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Página 1 de 13 Prof. Rodolfo Machado - Direito Empresarial - Material de Apoio. DIREITO EMPRESARIAL E SOCIETÁRIO Prof. Rodolfo Machado Saudações estimados alunos, os apontamentos a seguir não resumem as aulas tampouco limitam o conhecimento necessário sobre o tema. O objetivo é que tais informações direcionem aos estudos complementares e novos horizontes. 1. DIREITO EMPRESARIAL E SOCIETÁRIO Para entendermos de maneira objetiva o direito empresarial é fundamental lembrarmos que este se fundamenta na atividade econômica. Atividade econômica pode ser realizada de 2 (duas) formas, sendo elas a compra e venda e a prestação de serviços. Com o advento da lei 10.406/2002 (Código Civil), a teoria formal definiu o empresário em seu art. 966, em substituição à teoria dos atos de comércio que vigorava desde os tempos do império. O conceito de empresário apresenta-se como uma evolução do conceito de comerciante, visto a presença dos 5 requisitos determinantes deste, a saber: Capacidade Habitualidade Intenção de lucro Compra e venda Atuar em nome próprio Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Concluímos, portanto, que todo comerciante é um empresário, mas nem todo empresário é um comerciante. Isto ocorre porque a atividade econômica de compra e venda que é fundamental ao Página 2 de 13 Prof. Rodolfo Machado - Direito Empresarial - Material de Apoio. comerciante, pode ser substituída pela prestação de serviços na definição do empresário (Art 966 da lei 10.406/22). Toda atividade de compra e venda tem natureza empresarial, já a prestação de serviços tanto terá natureza empresarial quanto não empresarial. Esta será empresarial quando não for intelectual ou, mesmo sendo, possua elementos de empresa. Portanto, a atividade econômica de prestação de serviços somente será de natureza não empresarial quando for intelectual e não tiver elementos da empresa. Entende-se como elementos de empresa a organização de quatro fatores fundamentais ao empresário, sendo eles: capital, insumos, mão de obra e tecnologia. 2. REGIME JURÍDICO EMPRESARIAL O regime jurídico empresarial é o conjunto de normas que impõe obrigações e geram direitos a todos os empresários, bem como as pessoas que com estes se relacionam no desenvolvimento da atividade econômica empresarial. De forma didática a doutrina classifica o empresário de três diferentes maneiras, sendo elas: regular (aquele que cumpre todas as disposições do RJE); de fato (aquele que não cumpre nenhuma das disposições); e empresário irregular (aquele que cumpre algumas das disposições, pois já foi ou tentou ser regular). Para o direito empresarial, tantos os irregulares quanto os de fato terão tratamento semelhante, visto que estarão sujeitos as obrigações, mas não farão jus aos direitos. Dentre as inúmeras obrigações do empresário, destacamos três delas que são comuns aos empresários e que compõe o RJE, são elas: a) Inscrição no órgão competente destinado ao registro público de empresas mercantis (juntas comerciais) antes do início das atividades. b) Escrituração do movimento negocial respeitando os requisitos intrínsecos e extrínsecos dispostos em lei. c) Elaboração de balanço patrimonial e de resultado econômico (esta obrigação é dispensada ao pequeno empresário art. 970 cc.). 3. REGISTRO DE EMPRESA Página 3 de 13 Prof. Rodolfo Machado - Direito Empresarial - Material de Apoio. Antes do início de suas atividades econômicas empresariais é necessária a inscrição no Registro Público de empresas mercantis. Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. 4. ÓRGÃOS DO REGISTRO DE EMPRESA O Registro de Empresas está regulado na Lei 8.934/94 (LRE). Art. 1º O Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, observado o disposto nesta Lei, será exercido em todo o território nacional, de forma sistêmica, por órgãos federais, estaduais e distrital, com as seguintes finalidades: (Redação dada pela Lei nº 13.833,de 2019) I - dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das empresas mercantis, submetidos a registro na forma desta lei; II - cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País e manter atualizadas as informações pertinentes; III - proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como ao seu cancelamento. Art. 2º Os atos das firmas mercantis individuais e das sociedades mercantis serão arquivados no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, independentemente de seu objeto, salvo as exceções previstas em lei. Os órgãos de Registro de Empresa no Brasil estão situados em dois níveis federativos: Federal (DREI) e Estadual (Juntas Comerciais). I - O Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (DREI) é o órgão máximo do sistema. Suas atribuições são de: a) supervisora, orientadora, coordenadora e normativa, na área técnica; b) supletiva, na área administrativa. DREI é um órgão sem função executiva, isto é, ele não realiza qualquer ato de registro de empresa. Compete-lhe, todavia, fixar as normas gerais para a prática dos atos registrários, pelas Juntas Comerciais, acompanhando a sua aplicação e corrigindo distorções. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13833.htm#art6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13833.htm#art6 Página 4 de 13 Prof. Rodolfo Machado - Direito Empresarial - Material de Apoio. II - As Juntas Comerciais, como órgãos locais, com funções executora e administradora dos serviços de registro. A Junta comercial é um órgão da administração Estadual, o qual é responsável pelo registro da empresa, além de outras atribuições legalmente estabelecidas. Compete às Juntas: a) assentamento dos usos e práticas mercantis; b) habilitação e nomeação de tradutores públicos e intérpretes comerciais; c) entre outras atribuições. Destacamos da Lei 8.934/94 artigos referentes ao exposto: Art. 5º Haverá uma junta comercial em cada unidade federativa, com sede na capital e jurisdição na área da circunscrição territorial respectiva. Art. 6º As juntas comerciais subordinam-se, administrativamente, ao governo do respectivo ente federativo e, tecnicamente, ao Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração, nos termos desta Lei. Art. 29. Qualquer pessoa, sem necessidade de provar interesse, poderá consultar os assentamentos existentes nas juntas comerciais e obter certidões, mediante pagamento do preço devido. Art. 31. Os atos decisórios serão publicados em sítio da rede mundial de computadores da junta comercial do respectivo ente federativo 5. ATOS DO REGISTRO DE EMPRESA Praticados pelas Juntas Comerciais sob a responsabilidade de seus Vogais, se dividem em três atos: o arquivamento, a matrícula e a autenticação. O arquivamento é pertinente à inscrição do empresário individual, isto é, do empresário que exerce sua atividade econômica como pessoa física, bem como, à constituição, dissolução e alteração (contratual ou estatutária) de sociedade empresarial. Arquivam-se também atos de reorganização societária como fusão, incorporação, cisão e transformação. A matrícula é o nome do ato de inscrição dos tradutores públicos, intérpretes comerciais, leiloeiros, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais. (atividades paracomerciais). Profissõesreguladas por lei especial. Não se confundem com a atividade do empresário. Página 5 de 13 Prof. Rodolfo Machado - Direito Empresarial - Material de Apoio. A autenticação está ligada aos atos denominados de escrituração. A obrigação legal de anotar nos livros empresariais o movimento dos negócios (anotação e controle da atividade econômica propriamente dita). A autenticação é condição para validade do documento. Destacamos da Lei 8.934/94 artigos referentes ao exposto: Art. 32. O registro compreende: I - a matrícula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais; II - O arquivamento: a) dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas; b) dos atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; c) dos atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil; d) das declarações de microempresa; e) de atos ou documentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que possam interessar ao empresário e às empresas mercantis; III - a autenticação dos instrumentos de escrituração das empresas mercantis registradas e dos agentes auxiliares do comércio, na forma de lei própria. § 1º Os atos, os documentos e as declarações que contenham informações meramente cadastrais serão levados automaticamente a registro se puderem ser obtidos de outras bases de dados disponíveis em órgãos públicos. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 2º Ato do Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração definirá os atos, os documentos e as declarações que contenham informações meramente cadastrais. Art. 36. Os documentos referidos no inciso II do art. 32 deverão ser apresentados a arquivamento na junta, dentro de 30 (trinta) dias contados de sua assinatura, a cuja data retroagirão os efeitos do arquivamento; fora desse prazo, o arquivamento só terá eficácia a partir do despacho que o conceder. Art. 39. As juntas comerciais autenticarão: I - os instrumentos de escrituração das empresas mercantis e dos agentes auxiliares do comércio; II - as cópias dos documentos assentados. Parágrafo único. Os instrumentos autenticados, não retirados no prazo de 30 (trinta) dias, contados da sua apresentação, poderão ser eliminados. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art14 Página 6 de 13 Prof. Rodolfo Machado - Direito Empresarial - Material de Apoio. Art. 39-A. A autenticação dos documentos de empresas de qualquer porte realizada por meio de sistemas públicos eletrônicos dispensa qualquer outra.(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) Art. 39-B. A comprovação da autenticação de documentos e da autoria de que trata esta Lei poderá ser realizada por meio eletrônico, na forma do regulamento(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) Art. 40. Todo ato, documento ou instrumento apresentado a arquivamento será objeto de exame do cumprimento das formalidades legais pela junta comercial. § 1º Verificada a existência de vício insanável, o requerimento será indeferido; quando for sanável, o processo será colocado em exigência. § 2º As exigências formuladas pela junta comercial deverão ser cumpridas em até 30 (trinta) dias, contados da data da ciência pelo interessado ou da publicação do despacho. § 3º O processo em exigência será entregue completo ao interessado; não devolvido no prazo previsto no parágrafo anterior, será considerado como novo pedido de arquivamento, sujeito ao pagamento dos preços dos serviços correspondentes. 