragem13 As provas periciais são divididas em modalidades, a fim de se ter um melhor planejamento na formulação da mesma. De acordo com Ornelas (2000, p.32): “As provas produzidas com a interveniência de perito são qualificadas pelo Código de Processo Civil como prova pericial, dividida em procedimentos: (a) exame; (b) vistoria; (c) arbitramento; (d) avaliação”. 1. O exame pericial envolve a inspeção de pessoas ou coisa com o objetivo de verificar determinados fatos relacionados com o objetivo da lide. 2. A vistoria pericial é o trabalho desenvolvido pelo perito para constatar in loco o estado ou a situação de determinada coisa, geralmente, imóveis. 3. O arbitramento consiste na fixação de valor, determinado pelo perito para coisas, direitos ou obrigações. É a estimação do valor em moeda. 4. A avaliação tem por finalidade a fixação de valor “recebendo essa denominação quando feita em inventário, partilhas ou processos administrativos e nas execuções para estimação do valor da coisa a partilhar, ou penhorada”. Santos, Schmidt e Gomes (2006, p.102): “Exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação, certificação”. De acordo com o exposto, são quatro os procedimentos de prova pericial, em que o perito verifica qual procedimento vai utilizar, pois esse planejamento na hora de formular a prova irá variar caso a caso, segundo Neste capítulo, vimos que a perícia contábil é composta por procedimentos que visam à obtenção da verdade dos fatos, sendo assim, pode-se verificar que, para tal, é necessária a apresentação de provas que irão embasar a decisão judicial. Aprendemos que a atuação do perito nos processos judiciais é de grande importância, visto que os magistrados não possuem conhecimento técnico-científico sobre todas as áreas em que divergem as partes, sendo necessária a atuação de um especialista no assunto, no caso, o perito, para garantir que os fatos sejam avaliados de forma confiável, verificando ainda a importância do profissional agir com plena consciência de seus direitos, deveres e penalidades a que está sujeito. Assim, para embasar a perícia, podem ser utilizados diferentes meios de prova, como documentos, testemunhas, pareceres técnicos, cálculos, entre outras. No entanto, a pesquisa apresenta que as mais utilizadas são as provas documentais e testemunhais. Perícia Contábil e Arbitragem 14 Referências ALBERTO, V. L. P. Perícia contábil. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2002. ALBERTO, V. L. P. Perícia contábil. São Paulo: Atlas, 4 ed., 2007. CALDEIRA, S. A influência do laudo pericial contábil na decisão dos juízes em processos nas varas cíveis. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/ xmlui/handle/123456789/78815. Acesso em: 13 jun. 2020. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TP 01. Disponível em:https://cfc.org.br/wp-content/uploads/2016/12/NBCPG12R2.pdf)/. Acesso em 28 abr. 2020. FEMENICK, T. R. Iniciação à perícia contábil. Disponível em https://core. ac.uk/download/pdf/185253171.pdf. Acesso em: 03 jun. 2020. FIGUEIREDO, A. N M. Roteiro prático das perícias judiciais. 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Aspectos Históricos 1.1 Aspectos Conceituais e Finalidades 1.2 Inovações Trazidas pelo Novo Código de Processo Civil: Lei nº. 13.105/15 para a Perícia 1.3 Caráter e Objetos da Tecnologia Contábil da Perícia Referências _GoBack Profissionais de Perícia Contábil Para Início de Conversa... Objetivo 1. Perito e Assistente Técnico 2. Qualidade do Perito 3. Qualidade do Trabalho do Perito Referências Tipos de Perícias Para Início de Conversa... Objetivo 1. Resolução CFC no 858, de 21/10/1999 – Tipos de Perícias. 2. Perícia Judicial e Extrajudicial 3. Elementos Materiais de Exame Pericial Referências
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