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AULA 4 - FUNDAMENTOS JURÍDICOS PARA A ATUAÇÃO DO OPERADOR DE SEGURANÇA PÚBLICA

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TÓPICOS ESPECIAIS EM SEGURANÇA 
PÚBLICA
FUNDAMENTOS JURÍDICOS PARA A 
ATUAÇÃO DO OPERADOR DE SEGURANÇA 
PÚBLICA
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1 - Reconhecer os tipos de diligências policiais, a busca: pessoal, em veículos e domiciliar;
2 - Identificar três crimes praticados por particulares contra a administração em geral: resistência,
desobediência e desacato.
Nesta terceira aula, vamos estudar as diligências realizadas pelos policiais e os crimes de resistência,
desobediência e desacato, praticados por particulares contra a administração em geral.
1 Crime, dolo ou culpa e potencial ofensivo
Antes de começarmos a estudar os tipos penais (resistência, desobediência e desacato) faremos uma revisão a
respeito da definição de crime, dolo, culpa, potencial ofensivo.
Crime
Muitas são as definições de crime, seguidores das teorias finalista da ação (ou ação finalista) e da teoria
causalista (naturalista, clássica, tradicional) adotam conceitos diferentes.
Sabemos que no estudo do Direito sempre encontraremos uma, duas, três ou mais correntes com entendimentos
diversos sobre determinado tema, com a definição de crime não poderia ser diferente.
Adotaremos a seguinte: É todo fato típico antijurídico e culpável.
Vamos entender...
Fato típico é o comportamento do homem por ação (positivo) ou por omissão (negativo) que provoca um
resultado, previsto por lei, como uma infração penal.
Assim, se uma pessoa fizer algo ou deixar de fazer algo que deveria, provocando um resultado previsto no Código
Penal Brasileiro como crime, cometeu um crime.
Fato antijurídico é aquele contrário à lei, ou seja, contra o ordenamento jurídico.
A culpabilidade é a reprovação da lei pelo fato do homem estar ligado a um fato típico e antijurídico.
Na verdade, a culpabilidade é elemento para impor a pena pela reprovação da conduta humana.
A culpabilidade não é característica ou mesmo aspecto do crime, é o que condiciona à punição.
Punibilidade
A punibilidade é apenas uma consequência jurídica do delito.
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A punição aplicada ao criminoso é calculada levando em consideração alguns fatores, porém a aplicação da pena
não é objeto do nosso estudo neste momento.
Dolo ou culpa
Quando o indivíduo comete um crime, este pode ser doloso ou culposo.
Por crime doloso entende-se todo aquele praticado com a intenção de cometê-lo.
Assim, dizemos que o crime é doloso quando o indivíduo o pratica conscientemente e voluntariamente.
Os três crimes que estamos estudando (desobediência, desacato e resistência) são crimes dolosos.
Os crimes culposos são assim definidos quando o indivíduo deu causa ao resultado crime.
Apenas para relembrar, as três formas da culpa são:
• Imprudência;
• Imperícia;
• Negligência.
Potencial ofensivo
Os crimes com pena máxima de até 2 anos, são considerados de menor potencial ofensivo. Assim são definidos os
crimes de resistência, desobediência e desacato.
Note que a maior dentre as penas destes crimes é a pena do crime de resistência, detenção de 2 meses a 2 anos,
mas se decorrente da resistência o ato legal do funcionário não se executar, a pena passa a ser de 1 a 3 anos de
reclusão.
Afastando, neste caso, o menor potencial ofensivo, caso a pena maior seja aplicada, os 3 anos de reclusão.
Isto acontece, pois, neste tipo penal, encontramos a figura da violência ou ameaça contra o funcionário
competente
e ainda, a ordem que não foi executada.
2 Resistência, desobediência e desacato
São crimes praticados por particulares contra a Administração em geral. Vamos entender isto?
De um lado está o particular, ou seja, qualquer pessoa.
Do outro, o Estado.
