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Prof. Rodolfo Machado - Direito Empresarial - Material de Apoio. 
 
DIREITO EMPRESARIAL E SOCIETÁRIO 
Prof. Rodolfo Machado 
 
Saudações estimados alunos, os apontamentos a seguir não resumem as aulas tampouco limitam 
o conhecimento necessário sobre o tema. O objetivo é que tais informações direcionem aos 
estudos complementares e novos horizontes. 
 
 
1. DIREITO EMPRESARIAL E SOCIETÁRIO 
 
Para entendermos de maneira objetiva o direito empresarial é fundamental lembrarmos que este se 
fundamenta na atividade econômica. 
 
Atividade econômica pode ser realizada de 2 (duas) formas, sendo elas a compra e venda e a 
prestação de serviços. 
 
Com o advento da lei 10.406/2002 (Código Civil), a teoria formal definiu o empresário em seu art. 
966, em substituição à teoria dos atos de comércio que vigorava desde os tempos do império. O 
conceito de empresário apresenta-se como uma evolução do conceito de comerciante, visto a 
presença dos 5 requisitos determinantes deste, a saber: 
Capacidade 
Habitualidade 
Intenção de lucro 
Compra e venda 
Atuar em nome próprio 
 
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
 
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza 
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se 
o exercício da profissão constituir elemento de empresa. 
 
Concluímos, portanto, que todo comerciante é um empresário, mas nem todo empresário é um 
comerciante. Isto ocorre porque a atividade econômica de compra e venda que é fundamental ao 
 
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comerciante, pode ser substituída pela prestação de serviços na definição do empresário (Art 966 
da lei 10.406/22). 
Toda atividade de compra e venda tem natureza empresarial, já a prestação de serviços tanto terá 
natureza empresarial quanto não empresarial. Esta será empresarial quando não for intelectual ou, 
mesmo sendo, possua elementos de empresa. Portanto, a atividade econômica de prestação de 
serviços somente será de natureza não empresarial quando for intelectual e não tiver elementos da 
empresa. 
Entende-se como elementos de empresa a organização de quatro fatores fundamentais ao 
empresário, sendo eles: capital, insumos, mão de obra e tecnologia. 
 
2. REGIME JURÍDICO EMPRESARIAL 
 
O regime jurídico empresarial é o conjunto de normas que impõe obrigações e geram direitos a 
todos os empresários, bem como as pessoas que com estes se relacionam no desenvolvimento da 
atividade econômica empresarial. 
De forma didática a doutrina classifica o empresário de três diferentes maneiras, sendo elas: 
regular (aquele que cumpre todas as disposições do RJE); de fato (aquele que não cumpre 
nenhuma das disposições); e empresário irregular (aquele que cumpre algumas das disposições, 
pois já foi ou tentou ser regular). 
Para o direito empresarial, tantos os irregulares quanto os de fato terão tratamento semelhante, 
visto que estarão sujeitos as obrigações, mas não farão jus aos direitos. 
Dentre as inúmeras obrigações do empresário, destacamos três delas que são comuns aos 
empresários e que compõe o RJE, são elas: 
a) Inscrição no órgão competente destinado ao registro público de empresas mercantis (juntas 
comerciais) antes do início das atividades. 
b) Escrituração do movimento negocial respeitando os requisitos intrínsecos e extrínsecos 
dispostos em lei. 
c) Elaboração de balanço patrimonial e de resultado econômico (esta obrigação é dispensada ao 
pequeno empresário art. 970 cc.). 
 
3. REGISTRO DE EMPRESA 
 
 
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Antes do início de suas atividades econômicas empresariais é necessária a inscrição no Registro 
Público de empresas mercantis. 
 
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis 
da respectiva sede, antes do início de sua atividade. 
 
4. ÓRGÃOS DO REGISTRO DE EMPRESA 
 
O Registro de Empresas está regulado na Lei 8.934/94 (LRE). 
 
Art. 1º O Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, observado o disposto 
nesta Lei, será exercido em todo o território nacional, de forma sistêmica, por órgãos federais, 
estaduais e distrital, com as seguintes finalidades: (Redação dada pela Lei nº 13.833,de 
2019) 
 
I - dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das 
empresas mercantis, submetidos a registro na forma desta lei; 
II - cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País e manter 
atualizadas as informações pertinentes; 
III - proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como ao seu 
cancelamento. 
 
