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Aula 06 AFRB 2009 DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS

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CURSO ON-LINE - DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS P/ AUDITOR - 
FISCAL E DE ANALISTA - TRIBUTÁRIO DA RECEITA FEDERAL PROFESSOR: 
MARCELO ALEXANDRINO 
 
Prezados alunos. 
 
Eu já postei o texto abaixo no “quadro de avisos” do nosso curso, mas o reproduzo 
aqui, antes de iniciarmos nossa aula, para ter certeza de que todos vocês lerão. 
 
Depois de ter enviado para o curso a aula 5, eu constatei que está errado o meu 
comentário à letra “d” da questão 59. 
 
A ESAF considerou errada a afirmação de que a licença não poderia ser 
convalidada, mesmo que o documento com irregularidade fosse reapresentado, por 
ser a licença “absolutamente nula”. 
 
Eu não sei bem o que ela considerou errado nessa afirmação. Está me parecendo 
que o elaborador raciocinou que, sendo a licença um ato vinculado, pode acontecer 
de o defeito do documento ser um defeito meramente formal, que não significaria 
que o administrado não tinha direito à licença. Imaginem, por exemplo, que o 
documento irregular fosse uma certidão e o único defeito dessa certidão fosse um 
vício quanto à competência, mas a situação do administrado descrita na certidão 
realmente fosse a que estava nela descrita. Nesse caso, o vício do ato de licença 
talvez não fosse um vício de motivo, e sim de forma, por que a certidão irregular 
teria passado a integrar a forma do ato, com defeito, como motivação do ato de 
licença, mas o motivo para a concessão da licença – que é o atendimento das 
exigências legais para o funcionamento do restaurante – não estaria descumprido. 
 
Assim, substituindo a certidão, ficaria provado que, na verdade, desde o início, o 
administrado atendia às exigências da lei, que não havia um vício real de motivo, 
mas sim um vício de forma, porque o documento inicialmente apresentado, que 
passou a integrar a motivação da licença, era irregular. 
 
Bem, eu confesso que não sei se foi isso que o elaborador da questão pensou. 
Parece que sim, que ele pensou que com os elementos do enunciado não é 
possível afirmar que a concessão da licença foi um ato “absolutamente nulo”. 
 
Desculpem a minha falha. Eu realmente li errado a letra “d”. E o pior é que não 
tenho mesmo certeza sobre o que a ESAF considerou errado nela. 
 
Um abraço, 
Marcelo. 
 
Vamos à aula de hoje. 
 
 
Aula 6 
 
Poderes administrativos: poder vinculado, poder discricionário, poder 
hierárquico, poder disciplinar, poder regulamentar e poder de polícia. 
 
 
 
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1 – (ESAF/Fiscal Trabalho/2003) Tratando-se dos poderes administrativos, 
correlacione as duas colunas, vinculando a cada situação o respectivo poder: 
 
1- poder hierárquico 
 
2- poder disciplinar 
 
3- poder discricionário 
 
4- poder de polícia 
 
( ) penalidade em processo administrativo 
 
( ) nomeação para cargo de provimento em comissão 
( ) delegação de competências 
 
( ) limitação do exercício de direitos 
a) 2/3/1/4 
 
b) 4/2/1/3 
c) 4/3/2/1 
d) 2/1/3/4 
e) 4/2/3/1 
 
COMENTÁRIO 
 
Essa questão é boa para iniciarmos o estudo dos “poderes administrativos”, porque 
trata da maioria deles e, assim, permite que eu faça uma sucinta exposição teórica 
geral. 
 
Eu alerto que o assunto “poderes administrativos”, embora realmente apareça em 
quase todos os editais de concursos, é um assunto de menor importância no âmbito 
do direito administrativo, mesmo para os concursos da Receita Federal – que, nas 
últimas edições, tiveram a peculiaridade de não exigir “licitações” e “contratos 
administrativos”, fato que aumenta a importância relativa dos demais tópicos. 
 
Por essa razão – reduzida importância, para concursos, inclusive os da Receita 
Federal, do assunto “poderes da administração pública” –, procurarei não “gastar” 
demasiadamente o precioso tempo de vocês na presente aula. 
 
Vejamos, agora, um resumo das principais características de cada um dos assim 
chamados “poderes administrativos”, com a preocupação específica de tratar 
daquilo que, segundo eu penso, tem maior possibilidade de aparecer nas questões 
dos próximos concursos da Receita Federal. 
 
 
PODER VINCULADO 
 
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Não existe nada a ser dito sobre poder vinculado que não tenha sido falado quando 
estudamos os atos vinculados. 
 
Simplesmente, é o poder de que dispõe a administração para a prática de atos 
vinculados. Mais precisamente, o poder vinculado é utilizado mesmo nos atos 
discricionários, quanto aos elementos competência, finalidade e forma, que são 
sempre elementos vinculados (com a ressalva de que a forma é apontada por 
importantes administrativistas atuais como elemento que pode ser vinculado ou 
discricionário, dependendo do que dispuser a lei que discipline a prática do ato). 
 
Portanto, na prática de um ato vinculado, a administração utiliza somente o poder 
vinculado. Na prática de um ato discricionário a administração utiliza o poder 
discricionário mas, também, o poder vinculado. 
 
Cabe observar que esse assim denominado “poder vinculado”, não é exatamente 
um poder; é muito mais um dever da administração (ou um poder-dever). 
Realmente, quando pratica um ato vinculado – ou mesmo quando observa os 
elementos vinculados de um ato discricionário – a administração está muito mais 
cumprindo um dever do que exercendo um poder. Para confirmarmos essa 
afirmação, basta notarmos que, no caso de um ato vinculado, quando a 
administração verifica estarem presentes os pressupostos de sua edição, ela é 
obrigada a praticá-lo, não dispondo de qualquer poder para se abster de atuar, ou 
para deixar de observar estritamente o conteúdo do ato, objetivamente descrito na 
lei de regência. 
 
Seja como for, ainda é tradicional falar em “poder vinculado” para reportar ao 
fundamento da prática de atos vinculados – e da observância dos elementos 
vinculados de um ato discricionário – pela administração. E a ESAF quase sempre 
adota os mais tradicionais conceitos e tradições doutrinários, pelo menos no direito 
administrativo. 
 
 
PODER DISCRICIONÁRIO 
 
É o poder conferido à administração para a prática de atos discricionários (e sua 
revogação). 
 
O poder discricionário tem como núcleo a autorização legal para que o agente 
público decida, nos limites da lei, acerca da conveniência e oportunidade da prática 
do ato discricionário e escolha o seu conteúdo, ou seja, o núcleo essencial do 
poder discricionário traduz-se no denominado mérito administrativo. 
 
Trata-se, efetivamente, de um poder conferido pela lei à administração: diante de 
um caso concreto, a administração, nos termos e limites da lei, decidirá, segundo 
os seus critérios de oportunidade e conveniência administrativas, a conduta, dentre 
as previstas em lei, mais condizente com a satisfação do interesse público. 
 
 
 
 
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O poder discricionário tem como limites, além dos expressamente previstos na lei, 
os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade (não só esses princípios, mas 
esses são considerados os mais importantes). 
 
A extrapolação dos limites legais, assim como a atuação contrária aos princípios 
configura a denominada arbitrariedade (arbitrariedade é sempre sinônimo de 
atuação ilegal). 
 
 
PODER HIERÁRQUICO 
 
Hierarquia caracteriza-se pela existência de níveis de subordinação entre órgãos e 
agentes públicos, sempre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica. Deve-se 
frisar que subordinação só existe no âmbito de uma mesma pessoa jurídica, é 
estabelecida entre agentes e órgãos de uma mesma entidade, verticalmente 
escalonados,como decorrência do poder hierárquico. 
 
Relações de natureza hierárquica, isto é, relações superior-subordinado, são típicas 
da organização administrativa. Não há hierarquia, entretanto, entre diferentes 
pessoas jurídicas, nem entre os Poderes da República. 
 
Em Direito Administrativo, nunca confundam a palavra subordinação com a 
palavra vinculação. Subordinação é usada para explicitar existência de hierarquia 
e vinculação é usada para explicitar a inexistência de hierarquia. A existência de 
vinculação administrativa fundamenta o controle que os entes federados (União, 
estados, Distrito Federal e municípios) exercem sobre as suas administrações 
indiretas, chamado de controle finalístico, tutela administrativa ou supervisão – 
menos abrangente do que o controle hierárquico, porque incide apenas sobre os 
aspectos que a lei expressamente preveja. 
 
Os autores citam diversas decorrências do poder hierárquico, por exemplo: 
 
a) o poder de dar ordens, do superior para o subordinado; 
 
b) o poder de fiscalizar ou controlar a atividade dos órgãos inferiores, anulando os 
atos ilegais e revogando os inconvenientes; 
c) o poder de aplicar sanções disciplinares aos servidores públicos (conforme 
veremos, somente essas sanções administrativas têm fundamento no poder 
hierárquico; as demais sanções administrativas não têm); 
d) o poder de delegar competências (cabe lembrar que, nos termos da Lei 
9.784/1999, a delegação é possível, também, para órgãos não subordinados, ou 
seja, ela nem sempre decorre do poder hierárquico); 
e) o poder de avocar competências (a avocação sempre decorre do poder 
hierárquico). 
 