6. PROCESSO DECISÓRIO DO REGISTRO DE EMPRESA Prevê a Lei dois regimes de execução do registro de empresas: Decisão colegiada e Singular. Processa-se pela decisão colegiada o arquivamento de atos relacionados com as Sociedades por ações (Sociedades Anônimas e Sociedades Comandita por ações, previstas na Lei 10.406/2002 e reguladas pela Lei 6.404/76). Também serão decididos de forma colegiada os arquivamentos de atos de transformação, incorporação, fusão e cisão de sociedade empresarial de qualquer tipo. Processam-se pelo regime de decisão singular os atos de matrícula, a autenticação e todos os demais atos de arquivamentos não citados no parágrafo anterior. (Exemplos: arquivamento de constituição de sociedade Limitada, inscrição de Empresário individual etc.). Destacamos da Lei 8.934/94 artigos referentes ao exposto: Art. 41. Estão sujeitos ao regime de decisão colegiada pelas juntas comerciais, na forma desta lei: I - o arquivamento: a) dos atos de constituição de sociedades anônimas; (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) b) dos atos referentes à transformação, incorporação, fusão e cisão de empresas mercantis; c) dos atos de constituição e alterações de consórcio e de grupo de sociedades, conforme previsto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp147.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp147.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp147.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp147.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm Página 7 de 13 Prof. Rodolfo Machado - Direito Empresarial - Material de Apoio. II - o julgamento do recurso previsto nesta lei. Parágrafo único. Os pedidos de arquivamento de que trata o inciso I do caput deste artigo serão decididos no prazo de 5 (cinco) dias úteis, contado da data de seu recebimento, sob pena de os atos serem considerados arquivados, mediante provocação dos interessados, sem prejuízo do exame das formalidades legais pela procuradoria. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) Art. 42. Os atos próprios do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, não previstos no artigo anterior, serão objeto de decisão singular proferida pelo presidente da junta comercial, por vogal ou servidor que possua comprovados conhecimentos de Direito Comercial e de Registro de Empresas Mercantis. Destacamos do Decreto 1.800/96 artigos referentes ao exposto: Art. 49. Os atos submetidos ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins estão sujeitos a dois regimes de julgamento: I - decisão colegiada; II - decisão singular. Art. 50. Subordinam-se ao regime de decisão colegiada: I - do Plenário, o julgamento dos recursos interpostos das decisões definitivas, singulares ou de Turmas; II - das Turmas, o arquivamento dos atos de: a) constituição de sociedades anônimas; b) transformação, incorporação, fusão e cisão de sociedades empresárias; e c) constituição e alterações de consórcio e de grupo de sociedades, conforme previsto na lei de sociedades por ações. Art. 51. Os atos próprios do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins não previstos no art. 50 serão objeto de decisão singular proferida pelo Presidente, Vogal ou servidor público com comprovado conhecimento em Direito Empresarial e nos serviços do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins. § 1º Os vogais e os servidores públicos habilitados a proferir decisões singulares serão designados pelo Presidente da Junta Comercial.. § 2º O arquivamento dos atos constitutivos e de alterações não previstos no inciso II do caput do art. 50 terá o registro deferido automaticamente caso cumpridos os requisitos de: I - aprovação da consulta prévia da viabilidade do nome empresariale da viabilidade de localização, quando o ato exigir; e II - utilização pelo requerente do instrumento padrão estabelecido pelo Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração da Secretaria de Governo Digital da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia. § 3º O arquivamento dos atos de extinção não previstos no inciso II do caput do art. 50 terá o registro deferido automaticamente no caso de utilização pelo requerente do instrumento http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art14 Página 8 de 13 Prof. Rodolfo Machado - Direito Empresarial - Material de Apoio. padrão estabelecido pelo Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração da Secretaria de Governo Digital da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia. § 4º Na hipótese de que trata o § 2º e o § 3º, a análise do cumprimento das formalidades legais será feita posteriormente, no prazo de dois dias úteis, contado da data do deferimento automático do registro. § 5º Após a análise de que trata o § 4º, na hipótese de identificação da existência de vício: I - insanável, o arquivamento será cancelado; ou II - sanável, será observado o procedimento estabelecido em ato do Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração da Secretaria de Governo Digital da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia. Art. 52. Os pedidos de arquivamento sujeitos ao regime de decisão colegiada serão decididos