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Aula 05 AFRB 2009 DIREITO CIVIL

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CURSO ON-LINE – DIREITO CIVIL – TEORIA E EXERCÍCIOS C U R S O O N - L I N E – D I R E IT O C I V I L – T E O R I A E E XE R C Í C I O S 
P/ RECEITA FEDERAL P / R E C E I T A F E D E R A L 
PROFESSOR: LAURO ESCOBAR P R O F E S S O R : L A U R O E S C O B A R 
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1 1 
AULA 05
ATO ILÍCITO 
RESPONSABILIDADE CIVIL
(arts. 186/188, 927/943 e 944/954, CC) 
Meus Amigos e Alunos. 
Esta foi a nossa última aula, completando o Edital referente ao 
AFRF/2009. Minha experiência como professor sempre foi em uma sala de 
aula... vendo meus alunos... percebendo suas reações quando explico a matéria 
ou contando algum caso interessante, transmitindo novos conhecimentos ou 
simplesmente avivando os que, por algum motivo, estavam adormecidos. 
Ultimamente, nestes cursos por internet, é diferente... nem vocês me 
viram, nem eu pude ter a satisfação de vê-los ao dar as aulas. Somente pude 
senti-los quando dos e-mails que recebi, muitos com palavras amáveis que 
sempre agradeci, de coração. Outros expondo suas dúvidas que sempre tentei 
sanar e explicar de uma maneira simples e objetiva. Espero ter correspondido a 
expectativa de vocês, que mesmo não me conhecendo pessoalmente confiaram 
em meu trabalho e nas aulas que seriam ministradas. Com certeza isso se deve 
à idoneidade do PONTO DOS CONCURSOS. Espero que estas aulas lhes 
tenham sido úteis e tenham trazido a carga de informações que vocês 
necessitam para que possam alcançar aquilo que almejam: o sucesso nos 
concursos. Lembrem-se que estou “torcendo” por vocês. Cada vez que recebo a 
notícia de que um aluno obteve sucesso, fico feliz, como se eu mesmo tivesse
passado em um novo concurso. Algum dia é possível que nós nos conheçamos 
pessoalmente... “bater um papo” descontraído, tomar um cafezinho e, acima de
tudo, vê-los vencedores e ter a alegria e ter contribuído, por menor que seja 
minha participação, para esta vitória. Recebam todos um grande abraço, como 
se eu estivesse aí com vocês, e um grande beijo no coração. Mais uma vez 
desejo tudo de bom para vocês. Muitas ALEGRIAS e SUCESSO nesta empreitada 
que vocês se propuseram. 
Antes de começar a aula propriamente dita, preciso dar um aviso
importante. Como vocês notaram no título da aula, hoje falaremos sobre o Ato 
Ilícito e a Responsabilidade Civil. Às vezes, analisando um edital, percebemos 
que ele se refere apenas ao Ato Ilícito. Outras vezes verificamos que ele 
 
 
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menciona apenas a Responsabilidade Civil. Mas é claro que, tanto em um caso,
como em outro, está implícito que cairão na prova os dois temas, pois os 
mesmos são conexos entre si. Além disso, nosso edital é específico em 
relação à responsabilidade e ainda pede a repercussão da responsabilidade civil 
no direito do trabalho. Aliás, cá entre nós e que ninguém nos ouça, exigir isso 
no edital para o AFRF é bobagem... Isso, para mim, pela experiência que tenho 
em concursos, foi uma “bobeada” do examinador. Ele simplesmente copiou o
mesmo edital para o Fiscal do Trabalho. E com isso vieram temas que não se 
justificam no AFRF. No Fiscal do Trabalho até se admite. Mas no AFRF... No 
entanto, como o edital pede, deixemos de lado as lamentações. Comecemos. 
O Ato Ilícito está previsto nos artigos que vão do 186 até o 188 CC (eles 
são poucos, mas importantíssimos). Ocorre que não haveria lógica alguma 
estudar apenas esses poucos artigos. Por isso devemos relacioná-los com o
tema sobre a Responsabilidade Civil, que está prevista nos artigos que vão do 
art. 927 ao 943, CC (e, se incluirmos ainda o tema “indenização” – que também 
será visto hoje – a previsão se estende até o art. 954, CC). Ou seja, para que 
nosso estudo seja completo devemos identificar o conceito e a importância do 
Ato Ilícito (que ainda pertence à Parte Geral do Código Civil) e, de imediato, a 
sua relação com a Responsabilidade Civil (que integra a Parte Especial – aliás 
único ponto da Parte Especial exigida no edital). Além disso, a Constituição 
Federal, em seu art. 5 , incisos V e X prevê o direito à indenização por dano o
moral, material e à imagem. Assim, durante a aula, responderemos a seguinte
questão: praticado um ato ilícito (civil ou penal), quais as repercussões na 
esfera da responsabilidade civil? 
Aconselho que todos tenham em mãos os artigos referentes ao tema que 
iremos estudar para um melhor acompanhamento desta aula, pois hoje nós 
vamos estudar os dois temas em conjunto, embora dispostos em lugares 
diferentes no Código. No entanto, sempre que necessário, irei transcrever os 
artigos de maior relevância. 
CONCEITO DE ATO ILÍCITO 
O Ato Ilícito está previsto no art. 186, CC. Podemos conceituá-lo como 
sendo o ato praticado em desacordo com a ordem jurídica, violando, 
consequentemente, direito subjetivo individual. No dizer de Francisco Amaral: “A 
ilicitude significa contrariedade a um dever jurídico, consistindo na ofensa a 
direito subjetivo ou na infração de preceito legal, que protege interesses alheios, 
ou ainda no abuso de direito”. 
Resumindo: praticar um ato ilícito é incidir na infração ao dever de não 
lesar outrem (em latim dizemos neminen laedere – a ninguém se deve lesar). E 
se este ato ilícito causar danos a outrem (patrimoniais ou morais), cria-se o 
dever de reparar os prejuízos decorrentes. Por isso o Ato Ilícito é considerado 
também como uma “Fonte de Obrigação” (art. 927, CC), pois praticado um Ato 
 
 
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Ilícito a lei obriga a reparação dos danos. Como veremos mais adiante o 
prejuízo causado (o dano) pode ser patrimonial ou moral. Vejam que logo no 
início desta aula já estamos relacionando dois artigos dispostos em lugares bem
diferentes do Código Civil: quem pratica um Ato Ilícito (art. 186, CC) tem a 
obrigação de reparar o dano (art. 927, CC). 
O Ato Ilícito é considerado como um Fato Jurídico (em sentido amplo). 
Lembrem-se do gráfico que forneci na aula sobre os Fatos Jurídicos (se alguém 
ficou com alguma dúvida retorne a ela). Ele produz efeitos jurídicos. Esses 
efeitos geralmente não são desejados pelo agente (ninguém gosta de indenizar 
outrem), mas impostos pela lei (por isso eles também são chamados de atos 
involuntários, pois os efeitos são involuntários, ou seja, não desejados pelo 
agente). Há infração de um dever e, consequentemente, a imputação de um 
resultado. 
Podemos classificar o Ato Ilícito em: Civil, Penal ou Administrativo. Lógico 
que nesta aula o que nos interessa é o Ato Ilícito Civil, porém sempre que 
falamos sobre este tema, acabamos por “invadir” um pouco a área das demais 
matérias, pois elas estão interrelacionadas; são conexas em relação a este 
tema. Vejamos. 
a) Penal – violação de um dever tipificado como crime, pressupondo um 
prejuízo causado à sociedade; desrespeitado, compromete-se a ordem social 
(norma de ordem pública); a sanção é pessoal, ou seja é a pessoa do
infrator imputável que irá responder pela conduta (não se transmite a 
responsabilidade penal a terceiros). 
b) Administrativo – violação de um dever que se tem para com a 
Administração; a sanção também é pessoal. 
c) Civil – violação de um dever obrigação contratual ou legal, pressupondo 
um dano a terceiro; a sanção é patrimonial, ou seja, atinge o patrimônio do 
lesante (como regra). 
Há casos em que o sujeito pratica uma conduta e estaofende apenas à 
sociedade como um todo: trata-se de um ilícito penal. Em outros casos a 
conduta ofende apenas ao particular: trata-se do ilícito civil. Mas em alguns 
casos uma só conduta pode ofender à sociedade e ao particular ao mesmo
tempo. Pergunto: Se um sujeito com apenas uma conduta causar danos à 
sociedade (ilícito criminal) e ao particular (ilícito civil), pode responder a dois 
processos? O sujeito pode ser duplamente responsabilizado? Existe um brocardo
jurídico que diz: ne bis in idem (ou seja, ninguém pode ser responsabilizado 
duas vezes pelo mesmo fato). Será que isto se aplica aqui também? Resposta: 
o princípio do ne bis in idem existe, mas somente é aplicado na mesma esfera. 
Ou seja, um sujeito foi processado e absolvido no Direito Penal. Não se pode 
instaurar um novo processo penal para apurar o mesmo fato. Mas isto não 
impede de se instaurar um processo civil visando a reparação do dano. Muito 
embora o fato seja o mesmo, as esferas de competência são diferentes, visando 
 