PODER DISCIPLINAR 
 
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É o poder que possui a administração de punir as infrações funcionais de seus 
servidores e as infrações administrativas praticadas por particulares que estejam 
sujeitos à disciplina dos órgãos e serviços da administração pública (por exemplo, 
as pessoas que estejam participando de licitações ou tenham celebrado contratos 
administrativos com a administração). 
 
Vejam que quando a administração aplica uma sanção disciplinar a um agente 
público, essa atuação decorre imediatamente do poder disciplinar e mediatamente 
(indiretamente) do poder hierárquico. Vale dizer, o poder disciplinar, nesses casos, 
deriva do hierárquico. 
 
Entretanto, quando a administração aplica uma sanção administrativa a alguém que 
descumpriu um contrato administrativo, há exercício do poder disciplinar, mas não 
há nenhuma relação hierárquica. Nesses casos, o poder disciplinar não está 
relacionado ao poder hierárquico. 
 
O que diferencia a aplicação de uma sanção, pela administração, a uma pessoa 
que seja parte em um contrato administrativo, ou a um licitante, e a aplicação de 
uma sanção, pela administração, no âmbito do poder de polícia é que no primeiro 
caso há um vínculo específico entre o particular e a administração, e no segundo 
não. No exercício do poder de polícia o administrado tem um vínculo geral com a 
administração, igual ao que todos os administrados têm, decorrente (o vínculo 
jurídico geral) do simples fato de vivermos em sociedade. 
 
Em suma, qualquer sanção fundada no poder disciplinar – tanto a sanção aplicada 
a agentes públicos quanto a aplicada a outras pessoas que tenham algum vínculo 
jurídico específico com a administração pública – decorre de um vínculo jurídico 
específico entre o infrator e a administração pública. Diferentemente, todas as 
sanções fundadas no poder de polícia decorrem de um vínculo jurídico geral, 
genérico, a que se sujeitam os administrados – pelo simples motivo de viverem em 
sociedade – que realizem ou pretendam realizar determinadas atividades, quando 
essas atividades possuam o potencial de afetar os interesses da comunidade. 
 
Vale repetir que não há exercício de poder hierárquico nem na aplicação de sanção 
administrativa a um contratado, ou a um licitante, nem na aplicação de sanção no 
âmbito do poder de polícia. Só há exercício de poder hierárquico (e também de 
poder disciplinar) na aplicação de sanções disciplinares aos agentes públicos, 
decorrentes da prática de infrações administrativas funcionais. 
 
Seja qual for o caso, deve-se enfatizar que o ato de aplicação de penalidade – a um 
servidor, a um contratado, a um licitante (sanções disciplinares), ou a um 
administrado sem vínculo específico com a administração (sanção de polícia) – 
deve ser sempre motivado. 
 
Segundo a doutrina, o poder disciplinar é de exercício discricionário. Mas isso é 
apenas uma regra geral, porque a lei pode prever casos em que o exercício do 
poder disciplinar seja vinculado. 
 
 
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PODER REGULAMENTAR 
 
A doutrina tradicional simplesmente define o poder regulamentar como o poder 
atribuído ao Chefe do Poder Executivo – e só a ele – para editar atos gerais e 
abstratos destinados a dar fiel cumprimento às leis. 
 
A ênfase maior reside no fato de o regulamento (ou decreto regulamentar) não 
inovar o direito, não criar direitos ou obrigação que já não estejam previstos na lei. 
Teoricamente, o regulamento (especificamente o denominado “regulamento de 
execução”) apenas detalha ou explicita aquilo que já está na lei, sem ir além das 
suas disposições, muito menos contrariá-las. O regulamento deve, sobretudo, 
uniformizar procedimentos (pois ele será de observância obrigatória por toda a 
administração), a fim de que o agente público, na prática de atos concretos de 
aplicação da lei, assegure um tratamento isonômico a todos os administrados que 
se encontrem em igual situação. 
 
Esse “regulamento de execução”, ou “decreto regulamentar”, a que se refere a 
doutrina clássica é, na esfera federal, o que está previsto no art. 84, inciso IV, da 
Constituição (“compete privativamente ao Presidente da República sancionar, 
promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos 
para sua fiel execução”). 
 
O regulamento ou decreto regulamentar é um ato estritamente subordinado e 
dependente de lei. 
 
Celso Antônio B. de Mello estabelece o seguinte conceito de regulamento: “Ato 
geral e abstrato, de competência privativa do Chefe do Poder Executivo, expedido 
com a estrita finalidade de produzir as disposições operacionais uniformizadoras 
necessárias à execução de lei cuja aplicação demande atuação da Administração 
Pública”. 
 
Observação: quando uma questão usar a palavra “regulamento”, sem agregar a ela 
qualquer qualificativo, ela está se referindo aos “regulamentos de execução”, ou 
seja, exatamente àqueles a que se refere o art. 84, IV, da Constituição. Só se a 
questão explicitamente falar em “regulamento autônomo” (ou “regulamento 
independente”), ou em “regulamento autorizado” (ou “regulamento delegado”) é que 
ela estará se reportando a espécies normativas diferentes do regulamento 
tradicional, que é o “regulamento de execução”. Esses outros “regulamentos” serão 
examinados em seguida. 
 
A doutrina tradicional brasileira, de um modo geral, apenas reconhece a existência 
dos regulamentos de execução. O motivo é que, teoricamente, no Brasil, só a lei 
pode inovar a ordem jurídica (CF, art. 5º, II), não podendo fazê-lo os atos infralegais 
(atos administrativos). 
 
Todavia, seja qual for a doutrina que sigamos, a partir da EC 32/2001 
obrigatoriamente temos que reconhecer a existência de uma exceção expressa a 
essa idéia de que todo decreto obrigatoriamente seja um decreto regulamentar (ou 
um “regulamento de execução”). 
 
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Isso porque a EC 32/2001 modificou o art. 84, VI, da Constituição, que passou a ter 
a seguinte redação: 
 
“Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
 
............. 
 
VI – dispor, mediante decreto, sobre: 
 
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar 
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; 
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;” 
 
Portanto, em nosso País, hoje, ao lado dos decretos regulamentares, que 
continuam sendo a regra geral, temos previsão constitucional de decreto 
autônomo. 
 
Decreto autônomo é um decreto editado diretamente a partir do texto constitucional, 
sem base em lei nenhuma, sem estar regulamentando lei alguma. O decreto 
autônomo é um ato primário, porque decorre diretamente da Constituição. Ele inova 
o direito, criando, por força própria, situações jurídicas, direitos e obrigações. 
 
Vejam bem que a hipótese constitucional de edição de decreto autônomo, no Brasil, 
é muitíssimo restrita (e só surgiu com a EC 32/2001, vale repetir). Na verdade, 
nosso direito admite a edição de decreto autônomo, unicamente, para dispor sobre 
(1) organização e funcionamento da administração federal, desde que não implique 
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; e (2) extinção de 
cargos ou funções públicas, quando vagos. 
 
Além dos decretos regulamentares e autônomos, a doutrina menciona uma terceira 
espécie, os chamados decretos delegados ou autorizados, ou ainda regulamentos 
delegados ou autorizados. 
 
Temos um regulamento delegado (ou autorizado) quando o Poder Legislativo, na 
própria lei, autoriza o Poder Executivo a disciplinar determinadas situações nela 
não descritas. A lei traça apenas linhas gerais e autoriza o Poder Executivo a 
complementá-la, e não simplesmente regulamentá-la. 
 
Segundo a doutrina tradicional, o regulamento delegado é inconstitucional, porque 
fere o princípio da separação entre os Poderes e o princípio da legalidade. A 
doutrina mais moderna, entretanto, admite o regulamento delegado no caso de leis 
que tratem de matérias eminentemente técnicas. É o que acontece, por exemplo, 
com as agências reguladoras. A lei estabelece diretrizes gerais, digamos, relativas 
aos serviços de telefonia, e a própria lei autoriza a ANATEL a estabelecer normas 
que a complementem. 
 
A doutrina tem chamado de discricionariedade técnica essa possibilidade de 
complementação da lei – e não mera regulamentação – mediante ato 
administrativo, autorizada na própria lei, quanto a matérias de índole técnica. E a 
 
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tendência atual, inclusive do Poder Judiciário, tem sido considerar legítima, nessa 
hipótese – e só nela –, a edição de regulamentos autorizados. 
 
Nunca vi esse ponto ser cobrado em uma questão da ESAF, porque ele é 
demasiadamente controverso. Mas, se algum elaborador “moderninho” aparecer 
com esse assunto em uma questão, minha opinião é que vocês devem marcar 
“verdadeiro” para qualquer afirmação mais ou menos com este conteúdo: “tem sido 
admitida a utilização do regulamento autorizado para a fixação de normas técnicas, 
desde que a lei que o autoriza estabeleça as diretrizes, os parâmetros, as 
condições e os limites da atuação do Poder Executivo, determinando precisamente 
os contornos da norma a ser elaborada, de modo que esta funcione apenas como 
complementação técnica necessária das disposições legais (exercício de 
‘discricionariedade técnica’)”. 
 
Sobre esse ponto, aliás, mais um comentário deve ser feito. 
 
Nós vimos que os autores administrativistas dizem que o poder regulamentar é 
privativo do Chefe do Poder Executivo. 
 