Visando proteger as atividades administrativas contra a ação nociva de pessoas contrárias à lei, no Capítulo II do
Título XI, o Código Penal Brasileiro ( ) prevê esteshttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
tipos penais.
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Sabemos que o Estado é o titular da normalidade e regularidade administrativa. É o interessado em regular toda
a atividade administrativa. Tem seus funcionários, nos diversos quadros, que precisam ser respeitados no
exercício de suas funções, pois estes funcionários agem em nome do Estado, ou seja, da Administração Pública.
Quando uma pessoa age contra o trabalho legal exercido pelos funcionários do Estado, ela age contra o próprio
Estado.
Desta forma, o violador da lei não pode ficar impune, a ele será aplicada uma pena.
São crimes praticados por particulares contra a Administração em geral. Vamos entender isto?
Resistência
Reza o artigo 329 do Código Penal Brasileiro que a resistência é a oposição a ato legal de funcionário público ou a
quem auxilia, mediante violência ou grave ameaça.
Pena: de 2 meses a 2 anos de detenção. Porém, se o ato legal, em razão da resistência não se consumar, a pena
altera para reclusão de 1 a 3 anos.
Vamos entender...
Para se caracterizar a resistência tem que haver violência ou grave ameaça. A violência pode consistir em força
física contra o funcionário ou a quem o auxilia.
A ameaça pode ser real, caracterizada, por exemplo, como apontar uma arma para o funcionário ou a quem o
auxilia, ou verbal como uma promessa de um mal ao funcionário ou a quem o auxilia.
Exemplos de resistência:
• Oposição ao cumprimento de um mandado de prisão: o indivíduo agride fisicamente o policial militar;
• Oposição à ordem de identificarem-se: indivíduos agridem fisicamente um bombeiro militar e um 
guarda municipal durante uma manifestação nas ruas da cidade;
• Oposição ao cumprimento de um mandado de busca e apreensão: o indivíduo agride fisicamente o 
policial civil.
Para reforçar sua aprendizagem assista ao vídeo que nos mostra um protesto no Estado do Amapá, ocorrido em
junho de 2013, no qual várias pessoas foram conduzidas à delegacia por cometerem os crimes que estamos
estudando nesta aula. Publicado em 29/06/2013
O protesto iniciou na Praça da Bandeira, centro de Macapá, e percorreu as principais ruas e avenidas da cidade.
A PM informou que 20 a 25 mil pessoas participaram dos atos. Professores, estudantes e profissionais da Saúde
estavam presentes, reivindicavam melhorias em vários setores.
Várias pessoas foram detidas durante as manifestações. Elas foram indiciadas por depredação do patrimônio
público, incitação à violência, resistência à prisão, desobediência e desacato à autoridade.
Desobediência
De acordo com o artigo 330, do Código Penal Brasileiro, desobedecer à ordem legal de funcionário público,
caracteriza este tipo penal.
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Pena: detenção de 15 dias a 6 meses e multa.
Vamos entender...
Desobediência é o não cumprimento, ou seja, a não obediência à ordem legal de funcionário público. Distingue-se
da resistência por não haver o uso da violência ou ameaça ao funcionário público.
É necessário que seja ordem, não mera solicitação ou pedido de funcionário público.
É necessário que a ordem seja dirigida expressamente a quem tenha o dever jurídico de obedecê-la, a ordem
deve ser legal.
O funcionário público precisa estar no exercício de suas funções.
Exemplos de desobediência:
Recusa de entrega de material necessário à prova de um crime.
• Venda de bebida alcoólica no dia das eleições, vez que o juiz competente ordena que não seja vendido 
qualquer tipo de bebida que contenha álcool durante o sufrágio.
• A recusa de entregar a documentação do veículo, quando legalmente ordenado pelo policial.
• A recusa de motorista em atender a ordem de parada de um policial.
Desacato
De acordo com o artigo 331, do Código Penal Brasileiro, desacatar funcionário público no exercício da função ou
em razão dela é crime.