 
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objetivos diferentes. Portanto uma mesma conduta pode acarretar uma dupla 
responsabilidade e, portanto, dois processos diferentes. 
Exemplo: por uma questão de somenos importância “A” agride “B”, nele 
produzindo lesões corporais. O fato é típico, está descrito no Código Penal (art. 
129), logo é um ilícito penal; é um crime. Por outro lado, causando danos 
(patrimoniais ou morais) à vítima o agente também é obrigado a reparar esses 
danos na ordem civil. Trata-se, portanto, de um ilícito civil também. Uma 
mesma conduta teve como consequência dois efeitos: um na ordem penal e 
outro na esfera civil. E para apurar estas responsabilidades são instaurados dois 
processos, com objetivos diferenciados. 
Às vezes a conduta pode atingir também o Direito Administrativo, 
havendo uma tripla responsabilidade. Exemplo: Vamos tomar como exemplo o 
peculato. O que é o peculato? Trata-se de um crime, pois está tipificado no 
Código Penal (art. 312, CP). O que ele diz? O Código Penal o descreve como 
sendo um crime próprio do Funcionário Público. Uma de suas hipóteses é o caso 
de um funcionário que tendo a posse de um bem público, dele se apropria 
(esta é uma das diversas figuras previstas). O funcionário público se apropria de 
um “lap top” pertencente à Administração, mas que estava sob a guarda deste 
funcionário. O funcionário que comete a conduta de se apropriar indevidamente 
de um bem público, ofende, simultaneamente, a três bens jurídicos: Atinge o 
Direito Penal, pois a conduta se configura em um crime (é típica; está prevista 
no Código Penal). Além disso, o agente “quebrou a confiança” nele depositada 
por parte da Administração Pública. Por tal motivo este funcionário irá responder 
a um processo administrativo, podendo até mesmo perder o cargo (ser 
demitido). Por último, apropriando-se de um bem público, causou um dano à 
Administração, portanto cometeu, também um ilícito civil, e, sendo assim, o 
agente pode ser responsabilizado pelo Estado e compelido a ressarcir o dano 
que causou. Deste modo, o autor da conduta, com apenas uma ação, ofendeu a 
três institutos (Penal, Administrativo e Civil), podendo (ao menos em tese) 
responder a três processos distintos, cada um com objetivos diferenciados. 
Importante – A responsabilidade penal é pessoal e intransferível. Ou 
seja, somente a pessoa que pratica o crime, desde que seja imputável 
(penalmente responsável), é que irá responder por ele. Já a responsabilidade 
civil é patrimonial, ou seja, o que será atingido é o patrimônio do lesante. Mas 
em diversas circunstâncias esta responsabilidade pode ser transferida aos 
sucessores e também aos responsáveis legais do agente. Veremos isso com 
maior profundidade mais adiante, ainda hoje. 
Vamos agora fazer um importante “resuminho” do que já vimos até agora: 
� Ato ilícito é a conduta humana que fere direitos subjetivos privados; está 
em desacordo com a ordem jurídica, violando um direito subjetivo 
individual (art. 186, CC). 
� A consequência do ato ilícito civil é a obrigação de reparar o dano 
(patrimonial ou moral), de indenizar (art. 927, CC). 
 
 
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� Ato ilícito é um fato jurídico, mas não é um ato jurídico, pois para que 
seja jurídico é necessário que seja lícito. 
� Uma mesma conduta ilícita pode causar repercussão no Direito Civil, 
Penal e Administrativo, podendo haver uma tripla responsabilidade. 
HISTÓRIA 
Durante os cursos que ministro, visando concursos públicos, evito falar 
sobre a história de cada instituto. Isso é muito interessante para “cultura geral”, 
é uma boa introdução para uma tese de mestrado, mas geralmente não cai nos 
concursos. Neste curso temos que ser objetivos. Mas... neste caso em 
particular, é interessante falar um pouco sobre a história do ato ilícito e a 
reparação do dano, pois com isso sentimos a evolução do Direito. Não só do 
Direito Civil, mas de todos os ramos do Direito. 
Primitivamente vigorava a pena de talião (“olho por olho, dente por 
dente” ou também “quem com ferro fere, com ferro será ferido”), segundo a 
qual os danos a terceiros eram retribuídos na mesma qualidade e quantidade 
pela própria pessoa ofendida. Era a tese do “mal pelo mal”. É claro que, em vez 
de se compensar um dano, causava-se outro, tornando dupla a lesão. O direito 
evoluiu. Mas até a edição a famosa lei romana conhecida como Poetelia Papiria 
(326 a.C.) o devedor respondia por suas dívidas com seu próprio corpo (podia 
ser escravizado) e até mesmo com sua vida (era executado). Com o advento da 
lei o devedor passou a ser responsabilizado por suas obrigações exclusivamente 
com seu patrimônio. A execução deixou de ser pessoal para ser patrimonial. 
Posteriormente, como uma evolução, a Lex Aquilia de Danno consagrou, 
de forma mais elaborada, o conceito de responsabilidade civil, punindo 
pecuniariamente o agente por danos injustamente provocados. “Lei Aquilia” – 
por isso, conforme veremos mais adiante, atualmente falamos em 
responsabilidade aquiliana. Trata-se de uma expressão muito comum em 
concursos públicos. Mas, apesar de toda a evolução do direito, ainda permanece 
viva a idéia de culpa nos atos ilícitos, de modo que como regra, haverá 
indenização se houver “culpa” do agente. Veremos melhor esta expressão e a 
sua abrangência mais adiante. 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
A responsabilidade civil surge em face do descumprimento obrigacional, 
pela desobediência de uma regra estabelecida em um contrato, ou por deixar, 
determinada pessoa, de observar um preceito normativo que regula a vida. 
Nota-se então as duas espécies de responsabilidade civil: contratual e 
extracontratual. 
1) A responsabilidade civil contratual está situada no âmbito da 
inexecução obrigacional. Como se sabe, as cláusulas contratuais devem ser 
respeitadas, sob pena de responsabilidade daquele que as descumprir. O 
 
 
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contrato traz em seu conteúdo uma obrigação assumida, podendo o seu 
descumprimento gerar perdas e danos. Os principais fundamentos jurídicosdessa modalidade de responsabilidade civil estão dispostos no art. 389, CC, 
quando a obrigação assumida for positiva. E no art. 390, CC, quando se tem 
uma obrigação negativa. Obrigação Positiva é a de dar alguma coisa (ex: 
pagar o aluguel; entregar um quadro que foi comprado, etc.) ou a de fazer algo 
(pintar um muro ou um quadro; dar uma palestra; realizar uma cirurgia, etc.). 
Já a Obrigação Negativa é a de não fazer algo, como por exemplo, de não 
construir um muro divisório acima de três metros). Exemplo de responsabilidade 
contratual: celebro um contrato de locação. Uma das cláusulas pactuadas
determina que o pagamento do aluguel deve ser feito todo dia 15 de cada mês. 
Estamos no dia 20 e o aluguel não foi pago. Houve, portanto, uma inexecução 
contratual ocorrendo, como consequência, um ato ilícito civil decorrente do 
contrato. Surgem então as chamadas obrigações contratuais. São os efeitos 
do inadimplemento (não cumprimento) do contrato, como por exemplo, a multa 
pelo atraso no pagamento. Geralmente essa multa é pactuada no próprio 
contrato de locação. Se o inquilino continuar não pagando o aluguel, poderá ser 
despejado por falta de pagamento, etc. A culpa contratual não precisa ser 
provada, bastando que o devedor esteja em mora e que este não decorra de 
nenhuma das causas excludentes de responsabilidade. 
2) Já a responsabilidade civil extracontratual (ou aquiliana) 
relaciona-se ao desrespeito ao direito alheio e às normas que regram a conduta, 
representando qualquer inobservância de um preceito legal. Enquanto na 
responsabilidade contratual, os critérios para a composição do prejuízo, como 
regra, já estão estabelecidos no contrato, na responsabilidade extracontratual a 
composição é feita por arbitramento, cabendo ao Juiz esta tarefa. Ela também 
conhecida por responsabilidade aquiliana, tendo em vista que a Lex Aquilia 
cuidou de estabelecer, no Direito Romano, as bases jurídicas dessa espécie de 
responsabilidade civil. Seu fundamento jurídico encontra-se hoje nos arts. 186, 
187 e 927, do Código Civil. Nesta hipótese não é necessário constituir o devedor 
em mora
Resumindo: 
a) Responsabilidade Contratual � surge pelo descumprimento de 
uma cláusula do contrato (inadimplemento contratual). 
b) Responsabilidade Extracontratual ou Aquiliana � deriva de 
inobservância de qualquer outro preceito legal; de normas gerais de 
conduta (e não de um contrato entre as partes). 
Consequências 
A consequência da infração ao dever contratual e/ou ao dever legal 
(extracontratual) é a mesma � obrigação de ressarcir o prejuízo causado. A 
diferença está no ônus da prova. 
 