Se isso for correto, qual seria o fundamento para a edição de todos os demais atos 
normativos editados pela administração pública (instruções normativas da Receita 
Federal do Brasil, resoluções do Banco Central, resoluções da ANATEL, portarias 
do Ministério da Saúde etc.)? 
 
As competências para a edição desses outros atos de caráter normativo não se 
fundam no poder regulamentar, porque este é exclusivo do Chefe do Poder 
Executivo. Dizemos que esses outros atos administrativos têm fundamento no 
poder normativo da administração pública. É, aliás, esse genérico poder normativo 
reconhecido à administração pública que tem sido invocado atualmente para 
defender a constitucionalidade dos denominados regulamentos autorizados, que 
acabamos de estudar. 
 
Notem que o “poder regulamentar” é uma espécie do gênero “poder normativo”; 
porém, como aquele é exclusivo do Chefe do Poder Executivo, é mais freqüente, 
quando nos referimos a essa autoridade, falarmos em poder regulamentar. Deve 
ficar claro, apenas, que ao praticar atos com base no poder regulamentar (espécie), 
o Chefe do Poder Executivo não deixa de estar exercendo o poder normativo da 
administração pública (gênero). 
 
Em resumo, temos o seguinte: 
 
a) poder regulamentar é o poder atribuído ao Chefe do Poder Executivo para editar 
atos gerais e abstratos destinados a dar fiel cumprimento às leis (os “decretos 
regulamentares” ou “regulamentos de execução”); 
b) no Brasil, em regra, só existem “decretos regulamentares” ou “regulamentos de 
execução”; as únicas exceções constitucionalmente previstas são os decretos 
autônomos de que trata o art. 84, inciso VI, da Carta Política; 
 
 
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c) paralelamente a esses atos, admitem-se os denominados “regulamentos 
autorizados” (ou delegados), desde que se trate de matéria de natureza técnica e a 
lei que os autorize estabeleça precisamente as diretrizes da atuação normativa do 
Poder Executivo; 
 
d) os atos normativos expedidos por quaisquer autoridades administrativas que não 
sejam o próprio Chefe do Poder Executivo não têm fundamento no “poder 
regulamentar”, e sim em um genérico “poder normativo” de que dispõe o Poder 
Executivo para editar atos normativos infralegais. 
 
 
PODER DE POLÍCIA 
 
Por enquanto, vamos ficar só com a definição de poder de polícia, porque o 
estudaremos mais detalhadamente ao final desta aula. 
 
No plano conceitual, podemos definir “poder de polícia”, simplesmente, como o 
poder de que dispõe a administração pública para condicionar ou restringir o uso de 
bens e o exercício de direitos ou atividades pelos particulares em geral, em prol do 
bem-estar da coletividade. 
 
De forma mais simples e concreta, a administração pública exerce poder de polícia 
quando realiza a mais variadas modalidades de fiscalizações de atividades 
privadas, preventivas ou repressivas. 
 
Paremos a teoria por aqui e voltemos à nossa questão. 
 
Ela pede o poder que, essencialmente, está por trás ou fundamenta determinados 
atos da administração pública. Façamos a correlação a partir dos atos. 
 
A aplicação de penalidade em processo administrativo relaciona-se ao poder 
disciplinar. 
 
A nomeação para cargo de provimento em comissão é exemplo típico de exercício 
de poder discricionário. 
 
A delegação de competências insere-se no exercício do poder hierárquico (o fato 
de a delegação de competências também ser possível para um órgão não 
subordinado não prejudica a correlação). 
 
Por último, limitação do exercício de direitos é praticamente a própria definição, 
simplificada, de poder de polícia. 
 
Portanto, o gabarito é letra “a”. 
 
 
2 – (ESAF/CGU/2004) O mérito administrativo, na atuação do administrador 
público, cujo controle jurisdicional sofre restrições, condiz em particular com o 
exercício regular do seu poder 
 
a) disciplinar 
 
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b) hierárquico 
 
c) de polícia 
 
d) discricionário 
 
e) vinculado 
 
 
COMENTÁRIO 
 
Conhecendo a teoria que sucintamente expus nos comentários à questão anterior, 
vocês verão que quase todas as questões sobre poderes administrativos resolvem-
se com razoável facilidade. 
 
O mérito administrativo é a essência do poder discricionário. 
O gabarito é a letra “d”. 
 
3 – (ESAF/Analista MPU/2004) Os poderes vinculado e discricionário, 
simultaneamente, podem ser exercidos pela autoridade administrativa, na prática 
de um determinado ato, ressalvado que esse último se restringe à conveniência e 
oportunidade, bem como quanto 
 
a) ao conteúdo. 
 
b) à forma. 
 
c) à finalidade. 
 
d) à competência. 
 
e) ao modo. 
 
 
COMENTÁRIO 
 
Essa questão faz a afirmação, comum na doutrina, segundo a qual um ato pode ser 
praticado no exercício simultâneo dos poderes vinculado e discricionário. 
 
Isso só ocorre nos atos administrativos discricionários, porque, neles, os elementos 
competência, finalidade e forma têm fundamento no poder vinculado, ao passo que 
os elementos motivo e objeto relacionam-se ao poder discricionário. 
 
Quando se pratica um ato vinculado, diferentemente, não há exercício “simultâneo” 
de poder discricionário, porque, no ato vinculado, todos os elementos são 
vinculados. 
 
O enunciado diz que o poder discricionário restringe-se à conveniência e 
oportunidade e a algum elemento do ato administrativo. Na lista temos: (a) 
conteúdo (que é sinônimo de objeto); forma; finalidade; competência (que às vezes 
pode aparecer como sinônimo de sujeito); modo (que não é tradicionalmente 
descrito como elemento dos atos administrativos). 
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Ora, a discricionariedade traz a idéia de conveniência e oportunidade quanto ao 
motivo e ao objeto do ato, isso é consagrado. Como não temos uma alternativa com 
“motivo e objeto”, devemos marcar a alternativa “a”. As outras estão erradas porque 
“b”, “c” e “d” enumeram elementos vinculados e a “e” nem mesmo contém um 
elemento dos atos administrativos, considerando os tradicionalmente descritos 
(constantes da Lei 4.717/1965 – “Lei da ação popular”). 
 
O gabarito é letra “a”. 
 
 
4 – (ESAF/CGU/2004) Uma determinada autoridade administrativa, de um certo 
setor de fiscalização do Estado, ao verificar que o seu subordinado havia sido 
tolerante com o administrado incurso em infração regulamentar, da sua área de 
atuação funcional, resolveu avocar o caso e agravar a penalidade aplicada, no uso 
da sua competência legal, tem este seu procedimento enquadrado no regular 
exercício dos seus poderes 
 
a) disciplinar e vinculado 
 
b) discricionário e regulamentar 
 
c) hierárquico e de polícia 
 
d) regulamentar e discricionário 
 
e) vinculado e discricionário 
 
 
COMENTÁRIO 
 
Essa questão exige um pouco de raciocínio. 
 
Os elementos-chave do enunciado são: 
 
1) “setor de fiscalização”: pensamos logo em poder de polícia; 
 
2) “subordinado”: pensamos em poder hierárquico (ou em poder disciplinar); 
 
3) “avocar”: sem dúvida pensamos em poder hierárquico; 
 
4) “agravar a penalidade aplicada”: como a penalidade de que se trata foi aplicada 
a um administrado (a um particular, isto é, a alguém que não é um agente público) 
que não tem algum vínculo jurídico específico com a administração pública, ela 
decorre de poder de polícia, e não de poder disciplinar. 
 
Depois do enunciado, a questão pede os poderes predominantes. 
 
Já sabemos que não houve exercício de poder disciplinar, porque nenhuma sanção 
foi aplicada a um servidor, a um contratado, a um licitante, enfim a alguém que 
possua um vínculo jurídico específico com a administração pública. Logo, cortamos 
a letra “a”. 
 
Poder regulamentar não tem absolutamente nada a ver com a situação descrita. 
Cortamos “b” e “d”. 
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Restam “c” e “e”. 
 
Os atos descritos no enunciado são tipicamente discricionários. É claro que há, 
também, exercício de poder vinculado. Mas não há dúvida de que predominam na 
situação, são mais específicos, o poder hierárquico (na avocação) e o poder de 
polícia (na aplicação da penalidade ao administrado). 
 
O gabarito é a letra “c”. 
 
 
5 – (ESAF/Gestor Fazendário-MG/2005) No que tange aos poderes administrativos, 
assinale a opção correta. 
 
a) Em face do poder hierárquico, um órgão consultivo que integre a estrutura do 
Poder Executivo, por exemplo, deve exarar manifestação que se harmonize com o 
entendimento dado à matéria pelo chefe de tal Poder. 
b) Por sua natureza, a Secretaria de Receita Estadual não tem poder de polícia, 
que é característico da Secretaria de Segurança do Estado. 
c) Uma vez que o Direito não admite lacunas legislativas, e a Administração 
Pública deve sempre buscar atender o interesse público, o poder regulamentar, 
como regra, autoriza que o Poder Executivo discipline as matérias que ainda não 
foram objeto de lei. 
d) Em vista da grande esfera de atuação do Poder Executivo, o poder 
regulamentar se distribui entre diferentes autoridades que compõem tal poder, que 
expedem portarias e instruções normativas, conforme a área de especialização 
técnica de cada qual. 
e) Nem sempre as medidas punitivas aplicadas pela Administração Pública a 
particulares terão fundamento no poder disciplinar. 
 
