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A Independência do Brasil e o domínio do mar • Projeto político para o Brasil: • Monarquia Constitucional responsável pela condução do Brasil à civilização. • Organização pública capaz de executar um projeto de construção da Nação. • Desenvolvimento econômico mediante diversificação de sua atividade comercial e industrial. • Adoção de uma política externa capaz de garantir a soberania nacional. • A defesa da integridade territorial por meio das forças armadas. A criação da Esquadra Somente o domínio do mar poderia garantir a unidade territorial: “a prontificação, no Brasil, de uma força marítima tal que possa obrar em massa ou subdividir-se pelos diversos pontos da Costa”. (José Bonifácio, 1822). A criação da Esquadra A interpretação de Hipólito da Costa (1774- 1823) sobre a conjuntura brasileira apresentava o emprego da violência como um recurso para defesa dos interesses nacionais: “Os preparativos de guerra são essenciais por mais fraco que se supunha o inimigo; e se a força armada é necessária a qualquer Governo, que deseja fazer-se respeitar, muito mais precisa um Governo novo, a quem até falta o respeito habitual, que resulta do costume. Por isso louvamos muito, que o Ministério do Rio de Janeiro, se tenha já aplicado à formação de uma força naval, não menos do que à de um exército de terra”. A criação da Esquadra “seria descuido injustificável declarar-se nação independente; e os meios são outros senão a criação de poderosa força naval. Sem esta não haverá segurança, comércio livre, nem riquezas, nem caráter nacional, nem prosperidade individual”. Fonte: COSTA, Hipólito da. Correio Brasiliense. Londres, nº 175, dezembro de 1822. Miscelânea Política, p. 590. A Armada Imperial As funções estratégicas desempenhadas pela Marinha Imperial 1. A garantia do domínio do mar capaz de assegurar a integridade do território. 2. Transporte de tropas. 3. Proteção ao comércio. 4. Ações de bloqueio contra a Esquadra portuguesa. Desafios enfrentados • Convite de D. Pedro I ao Capitão-de-Mar-e-Guerra Luís da Cunha Moreira: “Confiado na tua aptidão, e no teu patriotismo Eu tenho te nomeado Ministro e Secretário d’Estado dos Negócios da Marinha na época mais crítica, e mais gloriosa do teu país, trata-se de se fazer a Independência do Brasil, e precisa-se de uma Esquadra que combata a da Metrópole inimiga de nossa emancipação política, e que faça tremular em longínquos mares o pavilhão do Império que fundei”. (D. Pedro I, 2022) Desafios enfrentados • Aquisição de meios flutuantes: • Incorporação de navios portugueses • Fragata Piranga • Fragata Paraguaçu • Corveta Maria da Glória • Corveta Liberal • Contratação de mercenários estrangeiros Almirante Cochrane Nas ações navais empreendidas pelo Almirante Cochrane, o oficial soube conduzir a Marinha de Guerra conforme a conjuntura, aplicando a força de forma gradual como também de modo político na Bahia e no Maranhão. O poder dissuasório da Esquadra para garantir o domínio do mar. “Os portugueses da Bahia – o perseguimento da frota inimiga – o incapacitar os navios com tropa destinados ao Maranhão – atos inteiramente além das instruções imperiais – não só libertaram do inimigo as províncias do Norte, mas, como já fica dito, pouparam ao Governo brasileiro as demoras, gastos, e incertezas de fortes expedições” (COCHRANE, 2014, p. 79). O domínio do Mar Em 1828, o Ministro da Marinha Diogo Jorge de Brito (1775-1830) informava sobre a divisão da força naval: “com quanto à primeira vista pareça avultado o número de vasos em ação, contudo, refletindo ser de absoluta necessidade não diminuir a esquadra do rio da Prata, conservar uma divisão naval na costa d’África”. (Relatório do Ministério da Marinha, 1828) O domínio do Mar Deste modo, a Armada Imperial cumpriu dois objetivos principais: 1) defendeu o comércio marítimo brasileiro, principalmente, o tráfico de escravos, alvo de piratas e corsários e 2) dissuadiu a Inglaterra quanto à ação do Estado Imperial em diminuir gradativamente o comércio até suspendê-lo de modo definitivo. O domínio da Mar e a Guerra da Cisplatina o Império do Brasil não pode prescindir de ser uma potência essencialmente marítima, sem quebra de sua glória, de sua dignidade e de seus mais caros interesses. (...) tendo a nação conseguido, através dos males produzidos pela guerra Argentina, o grande bem de possuir atualmente uma marinha respeitável, tanto pelo número e qualidade dos vasos que a compõe, como pela quantidade de marinheiros e soldados aguerridos, e principalmente inabaláveis na lealdade à nação e ao Imperador, seria, não só solapar os fundamentos da grandeza nacional e destruir o mais vigoroso elemento da prosperidade pública. (Relatório Ministerial, 1828) A Marinha Imperial e a Construção da Ordem A Marinha de Guerra foi empregada para realizações de operações ofensivas que almejavam a pacificação do território, sufocando as revoltas regenciais (1835-1849), impedindo sua fragmentação. A Marinha Imperial e a Construção da Ordem A gestão de José Rodrigues Torres desempenhou um papel político relevante para compreender como a elite brasileira almejava concretizar seus interesses políticos e econômicos. 