 
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Quando não se cumpre uma cláusula do contrato há uma presunção 
(relativa) de que a culpa é de quem não cumpriu com o contrato. Em tese o 
lesado só precisa provar que o contrato não foi cumprido. É a outra parte quem 
deve provar sua inocência (caso fortuito, força maior). Se não houver esta 
prova, ele terá que indenizar. 
No entanto se a responsabilidade é extracontratual, como regra, não 
existe esta presunção de culpa. A vítima deve provar que a culpa foi do 
transgressor. Vejamos as teorias sobre o tema. 
TEORIAS
Existem duas teorias sobre responsabilidade civil, que veremos com 
detalhes. Primeiro falaremos sobre os aspectos gerais de cada uma delas. 
Depois vamos nos ater à teoria que foi adotada pelo nosso Código: 
� Teoria da Responsabilidade Subjetiva 
� Teoria da Responsabilidade Objetiva 
A) TEORIA DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA 
Segundo esta teoria, haverá responsabilidade por indenização somente se 
houver “culpa” do agente. Como veremos, foi a regra acolhida pelo Direito Civil 
brasileiro, que adotou a Teoria da Culpa. 
Cuidado!!! Sempre que eu falo em “culpa”, as pessoas lembram de
imediato de uma imprudência ou de uma negligência do agente. Mas não é bem 
assim. Na verdade, culpa não é só isso; é mais do que isso. É um conceito bem 
mais amplo. Explico. A Teoria da Culpa está se referindo a culpa em sentido 
amplo, que abrange o dolo e a culpa em sentido estrito. Assim culpa (em 
sentido amplo) é o gênero. E as espécies são dolo e culpa (em sentido estrito). 
Assim, quando alguém fala em culpa em sentido amplo, está se referindo ao 
elemento subjetivo; ao dolo e à culpa propriamente dita. Já vi em provas a 
expressão “elemento anímico” (vem de animus – intenção, que por sua vez de 
deriva de alma, de sopro de vida). Assim, o elemento subjetivo ou anímico tem
como espécies: 
φ Dolo – pleno conhecimento do mal; o agente pratica uma 
conduta, tem consciência dos efeitos desta conduta e, mesmo
assim, deseja as consequências maléficas (dolo direto) ou 
assume o risco de produzi-las (dolo eventual). Trata-se da 
ação ou omissão intencional ou voluntária. 
φ Culpa (em sentido estrito) – violação de um dever que o 
agente poderia conhecer e acatar; o agente pratica uma 
conduta e não quer o resultado, mas este acaba ocorrendo por 
alguma circunstância. 
 
 
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Portanto, pela Teoria da Responsabilidade Subjetiva, haverá indenização 
toda vez que o agente tenha praticado o ato danoso porque o conhecia e o quis 
(dolo direto) ou assumiu o risco do resultado (dolo eventual). Mas também 
quando o agente, embora não o conhecesse e não o quisesse, tenha agido por 
negligência ou imprudência ou violado norma que podia ou devia conhecer e 
acatar (culpa em sentido estrito). 
Prevalece a teoria da previsibilidade. Se o ato era previsível (para a 
pessoa diligente, prudente e conhecedora da norma), então haverá culpa para o 
agente. Exemplo: se eu bato na traseira do carro de uma outra pessoa, 
presume-se a minha culpa, porque há uma regra geral pela qual se deve 
guardar distância do veículo da frente e dirigir com atenção. Lógico que se trata 
de uma presunção relativa ou juris tantum, ou seja, que admite prova em 
contrário (diz a jurisprudência: “A presunção de culpa do condutor que abalroa o 
outro na traseira é relativa, podendo ser elidida se nos autos houver prova 
robusta em contrário – o veículo da frente é que estava trafegando em marcha- 
ré”). Outros exemplos: um dentista trata mal um dente, causando a perda do 
mesmo por falta de conhecimento técnico que deveria ter, age com culpa; o 
mesmo se diga de um advogado que perde uma causa por total falta de 
conhecimento, preparo profissional e cuidado ou um médico que realiza uma 
operação sem necessidade e sem ter o domínio da técnica cirúrgica. 
Classificação da Culpabilidade (em sentido amplo – ou lato sensu) 
A principal classificação acerca da culpabilidade é (reforçando o que já foi 
dito): 
� Culpa Contratual ↓ resulta da violação de um dever inerente 
a um contrato. Exemplos: o inquilino que não paga o aluguel, 
o empregado que contratado para isso, deixa de cuidar dos 
animais, o depositário que não conserva o bem, professor que 
não vem dar aula, etc. Este descumprimento contratual gera
responsabilidade de indenizar as perdas e danos (art. 389,
CC). 
� Culpa Extracontratual ou Aquiliana ↓ resulta da violação 
de um dever fundado em princípios gerais do direito, como o 
respeito às pessoas e aos bens alheios; deriva de infração ao 
dever de conduta imposto pela lei (dever legal). Não há 
necessidade de se constituir o devedor em mora. Exemplo: 
motorista, trafegado com excesso de velocidade em local 
incompatível, provoca um atropelamento. 
Praticadoum ilícito civil derivado de um contrato (culpa contratual) ou de 
um dever legal (culpa aquiliana), surge a obrigação de indenizar. Porém, no 
primeiro caso a responsabilidade é determinada como consequência da 
inexecução de um contrato, sendo que o lesado só necessita demonstrar o 
descumprimento do contrato (nesse caso a culpa é presumida). Já na segunda 
 
 
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hipótese a responsabilidade se funda na inobservância de um dever genérico 
(art. 186, CC) e o lesado deve comprovar o elemento subjetivo. Desta forma a 
diferença primordial entre ambas as responsabilidades reside no ônus da 
prova. Na responsabilidade contratual não se exige qualquer prova da culpa da
inexecução do contrato; basta provar que o contrato não foi cumprido. Já na 
responsabilidade extracontratual é necessário que se prove a culpa (em sentido 
amplo) do réu. 
Outras Classificações da Culpabilidade. Doutrinariamente a culpa 
possui diversas espécies, que geralmente são expressões latinas. Não é raro o 
examinador usar algumas destas expressões. Portanto, vamos a elas: 
� culpa in eligendo ↓ é a resultante de má escolha de um representante 
ou do preposto. 
� culpa in vigilando ↓ é a que resulta da ausência de fiscalização (ex: 
dono de veículo que não o conserva, dono de hotel que não vigia suas 
dependências, etc.). 
� culpa in committendo ↓ é a que resulta da prática de um ato positivo 
pelo agente; trata-se de uma ação (ex: dirigir em excesso de velocidade, 
causando um atropelamento, passar em um sinal vermelho, etc.). 
� culpa in omittendo ↓ decorre da abstenção de um ato pelo agente; 
trata-se de uma omissão (ex: empregado que não tranca a porta do 
estabelecimento ao final do expediente; médico que não faz a operação 
completa, etc.). 
� culpa in custodiendo ↓ decorre da falta de cuidado em se guardar, 
custodiar algo (ex: dono de animais que estragaram a plantação do vizinho, 
pois ele deixou a porteira aberta). 
A culpa ainda pode ser classificada em grave (quando resulta de dolo ou 
negligência crassa), leve (quando a conduta se desenvolve sem a atenção 
normalmente devida; a lesão seria evitável com atenção ordinária) e levíssima
(quando o fato só teria sido evitado mediante cautelas extraordinárias ou 
especial habilidade). No Direito Civil, como regra, responde-se por qualquer 
espécie de culpa, inclusive a culpa levíssima, porque se tem em vista a 
extensão do dano (art. 944, CC) e não o grau da culpa. Todo prejuízo que a 
vítima conseguir provar deve ser indenizado. No entanto, apesar disso, nosso 
Código estabeleceu que se houver excessiva desproporção entre a gravidade da 
culpa e o dano, poderá o Juiz reduzir, equitativamente, a indenização (art. 
944, parágrafo único, CC). Nos danos morais o grau da culpa também pode 
influir no quantum indenizatório arbitrado (ou seja, no valor da indenização), 
por não se tratar propriamente de um ressarcimento, mas de uma compensação 
satisfativa. 
Consequências 
 
 
 
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Como vimos, havendo dano decorrente do ato ocorrido com culpa (em 
sentido amplo) do agente, haverá obrigação de indenizar a pessoa que foi 
lesada. 
No entanto, em algumas hipóteses esta teoria passou a ser considera 
injusta para a vítima, pois nem sempre é fácil provar a culpa do causador do 
dano. Por isso, em algumas situações adotou-se a “presunção de culpa” em 
determinadas situações. Surge então a teoria da responsabilidade objetiva. 
B) TEORIA DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA 
Por esta teoria não é necessário verificar a existência de culpa do agente. 
Fundada na Teoria do Risco, a responsabilidade objetiva independe da culpa; 
esta não é discutida. Verifica-se somente a existência de uma conduta, do dano 
e a relação de causalidade entre eles, decorrendo daí a obrigação de indenizar. 
Exemplo: a responsabilidade do hoteleiro pelo furto de valores praticados por 
empregados do hotel contra os hóspedes � digamos que já esteja provada a 
conduta do funcionário, o dano suportado pelo hóspede e o nexo causal entre a 
conduta do funcionário e o dano � logo, o dono do hotel responde por este dano 
suportado pelo hóspede, independentemente de eventual culpa sua no evento. 
Outra hipótese: pelo simples fato de um empregado se ferir no serviço há 
a responsabilidade e, via de consequência, uma indenização a ser paga pelo 
seguro, que não examina se houve culpa ou não do dono do serviço. 
Passou-se a considerar que aquele que obtém vantagens no exercício de 
uma atividade deve também responder pelos eventuais prejuízos desta 
atividade. Trata-se da aplicação do brocardo jurídico: “quem aufere cômodos, 
arca também com os incômodos”. 
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras 
de serviços públicos (concessionárias e permissionárias) também têm 
responsabilidade civil, ou seja, respondem pelos danos causados pela 
atividade administrativa, independentemente de culpa de seus funcionários, 
inclusive no que se refere à culpa anônima ou do serviço (isto está previsto no 
art. 37, § 6 , CF/88). Trata-se de responsabilidade de ressarcimento de danos, o 
do tipo objetiva, isto é, não é necessário provar se houve culpa do funcionário. 
Basta provar que houve a conduta da administração e a lesão ao direito de um 
particular (sem que tenha havido culpa exclusiva deste particular). Há que se 
provar a conduta positiva (ação) ou negativa (omissão), a lesão e o nexo causal. 
Só!! Provadas estas situações, deve-se indenizar. 
Atualmente, no Direito Administrativo, vigora sobre o assunto a teoria do
risco administrativo, que equivale a uma responsabilidade objetiva mitigada 
(ou seja, diminuída em seus efeitos, abrandada), uma vez que pode ser 
afastada (pela culpa exclusiva da vítima) ou diminuída (se houver culpa 
concorrente da vítima). Isto não ocorre na responsabilidade objetiva plena ou 
 