COMENTÁRIO 
 
Essa questão confirma o que venho afirmando reiteradas vezes: a ESAF, regra 
geral, é muito conservadora nas posições doutrinárias que adota. 
 
Vejamos as alternativas. 
 
Alternativa “a” 
 
A afirmação dessa letra “a” não é muito fácil. 
 
Os órgãos consultivos, justamente por terem função meramente opinativa, não 
estão obrigados, como regra, nas matérias técnicas de sua competência, a adotar 
as mesmas interpretações e a manifestar as mesmas orientações dadas a uma 
determinada questão pelo Chefe do Poder Executivo. 
 
Os órgãos consultivos emitem pareceres. Um parecer pode, ou não, ser acatado 
pela autoridade administrativa que deva decidir sobre a questão objeto do parecer. 
 
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Se os órgãos consultivos simplesmente reproduzissem, nas matérias técnicas de 
sua competência, as interpretações e orientações emitidas pelo Chefe do Poder 
Executivo, eles seriam totalmente inúteis. 
 
Mas vejam que isso é apenas uma regra geral. É possível, sim, dependendo do 
órgão consultivo, e dependendo do ato do Chefe do Poder Executivo, que aquele 
seja obrigado a adotar o mesmo entendimento deste. 
 
De qualquer maneira, doutrinariamente, no plano teórico, vocês devem afirmar que, 
nas questões pertinentes às matérias técnicas de sua competência, os 
órgãos consultivos da administração pública não estão sujeitos ao poder 
hierárquico. 
 
Alternativa errada. 
 
Alternativa “b” 
 
Essa é bem tranqüila. A afirmação, intencionalmente, tenta confundir o conceito de 
polícia administrativa, que é exercida por todos, ou quase todos, os órgãos da 
administração pública, com a polícia judiciária (polícia civil, principalmente), que é 
sempre atribuída a órgão ou órgãos específicos. 
 
Alternativa errada. 
 
Alternativa “c” 
 
Aqui também não há polêmica. O poder regulamentar depende de lei para ser 
exercido. O decreto regulamentar, obviamente, regulamenta uma lei. Se não houver 
lei, não pode ser editado decreto regulamentar (não seria regulamentar, seria 
autônomo). 
 
O único decreto que não depende de lei é o decreto autônomo,que, como vimos, é 
absolutamente excepcional, só cabível nas hipóteses do art. 84, VI, da 
Constituição. 
 
Alternativa errada. 
 
Alternativa “d” 
 
Aqui a ESAF adotou a orientação doutrinária absolutamente tradicional. Como eu 
disse, nossa regra geral é seguir, para concursos, a doutrina mais tradicional, mais 
ortodoxa. 
 
Segundo essa doutrina, o poder regulamentar é privativo do Chefe do Poder 
Executivo. Não é exercido por “diferentes autoridades”. 
 
Alternativa errada. 
 
Alternativa “e” 
 
Só sobrou essa para nosso gabarito. 
 
A afirmação dela constante exige perfeito conhecimento da abrangência do poder 
disciplinar. 
 
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Temos exercício de poder disciplinar na aplicação de sanções a agentes públicos 
(demissão, suspensão, advertência) e na aplicação de sanções a pessoas 
particulares (não agentes públicos) que tenham vínculos jurídicos específicos com a 
administração pública (por exemplo, figurar como parte em um contrato 
administrativo, ou participar como licitante em um procedimento de licitação). 
Exemplos dessas últimas sanções são a decretação de caducidade de uma 
concessão de serviço público e a declaração de inidoneidade para licitar e contratar 
com o poder público, aplicáveis a pessoas que tenham descumprido contratos 
administrativos. 
 
Diferentemente, “medidas punitivas aplicadas pela Administração Pública a 
particulares” que tenham com ela somente vínculo geral decorrem de poder de 
polícia. O poder de polícia é que fundamenta as sanções aplicáveis aos particulares 
em geral, que não tenham vínculos jurídicos específicos com a administração e 
descumpram normas administrativas de observância obrigatória. Exemplos de 
sanções de polícia administrativa são a interdição de estabelecimento comercial 
que descumpra normas de prevenção contra incêndios, a demolição de uma obra 
irregular, a apreensão e destruição de alimentos impróprios para consumo humano 
expostos à venda em um estabelecimento comercial etc. 
 
Alternativa certa. 
 
O gabarito é letra “e”. 
 
 
6 – (ESAF/Auditor do TCE-GO/2007) No que tange ao poder disciplinar, 
relativamente aos servidores aposentados e aos em disponibilidade, 
 
a) tais servidores não poderão sofrer penalidade administrativa, por não ocuparem 
cargo público. 
b) ambos os servidores, aposentados e em disponibilidade, estão sujeitos ao poder 
disciplinar da Administração. 
c) a depender da gravidade da conduta, o servidor em disponibilidade sujeita-se à 
pena de demissão. 
d) apenas os servidores aposentados poderão sofrer penalidade. 
 
e) tecnicamente, mesmo o aposentado está sujeito à pena de demissão, 
considerada sua conduta quando ainda permanecia em atividade na Administração. 
 
 
 
COMENTÁRIO 
 
Eu achei essa questão bastante interessante. E confesso que nunca havia pensado 
neste ponto específico: o poder disciplinar tem aplicação também aos servidores 
públicos inativos. 
 
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É verdade que o servidor público inativo é alguém que, embora não seja mais um 
agente público, mantém um vínculo jurídico específico com a administração pública. 
Não é um vínculo propriamente “funcional”, mas sim um vínculo que decorre de um 
vínculo funcional anterior. É o que ocorre com alguém aposentado, ou mesmo com 
o servidor público que esteja em disponibilidade. 
 
Exatamente por conta desse fato – sujeição dos servidores públicos inativos ao 
poder disciplinar – é que a Lei 8.112/1990 arrola, entre as sanções disciplinares, a 
“cassação de aposentadoria” e a “cassação de disponibilidade”. Aposentado não é 
“demitido”; ele tem a sua aposentadoria cassada quando, embora já esteja 
aposentado, se descubra que, na atividade, ele praticou uma infração punível com 
a demissão (a sanção disciplinar “demissão” só se aplica a servidores públicos 
ativos). O mesmo vale para o servidor em disponibilidade. 
 
No fundo, a regra é sempre a mesma: estão sujeitas ao poder disciplinar todas as 
pessoas, servidores públicos ou não, que de algum modo estejam ligadas à 
administração pública por um vínculo jurídico específico. As sanções disciplinares é 
que variam conforme se trate de um servidor público ativo, de um servidor público 
inativo, ou de um particular que tenha um contrato administrativo com o poder 
público, ou que esteja participando de uma licitação, ou de um concurso público etc. 
 
O que não pode acontecer é vocês confundirem o poder disciplinar com o poder de 
polícia. A diferença é exatamente a natureza do vínculo: o poder disciplinar 
pressupõe um vínculo jurídico específico entre alguém e a administração pública, 
ao passo que o poder de polícia decorre de um vínculo geral entre alguém e a 
administração pública, existente – o vínculo geral – pelo simples fato de esse 
alguém viver em sociedade, sujeitando-se genericamente ao ordenamento jurídico 
como um todo. 
 
O gabarito da questão é a letra “b”. 
 
 
7 – (ESAF/AFC-CGU/2008) Assinale a opção que contemple penalidade que 
encerra avaliação discricionária do administrador em sua aplicação. 
 
a) Demissão. 
 
b) Suspensão. 
 
c) Destituição de cargo em comissão. 
 
d) Cassação de aposentadoria. 
 
e) Advertência. 
 
 
COMENTÁRIO 
 
Essa questão é interessante para eu comentar dois pontos. 
 
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Primeiro, simplesmente repisar que, apesar de a doutrina afirmar que a regra geral 
é o exercício do poder disciplinar ser discricionário, nada impede que a lei 
estabeleça hipóteses de aplicação de sanção disciplinar como ato vinculado. 
 
O segundo ponto é que a ESAF reiteradamente aparece com questões afirmando, 
categoricamente, que, na esfera federal, a demissão de servidor público regido pela 
Lei 8.112/1990 foi estabelecida como um ato discricionário. A razão dessa 
afirmação da ESAF é, simplesmente, a redação do art. 132 da Lei 8.112/1990, 
abaixo transcrito: 
 
“Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: I 
- crime contra a administração pública; 
 
II - abandono de cargo; 
 
III - inassiduidade habitual; 
 
IV - improbidade administrativa; 
 
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; 
VI - insubordinação grave em serviço; 
 
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa 
própria ou de outrem; 
 
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; 
 
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo; 
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional; 
XI - corrupção; 
 
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; 
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.” 
 
Reparem que a ESAF, nessas questões sobre a natureza do ato de demissão, 
contrariando a orientação que ela mesma adota em outras questões (sobre 
discricionariedade administrativa), ignora que também pode haver 
discricionariedade quando uma norma legal aparentemente impositiva (“...será 
aplicada”) emprega, na descrição do motivo determinante do ato, um conceito 
jurídico indeterminado. 
 