no prazo de cinco dias úteis, contado da data do seu recebimento e, os submetidos à decisão singular, no prazo de dois dias úteis, contado da data do seu recebimento, sob pena de os atos serem automaticamente arquivados por meio de provocação dos interessados, sem prejuízo do exame das formalidades legais pela Procuradoria § 1º Quando os pedidos forem apresentados em protocolo descentralizado, contar-se-á o prazo a partir do recebimento da documentação no local onde haja Vogal ou servidor habilitado para decisão do ato respectivo. § 2º Os pedidos não decididos nos prazos previstos no caput deste artigo e para os quais haja provocação pela parte interessada serão arquivados por determinação do Presidente da Junta Comercial, que dará ciência à Procuradoria para exame das formalidades legais, a qual, se for o caso, interporá o recurso ao Plenário. (Nova redação - Decreto nº 10.173, de 2019) 7. INATIVIDADE EMPRESARIAL O empresário (individual ou sociedade) que não proceder qualquer ato que seja levado a Junta Comercial para arquivamento no período de dez anos, deverá comunicar à Junta Comercial que ainda se encontram em atividade. Se não o fizerem, serão considerados inativos. A inatividade autoriza a Junta Comercial ao cadastramento de registro inativo, com a consequente perda da proteção do nome empresarial pelo titular agora inativo. (Atenção: isto não se confunde com dissolução societária ou baixa de inscrição, mas tão somente a irregularidade do empresário). Destacamos da Lei 8.934/94 artigos referentes ao exposto: Art. 60. A firma individual ou a sociedade que não proceder a qualquer arquivamento no período de dez anos consecutivos deverá comunicar à junta comercial que deseja manter-se em funcionamento. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D10173.htm#art1 Página 9 de 13 Prof. Rodolfo Machado - Direito Empresarial - Material de Apoio. 8. LIVROS EMPRESARIAIS Livros são documentos, instrumentos de prova, que tem a função de armazenar informações. Dentre os livros que o empresário possui podemos destacar os livros do empresário e os livros empresariais. Nominamos livros do empresário todos aqueles cuja escrituração é obrigatória ou facultativa pelas mais variadas leis ou motivos (Exemplos: livro registro de empregados, livro de ICMS, livro de retiradas de pró-labore etc.). Já os livros empresariais são aqueles exigidos ou admitidos em virtude de lei empresarial. Podemos concluir que os livros empresariais são partes dos livros do empresário. Os livros empresariais dividem-se em duas espécies: Obrigatórios, os quais sua ausência acarreta consequências sancionadoras; Os facultativos, aqueles que são os escriturados para um melhor controle do empresário e sua ausência não acarreta sanção. Sendo obrigatórios, os livros empresariais se dividem em duas categorias: Comuns, os obrigatórios cuja escrituração é imposta a todos os empresários indistintamente (Exemplo: livro registro diário); Os especiais, aqueles cuja escrituração é imposta apenas a uma determinada categoria de empresários (Exemplos: livro registro atas, livro registro duplicatas etc.). Entre os facultativos podemos citar como exemplo: livro registro caixa, livro registro conta corrente, entre outros que o empresário pode criar para atender sua necessidade. Notem que livros facultativos para o direito empresarial, podem ser obrigatórios para outras áreas do direto. Regularidade na escrituração dos Livros Empresariais Um livro empresarial obrigatório, comum ou especial, ou mesmo facultativo, para produzir efeitos deve atender a requisitos intrínsecos e extrínsecos. Intrínsecos são os requisitos pertinentes à técnica contábil, estudada pela contabilidade. (artigos 1.183 da lei 10.406/2002 e 2º do Decreto-lei n.º 486/69. Exemplos: ordem cronológica, idioma e moeda nacional etc.). Já os extrínsecos são requisitos relacionados com a segurança dos livros empresarias (artigo 5º, parágrafo 2º, do Decreto-lei n.º 486/69. Exemplos: termo abertura, autenticação etc.). Um livro que não observa os dois requisitos é um livro irregular, consequentemente não livro empresarial. Página 10 de 13 Prof. Rodolfo Machado - Direito Empresarial - Material de Apoio. Para fins penais (Código Penal, art. 297, Parágrafo 2º), os livros empresariais equiparam-se ao documento público. Assim sendo, quem falsificar a escrituração do livro empresarial estará sujeito a pena mais grave que a reservada para crime de falsificação de documentos administrativos não contábeis do empresário. Destacamos da Lei 6.404/76 artigos referentes ao exposto: Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência. § 1º As demonstrações financeiras do exercício em que houver modificação de métodos ou critérios contábeis, de efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e ressaltar esses efeitos. § 2o A companhia observará exclusivamente em livros ou registros auxiliares, sem qualquer modificação da escrituração mercantil e das demonstrações reguladas nesta Lei, as disposições da lei tributária, ou de legislação especial sobre a atividade que constitui seu objeto, que prescrevam, conduzam ou incentivem a utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinem registros, lançamentos ou ajustes ou a elaboração de outras demonstrações