 
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integral (chamada também de risco integral), em que o Estado responderia em 
qualquer hipótese, não se admitindo qualquer forma de defesa, nem mesmo 
caso fortuito ou força maior. 
Elementos da Teoria Objetiva 
� existência de uma conduta positiva (ação) ou negativa (omissão). 
� dano patrimonial ou moral (extrapatrimonial). 
� nexo causal (relação de causalidade) entre a conduta e o dano. 
Observação. Vimos acima que a responsabilidade do Estado é objetiva. Porém, 
segundo a doutrina e a jurisprudência, em algumas hipóteses, especialmente 
quando houver omissão do Estado, a sua responsabilidade será na modalidade 
subjetiva. Vejam como foi interessante e completa a seguinte decisão do 
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: 
“Omissão negligente do Poder Público. Obrigação de conservação de 
ruas, calçadas e logradouros públicos em condições de segurança e 
incolumidade às pessoas. Responsabilidade Subjetiva do Estado caracterizada. 
Conduta, Dano e Nexo de causalidade demonstrados. Dever de indenizar 
também pelos danos morais. Culpa concorrente. 1) O sistema jurídico brasileiro 
adota a responsabilidade patrimonial objetiva do Estado,sob a forma ‘risco 
administrativo’. Tal assertiva encontra respaldo legal no art. 37, §6 o da 
Constituição Federal de 1.988. Todavia, quando o dano acontece em decorrência 
de uma omissão do Estado, é de se aplicar a teoria da responsabilidade 
subjetiva. 2) Compete ao Município manter e fiscalizar a execução de obra, a 
fim de manter a incolumidade dos munícipes. Neste passo, a omissão do Poder
público em conservar o acesso à residência da autora restou caracterizada, 
assim como os danos advindos da queda da requerente em valo. 3) Neste caso 
houve culpa concorrente da autora, porquanto a requerente poderia ter 
atravessado o valo através da utilização da ponte existente em frente à 
residência de vizinho, de forma a transpor o obstáculo. 4) A indenização por 
dano moral deve representar para a vítima uma satisfação capaz de amenizar 
de alguma forma o sofrimento impingido. A eficácia da contrapartida pecuniária 
está na aptidão para proporcionar tal satisfação em justa medida, de modo que 
não signifique um enriquecimento sem causa para a vítima e produza impacto 
bastante no causador do mal a fim de dissuadi-lo de novo atentado” (9 Câmara a 
Cível – TJRS – Viamão - Rel. Des. Odone Sanguiné). 
TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO CIVIL 
Nosso Código Civil adotou, como regra, a Teoria da Responsabilidade
Subjetiva, prevendo em seu art. 186, CC: 
 
 
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“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito”. 
E arremata no art. 927, caput, CC: 
“Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a 
outrem, fica obrigado a repará-lo”. 
No entanto, apesar desta regra, devemos tomar muito cuidado porque há
diversas exceções, conforme veremos logo adiante. Isto é, há casos em que o 
próprio Código Civil (que adotou a teoria da responsabilidade subjetiva) admite 
a aplicação da responsabilidade objetiva. E há algumas leis especiais que 
também reconhecem outras hipóteses de Responsabilidade Objetiva no Direito 
Civil. E os examinadores “adoram” estas exceções. 
O próprio Código Civil prevê, no parágrafo único do art. 927, CC, a 
obrigatoriedade de reparação de dano independentemente de culpa (ou seja, 
Responsabilidade Objetiva) nas hipóteses: 
a) quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano 
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Substitui-se, 
assim, a culpa pela idéia do risco. 
b) demais casos especificados em lei (ex: art. 933, CC, Lei de Acidentes
do Trabalho, do Meio Ambiente, etc.). 
ELEMENTOS INDISPENSÁVEIS 
Já vimos atrás os elementos caracterizadores da responsabilidade em
geral (objetiva e subjetiva). Vamos agora aprofundar o tema, com base nos 
elementos específicos de nossa legislação. Assim, são elementos indispensáveis 
para que haja responsabilidade e indenização pela prática de um ato ilícito: 
1) CONDUTA (é o fato lesivo) ↓ a conduta pode ser causada por uma 
ação (conduta positiva) ou por uma omissão (conduta negativa). Além disso, 
pode ser voluntária (dolo) ou causada por uma negligência ou imprudência 
(que são modalidades da culpa). A regra, o mais comum, é a prática da conduta 
pela ação. Já para a configuração da omissão é necessário que exista o dever 
jurídico de praticar determinado fato (a pessoa não podia se omitir), a prova de 
que a conduta não foi praticada (omissão) e a demonstração de que, caso a 
conduta fosse praticada, o dano poderia ter sido evitado. Portanto, para 
configurar a omissão, na prática, é um pouco mais difícil. 
Na responsabilidade subjetiva, a conduta compreende: 
 
 
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a) Dolo ↓ violação intencional (ação ou omissão), voluntária
(observem que o Código Civil utiliza essa última palavra), do dever jurídico; o 
agente quer o resultado (dolo direto) ou assume o risco de produzi-lo (dolo 
eventual). 
b) Culpa ↓ não há deliberação, intenção de violar o dever jurídico, mas 
este acaba sendo violado por ter ocorrido uma: 
� Imprudência ↓ é a prática de um fato considerado perigoso (ex: 
dirigir veículo em rua movimentada em excesso de velocidade, passar em 
um sinal vermelho, etc.). 
� Negligência ↓ é a transgressão ao preceito que exige atenção; é 
a ausência de precaução ou indiferença em relação ao ato realizado; é a falta 
de uma cautela ordinária que se exige em face de uma situação (ex: deixar 
arma de fogo ao fácil alcance de uma criança). 
� Imperícia ↓ é a ignorância, falta de experiência ou inabilidade 
com relação às regras para a prática de determinado ato; é a falta de 
aptidão para o exercício de arte ou profissão. Embora a expressão
“imperícia” não esteja prevista expressamente no art. 186, CC, ela também 
é uma modalidade da culpa. O exemplo clássico é o do médico, do dentista, 
do engenheiro, etc. que, em face de um desconhecimento ou falta de 
prática, no desempenho de suas funções, venha a causar dano a interesses 
jurídicos de terceiros. Na verdade o Código Civil não prevê expressamente a 
imperícia. Se formos observar bem o art. 186, CC, vamos concluir que ele 
somente fala em negligência e imprudência. Mas a doutrina costuma ser 
mais abrangente e minuciosa e falar também sobre a imperícia. Reparem no 
art. 18, do Código Penal: “Diz-se do crime: I – doloso, quando o agente quis 
o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; II – culposo, quando o agente 
deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia”. Já para o 
Código Civil a imperícia seria uma espécie de negligência. Ou seja, o 
conceito de imperícia estaria embutido no conceito de negligência. 
Para o Direito Civil não importa se o autor agiu com dolo ou culpa. 
Tanto faz. Qualquer de suas modalidades as consequências serão as 
mesmas, ou seja: a reparação do dano, indenização dos prejuízos. 
2) DANO (eventus damni) ↓ para que haja pagamento de uma 
indenização, além da prova de culpa ou dolo na conduta (seja ela positiva ou 
negativa), é necessário comprovar também a ocorrência de um dano 
patrimonial ou extrapatrimonial (que é o dano moral). Se não houve dano 
não haverá responsabilidade. São espécies de dano: 
A) DANO PATRIMONIAL (material) ↓ é o que atinge os bens da pessoa. 
Compreende (art. 402, CC): 
 