Bem, vocês têm que fazer a mesma coisa: quando a questão estiver perguntando 
especificamente a natureza do ato de demissão de servidor público na esfera 
federal, afirmem, sem medo, que é um ato vinculado. 
 
A nossa questão de agora foi além: considerou que também a advertência seria um 
ato vinculado! Vejam o que diz a Lei 8.112/1990 sobre a advertência: 
 
“Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de 
proibição constante do art. 117, incisosI a VIII e XIX, e de inobservância de dever 
 
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funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique 
imposição de penalidade mais grave.” 
 
Novamente, o elaborador da questão só se preocupa em analisar o verbo da norma 
(“...será aplicada...”), desconsiderando a possibilidade de as infrações nela 
descritas envolverem, na sua descrição, conceitos jurídicos indeterminados. 
 
Na verdade, nossa questão “exagerou na dose” e considerou até mesmo a 
“destituição de cargo em comissão” um ato vinculado. Acontece que a destituição, 
dependendo da situação, pode ser aplicada em situações que ensejariam a 
suspensão (que sem nenhuma dúvida é um ato discricionário). Vejam a Lei 
8.112/1990: 
 
“Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por não ocupante de cargo 
efetivo será aplicada nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e 
de demissão.” 
 
Enfim, além dos dois pontos que eu mencionei aqui como “pontos importantes”, a 
nossa questão serve, também, para reforçar a regra de que, em questões do tipo 
“marque a alternativa certa” ou “marque a alternativa errada”, o que interessa 
mesmo é achar a alternativa “mais certa” ou “mais errada”, respectivamente. 
 
O gabarito da questão é letra “b”. Realmente, nenhuma dúvida há quanto à 
natureza discricionária da penalidade disciplinar de suspensão. No mínimo, a 
administração tem discricionariedade na escolha do aspecto quantitativo do objeto, 
o qual pode variar, teoricamente, de um a noventa dias. Vejam o dispositivo da Lei 
8.112/1990: 
 
“Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas 
com advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração 
sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.” 
 
Gabarito, letra “b”. 
 
 
8 – (ESAF/SEFAZ-CE/AFRE/2007) A aplicação da penalidade de advertência a 
servidor público infrator, por sua chefia imediata, é ato administrativo que expressa 
a manifestação do poder 
 
a) hierárquico. 
 
b) regulamentar. 
 
c) de polícia. 
 
d) disciplinar. 
 
e) vinculado. 
 
 
 
 
 
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COMENTÁRIO 
 
A advertência a um servidor público é uma penalidade administrativa disciplinar. É 
claro que o exercício do poder disciplinar no âmbito interno da administração, ou 
seja, o que se traduz na aplicação das sanções disciplinares aos servidores 
públicos, deriva, indiretamente (ou mediatamene), do poder hierárquico. 
 
Mas é claro, também, que a alternativa mais específica é a letra “d”. Repito: se não 
houvesse a letra “d”, sem dúvida marcaríamos a letra “a”. Mas, em questões como 
essa, obrigatoriamente temos que identificar o poder mais diretamente relacionado 
à situação descrita no enunciado. 
 
O gabarito é a letra “d”. 
 
 
9 – (ESAF/AFTE-MG/2005) Sobre conceitos atinentes à Administração Pública, 
assinale a opção correta. 
 
a) Não se pode considerar agente público aquele que integra a estrutura de uma 
pessoa jurídica de direito privado instituída pelo Poder Público. 
b) O poder hierárquico fundamenta o ato de avocação. 
 
c) Os órgãos públicos têm personalidade jurídica, podendo, por isso, assumir em 
nome próprio obrigações. 
d) A descentralização tem, para o Direito Administrativo, significado de distribuição 
de competências dentro de uma mesma pessoa jurídica. 
e) Tradicionalmente, não se considera a competência como elemento vinculado do 
ato administrativo. 
 
COMENTÁRIO 
 
Essa questão é uma miscelânea. Cada alternativa trata de um assunto diferente. 
Vejamos cada uma. 
 
Alternativa “a” 
 
“Agente público” é um termo genérico, amplo. Normalmente é usado para referir a 
todas as pessoas que têm vínculo funcional com a administração, como os 
servidores públicos (estatutários), os empregados públicos (celetistas), os 
contratados temporariamente e até, dependendo do autor, os agentes políticos. Eu 
digo “normalmente” porque a expressão “agente público” é doutrinária, não está 
definida sua abrangência em nenhuma lei. Por isso, cada autor usa a expressão 
como bem entender. 
 
A alternativa adotou a definição mais comum de agente público, que abrange, sim, 
as pessoas que trabalham nas pessoas jurídicas de direito privado integrantes da 
administração pública. A redação foi meio ruim, porque diz que o agente público 
integra a estrutura de uma pessoa jurídica. Para mim, não é bem assim. Os 
 
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agentes ocupam cargos ou empregos, ou ainda funções. Os cargos ou empregos é 
que integram a estrutura da pessoa jurídica. Mas isso não vem ao caso, porque a 
alternativa foi considerada falsa de qualquer forma. 
 
Alternativa “b” 
 
Não há como haver dúvida sobre essa afirmação. A avocação sempre decorre do 
poder hierárquico. Só existe avocação feita pelo superior hierárquico relativamente 
a atribuições originárias de seu subordinado. 
 
Alternativa certa. Essa é o gabarito. 
 
Alternativa “c” 
 
Essa veio de presente. Dizer que órgão público tem personalidade jurídica é um 
erro tão “manjado” que dispensa mais comentários. 
 
Alternativa errada. 
 
Alternativa “d” 
 
Essa alternativa traz, exatamente, a definição de desconcentração, não de 
descentralização. A descentralização sempre envolve duas pessoas jurídicas. 
 
Alternativa errada. 
 
Alternativa “e” 
 
É justamente o contrário. Tradicionalmente, a competência é descrita como 
elemento vinculado do ato administrativo. 
 
Alternativa errada. 
 
O gabarito da questão é letra “b”. 
 
 
10 – (FCC/ISS-SP/2007) NÃO se compreende dentre possíveis manifestações do 
poder hierárquico, no âmbito da Administração Pública, 
 
a) o acolhimento de um recurso, por autoridade superior àquela que proferiu 
decisão administrativa. 
b) a delegação de competências. 
 
c) a avocação de competências. 
 
d) o acolhimento de um pedido de reconsideração pela autoridade que proferiu 
decisão administrativa. 
e) a coordenação das ações de servidores subordinados. 
 
 
COMENTÁRIO 
 
Embora essa questão seja da Fundação Carlos Chagas, achei oportuno selecioná-
la para nosso curso. 
 
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A questão exige, sobretudo, que o candidato saiba o que é um “pedido de 
reconsideração”. Mas o nome é auto-explicativo, e a alternativa ainda explicitou que 
quem pode acolher o pedido de reconsideração é a própria autoridade que proferiu 
decisão administrativa. 
 
Pois bem, um “pedido de reconsideração” é uma petição endereçada à autoridade 
que proferiu a decisão cuja reconsideração está sendo pedida. Se a autoridade 
acolher o pedido, modificará a sua própria decisão. Como se vê, não há nenhum 
tipo de hierarquia envolvida, porque estamos falando da mesma autoridade 
deliberando sobre uma decisão que ela mesma proferiu. Ela proferiu a decisão, ela 
mesma recebeu o pedido de reconsideração – que é endereçado a ela – e ela 
mesma acolheu o pedido, modificando, ela mesma, a sua decisão anterior. 
 
As demais alternativas trazem hipóteses claras de manifestação do poder 
hierárquico. Vejam que, na letra “a”, a hipótese é de recurso hierárquico, ou seja, 
quem modifica a decisão recorrida é uma autoridade superior à que proferiu essa 
decisão recorrida. 
 
O gabarito é letra “d”. 
 
 
11 – (ESAF/Analista MPU/2004) Quanto aos poderes administrativos, assinalea 
afirmativa falsa. 
 
a) A esfera discricionária nos regulamentos de organização é maior do que aquela 
nos regulamentos normativos. 
b) O poder disciplinar pode alcançar particulares, desde que vinculados ao Poder 
Público mediante contratos. 
c) No âmbito do poder hierárquico, insere-se a faculdade de revogar-se atos de 
órgãos inferiores, considerados inconvenientes, de ofício ou por provocação. 
d) A regra quanto à avocação de competências determina a sua possibilidade, 
desde que a competência a ser avocada não seja privativa do órgão subordinado. 
e) O poder de polícia administrativa pode se dar em diversas gradações, 
finalizando, em todas as situações, com a auto-executoriedade, pela qual o 
administrado é materialmente compelido a cumprir a determinação administrativa. 
 
 
COMENTÁRIO 
 
Uma das alternativas traz uma afirmação bem complexa, mas, no fim das contas, 
não foi tão difícil acertar a questão, porque a alternativa que foi o gabarito é mais ou 
menos simples. Pede-se a alternativa falsa. Analisemos cada uma. 
 
Alternativa “a” 
 
Essa é a alternativa com a afirmação complexa. É uma afirmação puramente 
doutrinária. 
 
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Os chamados “regulamentos de organização” são os que estruturam um órgão ou 
uma entidade da administração pública, dispondo sobre o seu funcionamento. 
 