1. Criação do Conselho Naval. 2. Criação de estabelecimento de fiscalização de receitas em cada Arsenal. 3. Sugeriu a transferência da Academia dos Guardas- Marinhas para bordo do navio de guerra. 4. Novo plano de carreira para o aumento do Corpo de Artilharia da Marinha e no Corpo de Marinheiros. A Marinha Imperial e a Construção da Ordem A gestão de José Rodrigues Torres desempenhou um papel político relevante para compreender como a elite brasileira almejava concretizar seus interesses políticos e econômicos. 5. Constituição de uma força de 3 a 4 mil homens para garantir a segurança interna. 6. Estímulo à construção naval e compra de navios no exterior. 7. Criação da Escola de Construção Naval para formar engenheiros. 8. Plano de preservação das matas para construção naval. Consolidação do Estado Imperial (1850-1870) • A Armada Nacional e Imperial atuou como instrumento militar e persuasivo da diplomacia brasileira a partir da construção de estratégias para a defesa do Império, da projeção de poder regional e da realização de operações navais capazes de garantir os interesses nacionais. • Em concomitância, a Esquadra experimentava seu próprio processo de afirmação, buscando a modernização da instituição e a superação dos desafios resultantes da introdução de novas tecnologias à força naval. “Política Externa de Potência”. • Nova orientação do Ministério dos Negócios Exteriores a partir da ascensão do Visconde do Uruguai: 1. Manutenção da unidade territorial, preservando as fronteiras continentais do Império do Brasil a partir da assinatura dos Tratados de Limites. 2. Aquisição da livre navegação da bacia do Prata. 3. Resistência aos assédios da Royal Navy no litoral e às pretensões norte-americanas na Amazônia. 4. Assegurar a hegemonia brasileira na América do Sul, neutralizando os projetos expansionistas brasileiros. Importância geopolítica da bacia do Prata De acordo com o chanceler brasileiro, Paulino Soares de Souza: “perderíamos uma parte importante da província de Mato Grosso, que compreende sua capital, ficando a província e a navegação dos rios completamente abertas. Semelhantes questões de limites, que ainda não estão resolvidas, não tornariam inevitável uma guerra, com um vizinho que, absorvendo nacionalidades que temos reconhecido, teria aumentado extraordinariamente o seu poder e adquirido proporções gigantescas? “ (Souza, ap. Paranhos, 2008, p. 210) A Guerra como instrumento político do Império do Brasil “enquanto o congresso da paz universal não der leis ao mundo, o – Si vis pacem, para bellum – há de ser, não só uma máxima militar, senão também uma impreterível garantia de segurança interna e externa de todas as nações civilizadas”. (PARANHOS, J. Cartas ao amigo ausente. 1851).Ministro da Marinha Visconde do Rio Branco (1853-1855) a importância estratégica da Armada Imperial para defesa da integridade do território e os interesses políticos na bacia do Prata. Ministro da Marinha Visconde do Rio Branco (1853-1855) • 1º Manter cruzeiros efetivos e permanentes sobre toda a extensa costa do Brasil, divididos pelas quatro Estações Navais, tendo por fim principal a repressão do tráfico de Africanos, além de outros importantes serviços. • 2º Conservar nas águas do rio da Prata uma Divisão capaz de proteger os interesses do Império e de seus súditos. Ministro da Marinha Visconde do Rio Branco (1853-1855) • 3º Conservar igualmente nas águas interiores da província de São Pedro do Rio Grande do Sul, e rios Cuiabá, Paraguai e Amazonas, flotilhas compostas de embarcações apropriadas à navegação fluvial das ditas províncias para policiar e guardar as respectivas fronteiras. • 4º Empregar um ou mais dos nossos melhores navios de guerra em viagem de longo curso, não só para instrução e exercício de nossos oficiais e marinheiros, como para fazer conhecido das nações estrangeiras o pavilhão imperial. • Ministro da Marinha Visconde do Rio Branco (1853-1855) • 5º Ter um número suficiente de navios de transporte para o serviço geral das Estações, condução de madeiras para os arsenais, de mantimentos e sobressalentes para a Divisão Naval do Rio da Prata, de