 
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a) Danos Emergentes (também chamados de danos positivos) 
– é a efetiva diminuição do patrimônio da vítima; são os prejuízos efetivamente 
suportados, o que a vítima realmente perdeu com a conduta do agente. 
b) Lucros Cessante (também chamados de lucros frustrados ou 
danos negativos) – é aquilo que a vítima razoavelmente deixou de ganhar em 
razão da conduta do agente (ausência de acréscimo patrimonial). Trata-se de 
uma prova mais difícil na prática, pois é baseado no pretérito, ou seja, no 
quanto vinha rendendo em determinado período. O dispositivo deve ser 
entendido com parcimônia, pois o dano deve ser atual e concreto. Ou seja, não
se pode indenizar um dano futuro e hipotético (que poderia ou não ocorrer). 
Exemplo: digamos que umapessoa bata o carro (culposamente) em um 
motorista de praça (táxi). O veículo do taxista ficou muito avariado e ficou na 
oficina durante dez dias para reparos. O causador do dano deve indenizar os 
prejuízos que efetivamente ocorreram no automóvel do motorista de praça (que 
são os danos emergentes) e também deve indenizar os dias em que o motorista 
ficou parado por causa do acidente (são os lucros cessantes; o que ele deixou 
de ganhar estando parado). 
B) DANO MORAL (ou extrapatrimonial) ↓ é o que ofende, não o 
patrimônio da pessoa, mas sim os direitos da personalidade. Não implica em 
alteração de patrimônio, resumindo-se em uma perturbação injustamente feita 
as condições de ânimo do lesado. Em sentido próprio refere-se ao abalo dos 
sentimentos de uma pessoa, provocando-lhe dor, aborrecimento, tristeza,
desgosto, depressão, humilhação, etc., que foge à normalidade, interferindo no 
comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe desequilíbrio em seu 
bem-estar físico. Em sentido impróprio ou amplo, abrange a lesão de todos e 
quaisquer bens ou interesses pessoais (exceto econômicos), como a liberdade, o 
nome, a família, a honra, a integridade física, etc. Na reparação do dano moral 
não se pede um preço para a sua dor (o dinheiro não age como um fator de 
equivalência), mas um meio para atenuar, ao menos em parte, as 
consequências do dano emocional causados a uma pessoa e de infligir ao 
causador uma sanção e alerta para que não volte a repetir o ato. Tem, portanto, 
finalidade punitiva (compensatória) e preventiva para caso de não se reincidir. 
O Juiz considera o poder econômico das partes e o caráter educativo da sanção. 
João Oreste Dalazen (Aspecto do dano moral trabalhista) sintetiza as seguintes 
regras para dimensionar o dano pessoal: 
� compreender que o dano moral em si é incomensurável; 
� considerar a gravidade objetiva do dano; 
� levar em conta a intensidade do sofrimento da vítima; 
� considerara a personalidade (antecedente, grau de culpa, índole, etc.) e o
maior ou menor poder econômico do ofensor; 
� não desprezar a conjuntura econômica do País; 
� pautar-se pela razoabilidade e equitatividade na estipulação (evitando-se 
de um lado um valor exagerado a ponto de levar a um enriquecimento 
 
 
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sem causa e de outro lado evitando-se um valor tão baixo que seja 
irrisório e desprezível a ponto de não cumprir a função inibitória). 
Costumamos nos indignar quando ouvimos nos noticiários caso de 
homicídios, roubos e estupros. Mas não é de nosso costume nos sensibilizar com 
os crimes contra a honra das pessoas, que afetam sua moral. Mas isso enquanto 
o fato não foi conosco, pois somente uma pessoa ofendida em sua honra sabe o 
quanto a dor moral é profunda. E nada cura a dor moral... uma condenação do 
ofensor apenas serve como satisfação aos outros, ao meio social em que se 
vive... mas não cura. Fica sempre uma “cicatriz invisível”. Vejam o que diz o art. 
5 o, X da Constituição Federal de 1988: “São invioláveis a intimidade, a vida 
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização 
pelo dano material ou moral decorrente da sua violação” (vide também o inciso 
V). 
Segundo a doutrina e a jurisprudência, as Pessoas Jurídicas possuem 
honra objetiva (aquilo que as outras pessoas pensam sobre ela: bom nome, 
tradição, solidez, conceito na sociedade, etc.), por isso também podem pleitear 
ressarcimento pelo dano moral. 
Percebam que o Código Civil não traz critérios para a quantificação da 
indenização por dano moral. No Brasil não há uma “tabela” para apuração 
decorrente do dano moral. Utiliza-se um “sistema aberto”. Deve o Magistrado 
fixá-la analisando a extensão do dano, as condições dos envolvidos e o grau de 
culpa do agente em cada caso. Isso não se avalia mediante simples cálculo, 
mas visando compensar a sensação de dor da vítima. Portando, isto varia de
caso para caso. A compensação em dinheiro deve representar uma satisfação 
capaz de anestesiar o sofrimento impingido e produzir um impacto no causador 
do mal a fim de dissuadi-lo de novo atentado. A jurisprudência entende que se 
deve levar em conta a situação financeira do ofensor e do ofendido. Mas isso 
pode acarretar distorções (“a dor do pobre vale menos que a dor do rico”). 
Observação – Se houver dano patrimonial e moral decorrentes do mesmo fato, 
há a possibilidade de cumulação das duas modalidades de dano, pleiteando-se 
indenizações em uma mesma ação. Súmula 37 do Superior Tribunal de Justiça:
“São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do 
mesmo fato”. 
A doutrina ainda cita o chamado dano indireto (ou dano em ricochete). 
Trata-se do dano que atinge uma pessoa, mas indiretamente atinge um terceiro. 
Exemplo: A mata B. No entanto B, separado judicialmente, pagava uma pensão 
a seus filhos menores C e D. Estes, evidentemente, vão sofrer com a morte de 
A. 
3) NEXO DE CAUSALIDADE ↓ Trata-se da relação ou vinculação de 
causa-efeito entre a conduta (ação ou omissão) e os danos. Não há
responsabilidade civil sem a relação de causalidade entre o dano e a conduta 
 
 
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ilícita do agente. Observem o verbo “causar” empregado no art. 186, CC. Se 
houve dano, mas sua causa não está relacionada com o comportamento do 
agente, inexiste a relação de causalidade, não havendo a obrigação de 
indenizar. E também não haverá esse nexo se o evento se deu por culpa 
exclusiva da vítima. Exemplo: um passageiro de um ônibus força a porta e 
desce do veículo que ainda estava em movimento; com isso acaba caindo e se 
machucando; não pode pleitear indenização, pois o próprio passageiro agiu com
culpa; e a culpa foi exclusivamente sua. Se a culpa for concorrente a 
indenização será reduzida proporcionalmente. O Superior Tribunal de Justiça 
recentemente julgou um caso em que um pedestre de forma imprudente 
atravessou uma linha férrea e foi atropelado por um trem. A empresa foi 
considerada negligente pela má conservação do muro que cerca a linha, 
possibilitando o acesso ao pedestre. Foi condenada, porém de forma parcial. 
Também é motivo para exclusão do nexo causal se o fato ocorreu por caso 
fortuito ou força maior (art. 393, CC). 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA NO CÓDIGO CIVIL 
Conforme dissemos acima, embora o Código Civil tenha adotado, como 
regra, a teoria subjetiva para a responsabilização, possui diversos dispositivos 
em que a responsabilidade é do tipo objetiva. 
Assim, haverá obrigação de reparar o dano (independentemente de culpa) 
nos casos especificados em lei ou quando a atividade normalmente 
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os 
direitos de outrem. Exemplo: os empresários individuais e as empresas 
respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos 
postos em circulação (art. 931, CC). Do mesmo modo, há responsabilidade do 
dono de animais (art. 936, CC), do dono de prédios em ruína (art. 937, CC), do
habitante da casa da qual caírem coisas (art. 938, CC), dos acidentes do 
trabalho, etc. Analisaremos todos esses itens logo mais adiante. 
BANCO – A jurisprudência é pacífica no sentido de que a responsabilidade
pelo pagamento dos danos morais e patrimoniais causados a cliente de um 
banco por assalto que se desenrolou no interior do próprio banco é da instituição
financeira, ainda quefora do expediente e independentemente de existir 
empresa contratada para fazer a segurança do local. Em caso de assalto a 
banco, não pode ser alegado motivo de força maior, pois o roubo é fato 
previsível na atividade bancária. Além do mais a Lei n° 7.102/83 criou para as 
instituições financeiras um dever de segurança em relação ao público em geral. 
Neste caso a responsabilidade do banco em relação a eventuais ferimentos de 
clientes no assalto funda-se na teoria objetiva do risco integral. 
O STJ apreciou um caso muito interessante a respeito: Um carro-forte foi 
atacado por atiradores com armas especiais, que estavam em um viaduto. O 
motorista do carro foi ferido, “perdeu a direção” e atingiu um pedestre que 
 
