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Aula 4 - Elementos e fatores do clima

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AGRICULTURA FAMILIAR E SUSTENTABILIDADE 
AGROCLIMATOLOGIA 
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1 Elementos e fatores do clima 
O clima de uma região é caracterizado através dos elementos do 
clima, os quais por sua vez, sofrem interferência dos fatores do clima. 
 
1.1 Elementos do clima 
Os elementos do clima ou elementos climáticos são os valores 
médios dos fenômenos meteorológicos da região provenientes de, no 
mínimo, 30 anos de observações. Entre eles se destacam: 
- valores médio da densidade de fluxo da radiação solar global 
incidente; 
- valores médios de insolação; 
- valores médios de temperatura do ar, média, máxima e mínima; 
- valores médios de velocidade e direção do vento; 
- valores médios de umidade relativa do ar; 
- valores médios de precipitação; 
- valor médio de nebulosidade; 
- valores médios de evaporação e evapotranspiração; 
- valor médio do número de geadas; 
- valores médios de pressão atmosférica. 
 
1.2 Fatores do clima 
São fatores que afetam de modo permanente ou periódico os ele- 
mentos do clima 
 
a) Latitude 
Os locais situados nas latitudes de 30 graus sul ou norte possuem 
menor temperatura média anual do ar que os locais de latitude zero 
graus na Linha do Equador, além de possuírem maior amplitude tér- 
mica anual do ar que os locais próximos da Linha do Equador. A tem- 
peratura média no estado do Amapá (2°N) é igual a 25,5°C, enquanto 
que, no Rio Grande do Sul (30°S), é igual a 18°C. 
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Figura A1- Variação da temperatura do ar com a latitude. 
 
b)Altitude 
Os locais de maior altitude (Figura A2, ponto B) sempre têm me- 
nores valores de temperatura média do ar e de pressão do ar que os 
locais próximos que se encontram ao nível médio do ar (Figura A2, 
ponto A). Ocorre um decréscimo na temperatura do ar de 0,6°C para 
cada aumento de 100m na altitude na Troposfera (primeiros 8 a 12 km 
de altitude). 
 
c) Posição no relevo 
As localidades situadas nas encostas a barlavento das cadeias de 
montanhas (Figura A2, ponto B), devido à ocorrência de chuvas de 
origem orográfica, sempre têm totais de precipitação maiores que os 
locais situados a sotavento (Figura A2, ponto C). Exemplo: no litoral do 
Pacífico, antes das Cordilheiras dos Andes, ocorre maior volume de 
chuvas em quanto que, após a Cordilheira, a região é árida. 
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Figura A2 – Posição no relevo: Variação da temperatura com a altitude e chu- 
vas de origem orográficas 
 
d) Circulação geral da atmosfera e distribuição geral da pressão 
atmosférica sobre a terra 
Ao redor do globo terrestre, formam-se faixas de alta (30 e 90° N e 
S) e de baixa pressão (0 e nos 60°N e 60°S), que determinam mo- vimentos 
atmosféricos, denominados de circulação geral da atmosfe- ra. Na faixa 
de baixa pressão, acontece ascensão de ar na atmosfera, favorecendo a 
ocorrência de chuvas; sendo que o inverso ocorre na faixa de alta pressão, 
onde o movimento descente de ar na atmosfera dificulta a ocorrência de 
chuvas. Assim, na latitude de 30°N, existe uma faixa de alta pressão, 
ocorrendo condições pouco propícias para chuva (Figura A3). Já, no 
Equador, existe uma faixa da baixa pressão, propiciando a ocorrência de 
chuvas mais freqüentes e intensas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura A3. Distribuição de pressão 
atmosférica e a ocorrência de chuvas 
no Equador e climas secos a 30°N . 
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e) Continentalidade 
De um modo geral, observa-se que o aumento da continentalida- de 
determina aumento da amplitude térmica do ar e menores valores de 
precipitação e umidade relativa do ar. No Rio Grande do Sul, a cida- de de 
Torres (litorânea) possui umidade relativa média anual de 82% (Figura A4), 
já a cidade de Bagé (continental), no interior de estado, possui umidade 
relativa média anual de 73%. 
A continentalidade é um conceito da geografia. 
Continentalidade e maritimidade: 
• A distância dos grandes corpos hídricos influencia a temperatura 
do ar por causa das diferenças básicas nas características térmicas. No 
geral, a água absorve cinco vezes mais calor a fim de aumentar sua 
temperatura em quantidade igual ao do aumento do solo. Logo, quan- 
to mais próximo a grandes massas líquidas, menor será a variação da 
temperatura (maritimidade). 
• Quanto mais distante das grandes massas líquidas, maior será a 
variação da temperatura. (continentalidade). Por isso, climas conti- 
nentais são caracterizados por possuírem grandes variações de tem- 
peratura. 
Figura A4- Ação da continentalidade e das correntes marinhas sobre o clima 
 