Art. 2º Os atos das firmas mercantis individuais e das sociedades mercantis serão arquivados 
no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, independentemente de seu 
objeto, salvo as exceções previstas em lei. 
 
Os órgãos de Registro de Empresa no Brasil estão situados em dois níveis federativos: Federal 
(DREI) e Estadual (Juntas Comerciais). 
 
I - O Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (DREI) é o órgão máximo do 
sistema. Suas atribuições são de: 
a) supervisora, orientadora, coordenadora e normativa, na área técnica; 
b) supletiva, na área administrativa. 
DREI é um órgão sem função executiva, isto é, ele não realiza qualquer ato de registro de empresa. 
Compete-lhe, todavia, fixar as normas gerais para a prática dos atos registrários, pelas Juntas 
Comerciais, acompanhando a sua aplicação e corrigindo distorções. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13833.htm#art6
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13833.htm#art6
 
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II - As Juntas Comerciais, como órgãos locais, com funções executora e administradora dos 
serviços de registro. 
A Junta comercial é um órgão da administração Estadual, o qual é responsável pelo registro da 
empresa, além de outras atribuições legalmente estabelecidas. Compete às Juntas: 
 
a) assentamento dos usos e práticas mercantis; 
b) habilitação e nomeação de tradutores públicos e intérpretes comerciais; 
c) entre outras atribuições. 
Destacamos da Lei 8.934/94 artigos referentes ao exposto: 
Art. 5º Haverá uma junta comercial em cada unidade federativa, com sede na capital e 
jurisdição na área da circunscrição territorial respectiva. 
 
Art. 6º As juntas comerciais subordinam-se, administrativamente, ao governo do respectivo 
ente federativo e, tecnicamente, ao Departamento Nacional de Registro Empresarial e 
Integração, nos termos desta Lei. 
 
Art. 29. Qualquer pessoa, sem necessidade de provar interesse, poderá consultar os 
assentamentos existentes nas juntas comerciais e obter certidões, mediante pagamento do 
preço devido. 
 
Art. 31. Os atos decisórios serão publicados em sítio da rede mundial de computadores da 
junta comercial do respectivo ente federativo 
 
5. ATOS DO REGISTRO DE EMPRESA 
 
Praticados pelas Juntas Comerciais sob a responsabilidade de seus Vogais, se dividem em três 
atos: o arquivamento, a matrícula e a autenticação. 
 
O arquivamento é pertinente à inscrição do empresário individual, isto é, do empresário que 
exerce sua atividade econômica como pessoa física, bem como, à constituição, dissolução e 
alteração (contratual ou estatutária) de sociedade empresarial. Arquivam-se também atos de 
reorganização societária como fusão, incorporação, cisão e transformação. 
 
A matrícula é o nome do ato de inscrição dos tradutores públicos, intérpretes comerciais, leiloeiros, 
trapicheiros e administradores de armazéns-gerais. (atividades paracomerciais). Profissõesreguladas por lei especial. Não se confundem com a atividade do empresário. 
 
 
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A autenticação está ligada aos atos denominados de escrituração. A obrigação legal de anotar nos 
livros empresariais o movimento dos negócios (anotação e controle da atividade econômica 
propriamente dita). A autenticação é condição para validade do documento. 
 
Destacamos da Lei 8.934/94 artigos referentes ao exposto: 
Art. 32. O registro compreende: 
I - a matrícula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes 
comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais; 
II - O arquivamento: 
a) dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas 
mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas; 
b) dos atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a Lei nº 6.404, de 15 de 
dezembro de 1976; 
c) dos atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no 
Brasil; 
d) das declarações de microempresa; 
e) de atos ou documentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao Registro Público 
de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que possam interessar ao empresário 
e às empresas mercantis; 
III - a autenticação dos instrumentos de escrituração das empresas mercantis registradas e 
dos agentes auxiliares do comércio, na forma de lei própria. 
§ 1º Os atos, os documentos e as declarações que contenham informações meramente 
cadastrais serão levados automaticamente a registro se puderem ser obtidos de outras bases 
de dados disponíveis em órgãos públicos. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
§ 2º Ato do Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração definirá os atos, os 
documentos e as declarações que contenham informações meramente cadastrais. 
Art. 36. Os documentos referidos no inciso II do art. 32 deverão ser apresentados a 
arquivamento na junta, dentro de 30 (trinta) dias contados de sua assinatura, a cuja data 
retroagirão os efeitos do arquivamento; fora desse prazo, o arquivamento só terá eficácia a 
partir do despacho que o conceder. 
 