fornecimento e tropa para o presídio militar da ilha de Fernando de Noronha das nações estrangeiras o pavilhão imperial. Passagem de Tonelero (1852) 18 52 18 54 18 57 18 48 Fragata d. Afonso Primeiro Navio de Guerra a vapor à roda. Fragata Amazonas Fragata a vapor à rodas Canhoneira Ipiranga Primeiro navio a vapor à hélice construído no Brasil. Corveta Niterói Primeiro Navio construído no Brasil com canhões de alma raiada. MODERNIZAÇÃO TECNOLÓGICA DA MARINHA IMPERIAL Modernização Tecnológica da Esquadra Influência da Guerra da Crimeia (1853- 1856) Lançamento da Bateria Flutuante pelos franceses. • Embarcações com fundo chato para operar em águas rasas. • Construção de madeira com couraça de ferro. • Propulsão a vapor. Missão do Almirante Tamandaré (1857) “Ocupando-me, porém, desse mister, devo dizer a V. Excelência que os meus primeiros ofícios foram feitos sob a pressão da necessidade de tomar-se para com o Paraguai uma atitude imediatamente hostil, e é por isso que Sua Majestade O Imperador me ordenou que procurasse obter por compra e no mais breve tempo possível as dez canhoneiras, de cuja aquisição foi V.Ex. encarregado. (...) de obter algumas das baterias flutuantes, de que se serviram a Inglaterra e França no Báltico. Seria de desejar que dispuséssemos de duas d’essas canhoneiras, porque elas auxiliariam fortemente um ataque ao Humaitá pelo lado do rio”. Fonte: Ofício de José Antonio Saraiva a Joaquim Marques Lisboa. Arquivo Tamandaré. DPHDM, Livro IX, Doc. 866, p. 63 Ano da Incorporação Nome Atuação 1858 Canhoneira Tietê Estação Naval do Sul 1858 Canhoneira Mearim Divisão Naval do Rio da Prata – Batalha do Riachuelo 1858 Canhoneira Ibicuí Estação Naval do Norte 1858 Canhoneira Itajaí Divisão Naval do Rio da Prata 1858 Canhoneira Araguaí Divisão Naval do Rio da Prata 1858 Canhoneira Belmonte Divisão Naval do Rio da Prata 1858 Canhoneira Parnaíba Divisão Naval do Rio da Prata – Batalha do Riachuelo 1858 Canhoneira Araguari Divisão Naval do Rio da Prata – Batalha do Riachuelo 1858 Canhoneira Iguatemi Divisão Naval do Rio da Prata – Batalha do Riachuelo 1858 Canhoneira Ivaí Divisão Naval do Rio da Prata 1858 Vapor Tramandataí Estabelecimento Naval do Itapura Diplomacia das Canhoneiras • A diplomacia das canhoneiras pode ser entendida como estratégia de intimidação ou intervenção militar por meio da demonstração de força dos navios de guerra de pequeno e médio porte para, sem recorrer à declaração formal de guerra, alcançar os objetivos nacionais. Modernização da Esquadra Impacto da Guerra Civil-Americana (1861-1865) e da batalha de Hampton Roads (1862): 1. Consolidação da couraça de ferro. 2. Consolidação da propulsão a vapor. O impacto da Guerra do Paraguai: auge da Marinha Imperial Modernização da Esquadra para a Guerra do Paraguai Navios construídos no Arsenal da Corte Canhoneira Taquari Canhoneira Vital de Oliveira Encouraçado Tamandaré Encouraçado Barroso Encouraçado Rio de Janeiro Bombardeira Pedro Afonso Bombardeira Forte Coimbra Monitor Pará Monitor Rio Grande Monitor Alagoas Monitor Piauí Monitor Ceará Monitor Santa Catarina Vapor Level Rebocador Lamego Rebocador Braconnot Canhoneira Greehalgh Canhoneira Marcílio Dias Modernização da Esquadra para a Guerra do Paraguai Navios construídos na Europa Encouraçado/corveta Brasil Encouraçado Silvado Encouraçado Monitor Bahia Encouraçado Herval Encouraçado Mariz e Barros Encouraçado Colombo Encouraçado Cabral O caráter decisivo da batalha do Riachuelo A Batalha do Riachuelo foi relevante, pois contribuiu para o cumprimento da estratégia naval estabelecida: o bloqueio naval e o aniquilamento de quase toda a esquadra paraguaia. Esse aspecto corroborou para a importância política: a projeção de poder do Império do Brasil, a manutenção do simbolismo da Marinha de Guerra Brasileira como instrumento político e militar do Estado, além do prestígio político dos próprios militares responsáveis pelo evento histórico. Considerações Finais • A importância das comunicações marítimas para a formação e consolidação do Estado. • A relevância das relações civis-militares para o emprego estratégico da esquadra. • A Marinha Imperial foi instrumento político e militar. • A força naval atuou, militarmente, promovendo ações de bloqueio, passagens, guerra costeira, apoio logístico e batalhas navais. • A Esquadra amparou a política externa mediante execução da diplomacia das canhoneiras. • Apesar das limitações tecnológicas e financeiras, conseguiu garantir sua modernização a fim de alcançar os interesses nacionais. mailto:prof.jessica.gonzaga91@gmail.com mailto:prof.jessica.gonzaga91@gmail.com
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