Os órgãos públicos obrigatoriamente são criados por lei e as entidades da 
administração indireta são criadas por lei, ou têm a sua criação autorizada por lei. 
 
Entretanto, a lei não estabelece minuciosamente a estrutura e o funcionamento do 
órgão ou da entidade. Apenas estabelece a estrutura geral, lista as competências e 
deixa o detalhamento a critério do Poder Executivo. 
 
Com a EC 32/2001, essa sistemática, que já era consagrada na prática, e mesmo 
pela doutrina, passou a constar da própria Constituição. 
 
Lembrem que o inciso VI, alínea “a”, do art. 84 da Constituição atribui competência 
privativa ao Presidente da República para dispor, mediante decreto (autônomo) 
sobre “organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar 
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos”. 
 
O que o enunciado está dizendo é que nesses decretos de organização, que 
dispõem sobre a estrutura e o funcionamento de um órgão ou de uma entidade da 
administração, seguindo apenas as linhas gerais traçadas pela lei que criou o órgão 
ou a entidade, ou autorizou a criação da entidade, há muito maior margem de 
liberdade, ou seja, a discricionariedade é muito mais ampla, do que a que se 
observa na expedição de “regulamentos normativos”. 
 
Os “regulamentos normativos” a que se refere o enunciado são aqueles que tratam 
de normas de conduta, ou seja, são os decretos regulamentares propriamente 
ditos, aqueles expedidos para garantir a “fiel execução” das leis (CF, art. 84, IV). 
Claro que nesses “regulamentos normativos” a discricionariedade é muito menor, 
porque eles só podem “desdobrar” os dispositivos da lei, “explicitar” suas 
disposições, sem qualquer inovação do ordenamento jurídico, visando, 
simplesmente, a uniformizar o cumprimento da lei pela administração pública. 
 
A alternativa é certa. 
 
Alternativa “b” 
 
Essa alternativa está corretíssima. Muitas vezes, quando falamos em “poder 
disciplinar”, lembramos somente da aplicação de sanções disciplinares pela 
administração aos servidores públicos. Mas o poder disciplinar fundamenta essas 
sanções e também a aplicação de penalidades administrativas a particulares que 
estejam ligados à administração por algum vínculo jurídico específico. É o que 
ocorre, por exemplo, no caso de aplicação de sanções administrativas pelo 
descumprimento de contratos administrativos. 
 
Alternativa certa. 
 
Alternativa “c” 
 
O poder hierárquico fundamenta a anulação e a revogação de atos dos órgãos ou 
autoridades inferiores (subordinados) pelos órgãos ou autoridades superiores. 
 
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Observem, entretanto, que nem sempre a revogação e a anulação de atos 
administrativos pela própria administração decorrem do poder hierárquico. 
Simplesmente, uma autoridade que pratica um ato pode, ela mesma, anulá-lo, se 
mais tarde constatar ilegalidade, ou revogá-lo, se ele se tornar inconveniente ou 
inoportuno. Nesse caso, teríamos anulação e revogação sem termos hierarquia. 
 
Também podemos ter revogação e anulação fora do âmbito hierárquico nos casos 
de controle finalístico, também chamado tutela ou supervisão, que é o controle 
exercido pela administração direta sobre a administração indireta (segundo a 
doutrina, o exercício e a abrangência da supervisão ou tutela administrativa 
precisam estar previstos em lei). 
 
Por fim, no caso dos chamados “recursos hierárquicos impróprios” – que são 
recursos não hierárquicos – pode haver anulação e revogação de atos 
administrativos, desde que isso esteja previsto em lei, sem que se possa falar em 
poder hierárquico. 
 
Alternativa certa. 
 
Alternativa “d” 
 
Para os concursos que nos interessam, a única norma legislativa federal que 
devemos ter em conta sobre avocação de competências é o art. 15 da Lei 
9.784/1999. Esse artigo não fala nada sobre proibição da avocação quando a 
competência a ser avocada for privativa do órgão subordinado. Mas isso é posição 
doutrinária pacífica. A profª. Maria Sylvia Di Pietro, por exemplo, afirma 
expressamente a existência dessa proibição, que, aliás, é bastante lógica. 
 
Alternativa certa. 
 
Alternativa “e” 
 
Nessa alternativa está errado dizer que, em todas as situações, o poder de polícia 
administrativa termina em “auto-executoriedade, pela qual o administrado é 
materialmente compelido a cumprir a determinação administrativa”. Lembrem que 
uma das sanções passíveis de ser aplicadas no exercício do poder de polícia é a 
multa administrativa, que é um ato cuja imposição é caracterizada por 
imperatividade, mas cujo cumprimento não é auto-executório. Vale dizer, se o 
administrado não pagar a multa (embora ele esteja obrigado a pagar), a 
administração, por força própria, não tem como obter o valor devido. Precisa fazer a 
cobrança por intermédio do Poder Judiciário (ajuizando uma ação de execução). 
 
Alternativa errada. 
 
O gabarito é a letra “e”. 
 
 
12 – (ESAF/AFC/CGU/Auditoria e Fiscalização/2006) Assinale, entre as hipóteses 
abaixo, aquela que corresponde à competência legislativa do Congresso Nacional, 
prevista na Constituição Federal, sobre a organização administrativa do Poder 
Executivo. 
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a) Criação, extinção e atribuições de órgãos da Administração Pública. 
 
b) Criação e extinção de Ministérios e órgãos da Administração Pública. 
 
c) Criação e extinção de órgãos da Administração Direta. 
 
d) Criação, extinção e atribuições de Ministérios, órgãos e entidades da 
Administração Pública. 
e) Criação e extinção de órgãos e entidades da Administração Direta e Indireta. 
 
 
COMENTÁRIO 
 
Essa questão aborda o inciso VI do art. 84 da Constituição, embora indiretamente. 
 
Na verdade, o dispositivo que resolve diretamente a questão é o art. 48, inciso XI, 
da Constituição, com a redação dada pela EC 32/2001, segundo o qual compete ao 
Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, a “criação e 
extinção de Ministérios e órgãos da administração pública”. 
 
Essa regra é reproduzida no art. 88 da Constituição, também com a redação dada 
pela EC nº 32/2001: 
 
“Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção deMinistérios e órgãos da 
administração pública.” 
 
Ambos os dispositivos citados, antes da EC 32/2001, realmente falavam em 
“criação, estruturação e atribuições dos Ministérios e órgãos da administração 
pública”. Mas a EC 32/2001 passou a prever que decreto autônomo disporá sobre 
“organização e funcionamento” da administração, desde que não implique aumento 
de despesa. Por isso, retirou-se da reserva legal dispor sobre estruturação e 
atribuições de órgãos da administração pública. Permaneceu reservada à lei tão-
somente a criação e a extinção dos órgãos. 
 
Dessa forma, precisávamos saber que dispor meramente sobre atribuições de 
órgãos e entidades da administração, desde que não implique aumento de 
despesa, enquadra-se no inciso VI, “a”, do art. 84 da Constituição, ou seja, cabe ao 
Presidente da República, mediante decreto autônomo. 
 
Por fim, era necessário saber que entidades da administração indireta só são 
criadas por lei quando têm personalidade jurídica de direito público. As entidades 
da administração indireta que ostentam personalidade jurídica de direito privado 
têm a sua instituição apenas autorizada em lei específica, mas a criação 
propriamente dita é feita pelo Poder Executivo, mediante o registro dos atos 
constitutivos da entidade no registro público competente. 
 
Último comentário: a letra “c” não está errada. Realmente, criação e extinção de 
órgãos da administração direta só pode ser feita por lei (e diretamente pela lei). 
Mas a letra “b” é simplesmente literal, reproduz textualmente o inciso XI do art. 48 
da Constituição (e também o art. 88). Sempre que isso ocorre em uma questão, 
 
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não tenham dúvida, marquem a alternativa que traz o texto literal do dispositivo 
constitucional ou legal. 
 
O gabarito é letra “b”. 
 
 
13 – (ESAF/Gestor Fazendário-MG/2005) Com relação ao poder de polícia, 
assinale a opção incorreta. 
 
a) Não se pode falar em utilização de poder de polícia pela Administração indireta. 
 
b) Como regra, tal poder será discricionário. 
 
c) O meio de ação que concretize a atuação do poder de polícia encontra limites no 
princípio da proporcionalidade. 
d) Nem sempre as ações atinentes ao poder de polícia serão auto-executáveis. 
 
e) O poder de polícia não abrange apenas medidas repressivas. 
 
 
COMENTÁRIO 
 
Aproveito essa questão para fazer uma breve exposição teórica sobre o 
denominado “poder de polícia”. 
 
Poder de polícia administrativa pode ser definido como o poder de que dispõe a 
administração pública para condicionar ou restringir o uso de bens e o 
exercício de direitos ou atividades pelo particular, tendo em vista o interesse 
público e o bem-estar geral da coletividade. 
 
O poder de polícia é inerente à atividade administrativa. A administração pública 
exerce poder de polícia sobre todas as condutas ou situações particulares que 
possam, direta ou indiretamente, afetar os interesses da coletividade. 
 
O poder de polícia é desempenhado por variados órgãos e entidades 
administrativos – e não por alguma unidade administrativa específica –, em todos 
os níveis da Federação. 
 
Deve-se diferenciar a atividade de polícia administrativa da atividade de polícia 
judiciária. 
 