 
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estava na calçada, matando-o. Familiares do pedestre ingressaram com ação 
contra a empresa de segurança. Foi indenizada ou não? A decisão foi por 
maioria de votos. Parte dos julgadores entendeu que o roubo é hipótese de 
força maior, que não obriga indenização. A outra parte (vencedora) entendeu 
que o transporte de valores é atividade sabidamente perigosa, feita com intuito 
de lucro e não parecia razoável mandar a família do pedestre morto reclamar 
indenização dos autores do crime de roubo (que não foram identificados). 
� Questão Polêmica � Ponto delicado é o referente à 
responsabilidade em caso de assaltos em terminais ou caixas eletrônicos 
situados fora da agência (autoatendimento 24 horas). Parte da doutrina 
entende que como a instituição financeira se beneficia com a instalação dos 
caixas eletrônicos, (facilitando seus negócios, angariando clientes, diminuindo 
seus gastos e inclusive cobrando por este serviço), deve responder pelo risco 
que decorre da instalação desses postos, alvo constante da ação dos ladrões. 
Trata-se de uma estratégia comercial que cria um risco pela instalação do caixa 
e que por este risco a empresa deve responder. O fundamento seria o art. 927, 
parágrafo único, CC (responsabilidade objetiva). É a minha posição. Por outro 
lado, há quem sustente que os assaltos ocorridos em terminais localizados, não 
na própria agência, mas em via pública, resultariam na responsabilidade do
Estado, e não do banco. Isto porque tais caixas estão situadas no interior de 
bens públicos de uso comum e, portanto, sua fiscalização ficaria a cargo dos 
agentes da segurança pública (cabe ao Estado e não ao particular a segurança 
destas áreas) 
Além disso, há também responsabilidade dos fabricantes, fornecedores de 
produtos e serviços nas relações de consumo (arts. 12 e 14 da Lei de Defesa do 
Consumidor - CDC). A legislação de Direito Ambiental (Lei n° 6.938/81, entre 
outras) também fornece exemplos de responsabilidade objetiva como um 
meio de se coibir danos ao meio ambiente. A Lei n° 9.605/98, baseada no art. 
225, §3º, CF/88, prevê até mesmo situações em que a Pessoa Jurídica pode 
cometer crime ao meio ambiente e responder por esta conduta na esfera penal. 
OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR 
Já sabemos o que é um Ato Ilícito na esfera do Direito Civil. Vamos ver 
agora o que obriga uma pessoa a reparar os prejuízos que sua conduta causou. 
O autor de um ato ilícito terá a responsabilidade pelo prejuízo que causou,
devendo indenizá-lo. Como já vimos, assim determina o art. 927, caput, CC: 
“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a 
outrem, fica obrigado a repará-lo”. 
A obrigação de indenizar decorre da inobservância do dever geral de não 
causar danos a outrem. 
 
 
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Os bens dos responsáveis pela ofensa ou violação do direito de outrem, 
ficarão sujeitos à reparação do dano patrimonial ou moral causado. Trata-se de 
uma norma de ordem pública. Se a ofensa tiver mais de um autor todos 
responderão solidariamente pela reparação (art. 942, CC). Ou seja, o titular 
de uma ação pode propô-la contra um ou contra todos os responsáveis pelo ato 
ao mesmo tempo. Além disso, no caso de solidariedade, aquele que pagar a 
indenização terá direito de regresso contra os demais co-devedores, para reaver 
o que desembolsou. Acrescente-se que o dever de reparar o dano é 
transmissível aos herdeiros, conforme veremos. 
ABUSO DE DIREITO 
O Código Civil atual adotou, em seu art. 187, a Teoria do Abuso de Direito 
como Ato Ilícito. Trata-se do exercício irregular de um direito. O Abuso de 
Direito é uma grande inovação e uma boa “dica” para se pedir em um concurso, 
dada a sua novidade. Ampliou-se a noção de Ato Ilícito, para se considerar como 
objeto da responsabilidade civil também aquele ato praticado com abuso de 
direito, em que a pessoa, ao exercer um direito, excede determinadas 
limitações legais, lesando outrem. Por isso, traz como consequência, o dever de 
indenizar. Ou seja, o ato era originariamente lícito, mas foi exercido fora dos 
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé objetiva ou pelos 
bons costumes. Alguns autores usam o termo “ato emulativo” para se referir 
ao Abuso de Direito (já vi este termo cair em alguns concursos com este 
sentido). No entanto tal expressão não é técnica e também não é muito usada
no meio jurídico. Seria aquele ato que a pessoa pratica, não para a sua 
utilidade, mas para prejudicar um terceiro. 
Segundo a doutrina majoritária a responsabilidade decorrente do abuso de 
direito independe de culpa. Portanto tem natureza objetiva. A doutrina costuma 
usar a seguinte frase: “o abuso de direito é lícito pelo conteúdo, mas ilícito pelas
suas consequências". 
O Código de Defesa ao Consumidor (Lei n° 8.078/90) proíbe toda 
publicidade enganosa ou abusiva. É enganosa quando induz a erro o 
consumidor a respeito da natureza, características, qualidade e quantidade, 
origem, preço e quaisquer outros dados sobre o produto ou serviço, até mesmo 
a omissão sobre dados essenciais. Já a publicidade abusiva é a discriminatória, a 
que incita a violência, explora o medo e a superstição, desrespeita valores 
ambientais, etc. 
Um problema de ordem prática e que atinge tanto o Direito Civil como o
Penal é: Se uma pessoa colocar uma cerca eletrificada e esta causa a morte de 
uma criança que brincava com uma bola, tal fato é considerado abuso de 
direito? Resposta: é permitido em nosso Direito criar obstáculos para evitar um 
assalto. Exemplo: cercas com “lanças” de metal; caco de vidro nos muros 
divisórios, etc. O Direito Penal aceita isso normalmente, chamando essa conduta 
de “legítima defesa antecipada” ou de “ofendículos”. O Direito Civil também 
permite isso e chama esta conduta de “exercício regular de um direito”. Mas e 
 
 
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uma cerca eletrificada? Também é legítima defesa antecipada? Tem se 
entendido, inclusive para concursos que se a “voltagem” da cerca é pequena, o 
direito é legítimo; se há um aviso dizendo que a cerca é eletrificada, o direito 
também é legítimo. Mas se a cerca é disfarçada, sem avisos e com voltagem 
alta, capaz de matar alguém, a conduta é considerada como abuso de direito; é 
um exercício irregular do direito. Portanto é Ato Ilícitoe cabe indenização. 
Cuidado então com a redação da questão. 
Uma outra questão muito atual diz respeito ao SPAM. O que é um SPAM? 
Trata-se do envio de e-mails ou mensagens eletrônicas sem que haja solicitação 
para tanto. A doutrina vem se posicionando no sentido de que esta conduta se 
configura em Abuso de Direito. E isto por dois motivos: primeiro porque há uma 
quebra da boa-fé objetiva; segundo porque há um desvio de finalidade sócio- 
econômica da Internet.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA E SUBSIDIÁRIA 
Na responsabilidade solidária passiva temos um credor de um lado e 
por lado uma pluralidade de devedores. E o credor pode exigir a obrigação por
inteiro de qualquer um dos coobrigados. É como se todos os devedores fossem 
apenas um. Segundo o Código Civil (art. 235) a solidariedade não se presume. 
Ela decorre da lei ou da vontade das partes (contrato). Assim pode o credor, a 
sua escolha, acionar todos ou apenas o devedor que possui melhores condições 
para honrar o compromisso. 
Já na responsabilidade subsidiária existe uma relação principal entre 
credor e devedor. Há uma preferência. O credor deve inicialmente acionar o 
devedor para o cumprimento da obrigação. Caso este assim não proceda, o 
credor acionará o terceiro, que é o responsável subsidiário, o mero garantidor a 
obrigação. A fiança é o exemplo clássico. 
RESPONSABILIDADE POR ATOS DE TERCEIROS
Como regra, somos responsáveis somente pelas nossas atitudes; pelas 
nossas condutas. Todos os atos praticados consciente e livremente por uma 
pessoa capaz (ou seja, que tenha discernimento e autodeterminação) a ela são 
imputados. Trata-se da responsabilidade por ato próprio. Se o ato é 
praticado pela própria pessoa que irá indenizar, é chamada de 
responsabilidade direta. 
Mas há casos em que uma pessoa pode responder por danos provocados 
ou causados por outra pessoa. Nesta hipótese o ato é praticado por uma 
pessoa, mas será outra pessoa quem irá indenizar. A isso chamamos de 
responsabilidade indireta. Uma pessoa menor de 18 anos não é plenamente 
responsável; no campo do direito penal é considerada inimputável. Mas mesmo 
assim, se ela praticar um ato ilícito, haverá obrigação de indenização por seus 
pais (ou tutores). Lembrando que o menor entre 16 e 18 anos não pode invocar 
 