f) Correntes marinhas e aéreas 
Caso uma corrente marinha fria passe a atuar sobre uma região 
quente, a disponibilidade térmica dessa região será menor do que se 
não houvesse a ação da corrente marinha. Assim, tanto as corren- 
 SAIBA MAIS 
Para acessar o conceito de Ge- 
ografia, consulte o Wipedia: 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ge- 
ografia 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ge-
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tes marinhas como as aéreas têm influência no clima de uma região. As 
correntes marinhas frias determinam a ocorrência de clima seco e 
ameno ou frio, enquanto que as correntes quentes favorecem a ocor- 
rência de climas quentes e úmidos. Na costa do Rio Grande do Sul 
(Figura A4), atua uma corrente marinha fria (Corrente das Falklands), 
fazendo com que região litorânea do extremo sul do estado tenha me- 
nor disponibilidade térmica que a região mais ao norte, na divisa com 
Santa Catarina, onde já predomina a ação de uma corrente marinha 
quente. 
 
g) Vegetação 
Extensas áreas de vegetação formam massas de ar, as quais são 
constituídas por um grande volume de ar praticamente homogêneo 
quanto à temperatura e umidade do ar. Em razão dos movimentos 
atmosféricos, as massas de ar podem atuam em locais distantes da sua 
formação. Ex. Massa de ar Equatorial Continental (Ec) formada na 
região amazônica atua na região sul durante o verão. 
 
h) Atividade humana 
Algumas atividades humanas acabaram modificando as caracte- 
rísticas da superfície, bem como as da atmosfera. O homem interferiu em 
vários ciclos e sistemas que se encontravam em equilíbrio. Através da 
emissão de clorofluorcarbonos (CFCs) e poluentes (gás carbônico, 
metano...) ele alterou a composição da atmosfera e, assim, as trocas 
radiativas do planeta. Com a derrubada de florestas, acabou modifi- cando 
as características da superfície como capacidade de evaporação, 
refletividade, rugosidade e infiltração da água, interferindo no ciclo 
hidrológico e energético da superfície. Com a construção de grandes 
cidades, modificou a rugosidade, a refletividade e o calor específico da 
superfície, fazendo que, nos grandes centros urbanos, ocorra restrição do 
vento e maior absorção de energia, que é mais facilmente converti- da em 
calor, criando as chamadas “ilhas de calor” nas grandes cidades. A ação 
do homem sobre o Clima já é conhecida, porém ainda não se têm bem 
claro as conseqüências dessa ação. 
 
Material adaptado: 
 
HELDWEIN, A. B., MEDEIROS, S. P. Agroclimatologia. Universidade Federal de Santa Maria - Centro de 
Ciências Rurais Curso de Graduação Tecnológica em Agricultura Familiar e Sustentabilidade 
 SAIBA MAIS 
Maiores informações sobre a 
atividade humana e clima 
podem ser encontradas em ht 
tp:// w w w. cptec . inpe.br/ 
glossario/#36

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