A principal distinção é que a polícia administrativa diz respeito a infrações 
administrativas e a atividade de polícia judiciária diz respeito aos ilícitos penais 
(crimes e contravenções). O exercício da primeira esgota-se no âmbito da função 
administrativa, enquanto a polícia judiciária prepara a atuação da função 
jurisdicional penal. 
 
A segunda distinção usualmente apontada é que a polícia administrativa é exercida 
sobre atividades privadas, bens ou direitos, enquanto a polícia judiciária incide 
diretamente sobre pessoas. 
 
A terceira diferença que vocês devem conhecer – porque é muito freqüentemente 
 
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apresentada pela doutrina – é que se diz que a polícia administrativa tem caráter 
preventivo e a polícia judiciária tem natureza repressiva. A polícia administrativa 
teria o objetivo principal de prevenir condutas ou situações contrárias ao interesse 
público, ao passo que a polícia judiciária teria a finalidade específica de possibilitar 
a punição das pessoas que cometeram ilícitos penais. Só tomem cuidado porque 
essa distinção, embora tradicional, acaba causando confusão, já que existem, sim, 
medidas de polícia administrativa que são repressivas! 
 
Por fim, a polícia administrativa é desempenhada por órgãos administrativos de 
caráter fiscalizador, integrantes dos mais diversos setores de toda a administração 
pública, ao passo que a polícia judiciária é executada por corporações específicas 
(a polícia civil e a Polícia Federal, ou ainda, em alguns casos, a polícia militar). 
 
 
CLASSIFICAÇÕES 
 
A doutrina classifica o poder de polícia em originário e delegado, conforme o órgão 
ou entidade que execute as correspondentes atividades de polícia administrativa. 
 
O poder de polícia originário é aquele exercido pela administração direta, ou seja, 
pelos órgãos integrantes da estrutura das diversas pessoas políticas da Federação 
(União, estados, Distrito Federal e municípios). 
 
O poder de polícia delegado é aquele executado pelas pessoas administrativas 
do Estado, isto é, pelas entidades integrantes da administração indireta. 
 
Vocês devem adotar a orientação tradicional – que é a adotada pela ESAF –, 
segundo a qual o poder de polícia somente pode ser exercido por pessoas 
jurídicas de direito público. Vocês não devem admitir a possibilidade de exercício 
de poder de polícia por pessoas jurídicas de direito privado, nem mesmo pelas 
entidades da administração indireta que tenham personalidade jurídica de direito 
privado. 
 
O poder de polícia administrativa pode ser exercido preventiva ou repressivamente. 
 
No primeiro caso – poder de polícia preventivo –, o poder público estabelece 
normas que limitam ou condicionam a utilização de bens (públicos ou privados) ou 
o exercício de atividades privadas que possam afetar a coletividade, exigindo que o 
particular obtenha anuência da administração pública previamente à utilização 
desses bens ou ao exercício dessas atividades. Tal anuência é formalizada nos 
denominados alvarás, expedidos pela administração à vista da demonstração, pelo 
particular requerente, de que estão atendidos os requisitos ou cumpridas as 
condições para o uso da propriedade ou a prática das atividades que devam ser 
objeto de controle pelos órgãos de polícia administrativa. Os alvarás podem ser de 
licença ou de autorização. 
 
A licença é um ato administrativo vinculado e definitivo pelo qual a administração 
pública reconhece que o particular detentor de um direito subjetivo preenche as 
 
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condições para o seu gozo. Assim, as licenças dizem respeito a direitos individuais, 
tais como o exercício de uma profissão ou a construção de um edifício em terreno 
de propriedade do administrado, e não podem ser negadas quando o requerente 
satisfaça os requisitos legais e regulamentares exigidos para a sua obtenção. 
 
A autorização editada com fundamento no poder de polícia é um ato administrativo 
por meio do qual a administração pública possibilita ao particular a realização de 
atividade privada de predominante interesse deste, ou a utilização de um bem 
público. Note-se que o particular tem interesse na obtenção do ato, mas não um 
direito subjetivo a essa obtenção. A autorização é, assim, um ato discricionário– 
pode ser simplesmente negada, mesmo que o requerente satisfaça todas as 
condições legais e regulamentares – e precário, ou seja, é passível de revogação 
pelo poder público a qualquer tempo, sem gerar, em regra, direito a indenização 
para o particular. São exemplos de atividades autorizadas o uso especial de bem 
público, o trânsito por determinados locais, o porte de arma de fogo etc. 
 
O outro meio de atuação – atividade repressiva de polícia administrativa – é 
materializado na fiscalização das atividades e bens sujeitos ao controle da 
administração pública. Verificando a existência de infração, a autoridade 
fiscalizadora deverá lavrar o auto de infração pertinente e cientificar o particular da 
sanção a ser aplicada, a qual, regra geral, o será pela própria administração, 
conforme será adiante exposto. 
 
 
ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA 
 
A doutrina tradicionalmente aponta três atributos ou qualidades características do 
poder de polícia e dos atos administrativos resultantes de seu regular exercício: 
discricionariedade, auto-executoriedade e coercibilidade. 
 
 
a) discricionariedade; 
 
A discricionariedade no exercício do poder de polícia significa que a administração, 
quanto aos atos a ele relacionados, regra geral, dispõe de uma razoável liberdade 
de atuação, podendo valorar a oportunidade e conveniência de sua prática, 
estabelecer o motivo e escolher, dentro dos limites legais, seu conteúdo. A 
finalidade de todo ato de polícia – como a finalidade de qualquer ato administrativo 
– é requisito sempre vinculado e traduz-se na proteção do interesse da coletividade. 
 
A administração pode, em princípio, determinar, dentro dos critérios de 
oportunidade e conveniência, quais atividades irá fiscalizar em um determinado 
momento e, dentro dos limites estabelecidos na lei, quais sanções deverão ser 
aplicadas e como deverá ser feita a graduação dessas sanções. De qualquer 
forma, a sanção sempre deverá estar prevista em lei e deverá guardar 
 
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correspondência e proporcionalidade com a infração verificada. 
 
Embora a discricionariedade seja a regra no exercício do poder de polícia, nada 
impede que a lei, relativamente a determinados atos ou fatos, estabeleça total 
vinculação da atuação administrativa a seus preceitos. É o caso, por exemplo, da 
concessão de licença para construção em terreno próprio ou para o exercício de 
uma profissão, em que não existe para a administração liberdade de valoração, 
quando o particular atenda aos requisitos legais. 
 
 
b) auto-executoriedade; 
 
Define-se a auto-executoriedade como a possibilidade de que certos atos 
administrativos sejam imediata e diretamente executados pela própria 
administração, independentemente de ordem judicial prévia (execução material do 
ato pela administração). 
 
É atributo típico do poder de polícia, presente, sobretudo, nos atos repressivos de 
polícia. A administração pública precisa ter a prerrogativa de impor diretamente, 
sem necessidade de prévia autorização judicial, as medidas ou sanções de polícia 
administrativa necessárias à repressão de atividades lesivas à coletividade, ou que 
coloquem em risco a incolumidade pública. 
 
Evidentemente, a auto-executoriedade não afasta a tutela jurisdicional posterior (ou 
até suspensiva, se o particular, previamente, obtiver uma ordem judicial impedindo 
a atuação administrativa). 
 
Nem todo ato de polícia goza de auto-executoriedade. Exemplo consagrado de ato 
não auto-executório é a cobrança de multas, quando resistida pelo particular. 
Nesse caso, embora a imposição da multa seja ato imperativo e decorra do 
exercício do poder de polícia, sua execução somente pode ser efetivada pela via 
judicial. 
 
 
c) coercibilidade. 
 
O último atributo do poder de polícia, a coercibilidade, traduz-se na possibilidade de 
as medidas adotadas pela administração pública serem impostas coativamente ao 
administrado, inclusive mediante o emprego da força. Caso o particular resista ao 
ato de polícia, a administração poderá valer-se da força pública para garantir o seu 
cumprimento. 
 
A imposição coercitiva dos atos de polícia também independe de prévia autorização 
judicial, mas está sujeita – assim como ocorre com todo e qualquer ato 
administrativo – a verificação posterior quanto à legalidade, ensejando, se for o 
caso, a anulação do ato e a reparação ou indenização do particular pelos danos 
sofridos, sempre que se comprove ter ocorrido excesso ou desvio de poder. 
 
Na verdade mesmo, embora a doutrina aponte a auto-executoriedade e a 
coercibilidade como diferentes atributos do poder de polícia, não existe uma 
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distinção precisa entre um e outro. Vocês podem, sem medo, tratá-los como 
sinônimos. 
 
Por fim, lembrem que nem todos os atos de polícia ostentam os atributos da auto-
executoriedade e da coercibilidade. Os atos preventivos de polícia administrativa 
(por exemplo, exigência de obtenção de licenças ou autorizações para a prática de 
determinadas atividades privadas), bem como alguns atos repressivos, a exemplo 
da cobrança de multa não paga espontaneamente pelo particular, não gozam de 
auto-executoriedade ou coercibilidade. 
 
 
PRESCRIÇÃO 
 
A Lei 9.873/1999, especificamente aplicável à esfera federal, estabelece em cinco 
anos o prazo prescricional das ações punitivas decorrentes do exercício do poder 
de polícia. É o que consta do caput do seu art. 1º, abaixo transcrito: 
 
“Art. 1º Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, 
direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à 
legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração 
permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.” 
 