 
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a sua idade para eximir-se de uma obrigação, se dolosamente a ocultou quando 
inquirido pela outra parte ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior (art. 
180, CC).
O art. 932, CC arrola diversas hipóteses de responsabilidade civil por atos 
praticados por terceiros (responsabilidade indireta). Vejamos: 
� Os pais são responsáveis pelos atos praticados pelos filhos menores que 
estiverem sob sua autoridade e em sua companhia. Exemplo: pai permite que 
filho dirija sem habilitação; havendo um acidente, o pai deve responder pela 
conduta do filho. Da mesma forma o pai responde pela conduta de um filho que 
cometeu delitos como a lesão corporal, o furto, etc. 
No entanto, pelo art. 928, CC o incapaz responde pelos prejuízos que 
causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou 
não dispuserem de meios suficientes. Exemplo da primeira situação: os pais são 
separados e o pai não é o que chama de “genitor-guardião”; ou seja, o filho está 
sob a custódia da mãe; nesta situação o filho pratica um ato ilícito; obviamente
que quem irá responder por este fato é a mãe e não o pai, pois este não tinha a 
obrigação legal de fazê-lo. Exemplo da segunda situação: o filho menor recebeu 
uma grande herança de um tio muito rico, no entanto o pai não dispõe de posse 
alguma; o filho pratica um ato ilícito. Em tese o pai responderia. Mas como o
mesmo não tem bens para tanto, a responsabilidade será do próprio menor. 
Notem que a redação do artigo “é meio inversa”. Na verdade o que o legislador 
quis dizer é que o responsável pelo menor responde pelos atos (civis). Mas se os 
pais não dispuserem de meios suficientes (não têm dinheiro) aí quem irá 
responder é o próprio menor. Resumindo � os pais respondem; se eles não 
puderem ou não tiverem obrigação, o próprio menor responderá (portanto o 
incapaz possui uma responsabilidade subsidiária). 
Interessante acrescentar que a jurisprudência entende que o menor 
emancipado (art. 5 , parágrafo único, CC) torna-se civilmente o capaz, 
respondendo por seus atos; contudo, se a decisão de emancipação partiu dos
pais, estes não se isentam da responsabilidade; eles continuam responsáveis 
pelo menor emancipado. No entanto a responsabilidade neste caso será 
solidária (ou seja, a vítima pode ingressar com a ação somente contra um, 
somente contra o outro, ou contra ambos, a sua escolha). 
Outra coisa. O parágrafo único do art. 928, CC determina que esta 
indenização deva ser equitativa e não será devida se privar do necessário o
incapaz ou as pessoas que dele dependam. Exemplo: o menor tem uma renda 
mensal de R$ 1.000,00 e foi condenado a pagar R$ 900,00 por mês. Neste caso
o Juiz deve abrandar, equitativamente este valor (baixando, por exemplo, para 
R$ 300,00 ao mês), pois a condenação integral irá privar o incapaz dos meios 
necessários de sua subsistência. Portanto dizemos que a responsabilidade do 
menor é subsidiária e mitigada (abrandada, diminuída) equitativamente em 
relação às suas disponibilidades. Justifica-se isto baseado no Princípio 
Constitucional da proteção à dignidade da pessoa humana. 
 
 
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� O tutor e o curador são responsáveis pelos tutelados e curatelados que 
estiverem nas condições anteriores. 
� O empregador ou comitente são responsáveis pelos atos de seus 
empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho ou em razão dele. 
Atenção quanto à expressão comitente. Os examinadores costumam gostar 
dela, pois não é usada em nosso dia-a-dia. Comitente é a denominação que se 
dá a uma pessoa que encarrega outra de praticar algum ato sob suas ordens e 
por sua conta (geralmente há uma remuneração para isso, que se chama de 
comissão). 
� Os donos de hotéis, hospedaria, casas ou estabelecimentos onde se 
albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, são responsáveis pelos 
atos danosos praticados pelos seus hóspedes, moradores e educandos. 
A pessoa jurídica que exercer exploração industrial terá responsabilidade 
presumida pelos atos lesivos de seus empregados. Com isso terá de selecioná- 
los, instruí-los e vigiá-los, tendo a responsabilidade de reparar os eventuais 
prejuízos que causarem no exercício de suas funções (responsabilidade 
objetiva). 
� Atenção � : As pessoas acima apontadas (art. 932, CC), ainda que 
não haja culpa de sua parte (portanto, responsabilidade objetiva) 
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos (art. 933, CC). E 
aquela pessoa que ressarciu o dano causado por outrem pode reaver o que
pagou, por meio de uma ação regressiva contra quem realmente praticou o 
ilícito, salvo se o causador do dano for seu descendente, absolutamente ou 
relativamente incapaz (art. 934, CC). Exemplo: um hóspede alega (e prova) que 
foi furtado por um funcionário do hotel. O dono do hotel, embora não tenha 
praticado o ato (sua responsabilidade no caso é indireta), embora ele não tenha 
culpa no evento (sua responsabilidade no caso também é objetiva) irá 
responder pela conduta de seu funcionário, indenizando o hóspede. No entanto,identificando o funcionário que agiu de forma ilícita, pode o dono do hotel propor 
uma ação regressiva contra este funcionário (que foi o causador do dano), 
para se ressarcir do prejuízo sofrido. Outro exemplo: se uma empresa de
transporte de pessoas deixa de levar o passageiro a seu destino são e salvo por 
causa de um acidente, quem responde é esta empresa. No entanto se ficar 
comprovado que o motorista da empresa é que foi o causador do acidente 
porque estava embriagado, a empresa continua responsável pela indenização ao 
passageiro (responsabilidade objetiva), mas poderá acionar o motorista, que foi 
o causador do dano (responsabilidade subjetiva), para reaver o que 
desembolsou, por meio da ação de regresso. 
É interessante completar o tema, deixando bem claro que o direito de 
regresso deixará de existir quando o causador do prejuízo for um descendente, 
absoluta ou relativamente incapaz, resguardando-se, assim, o princípio da 
solidariedade moral e econômica pertinente à família. Exemplo: pai paga 
 
 
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uma indenização por dano causado pelo filho incapaz (art. 932, inciso I, CC) não 
pode mover ação regressiva contra esse filho (parte final do art. 934, CC). 
EXCLUSÃO DE ILICITUDE 
Podem ocorrer casos em que uma pessoa pratica uma conduta. Esta 
conduta causou uma lesão a terceiros. E mesmo assim ela não praticou ato 
ilícito (e, por conta disso, não será responsabilizado). Isto porque a própria 
norma jurídica, em casos especiais, retira a qualificação de ilícito. Ou seja: em 
determinadas situações uma pessoa pode praticar uma conduta, lesando 
terceiros, sem que tenha havido “ato ilícito”. O que ocorreu então neste caso?
Pode ter ocorrido o que chamamos de “causas de exclusão da ilicitude”. São elas 
(art. 188, CC):
1) Legítima Defesa ↓ uso moderado de meios necessários para repelir 
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu (legítima defesa 
própria) ou de outrem (legítima defesa de terceiros). Faltando apenas um 
destes elementos, deixa de existir a legítima defesa (ex: se o uso dos 
meios necessários não foi moderado, deixa de existir a legítima defesa, 
surgindo o dever de indenizar pelo excesso). 
Exemplo: Vamos supor que “A”, injustamente, passe a agredir “B”, 
visando sua morte, com uma barra de ferro. Digamos que “B” esteja armado e a
sua única saída é efetuar disparos contra “A”. Ele atira por uma única vez e 
acaba ferindo gravemente ou matando “B”. Ora, ele agiu em legítima defesa. Ele 
tem o direito de se defender, utilizando, para tanto, moderadamente, os meios
necessários que dispunha. Nesta hipótese, quem deu causa à reação (“A” ou 
seus familiares) não pode exigir indenização. Vejam que “B” atirou contra “A” 
(ação) e o atingiu (provocou o dano). Foi o disparo da arma de “B” que 
provocou a lesão de “A” (nexo de causalidade). Apesar de estarem presentes os 
três elementos da responsabilidade (conduta, dano e nexo), não haverá a 
indenização, pois ocorreu uma causa de exclusão da ilicitude. 
Vamos complicar um pouco mais... Vamos supor que “B”, quando se 
defendeu da injusta agressão de “A”, acabou atirando e atingiu uma terceira
pessoa, “C”, que apenas estava passando pelo local. Neste caso “C” terá direito 
de solicitar indenização de quem o atingiu (no caso “B”, o autor do disparo). No 
entanto “B” terá o direito de regresso contra quem deu causa a todo evento 
(“A” ou seus familiares). A legítima defesa putativa (a pessoa pensa que está 
em legítima defesa, mas na realidade não está) também não exclui a obrigação 
de indenizar. 
Embora aqui não seja exatamente o momento para se falar do assunto, 
mas antecipando, podemos afirmar que o Código Civil também reconhece a
chamada legítima defesa da posse (art. 1.210, §1 ). o 
 
 
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2) Exercício Regular de um Direito Reconhecido ↓ se alguém no uso 
normal de um direito lesar outrem não terá qualquer responsabilidade por 
eventuais danos, pois se trata de um procedimento realizado em 
conformidade com o estabelecido no sistema jurídico. 
Exemplo: credor que protesta um título de crédito regular, vencido e não 
pago, prejudicando o crédito do devedor em outros negócios – o protesto é um 
direito do credor. Outros exemplos: concorrente que se estabelece na mesma 
rua; credor que penhora bens do devedor; etc. Só haverá ato ilícito se houver 
abuso de direito (ex: vizinho que produz em sua residência ruído que exceda à 
normalidade).
3) Estado de Necessidade ↓ deterioração ou destruição de coisa alheia, 
ou a lesão à pessoa, a fim de remover perigo iminente, quando as 
circunstâncias a tornarem absolutamente necessária e não se exceder os 
limites do indispensável para a remoção do perigo. Trata-se de uma 
situação em que a pessoa entende que uma coisa sua pode sofrer um 
dano; para removê-lo ou evitá-lo, sacrifica a coisa alheia. 
Exemplos: na iminência de ser colhido por um caminhão, ou de atropelar 
um pedestre, arremesso meu carro contra o portão de uma casa alheia 
destruindo-o; mato o cão do vizinho atacado por hidrofobia e que ameaça várias 
pessoas. Reforçando: a conduta será legal somente quando as circunstâncias a 
tornarem absolutamente necessária para a remoção do perigo. 
Observem que o art. 929, CC determina que se a pessoa lesada ou o dono 
da coisa não forem culpados do perigo, elas têm direito à indenização do 
prejuízo que sofreram em face de quem praticou o ato. Porém, completa o art.
930, CC, que a pessoa que ressarciu os danos tem direito à ação regressiva 
contra o autor do perigo, para reaver o que desembolsou. Portanto, aplica-se a 
mesma regra da legítima defesa: se o prejudicado é o ofensor nada lhe será 
devido. Mas quando o prejudicado não é o ofensor (mas uma terceira pessoa), 
pode esta pedir indenização ao autor do ato (ainda que o ato tenha sido lícito), 
sendo que este terá o direito de regresso contra o ofensor. Exemplificando: “A” 
está dirigindo normalmente, mas de repente surge “B”, atravessando a rua de 
forma displicente. Para não atropelar esta pessoa, “A” arremessa o carro contra 
o muro da casa de “C”. “C” (o que sofreu a lesão) deve acionar judicialmente 
“A” (o autor do dano), mesmo que ele não tenha agido de forma ilícita. E este, 
por sua vez, deve mover ação regressiva contra “B”, que foi o causador 
originário do dano. No entanto se o lesado foi o próprio autor do perigo (ex: 
pessoa era dona de um cachorro bravo, sendo que ela o deixava solto; certa 
ocasião o animal, prestes a atacar o filho de um vizinho, foi morto por este), 
nada lhe será devido. 
 
