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AGRICULTURA FAMILIAR E SUSTENTABILIDADE AGROCLIMATOLOGIA 1 1 Elementos e fatores do clima O clima de uma região é caracterizado através dos elementos do clima, os quais por sua vez, sofrem interferência dos fatores do clima. 1.1 Elementos do clima Os elementos do clima ou elementos climáticos são os valores médios dos fenômenos meteorológicos da região provenientes de, no mínimo, 30 anos de observações. Entre eles se destacam: - valores médio da densidade de fluxo da radiação solar global incidente; - valores médios de insolação; - valores médios de temperatura do ar, média, máxima e mínima; - valores médios de velocidade e direção do vento; - valores médios de umidade relativa do ar; - valores médios de precipitação; - valor médio de nebulosidade; - valores médios de evaporação e evapotranspiração; - valor médio do número de geadas; - valores médios de pressão atmosférica. 1.2 Fatores do clima São fatores que afetam de modo permanente ou periódico os ele- mentos do clima a) Latitude Os locais situados nas latitudes de 30 graus sul ou norte possuem menor temperatura média anual do ar que os locais de latitude zero graus na Linha do Equador, além de possuírem maior amplitude tér- mica anual do ar que os locais próximos da Linha do Equador. A tem- peratura média no estado do Amapá (2°N) é igual a 25,5°C, enquanto que, no Rio Grande do Sul (30°S), é igual a 18°C. AGRICULTURA FAMILIAR E SUSTENTABILIDADE AGROCLIMATOLOGIA 2 Figura A1- Variação da temperatura do ar com a latitude. b)Altitude Os locais de maior altitude (Figura A2, ponto B) sempre têm me- nores valores de temperatura média do ar e de pressão do ar que os locais próximos que se encontram ao nível médio do ar (Figura A2, ponto A). Ocorre um decréscimo na temperatura do ar de 0,6°C para cada aumento de 100m na altitude na Troposfera (primeiros 8 a 12 km de altitude). c) Posição no relevo As localidades situadas nas encostas a barlavento das cadeias de montanhas (Figura A2, ponto B), devido à ocorrência de chuvas de origem orográfica, sempre têm totais de precipitação maiores que os locais situados a sotavento (Figura A2, ponto C). Exemplo: no litoral do Pacífico, antes das Cordilheiras dos Andes, ocorre maior volume de chuvas em quanto que, após a Cordilheira, a região é árida. AGRICULTURA FAMILIAR E SUSTENTABILIDADE AGROCLIMATOLOGIA 3 Figura A2 – Posição no relevo: Variação da temperatura com a altitude e chu- vas de origem orográficas d) Circulação geral da atmosfera e distribuição geral da pressão atmosférica sobre a terra Ao redor do globo terrestre, formam-se faixas de alta (30 e 90° N e S) e de baixa pressão (0 e nos 60°N e 60°S), que determinam mo- vimentos atmosféricos, denominados de circulação geral da atmosfe- ra. Na faixa de baixa pressão, acontece ascensão de ar na atmosfera, favorecendo a ocorrência de chuvas; sendo que o inverso ocorre na faixa de alta pressão, onde o movimento descente de ar na atmosfera dificulta a ocorrência de chuvas. Assim, na latitude de 30°N, existe uma faixa de alta pressão, ocorrendo condições pouco propícias para chuva (Figura A3). Já, no Equador, existe uma faixa da baixa pressão, propiciando a ocorrência de chuvas mais freqüentes e intensas. Figura A3. Distribuição de pressão atmosférica e a ocorrência de chuvas no Equador e climas secos a 30°N . AGRICULTURA FAMILIAR E SUSTENTABILIDADE AGROCLIMATOLOGIA 4 e) Continentalidade De um modo geral, observa-se que o aumento da continentalida- de determina aumento da amplitude térmica do ar e menores valores de precipitação e umidade relativa do ar. No Rio Grande do Sul, a cida- de de Torres (litorânea) possui umidade relativa média anual de 82% (Figura A4), já a cidade de Bagé (continental), no interior de estado, possui umidade relativa média anual de 73%. A continentalidade é um conceito da geografia. Continentalidade e maritimidade: • A distância dos grandes corpos hídricos influencia a temperatura do ar por causa das diferenças básicas nas características térmicas. No geral, a água absorve cinco vezes mais calor a fim de aumentar sua temperatura em quantidade igual ao do aumento do solo. Logo, quan- to mais próximo a grandes massas líquidas, menor será a variação da temperatura (maritimidade). • Quanto mais distante das grandes massas líquidas, maior será a variação da temperatura. (continentalidade). Por isso, climas conti- nentais são caracterizados por possuírem grandes variações de tem- peratura. Figura A4- Ação da continentalidade e das correntes marinhas sobre o clima f) Correntes marinhas e aéreas Caso uma corrente marinha fria passe a atuar sobre uma região quente, a disponibilidade térmica dessa região será menor do que se não houvesse a ação da corrente marinha. Assim, tanto as corren- SAIBA MAIS Para acessar o conceito de Ge- ografia, consulte o Wipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ge- ografia http://pt.wikipedia.org/wiki/Ge- AGRICULTURA FAMILIAR E SUSTENTABILIDADE AGROCLIMATOLOGIA 5 tes marinhas como as aéreas têm influência no clima de uma região. As correntes marinhas frias determinam a ocorrência de clima seco e ameno ou frio, enquanto que as correntes quentes favorecem a ocor- rência de climas quentes e úmidos. Na costa do Rio Grande do Sul (Figura A4), atua uma corrente marinha fria (Corrente das Falklands), fazendo com que região litorânea do extremo sul do estado tenha me- nor disponibilidade térmica que a região mais ao norte, na divisa com Santa Catarina, onde já predomina a ação de uma corrente marinha quente. g) Vegetação Extensas áreas de vegetação formam massas de ar, as quais são constituídas por um grande volume de ar praticamente homogêneo quanto à temperatura e umidade do ar. Em razão dos movimentos atmosféricos, as massas de ar podem atuam em locais distantes da sua formação. Ex. Massa de ar Equatorial Continental (Ec) formada na região amazônica atua na região sul durante o verão. h) Atividade humana Algumas atividades humanas acabaram modificando as caracte- rísticas da superfície, bem como as da atmosfera. O homem interferiu em vários ciclos e sistemas que se encontravam em equilíbrio. Através da emissão de clorofluorcarbonos (CFCs) e poluentes (gás carbônico, metano...) ele alterou a composição da atmosfera e, assim, as trocas radiativas do planeta. Com a derrubada de florestas, acabou modifi- cando as características da superfície como capacidade de evaporação, refletividade, rugosidade e infiltração da água, interferindo no ciclo hidrológico e energético da superfície. Com a construção de grandes cidades, modificou a rugosidade, a refletividade e o calor específico da superfície, fazendo que, nos grandes centros urbanos, ocorra restrição do vento e maior absorção de energia, que é mais facilmente converti- da em calor, criando as chamadas “ilhas de calor” nas grandes cidades. A ação do homem sobre o Clima já é conhecida, porém ainda não se têm bem claro as conseqüências dessa ação. Material adaptado: HELDWEIN, A. B., MEDEIROS, S. P. Agroclimatologia. Universidade Federal de Santa Maria - Centro de Ciências Rurais Curso de Graduação Tecnológica em Agricultura Familiar e Sustentabilidade SAIBA MAIS Maiores informações sobre a atividade humana e clima podem ser encontradas em ht tp:// w w w. cptec . inpe.br/ glossario/#36
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