Art. 39. As juntas comerciais autenticarão: 
I - os instrumentos de escrituração das empresas mercantis e dos agentes auxiliares do 
comércio; 
II - as cópias dos documentos assentados. 
Parágrafo único. Os instrumentos autenticados, não retirados no prazo de 30 (trinta) dias, 
contados da sua apresentação, poderão ser eliminados. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art14
 
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Art. 39-A. A autenticação dos documentos de empresas de qualquer porte realizada por meio 
de sistemas públicos eletrônicos dispensa qualquer outra.(Incluído pela Lei Complementar nº 
147, de 2014) 
Art. 39-B. A comprovação da autenticação de documentos e da autoria de que trata esta Lei 
poderá ser realizada por meio eletrônico, na forma do regulamento(Incluído pela Lei 
Complementar nº 147, de 2014) 
 
Art. 40. Todo ato, documento ou instrumento apresentado a arquivamento será objeto de 
exame do cumprimento das formalidades legais pela junta comercial. 
§ 1º Verificada a existência de vício insanável, o requerimento será indeferido; quando for 
sanável, o processo será colocado em exigência. 
§ 2º As exigências formuladas pela junta comercial deverão ser cumpridas em até 30 (trinta) 
dias, contados da data da ciência pelo interessado ou da publicação do despacho. 
§ 3º O processo em exigência será entregue completo ao interessado; não devolvido no prazo 
previsto no parágrafo anterior, será considerado como novo pedido de arquivamento, sujeito 
ao pagamento dos preços dos serviços correspondentes. 
 
6. PROCESSO DECISÓRIO DO REGISTRO DE EMPRESA 
 
Prevê a Lei dois regimes de execução do registro de empresas: Decisão colegiada e Singular. 
 
Processa-se pela decisão colegiada o arquivamento de atos relacionados com as Sociedades por 
ações (Sociedades Anônimas e Sociedades Comandita por ações, previstas na Lei 10.406/2002 e 
reguladas pela Lei 6.404/76). Também serão decididos de forma colegiada os arquivamentos de 
atos de transformação, incorporação, fusão e cisão de sociedade empresarial de qualquer tipo. 
 
Processam-se pelo regime de decisão singular os atos de matrícula, a autenticação e todos os 
demais atos de arquivamentos não citados no parágrafo anterior. (Exemplos: arquivamento de 
constituição de sociedade Limitada, inscrição de Empresário individual etc.). 
 
Destacamos da Lei 8.934/94 artigos referentes ao exposto: 
 
Art. 41. Estão sujeitos ao regime de decisão colegiada pelas juntas comerciais, na forma 
desta lei: 
I - o arquivamento: 
a) dos atos de constituição de sociedades anônimas; (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 
2019) 
b) dos atos referentes à transformação, incorporação, fusão e cisão de empresas mercantis; 
c) dos atos de constituição e alterações de consórcio e de grupo de sociedades, conforme 
previsto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp147.htm#art8
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp147.htm#art8
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp147.htm#art8
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp147.htm#art8
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art14
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art14
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm
 