 
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4) Ausência de Nexo de Causalidade ↓ não há responsabilidade se 
não houver uma relação de causa e efeito entre o dano e a conduta (ação
ou omissão) do agente. 
5) Culpa Exclusiva da Vítima ↓ também não haverá responsabilidade 
se o evento ocorreu por culpa exclusiva da vítima. Atenção!! Se a culpa 
da vítima foi concorrente (ou seja, tanto o agente como a vítima tiveram 
culpa) a indenização será cabível, mas ela será reduzida
proporcionalmente. Portanto, havendoculpa concorrente, haverá
responsabilidade e indenização, porém de uma forma reduzida. 
6) Caso Fortuito ou Força Maior ↓ como vimos em aula anterior, no 
tema “Fato Natural Extraordinário” (em caso de dúvida retorne a este 
ponto), não há uma unanimidade dos autores para conceituar e diferenciar
tais institutos. Mas é certo que ambos estão ligados a uma 
imprevisibilidade e inevitabilidade do evento, além da ausência de culpa 
pelo ocorrido. 
EFEITOS CIVIS DA DECISÃO PROFERIDA NO JUÍZO CRIMINAL 
Regra Geral 
Prevê nosso Código que a responsabilidade civil é independente da 
criminal (art. 935, CC). Como vimos uma pessoa que comete um ato ilícito 
pode sofrer dois processos (um civil para reparação do dano e outro penal, se a 
conduta for típica). Às vezes até três processos (acrescente-se o 
administrativo). E a regra é que as decisões tomadas em um processo não 
vinculam as dos outros. Porém, como veremos, esta não é uma regra absoluta. 
Como quase tudo no Direito, esta regra também possui exceções. 
Em regra, vigora em nosso direito o Princípio da Independência 
da Responsabilidade Civil em relação à Penal. 
Embora a regra seja a independência das esferas, não se pode mais 
questionar no juízo cível algumas questões, quando elas já se encontrarem 
decididas no juízo criminal (art. 63 do Código de Processo Penal). Basicamente 
são duas as hipóteses que, decididas no juízo criminal, não se discute mais no 
cível: 
� a existência do fato, isto é, a ocorrência do crime e suas 
consequências (engloba-se aqui eventual excludente de 
criminalidade, como veremos); 
� ou de quem seja o seu autor, ou seja, a autoria do delito. 
Situações e Consequências 
a) Sentença Criminal Condenatória. Para se condenar criminalmente 
uma pessoa é imprescindível que esteja cabalmente demonstradas a autoria e o 
fato delituoso. Provando-se isto no juízo criminal, tais elementos não poderão 
 
 
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mais ser discutidos no juízo cível. Assim, uma decisão condenatória no juízo 
criminal torna certa a obrigação de indenizar o dano. Sendo a ação (cível) 
proposta, não se discutirá mais se o autor do dano deve ou não deve (o an
debeatur – o que é devido). Somente se discutirá o valor da indenização (o 
quantum debeatur – o quanto é devido). 
b) Sentença Criminal Absolutória negatória do fato e/ou da autoria. 
Existem diversas hipóteses de absolvição criminal. Elas estão previstas no art. 
386 do Código de Processo Penal. Se o Juiz absolver com fundamento em que 
está provada a inexistência do fato ou de que o réu categoricamente não foi o 
autor do delito, estas questões também não poderão mais ser discutidas no 
juízo cível. Se uma ação cível for proposta, fatalmente o Juiz a julgará 
improcedente.
c) Sentença Criminal Absolutória, reconhecendo-se alguma excludente de 
ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever 
legal ou exercício regular de um direito). A decisão criminal também vincula o 
juízo cível. A excludente em si não poderá mais ser discutida. Em algumas 
situações a ação poderá ser proposta contra quem praticou o ato, mesmo que 
acobertado por uma excludente. Mas este tem direito a ação regressiva contra o 
verdadeiro provocador da situação. 
d) Sentença Criminal Absolutória por falta de provas. Este talvez 
seja o item mais importante. Em algumas situações simplesmente não há 
provas para uma condenação criminal. Em outras palavras, o Juiz reconhece que 
até há algumas provas contra o réu. Mas elas não são suficientes para uma 
condenação criminal. Quando a sentença não concluiu categoricamente se o fato 
ocorreu ou não ou se o réu foi ou não o autor do ilícito, o Juiz o absolve por
falta de provas. Neste caso dizemos que a sentença foi non liquet (ou seja, não- 
líquida, não-exata). Assim, a matéria eventualmente pode ser novamente 
discutida no juízo cível. Isso porque as provas que são frágeis para uma 
condenação criminal (e, por causa disso, o Juiz absolveu o réu por falta de 
provas) podem ser suficientes para uma condenação na esfera do direito civil. 
Dizemos que na esfera criminal o Juiz deseja saber o que realmente
ocorreu. Ou seja, o fato investigado no processo deve corresponder ao que 
está fora dele, em toda a sua plenitude, sem quaisquer artifícios, sem 
presunções ou ficções. Trata-se da chamada Verdade Real (ou Material), onde 
predomina a indisponibilidade de interesses. E, na dúvida o Juiz absolve (in 
dubio pro reo). 
Já no processo civil, a verdade é extraída da análise das provas e 
manifestações trazidas aos autos pelas partes, sendo que o Juiz pouco ou 
nada interfere nesta produção. Vale somente o que está nos autos, pois os 
conflitos geralmente se referem a direitos disponíveis. Trata-se da chamada 
Verdade Formal (Consensual, Ficta ou Judicial). 
Exemplos. Uma pessoa cometeu um crime e será processada 
criminalmente. Ela foi citada e interrogada. Mas durante o trâmite do processo 
 
 
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ela não comparece às audiências para a quais havia sido regularmente 
notificada. O Juiz então decreta a sua revelia. Mas não é por isso que ela será 
condenada automaticamente. O processo seguirá adiante, sendo que o réu 
continuará sendo defendido por profissional habilitado (seu próprio advogado ou 
um defensor dativo). E, no final do processo, o réu até pode ser absolvido. Vai
depender do que foi apurado; do que realmente ocorreu (verdade real). No 
entanto se uma pessoa é citada para um processo civil ou trabalhista e não 
comparece à audiência designada, o Juiz decreta a sua revelia e haverá a 
presunção de que todos os fatos alegados pelo autor da ação são verdadeiros 
(o que não pode ocorrer em hipótese alguma no juízo criminal). Não importa se 
estes fatos são ou não verdadeiros. Vale o que está no processo (verdade 
formal). Portanto, como percebemos, somente neste item (absolvição por falta
de provas no crime) a regra da independência das esferas é aplicada em sua 
integridade. 
e) Pessoa que foi reconhecida como penalmente inimputável (ex: durante o 
processo criminal foi considerado doente mental). Isto pode excluir a sua 
responsabilidade penal. Mas não exclui a responsabilidade para a reparação de 
danos na esfera civil. Cai na regra que vimos acima de que o responsável pelo 
inimputável, responde civilmente por seus atos. 
f) No caso de questões sobre o estado das pessoas (solteira, casada, 
viúva, etc.) e sobre a posse, propriedade, etc., prevalecem as decisões do juízo 
cível. Esta deve ser ‘transportada’ para o juízo criminal. Exemplo: Um sujeito 
está respondendo pelo crime de bigamia (casou-se duas vezes) na esfera penal
(art. 235, CP). Esse sujeito alega que seu primeiro casamento era nulo. Ora, a 
nulidade de um casamento não pode ser declarada por um Juiz criminal. 
Portanto, instalado o incidente, o Juiz suspende o processo criminal e a questão 
(da anulação ou não do primeiro casamento) será discutida no juízo cível. 
Decidida a questão, o processo criminal volta a tramitar: se realmente o 
primeiro casamento era nulo não haverá o crime (art. 235, §2 , CP); mas se o o
casamento era válido ele será condenado a uma pena que pode variar de 02 
(dois) a 06 (seis) anos. 
Costumo fornecer o gráfico abaixo para fixar bem a possibilidade ou não 
de vinculação das esferas penal e civil. Lembrem-se de que o art. 935, CC inicia 
a sua redação

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