É importante observar, entretanto, que, na hipótese de o fato objeto da ação 
punitiva da administração também constituir crime, serão aplicáveis os prazos de 
prescrição previstos na lei penal (art. 1º, § 2º). 
 
A lei estabelece hipóteses de interrupção (art. 2º) e de suspensão (art. 3º) da 
prescrição. 
 
Vocês devem conhecer o art. 2º, especialmente porque ele foi alterado por uma lei 
muito recente, a Lei 11.941/2009. É a seguinte a redação atual do dispositivo: 
 
“Art. 2º Interrompe-se a prescrição da ação punitiva: 
 
I – pela notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por meio de edital; 
 
II – por qualquer ato inequívoco, que importe apuração do fato; 
III – pela decisão condenatória recorrível. 
 
IV – por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa de 
tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da administração pública 
federal.” 
 
Como as bancas de concursos adoram “novidades”, acho importante vocês 
prestarem atenção também às outras alterações e acréscimos que a Lei 
11.941/2009 trouxe à Lei 9.873/1999. 
 
A Lei 11.941/2009 acrescentou à Lei 9.873/1999 o art. 1º-A, com a seguinte 
redação: 
 
“Art. 1º-A. Constituído definitivamente o crédito não tributário, após o término 
 
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regular do processo administrativo, prescreve em 5 (cinco) anos a ação de 
execução da administração pública federal relativa a crédito decorrente da 
aplicação de multa por infração à legislação em vigor.” 
 
Trata-se de um prazo de prescrição para a ação judicial de cobrança da multa 
administrativa (porque a cobrança de multa, quando não espontaneamente paga, 
deve ser feita perante o Poder Judiciário). 
 
A Lei 11.941/2009também acrescentou o art. 2º-A à Lei 9.873/1999, estabelecendo 
as hipóteses de interrupção da prescrição da ação judicial de cobrança (chamada 
“execução fiscal” de créditos não-tributários): 
 
“Art. 2º-A. Interrompe-se o prazo prescricional da ação executória: I 
– pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; II 
– pelo protesto judicial; 
 
III – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; 
 
IV – por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em 
reconhecimento do débito pelo devedor; 
 
V – por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa de 
tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da administração pública 
federal.” 
 
Sobre “poder de polícia” vocês não precisam ir além desses pontos. Voltemos à 
nossa questão. Ela pede a afirmativa errada sobre poder de polícia. Vejamos cada 
alternativa. 
 
Alternativa “a” 
 
Assim ficou fácil! Logo “de primeira” dá para saber que esse é o gabarito (mas, 
atenção, nunca marquem uma alternativa sem ler todas as outras da questão!!!). 
 
Não conheço nenhuma corrente doutrinária que negue a possibilidade de exercício 
do poder de polícia por pessoas jurídicas de direito público. Portanto, mesmo 
adotando a mais restritiva das orientações, não há quem negue a possibilidade de 
exercício de poder de polícia, na administração indireta, pelas autarquias (e pelas 
fundações públicas com personalidade jurídica de direito público, que, afinal, são 
uma espécie de autarquia). 
 
Alternativa errada. É o gabarito. 
 
Alternativa “b” 
 
Vimos que um dos atributos do poder de polícia sempre apontados pela doutrina é 
a discricionariedade. Vimos, também, que isso é uma regra geral (basta 
lembrarmos das licenças, que são atos vinculados) 
 
Alternativa certa. 
 
Alternativa “c” 
 
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Essa alternativa afirma, de forma genérica, que o princípio da proporcionalidade 
limita o exercício do poder de polícia, ou seja, é um dos meios de controle do poder 
de polícia. Evidentemente há outros. Como não está dizendo que o princípio da 
proporcionalidade é o único limite ou meio de controle, a alternativa está certa. 
 
Alternativa “d” 
 
Mais uma vez aparece a afirmação de que nem todos os atos de polícia são auto-
executórios. Já vimos que isso é correto e que o exemplo mais comum de ato não 
auto-executório é a exigência do pagamento de multa administrativa. 
 
Alternativa certa. 
 
Alternativa “e” 
 
Essa alternativa simplesmente lembra que o poder de polícia pode ser preventivo 
(concessão de autorizações e licenças) ou repressivo (aplicação de sanções). 
 
Está certa. 
 
O gabarito é a letra “a”. 
 
 
14 – (ESAF/PFN/2007) Em relação ao Poder de Polícia, analise os itens a seguir e 
marque com (V) a assertiva verdadeira e com (F) a falsa, assinalando ao final a 
opção correspondente: 
 
( ) o Poder de Polícia que o Estado exerce pode incidir em duas áreas de atuação 
estatal: na administrativa e na judiciária, podendo ser apontada como principal 
diferença entre ambas o caráter preventivo da polícia judiciária. 
 
( ) a competência, a finalidade e a forma, acrescidas da proporcionalidade da 
sanção e da legalidade dos meios empregados pela Administração são atributos do 
Poder de Polícia. 
 
( ) a aplicação das sanções prescreve em cinco anos a ação punitiva da 
Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do Poder de Polícia, 
sendo passível a interrupção e a suspensão da prescrição. 
 
( ) quanto aos fins, o Poder de Polícia pode ser exercido para atender a interesse 
público ou particular. 
 
( ) a auto-executoriedade é a possibilidade que tem a Administração de, com os 
próprios meios, por em execução as suas decisões, sem precisar recorrer 
previamente ao Poder Judiciário. 
 
a) V, V, F, F, F 
 
b) V, F, F, V, V 
 
c) F, F, V, F, V 
 
d) F, V, V, F, V 
 
e) V, F, V, V, F 
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COMENTÁRIO 
 
Analisemos cada afirmativa da questão 
 
Primeira afirmativa 
 
Uma das diferenças mais freqüentemente apontadas pela doutrina entre polícia 
administrativa e polícia judiciária (há autores que realmente indicam ser a diferença 
principal entre ambas) é a natureza preventiva daquela e repressiva desta. Embora 
eu não concorde com essa doutrina, a verdade é que ela é muito tradicional. 
 
A afirmativa está errada porque diz que a polícia judiciária teria caráter preventivo. 
É justamente o contrário! 
 
Segunda afirmativa 
 
A competência, a finalidade e a forma são elementos, ou requisitos de validade, 
dos atos administrativos em geral. Não são atributos do poder de polícia, nem de o 
que quer que seja! Proporcionalidade e legalidade são princípios jurídicos que, 
evidentemente, se prestam ao controle da atividade da administração pública, 
inclusive da atividade de polícia. Não são atributos de coisa alguma! 
 
Afirmativa falsa. 
 
Terceira afirmativa 
 
A redação dessa afirmativa veio defeituosa! Imagino que eles quisessem escrever: 
“quanto à aplicação das sanções prescreve em cinco anos a ação punitiva...” 
 
A ESAF volta e meia dá umas “mancadas” dessa espécie, e não anula a questão, 
na maior cara-de-pau! 
 
Bem, a afirmativa se refere ao art. 1º da Lei 9.873/1999, cuja redação transcrevo 
abaixo: 
 
“Art. 1º Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, 
direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à 
legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração 
permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.” 
 
As hipóteses de interrupção e de suspensão estão nos arts. 2º e 3º da lei, 
respectivamente. Vocês devem ignorar as hipóteses de suspensão; não procurem 
conhecê-las (saibam só que existem). 
 
A afirmativa é verdadeira. 
 
Quarta afirmativa 
 
Prestem bastante atenção: teoricamente, nada que a administração pública faça 
pode ter a finalidade de atender a interesse particular. O máximo que pode 
acontecer é alguma atuação administrativa, que sempre terá como finalidade a 
 
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satisfação do interesse público, coincidir com o interesse de um particular. É o que 
acontece, em geral, com os chamados “atos administrativos negociais”, a exemplo 
da permissão de uso de bem público ou da autorização para o exercício de alguma 
atividade privada. 
 
Entretanto, repito, a finalidade de qualquer atuação administrativa jamais é atender 
a interesse particular. 
 
Afirmativa falsa. 
 
Quinta afirmativa 
 
Essa afirmativa traz a definição precisa e consagrada de auto-executoriedade, que 
já vimos inúmeras vezes. Não há nada a acrescentar (salvo que deveria ter um 
acento circunflexo em “...pôr em execução...”; mais uma “mancada” da ESAF). 
 
Afirmativa verdadeira. 
 
O gabarito da questão é letra “c”. 
 
 
15 – (ESAF/ATM/Natal/2008) Marque a opção incorreta, quanto aos Poderes 
Administrativos. 
 
a) O poder regulamentar ou normativo é uma das formas pelas quais se expressa a 
função normativa do Poder Executivo. 
b) A Administração Pública, no uso do Poder disciplinar, apura infrações e aplica 
penalidades não só aos servidores públicos como às demais pessoas sujeitas à 
disciplina administrativa. 
c) A Administração Pública não pode, ao fazer uso do Poder de Polícia, restringir 
os direitos individuais dos cidadãos, sob pena de infringir a Constituição Federal. 
d) A organização administrativa é baseada em dois pressupostos fundamentais: a 
distribuição

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