Vamos entender...
Desacatar significa ofender, vexar, humilhar, espezinhar, desprestigiar, menosprezar, ou seja, todo e qualquer
ato que venha ofender a dignidade e o decoro da função. É a ofensa, o menosprezo a funcionário público no
exercício de sua função.
Assim sendo, toda e qualquer palavra ou ato que tragam em si significados de desprestígio ao funcionáriopúblico, com a consciência de atingi-lo nas funções que desempenha.
Caso o funcionário não esteja presente para ouvir a injúria proferida, não se poderá falar em crime de desacato,
ou seja, é indispensável
a presença do mesmo, e que ele ouça palavras de calão ou grosseiras para caracterizar o crime.
Exemplos de desacato:
• Gritos, gestos e escritos vexatórios se presente o funcionário público.
• Em uma busca veicular, o indivíduo abordado pelo policial profere palavras de calão.
• Em uma busca pessoal, o indivíduo começa a rir durante a revista.
• Em uma busca domiciliar, o indivíduo faz gestos obscenos.
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3 Busca pessoal, domiciliar e em veículos
Na primeira aula, estudamos um pouco a respeito das buscas policiais, agora ampliaremos nossa visão a respeito
deste tópico.
O Código de Processo Penal Brasileiro destaca no Capítulo XI (Busca e a Apreensão).
Os artigos 240 a 250 são designados a esta finalidade, Vamos analisar alguns destes artigos.
Art. 240
A busca será domiciliar ou pessoal.
§ 2º Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida
ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.
Art. 241
Quando a autoridade policial ou judiciária não for pessoalmente realizar a busca domiciliar, deverá haver um
mandado de busca domiciliar.
Art. 244
A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa
esteja na posse de arma proibida ou de objetos
ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar.
Fundada suspeita é a exigência legal para a realização da abordagem policial.
Art. 249
A busca em mulher será realizada por outra mulher, caso não importe retardamento ou prejuízo à diligência.
Você entendeu o motivo da busca policial?
Quando um policial aborda um indivíduo que está trafegando com um veículo ou caminhando pela rua ou ainda
quando policiais se dirigem a uma residência, para uma busca domiciliar, ação policial tem que estar de acordo
com o embasamento legal da fundada suspeita.
O policial, por meio de denúncia via telefone, informações passadas pela central de rádio ou de populares que
presenciaram a cena de um crime, realiza as abordagens pessoais ou buscas domiciliares ou ainda, em veículos.
Pela visualização do agente de Segurança Pública de uma pessoa portando algo que possa ser uma arma de fogo,
ele realiza a busca pessoal, com o objetivo de verificar se é um caso concreto de porte ilegal de arma de fogo, pois
isto é um crime.
Uma pessoa que ao avistar a viatura policial empreenda desabalada carreira pode ser abordada pelo agente, pois
estará agindo dentro da lei.
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Toda abordagem policial deve ser pautada na legalidade. A abordagem policial não pode ser baseada na
subjetividade do agente.
Você sabe o que é Justiça?
De acordo com o dicionário da Língua Portuguesa justiça é atribuir a cada um aquilo que de direito lhe pertence,
ou seja, é dar a cada pessoa o que é certo, de acordo com as leis vigentes.
A representação da justiça como uma mulher com venda na face cobrindo os olhos, tendo em um dos braços uma
espada e no outro uma balança significa a ideia que ninguém está acima da lei.
A venda nos olhos passa a mensagem de imparcialidade.
A espada, a punição.
A balança, a igualdade.
Saiba mais
Você já notou que existem diversos símbolos da Justiça?
Acesse o site do Supremo Tribunal Federal e navegue para conhecê-los e saber dos significados
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4 Abuso de Autoridade
A Lei 4898/65 ( ) possui 29 artigos, estudaremos algunshttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4898.htm
desses nesta aula.
A literatura nos conta que na época dos grandes reis, a.C., quando seus exércitos ganhavam a guerra os despojos
passavam a ser do exército vencedor.