financeiras. I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) II – (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 3o As demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e serão obrigatoriamente submetidas a auditoria por auditores independentes nela registrados. § 4º As demonstrações financeiras serão assinadas pelos administradores e por contabilistas legalmente habilitados. § 5oAs normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários a que se refere o § 3o deste artigo deverão ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais de contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários. § 6o As companhias fechadas poderão optar por observar as normas sobre demonstrações financeiras expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários para as companhias abertas. § 7o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Destacamos da Lei 10.406/02 artigos referentes ao exposto: Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37 Página 11 de 13 Prof. Rodolfo Machado - Direito Empresarial - Material de Apoio. § 1 o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados. § 2 o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970. Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico. Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis. Parágrafo único. A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a sociedade empresária, que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios. 9. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL Conceito: É o complexo de bens reunidos pelo empresário para o desenvolvimento de sua atividade empresarial. O estabelecimento empresarial não é uma pessoa, não tem personalidade. Assim, não celebra contratos ou possui um nome empresarial. Ele é o resultado da necessidade da pessoa do empresário (física ou jurídica) em unir bens para atingir seu objetivo de desenvolver atividade econômica empresarial. Como o estabelecimento é composto por bens (corpóreos e incorpóreos) estes estão ligados ao empresário que os possui, fazendo assim, parte do patrimônio deste empresário. Os bens que formam o estabelecimento estão organizados e reunidos, por isto, este conjunto de bens possuirá um valor maior do que a simples somatória de seus valores individuais. Exemplo: Um estabelecimento organizado para vender livros (livraria), com as prateleiras instaladas, computadores em funcionamento, marca divulgada, site no ar, livros catalogados etc., possuirá valor maior do que encontraríamos simplesmente somando cada bem deste individualmente. Diante disto, o direito assegura o pagamento de um fundo de comércio (valor além da somatória dos bens) nos casos de desapropriação, separação conjugal e sucessão por morte. O estabelecimento empresarial é composto por bens corpóreos (materiais/tangíveis) e incorpóreos (imateriais/intangíveis). Corpóreos: mercadorias, instalações, equipamentos, veículos etc.; Incorpóreos: marcas, patentes, créditos, clientela etc. Página 12 de 13 Prof. Rodolfo Machado - Direito Empresarial - Material de Apoio. Terminologia adotada: Algumas palavras e termos são frequentemente utilizados no universo do direito empresarial. Por muitos doutrinadores se confundem e se diferem dependendo do contexto. Assim, destacamos algumas para ampliar nosso universo: Aviamento mercantil, a capacidade de produzir lucros, atribuída ao estabelecimento e às vezes, ao próprio exercício da empresa, em decorrência de sua organização; Fundo de comércio, bem incorpóreo para alguns, nasce da organização dos bens que compõem o estabelecimento. Já para outros, se confunde com o próprio estabelecimento ou mesmo a “Clientela” (outro termo), assim como “Goodwill”. Alienação do Estabelecimento Empresarial O estabelecimento empresarial por integrar parte do patrimônio do empresário, é também garantia dos credores deste. Diante disto, a lei sujeita a alienação do estabelecimento empresarial à anuência dos seus credores. Esta anuência pode ser expressa ou tácita (silenciando o credor no prazo de trinta dias, após o recebimento da notificação da alienação por parte do empresário). Fica dispensada a anuência dos credores, se o empresário permanece após a alienação do estabelecimento, com bens que sejam suficientes para solver seu passivo. O passivo é de responsabilidade do empresário alienante, porém pode ser pactuada a sucessão deste passivo. Exceções feitas aos credores trabalhistas (artigo 448 da CLT) e os credores tributários (artigo 133 do CTN). Atenção: É implícito no contrato de alienação do estabelecimento empresarial que o alienante não poderá se estabelecer na mesma praça que o adquirente, isto em lapso temporal breve e com o mesmo ramo de atividade, salvo expressa autorização do adquirente. Destacamos da Lei 10.406/02 artigos referentes ao exposto: Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza. Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. Página 13 de 13 Prof. Rodolfo Machado - Direito Empresarial - Material de Apoio. Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência. Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato. Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante. Art. 1.149. A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente.
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