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II - o julgamento do recurso previsto nesta lei. 
Parágrafo único. Os pedidos de arquivamento de que trata o inciso I do caput deste artigo 
serão decididos no prazo de 5 (cinco) dias úteis, contado da data de seu recebimento, sob 
pena de os atos serem considerados arquivados, mediante provocação dos interessados, 
sem prejuízo do exame das formalidades legais pela procuradoria. (Incluído pela Lei nº 
13.874, de 2019) 
Art. 42. Os atos próprios do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, não 
previstos no artigo anterior, serão objeto de decisão singular proferida pelo presidente da 
junta comercial, por vogal ou servidor que possua comprovados conhecimentos de Direito 
Comercial e de Registro de Empresas Mercantis. 
Destacamos do Decreto 1.800/96 artigos referentes ao exposto: 
Art. 49. Os atos submetidos ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins 
estão sujeitos a dois regimes de julgamento: 
I - decisão colegiada; 
II - decisão singular. 
Art. 50. Subordinam-se ao regime de decisão colegiada: 
I - do Plenário, o julgamento dos recursos interpostos das decisões definitivas, singulares ou 
de Turmas; 
II - das Turmas, o arquivamento dos atos de: 
a) constituição de sociedades anônimas; 
b) transformação, incorporação, fusão e cisão de sociedades empresárias; e 
c) constituição e alterações de consórcio e de grupo de sociedades, conforme previsto na lei 
de sociedades por ações. 
Art. 51. Os atos próprios do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins não 
previstos no art. 50 serão objeto de decisão singular proferida pelo Presidente, Vogal ou 
servidor público com comprovado conhecimento em Direito Empresarial e nos serviços do 
Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins. 
§ 1º Os vogais e os servidores públicos habilitados a proferir decisões singulares serão 
designados pelo Presidente da Junta Comercial.. 
§ 2º O arquivamento dos atos constitutivos e de alterações não previstos no inciso II 
do caput do art. 50 terá o registro deferido automaticamente caso cumpridos os requisitos de: 
I - aprovação da consulta prévia da viabilidade do nome empresariale da viabilidade de 
localização, quando o ato exigir; e 
II - utilização pelo requerente do instrumento padrão estabelecido pelo Departamento 
Nacional de Registro Empresarial e Integração da Secretaria de Governo Digital da Secretaria 
Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia. 
§ 3º O arquivamento dos atos de extinção não previstos no inciso II do caput do art. 50 terá o 
registro deferido automaticamente no caso de utilização pelo requerente do instrumento 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art14
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art14
 
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padrão estabelecido pelo Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração da 
Secretaria de Governo Digital da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e 
Governo Digital do Ministério da Economia. 
§ 4º Na hipótese de que trata o § 2º e o § 3º, a análise do cumprimento das formalidades 
legais será feita posteriormente, no prazo de dois dias úteis, contado da data do deferimento 
automático do registro. 
§ 5º Após a análise de que trata o § 4º, na hipótese de identificação da existência de vício: 
I - insanável, o arquivamento será cancelado; ou 
II - sanável, será observado o procedimento estabelecido em ato do Departamento Nacional 
de Registro Empresarial e Integração da Secretaria de Governo Digital da Secretaria Especial 
de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia. 
Art. 52. Os pedidos de arquivamento sujeitos ao regime de decisão colegiada serão 
decididos no prazo de cinco dias úteis, contado da data do seu recebimento e, os submetidos 
à decisão singular, no prazo de dois dias úteis, contado da data do seu recebimento, sob 
pena de os atos serem automaticamente arquivados por meio de provocação dos 
interessados, sem prejuízo do exame das formalidades legais pela Procuradoria 
§ 1º Quando os pedidos forem apresentados em protocolo descentralizado, contar-se-á o 
prazo a partir do recebimento da documentação no local onde haja Vogal ou servidor 
habilitado para decisão do ato respectivo. 
§ 2º Os pedidos não decididos nos prazos previstos no caput deste artigo e para os quais 
haja provocação pela parte interessada serão arquivados por determinação do Presidente da 
Junta Comercial, que dará ciência à Procuradoria para exame das formalidades legais, a qual, 
se for o caso, interporá o recurso ao Plenário. 
 (Nova redação - Decreto nº 10.173, de 2019) 
 
7. INATIVIDADE EMPRESARIAL 
 
O empresário (individual ou sociedade) que não proceder qualquer ato que seja levado a Junta 
Comercial para arquivamento no período de dez anos, deverá comunicar à Junta Comercial que 
ainda se encontram em atividade. Se não o fizerem, serão considerados inativos. A inatividade 
autoriza a Junta Comercial ao cadastramento de registro inativo, com a consequente perda da 
proteção do nome empresarial pelo titular agora inativo. (Atenção: isto não se confunde com 
dissolução societária ou baixa de inscrição, mas tão somente a irregularidade do empresário). 
Destacamos da Lei 8.934/94 artigos referentes ao exposto: 
Art. 60. A firma individual ou a sociedade que não proceder a qualquer arquivamento no 
período de dez anos consecutivos deverá comunicar à junta comercial que deseja manter-se 
em funcionamento. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D10173.htm#art1
 
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8. LIVROS EMPRESARIAIS 
 
Livros são documentos, instrumentos de prova, que tem a função de armazenar informações. 
 