Assim sendo, o exército vencedor levava consigo toda a riqueza que o exército perdedor possuía, sejam os
animais, as mulheres, as crianças, os metais preciosos
ou algo que julgassem ter grande valor.
Geralmente, o povo do exército perdedor tornava-se escravo do novo rei. Todo este espólio passava a ter um
novo proprietário. A autoridade da época, o rei, possuía suas leis e nada poderia impedir sua vontade.
A palavra da maior autoridade existente era cumprida, o edito do rei era erga omnes, isto é, alcançava todos os
que moravam no reinado.
Caso o rei desejasse algo do seu povo, como por exemplo: a plantação, os animais, os filhos ou filhas de um dos
seus servos; aumentar os números de horas trabalhadas e diminuir a comida do povo, ele conseguiria, pois tudo
era possível para agradá-lo.
Desta forma, muitos abusos foram cometidos em nome da autoridade.
• À liberdade de locomoção.
• À inviolabilidade de domicílio.
• Ao sigilo de correspondência.
• À liberdade de consciência e de crença.
• Ao livre exercício de culto religioso.
• À liberdade de associação;
• Aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto;
• Ao direito de reunião;
• À incolumidade física do indivíduo;
• Aos direitos e garantias legais.
• Ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso 
de poder;
• Submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou constrangimento não autorizado em lei;
• Deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa;
• Deixar o juiz de ordenar o relaxamento da prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada;
Acesse o site do Supremo Tribunal Federal e navegue para conhecê-los e saber dos significados
de cada imagem.
http://www.stf . jus.br/portal/cms/verTexto.asp?
servico=bibliotecaConsultaProdutoBibliotecaSimboloJustica&pagina=inicial
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• Deixar o juiz de ordenar o relaxamento da prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada;
• Levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança prevista em lei;
• Cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer 
outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu 
valor.
• Recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de 
carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa.
• O ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou 
desvio de poder ou sem competência legal.
• Prorrogar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir 
em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade.
Definição de Autoridade
Art. 5º - Considera-se autoridade, de acordo com a Lei estudada, quem exerce cargo, emprego ou função pública,
de natureza civil ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.
Punição: administrativa, civil e penal
Art. 6º- O autor de abuso de autoridade será punido administrativamente, civilmente e penalmente.
Não será preciso intimar as testemunhas
Art.18º- As testemunhas de acusação e defesa poderão ser apresentadas em juízo, independentemente de
intimação.
O que vem na próxima aula
•Guarda Municipal.
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Saiba mais
Site: https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/20923/qual-a-diferenca-entre-o-abuso-de-poder-e-
o-abuso-de-autoridade-ariane-fucci-wady
Site: http://www.youtube.com/watch?v=rSazGL5RFsk
Site: manifestantes em Brasília presos por desacato
http://globotv.globo.com/globo-news/jornal-globo-news/v/manifestantes-protestam-em-
brasilia/2891462/
Filme: Outra Face 1997/USA/Ação. Com Nicolas Cage, John Travolta, Joan Allen, Gina Gershon,
Dominique Swain e Nick Cassavetes. Depois que terroristas mataram seu filho, agente do FBI
só pensa em vingança. Em uma ousada operação, ele consegue encurralar o terrorista e seu
irmão.
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CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• reconheceu os tipos penais: resistência, desobediência e desacato;
Referências
SANCTIS. Paulo Martin de. Crime Organizadoe Lavagem de Dinheiro. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009. cap. 1
SOARES, Luiz Eduardo. A Política Nacional de Segurança Pública: histórico, dilemas e perspectivas. Estudos
Avançados 21 (61). São Paulo, 2007.
BRANCO. Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012. cap. 4
BITENCOURT. Cezar Roberto. Código Penal Comentado. São Paulo: Saraiva, s/d. cap. 18
OLIVEIRA. James Eduardo. Constituição Federal Anotada e Comentada. 1ª ed. São Paulo, Forense, 2013.
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