Dentre os livros que o empresário possui podemos destacar os livros do empresário e os livros 
empresariais. 
 
Nominamos livros do empresário todos aqueles cuja escrituração é obrigatória ou facultativa 
pelas mais variadas leis ou motivos (Exemplos: livro registro de empregados, livro de ICMS, livro de 
retiradas de pró-labore etc.). 
 
Já os livros empresariais são aqueles exigidos ou admitidos em virtude de lei empresarial. 
Podemos concluir que os livros empresariais são partes dos livros do empresário. 
 
Os livros empresariais dividem-se em duas espécies: Obrigatórios, os quais sua ausência acarreta 
consequências sancionadoras; Os facultativos, aqueles que são os escriturados para um melhor 
controle do empresário e sua ausência não acarreta sanção. 
 
Sendo obrigatórios, os livros empresariais se dividem em duas categorias: Comuns, os 
obrigatórios cuja escrituração é imposta a todos os empresários indistintamente (Exemplo: livro 
registro diário); Os especiais, aqueles cuja escrituração é imposta apenas a uma determinada 
categoria de empresários (Exemplos: livro registro atas, livro registro duplicatas etc.). 
 
Entre os facultativos podemos citar como exemplo: livro registro caixa, livro registro conta 
corrente, entre outros que o empresário pode criar para atender sua necessidade. Notem que livros 
facultativos para o direito empresarial, podem ser obrigatórios para outras áreas do direto. 
 
Regularidade na escrituração dos Livros Empresariais 
 
Um livro empresarial obrigatório, comum ou especial, ou mesmo facultativo, para produzir efeitos 
deve atender a requisitos intrínsecos e extrínsecos. 
Intrínsecos são os requisitos pertinentes à técnica contábil, estudada pela contabilidade. (artigos 
1.183 da lei 10.406/2002 e 2º do Decreto-lei n.º 486/69. Exemplos: ordem cronológica, idioma e 
moeda nacional etc.). Já os extrínsecos são requisitos relacionados com a segurança dos livros 
empresarias (artigo 5º, parágrafo 2º, do Decreto-lei n.º 486/69. Exemplos: termo abertura, 
autenticação etc.). 
 
Um livro que não observa os dois requisitos é um livro irregular, consequentemente não livro 
empresarial. 
 
 
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Para fins penais (Código Penal, art. 297, Parágrafo 2º), os livros empresariais equiparam-se ao 
documento público. Assim sendo, quem falsificar a escrituração do livro empresarial estará sujeito a 
pena mais grave que a reservada para crime de falsificação de documentos administrativos não 
contábeis do empresário. 
Destacamos da Lei 6.404/76 artigos referentes ao exposto: 
Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com 
obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade 
geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e 
registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência. 
§ 1º As demonstrações financeiras do exercício em que houver modificação de métodos ou 
critérios contábeis, de efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e ressaltar esses efeitos. 
§ 2o A companhia observará exclusivamente em livros ou registros auxiliares, sem qualquer 
modificação da escrituração mercantil e das demonstrações reguladas nesta Lei, as 
disposições da lei tributária, ou de legislação especial sobre a atividade que constitui seu 
objeto, que prescrevam, conduzam ou incentivem a utilização de métodos ou critérios 
contábeis diferentes ou determinem registros, lançamentos ou ajustes ou a elaboração de 
outras demonstrações financeiras. 
I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) 
II – (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) 
§ 3o As demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as normas 
expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e serão obrigatoriamente submetidas a 
auditoria por auditores independentes nela registrados. 
§ 4º As demonstrações financeiras serão assinadas pelos administradores e por contabilistas 
legalmente habilitados. 
§ 5oAs normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários a que se refere o § 
3o deste artigo deverão ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais de 
contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários. 
§ 6o As companhias fechadas poderão optar por observar as normas sobre demonstrações 
financeiras expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários para as companhias 
abertas. 
§ 7o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) 
Destacamos da Lei 10.406/02 artigos referentes ao exposto: 
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de 
contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em 
correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço 
patrimonial e o de resultado econômico. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37
 
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§ 1 o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos 
interessados. 
§ 2 o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 
970. 
Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser 
substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. 
Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o 
lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico. 
Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, 
antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis. 
Parágrafo único. A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a 
sociedade empresária, que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios. 
 
9. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 
 
Conceito: É o complexo de bens reunidos pelo empresário para o desenvolvimento de sua atividade 
empresarial. 
 
O estabelecimento empresarial não é uma pessoa, não tem personalidade. Assim, não celebra 
contratos ou possui um nome empresarial. Ele é o resultado da necessidade da pessoa do 
empresário (física ou jurídica) em unir bens para atingir seu objetivo de desenvolver atividade 
econômica empresarial. Como o estabelecimento é composto por bens (corpóreos e incorpóreos) 
estes estão ligados ao empresário que os possui, fazendo assim, parte do patrimônio deste 
empresário. 
 
Os bens que formam o estabelecimento estão organizados e reunidos, por isto, este conjunto de 
bens possuirá um valor maior do que a simples somatória de seus valores individuais. Exemplo: Um 
estabelecimento organizado para vender livros (livraria), com as prateleiras instaladas, 
computadores em funcionamento, marca divulgada, site no ar, livros catalogados etc., possuirá 
valor maior do que encontraríamos simplesmente somando cada bem deste individualmente. 
 
Diante disto, o direito assegura o pagamento de um fundo de comércio (valor além da somatória 
dos bens) nos casos de desapropriação, separação conjugal e sucessão por morte. 
 
O estabelecimento empresarial é composto por bens corpóreos (materiais/tangíveis) e incorpóreos 
(imateriais/intangíveis). 
 
Corpóreos: mercadorias, instalações, equipamentos, veículos etc.; 
 
Incorpóreos: marcas, patentes, créditos, clientela etc. 
 
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Terminologia adotada: Algumas palavras e termos são frequentemente utilizados no universo do 
direito empresarial. Por muitos doutrinadores se confundem e se diferem dependendo do contexto. 
Assim, destacamos algumas para ampliar nosso universo: Aviamento mercantil, a capacidade de 
produzir lucros, atribuída ao estabelecimento e às vezes, ao próprio exercício da empresa, em 
decorrência de sua organização; Fundo de comércio, bem incorpóreo para alguns, nasce da 
organização dos bens que compõem o estabelecimento. Já para outros, se confunde com o próprio 
estabelecimento ou mesmo a “Clientela” (outro termo), assim como “Goodwill”. 
 
Alienação do Estabelecimento Empresarial 
 
O estabelecimento empresarial por integrar parte do patrimônio do empresário, é também garantia 
dos credores deste. Diante disto, a lei sujeita a alienação do estabelecimento empresarial à 
anuência dos seus credores. Esta anuência pode ser expressa ou tácita (silenciando o credor no 
prazo de trinta dias, após o recebimento da notificação da alienação por parte do empresário). 
 
Fica dispensada a anuência dos credores, se o empresário permanece após a alienação do 
estabelecimento, com bens que sejam suficientes para solver seu passivo. 
 
O passivo é de responsabilidade do empresário alienante, porém pode ser pactuada a sucessão 
deste passivo. Exceções feitas aos credores trabalhistas (artigo 448 da CLT) e os credores 
tributários (artigo 133 do CTN). 
 
Atenção: É implícito no contrato de alienação do estabelecimento empresarial que o alienante não 
poderá se estabelecer na mesma praça que o adquirente, isto em lapso temporal breve e com o 
mesmo ramo de atividade, salvo expressa autorização do adquirente. 
Destacamos da Lei 10.406/02 artigos referentes ao exposto: 
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício 
da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. 
Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, 
translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza. 
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do 
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da 
inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas 
Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. 
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia 
da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do 
consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. 
 
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Prof. Rodolfo Machado - Direito Empresarial - Material de Apoio. 
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores 
à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo 
solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da 
publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. 
Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode 
fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência. 
Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição 
prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato. 
Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do 
adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem 
caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da 
publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a 
responsabilidade do alienante. 
Art. 1.149. A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito 
em relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, 
mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente.

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